9 setembro
2017
Pequeno Auditório / 21h / M/6
Apoio Mamut PArceiro media teMPorAdA 2017 PArceiro institucionAlCCB > CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO ELíSIO SuMMAvIELLE Presidente . ISAbEL CORDEIRO VogAl . LuíSA TAvEIRA VogAl . secretAriAdo JOÃO CARé / LuíSA INêS FERNANDES / RICARDO CERQuEIRA . DIREÇÃO DE ARTES PERFORMATIvAS ProgrAMAção ANDRé CuNHA LEAL / FERNANDO LuíS SAMPAIO . dePArtAMento de oPerAções / coordenAdorA PAuLA FONSECA . Produção INêS CORREIA / PATRíCIA SILvA / HuGO CORTEz / JOÃO LEMOS / vERA ROSA . direção de cenA PATRíCIA COSTA / JOSé vALéRIO / TâNIA AFONSO / CATARINA SILvA / FRANCISCA RODRIGuES / SOFIA SANTOS . secretAriAdo do dePArtAMento de oPerAções SOFIA MATOS / DEPARTAMENTO TéCNICO dePArtAMento técnico / coordenAdor PEDRO RODRIGuES . chefe técnico de PAlco RuI MARCELINO . Adjunto dA coordenAção técnicA PEDRO CAMPOS . técnicos PrinciPAis LuíS SANTOS / RAuL SEGuRO . técnicos executiVos F. CâNDIDO SANTOS / CéSAR NuNES / JOSé CARLOS ALvES / HuGO CAMPOS / MáRIO SILvA / RICARDO MELO / RuI CROCA / HuGO COCHAT / DANIEL ROSA / joão MoreirA / FábIO RODRIGuES . chefe técnico de AudioVisuAis NuNO GRáCIO . chefe de equiPA de AudioVisuAis NuNO bIzARRO . técnicos de AudioVisuAis EDuARDO NASCIMENTO |/ PAuLO CACHEIRO / NuNO RAMOS / MIGuEL NuNES . chefe de MAnutenção PAuLO SANTANA / técnicos de MAnutenção LuíS TEIxEIRA / víTOR HORTA . secretAriAdo do dePArtAMento técnico YOLANDA SEARA
Gonçalo
Prazeres
Quinteto
Gonçalo Prazeres saxofone alto
Albert Cirera saxofone tenor
Nuno Costa guitarra
João Hasselberg contrabaixo
Rui Pereira bateria
Programa
meganova
Às Voltas na espreguiçadeira
intervalo
#3
melanofilia
Piripaque
don’t Panic
Brincar
a ser simples
o exemplo foi dado por charles Mingus. considerava o lendário contrabaixista e compositor que a verdadeira criatividade é o acto de tornar simples o que é complexo. disse-o deste modo: «ser criativo é mais do que ser diferente. toda a gente pode ser bizarra, isso é fácil. o que é difícil é ser tão simples quanto Bach. forjar o que é simples, o que é belo de tão simples, isso é que é a criatividade.» gonçalo Prazeres ficou tão fascinado com esta noção que mesmo antes de a colocar em prática com um disco, Snapshot, e um projecto ao vivo – este que se apresenta no centro cultural de Belém –, a ela dedicou a sua tese de mestrado na escola superior de Música de lisboa. ou seja, teorizou em volta e a partir dela. Snapshot não é só a música que ouvimos – toda uma reflexão que os sons transportam consigo, algo que não é vulgar na cena nacional do jazz, nem de resto na internacional.
e o que formulou o saxofonista a propósito? isto, que é todo um programa: a definição da dita criatividade como «reorganização dos diferentes elementos, de forma original e eficaz, tendo em atenção o papel da moderação no acto criativo, como forma de evitar ideias irrelevantes que não são utilizáveis». o jazz, música expressiva por natureza, tem a tentação de dizer demais, de incluir demasiados sons, técnicas e fórmulas. segundo o exemplo de Mingus, gonçalo Prazeres propôs-se compor e improvisar com uma cuidada redução de materiais e com uma depuração das emoções. o termo “snapshot” ilustra bem esta abordagem, pois diz respeito à fotografia informal e espontânea, «feita para registar um momento único no tempo», aquele em que «a música e a improvisação acontecem».
lemos na sua tese de mestrado: «o escultor utiliza a pedra do mesmo modo que um músico utiliza o tempo e, “seja o que for aquilo que toca, o músico defronta-se com o seu próprio bloco não esculpido de tempo” (stephen nachmanovitch, em Freeplay: improvisation in Life and art, 1990). Podemos então admitir que, ao improvisar, um músico vai “esculpindo o tempo”, tornando esta forma de arte diferente das outras, porque o momento da linha temporal em que a improvisação tem lugar nunca se irá repetir.»
Para atingir os objectivos propostos, o repertório de Snapshot foi escrito «a partir de improvisações e explorações musicais, inspirado no conceito de “play” de nachmanovitch, que considera que a criação do novo não é realizada pelo intelecto, mas sim através da exploração livre e descomprometida de vários elementos.» Assim, os temas foram experimentados e debatidos por todo o quinteto, no decurso dos ensaios, procurando que cada músico tivesse um papel activo nos desenvolvimentos e estimulasse a interacção de grupo.
foi, pois, criteriosa a escolha de Albert cirera, nuno costa, joão hasselberg e rui Pereira para a prossecução destes objectivos: «convidei músicos que têm a sua própria personalidade musical / voz, mas também estão abertos a trabalharem para uma sonoridade colectiva. tive em consideração o que cada um poderia contribuir para a paleta de ideias, de caminhos e de timbres.» nisso, Prazeres assemelha-se a duas outras figuras da história do jazz, duke ellington e sun ra, que compunham para instrumentistas específicos.
o “play” (traduzível por “brincar”, além de “tocar”) de nachmanovitch é um método para descobrir novas maneiras de criar arte através da experimentação e, sim, da brincadeira, na acepção infantil do termo. «improvisação, composição, escrita, pintura, teatro, invenção, todos os actos criativos são formas de brincar (…). sem brincar, a aprendizagem e a evolução são impossíveis», sustenta o violinista, programador de software musical e pedagogo norte-americano que tanto tem inspirado gonçalo Prazeres. “Play” traduz-se igualmente por “jogar”, mas não é disso que se trata, pois jogar implica a existência à partida de um conjunto de regras. Para este pensador da improvisação, “play” é «o espírito livre da exploração, o fazer e ser para seu próprio divertimento». o “play”, lembra o músico português, está na origem da arte, da criação da matéria-prima, em bruto, que vai ser organizada pelo conhecimento e pela técnica de quem cria, um e a outra também produtos do mesmo “play”, «pela experimentação persistente com as ferramentas existentes, testando limites e resistências». Por tudo isto se verifica que nada há de mais complexo e subjectivo do que a simplicidade. «na minha opinião, música simples não significa música básica e pouco elaborada – independentemente da complexidade dos conceitos envolvidos, uma música dotada de simplicidade deve ter uma sonoridade natural, orgânica e não forçada», defende Prazeres. com a perspectiva do “play” «podemos reorganizar elementos que formalmente estavam separados, ignorar as regras para aumentar o nosso campo de acção e alimentar a nossa capacidade de resposta, de adaptação e de flexibilidade». Vamos, então, brincar e ser simples com um dos mais cativantes projectos que nestes últimos anos surgiram na cena portuguesa do jazz.
rui eduArdo PAes ensaísta, crítico de música o autor escreve segundo a antiga ortografia
nasceu em lisboa, em maio de 1978. entre setembro de 2003 e dezembro de 2006, frequentou a Berklee college of Music, em Boston, nos euA, onde terminou o curso de Performance. Aí, estudou saxofone e improvisação. em 2015, termina o Mestrado em Música, vertente jazz, na escola superior de Música de lisboa e em 2016 o Mestrado em ensino de educação Musical no ensino Básico, na faculdade de ciências sociais e humanas da universidade nova de lisboa. o seu instrumento principal é o saxofone alto, dobrando nos saxofones soprano, tenor e barítono.
em 2010, edita o seu disco de estreia, depois de alguma Coisa, que conta com a participação de nuno costa na guitarra, demian cabaud no contrabaixo, luís candeias na bateria e jeffery davis, como convidado, no vibrafone. o segundo disco, Snapshot (2016), é a continuação do trabalho desenvolvido anteriormente. Snapshot conta com a participação de Albert cirera no saxofone tenor, nuno costa na guitarra elétrica, joão hasselberg no contrabaixo e rui Pereira na bateria.
juntamente com ricardo Barriga e luís candeias, edita, em 2013, o disco de estreia de trisonte, pela sintoma records. monster’s Lullaby mostra o trabalho coletivo e dinâmico feito por este trio desde 2006. em 2018, vai ser editado o segundo disco deste projeto.
no seu percurso como estudante, teve aulas e participou em workshops com vários músicos que considera influências importantes no seu desenvolvimento, tais como ed tomassi, ohad talmor, tony Malaby, steve lehman, george garzone, hal crook, ralph Alessi, Perico sambeat, frank Mobus e jorge reis.
fora do jazz, toca por todo o país com algumas bandas dos mais variados estilos musicais, entre as quais freddy locks & the groove Missions e cacique’97 .
DISCOGRAFIA:
como líder/colíder:
gonçalo Prazeres – Snapshot (edição de Autor, 2016) trisonte – monster’s Lullaby (sintoma records, 2013)
gonçalo Prazeres – depois de alguma Coisa (edição de Autor, 2010) como sideman:
freddy locks – Rootstation (Vachier & Associados, 2012) reunion Big jazz Band – Ouija (edição de Autor, 2012) cacique’97 – Chapa’97 eP (edição de Autor, 2011) Banjazz – Um Bichinho esquisito (jAcc records 2010) freddy locks – Seek Your Truth (Vachier & Associados, 2010) M.A.u. – man and Unable (universal Music Portugal, 2006)
GONÇALO
PRAZERES
I N D I v I D u A L #ccbelem #amigoccb
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Pequeno Auditório / 21h / M/6. coprodução ccB | Passado e Presente - lisboa capital ibero-americana de cultura 2017 . Apoio consejo nacional de la cultura y las Artes do chile
Isabel
e Tita Parra
do Chile
isabel Parra e tita Parra são, respetivamente, filha e neta da cantora chilena Violeta Parra. A propósito das comemorações do centenário do nascimento de Violeta Parra, as artistas revisitam as composições mais emblemáticas de Violeta, passando por temas cuja raiz radica na música popular chilena e latino-americana.
Violeta Parra é pouco conhecida em Portugal, mas foi graças a ela que, nos anos 1950, a música tradicional chilena viveu um período áureo de resgate e valorização. depois, na década de 1960, a sua defesa do património colocou-a na frente do movimento da nueva canción, que não foi mais que a música de intervenção do chile de salvador Allende. Violeta Parra pode ser considerada a mãe da canção comprometida com a luta dos oprimidos e explorados. o lirismo dos versos de canções como Gracias a la vida embalou o ânimo de gerações de revolucionários latino-americanos em momentos em que a vida era questionada nos seus limites mais básicos.
Tita Parra voz e guitarra Isabel Parra voz e cuatro venezuelano Greco Acuña percussão Juan Antonio Sánchez voz, guitarra, charango, flauta