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Anais do XX Congresso Brasileiro de Automática Belo Horizonte, MG, 20 a 24 de Setembro de 2014

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ESTUDO COMPARATIVO DE M ´ETODOS PARA A CLASSIFICA ¸C ˜AO DA ATEN ¸C ˜AO SELETIVA AUDITIVA

´

Alvaro F. Bastos∗, Bianca S. Rocha∗, Leonardo B. Felix∗

ucleo Interdisciplinar de An´alise de Sinais - NIAS, Departamento de Engenharia El´etrica,

Universidade Federal de Vi¸cosa - UFV

Av. Peter Henry Rolfs, Campus Universit´ario - CEP: 36570-900 - Vi¸cosa, MG - Brasil Emails: alvaro.bastos@ufv.br, bianca.santos@ufv.br, leobonato@ufv.br

Abstract— The auditory selective attention is related to the mental capacity of focusing the attention on de-termined stimulus, while ignoring others present at the same time. The nervous system creates evoked potentials due to this selective attention, thus enabling its classification. Using simultaneously Neural Networks, Support Vector Machines, and Magnitude Squared Coherence yields high success rates in the determination in which ear the user is focusing his/her attention.

Keywords— Auditory Selective Attention , Auditory Evoked Potentials, Artificial Neural Networks, Support Vector Machines, Magnitude Squared Coherence.

Resumo— A aten¸c˜ao seletiva auditiva est´a relacionada `a capacidade mental de focar a aten¸c˜ao em determi-nados est´ımulos, ignorando os demais presentes simultaneamente. O sistema nervoso gera potenciais evocados em fun¸c˜ao dessa aten¸c˜ao seletiva, possibilitando a sua posterior classifica¸c˜ao. A utiliza¸c˜ao conjunta dos m´etodos Redes Neurais, M´aquinas de Vetores de Suporte e Magnitude Quadr´atica de Coerˆencia fornecem altas taxas de acerto na determina¸c˜ao de qual ouvido o usu´ario est´a focando sua aten¸c˜ao.

Palavras-chave— Aten¸c˜ao Seletiva Auditiva, Potencial Evocado Auditivo, Rede Neural Artifical, M´aquinas de Vetores de Suporte, Magnitude Quadr´atica de Coerˆencia.

1 Introdu¸c˜ao

Aten¸c˜ao seletiva ´e definida como a capacidade de focar em alguma atividade mental em detrimento de outras, representando a resistˆencia a est´ımu-los distratores (Butler, 1983). Um caso cl´ as-sico dessa situa¸c˜ao foi definido por Cherry (1953) como Cocktail Party Effect, em que cada indiv´ı-duo consegue focar sua aten¸c˜ao apenas em deter-minado locutor em um ambiente que apresenta uma mistura de conversas e ru´ıdos de fundo. Esse fato ´e ilustrativo da limita¸c˜ao do processamento paralelo do sistema nervoso.

Estudos realizados anteriormente indicaram que a audi¸c˜ao seletiva humana produz uma al-tera¸c˜ao quantific´avel na resposta ao est´ımulo fo-cado (Hillyard et al., 1973). Essa resposta do sistema nervoso causada por est´ımulos sonoros ´e denominada Potencial Evocado Auditivo (PEA), podendo ser classificado em transit´orio ou de re-gime permanente, variando de acordo com o tipo de est´ımulo aplicado. A aplica¸c˜ao de um tom a taxas suficientemente elevadas, evitando a sobre-posi¸c˜ao com a resposta de est´ımulos sonoros an-teriores, gera as Respostas Auditivas de Regime Permanente (ASSR - Auditory Steady State Res-ponses), possibilitando a grava¸c˜ao de seus valores a partir do escalpo humano. Um sinal modulado em amplitude (AM), por exemplo, causa uma res-posta em regime permanente, caracterizada por um aumento de energia na frequˆencia da modula-dora no espectro de potˆencia do sinal registrado, sendo que o ouvido humano comporta-se como um demodulador AM (Galambos et al., 1981).

Os valores do PEA sofrem altera¸c˜oes em dis-t´urbios neurol´ogicos causados por tumores, les˜oes, doen¸cas desmielinizantes e dist´urbios funcionais. Dessa forma, ´e uma ferramenta para diagn´ostico de d´eficits auditivos (tais como les˜oes e tumo-res nas vias auditivas) que podem ser observados mesmo em caso neonatais e na avalia¸c˜ao da capaci-dade auditiva para altas frequˆencias. Al´em disso, essa ferramenta possibilita a verifica¸c˜ao da matu-ridade el´etrica de vias em neonatos, assim como na avalia¸c˜ao do grau de coma e determina¸c˜ao de morte cerebral (Lima et al., 2009).

Devido `a importˆancia dos Potenciais Evoca-dos Auditivos originaEvoca-dos atrav´es da aten¸c˜ao se-letiva, o objetivo desse trabalho ´e analisar t´ ecni-cas computacionais que possibilitem a classifica-¸c˜ao dessas ocorrˆencias. Cada usu´ario ser´a estimu-lado com sinais sonoros de frequˆencias distintas simultˆaneos, devendo focar sua aten¸c˜ao em deter-minado est´ımulo (previamente informado a ele). A an´alise ser´a em fun¸c˜ao da capacidade dos mode-los obtidos em identificar corretamente o est´ımulo em que o volunt´ario focou a aten¸c˜ao.

2 Metodologia 2.1 Estimula¸c˜ao

Os est´ımulos sonoros apresentados aos volunt´arios consistem de um tom senoidal puro modulado em amplitude (tom AM), descrito de acordo com a Equa¸c˜ao 1, onde A ´e a amplitude do sinal, λ ´e a profundidade de modula¸c˜ao, fc e fm s˜ao as

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res-pectivamente. s(t) = A 1

1 + λsin(2πfct)(1 + λsin(2πfmt)) (1) A profundidade de modula¸c˜ao foi fixada em 100% e intensidade sonora de 75,8dB. Para o ou-vido esquerdo, adotou-se a frequˆencia da porta-dora em 500Hz e da modulaporta-dora em 32Hz; no ou-vido direito, esses valores foram 2000Hz e 38Hz, respectivamente. De acordo com Felix et al. (2005), as frequˆencias das moduladoras foram ajustadas para a frequˆencia mais pr´oxima que re-sulte em um n´umero primo de ciclos em 1024 pon-tos, de forma a evitar o espalhamento espectral na detec¸c˜ao objetiva da ASSR, resultando em 31,132 e 39,356Hz.

Inicialmente executa-se cada est´ımulo indivi-dualmente por 5s para instruir o volunt´ario e fa-cilitar o reconhecimento do som posteriormente, quando os dois sinais sonoros s˜ao executados si-multaneamente por 2 minutos. Os fones de ouvi-dos utilizaouvi-dos, al´em de representar o sistema de entrega de som, tamb´em selam completamente os ouvidos, atenuando os ru´ıdos em torno de 30 a 40dB.

2.2 Aquisi¸c˜ao dos dados

O estudo contou com a participa¸c˜ao de 14 volunt´ a-rios, resultando em um banco de dados composto por 28 arquivos (2 para cada volunt´ario: estimula-¸

c˜ao no ouvido esquerdo e direito). Os dados foram coletados do eletroencefalograma seguindo o Sis-tema Internacional 10-20, que padroniza o posici-onamento dos eletrodos no escalpo do volunt´ario, conforme ilustrado na Figura 1.

Figura 1: Sistema Internacional 10-20. A - vista lateral, B - vista superior.

A coleta dos sinais foi realizada com o am-plificador de sinais biol´ogicos BrainNet BNT-36, com filtro passa-faixa entre 0,1 e 100Hz, frequˆ en-cia de amostragem de 600Hz e referˆencia Oz em uma cabine acusticamente isolada. A etapa de coleta foi aprovada pelo Comitˆe de ´Etica em Pes-quisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Vi¸cosa.

2.3 Processamento dos dados

Os dados dispon´ıveis foram separados em dois gru-pos: um para o treinamento e obten¸c˜ao dos parˆ a-metros do modelo (10 volunt´arios ou 20 arquivos de dados) e outro para a valida¸c˜ao do modelo pre-viamente obtido (4 volunt´arios ou 8 arquivos de dados), verificando a taxa de acertos obtida na classifica¸c˜ao da aten¸c˜ao.

Antes de realizar o treinamento das redes de classifica¸c˜ao, os sinais coletados dos eletrodos pre-cisam ser processados para remover ru´ıdos e oti-mizar a obten¸c˜ao dos parˆametros a serem utiliza-dos na fase de classifica¸c˜ao. Inicialmente aplicou-se um filtro rejeita-faixa para remover a compo-nente espectral de 60 Hz da rede el´etrica (suas componentes harmˆonicas foram filtradas pelo fil-tro passa-faixa do BrainNet), que em geral apre-sentam elevado n´ıvel de potˆencia.

Conforme discutido por Amabile et al. (2008), sinais coletados de eletroencefalogramas podem conter artefatos provenientes da movimen-ta¸c˜ao dos olhos, piscamento palpebral, movimen-ta¸c˜ao muscular e linha de base, os quais geral-mente apresentam amplitude maior que a do pr´ o-prio sinal, acarretando em interpreta¸c˜oes errˆoneas dos sinais. A rejei¸c˜ao de artefatos objetiva remo-ver trechos do sinal que contenham essas interfe-rˆencias indesejadas.

O m´etodo de rejei¸c˜ao adotado baseia-se no desvio padr˜ao de um segmento de referˆencia (pre-ferencialmente que n˜ao contenha artefatos) com cerca de 20 segundos de dura¸c˜ao. O trecho anali-sado ser´a rejeitado se possuir mais de 5% de tras cont´ınuas ou mais de 10% de quaisquer amos-tras coletadas excedendo o limiar de 3 desvios pa-dr˜ao (a escolha desse limiar assegura a presen¸ca de 99,7% dos dados, assumindo uma distribui¸c˜ao normal para as amplitudes do EEG) (Infantosi et al., 2006).

A elevada quantidade de dados coletados su-gere a aplica¸c˜ao de algum m´etodo estat´ıstico para reduzir sua dimens˜ao, mantendo o m´aximo pos-s´ıvel da varia¸c˜ao observada no conjunto inicial. Essa etapa ´e especialmente importante para ace-lerar a classifica¸c˜ao online da aten¸c˜ao auditiva. Uma das t´ecnicas mais comumente utilizadas na redu¸c˜ao de dados em processos de reconhecimento de padr˜oes, e que ser´a utilizada nesse trabalho, ´e a An´alise de Componentes Principais (PCA - Prin-cipal Component Analysis). Seu objetivo ´e obter um conjunto de valores linearmente descorrelaci-onados e com a maior variˆancia poss´ıvel, sendo que as primeiras componentes s˜ao as mais signifi-cativas para representar a variˆancia observada nos dados originais, al´em de conter menos redundˆ an-cia (Haykin, 1999).

De fato, a utiliza¸c˜ao de apenas 5 componen-tes dos dados de treinamento ´e capaz de explicar cerca de 99% de sua variˆancia, conforme Figura 2,

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sendo, por isso, uma boa aproxima¸c˜ao na redu¸c˜ao da dimens˜ao dos dados no presente trabalho.

Figura 2: Variˆancia por componente principal. Os dados obtidos pelo eletroencefalograma re-presentam um s´erie temporal, que de acordo com Hefftner et al. (1988) podem ser aproximados por um modelo autorregressivo (AR) de ordem finita. Esse modelo corresponde a um filtro com entrada ru´ıdo branco de m´edia 0 e desvio padr˜ao 1, sendo o valor atual do processo estimado a partir da soma ponderada dos p (ordem do modelo) valores pas-sados. A ordem do modelo ´e relacionada `a quan-tidade de informa¸c˜ao necess´aria para representar os dados coletados. Os coeficientes do modelo AR ser˜ao utilizados como a entrada para treinamento e do classificador da aten¸c˜ao auditiva.

Nesse trabalho, o treinamento de cada tipo de classificador ser´a realizado com v´arias combi-na¸c˜oes da ordem de PCA e do modelo AR, de forma a obter o que produza melhores taxas de acerto.

Todo o trabalho foi desenvolvido utilizando o software Matlab , desde a coleta dos dados at´eR

a classifica¸c˜ao dos potenciais evocados. 2.4 Magnitude quadr´atica de coerˆencia

A magnitude quadr´atica de coerˆencia (MSC -Magnitude Squared Coherence) ´e uma t´ecnica para examinar a rela¸c˜ao existente entre dois si-nais. Seu valor ´e utilizado para indicar o grau de dependˆencia linear entre as componentes harmˆ oni-cas do est´ımulo e a resposta obtida no eletroence-falograma; a estimativa da MSC entre dois sinais aleat´orios, discretos e de dura¸c˜ao finita x[k] e y[k] (X e Y representam a Transformada de Fourier desses sinais, respectivamente) ´e dada conforme Equa¸c˜ao 2 (Dobie and Wilson, 1989).

ˆ γ2xy(f ) = M X i=1 Xi∗(f )Yi(f ) 2 M X i=1 |Xi(f )|2 M X i=1 |Yi(f )|2 (2)

A MSC pode ser utilizada como um potencial detector de respostas a est´ımulos, desde que o est´ı-mulo em quest˜ao seja sempre o mesmo e a janela sincronizada com ele (S´a and Felix, 2002). Os valores cr´ıticos que representam os limiares para a detec¸c˜ao objetiva, a partir dos quais ´e poss´ıvel determinar se n˜ao existe resposta detectada, s˜ao dados pela Equa¸c˜ao 3, sendo α o n´ıvel de signi-ficˆancia do teste. A detec¸c˜ao ´e obtida a partir da rejei¸c˜ao da hip´otese nula (ausˆencia de resposta) quando os valores da coerˆencia excedem o valor cr´ıtico.

ˆ

γxy−crit2 = 1 − αM −11 (3)

Aplicando a magnitude quadr´atica de coerˆ en-cia, Ranaudo et al. (2012) obteve taxas de acerto na ordem de 82% na determina¸c˜ao do ouvido em que o volunt´ario est´a focando sua aten¸c˜ao. 2.5 Rede Neural Artificial

Redes neurais artificiais (RNA) s˜ao modelos ma-tem´aticos inspirados no sistema nervoso central humano e animal, por´em de complexidade signifi-cativamente menor. Esses modelos s˜ao capazes de aprendizado e reconhecimento de padr˜oes, sendo melhor ajust´aveis a fun¸c˜oes n˜ao-lineares.

As unidades processadoras da rede neural, tamb´em chamadas de neurˆonios artificiais, est˜ao interconectados e trocam sinais entre si. Elas s˜ao capazes de realizar fun¸c˜oes coletivamente e em pa-ralelo, ao inv´es de existir uma delimita¸c˜ao de sub-tarefas para cada unidade (Marques, 2001).

A estrutura mais simples de uma rede neural ´e composta de 2 layers, com M entradas e N sa´ıdas. Cada uma das entradas ´e conectada a todas as sa´ı-das, sendo que cada uma dessas conex˜oes ´e associ-ada a um peso, conforme Figura 3. Os valores de cada um desses pesos ´e adaptativo, representando parˆametros num´ericos que s˜ao ajustados atrav´es do algoritmo de aprendizado. Em geral, os pesos da rede neural s˜ao determinados de forma incre-mental `a medida que novos valores entrada-sa´ıda est˜ao dispon´ıveis; isso diminui o esfor¸co computa-cional, uma vez que n˜ao ´e necess´ario a presen¸ca de todo o conjunto de treinamento ao mesmo tempo (Yegnanarayana, 2009).

Entre os diversos algoritmos dispon´ıveis para o ajustes dos pesos, utilizou-se o de Levenberg-Marquardt (fun¸c˜ao trainlm do MATLAB) por ser geralmente o mais r´apido e o mais indicado como primeira op¸c˜ao de teste. Al´em disso, adotou-se a rede neural com apenas uma camada oculta de neurˆonios.

Ap´os a pondera¸c˜ao de todas as entradas pe-los seus respectivos pesos, um combinador linear agrega todos esses valores para produzir um po-tencial de ativa¸c˜ao. Outro parˆametro da rede ´e o limiar de ativa¸c˜ao, que representa um patamar de compara¸c˜ao para gerar o valor de sa´ıda do neurˆ o-nio; o potencial produzido pelo neurˆonio ser´a

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ex-Figura 3: Esquema b´asico de rede neural artificial (adaptado de Silva et al. (2010)).

citat´orio ou inibit´orio, em fun¸c˜ao do valor da dife-ren¸ca entre a sa´ıda do combinador linear e o limiar de ativa¸c˜ao ser positivo ou negativo, respectiva-mente (Silva et al., 2010).

Para garantir que a sa´ıda do neurˆonio seja li-mitada, o potencial de ativa¸c˜ao ´e aplicado a uma fun¸c˜ao de ativa¸c˜ao, a qual faz com que a sa´ıda esteja limitada entre certos valores. Al´em disso, o uso de fun¸c˜oes n˜ao-lineares possibilita o uso de RNA para dados complexos. Para fun¸c˜oes do tipo Heaviside, como a fun¸c˜ao limiar, a linear por par-tes e a sigm´oide (a forma mais utilizada, apresen-tando um equil´ıbrio entre os comportamentos li-neares e n˜ao-lineares), os valores de sa´ıda situam-se entre 0 e 1, assumindo o valor 1 situam-se o campo de tal neurˆonio ´e n˜ao-negativo e 0 caso contr´ario. Caso seja necess´ario, pode-se fazer a fun¸c˜ao de ativa¸c˜ao variar entre -1 e 1, assumindo uma forma antissim´etrica em rela¸c˜ao `a origem; s˜ao exemplos desse tipo a fun¸c˜ao sinal e a tangente hiperb´olica (Haykin, 1999). Nesse trabalho, optou-se por uti-lizar a fun¸c˜ao sigm´oide sim´etrica, atribuindo os valores 0 e 1 para a aten¸c˜ao auditiva nos ouvidos direito e esquerdo, respectivamente.

Com o objetivo de determinar a melhor com-bina¸c˜ao entre o n´umero de componentes principais e a ordem do modelo AR (a qual foi estipulada em ser no m´aximo 10), verificou-se a taxa de acerto obtida pela rede neural com o conjunto dos dados de valida¸c˜ao, conforme representado na Figura 4. Fica evidente que o aumento na ordem do mo-delo AR e na quantidade de componentes princi-pais utilizadas na obten¸c˜ao da rede neural tende a aumentar a taxa de acertos, `as custas da re-du¸c˜ao da velocidade do processo de identifica¸c˜ao. Na gama de valores considerados, o modelo AR de ordem 8 e com 4 componentes principais resultou em uma taxa de acerto da ordem de 95%, valor significativamente elevado.

2.6 M´aquinas de Vetores de Suporte

A M´aquina de Vetores de Suporte (SVM - Sup-port Vector Machine) ´e um m´etodo de

reconhe-Figura 4: Varia¸c˜ao da taxa de acerto da rede neu-ral artificial.

cimento de padr˜oes utilizado em dados que po-dem ser classificados em exatamente duas catego-rias (Cortes and Vapnik, 1995). Essa caracter´ıs-tica o torna apropriado para o problema analisado nesse trabalho, em que as duas categorias s˜ao re-presentadas pela aten¸c˜ao nos ouvidos esquerdo e direito, respectivamente. A ideia central desse m´ e-todo ´e obter hiperplanos separando os pontos das duas classes distintas; o hiperplano que apresenta a maior distˆancia em rela¸c˜ao aos dados de trei-namento ´e considerado o melhor, pois assume-se que a maior margem de separa¸c˜ao corresponde `a melhor generaliza¸c˜ao do classificador. Os dados mais pr´oximos do hiperplano ´otimo s˜ao denomi-nados vetores de suporte, pois o caracterizam e s˜ao os mais informativos no processo de classifica-¸c˜ao (Duda et al., 2001).

A Figura 5 representa um caso gen´erico bidi-mensional da aplica¸c˜ao do SVM. Cada categoria ´e representada por c´ırculos brancos e cinzas, res-pectivamente, e cada ponto marcado com X cor-responde a um vetor de suporte. O hiperplano ´

otimo obtido com esses dados de treinamento ´e representado pela reta central.

Figura 5: Representa¸c˜ao b´asica da obten¸c˜ao do hiperplano ´otimo.

Em casos como o ilustrado, com vari´aveis line-armente separ´aveis, torna-se simples obter a fron-teira de decis˜ao do m´etodo. Entretanto, dados

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pr´aticos geralmente n˜ao apresentam essa caracte-r´ıstica, sendo necess´ario transform´a-los para outro espa¸co dimensional na tentativa de torn´a-los mais espa¸cados e, consequentemente, separ´aveis. Co-mumente utiliza-se uma fun¸c˜ao Kernel para essa transforma¸c˜ao, uma vez que esta simplifica o c´ al-culo do produto interno (Wu and Wang, 2009). Para esses casos, Hsu et al. (2010) prop˜oe utilizar a fun¸c˜ao de base radial gaussiana (RBF - Gaus-sian Radial Basis Function).

A grande quantidade de dados provenientes dos eletrodos (mesmo ap´os seu processamento com PCA e AR) torna invi´avel sua visualiza¸c˜ao para a an´alise de sua separabilidade. Por isso, inicial-mente optou-se por utilizar a fun¸c˜ao kernel linear (default do Matlab ) e verificar a eficiˆencia doR

m´etodo de classifica¸c˜ao assim obtido. Seguindo o mesmo procedimento para o treinamento da RNA, variou-se os valores do n´umero de componentes principais e da ordem do modelo AR para obter a respectiva taxa de acerto, conforme ilustrado na Figura 6. O treinamento e classifica¸c˜ao foram rea-lizados a partir das fun¸c˜oes svmtrain e svmclassify do MATLAB, respectivamente.

Figura 6: Varia¸c˜ao da taxa de acerto do Support Vector Machine.

A utiliza¸c˜ao de componentes principais mais elevadas e alta ordem do modelo AR tendem a aumentar a taxa de acertos obtida, apesar de verificar-se uma satura¸c˜ao desse valor. Na gama de combina¸c˜oes testadas, o melhor resultado ´e ob-tido com 5 componentes principais e modelo AR de ordem 6, o qual foi capaz de classificar corre-tamente todos os est´ımulos do conjunto de vali-da¸c˜ao. Al´em disso, as elevadas taxas de acerto obtidas sugerem que a fun¸c˜ao de ativa¸c˜ao linear ´e adequada para esse estudo, n˜ao sendo necess´ a-rio utilizar fun¸c˜oes n˜ao-lineares que aumentariam a complexidade do modelo.

3 Resultados e Discuss˜ao

Durante a apresenta¸c˜ao dos trˆes m´etodos de classi-fica¸c˜ao da aten¸c˜ao seletiva utilizada nesse trabalho

na se¸c˜ao anterior, apresentou-se a taxa de acertos m´axima obtida para cada um deles considerando-se os potenciais obtidos dos eletrodos durante os 17 segundos iniciais de estimula¸c˜ao. Como essas taxas para RNA e SVM foram significativamente superiores daquela obtida pelo m´etodo da Mag-nitude Quadr´atica de Coerˆencia, apenas os dois primeiros ser˜ao analisados em maiores detalhes.

Aplicando os mesmos dados na entrada dos modelos RNA e SVM, observou-se que em algu-mas situa¸c˜oes eles fornecem resultados contradi-t´orios; isto ´e, enquanto RNA indica que o volun-t´ario focou sua aten¸c˜ao no ouvido esquerdo, SVM identifica o foco da aten¸c˜ao no ouvido direito, e vice-versa. Essa situa¸c˜ao ´e ilustrada na Figura 7. Analisando apenas os 17 segundos iniciais da estimula¸c˜ao, os dois m´etodos de classifica¸c˜ao fo-ram condizentes em 71,43% dos volunt´arios, sendo 67,86% classificados corretamente.

Figura 7: Taxa de volunt´arios com aten¸c˜ao sele-tiva classificada por RNA e SVM.

Na tentativa de aumentar a taxa de classifi-ca¸c˜ao, considerou-se maiores intervalos de tempo (m´aximo de 85 segundos). A Figura 7 deixa evi-dente que a coleta de dados por mais tempo pro-voca maior similaridade nos resultados obtidos in-dependentemente pelos dois classificadores. Por exemplo, aos 85 segundos de coleta, apenas o teste de 1 indiv´ıduo n˜ao teve classifica¸c˜ao satisfat´oria pelos dois m´etodos.

Entretanto, a taxa de acertos n˜ao acompa-nhou o crescimento do total de exames classifi-cados. Percebe-se facilmente que, a partir dos 17 segundos, a classifica¸c˜ao de maior parte dos novos testes resultou em erros na identifica¸c˜ao da aten-¸c˜ao auditiva. Acredita-se que isso n˜ao seja devido aos parˆametros do modelo; o fator que provavel-mente mais contribuiu para as elevadas taxas de erro para longos tempo de coleta foi a falta de aten¸c˜ao do volunt´ario. De fato, a concentra¸c˜ao em determinado est´ımulo ´e maior no in´ıcio do teste e tende a decair ao longo do tempo, sendo que para algumas pessoas a capacidade dessa concentra¸c˜ao inicial dura apenas poucos segundos.

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4 Conclus˜oes

Os resultados na valida¸c˜ao dos trˆes modelos de classifica¸c˜ao discutidos representam altas taxas de acerto, muito superior ao que seria esperado de um processo aleat´orio (50% para esquerda e 50% para direita). Isso evidencia que o treinamento para obten¸c˜ao dos parˆametros do modelo foi bem sucedido.

Para aumentar a confiabilidade em rela¸c˜ao ao lado da aten¸c˜ao detectada, optou-se por consi-derar que a classifica¸c˜ao foi realizada apenas se ambos os m´etodos RNA e SVM fornecerem o mesmo resultado. Nessa situa¸c˜ao, a taxa de acer-tos para aproximadamente 1,5 minuacer-tos de coleta foi 78,86%, apesar de verificar-se que o aumento na dura¸c˜ao da coleta n˜ao representa acr´escimos expressivos na taxa de acertos.

Com a comprova¸c˜ao da validade desses m´ eto-dos na classifica¸c˜ao da aten¸c˜ao seletiva auditiva, ser´a vi´avel utilizar tais m´etodos para testes online, em que a detec¸c˜ao do lado da aten¸c˜ao ´e realizado ao mesmo tempo em que os dados s˜ao coletados.

Agradecimentos

Os autores agredecem ao CNPq pelo apoio finan-ceiro, o que possibilitou o desenvolvimento desse trabalho.

Referˆencias

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Referências

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