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RELATÓRIO INTERCALAR DA COMISSÃO RELATIVA À IMPLEMENTAÇÃO DAS DECISÕES DA CONFERÊNCIA DA UNIÃO AFRICANA SOBRE O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

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LC21318

CONSELHO EXECUTIVO

Trigésima-Segunda Sessão Ordinária

22-26 de Janeiro de 2018

Adis Abeba, ETIÓPIA

EX.CL/1068(XXXII)Rev.1

Original: Inglês

RELATÓRIO INTERCALAR DA COMISSÃO RELATIVA À

IMPLEMENTAÇÃO DAS DECISÕES DA CONFERÊNCIA DA UNIÃO

AFRICANA SOBRE O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

UNIÃO AFRICANA

Addis Ababa, ETHIOPIA P. O. Box 3243 Telephone +251115- 517700 Fax : +251115-517844 Website : www.au.int

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RELATÓRIO INTERCALAR DA COMISSÃO RELATIVA À IMPLEMENTAÇÃO DAS DECISÕES DA CONFERÊNCIA DA UNIÃO AFRICANA SOBRE O TRIBUNAL

PENAL INTERNACIONAL INTRODUÇÃO

1. A Vigésima-Oitava Sessão Ordinária da Conferência da União Africana, realizada em Adis Abeba, Etiópia, de 30 a 31 de Janeiro de 2017, analisou a informação actualizada da Comissão sobre a Implementação das Decisões Anteriores relativas ao Tribunal Penal Internacional. Na sequência, a Conferência aprovou a Decisão Assembly/AU/Dec.622 (XXVIII), conforme o seguinte:

A Conferência

1. TOMA NOTA das recomendações do Conselho Executivo sobre a

implementação das Decisões relativas ao Tribunal Penal Internacional (TPI);

2. REITERA o seguinte:

i) O compromisso da União Africana e dos seus Estados-Membros na luta contra a impunidade, de acordo com o Acto Constitutivo da União Africana;

ii) A suspensão ou rescisão do processo contra o Presidente Omar Al Bashir do Sudão e EXORTA o Conselho de Segurança das Nações Unidas a retirar o caso em referência no Sudão;

iii) A necessidade de todos os Estados-Membros continuarem a cumprir as decisões da Conferência sobre os mandados de prisão emitidos pelo TPI contra o Presidente Al Bashir do Sudão, nos termos do n.º 2 do Artigo 23.º do Acto Constitutivo da União Africana e do Artigo 98.º do Estatuto de Roma do TPI.

3. MANIFESTA o seu desagrado quanto ao facto de a reunião entre o Comité Ministerial Aberto e o Conselho de Segurança das Nações Unidas tenha sido interrompido devido à representação inadequada da delegação deste último, o que impossibilitou uma interacção construtiva, devido à ausência de funcionários com poderes de decisão. DECIDE que o Comité Ministerial Aberto deve interromper qualquer outra interação com o Conselho de Segurança das Nações Unidas, visto que o exercício não irá produzir nenhum resultado tangível devido à posição recalcitrante de alguns membros do Conselho de Segurança das Nações Unidas;

4. ADEMAIS MANIFESTA profunda preocupação a respeito do ritmo lento da ratificação do Protocolo sobre as Alterações ao Protocolo do Tribunal Africano da Justiça e dos Direitos Humanos e dos Povos, aprovado em 27 de Junho de

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2014 e REITERA o seu anterior apelo aos Estados-Membros que assinem e ratifiquem o Protocolo, o mais cedo possível;

5. CONGRATULA os membros do Comité Aberto dos Ministros dos Negócios Estrangeiros (“Comité Ministerial Aberto”) E SOLICITA ao Ministro das Relações Exteriores da República Federal Democrática da Etiópia, S.E. Dr. Workneh Gebeyehu, que continue a dirigir o trabalho do Comité;

6. SAÚDE E APOIA INTEIRAMENTE as decisões soberanas tomadas pelo

Burundi, África do Sul e Gâmbia, como os pioneiros quanto a implementação da Estratégia de Retirada no que tange à sua notificação de retirada do TPI;

7. TOMA IGUALMENTE NOTA da iniciativa do Presidente da Assembleia dos Estados Partes, Sr. Sidiki Kaba, do Senegal, por ter criado um ambiente favorável para um diálogo construtivo sobre as preocupações da África relativamente ao TPI como um catalisador para um maior envolvimento aberto e transparente em todas as questões, incluindo as relacionadas aos vínculos entre paz e justiça;

8. ADOPTA a Estratégia de Retirada do TPI, juntamente com os seus Anexos e CONVIDA os Estados-Membros a considerarem a implementação das recomendações nelas contidas;

9. SOLICITA:

i) Ao Grupo dos Estados Partes Africanos em Nova Iorque que, em colaboração com a Comissão, participem activamente das deliberações do Grupo de Trabalho sobre as Emendas para garantir que as propostas africanas sejam adequadamente analisadas e atendidas;

ii) À Comissão que apoie a Missão da UA em Bruxelas e Haia no cumprimento das suas atribuições, prestando serviços de secretariado ao Grupo Africano em Bruxelas;

iii) Ao Comité Ministerial Aberto que apresente um relatório sobre a implementação da presente decisão à próxima Sessão Ordinária da Conferência, através do Conselho Executivo, em Julho de 2017.

2. O presente Relatório foi elaborado de acordo com a decisão acima referida da Conferência, visando prestar informação actualizada a Conferência sobre os desenvolvimentos ocorridos desde a aprovação da referida decisão.

ESTRUTURA

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a) Parte I – Informação actualizada relativa ao Tribunal Penal Internacional e as actividades do Comité Ministerial Aberto sobre TPI;

b) PART II – Informação actualizada relativa à Assinatura e Ratificação do Protocolo sobre as Alterações ao Protocolo do Tribunal Africano de Justiça e dos Direitos Humanos e dos Povos (Protocolo de Malabo); e

c) PART III – Informação actualizada relativa à evolução do Princípio da Jurisdição Universal

PARTE I - INFORMAÇÃO ACTUALIZADA RELATIVA AO TRIBUNAL PENAL

INTERNACIONAL E AS ACTIVIDADES DO COMITÉ MINISTERIAL ABERTO SOBRE O TPI

I. SITUAÇÕES PERANTE O TPI

4. As situações actuais perante o tribunal que se encontram sob instrução preparatória ou investigação preliminar são as seguintes:

a) Instrução Preparatória i) Afeganistão ii) Colômbia iii) Gabão iv) Guiné v) Iraque/Reino Unido vi) Nigéria vii) Palestina

viii) Navios registados das Comores, Grécia e Camboja ix) Ucrânia

b) Situações sob investigação

i) Burundi

ii) República Democrática do Congo iii) Uganda

iv) República Centro-Africana v) Darfur, Sudão

vi) Quénia vii) Líbia

viii) Côte d'Ivoire ix) Mali

x) República Centro-Africana II xi) Geórgia

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5. Desde o último relatório que foi apresentado em Janeiro de 2017, a única alteração significativa nas situações perante o Tribunal é que o Burundi passou da situação de instrução preliminar ou investigação preliminar para a situação de sob investigação.

II. ACTIVIDADES DO COMITÉ MINISTERIAL ABERTO DOS MINISTROS DOS

NEGÓCIOS ESTRANGEIROS SOBRE O TRIBUNAL PENAL

INTERNACIONAL

6. Durante o período em análise, o Comité Ministerial Aberto dos Ministros dos Negócios Estrangeiros sobre o Tribunal Penal Internacional (“o Comité Ministerial Aberto”) reuniu-se uma vez a nível de Ministros, a 21 de Setembro de 2017, em Nova Iorque, EUA, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas e ao nível de Embaixadores, a 8 de Setembro de 2017, essencialmente para a preparação da reunião dos Ministros.

7. Os debates na reunião realizada a nível de Embaixadores, a 8 de Setembro de 2017, centraram-se em três (3) questões-chave, além da preparação da reunião dos Ministros, nomeadamente, a reconstituição da Mesa do Comité Ministerial Aberto; apreciação do Projecto de Plano de Acção para a ratificação do “Protocolo de Malabo”; e debates sobre a Decisão da Câmara de Primeira Instância/Câmara de Questões Preliminares II do TPI relativa ao incumprimento pela África do Sul do mandato de prisão e entrega do Presidente Bashir.

a) Reconstituição da Mesa do Comité Ministerial Aberto

8. O Comité Ministerial Aberto concordou que a sua Mesa seja reconstituída por seis (6) a cinco (5) membros tendo em conta a questão de representação geográfica equitativa das cinco (5) regiões da União Africana. Ademais, o Comité concordou que o mandato da Mesa fosse de dois (2) anos. A este respeito, foi acordado que a Mesa seja composta por um (1) Presidente, três (3) Vice-Presidentes e um (1) Relator. Os vice-presidentes serão classificados como primeiro, segundo e terceiro vice-presidente, cada um representando uma região diferente.

9. Na pendência da conclusão de consultas regionais, S.E. Alain Aimé Nyamitwe, Ministro das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional da República do Burundi, foi nomeado Presidente interino do Comité.

b) Projecto de Plano de Acção para a aceleração da Ratificação do Protocolo de Malabo

10. De acordo com as conclusões de reuniões anteriores do Comité Ministerial Aberto, nas quais os Ministros expressaram consistentemente a necessidade de soluções africanas para os problemas africanos e do aumento da capacidade do continente para lidar com crimes internacionais, enfatizou-se a importância da rápida

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entrada em vigor do Protocolo das Alterações ao Protocolo relativo ao Estatuto do Tribunal Africano de Justiça e dos Direitos Humanos (“O Protocolo”).

11. À luz do acima exposto, o Comité Ministerial Aberto analisou e aprovou um Plano de Acção para assegurar que o Protocolo obtenha as quinze (15) ratificações necessárias para a entrada em vigor do Protocolo. O Plano de Acção contém informação histórico sobre o Protocolo de Malabo, a identificação das principais partes interessadas, actividades e resultados esperados, orçamento e prazos para a realização de cada actividade.

c) Decisão da Câmara de Primeira Instância II do Tribunal Penal Internacional relativa à Obrigação Legal da República da África do Sul quanto à Detenção e Entrega do Presidente Al Bashir do Sudão

12. Num acórdão proferido em 6 de Julho de 2017, a Câmara de Primeira Instância II do Tribunal Penal Internacional (TPI) pronunciou-se sobre a questão referindo que a África do Sul não cumpriu com a obrigação legal de prender o presidente Omar al-Bashir e entregá-lo ao TPI aquando da sua participação na Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana (UA) em Joanesburgo, em Junho de 2015. Ao considerar que a África do Sul não cumpriu a decisão, a Câmara de Primeira Instância emanou uma outra decisão diferente da expressa em decisões anteriores do TPI para negar imunidade ao Chefe de Estado de um Estado não-parte.

13. No entanto, o referido acórdão do TPI não aborda as preocupações legítimas da UA e dos Estados Africanos Partes do Estatuto de Roma sobre as circunstâncias nas quais os Chefes de Estado gozam de imunidades ao abrigo do direito internacional perante o TPI e a posição da UA sobre a relação entre os Artigos 27 e 98 do Estatuto de Roma.

14. Os três juízes da Câmara de Primeira Instância II (os juízes Tarfusser, Chung e Perrin de Brichambaut) chegaram à conclusão de que a África do Sul não cumpriu o pedido emitido pelo TPI segundo o qual devia prender o presidente Bashir por genocídio, crimes contra a humanidade e crimes de guerra alegadamente cometidos na região de Darfur, no Sudão. Embora o juiz Marc Perrin de Brichambaut tenha emitido um parecer separado, a decisão da PTC rejeitou, por conseguinte, o argumento da África do Sul de que as imunidades do direito internacional consuetudinário justificavam a sua decisão de não prender o presidente Bashir aquando da sua participação na Cimeira da UA em Joanesburgo, África do Sul.

15. Em última análise, a PTC-II constatou que o Estados Partes do Estatuto de Roma, como a África do Sul, devem prender e entregar o presidente Bashir ao TPI quando este se encontrar no seu território. No entanto, a Câmara de Primeira Instância não interpôs uma acção contra a África do Sul junto do Conselho de Segurança ou da Assembleia dos Estados Partes do TPI e, por seu turno, a África do Sul não interpôs recurso contra a decisão da Câmara de Recurso. Assim, a decisão da Câmara de

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Primeira Instância constitui, por enquanto, a última palavra sobre o tema das imunidades do TPI.

16. No entanto, a questão da relação entre os Artigos 27 e 98 tem constituído uma preocupação central da UA, bem como dos Estados Partes do TPI que procuram medidas para a reforma e melhoria do Tribunal. Os Estados africanos sentiram o ónus do que foi descrito como “obrigações concorrentes” – ao serem obrigados por um lado a apoiar o TPI e, e por outro lado, a serem obrigados pelo direito internacional consuetudinário a respeitar as imunidades oficiais, bem como as decisões da UA de não cumprir com o mandado de prisão e entrega do presidente do Sudão. Nos últimos tempos, a Jordânia, considerada por muitos como amicus curae do TPI e primeiro Estado árabe a ratificar o Estatuto de Roma, também teve que enfrentar a tensão entre cumprir com o dever imposto pelo Estatuto de Roma de prender Al Bashir e o dever imposto pelo direito internacional consuetudinário que consiste em respeitar as suas imunidades.

17. Evidentemente que a questão das obrigações concorrentes poderá se fazer sentir novamente sempre que o presidente Bashir viajar para outro Estado Parte. A questão das imunidades dos Chefes de Estado continua a constituir uma das questões mais prementes perante o TPI – este era o caso antes da decisão da Câmara de Instrução Preliminar de 6 de Julho (tendo se verificado inúmeros artigos académicos que propõem conclusões jurídicas diferentes, sem no entanto contarem com a assistência das decisões conflituantes da Câmara de Primeira Instância do TPI que precederam a decisão de 6 de Julho contra a África do Sul). Embora a decisão da Câmara de Primeira Instância, datada de 6 de Julho, se apresente como resposta do Tribunal às questões jurídicas que forem a surgir, não pode constituir a última palavra sobre a questão.

18. Na verdade, a decisão do TPI, pode ter implicações de grande envergadura para a UA e seus Estados-Membros, particularmente para os Estados Partes que queiram acolher as Cimeiras da UA e outras reuniões de alto nível, devido ao facto dessas reuniões observarem as disposições do direito internacional os princípios fundamentais sobre os privilégios e imunidades, incluindo a Convenção Geral de 1965 relativa aos Privilégios e Imunidades da Organização da Unidade Africana, a Convenção de Viena de 1961 sobre Relações Diplomáticas, bem como as disposições dos Acordos de Sede celebrados para o efeito.

19. Durante as deliberações do Comité Ministerial Aberto destacou-se que anteriormente o TPI tomou posições contraditórias sobre a questão das imunidades e que a recente decisão da Câmara de Primeira Instância do TPI não resolveu efectivamente a questão, antes pelo contrário, deu azo a mais questionamentos, inclusive o parecer separado de um dos juízes. Ademais, uma delegação referiu que a abordagem mais adequada pode ser solicitar um parecer consultivo junto ao Tribunal Internacional de Justiça, que é mais susceptível de analisar a questão numa perspectiva mais holística do que a abordagem restrita consuetudinária do TPI,

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particularmente como a Comissão de Direito Internacional acabou recentemente de chegar à conclusão de que não há excepções à imunidade rationae materiae dos Chefes de Estado, Chefes de Governo e Ministros das Relações Exteriores.

20. No cômputo geral, foram alcançadas as seguintes conclusões:

a) Deve-se envidar esforços no sentido de se aprovar um esclarecimento declarativo/interpretativo pela Assembleia dos Estados Partes no Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (ASP-TPI) sobre as questões impugnadas relativas às obrigações dos Estados de cooperar com o TPI e a obrigação, nos termos do direito internacional, da imunidade diplomática;

b) Deve-se considerar imediatamente a possibilidade de solicitar um parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça;

c) Deve-se recomendar à conferência a aprovação de uma decisão segundo a qual os Estados-Membros da UA não devem cumprir/respeitar a decisão da Câmara de Primeira Instância II do TPI; e

d) A Comissão deve reforçar as disposições dos Acordos de Sede para as Cimeiras da UA e outros eventos de alto nível para evitar interpretações absurdas de que as imunidades nele previsto, não se aplicam aos delegados dos Estados-Membros.

21. O Relatório da Sexta reunião do Comité Ministerial Aberto que teve lugar em 25 de Janeiro de 2018, na Sede da UA em Adis Abeba, Etiópia, figura em anexo ao Presente relatório.

III. INFORMAÇÃO ACTUALIIZADA SOBRE A NOTIFICAÇÃO DE RETIRADA POR ALGUNS ESTADOS AFRICANOS PARTES DO ESTATUTO DE ROMA 22. No Relatório Intercalar da Comissão de Janeiro de 2017, destacou-se que o Burundi, África do Sul e Gâmbia tinham comunicado suas intenções de se retirarem do TPI, de acordo o disposto no Artigo 127 do Estatuto de Roma.

23. O primeiro a manifestar a sua intenção de se retirar do TPI foi o Burundi, que com base numa decisão do Parlamento, que contou com apoio significativo, decidiu retirar-se do TPI1. Após a conclusão de todos os procedimentos inerentes ao processo de retirada, o Burundi tornou-se oficialmente o primeiro país do mundo a retirar-se do

1. A Sexta reunião reconsiderou as suas recomendações anteriores e concordou que em vez de uma opção a longo prazo a possibilidade de uma opinião consultiva do Tribula Penal Internacional deve ser obtida imediatamente

2 http://mgafrica.com/article/2016-10-19-burundi-pierre-nkurunziza-signs-law-withdrawing-countrys-icc-membership

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TPI, com efeitos a partir de 27 de Outubro de 2017. Não obstante a sua retirada, o Burundi ainda continua visado pelo TPI por supostos crimes contra a humanidade cometidos no seu território ou por seus nacionais desde 26 de abril de 2015 até 26 de outubro de 2017.

24. Na sequência do exposto acima, o Procurador do TPI anunciou que ela foi autorizado pela Câmara de Primeira Instância, em 25 de Outubro de 2017, para abrir investigações proprio motus sobre a situação no Burundi. A decisão da Câmara de Primeira Instância baseou-se no facto de o TPI ainda poder exercer a sua jurisdição sobre os supostos crimes cometidos no Burundi a partir de 1 de Dezembro de 2004, quando o Burundi tornou-se Estado Parte, até 26 de Outubro de 2017, antes da entrada em vigor da retirada.

25. Igualmente, a África do Sul manifestou a sua intenção de se retirar do TPI, alegando que, entre outras, as disposições do Estatuto de Roma, em relação às obrigações dos tratados dos Estados Partes, eram incompatíveis com o direito internacional consuetudinário, que oferece imunidade diplomática aos Chefes de Estado e de Governo. No entanto, a decisão de retirada foi revogada em Março de 2017 na sequência de uma decisão do Tribunal Supremo, segundo a qual a medida requeria a aprovação do Parlamento. Todavia, durante a Décima-sexta Sessão (2017) da Assembleia dos Estados Partes, a África do Sul reafirmou a sua intenção de se retirar do TPI e informou a Assembleia que o Governo da África do Sul iria submeter em breve ao Parlamento, para aprovação, uma notificação de sua retirada do Estatuto de Roma e apresentaria o Projecto de Lei de Crimes Internacionais. O Projeto de Lei revogará a Lei de Implementação do Estatuto de Roma e promulgará uma lei sobre crimes internacionais semelhante ao Estatuto de Roma.

26. A Gâmbia, sob o regime anterior, manifestou a sua intenção de retirar-se do TPI. Esta decisão deve-se ao facto de se verificar uma selectividade nos casos prosseguidos pelo TPI, ignorando crimes presumivelmente cometidos por líderes nos países ocidentais. No entanto, após a mudança de governo, a Gâmbia revogou a notificação de retirada.

27. A comunidade internacional, particularmente os observadores atentos do TPI, estarão interessadas nas deliberações e resultados dos órgãos deliberativos na presente Cimeira, a fim de avaliar a posição da UA em relação a essas situações, bem como as acções que a Organização poderá decidir que sejam realizadas, a fim de garantir a justiça e a responsabilização por crimes internacionais alegadamente cometidos no continente.

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IV. RESULTADOS DA 16ª ASSEMBLEIA DOS ESTADOS PARTES (AEP) DO ESTATUTO DE ROMA DO TPI

Abordagem sobre “Relações entre a África e o Tribunal Penal Internacional”

28. A Assembleia dos Estados Partes (AEP) enfatizou a necessidade de prosseguir os esforços com vista a intensificação do diálogo com a União Africana e fortalecimento das relações entre o TPI e a União Africana. A AEP congratulou-se com o envolvimento cada vez mais regular entre o TPI e a União Africana e as missões diplomáticas registadas em antecipação à instituição de um Escritório de Ligação do TPI junto da UA.

29. A AEP saudou igualmente o conjunto de reuniões anteriormente realizadas em Adis Abeba, Etiópia, que tomaram a forma de seminários conjuntos entre o TPI e a União Africana, em Julho de 2011, Outubro de 2012, Julho de 2014 e Outubro de 2015. Ademais, saudou os retiros organizados pelo TPI em Outubro de 2016 e Novembro de 2017, para permitir um diálogo franco e construtivo entre o TPI e os Estados Africanos Partes do Estatuto de Roma, como uma medida fundamental para o fortalecimento das relações entre o TPI e os seus parceiros africanos e abordar os desafios no contexto desta relação.

30. Todos os intervenientes relevantes foram solicitados a apoiar os esforços destinados a reforçar a relação entre o Tribunal e a União Africana.

Grupo de trabalho da Mesa sobre a implementação do Artigo 97.º do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional

31. Cumpre recordar que a AEP, na sua Décima-quinta Sessão (2015), solicitou ao grupo de trabalho aberto da Mesa sobre a implementação do Artigo 97 do Estatuto de Roma que continuasse a explorar todos os meios possíveis para melhorar a implementação dos termos do Artigo, especialmente no que diz respeito às solicitações do TPI aos Estados Partes para a cooperação em conformidade com a Parte 9 do Estatuto de Roma, o que implicaria que o Estado requerido atuasse de forma incompatível com as obrigações decorrentes do direito internacional, no que diz respeito à prisão e entrega de uma pessoa que goza de imunidade diplomática.

32. O Grupo de Trabalho analisou os elementos chave do Artigo 97.º, centrando-se fundamentalmente na proposta de alguns Estados Partes sobre a implementação deste Artigo. Os Estados analisaram a natureza das consultas do Artigo 97; o primeiro ponto de contacto com o Tribunal (o presidente, escrivão, a Câmara competente); o cronograma das consultas; e o formato do seu resultado.

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33. Foi aprovada uma resolução sobre as consultas sobre os termos da alínea c) do artigo 97.º 2. do Estatuto de Roma. Esta enfatiza os princípios da cooperação internacional e da assistência judicial; reafirma o princípio da independência judicial do Tribunal; a natureza flexível e o âmbito das consultas e descreve o seu procedimento.

Relatório do Grupo de Trabalho sobre as Alterações

34. Na sua Décima-quinta Sessão (2015), a AEP convidou o Grupo de Trabalho sobre Alterações a prosseguir a análise de todas as propostas de acordo com os Termos de Referência do Grupo de Trabalho e solicitou que apresentasse um relatório para a apreciação da AEP na Décima-sexta Sessão (2017).

35. O Grupo de Trabalho recebeu uma proposta das alterações anteriormente a si apresentadas pela AEP na sua Oitava Sessão (2009), bem como as alterações submetidas pelo Depositário do Estatuto de Roma em 14 de Março de 2014.

36. Do Grupo Africano, havia dois (2) Estados Partes com propostas de alterações dignas de destaque, nomeadamente:

a) A África do Sul propôs alterações ao Artigo 16 do Estatuto de Roma relativo à suspensão de investigação ou do julgamento; e

b) O Quénia propôs alterações aos seguintes artigos: Artigos 63 sobre o julgamento do acusado na presença; Artigo 27.º sobre a irrelevância da capacidade oficial, Artigo 70.º sobre as infracções contra a administração da justiça; Artigo 112 sobre a implementação de mecanismos de supervisão independentes e a secção do Preâmbulo sobre complementaridade.

37. Devido ao facto de alguns dos patrocinadores, nomeadamente, o Quénia e a África do Sul, não apresentaram mais subsídios sobre as propostas de alteração durante o período entre as sessões, o Grupo de Trabalho não apreciou as alterações propostas. O Grupo de Trabalho analisou apenas a alteração proposta ao Artigo 8º do Estatuto de Roma que foi apresentado pela Bélgica.

Projecto de Plano de Acção sobre Estratégias de Detenção

38. Durante a Décima-terceira Sessão da AEP (2014), a AEP tomou nota do relatório sobre as estratégias de detenção apresentado pelo Relator, ao qual anexou um Projecto de Plano de Acção. A AEP convidou a Mesa a continuar os debates sobre o assunto com vista a enviar um texto consolidado para a apreciação pelo AEP.

39. Na Décima-quarta, bem como na Décima-quinta Sessões da AEP (2015 e 2016), a AEP instou a Mesa que continuasse a analisar as recomendações do Projecto de Plano de Acção sobre as Estratégias de Detenção com vista à sua aprovação.

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40. Durante a Décima-sexta Sessão (2017), a AEP tomou nota do Relatório sobre as Estratégias de Detenção apresentado pelo Relator e do Projecto de Plano de Acção sobre as Estratégias de Detenção e instou a Mesa a continuar a analisar as recomendações do Projecto com vista a sua aprovação e a apresentar um relatório à Décima-sétima Sessão (2018) da AEP.

Eleições

41. A AEP elegeu o juiz O-Gon Kwon da República da Coreia como Presidente da Mesa da Assembleia para um mandato de três anos, a partir de 15 de Dezembro de 2017. Ademais foram eleitos os seguintes membros do Grupo Africano como membros da Mesa: Côte d’Ivoire, Gâmbia, Gana, Senegal e Uganda.

42. Outrossim, a AEP elegeu seis (6) novos juízes do TPI, por um período de nove (9) anos. Dois dos juízes são do Benin e Uganda, respectivamente, representando o grupo africano.

43. Neste contexto, importa recordar que o Conselho Executivo, vide decisão EX.CL/Dec.958(XXX), aprovada na 30ª Sessão Ordinária realizada em Adis Abeba, Etiópia, em Janeiro de 2017, aprovou três (3) candidaturas para o cargo de Juiz no Tribunal Penal Internacional, durante as eleições programadas para Novembro de 2017, nomeadamente, Juiz Solomy Balungi Bossa da República do Uganda; Reine Alapini Gansou da República do Benin; e Nthomeng Majara do Reino do Lesoto.

44. No entanto, contrariamente à decisão supracitada do Conselho Executivo, a República do Gana apresentou o seu próprio candidato, o que obrigou o Reino do Lesoto a retirar a sua candidatura. O candidato da República do Gana não teve êxito, levando ao Grupo Africano a obter apenas dois (2) cargos dos três (3) que foram aprovados.

V. OBSERVAÇÃO

45. A decisão da Câmara de Primeira Instância do TPI quanto ao cumprimento, ou não, por parte da África do Sul, com a obrigação legal de prender o presidente Omar al-Bashir e entregá-lo ao TPI, tem potencial para acarretar impactos significativos no direito internacional relativo à norma de imunidades entre os Estados se não for contestada. Assim, os órgãos deliberativos da União podem desejar responder à decisão de uma posição africana comum.

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VI. RECOMENDAÇÕES

46. Os Estados-Membros devem continuar a cumprir as decisões da Conferência sobre os mandados de prisão proferidos pelo TPI contra o presidente Al Bashir, do Sudão.

47. Os Estados africanos Partes no Estatuto de Roma podem ser convidados a solicitar à Assembleia dos Estados Partes do TPI a convocar uma sessão do grupo de trabalho de peritos representativos para propor um esclarecimento declarativo/interpretativo sobre a relação entre o Artigo 27 (irrelevância da capacidade oficial) e o Artigo 98 (Cooperação no que se refere à renúncia à imunidade e ao consentimento para a entrega) e outras questões contestadas relativas às obrigações dos Estados Partes de cooperarem com o TPI. Esse esclarecimento pode então ser aprovado pela Assembleia dos Estados Partes como uma solução política, com implicações legais, para o impasse.

48. A Comissão deve rever o Acordo sobre o acolhimento de Cimeiras da UA e outras reuniões de alto nível, a fim de garantir que todas as ambiguidades relativas à concessão de privilégios e imunidades a representantes dos Estados-Membros sejam claramente e devidamente enunciadas.

PART II - PARTE II – INFORMAÇÃO ACTUALIZADA SOBRE A ASSINATURA

E RATIFICAÇÃO DO PROTOCOLO SOBRE AS ALTERAÇÕES AO PROTOCOLO DO TRIBUNAL AFRICANO DE JUSTIÇA E DOS DIREITOS HUMANOS E DOS POVOS (PROTOCOLO DE MALABO) 49. Durante o período objecto de análise do presente relatório (Janeiro a Dezembro de 2017), apenas uma (1) nova assinatura foi apensa pelo Uganda em 3 de Julho de 2017, elevando para dez (10) o número total de assinaturas. Não foi recebido nenhum instrumento de ratificação.

50. Tal como se faz referência nos parágrafos 9 e 10, o Comité Ministerial Aberto aprovou um Plano de Acção para a aceleração da ratificação do Protocolo de Malabo, que incluirá visitas de alto nível aos países pelos membros do Comité Ministerial Aberto, bem como pelo Comité Ministerial sobre os Desafios da Ratificação e Incorporação no Quadro Jurídico Nacional dos Tratados da OUA/UA, aos Estados Membros selecionados, a fim de fazer campanha para a ratificação do Protocolo. As visitas de alto nível aos países permitirão aferir os desafios enfrentados pelos Estados-Membros na ratificação do Protocolo, cujo resultado será submetido ao Comité Técnico Especializado em matéria de Justiça e Assuntos Jurídicos.

51. Algumas das principais questões que deverão constituir objecto de análise abarcam os motivos pelos quais os Estados-Membros não assinam nem ratificam o Protocolo; a possibilidade de se adoptar revisões ou alterações ao Protocolo tendo em conta as preocupações de alguns Membros; a possibilidade de os

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Estados-Membros terem reservas quanto a certas disposições para manifestarem-nas, desde que não sejam incompatíveis com o objecto e a finalidade do Protocolo.

52. À luz do acima exposto, deve-se levar a cabo acções de sensibilização, a fim de melhorar o ritmo de assinatura e ratificação do Protocolo de Malabo. Como tal, a Comissão está a planear uma série de actividades para 2018, como parte das suas actividades de promoção de tratados para dedicar atenção séria à questão.

OBSERVAÇÃO

53. O ano de 2017 registou uma taxa muito baixa de assinatura e ratificação do Protocolo de Malabo. Esta situação continua a pôr em causa a credibilidade da UA e dos seus Estados-Membros no que tange ao seu empenho na luta contra a impunidade no continente.

RECOMENDAÇÃO

54. Os órgãos deliberativos da UA devem reiterar o apelo aos Estados-Membros para que assinem e ratifiquem o Protocolo de Malabo. Os Estados-Membros devem, por seu turno, considerar o envio de observações ou comentários escritos sobre o Protocolo de Malabo que podem estar a obstar a sua ratificação.

PART III - JURISDIÇÃO UNIVERSAL

55. Os Estados-Membros da União Africana há muito que reconhecem a jurisdição universal como um princípio bem estabelecido no direito internacional e confirmam a sua importância para garantir que os indivíduos que cometem crimes graves, como genocídio, crimes de guerra e crimes contra a humanidade, o façam e permaneçam impunes. Este propósito também está em conformidade com a alínea (h) do Artigo 4 do Acto Constitutivo da União Africana, que reserva o direito à União Africana de intervir num Estado-Membro em circunstâncias graves.

56. No entanto, os órgãos deliberativos da UA, nos anos anteriores e através de sucessivas decisões, nomeadamente (Assembly/AU/Dec.199(XI); Assembly/AU/Dec.213(XII); Assembly/AU/Dec.233(XIII); Assembly/AU/Dec.292(XV) e Assembly/AU/Dec.335(XVI), manifestaram a sua preocupação em relação a natureza política e o abuso do princípio da jurisdição universal por parte de alguns Estados não africanos contra líderes africanos, o que constitui uma violação clara da soberania e integridade territorial desses Estados.

57. Assim, como um passo com vista a combater a crescente ameaça de abuso da jurisdição universal contra os Estados africanos, este ponto foi incluído na agenda da Sexagésima Quarta Sessão da Assembleia Geral em 2009, a pedido da República Unida da Tanzânia (em nome do Grupo Africano (A/63/237/Rev.1)). O tema “Âmbito e Aplicação do Princípio da Jurisdição Universal” tornou-se posteriormente um ponto fixo

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da agenda na Sexta Comissão, e tem sido anualmente objecto de debate dos Estados-Membros das Nações Unidas. Aliás, entre 2010 e 2016, foram realizados debates sobre a prática estatal no tocante à jurisdição universal com base em informações compiladas em vários relatórios do Secretário-Geral, que reflectem as diferentes abordagens dos Estados na aplicação do princípio da jurisdição universal nas suas leis e tribunais nacionais.

58. Devido à disparidade significativa quanto à aplicação da jurisdição universal pelos estados, existe uma necessidade de realização de um debate abrangente e celebração de um acordo sobre os parâmetros do princípio, de modo a evitar o cenário que poderia resultar na interferência na soberania dos Estados africanos, abusos políticos e impunidade em relação a crimes graves. Este ponto é reforçado pelas declarações proferidas durante a 64.ª Sessão da Sexta Comissão em 2009, em que a maioria das delegações afirmou que o princípio da jurisdição universal estava consagrado no direito internacional e constituía uma ferramenta importante na luta contra a impunidade por crimes internacionais graves, no entanto o mesmo é controverso quanto ao âmbito da jurisdição universal3.

59. Algumas delegações refiram que não havia certeza quanto a se o princípio se tornara parte do direito internacional consuetudinário, enquanto outras delegações consideravam que esse era o caso. No concernente aos crimes abrangidos pelo princípio da jurisdição, algumas delegações consideraram que o princípio abrangeu crimes que se enquadram tanto no âmbito do direito dos tratados, como crimes de guerra e tortura, outros crimes internacionais, como genocídio e os crimes contra a humanidade. Outras delegações alertaram contra uma expansão injustificada dos crimes abrangidos pela jurisdição universal. Ademais, as delegações expressaram diferentes pontos de vista sobre se o princípio exigia a existência de um vínculo entre o infractor e o Estado que exerce a jurisdição (como a presença no território do Estado). Várias delegações enfatizaram que a jurisdição universal deve ser exercida de forma subsidiária, quando o Estado em que ocorreram os alegados crimes não pôde ou não quis processar os infractores.4

60. Num passado recente, na 71ª Sessão da Sexta Comissão, várias delegações apoiaram a proposta previamente avançada segundo a qual se deveria solicitar um estudo da Comissão de Direito Internacional sobre esta matéria. Sugeriram que os debates no formato actual haviam explorado a questão à exaustão e que cabe ao Comité a responsabilidade final do tratamento da mesma. Não obstante algumas delegações considerarem que a Sexta Comissão poderia fazer contribuições substanciais para este tema, observaram igualmente que, se não forem realizados avanços durante as próximas reuniões do Grupo de Trabalho, talvez seja oportuno considerar a apresentação de um pedido à Comissão de Direito Internacional para analisar aspectos do tópico. Várias outras delegações consideraram que seria prematuro nesta fase solicitar à Comissão do Direito Internacional que realizasse um

3 http://www.un.org/en/ga/sixth/64/UnivJur.shtml 4 Ibid

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estudo sobre o tema e encorajaram todos os Estados membros a participarem activamente nos debates visando a identificação do alcance e dos limites da aplicação da jurisdição universal.5

61. Foi neste contexto que a Comissão da União Africana convocou uma sessão de Diálogo informal em Nova Ioque, em 23 de Outubro de 2017, com os assessores jurídicos do Grupo Africano em Nova Iorque, membros da Comissão de Direito Internacional da União Africana e alguns membros africanos da Comissão de Direito Internacional. A Sessão do Diálogo tinha por objectivo realizar uma consulta junto dos assessores jurídicos, a fim de receber informação actualizada sobre o ponto de situação em relação às deliberações da Sexta Comissão, bem como formular recomendações para a apreciação pelos órgãos deliberativos da UA sobre como avançar essa agenda. As deliberações centraram-se nas várias formas de abordar as preocupações pendentes dos Estados africanos, incluindo a viabilidade de encaminhar a questão à Comissão de Direito Internacional através da Assembleia Geral da ONU.

62. Os membros africanos da Comissão da Lei Internacional, ao justificar o encaminhamento, referiram que desta forma se evitariam os debates políticos na Sexta Comissão e se proporcionaria uma oportunidade para uma contribuição mais técnica pelas seguintes razões: (i) a Comissão de Direito Internacional é composta por trinta e quatro (34) peritos legais independentes que podem levar a questão a bom porto; (ii) a compilação da prática estatal pelo Secretário-Geral da ONU já permite que a Comissão de Direito Internacional tenha acesso a material sobre a prática estatal em matéria de Jurisdição Universal e com a oportunidade de os Estados continuarem a enviar informações relevantes através de questionários e outros meios; (iii) encaminhar o tema da Assembleia Geral para a Comissão de Direito Internacional também dá uma prioridade especial à análise do tema, de acordo com o disposto no Estatuto da Comissão; e (iv) em antecipação ao 70º aniversário da Comissão de Direito Internacional no próximo ano, encaminhar a jurisdição universal à Comissão de Direito Internacional pode enriquecer a relação entre a Sexta Comissão e a Comissão de Direito Internacional em relação aos seus respectivos mandatos de ajudar a promover o direito internacional dando assim ao assunto uma maior visibilidade.

63. No entanto, alguns consultores jurídicos do Grupo Africano manifestaram a sua preocupação em encaminhar a questão à Comissão de Direito Internacional pois irá levar a um debate técnico e ignorará a abordagem selectiva por parte de alguns estados na aplicação do princípio perante os seus tribunais.

OBSERVAÇÕES

64. Não obstante terem sidos registados progressos na Sexta Sessão do Comité da Assembleia Geral das Nações Unidas relativamente à questão da Jurisdição Universal, o debate está longe de abordar as preocupações levantadas pela UA desde 2008. Poderá haver necessidade de apelar ao Grupo Africano em Nova Iorque para que, em

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colaboração com a Comissão, formule recomendações sobre a melhor forma de avançar a agenda.

RECOMENDAÇÕES

65. O Grupo Africano e a Comissão devem:

a) Assegurar que durante os debates sobre este ponto, as decisões dos órgãos deliberativos da UA sejam partilhadas na Sexta Sessão da Comissão da Assembleia Geral: e

b) Se se registarem progressos pouco significativos durante o próximo ciclo de apresentação de relatórios, a Comissão, após consulta com o Grupo Africano em Nova Iorque, deve formular recomendações adequadas sobre um procedimento diferente, se necessário.

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EX.CL/1068(XXXII)Rev.1 Anexo

CONCLUSÕES DA QUINTA REUNIÃO DE

DO COMITÉ ABERTO DOS

MINISTROS DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS/RELAÇÕES

EXTERIORES SOBRE O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

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CONCLUSÕES DA QUINTA REUNIÃO DEDO COMITÉ ABERTO DOS MINISTROS

DOS NEGÓCIOS ESTRANGEIROS / RELAÇÕES EXTERIORES SOBRE O TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL

A. INTRODUÇÃO

1. A Sexta Reunião do Comité Aberto dos Ministros dos Negócios Estrangeiros / Relações Exteriores sobre o Tribunal Penal Internacional ("o Comité") teve lugar das 15h00 às 18h00 do dia 25 de Janeiro de 2018, na sede da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia. A reunião foi convocada à margem da 32ª Sessão Ordinária do Conselho Executivo da União Africana.

2. A Reunião foi convocada em conformidade com decisões anteriores da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana ( "A

Conferência") sendo a mais recente, a Decisão Assembly/AU/Dec.622 (XXVIII)

aprovada durante a Vigésima Oitava Sessão Ordinária, realizada em Adis Abeba, Etiópia, em Janeiro de 2017.

B. PARTICIPAÇÃO

3. A reunião contou com a participação dos seguintes membros do Comité:

Argélia, Burundi, Chade, Congo, Costa do Marfim, Djibouti, Egipto, Eritreia, Etiópia, Quénia, Líbia, Moçambique, Namíbia, Ruanda, África do Sul, Sudão, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.

4. A Comissão da União Africana foi representada pelo Vice-Presidente da Comissão da UA, S.E. o Embaixador Kwesi Quartey e por representantes do Gabinete do Conselheiro Jurídico.

C. ABERTURA

5. S.E. o Embaixador Alain Aimé Nyamitwe, Ministro das Relações Exteriores e

Cooperação Internacional da República do Burundi e Vice-Presidente do Comité, presidiu a reunião.

6. O Presidente reconheceu a presença de S.E. Kwesi Thomas Quartey, Vice-Presidente da Comissão da UA e felicitou os Ministros e representantes dos membros do Comité.

7. Após o seu discurso de abertura, o Presidente convidou as delegações a analisar o projecto Agenda que lhes foi apresentado.

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D. A AGENDA

8. Durante a análise dos pontos da agenda, os Ministros adoptaram sua Agenda com as seguintes alterações:

i) Observações Iniciais

ii) Adopção do Projecto de Agenda

iii) Constituição da Mesa

iv) Análise e Adopção do Relatório da Quinta Reunião

v) Apresentação do Relatório da Reunião de Embaixadores / Representantes Permanentes

vi) Debates sobre a Decisão da Câmara de Primeira Instância III do TPI, a fim de autorizar o Procurador do TPI a instaurar uma Investigação contra o Burundi, apesar da sua Retirada Efectiva.

vii) Análise do Relatório de Actividades sobre a Implementação das Decisões da Conferência da União Africana relativas ao Tribunal Penal Internacional e o Projecto de Decisão

viii) Diversos

ix) Observações finais

E. CONSTITUIÇÃO DA MESA

9. A reunião foi informada que as consultas regionais ainda estavam em andamento e por concluir. A este respeito, os Ministros concordaram em adiar a reconstituição da Mesa até a Cimeira de Junho / Julho de 2018, de forma a permitir que as regiões concluam as suas consultas e informem formalmente a Comissão.

10. Os Ministros concordaram ainda que o Presidente interino continue a dirigir os assuntos do Comité até que a Mesa seja reconstituída durante a próxima Cimeira.

F. ANÁLISE E ADOPÇÃO DO RELATÓRIO DA REUNIÃO DO COMITÉ ABERTO

11. O representante da Comissão da UA, o Sr. Adewale E. Iyanda, Director Jurídico Principal, apresentou o projecto de relatório da Quinta Reunião do Comité Aberto, destacando, em particular, as conclusões alcançadas pelo Comité no que diz respeito aos seus debates sobre: (i) Reconstituição da Mesa; (ii) Implicações da Decisão da Câmara de Primeira Instância III do TPI quanto ao incumprimento pela República da

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África do Sul de prender e entregar o Presidente Al Bashir do Sudão, enquanto participava na Cimeira da UA de Junho de 2015; e (iii) Análise do Plano de Acção para a Ratificação do Protocolo sobre as Emendas ao Protocolo relativo o Estatuto do Tribunal Africano de Justiça e Direitos Humanos ("Protocolo de Malabo"). Concluiu, recordando as quatro (4) recomendações dos Ministros adoptadas na reunião.

12. Nos debates que seguiram, foram feitos os seguintes comentários e observações:

i) A possibilidade de solicitar um parecer consultivo do Tribunal Internacional de Justiça ("TIJ") sobre a questão das imunidades relativas às obrigações do TPI deve ser levada a cabo como uma prioridade imediata e, não como uma abordagem a longo prazo, visto que é um momento oportuno e tendo em vista a composição actual do Tribunal. No entanto, uma delegação indicou que a conveniência de procurar um parecer consultivo do TIJ foi considerada pelos Estados-membros da UA há alguns anos e, pode haver uma necessidade de avaliar criticamente essa questão;

ii) Embora algumas delegações tivessem apoiado o apelo à criação de um grupo de trabalho da Assembleia dos Estados Partes ("ASP"), de modo a elaborar um esclarecimento declarativo / interpretativo sobre as questões contestadas, relativamente às obrigações de os Estados cooperarem com o TPI, e às obrigações no âmbito do direito internacional em matéria de imunidade diplomática, outras delegações, entretanto, indicaram que é improvável que esta abordagem tenha êxito na ASP, atendendo aos seus recentes esforços aquando da última ASP em Dezembro de 2017, que não produziram nenhuma resposta positiva;

iii) Ao assegurar a não-repetição da controvérsia em torno do incumprimento por parte da África do Sul respeitantemente ao mandado de captura emitido contra o Presidente do Sudão, a Comissão deveria fortalecer imediatamente as disposições pertinentes dos Acordos padrão de Acolhimento da UA;

iv) Várias delegações elogiaram a Ministra do Quénia por chamar à atenção dos membros do Comité, aquando da sua última reunião, a questão do crime de agressão que deveria ser examinado na última reunião da ASP de Dezembro de 2017. O Grupo Africano em Nova Iorque foi elogiado por um trabalho bem realizado, ao liderar a adopção do Crime de Agressão, cujas disposições eram favoráveis aos países africanos.

13. Após o debate, os Ministros adoptaram o seu relatório como reflexo das deliberações da sua última reunião.

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G. APRESENTAÇÃO DO RELATÓRIO DA REUNIÃO DE EMBAIXADORES /

REPRESENTANTES PERMANENTES

14. S.E. Dieudonne Ndabarushimana, Representante Permanente da República do Burundi junto da União Africana e Presidente Interino do Comité a nível de Embaixadores / Representantes Permanentes, apresentou o relatório da reunião do Comité Aberto, realizada a 11 de Janeiro de 2018, na sede da UA em Adis Abeba, Etiópia. De modo particular, as seguintes foram as recomendações dos Embaixadores / Representantes Permanentes:

i) No que refere à reconstituição da Mesa, isto deve ser feito através dos Decanos Regionais, como é habitual para os Subcomités do Comité de Representantes Permanentes e do Conselho Executivo;

ii) Recomendaram a adopção do projecto de relatório da 5ª Reunião dos Ministros para adopção;

iii) Tomaram nota do Relatório de Actividades a ser apresentado à Cimeira, tendo alterado o projecto de decisão, com base nas suas deliberações;

iv) Concordaram em apresentar a proposta do Burundi à análise dos Ministros.

15. Nos debates que seguiram, foram feitos os seguintes comentários e observações:

i) Foi enfatizada a necessidade de obter o número necessário de ratificações para a entrada em vigor do Protocolo de Malabo, com base no Plano de Acção acordado;

ii) Várias delegações enfatizaram a necessidade de fortalecer os mecanismos nacionais e continentais para lidar com a impunidade, caso contrário, a essência da complementaridade será prejudicada;

iii) A necessidade de os Estados membros continuar com sua estratégia de retirada colectiva adoptada em Janeiro de 2017;

iv) S.E. Amina Mohamed, Secretária de Estado para as Relações Exteriores da República do Quénia reiterou o compromisso do seu país, de ratificar o Protocolo de Malabo nos próximos dois (2) meses, como o primeiro país a assiná-lo;

v) A UA deve considerar a possibilidade de ampliar a jurisdição do Tribunal Africano dos Direitos Humanos e dos Povos para julgar crimes internacionais, na pendência da entrada em vigor do Protocolo de Malabo;

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vi) Enfatizou a necessidade de a UA permanecer unida na abordagem das questões relacionadas com o TPI, a fim de assegurar um resultado, conforme mandatada pela Conferência;

16. Na sequência das deliberações, os Ministros tomaram nota do relatório dos Embaixadores / Representantes Permanentes e das recomendações que constavam do mesmo.

H. DEBATES SOBRE A DECISÃO DA CÂMARA DE PRIMEIRA INSTÂNCIA III DO TPI, A FIM DE AUTORIZAR O PROCURADOR DO TPI A INSTAURAR UMA INVESTIGAÇÃO CONTRA O BURUNDI, APESAR DA SUA RETIRADA EFECTIVA.

17. O Procurador-Geral da República do Burundi apresentou uma declaração ao Comité, detalhando a retirada do Burundi do TPI e posterior decisão do TPI em instaurar uma investigação sobre a situação naquele país. Exprimiu que o Burundi está a ser alvo do TPI de forma semelhante ao Quénia e ao Sudão e, solicitou à UA que condenasse veementemente as acções do TPI contra o Burundi, que provavelmente terão efeitos adversos.

18. Os Ministros tomaram nota da declaração do Burundi e manifestaram a preocupação de que a decisão do TPI, de instaurar uma investigação no Burundi sem consultar a Comunidade da África Oriental ("CAO") apenas irá debilitar e prejudicar a continuação processo de paz.

I. ANÁLISE DO RELATÓRIO DE ACTIVIDADES SOBRE A IMPLEMENTAÇÃO DAS DECISÕES DA CONFERÊNCIA DA UNIÃO AFRICANA RELATIVAS AO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL E O PROJECTO DE DECISÃO

19. Ao apresentar este ponto, o representante da Comissão informou à reunião que o projecto de Relatório de Actividades apresentado à Cimeira focaliza-se no seguinte: (i) uma informação actualizada sobre o TPI e as actividades do Comité Ministerial Aberto sobre o TPI; (ii) informação actualizada relativa à assinatura e ratificação do Protocolo sobre o Tribunal Africano de Justiça e Direitos Humanos e dos Povos (Protocolo de Malabo); e (iii) informação actualizada sobre a evolução do princípio da Jurisdição Universal. Concluiu, apresentando o projecto de decisão a ser apreciado pelo Conselho Executivo e adoptado pela Conferência.

20. Nos debates que seguiram, foram feitos os seguintes comentários e observações:

i) Os Ministros agradeceram ao Gabinete do Conselho Jurídico pela apresentação de um excelente relatório;

ii) Aquando da 17ª Sessão da Assembleia dos Estados Partes em Dezembro de 2018, os Estados Partes Africanos deveriam solicitar a retirada completa

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da sua agenda, do ponto referente ao Projecto de Plano de Acção sobre Estratégias de Detenção que, entre outros, procura incluir um mandato para as Missões de Manutenção da Paz da ONU executarem mandados de captura do TPI;

iii) Foi enfatizado o facto de que a maioria das missões de manutenção da paz ocorrem em África, e esta seria mais uma forma atacar o continente.

21. Na sequência das deliberações, os Ministros aprovaram o relatório e o projecto de decisão com as emendas propostas, a serem apresentados à aprovação da Conferência, através do Conselho Executivo.

J. DIVERSOS

22. Nenhuma questão foi debatida em relação a este ponto da agenda.

K. ENCERRAMENTO

23. O Presidente agradeceu aos Ministros pela sua participação activa e construtiva, tendo instado os membros a consolidarem os ganhos obtidos, mantendo-se unidos.

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