ÍNDIOS NO BRASIL
Cristina Langendorf
Luciana Catardo
AS PRIMEIRAS IMPRESSÕES
“Eram pardos, todos nus, sem
coisa alguma que lhes
cobrissem as suas vergonhas.
Traziam nas mãos arcos e
Historiadores afirmam que antes da chegada
dos
europeus
à
América
havia
aproximadamente 100 milhões de índios no
continente. Só em território brasileiro, esse
número chegava 5 milhões de nativos,
aproximadamente. Estes índios brasileiros
estavam divididos em tribos, de acordo com o
tronco lingüístico ao qual pertenciam:
tupi-guaranis da região do litoral, macro-jê ou
tapuias do região do Planalto Central,
aruaques da Amazônia e caraíbas da
Amazônia.
O primeiro contato entre índios e portugueses
em 1500 foi de muita estranheza para ambas
as partes. As duas culturas eram muito
diferentes e pertenciam a mundos
completamente distintos. Sabemos muito
sobre os índios que viviam naquela época,
graças a Carta de Pero Vaz de Caminha
escrivão da expedição de Pedro Álvares Cabra
e também aos documentos deixados pelos
“ A maioria dos que ali estavam trazia aqueles
bicos de ossos nos lábios. E dentre os que
andavam sem eles, alguns tinham os lábios
furados e nos buracos uma espécie de rolha de
madeira; outros traziam três daqueles bicos :
um no meio e os dois outros nos lados da
boca. E andavam outros por ali, pintados,
metade de sua própria cor e metade de
tintura preta, meio azulada; outros ainda
tinham o corpo pintado de xadrez.”
Entre os indígenas não há classes sociais como a do
homem branco. Todos têm os mesmo direitos e
recebem o mesmo tratamento. A terra, por exemplo,
pertence a todos e quando um índio caça, costuma
penas os instrumentos de trabalho, machado, arcos,
flechas, arpões e são de propriedade individual. O
trabalho na tribo é realizado por todos, porém possui
uma divisão por sexo e idade. As mulheres são
responsáveis pela comida, crianças, colheita e
plantio. Já os homens da tribo ficam encarregados do
trabalho mais pesado: caça, pesca, guerra e
derrubada das árvores para dividir com os habitantes
de sua tribo.
O pajé é o sacerdote da tribo, pois conhece
todos os rituais e recebe as mensagens dos
deuses. Ele também é o curandeiro, pois
conhece todos os chás e ervas para curar
doenças. Ele que faz o ritual da pajelança,
onde evoca os deuses da floresta e dos
A educação indígena é bem interessante. Os
pequenos índios, conhecidos como curumins,
aprender desde pequenos e de forma prática.
Costumam observar o que os adultos fazem e
vão treinando desde cedo. Portanto a
educação indígena é bem pratica e vinculada
a realidade da vida da tribo indígena. Quando
atinge os 13 os 14 anos, o jovem passa por um
teste e uma cerimônia para ingressar na vida
adulta.
Algumas tribos eram canibais como, por
exemplo, os tupinambás que habitavam o
litoral da região sudeste do Brasil. A
antropofagia era praticada, pois acreditavam
que ao comerem carne humana do inimigo
estariam incorporando a sabedoria, valentia e
conhecimentos. Desta forma, não se
alimentavam da carne de pessoas fracas ou
covardes. A prática do canibalismo era feita
em rituais simbólicos.
Cada nação indígena possuía crenças e rituais
religiosos diferenciados. Porém, todas as
tribos acreditavam nas forças da natureza e
nos espíritos dos antepassados. Para estes
deuses e espíritos, faziam rituais, cerimônias
e festas. O pajé era o responsável por
transmitir estes conhecimentos aos habitantes
da tribo. Algumas tribos chegavam a enterrar
o corpo dos índios em grandes vasos de
cerâmica, onde além do cadáver ficavam os
objetos pessoais. Isto mostra que estas tribos
acreditavam numa vida após a morte.
Vivem hoje no Brasil
cerca de 345 mil índios.
Cerca de 0,2% da
população brasileira.
Eles estão distribuídos
entre 215 sociedades
Há indícios da
existência de
mais ou menos
53 grupos ainda
não-contatados...
...além de existirem grupos que estão requerendo o
reconhecimento de sua condição indígena junto ao
Há entre 100 e 190 mil vivendo fora das
terras indígenas, inclusive em áreas
ÉTICA NA QUESTÃO INDÍGENA
Histórico
Questão cultural
Questão territorial
Legislação
Direitos Humanos
Produtividade
Preconceito
FUNAI
ONGs
“O mito da nação constituída a partir
da fusão das três raças (branco, índio
e negro) pretende justificar a
inexistência do racismo e a
impossibilidade de prosperar o
preconceito racial. Isto ainda é mais
evidente tratando-se do índio, muitas
vezes identificado como "o primeiro
brasileiro". Mas será que é realmente
assim que acontece?”
-O preconceito não é algo “natural”, mas sim um comportamento
aprendido. Uma das causas do preconceito é o fato de que
percebemos o mundo através das grades de nossa cultura.
-Quando se fala em índio, a imagem que ainda se faz é de um indivíduo nu, ornamentado com penas e desenhos pelo corpo e que fica dizendo “uga!uga!”.Geralmente reconhecidos pela falta de
-Populações que convivem diretamente com os índios muitas vezes o vêem com extremo preconceito, já a população urbana o imagina de maneira simpática, mas como algo muito remoto.
- Índio que sai da aldeia abandona a própria cultura?
- A mídia incita o preconceito?
- Devido ao preconceito e a questões fundiárias, a violência contra o índio vem aumentando.
- A questão da produtividade indígena também é vista com
preconceito. Muitos acreditam que os índios trabalham apenas para si e para a tribo a que pertencem e que por isso não são, de fato,
“produtivos”, não merecendo assim uma aquisição maior de terras.
- Muitas pessoas também acreditam que o número ou o tamanho
excessivo das áreas indígenas
reduziria fortemente o estoque de terras para a agricultura, acarretando escassez de terra para os
trabalhadores não-índios, o que agravaria ainda mais a pobreza no meio rural e incentivaria o êxodo para as cidades.
“Os brancos que fizeram esta lei consideraram os índios como incapazes por que eles não compreenderam que os
índios são, na verdade, diferentes culturalmente. Ou seja, os índios são plenamente responsáveis de acordo com
os seus próprios padrões. Mas na época em que se escreveu o Código Civil, os
brancos acreditavam também que os índios seriam extintos e portanto, não precisariam de direitos para toda a vida.
Na verdade, imaginava-se que os índios eram seres primitivos que iriam se educar,
adquirir a cultura dos brancos até integrarem-se totalmente à sociedade
brasileira, deixando portanto de ser índios.”
LEGISLAÇÃO E DIREITOS HUMANOS • Estatuto do Índio- 1973
- Princípios estabelecidos pelo velho Código Civil brasileiro (de 1916)
- Índios: "relativamente capazes“- deveriam ser tutelados por um órgão indigenista
estatal até que eles estivessem “integrados à comunhão nacional”, ou seja, à sociedade brasileira.
- Garante alguns direitos temporariamente • Constituição de 1988
- Primeira a desconsiderar perspectivas integracionistas presentes nas constituições anteriores.
- O direito a terra passa a ser reconhecido como um direito originário e imprescritível. E proíbem-se as remoções de grupos
indígenas de suas terras exceto em situações de risco.
• Nos últimos 30 anos, os povos indígenas brasileiros intensificaram sua participação na vida política, aumentando, em
conseqüência, o reconhecimento geral dos seus direitos.
• Ao considerar os direitos indígenas como direitos “originais”, a Assembléia
Constituinte aceita o princípio de que os indígenas eram os proprietários originais das terras, e portanto, que seus direitos
antecedem todo ato administrativo do governo. Além disso, a Constituição estabeleceu que o Ministério Público Federal deve defender os direitos dos indígenas perante os tribunais, e que os grupos indígenas podem, por si mesmos, promover ações judiciais.
PRINCIPAIS PROPOSTAS DE AÇÕES
GOVERNAMENTAIS (PROGRAMA NACIONAL DE DIREITOS HUMANOS - 1996)
•Assegurar a participação das sociedades
indígenas e de suas organizações na formulação e implementação de políticas de proteção e
promoção de seus direitos.
•Demarcar e regularizar as terras
tradicionalmente ocupadas por sociedades indígenas que ainda não foram demarcadas e regularizadas.
•Dotar a FUNAI de recursos suficientes para a realização de sua missão de defesa dos direitos das sociedades indígenas, particularmente no processo de demarcação das terras indígenas.
· Implantar sistema de vigilância
permanente em terras indígenas, com unidades móveis de fiscalização, com capacitação de servidores e membros da própria comunidade indígena. •Reorganizar a FUNAI para
compatibilizar a sua organização com a função de defender os direitos das
sociedades indígenas.
•Apoiar junto às comunidades indígenas o desenvolvimento de
projetos auto-sustentáveis do ponto de vista econômico, ambiental e cultural.
QUESTÃO TERRITORIAL
Aspectos Históricos:
• 1500 – cerca de 5 milhões de indígenas (80 milhões na América Latina)
• 1990 – cerca de 400.00
Os indígenas foram perdendo suas terras e suas vidas com a invasão européia.
A terra como fonte de vida •Lei de Terras – 1850
•Constituição de 1934, 1946,1967, 1988 •Estatuto do Índio – 1973
Demarcação e autodemarcação das terra indígenas
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
Órgão do governo brasileiro que estabelece e executa a Política Indigenista no Brasil, dando cumprimento ao que determina a
Constituição de 1988.
É de competência da Funai a proteção das sociedades indígenas e de seus direitos, referentes à terras, preservação, educação e
Reportagem Revista Isto é (Abril-2005): “Índios no Poder”
“Aldeia fundada em 1971, palco de várias tragédias, é o primeiro município do Brasil governado por
indígenas.” CURIOSIDADE
Reportagem Revista Veja (Maio-2005) “Uma Guerra sem vencedores.”
“Conflito em Roraima é obra do Brasil que, da ditadura para a democracia, mudou seu
Foto(s): Valdir Friolin/ZH
“Índios agridem secretário na Capital
Beto Moesch enfrentou resistência ao remover casa construída no Morro do Osso”
(Notícia Jornal Zero Hora – 6 de junho de 2005) Briga por território – Indígenas invadem área do Parque Natural do Morro do Osso e agridem o secretário municipal do Meio Ambiente.