• Nenhum resultado encontrado

RESPONSABILIDADE SOCIAL NA FUNDAÇÃO ANDRÉ MAGGI UM ESTUDO DE CASO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "RESPONSABILIDADE SOCIAL NA FUNDAÇÃO ANDRÉ MAGGI UM ESTUDO DE CASO"

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

Acadêmica Docente

Vol. III, Nº. 4, Ano 2009

Wanderlan Barreto da Rosa

Faculdade do Sul do Mato Grosso

wanderlan.rosa@unianhanguera.edu.br

Viviane Avila da Rosa

Grupo André Maggi

vivigaucha18@hotmail.com

RESPONSABILIDADE SOCIAL NA FUNDAÇÃO

ANDRÉ MAGGI – UM ESTUDO DE CASO

RESUMO

A Responsabilidade Social começou a ser abordada no contexto empresarial no início do século XX através do filantropismo, porém este conceito foi absorvido pelas instituições e incorporado a outros anseios, tais como o voluntariado e cidadania empresarial, responsabilidade social corporativa e desenvolvimento sustentável. O cenário da globalização e da concorrência mundial impulsionou a mudança na visão das empresas em relação à sociedade na qual atua e obrigou-as a mudar radicalmente suas estratégias de negócios. A sociedade também sofreu mudanças na sua postura, passou a exigir qualidade dos produtos e serviços prestados, além de cobrar a atuação na área social e transparência na condução do negócio. Hoje os consumidores já não visam apenas o produto final, eles analisam o processo como um todo. As conquistas de níveis maiores de competitividade e produtividade tornaram-se desafios para as organizações que passaram a introduzir a preocupação com a legitimidade social na sua estratégia empresarial.

Palavras-Chave: responsabilidade social; voluntariado; cidadania empresarial; desenvolvimento sustentável; atuação social.

ABSTRACT

The Social responsibility began to be boarded in the enterprise context in the beginning of the twentieth century through the philanthropism, however, this concept was absorbed by institutions and incorporated to other aspirations, such as voluntary participation and enterprise citizenship, corporate social responsibility and maintainable development. The globalization scenery and the worldwide competition impelled the change of the companies’ vision concerning to the society in which it acts and compelled them to change radically their business strategies. The society also suffered changes in its posture, started to demand quality of the products and rendered services, besides charging the performance in the social area and transparency in the conduction of the business. Nowadays, the consumers no longer seek just the final product; they analyze the process as a whole. The conquest of competitiveness and productivity highest levels became challenges to the organizations that have started to introduce the concern with social legitimacy in their enterprise strategy.

Keywords: social responsibility; voluntary participation; enterprise citizenship; maintainable development; social action.

Anhanguera Educacional S.A.

Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181

rc.ipade@unianhanguera.edu.br Coordenação

Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Informe Técnico

Recebido em: 9/7/2009 Avaliado em: 17/2/2010

(2)

1. INTRODUÇÃO

Neste trabalho de investigação científica o tema abordado foi a Responsabilidade Social Empresarial, devido à sua importância para a inserção e sobrevivência de uma organização no mercado.

A sociedade passou por profundas mudanças; os papéis dos estados, das empresas e das pessoas sofreram alterações devido à integração dos mercados. Uma empresa moderna existe para fornecer à população produtos e/ou serviços específicos, contudo não pode estar vinculada apenas a sua finalidade principal, deve participar da comunidade e realizar suas tarefas dentro de um cenário social.

Sabe-se que hoje, na era da informação e da globalização, ainda existe desigualdade social, portanto as empresas mudaram, radicalmente, suas estratégias de negócio e seu modo de gestão, e por isso investem em Responsabilidade Social através de projetos, programas e benefícios para a comunidade.

A RSE – Responsabilidade Social Empresarial – de uma organização não está voltada somente para o público externo, mas também para o público interno. Num mercado altamente competitivo, no qual estamos inseridos, a empresa precisa investir nos seus colaboradores, através de benefícios próprios ou que abrangem seus dependentes.

Para que a empresa alcance os seus objetivos, é necessário que a gestão englobe os interesses e contribuições de um conjunto de partes e não apenas dos seus acionistas.

A organização socialmente responsável possui a capacidade de ouvir os interesses de todas as partes envolvidas no negócio, incorpora-os no seu planejamento estratégico e coloca-os em prática.

O presente trabalho científico tem como base a teoria desenvolvida por Rensis Likert, por ser um clássico nas teorias administrativas e por tornar possível a avaliação das ações desenvolvidas pela Fundação André Maggi.

O modelo de Likert possui significância e cientificidade; tais qualidades são validadas em suas obras: Novos Padrões de Administração (1971), A Organização Humana (1975) e Administração de Conflitos (1979); explica-se, então, a escolha desse método de análise.

1.1. Questões Fundamentais

(3)

requer uma mudança bastante significativa na filosofia e na prática gerencial [...]”. Desse modo a responsabilidade social é utilizada como uma ferramenta de gestão e as organizações precisam adotar novas formas de atuação, pois essa atitude implica diretamente nos negócios da empresa.

Com base no exposto acima, este estudo buscou resposta à seguinte questão problema: como o trabalho da Usina Beneficiadora de Leite de Soja, desenvolvido no Bairro Parque Universitário, reflete-se na imagem do Grupo André Maggi?

2. METODOLOGIA

Este trabalho caracteriza-se como um estudo de caso que é, de acordo com Gil (1996, p. 58) “[...] é um estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados”.

De modo geral, o estudo de caso tem característica descritiva. De acordo com Vergara (2005, p. 47) “[...] a pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem o compromisso de explicar os fenômenos que descreve [...]”.

Este estudo de caso assume predominantemente a natureza quantitativa, para se estudar como o trabalho da Usina Beneficiadora de Leite de Soja da Fundação André Maggi reflete-se na marca.

Quanto a amostragem encontra-se o conceito que é a “[...] escolha de uma parte, sendo que ela seja a mais representativa possível do todo e, a partir dos resultados obtidos, poder inferir, o mais legitimamente possível, os resultados da população total, se esta fosse verificada”. (MARCONI; LAKATOS 2005, p. 225). Neste estudo aplicou-se a pesquisa sobre uma amostragem aleatória simples que, de acordo com Gil (1996, p. 97), “Consiste basicamente em atribuir a cada elemento do universo um número único, para, depois, selecionar alguns desses elementos de maneira casual.” Essa amostra foi extraída de uma população representada pelos usuários da Usina Beneficiadora do Leite de Soja, da Fundação André Maggi num percentual de 3% que corresponde a 21 famílias atendidas pela Fundação André Maggi através do Oratório Filhos de Dom Bosco , que é uma entidade mantida pela Igreja Católica, e outras creches municipais, mas que são beneficiaria da Fundação AMAGGI, escolhidas casualmente através de um sorteio a partir do seu número de cadastro.

(4)

Para a coleta de dados optou-se por aplicar um questionário baseado no modelo de Likert (1971). No modelo proposto por Likert, consideram-se basicamente oito dimensões; no entanto, para este estudo, foram determinadas somente 4 dimensões: dimensão social; dimensão nutricional; dimensão de poder da marca Amaggi; dimensão da marca relacionada com a empresa.

As respostas as perguntas são apresentadas em um continuum de 1 a 4, que vai desde “concordo plenamente” (1) que corresponderia ao “sim”, passando por concordo (2) que equivaleria ao “pouco”, discordo (3) – que equivaleria ao “moderadamente”, até o discordo plenamente (4) que seria correspondente ao “não”, sucessivamente.

A análise é de suma importância porque proporciona resposta às investigações desse estudo. De acordo com Marconi e Lakatos (2005, p. 169) análise dos dados “[...] é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores”. Aqui, utilizou-se o cálculo da média (x) para cada uma das questões como medida de tendência central, por ser um número que agrupa, em torno de si, os valores centrais e o desvio-padrão (s) como medida de variância, por ser um número estável que considera a totalidade dos valores das variáveis em estudo. A partir daí, criou-se um intervalo, compreendido entre um (1) e quatro (4), no qual foram considerados, nas respostas, os números e os centésimos, de modo que, quando o resultado, que é média, estiver compreendido entre 1 (hum inteiro) e 1,49 (hum inteiro e quarenta e nove centésimos) as famílias entrevistadas concordam plenamente; quando estiver entre 1,51 (um inteiro e cinqüenta e hum centésimos) e 2,49 (dois e quarenta e nove centésimos), concorda; 2,51 (dois inteiros e cinqüenta e hum centésimos) e 3,49 (três inteiros e quarenta e nove centésimos) discordam; e 3,51 (três inteiros e cinqüenta e hum centésimos) discorda plenamente. Quando as respostas apontarem os números 1,50 (hum inteiro e cinqüenta centésimos), 2,50 (dois inteiros e cinqüenta centésimos) e 3,50 (três inteiros e cinqüenta centésimos) consideram-se os milésimos.

Para avaliar o nível de consenso dos respondentes, utilizou-se o desvio padrão. Por convenção, considera-se que o desvio padrão entre 0,9 e 1,1 o consenso é razoável, abaixo de 0,9 o consenso é alto e, acima de 1,1, o consenso é baixo. Desta forma tem-se que, quanto menor o desvio padrão, maior é o consenso em torno da resposta.

(5)

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1. Vantagem Competitiva

O significado de vantagem competitiva, de acordo com Maximiano (2002, p. 510), é: “[...] atributo de uma organização que a faz ter melhor desempenho do que outra, concorrente ou similar”.

Para Porter (1989, p. 2) “a vantagem competitiva surge fundamentalmente do valor que uma empresa consegue criar para seus compradores e que ultrapassa o custo de fabricação pela empresa”; portanto, a vantagem competitiva de uma organização não se limita apenas ao produto e/ou serviço por ela oferecido, mas sim pelas vantagens que proporcionam à sociedade. Porter (1989, p. 2) complementa dizendo que “o valor superior provém da oferta de preços mais baixos do que os da concorrência por benefícios equivalentes ou do fornecimento de benefícios singulares que mais do que compensam um preço mais alto”.

Existem dois tipos de vantagem competitiva: liderança no custo e diferenciação. Para que uma empresa se destaque no mercado, ela deve ter como estratégia um desses tipos de vantagem competitiva e nesse estudo de caso se aplica a diferenciação, que para Porter:

[...] não pode ser compreendida se a empresa for considerada como um todo, pois ela provém das atividades específicas que uma empresa executa e do modo como afetam o comprador. A diferenciação surge da cadeia de valores da empresa (PORTER, 1989, p. 113).

A partir do momento em que os clientes e consumidores de uma determinada organização percebem uma diferenciação que pode ser no preço, na qualidade do produto, no atendimento, na valorização do público interno e na realização de projetos direcionados para a sociedade, existe aí uma vantagem competitiva dessa organização em relação às suas concorrentes.

Portanto, os consumidores é que identificam qual a vantagem competitiva de cada empresa e, são, na visão de Zaccarelli (2003, p. 148) “[...] juízes absolutos do que constitui uma vantagem competitiva”.

3.2. Evolução da Responsabilidade Social

Até o início do século XX a existência das corporações era justificada, única e exclusivamente, para gerar lucro e benefício aos seus acionistas e diretores. Segundo Ashley (2005, p. 45) as primeiras manifestações de Responsabilidade Social aconteceram

(6)

em 1919, no julgamento do caso Dodge versus Ford, que colocou em debate a competência do presidente e acionista majoritário Henry Ford, devido a tomada de decisões que contrariavam o lucro material ou pecuniário dos acionistas John e Horace Dodge.

No ano de 1916, Ford decidiu não conferir os dividendos, aplicou-os na produção, aumentou os salários e fundo de reservas, prevendo uma redução na receita em função dos cortes nos preços dos veículos. A Suprema Corte de Michigan foi favorável aos Dodges, ressaltando que a empresa existe para o benefício de seus acionistas e que diretores corporativos têm livre-arbítrio apenas quanto aos meios para alcançar tal fim, não podendo utilizar os lucros para outros objetivos.

Até meados de 1960 não se priorizava a atuação socialmente responsável das empresas, e sim a dos seus dirigentes. Porém isso mudou após a Segunda Guerra Mundial, onde o conceito de que a organização deve reportar-se apenas aos seus acionistas foi atacado veemente através do trabalho dos autores Berle e Means com a obra Modern corporation and private property in Ashley (2005, p. 46), na qual narram que “os acionistas eram passivos proprietários que abdicavam de controle e responsabilidade em favor da diretoria da corporação”.

De acordo com Karkotli,

O princípio da caridade exigia que os membros mais afortunados da sociedade ajudassem os menos afortunados como os desempregados, os inválidos, os doentes e os velhos. Por este princípio, com um pano de fundo paternalista e assistencialista, eram os próprios ricos quem determinavam quanto iriam contribuir. Pelo princípio da custódia as empresas e os ricos eram vistos como zeladores da riqueza da sociedade. Era função também das empresas multiplicar a riqueza da sociedade (KARKOTLI, 2006, p. 64). O exposto acima nos remete ao pensamento de que a responsabilidade social era função única e exclusiva dos indivíduos pertencentes à sociedade e não das empresas.

Um dos acontecimentos que abriu caminho para o surgimento da preocupação com as questões sociais foi a Guerra do Vietnã, em 1960, nos Estados Unidos, visto que gerou profunda insatisfação popular e manifestações sobre a participação do país na guerra e a utilização de armamento que eram produzidos por empresas locais que degradavam a saúde do homem e prejudicavam o meio ambiente.

Logo começaram a surgir respostas acerca da ética e responsabilidade social corporativa. Segundo Ashley (2005, p. 46) “se a filantropia era uma ação legítima da corporação, então outras ações que priorizam objetivos sociais em relação aos retornos financeiros dos acionistas seriam de igual legitimidade, como o abandono de linhas de produto lucrativas, porém nocivas ao ambiente natural e social”.

(7)

Nesse conjunto de mudanças, diversas organizações passaram a ser vistas pela sociedade como um reflexo de objetivos e valores sociais, e a sociedade utilizava as empresas como um agente para fomentar seus objetivos (KARKOTLI, 2006).

A evolução da Responsabilidade Social instituiu uma alteração na cultura das organizações: o conservadorismo deu espaço às mudanças radicais, que incorporaram a inclusão e a consideração pela empresa quanto a suas relações com o mercado. Para Ashley (2005, p. 51) “[...] a responsabilidade social corporativa normativa do tipo pré-lucro faz com que as corporações sejam obrigadas a cumprir suas responsabilidades sociais e morais antes de maximizar seus lucros [...]”.

Uma empresa socialmente responsável possui consciência de si mesma e de sua interface com a sociedade, além de saber exatamente qual é a sua missão e qual o sentido ético de sua existência, tanto nas relações de mercado quanto às relações além do mercado.

3.3. Responsabilidade Social

No meio empresarial, muitas organizações têm a idéia de que tema Responsabilidade Social se resume em cumprir sua função básica de gerar empregos, pagar impostos e proporcionar lucro aos acionistas.

No entanto, as empresas passaram a ter uma visão de que possuem uma “dívida social” com a sociedade, pois obtêm na sociedade os recursos que necessitam para o seu processo produtivo.

Nesse contexto, para uma empresa ser socialmente responsável deve, na visão de Ashley (2005, p. 173), “[...] valorizar seus empregados, respeitar os direitos dos acionistas, manter relações de boa conduta com seus clientes e fornecedores, manter ou apoiar programas de preservação ambiental [...]”. A empresa, portanto, deve ter, como princípios básicos, a ética e a transparência.

Na visão de Robbins a Responsabilidade Social

[...] adiciona um imperativo ético a fazer aquelas coisas que melhoram a sociedade e não fazer aquelas que poderiam piorá-la. Faz parte dos esforços de uma empresa, além dos exigidos pela lei e pela economia, perseguir metas de longo prazo, que sejam boas para a sociedade (ROBINS, 2002, p. 108).

Para Bateman e Snell (1998, p. 147) “[...] a responsabilidade social da empresa é a extensão do papel empresarial além de seus objetivos econômicos”. As organizações que possuem projetos de responsabilidade social podem apresentar vantagens a longo prazo, pois participam ativa e responsavelmente no ambiente amplo da empresa.

(8)

As empresas que têm a responsabilidade social como um dos seus objetivos recebem benefícios. Alguns deles são mencionados por Ashley:

[...] melhor visibilidade, maior demanda e valorização de suas ações, menor custo de capital, preferência dos investidores na seleção de seus investimentos, diferenciação pelos consumidores, criação de novos produtos, fortalecimento interno (ASHLEY, 2005, p. 173).

Além desses benefícios, a empresa tem um valor competitivo maior, pois hoje os consumidores compram produtos das organizações que investem em responsabilidade social, que possuem projetos que beneficiam seus funcionários e à sociedade.

Melo Neto e Froes (1999) afirmam que existe uma responsabilidade social interna, que aborda a relação entre os funcionários e os seus dependentes, e uma responsabilidade social externa, que abrange a comunidade onde a empresa atua.

Os autores apontam sete condições que direcionam o processo de gestão empresarial e que auxiliam no alcance da condição de empresa socialmente responsável, conforme a Figura 1.

FIGURA 1– Vetores da responsabilidade social de uma empresa.

A responsabilidade social empresarial deve ser incorporada à gestão estratégica, ou seja, traduzir as ações em metas que possam ser analisadas e mensuradas e que contribuam para a identificação do desempenho da organização no seu ramo de atividade.

(9)

Os empresários, quando investem na responsabilidade social, esperam que o mercado tenha uma reação positiva e de fato isso ocorre, pois, de acordo com Ashley,

[...] empresas com programas de desenvolvimento social consolidados, que desempenham papel social relevante nas comunidades em que atuam e na sociedade como um todo, são vistas de forma diferenciada pelo mercado (ASHLEY, 2005, p. 174). Tachizawa (apud SOUSA, 2006, p.17) afirma que,

[...] a responsabilidade social, enfim, tornou-se um importante instrumento geral para a capacitação e criação de competitividade para as organizações, qualquer que seja o seu segmento econômico (TACHIZAWA apud SOUSA, 2006, p. 17).

Após definir a responsabilidade social e analisar a sua importância para a existência de uma organização com êxito nos negócios, é importante observar os impactos que a falta da responsabilidade social pode causar à empresa.

Nesse sentido Garcia (apud SILVA, 2006) declara que a empresa perde seu capital de responsabilidade social quando deixa de cumprir suas obrigações sociais em relação aos seus empregados, acionistas, parceiros, consumidores e comunidade.

Com base no que foi exposto, Lourenço (apud SILVA, 2006) mostra um quadro comparativo, conforme abaixo:

QUADRO 1 – Perdas e ganhos/benefícios da responsabilidade social.

Perdas Ganhos/benefícios

Enfraquecimento e boicote à marca, com isso gerando imagem negativa para a empresa e a diminuição de vendas.

Fortalecimento da imagem da empresa e fidelidade à marca e ao produto da empresa.

Queda das ações e afastamento dos investidores, pela desvalorização da empresa no mercado e na sociedade.

Investimento pelos acionistas e potenciais investidores pela valorização da empresa na sociedade e no mercado.

Publicidade negativa, advinda da mídia de denúncias e propagandas contrárias as ações da empresa.

Retorno publicitário, advindo da geração de mídia espontânea.

Pagar multas e indenizações, ocasionadas por danos ao meio ambiente; danos físicos ou morais aos funcionários e consumidores; desobediência às leis e escândalos econômicos e políticos.

Credibilidade com a sociedade pelas mudanças comportamentais.

Insatisfação ou desmotivação dos empregados pela maior exploração.

Produtividade dos funcionários, pela motivação recebida pela empresa.

Fonte: adaptado pela autora de Silva (2006, p. 25). De acordo com os argumentos abordados, conclui-se que a Responsabilidade Social não abrange apenas o público interno ou externo da empresa, mas sim toda a esfera de atuação da mesma. Os projetos na área social devem incluir toda a cadeia da organização, desde os fornecedores de matéria-prima, passando pelos funcionários e acionistas, até os concorrentes e organizações públicas e estatais. Tal postura ética é um

(10)

agente pró-ativo dentro da empresa e proporciona uma visão diferente do mercado em relação à mesma.

3.4. Relações com clientes e com o mercado consumidor

A Responsabilidade Social Empresarial engloba diversos fatores relevantes para a estratégia das organizações, pois atua em vários níveis da empresa e até mesmo na sociedade ao redor.

Gonçalves (2006) aponta que tais mudanças na sociedade e na relação entre as organizações e seus diferentes públicos são decorrentes das pressões do meio, ou seja, pressões sociais, econômicas, culturais, ambientais e políticas.

A relação com clientes e com o mercado consumidor – RCMC - é de fundamental importância para se implantar a responsabilidade social empresarial, uma vez que essa prática é um conglomerado de ações que devem atingir toda a esfera de atuação de uma organização.

O papel da RSE na gestão das RCMC é definido por Gonçalves como a

Promoção da cultura da responsabilidade social e do consumo consciente, a partir de ações continuadas de otimização da atuação quanto aos seus produtos, processos e operações, de forma a atender as necessidades das partes envolvidas nas relações com os clientes e com o mercado consumidor, integrando-as ao sistema de gestão da organização, tratando das dimensões ambiental, social e econômica e contribuindo para o desenvolvimento sustentável tanto da própria organização como da sociedade (GONÇALVES, 2006, p.30).

O conceito explica de que forma as empresas devem gerir sua cadeia produtiva, bem como a relação com os agentes do processo, porém existem outros fatores que necessitam estar claros para os gestores das corporações. O conhecimento acerca desses fatores é essencial para aprenderem a lidar com os fatores críticos de sucesso – FCS – que irão surgir em situações difíceis e delicadas.

Para este trabalho é relevante compreender os três grupos dos FCS, determinados segundo Gonçalves:

Liderança: trata do envolvimento da alta direção da organização e o seu papel no esforço de desenvolvimento da responsabilidade social.

Gerenciamento: diz respeito à estratégia de condução do desenvolvimento da RSE nas RCMC e à estrutura do sistema de gestão adotado pela organização, bem como ao monitoramento e gestão do processo.

Mobilização: sensibilizar e conscientizar os agentes da cadeia mercadológica (GONÇALVES, 2006, p. 31).

A relação entre a empresa com o seu público interno e externo carece de transparência e atenção e os gestores são os responsáveis em impor esses valores à

(11)

organização, porque na dinâmica empresarial essa é a área mais sensível à aplicação das práticas de RSE.

3.5. Marketing Social

O marketing social constitui uma abordagem baseada na mudança de comportamento, mas para entender sua origem e propósito é necessário analisar o contexto no qual o marketing atua no mercado e na sociedade.

São inúmeras as definições para o marketing e Kotler (2000, p. 29) afirma que “dentre todas as inúmeras definições existentes para marketing, podemos estabelecer uma distinção entre definições sociais e gerenciais”. Portanto, o marketing é uma importante ferramenta para qualquer organização, pois possibilita definir estratégias para os diversos interesses da empresa, ou seja, o mercado e a sociedade.

Em 1971, nos Estados Unidos, foi publicado um artigo intitulado Marketing: An Approach to Planned Social Change (Marketing: Uma aproximação à mudança social de planejamento) de autoria de Kotler e Zaltaman que conceituava marketing social como Criação, implementação e controle de programas implementados para influenciar a aceitabilidade das idéias sociais e envolvendo considerações relativas ao planejamento de produto, preço, comunicação, distribuição e pesquisa de marketing.

Conceituar marketing social é abordar um esquema integrado de planejamento e ação uma vez que, ainda de acordo com Kotler:

Marketing é um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros (KOTLER, 2000, p. 30).

Esse conceito é visto em várias organizações de segmentos de mercado variados, mas se faz necessário examinar o seguinte questionamento de Cavalcanti (2006, p. 228): “[...] será que, ao atender aos anseios dos consumidores, as organizações também estão preocupadas com o bem-estar da sociedade a longo prazo?”.

Há uma grande diferença entre o marketing social e a responsabilidade social empresarial, destacada no Quadro 2.

QUADRO 2 – Diferença entre marketing social e responsabilidade social.

Marketing Social Responsabilidade Social

O marketing social têm como objetivo a mudança de comportamento da sociedade para com o bem-social utilizando ferramentas mercadológicas e técnicas de marketing.

A responsabilidade social é a preocupação que as empresas, pessoas e governo têm pelo social; é um novo critério de excelência para a qualidade das empresas.

(12)

Portanto, o marketing social deve alinhar-se à estratégia das organizações e provocar uma mudança de comportamento internamente. Além de modificar os valores e a cultura da empresa, é preciso mobilizar toda a cadeia produtiva para que a imagem da marca se fortaleça no mercado e adquira confiabilidade dos consumidores.

Kotler apud Gonçalves evidencia que:

[...] para elevar o nível de marketing socialmente responsável, é necessário atuar em três frentes. Primeiro, a sociedade deve criar e usar a lei para definir, da maneira mais clara possível, as práticas que são ilegais, anti-sociais e anticompetitivas; segundo, as organizações devem adotar códigos de ética e de conduta, desenvolver tradição na prática desses códigos e tornar seus funcionários altamente responsáveis em segui-los; terceiro, as organizações devem praticar uma ‘consciência social’ em suas atividades com os consumidores e outros públicos (KOTLER apud GONÇALVES, 2006, p. 52). O movimento da RSE aperfeiçoou as atividades e os negócios das empresas e proporcionou o surgimento de novas formas de interação entre o ambiente organizacional e o meio no qual as empresas exercem suas relações comerciais. É por esse motivo que as áreas de marketing e comunicação estão se tornando cada vez mais complexas e importantes, pois representam o diálogo entre a empresa e sociedade.

3.6. Valor da Marca

A marca de uma empresa significa o modo como ela é vista pelas pessoas e pode ser composta por um símbolo, um nome ou logotipo. A American Marketing Association (apud Kotler) define marca nos seguintes termos:

[...] uma marca é um nome, termo, símbolo, desenho – ou uma combinação desses elementos – que deve identificar os bens ou serviços de uma empresa ou grupo de empresas e diferenciá-los da concorrência (AMERICAN MARKETING ASSOCIATION apud KOTLER, 200, p. 426).

De acordo com Ries e Ries apud Santos,

[...] as marcas podem ser consideradas a essência das empresas que representam e criar uma marca forte significa associar um determinado atributo ou idéia singular na mente do público de interesse (RIES; RIES apud SANTOS, 2005, p. 97).

Uma marca pode assumir diversos valores para diferentes públicos, pois é composta de seis significados distintos. Cada marca tem suas especificidades, como podemos ver no Quadro 3.

(13)

QUADRO 3 – Níveis de significado da marca.

Atributos: uma marca traz à mente certos atributos. A Mercedes sugere automóveis caros, bem construídos, de boa engenharia, duráveis e de alto prestígio.

Benefícios: os atributos devem ser traduzidos em benefícios funcionais e emocionais. O atributo “durável” poderia traduzir o benefício funcional “ não terei de comprar outro carro por muitos anos”. O atributo “caro” traduz o benefício emocional “ o carro me faz sentir importante e admirado”.

Valores: a marca também diz algo sobre os valores da empresa. A Mercedes simboliza alto desempenho, segurança e prestígio.

Cultura: a marca pode representar certa cultura. A Mercedes represente a cultura germânica: organizada, eficiente, preocupada com a qualidade.

Personalidade: a marca pode projetar certa personalidade. A Mercedes pode sugerir um chefe decidido (pessoa), um leão poderoso (animal) ou um palácio austero (objeto).

Usuário: a marca sugere o tipo de consumidor que compra ou usa o produto. Poderíamos esperar ver um alto executivo de 55 anos de idade atrás do volante de um Mercedes, não uma secretária de 20 anos.

Fonte: adaptado com base em Kotler (2000, p. 426). As empresas que adotam uma postura socialmente responsável tendem a incorporar alguns atributos que impactam na identidade da marca, o seu público-alvo passa a ver a marca de forma mais confiável, o que facilitaria as escolhas conscientes.

A gestão da marca voltada para a responsabilidade social das organizações aplica-se às relações externas e internas e é importante saber distinguir a diferença entre identidade da marca e imagem da marca.

A imagem da marca significa, de acordo com Santos (2005, p. 98), “[...] como os clientes e demais pessoas percebem a marca e seu conhecimento oferece informações úteis à gestão do sistema de identidade da marca”. Já a identidade da marca é, segundo Santos (2005, p. 99), o que “[...] deverá refletir qualidades duradouras, ainda que não sejam aparentes na imagem da marca, mutável e temporária, mas que persistirão ao longo do tempo”. Portanto, definir a identidade de uma marca nada mais é do que definir o que a empresa é, pois a identidade mostra os valores éticos da empresa e as sensações que a mesma deseja causar no consumidor.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.1. Descrições da População: O Perfil das Famílias Entrevistadas

Falando do perfil dessas famílias, pode-se afirmar que a maioria é muito carente, moram em habitações muito simples. Normalmente só um membro familiar trabalha e tem um salário mínimo. Em todas as famílias entrevistadas encontrou-se um, dois e até três pessoas que tem vontade de trabalhar, mas não podem porque têm muitos filhos

(14)

pequenos e pré-adolescentes (normalmente mais de três), são pessoas com pouca ou nenhuma capacitação profissional, além de um dos componentes ser idoso e doente. São pessoas que conhecem muito pouco da empresa AMAGGI, entendem que Maggi lembra o Governador pelo qual nutrem especial carinho e até certo grau de devoção e admiração, mas não sabem o que a empresa Amaggi tem a ver com Rondonópolis, ou onde fica situada.

Para muitas crianças, o leite de soja é o primeiro e talvez o único alimento do dia; há casos que dependem exclusivamente desta alimentação fornecida pela fundação André Maggi.

Para essas famílias, a Fundação é essencial para o Bairro e para suas vidas. As pessoas que moram no entorno da Fundação sabem fazer a relação desta com a marca Amaggi ou com a empresa Amaggi, mas na medida em que o raio de pesquisa se afasta a partir de 1 km em diante, vê-se que esta relação desaparece aos poucos.

4.2. Descrição e Analise dos Resultados da Pesquisa

Neste estudo trabalhou-se com as médias e desvio padrão como medida de variância, tendo como base os resultados obtidos na pesquisa quantitativa aplicada às 21 famílias.

QUADRO 4 – Como o trabalho da Usina Beneficiadora de Leite de Soja,

reflete-se na imagem do Grupo André Maggi?

Perguntas Respostas

BLOCO 1 - Quanto a dimensão social 1 2 3 4 X S

1. O bairro é dotado de escolas e creches, preenchendo as necessidades das famílias. 18 1 1 1 1,285 0,7648 2. O seu bairro possui associação de bairro que lidera o movimento social para

conseguir melhorias. 16 2 2 1 1,4285 0,8491

3. Todos os membros desta família se beneficiam do leite de soja distribuído pela

Fundação André Maggi. 16 2 2 1 1,4285 0,8491

4. Você entende que o leite de soja distribuído pela Fundação André Maggi ajuda a sua

família a se alimentar melhor? 20 0 1 0 1,095 0,4259 5. Desde que a Fundação André Maggi veio para o bairro abriu-se uma nova

oportunidade de ajuda para as famílias carentes do bairro. 21 0 0 0 1 0 6. A família deste bairro tem renda para comprar leite de vaca todos os dias 8 1 4 8 2,5714 1,3299 7. O leite de soja fornecido pela Fundação André Maggi veio garantir a primeira

alimentação das crianças desta família. 13 1 5 2 1,8095 1,0963 8. O leite de soja distribuído pela Fundação André Maggi tem ajudado na alimentação

da família 19 1 0 1 1,1904 0,6632

9. As crianças desta família têm apresentado melhor desempenho escolar desde que

começaram a receber o leite de soja. 10 0 4 7 2,3809 1,3619 10. A família beneficiada com o leite de soja recebe orientação sobre o poder nutritivo

do leite de soja. 7 3 2 9 2,619 1,3265

11. A família beneficiada com o leite de soja da Fundação André Maggi recebe

orientação quanto ao poder de prevenção de doenças que possui a soja. 10 2 1 8 2,3333 1,3915 12. A Fundação André Maggi presta um grande serviço ao distribuir o leite de soja, pois

os benefícios são muito grandes. 20 1 0 0 1,0476 0,2128 13. Reconheço que o trabalho da Fundação André Maggi é importante para as famílias

deste bairro. 20 0 1 0 1,0952 0,4259

14. A distribuição do leite de soja pela Fundação André Maggi, tem ajudado as famílias

deste bairro, porque reforça a alimentação. 20 1 0 0 1,0476 0,2128 15. Você não recebe o leite de soja para casa, somente os filhos recebem este quando

estão na creche. 10 1 4 6 2,2854 1,3145

(15)

Perguntas Respostas

BLOCO 2 – Quanto a dimensão nutricional 1 2 3 4 X S 15. O leite de soja melhorou a alimentação da família beneficiada, porque antes nenhum

tipo de leite era leite era utilizado na alimentação. 9 1 8 3 2,238 1,1507 16. Antes do leite de soja ocorriam, durante o mês, muitas idas ao posto de saúde. 6 2 3 10 2,8095 1,2954 17. A fundação André Maggi faz visitas regulares às famílias beneficiadas com o leite de

soja e ensina como utilizar melhor. 1 0 1 19 3,8095 0,6632 18. Você entende que o leite de soja permite fazer variadas receitas, tais como mingaus,

chocolates, bolos, entre outros? 3 3 0 15 3,2857 1,1606

19. Nesta família as crianças e adultos gostam do sabor do leite de soja. 19 0 1 1 1,238 0,7498 20. A sua família entende que o leite de soja tem mais propriedade nutritivas do que o

leite de vaca? 15 0 3 3 1,7142 1,1606

Sub-total 53 6 16 51 2,52 1,379

BLOCO 3 – Quanto a dimensão de poder da marca Amaggi 1 2 3 4 X S 20. Eu me considero leal à marca Amaggi porque recebo benefícios. 9 0 1 11 2,6666 1,4584 21. Eu me considero leal à Amaggi porque é de Rondonópolis, independente de receber

ou não benefícios. 8 1 1 11 2,7142 1,419

22. A marca Amaggi é a primeira opção que vem à minha mente. 5 3 1 12 2,9523 1,2901 23. Eu espero que a marca represente qualidade e responsabilidade social. 11 0 0 10 2,4285 1,4983 24. A chance de que a marca Amaggi represente para mim uma empresa socialmente

responsável é muito alta. 11 0 0 10 2,4285 1,4983

25. Eu posso identificar a marca Amaggi entre outras marcas. 7 0 1 13 2,9523 1,3965 26. Eu conheço bem a marca Amaggi e sou capaz de reconhecer de longe. 7 0 1 13 2,9523 1,3965 27. Quando falam em Amaggi logo alguma característica da marca vem a minha cabeça. 7 0 1 13 2,9523 1,3965 28. Eu rapidamente posso lembrar o símbolo ou o logotipo da marca Amaggi. 6 0 2 13 3,0476 1,3265 29. Eu tenho dificuldade de imaginar a marca Amaggi na minha cabeça. 0 0 2 19 3,9047 0,2934 30. Mesmo que outra marca tenha as mesmas características, eu lembro Amaggi. 7 0 1 13 2,9523 1,3965 31. Mesmo que haja outra marca tão boa quanto, eu prefiro Amaggi porque me dá idéia

de lugar bom de trabalhar e que ajuda a comunidade. 6 0 2 13 3,0476 1,3265 32. Se outra marca não é em nada diferente, parece mais inteligente lembrar Amaggi. 7 0 1 13 2,952 1,3965

Sub-total 91 4 14 164 2,92 1,394

BLOCO 4 – Quanto à dimensão da marca relacionada com a empresa 1 2 3 4 X S 34. A marca Amaggi dá idéia de que recebe retorno dos investimentos porque está

sempre crescendo. 5 2 0 14 3,0952 1,3058

35. A marca Amaggi dá idéia de que consegue sólidos resultados financeiros. 7 0 0 14 3 1,4142 36. A marca Amaggi transmite idéia de que vai crescer ainda mais. 9 1 0 11 2,619 1,463 37. A marca Amaggi dá idéia de que é bem administrada. 10 0 0 11 2,5714 1,4983 38. A marca Amaggi dá idéia de que é uma empresa que tem uma liderança carismática. 9 0 0 12 2,7142 1,4846 39. A marca Amaggi representa grande qualidade do corpo gerencial. 4 1 0 16 3,3333 1,2084 40. A marca Amaggi dá idéia de que todos trabalham vendo um futuro muito bom. 8 1 0 12 2,7619 1,4443 41. A marca Amaggi mostra que tem responsabilidade sócio-ambiental (ajuda a

sociedade e cuida do meio ambiente). 7 1 0 13 2,9047 1,411 42. A marca Amaggi nada me diz que apóia causas sociais. 6 0 0 15 3,1428 1,3552 43. A marca Amaggi lembra que pertence a uma empresa que contribui para o

desenvolvimento social. 9 0 0 12 2,7142 1,4846

44. A marca Amaggi lembra que é uma empresa aberta e transparente nas suas ações. 7 0 2 12 2,9047 1,3768 45. Para mim a marca Amaggi é símbolo de comportamento ético. 9 0 0 12 2,7142 1,4846 46. A marca Amaggi representa que é uma empresa que mostra justiça na condução dos

negócios. 9 0 0 12 2,7142 1,4846

47. A marca Amaggi dá idéia de que todos os empregados ganham bem e de forma justa. 10 0 0 11 2,571 1,4983 48. A marca Amaggi dá idéia de que a empresa se preocupa com a saúde e bem estar dos

empregados. 10 0 0 11 2,571 1,4983

49. A marca Amaggi da idéia de que ela é uma empresa que promove oportunidades

iguais para todos. 10 0 0 11 2,571 1,4983

50. A Marca Amaggi lembra que é uma empresa que desenvolve ações sociais para

ajudar a comunidade. 10 0 0 11 2,571 1,4983

51. A marca Amaggi me dá idéia de que é uma empresa ideal para se trabalhar. 10 0 0 11 2,571 1,4983

Sub-total 149 6 2 221 2,78 1,459

TOTAL 522 32 58 480 2,45 1,443

Fonte: dados da pesquisa (2007). Ao analisar a primeira dimensão, dimensão social, o resultado da pesquisa mostra uma média de 1,6 (representada na coluna x da tabela 4); isto quer dizer que a maioria dos entrevistados concordam com a atividade desenvolvida pela Fundação André Maggi, mas não se apresenta com alto consenso, visto que o desvio padrão de 1,1

(16)

(representado pela coluna s do quadro 4) indica que o consenso entre os respondentes é razoável.

É o caso da variável n°. 6, em que o entrevistado é perguntado se a família tem renda suficiente para comprar leite de vaca, a média de 2,57 indica que discordam, isto é, não possuem renda suficiente. A variável n°. 6 também apresenta um desvio padrão de 1,3 (representado na coluna “s” da tabela 4), o que significa baixo consenso, ou seja, nesta variável há as famílias que tem renda, e mesmo assim complementam a alimentação com o leite de soja, não só pelo poder nutricional, mas porque tem na família pessoas idosas que precisam melhorar o seu nível de resistência e saúde, e porque gostam do sabor, ou porque tem um filho ou filha que está na creche ou no Oratório Filhos de Dom Bosco e lá recebem o leite de soja.

A outra variável interessante e que se destaca na dimensão social é saber se as crianças apresentaram melhor desempenho na escola depois que começaram a tomar o leite de soja. Em regra geral, eles não sabem responder, porque não há informações práticas para que eles possam comparar. Tanto que a média nesta variável é de 2,38, indicando concordância, mas possui um desvio padrão de 1,36, baixo consenso. Na verdade nunca foi feito um trabalho em que a escola ou as pedagogas explicassem como o aluno era antes e como ele é hoje, após incluir o leite de soja na sua alimentação.

Na dimensão nutricional que tem como objetivo saber se as pessoas que recebem o leite de soja possuem visão e conhecimento do que isto representa na sua alimentação ou na de seus filhos, encontra-se uma média de 2,52 que significa concordância a respeito desta dimensão, muito embora o consenso seja baixo.

O baixo consenso ocorre porque na variável 16 os entrevistados não têm claro se após o leite de soja ser incluído na alimentação diminuíram ou aumentaram as consultas aos postos de saúde. O fato é que para alguma família, o leite contribuiu com a recuperação do familiar, especialmente no caso dos idosos.

Durante as entrevistas notou-se que na medida em que os entrevistados moram mais distantes da área geográfica de localização da instituição, a partir de 1 km em diante, o conhecimento e as opiniões se tornam mais discordantes, porque as famílias beneficiárias estando mais distantes da sede da fundação não participam diuturnamente da vida da Instituição.

Na terceira dimensão, poder da marca Amaggi, observou-se que os beneficiários pelas ações da Fundação não possuem conhecimento sobre a empresa mantenedora da instituição. Tal fato é comprovado pela média de 2,92 que significa discordância, bem

(17)

verificou-se que no entorno das instalações da Fundação as pessoas possuem conhecimento da marca Amaggi e da própria empresa, gostam de falar e demonstram profundo entendimento, chegando a mencionar os programas ambientais e outros, falam que sabem onde fica a empresa e que “assistem na televisão” a divulgação dos eventos sociais, é justamente esse entendimento que Cavalcanti (2006) contribui, afirmando [...] que o marketing social tem como objetivo a mudança de comportamento da sociedade para com o bem-social utilizando ferramentas mercadológicas e técnicas de marketing.

Portanto, se a empresa fizesse bom uso das ferramentas do marketing social, alinhados às estratégias de Responsabilidade Social Empresarial, mais pessoas conseguiriam perceber a atuação dela na comunidade por meio da Fundação André Maggi e não apenas aquelas pessoas que moram próximas, como se demonstra nas variáveis 20 e 21, cujas médias (x) são respectivamente 2,6 e 2,7 e um desvio padrão (s) de 1,45 e 1,41 demonstrando baixo consenso, significando que a marca Amaggi não é a primeira na mente deste usuário.

Quanto à dimensão da marca relacionada com a empresa, as freqüências de respostas constituem uma média de 2,45 demonstrando que concordam e um desvio padrão de 1,44 estabelecendo uma idéia de baixo consenso. Explica-se muito bem este baixo consenso, porque há um percentual de 39% de respondentes que situam-se no 1 (concordam plenamente) e 58,4% situaram-se no 4 (discordam plenamente). Os entrevistados entendem que a marca Amaggi emite a idéia de que obtém retorno pelo que faz e pelo que investe, sabem do crescimento, falam com satisfação e contam, ainda, que conhecem algum amigo que trabalha ou trabalhou na empresa. Por outro lado, existem pessoas que não sabem responder se a empresa é rentável, se está crescendo ou não, desconhecem inclusive que a empresa Amaggi é de Rondonópolis.

Não basta a empresa fazer um bom trabalho de responsabilidade social e não utilizar os resultados para fortalecer a marca, é preciso adotar o Marketing Social como ferramenta de Gestão Estratégica dentro do Programa de Responsabilidade Social da Empresa e deixar claro que a Responsabilidade Social é um Fator Crítico de Sucesso e que faz parte da Gestão Estratégica Corporativa. Tanto é que Kotler e Zaltaman (1971) conceituam Marketing Social como: “[...] criação, implementação e controle de programas para influenciar a aceitabilidade das idéias sociais e envolvendo considerações relativas ao planejamento de produto, preço, comunicação, distribuição e pesquisa de marketing [...]”. Portanto, o marketing social deve alinhar-se à estratégia das organizações e provocar uma mudança de comportamento internamente.

(18)

O Grupo Amaggi precisa ter a Responsabilidade Social Corporativa inserida nas Estratégias Globais, especialmente, porque há um bom número de beneficiários que não conhecem a empresa Amaggi e não compreendem que a Fundação seja um segmento que se originou e que recebe o suporte necessário de um grupo empresarial para desenvolver as ações sociais. Em Maximiano (2002, p. 41) encontra-se que “[...] a globalização, a passagem para a era pós – industrial e a Revolução Digital provocaram a mudança de muitas concepções tradicionais”, dentre as quais destacam-se meio ambiente, qualidade de vida e emergência do terceiro setor.

É preciso que elas saibam quem é a empresa mantenedora da Fundação André Maggi e qual é o seu papel neste processo. Na medida em que somente as pessoas que vivem no entorno da Fundação a conhecem e sabem fazer a relação desta com o Grupo Amaggi, é preocupante, porque o lógico é que haveria maior conhecimento da marca Amaggi, mas não é isto que se depreende deste estudo.

5. CONCLUSÃO

A Responsabilidade Social deixou de ser uma ação filantrópica e passou a exercer um papel de estratégia empresarial, pois impacta nos objetivos e no conceito da empresa. Por isso as empresas procuram, cada vez mais, estar em contato com a sociedade, proporcionando-lhes benefícios e implantando projetos em prol da mesma. Robins (2002) explica que faz parte dos esforços de uma empresa, perseguir metas de longo prazo, que sejam boas para a sociedade e Bateman e Sneel (1998) também reafirmam citando que a responsabilidade social da empresa é a extensão do papel empresarial além de seus objetivos econômicos.

Para Ashley (2005), Melo Neto e Froes (1999) e Tachizawa (apud SOUZA, 2006), uma das condições para a empresa obter lucro e ser competitiva é relacionar sua marca a conceitos e valores éticos. Os clientes internos bem como os clientes externos dão preferência para produtos de empresas socialmente responsáveis, não importando mais o valor do bem, mas sim o compromisso com a sociedade e o meio ambiente.

Os resultados da pesquisa mostraram que as ações da Fundação André Maggi refletem na imagem da empresa, porém esse reflexo não foi percebido na visão de todos os beneficiários, apenas uma parcela dos entrevistados reconhece a empresa. Isso está posto em Lourenço (apud SILVA 2006) que mostra as perdas e os ganhos com a Responsabilidade Social e, em Gonçalves (2006) encontra-se que a empresa precisa gerenciar três grupos de Fatores Críticos de Sucesso.

(19)

Portanto o objetivo geral deste trabalho comprovou-se plenamente, uma vez que as pessoas que conhecem a fundo o trabalho da instituição também conhecem a empresa, ou seja, refletem positivamente na imagem da organização, em contrapartida, aquelas pessoas que não possuem tal visão bem definida não sabem relacionar o trabalho da fundação com a marca Amaggi que a American Marketing Association (apud KOTLER, 2000) explica como um nome, termo, símbolo, desenho – ou uma combinação desses elementos que por só devem identificar o produto ou serviço de uma empresa ou grupo empresarial, e mais importante, de tal forma que a comunidade saiba diferenciá-los de outros concorrentes.

Nesta pesquisa pode-se depreender que o impacto das ações na imagem da empresa ainda não está bem definido e claro, porque mais de 50% dos entrevistados desconhecem a empresa Amaggi. As ações sociais estão mais atreladas ao nome do governador do Estado.

O leite de soja distribuído pela Usina Beneficiadora é muito importante para a alimentação das pessoas que o recebem, porque além de complementar a dieta diária garante uma boa saúde. Inúmeros entrevistados citaram que conhecem os benefícios do leite, porém outros os desconhecem. O último aspecto já está sendo desenvolvido através de uma parceria da Fundação André Maggi com o curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT.

A verdadeira responsabilidade social empresarial é criada no momento em que as empresas adotam uma nova postura para conduzir seus negócios e possuem empatia com a sociedade. É preciso que haja uma boa comunicação entre organizações e consumidores e que as práticas sejam éticas e condizentes com a missão e valores da empresa. A empresa precisa adotar o Marketing Social para melhor gerenciar os resultados de seu programa de Responsabilidade Social Corporativa que Kotler (2000) tanto evidencia, citando o Marketing como um processo social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtém aquilo de que necessitam e o que desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros.

Atualmente não é feito o Marketing Social, o que, de certa forma distancia a população beneficiaria da Fundação Amaggi e a marca Amaggi. A sociedade exige um comprometimento das empresas com as causas sociais, pois as empresas são vistas hoje como agentes transformadores e como os responsáveis pela construção de uma sociedade mais justa e melhor para se viver. Santos (2005, p. 98), explica que os clientes e demais pessoas percebem a marca e seu conhecimento oferece informações úteis à gestão dos sistemas de identidade da marca que em resumo deverá qualidades duradouras, ainda

(20)

que não sejam aparentes na imagem da marca, mutável e temporária, mas que persistirão ao longo do tempo”.

REFERÊNCIAS

ASHLEY, Patricia Almeida et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.

BATEMAN, Thomas S.; SNELL, Scott A. Administração: construindo vantagem competitiva. São Paulo: Atlas, 1998.

CAVALCANTI, Marly et al. Gestão social, estratégias e parcerias: redescobrindo a essência da administração brasileira de comunidades para o Terceiro Setor. São Paulo: Saraiva, 2006. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

GONÇALVES, Benjamin S. Responsabilidade social empresarial nos processos gerenciais e nas cadeias de valor. São Paulo: Instituto Ethos, 2006.

GUERREIRO, Lílian. Dossiê Técnico: produtos de soja. Rio de Janeiro: Redetec. Rede de tecnologia do Rio de Janeiro, 2006.

KARKOTLI, Gilson. Responsabilidade social empresarial. Petrópolis: Vozes, 2006.

______. Importância da responsabilidade social para implementação do marketing social na organizações. Florianópolis, 2002. 97 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção). Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina.

KARKOTLI, Gilson; ARAGÃO, Sueli Duarte. Responsabilidade social: uma contribuição à gestão transformadora das organizações. Petrópolis: Vozes, 2004.

KOTLER, Philip. Administração de marketing: a edição do novo milênio. 10. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2000.

LACOMBE, Francisco José Masset; HEILBORN, Gilberto Luiz José. Administração: princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2003.

LIKERT, Rensis. A organização humana. São Paulo: Pioneira, 1975.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria Geral da Administração: da revolução urbana à revolução digital. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002.

MELO NETO, Francisco Paulo de; FROES, Cesar. Responsabilidade social e cidadania empresarial: a administração do terceiro setor. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1999.

PFEIFER, M. Responsabilidade social das empresas: instrumento de consolidação hegemônica do projeto neoliberal? Florianópolis, 2006. 176 f. Dissertação (Mestrado em Serviço Social). Programa de Pós-Graduação em Serviço Social, Universidade Federal de Santa Catarina.

PORTER, Michael E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. 24. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1989.

ROBBINS, Stephen Paul. Administração: mudanças e perspectivas. São Paulo: Saraiva, 2002 SANTOS, R.B. Relação entre responsabilidade social corporativa e identidade de marca: a visão dos gestores de nível médio numa empresa de contac center em Uberlândia. MG. Uberlândia, 2005. 174 f. Dissertação (Mestrado em Administração). Programa de Pós–Graduação em Administração, Universidade Federal de Uberlândia.

(21)

SOUSA, A.C.C. Responsabilidade social e desenvolvimento sustentável: a incorporação dos conceitos à estratégia empresarial. Rio de Janeiro, 2006. 213 f. Dissertação (Mestrado em Ciências em Planejamento Energético). Programa de Pós–Graduação em Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro.

VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2005.

ZACCARELLI, Sérgio B. Estratégia e sucesso nas empresas. São Paulo: Saraiva, 2003. Wanderlan Barreto da Rosa

Economista, Especialização em Economia, Administração e Metodologia do Ensino superior. Mestrado em Administração pelo PPGA/UFRGS, professor, palestrante. Sou coordenador do Curso de Administração da Faculdade do Sul do Mato Grosso- Unidade Anhanguera de Rondonópolis-MT. Membro do Conselho Superior de Administração da Incubadora I-deia, membro do Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia e do Comitê de Pesquisa e Pós-Graduação da Secretaria Estadual de Ciências e Tecnologia e membro do Conselho Municipal de Desenvolvimento do Turismo de Roo. Professor na Graduação e Pós-Graduação, área de Ciências Sociais Aplicadas. Viviane Avila da Rosa

Bacharel em Administração e discente do curso de Pós-graduação em Gestão de Pessoas na Anhanguera Educacional em Rondonópolis, MT. Tem atuação profissional em Gestão de Pessoas em Empresa de Grande Porte. Ao longo da formação profissional publicou diversos artigos em jornais de grande circulação.

(22)

Referências

Documentos relacionados

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

Apothéloz (2003) também aponta concepção semelhante ao afirmar que a anáfora associativa é constituída, em geral, por sintagmas nominais definidos dotados de certa

A abertura de inscrições para o Processo Seletivo de provas e títulos para contratação e/ou formação de cadastro de reserva para PROFESSORES DE ENSINO SUPERIOR

Vale lembrar que o efeito magnetoel´ etrico ´ e um fenˆ omeno mais geral que a multiferroicidade e pode surgir em materiais que n˜ ao s˜ ao multiferr´ oicos, bastando somente

O score de Framingham que estima o risco absoluto de um indivíduo desenvolver em dez anos DAC primária, clinicamente manifesta, utiliza variáveis clínicas e laboratoriais

Ao analisar o conjunto de empresas de dois segmentos da BM&FBOVESPA –Energia Elétrica e Bancos –, verifi cando as métricas fi nanceiras de rentabilidade e risco Nunes, Nova

Como já destacado anteriormente, o campus Viamão (campus da última fase de expansão da instituição), possui o mesmo número de grupos de pesquisa que alguns dos campi

5 “A Teoria Pura do Direito é uma teoria do Direito positivo – do Direito positivo em geral, não de uma ordem jurídica especial” (KELSEN, Teoria pura do direito, p..