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Avaliação de ganhos do produtor e financiador privado em parceria na pequena produção de tomate

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Academic year: 2021

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Avaliação de ganhos do produtor e financiador privado

em parceria na pequena produção de tomate

Autor: Celso Leonardo Weydmann CPF: 515.574.368-00

Endereço residencial: Rua Cap. Romualdo de Barros 998/D/401 88.040-600 – Florianópolis. SC.

Endereço eletrônico: celsolw@cse.ufsc.br

Número do grupo de pesquisa: 7 – Agricultura familiar

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Avaliação de ganhos do produtor e financiador privado

em parceria na pequena produção de tomate

Resumo

Este estudo objetiva estimar a renda liquida na produção de tomate envarado considerando a parceria entre produtores e financiadores na região do Tabuleiro em Santa Catarina nos anos de 2001 a 2004. São analisadas três formas de parceria que se distinguem pelo percentual de repartição da receita bruta entre produtores e financiadores, sendo estes últimos responsáveis pelos custos com os insumos variáveis, e também a renda do produtor independente. Os resultados mostram que: os ganhos variam diretamente com os maiores percentuais de repartição da receita bruta para produtores e financiadores; os ganhos dos produtores são maiores do que os dos financiadores; os ganhos dos produtores são proporcionalmente maiores que dos financiadores em época de preços baixos, e proporcionalmente menores em épocas de preços elevados. Conclui-se que a parceria é uma forma organizacional que propicia ganhos ao produtor mas sem o equivalente incentivo ao financiador. Daí alternativas devem ser buscadas para o financiador de maneira que a forma de parceria não se extinga.

Palavras chaves: parceria, pequena produção, tomate, Santa Catarina.

1 Introdução.

A agricultura localizada no Sul contém, como em outras regiões, um setor moderno que convive com produtores tradicionais e de subsistência, os quais, estão sujeitos a um processo de crescente empobrecimento. Este é um aspecto preocupante porque o fortalecimento da agricultura familiar é uma importante estratégia para enfrentar o desemprego no Brasil (Lamussi, 2002)

Grande parte deste processo pode ser explicada pela redução do financiamento à agricultura especialmente para os pequenos produtores. Dados revelam que no período entre 1993 e 1999, os créditos concedidos por bancos privados aumentou em cerca de 7 pontos percentuais, enquanto nos bancos oficiais federais e estaduais os mesmos recuaram, respectivamente, em cerca de 7 e 3,5 pontos percentuais. Por outro lado, o crédito concedido pelas cooperativas expandiu em 4,5 pontos percentuais (Gasques e Conceição, 2001). Se supusermos que os bancos privados emprestam preferencialmente para produtores médios e grandes, que possuam garantias de pagamento, então os dados parecem indicar uma relativa redução de recursos para pequenos produtores.

Existe um conflito potencial para o financiamento da pequena propriedade. Por um lado, os bancos exigem garantias que tornam os empréstimos caros e muitas vezes inacessíveis. Por outro lado, os pequenos tomadores tendem ser pagadores em dia e apenas financiam atividades nas quais crêem ser capaz de pagamento. Em conseqüência, ou o dinheiro não chega na pequena propriedade ou o tesouro arca com os custos da transação, através dos chamados ‘recursos de equalização’. Neste sentido, um exemplo de programa de financiamento governamental destinado aos pequenos produtores é o PRONAF, que, através de relativamente poucos recursos por

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tomador, conseguiu manter significante número de postos de trabalho. Os dados revelam que o acesso ao crédito pode ser um fator decisivo na geração de renda (Abramovay, 2000).

Existem também iniciativas não governamentais voltadas ao financiamento da pequena propriedade como é o caso do Sistema Cresol, que consegue viabilizar financiamentos para a pequena propriedade. Isto é possível porque existem vínculos locais de confiança que dispensam os mecanismos de controle que tem pesados custos nos empréstimos (Bittencourt e Abramovay, 2001).

1.1 Problema e objetivos e importância

Esta proposta está interessada no financiamento particular de pequenos produtores de hortigranjeiros, principalmente produtores de cebola e tomate, que atuam em regiões próximas à grande Florianópolis. Indivíduos adiantam recursos na forma de insumos de custeio aos produtores com a condição de dividirem a receita da venda. O produtor é responsável pelo uso de mão de obra e posse da terra e ao emprestador cabe providenciar todos os insumos necessários ao bom andamento das lavouras.

A parceria é uma forma de enfrentar o risco de preço e também superar tanto a restrição de capital de giro do produtor quanto da falta de mão de obra e do alto custo para aquisição de terra por quem dispõe de recursos financeiros. Portanto, a parceria permite ao pequeno produtor, e mesmo ao produtor de subsistência, ter acesso aos insumos para obter produtividade adequada sem dispor de capital de giro. Ao financiador talvez seja uma forma de obter maior retorno ao capital aplicado comparativamente às aplicações financeiras bancárias.

O aspecto interessante da parceria entre financiador privado e o produtor na produção de tomate é que os ganhos são determinados a partir da definição dos percentuais de repartição da receita bruta entre produtor e financiador. Se o percentual for muito alto para o financiador, por exemplo, o produtor pode não estar interessado na parceria porque terá ganhos relativamente pequenos. Neste caso, uma alternativa é o financiador ter um percentual mais baixo, porém parte dos custos é assumida pelo produtor. Daí que importa questionar sobre os ganhos do financiador e do produtor considerando-se diferentes percentuais de repartição.

Em termos gerais este estudo procura lançar alguma luz nos ganhos associados com o financiamento privado do custeio na produção de tomate. Especificamente o estudo procura estimar a renda liquida na produção de tomate envarado considerando formas organizacionais de parceria com distintos percentuais de repartição da receita bruta entre produtor e financiador na região do Tabuleiro em Santa Catarina nos anos de 2001 a 2004.

Esta abordagem é importante no debate e na procura de alternativas ao sistema financeiro nacional sobretudo no atendimento de liquidez de produtores de baixa renda.e pode ser vista como estratégia na geração de empregos e aumento da renda.

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Segundo ICEPA (2002), dados de 2003, mostram que o Brasil tem o oitavo lugar na produção de tomate com 3,3% da produção e 1,5% da área. A produtividade brasileira é a terceira maior com média de 59.120 kg/ha. O Brasil é o maior produtor na América do Sul, detendo 54% de um total de 6,6 milhões de toneladas, e possui a segunda maior produtividade ficando abaixo apenas do Chile. O estado de Goiás é o maior produtor nacional (1 milhão de toneladas) e tem a maior área plantada (13.100 ha), sendo Santa Catarina o quinto colocado com uma área 6 vezes menor e uma produção quase oito vezes inferior a Goiás. A produtividade, entretanto, é apenas um terço menor (51.490 kg/ha). Em Santa Catarina a cultura do tomate envolve cerca de 10.700 pequenos e médios produtores, destacando-se a região de Joaçaba, que produz 30% da produção estadual (46.000 toneladas), seguida pelas microrregiões de Florianópolis e Tabuleiro, que juntas produzem 74,3% do estado. A maior produtividade está na microrregião de Canoinhas (78.900 kg/há), que é 50% maior que a média estadual e participa com apenas 1,16% da produção do estado. A microregião em estudo, a do Tabuleiro, em 2003 participou com 16,6% da produção do estado, fica localizada em cima da serra do mar, onde predomina um clima frio, e faz parte da ‘grande Florianópolis’, de onde sofre a influência direta na produção e comercialização, sendo a CEASA de Florianópolis o principal mercado da região.

3 Metodologia

3.1. Escolha das formas organizacionais na repartição da receita bruta.

Conforme visita feita a produtores da região do Tabuleiro, existem pelo menos quatro formas organizacionais na produção do tomate. Uma forma considera que o meeiro-produtor (ou produtor) fica com 40% da receita (doravante representado pela sigla MP40), sendo que o meeiro-financiador (ou financiador) retém os 60% restantes (MF60). A outras forma considera que a receita é repartida com a proporção de 45% para o produtor (MP45) e de 55% para o financiador (MF55). A última forma supõe-se que produtor e financiador retém igual proporção (50%) da receita (MP50 e MF50). Incluiu-se, para efeitos comparativos, o produtor independente (PI), que é aquele que atua sem parceria, e que assume todos os custos mas retém toda a receita da produção.

Constatou-se nas parcerias cujos percentuais de repartição ao produtor são superiores a 40% (MP45 com MP55 e MP50 com MF50) que o produtor participa com parte dos gastos com sementes. Esta prática tem sido implementada pelos financiadores como compensação à queda dos preços e da elevação dos custos acontecidos ao longo dos últimos anos.

Finalmente verificou-se na visita à região que um financiador tem parceria com outros produtores para produzir nas próprias terras. Neste caso, a parceria foi um meio que possibilitou ao financiador superar a restrição de mão de obra para ampliar a sua área de lavoura. Outro financiador é produtor e também é intermediário na comercialização de tomates junto ao mercado atacadista. Neste caso ele remunera o produtor após um ganho adicional pela classificação do tomate em suas instalações e posterior revenda ao mercado atacadista.

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Estimou-se a receita líquida na produção de tomate envarado por meio de modelagem de uma lavoura típica da região. O modelo constitui-se em uma lavoura de 2500 pés, os quais equivalem a um área de 0,2 ha (2000 m2), supondo-se um espaçamento de 0,8 m2 entre os pés de tomate. Lavouras pequenas como a utilizada no estudo são comuns na região dada a predominância de terreno acidentado e da escassez de mão de obra.

A estimação da produção resulta da multiplicação de um fator multiplicador que representa a divisão do número de pés por 1000 (assim o fator de 2500 pés é 2,5) pela produtividade, medida pelo número de caixas de 22 kg colhidas por 1000 pés. A receita bruta é obtida pela multiplicação da produção estimada pelo preço recebido pelo produtor por caixa.

O custo variável é composto basicamente pelo gastos com sementes, adubo, herbicidas e fungicidas. O gasto de maior expressão é com sementes cujo custo fica ao redor de R$ 250 para um envelope com mil sementes. Já os custos com controle de pragas e doenças são arcados pelo financiador.

Estimativas publicadas do custo variável da produção do tomate envarado são difíceis de se obter possivelmente devido às diferenças tecnológicas e sensibilidade da produção ao clima. Em contato com as lojas de revenda de insumos agrícolas na região depreendeu-se que os custos variáveis médios podem ser considerados semelhantes entre os produtores e são representados pela estimativa de R$1/pé, excluindo-se o custo com semente. Para se obter o custo em anos anteriores assumiu-se que a variação do custo variável foi equivalente a variação do índice de preços pagos pelos produtores catarinenses (IPPSC) da ICEPA/SC. Para isso, usou-se o IPPSC de fevereiro como base para determinar a variação em relação a maio de 2001, 2002, 2003 e 2004, conforme o quadro 1. Além disso, estes índices de custo foram aplicados ao custo da semente de R$250 para cada 1000 pés em fevereiro de 2005 para se obter o equivalente nos aos anteriores. Quadro 1. Indice de preços pagos pelos produtores catarinenses (IPPSC)

e estimativas do custo variável de produção de tomate para 2001, 2002, 2003 e 2004.

Meses Maio/01 Maio/02 Maio/03 Maio/04 Fev/05 IPPSC(ago94=100) 207,4 237,5 296,2 338,4 352,6

Custo variavel/pé

(fev05=100) 0,588 0,673 0,840 0,959 1

Custo semente por

1000 pés 147,05 168,39 210,01 239,93 250

Fonte: IPPSC (Agroindicadores ICEPA/SC) e cálculos do autor.

Os custos fixos não foram considerados. A grande maioria dos produtores não irriga por gotejamento que seria um custo expressivo com mangueiras e construção de reservatórios de água. Além disso, alternativas de ganhos potenciais aos do tomate ainda são incipientes para a grande maioria dos produtores, principalmente pela falta de conhecimento técnico na produção, por exemplo, de moranguinho e produtos orgânicos. Assim, não foram estimados os custos de oportunidade da terra. Também não foi calculado o custo de oportunidade das quantias gastas pelo financiador já que a preocupação do estudo neste estágio é mais com o resultado comparativo do desempenho econômico das diferentes formas do que com a precisão dos

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números resultantes da análise. Claramente este aspecto pode trazer um viés para cima no resultado para o financiador.

A produtividade utilizada para a estimação da receita foi feita com base em dados do ICEPA (2004) para a região do Tabuleiro relativa aos anos de 2001, 2002, 2003 e 2004. Foi feita a conversão dos dados publicados em kg/ha para a medida regional usada neste trabalho que é número de caixas de 22 quilos por 1000 pés. Para isso, assumiu-se que cada pé usa uma área de 0,8m2 e, portanto, cabem 12.500 pés em um ha. Supõe-se que as diferentes formas organizacionais atuam com o mesmo nível de produtividade em cada ano Os dados de produtividade usados na simulação estão no quadro 2.

Quadro 2. Conversão de produtividade em kg/ha em caixas /1000 pés. Região do Tabuleiro, SC. 2001-2004 Ano Produtividade kg/ha Caixas * / ha Caixa / pé** Produtividade (caixas / 1000 pés) 2001 46.458 2111,727 0,168938 168,93 2002 48.055 2184,318 0,174745 174,74 2003 48.386 2199,364 0,175949 175,94 2004 51.546*** 2343 0,18744 187,44

(*) Caixa de 22kg. (* *)Supõe-se que cada há contém 12.500 pés, correspondente a um espaçamento de 0,8 m2 entre pés. (***) Estimativa.

Fonte: Cálculos do autor e ICEPA (2004)

Em relação ao preço recebido pelo produtor considera-se um preço médio ponderado pela proporções mensais vendidas em cada mês da colheita (fevereio, março, abril e maio). Como o trabalho ICEPA (2004) considera que entre janeiro e março são comercializados quase 60% da produção estadual então utilizamos a seguinte ponderação para os meses: 10% para fevereiro, 50% para março, 30 para abril e os restantes 10% para maio. Como os preços publicados correspondem a caixa de 25 kg, então foi necessário fazer a conversão para 22 kg aplicando-se um redutor de 12% que equivale a relação entre os pesos das duas caixas. OS preços usados estão no quadro 3.

Quadro 3. Dados de preços por caixa de 22 kg recebidos pelos produtores de tomate no estado de Santa Catarina e média ponderada segundo % de comercialização nos meses de janeiro a maio. 2001 – 2004

Mês Comercialização da produção % 2001 2002 2003 2004 Jan 10 7,97 7,37 11,32 12,25 Fev 50 10,17 8,09 22,53 10,50 Mar 30 11,06 12,46 18,75 8,47 Abr 10 14,56 10,11 14,63 12,32* Preço médio 10,66 9,53 19,48 10,25

* Preço médio para a região de Florianópolis Fonte: cálculos do autor e ICEPA (2004)

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Há evidentes limitações nestes procedimentos além dos já citados na seção anterior. Os resultados variam de acordo com os percentuais mensais de venda, e não foi feita a avaliação desta sensibilidade. Não há consideração do risco de preço nos resultados. Não se consideraram preços diferenciados em função do tamanho e da variedade do tomate.

4 Economia da parceria na produção de tomate.

Para entender os motivos econômicos na formação de parcerias e também caracterizar o escopo analítico do trabalho, esta seção caracteriza rapidamente o mercado que envolve a produção do tomate e as variáveis que determinam os ganhos da atividade.

A produção de tomate se notabiliza pelos gastos elevados com sementes e insumos químicos e também a necessidade intensa de mão de obra principalmente na preservação da lavoura contra pragas e doenças, que se proliferam facilmente dependendo das condições de umidade e calor. Outra restrição à expansão das lavouras da região do Tabuleiro, que fica próxima à grande Florianópolis, é a elevação do preço da terra devido à proliferação de sítios de finais de semana. A sensibilidade do tomate às doenças e pragas durante a produção e também o rápido amadurecimento da fruta no pé tornam a oferta sensível às condições climáticas. Já a demanda pode ser caracterizada como estável, ou seja, sem grandes sobressaltos no consumo. Estas características fazem com que o preço do tomate apresente oscilações significativas tanto para cima como para baixo, oportunizando ganhos expressivos mas também acena com alto risco de perdas devido a baixa produtividade, preço e comercialização tardia.

O preço do tomate da região em estudo varia em função da quantidade ofertada agregada do estado, que é canalizada para a CEASA/SC em Florianópolis. Segundo ICEPA (2004), o preço da CEASA/PR de Curitiba também influencia o preço em Santa Catarina possivelmente devido a proximidade entre ambos os mercados. Assim, o produtor atua em um mercado concorrencial onde o preço é dado, o qual é basicamente o preço da CEASA/SC descontado do custo de transporte da região produtora à central e também do ganho do atravessador.

Sendo um mercado competitivo resta ao produtor e financiador duas alternativas para resguardar os ganhos. A primeira é a negociação da repartição da receita, que dependerá da lucratividade ao longo dos anos. Caso haja uma seqüência de anos com ganhos desfavoráveis para o financiador, por exemplo, este pode barganhar o aumento do seu percentual de repartição ou a redução dos custos que estão a seu encargo.

A outra alternativa é o produtor buscar maior produtividade para minimizar o custo variável de produção e assim aumentar o lucro unitário. Neste aspecto, a análise da parceria pode ser feita pela observação do comportamento do custo variável médio e da receita média. O produtor, que não arca com o custo variável médio, tem uma receita média (preço) exatamente proporcional ao percentual de repartição, o que define a receita líquida média. Já o financiador, que absorve apenas parte da receita média devido à repartição, tem que descontar o custo variável médio desta receita, implicando receita liquida menor do que do produtor.

Assim, a parceria na produção de tomate implica alguma renda adicional ao produtor, desde que o mesmo não arque com nenhum custo, que haja produção e que o mercado demande a mesma.

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Assim, o produtor pode ter ganho na parceria mesmo com menor percentual de repartição e preços em queda. O limite desta redução é dado pelo custo de oportunidade de ganho em outra atividade. Já o mesmo não pode ser dito para o financiador quando a receita média (preço) for pequena frente ao montante do custo variável médio. Estes aspectos embasam a análise dos resultados na próxima seção.

5 Análise dos resultados

Inicialmente a análise trata do comportamento dos preços e da produtividade que são variáveis determinantes da rentabilidade da parceria. A figura 1 mostra que o preço médio (ponderado) recebido pelo produtor de tomate cresceu no período de 2001 a 2003, e teve forte queda em 2004. A produtividade, por sua vez, foi crescente no período, sendo mais acentuada após 2004, provavelmente impulsionada pelos preços favoráveis do ano anterior.

Figura 1. Preço e produtividade do tomate. Santa Catarina. 2001-2004 0 5 10 15 20 25 2001 2002 2003 2004 150 160 170 180 190 Preço(R$/cx 22kg) Produtividade (cx/1000pés)

Observação: preço médio estadual ponderado segundo quadro 2. Produtividade da região do Tabuleiro segundo quadro 3.

Fonte: dados dos quadros 2 e 3 e ICEPA (2004).

O quadro 4 mostra que o ganho médio do produtor individual na época da produção e comercialização do tomate entre novembro e maio (7 meses) durante os anos de 2001 a 2004 foi cerca de R$ 500,00. Este valor é superior ao ganho médio do produtor com 40% de repartição (MP40) com R$311,00, ao produtor com 45% de repartição (MP45) com R$ 315,00 e ao do produtor com repartição de 50% (MP50) com R$ 354,00. Já a renda líquida média mensal dos financiadores são ainda menores do que dos produtores, ou seja, cerca de R$ 193,00, R$ 188,00 e 149,00 para os financiadores com repartição da renda bruta em 60% (MF60), em 55% (MF55) e em 50% (MF50), respectivamente. Estes dados derivam do quadro 5 no anexo.

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Quadro 4. Renda líquida média por forma organizacional na produção de tomate na região do Tabuleiro em Santa Catarina. 1991-1994.

Ano PI MP40 MF60 MP45 MF55 MP50 MF50 Média 3532,061 2177,824 1354,237 2210,871 1321,19 2483,099 1048,962 Media/mês 504,5801 311,1178 193,4624 315,8387 188,7414 354,7285 149,8517

Observação: MP40%= meeiro-produtor que fica com 40% da receita; MF60%=meeiro-financiador que fica com 60% da receita; MP45%= meeiro-produtor que fica com 45% da receita; MF55%=meeiro-financiador que fica com 55% da receita; MP50%= meeiro-produtor que fica com 50% da receita; MF50%=meeiro-financiador Fonte: resultados simulados no trabalho.

Nas parcerias verifica-se, conforme esperado, que quanto maior o percentual de repartição, maior a renda líquida tanto para produtor quanto financiador, isto é, MP50>MP45 >MP40 e também MF60>MF55>MF50.

Outro resultado é que a renda do produtor é quase duas vezes maior que a do financiador. Isto pode ser visto nos dados do quadro 4 no qual os ganhos médios dos produtores variam entre R$ 354,00 e R$311,00 enquanto dos financiadores fica em torno de R$193,00 e R$149,00.

O desempenho comparado das formas organizacionais pode ser visto na figura 2. Consoante com o comportamento dos preços, a renda líquida para todas as formas é maior em 2003. A forma organizacional com maior renda é o produtor independente. Isto é explicado pela retenção total da receita bruta, o que não acontece nas parcerias.

Figura 1. Renda líquida na produção de tomate por forma organizacional. Região do Tabuleiro, Santa Catarina

2001-2004

0

2000

4000

6000

8000

2001 2002 2003 2004 R e n d a l íq u id a (R $/ cx 22k g) PI MP40 MF60 MP45 MF55 MP50 MF50

Observação: PI=produtor independente; MP40%= meeiro-produtor que fica com 40% da receita; MF60%=meeiro-financiador que fica com 60% da receita; MP45%= meeiro-produtor que fica com 45% da receita; MF55%=meeiro-financiador que fica com 55% da receita; MP50%= meeiro-produtor que fica com 50% da receita; MF50%=meeiro-financiador que fica com 50% da receita

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A figura 2 mostra que a relação entre os ganhos de produtores e financiadores, que se mantém semelhantes entre 2001 e 2003, se eleva, dramaticamente com a queda dos preços em 2004. O quadro 5 no anexo contém os resultados expostos na figura 2.

Figura 2. Comparação dos ganhos do produtor e financiador na lavoura do tomate. Região Tabuleiro. Santa Catarina.

2001-2004 0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 2001 2002 2003 2004 ga nho pr odut or /g a n h o fi na nc ia dor MP40/MF60 MP45/MF55 MP50/MF50

Observação: MP40%= meeiro-produtor que fica com 40% da receita; MF60%=meeiro-financiador que fica com 60% da receita; MP45%= meeiro-produtor que fica com 45% da receita; MF55%=meeiro-financiador que fica com 55% da receita; MP50%= meeiro-produtor que fica com 50% da receita; MF50%=meeiro-financiador que fica com 50% da receita

Fonte: resultados simulados no trabalho.

Apesar de a renda líquida de ambos cair com a queda dos preços em 2004, o encolhimento do ganho do financiador é bem maior que do produtor. A razão é que a queda dos preços representa uma receita média menor de cujo valor deve ser subtraído o custo variável médio. Este tende a variar pouco para baixo dada a sensibilidade da lavoura ao clima e a problemas fitossanitários, os quais tendem a elevar o uso de insumos e dos custos.

Com os preços e produtividade de 2004 pode-se estimar que o ganho dos produtores em relação aos financiadores é da magnitude de 11 vezes maior para a forma organizacional MP50 e MF50, porque tem a menor repartição para o financiador e maior para o produtor A segunda maior relação, da ordem de 5,5 vezes, é da forma MP40 e MF60, na qual o produtor tem o menor percentual de repartição e é o maior para o financiador. Finalmente, a relação da MP45 e MF45 tem a menor relação do ganho do produtor para o financiador, cerca de 4 vezes (vide quadro 6 no anexo).

Os resultados anteriores reafirmam a flutuação dos ganhos na produção de tomate devido às alterações bruscas de preços e em menor proporção da produtividade. Resta ao produtor atuar no sentido de maximizar a produtividade já que não tem controle algum sobre o preço do produto. Este controle é um pouco maior sobre a produtividade no sentido de reduzir a incidência de doenças e pragas, mas estas procedimentos implicam custos maiores que podem ou não serem ressarcidos pela rápida flutuação dos preços durante o período de colheita. Dada a instabilidade dos preços no mercado de tomate, o financiador enfrenta a possibilidade de ganhos e perdas acentuados, o que não ocorre com o produtor para o qual a parceria quase

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sempre implica ganhos já que tem custos baixos. Assim se a conjuntura tende a permanecer desfavorável em termos de preços baixos para o tomate, a decisão racional do financiador é aumentar o percentual de repartição da receita ou incluir mais despesas por conta do produtor. Simulações feitas com os dados de produtividade e de baixos preços de 2004 mostram que os ganhos dos financiadores podem ser maiores, assemelhando-se aos dos produtores, alterando-se o percentual de repartição. Neste caso, a forma de repartição de 40% para o produtor e 60% para o financiador (MP40 e MF60) deveria ser alterada para 22% ao produtor e 78% para o produtor (MP28 e MF78). Já a forma MP45 e MF55 (45% de repartição da receita bruta ao produtor e 55% ao financiador), e que envolve um custo ao produtor com semente, teria que ser alterado para 29% e 71%, respectivamente, (MP29 e MF71). O primeiro caso envolve uma queda de 18 pontos percentuais na repartição da renda ao produtor e no segundo caso a redução é de 16 pontos percentuais. Estes resultados acenam com a possibilidade de redução significativa dos percentuais de repartição da receita para o produtor na parceria com o financiador caso persista uma conjuntura de preços desfavoráveis.

Por outro lado, fica a questão de se avaliar se uma conjuntura de preços altos não propiciaria ganhos ao financiador que pudessem compensar quedas futuras nos preços. Para isso simulamos os ganhos a partir de um preço médio de R$ 25,00 por caixa nos meses de colheita. O resultado anterior de maiores ganhos aos produtores se mantém, porém os ganhos dos financiadores ( e também dos produtores) são maiores em termos absolutos e tendem a ter valores superiores para as formas com maiores percentuais de repartição. Assim, a receita liquida mensal (considerando-se 7 para produção e comercialização do tomate) dos financiadores varia entre R$ 627,00 e R$ 849,00 enquanto o ganho dos produtores gira em torno de R$885,00 a R$ 1107,00.

6 Conclusões

Este estudo objetivou comparar os ganhos de produtores e financiadores que atuam em parceria na produção de tomate na região do Tabuleiro em Santa Catarina. A parceria é baseada na repartição da renda bruta sendo que o produtor participa com mão de obra e terra na produção, enquanto o financiador assume os custos variáveis de produção. Estes têm grande expressão no custo total dada a necessidade de usos de insumos para combate de pragas e doenças.

A parceria possibilita que o produtor atue com baixa necessidade de capital de giro, enquanto permite ao financiador produzir sem imobilizar recursos na compra de terra e também ampliar a área plantada.

Os resultados da simulação de ganhos nos anos de 2001 a 2004 permitiram constatar que o produtor independente tem os maiores ganhos. Porém, dele é exigido recursos para pagar as despesas com a lavoura, o que não acontece com as parcerias. Nestas, os produtores tem sempre ganhos superiores aos dos financiadores. Os ganhos são diretamente proporcionais aos percentuais de repartição da renda bruta para o produtor. Os ganhos do produtor sempre serão positivos mesmo em situações de preços e/ou rentabilidade baixos porque tem custos muito baixos de produção. Desta maneira, a parceria parece ser uma boa alternativa organizacional para o produtor de tomate.

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Para o financiador a parceria é rentável se rentabilidade e preços forem favoráveis. Com preços desfavoráveis, a perda do financiador é expressiva porque absorve apenas uma parte da receita e tem custos altos. Dada a volatilidade dos preços no mercado de tomates, então fica a preocupação quanto a viabilidade econômica do financiador. Para isso uma alternativa é a ampliação do percentual de repartição para o financiador. Outra alternativa é o financiador também comercializar a produção de tomate, obtendo ganhos adicionais pela classificação e revenda no atacado e varejo.

Dado a importância do financiador para a viabilidade da produção de tomate na pequena propriedade, o que contribui para gerar empregos e fixar o homem ao campo, então pode ser uma política do estado criar alguma linha de recursos de apoio ao financiador em épocas de preços desfavoráveis.

O produtor, por meio do uso correto de insumos, pode reduzir o risco buscando uma produtividade compensadora. Neste sentido, as assistências técnicas do governo e das lojas que comercializam insumos auxiliam na uniformidade do uso de insumos para tratamento dos problemas na lavoura de tomate.

O trabalho tem limitações metodológicas e pode ser aperfeiçoado com um modelo mais real na formação de renda na produção de tomate e também com a coleta de dados de produção junto a produtores. Outro aspecto que pode ser abordado se refere a definição do padrão sazonal da variação regional dos preços de tomate de maneira a orientar produtores sobre as melhores épocas para plantio e comercialização.

7 Anexos - Quadros de resultados da simulação da receita liquida

Quadro 5. Renda liquida na produção de tomate por formas organizacionais. Região do Tabuleiro em Santa Catarina. 2001-2004

Ano PI MP40 MF60 MP45 MF55 MP50 MF50 2001 3031,594 1800,638 1230,957 1841,905 1189,689 2066,985 964,6097 2002 2480,601 1665,24 815,3605 1662,908 817,6929 1871,063 609,5379 2003 6470,902 3428,361 3042,541 3594,394 2876,509 4022,939 2447,964 2004 1896,008 1717,403 178,6048 1632,166 263,8419 1846,842 49,16652 Média 3532,061 2177,824 1354,237 2210,871 1321,19 2483,099 1048,962 Media/mês 504,5801 311,1178 193,4624 315,8387 188,7414 354,7285 149,8517

Observação: MP40%= meeiro-produtor que fica com 40% da receita; MF60%=meeiro-financiador que fica com 60% da receita; MP45%= meeiro-produtor que fica com 45% da receita; MF55%=meeiro-financiador que fica com 55% da receita; MP50%= meeiro-produtor que fica com 50% da receita; MF50%=meeiro-financiador

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Quadro 6. Relação da renda líquida do produtor e financiador na lavoura do tomate. Região do Tabuleiro. Santa Catarina. 2001-2004 Ano MP40/MF60 MP45/MF55 MP50/MF50 2001 1,46 1,55 2,14 2002 2,04 2,03 3,07 2003 1,13 1,25 1,64 2004 5,54 4,35 11,35

Observação: MP40= meeiro-produtor que fica com 40% da receita; MF60=meeiro-financiador que fica com 60% da receita; MP45= meeiro-produtor que fica com 45% da receita; MF55=meeiro-financiador que fica com 55% da receita; MP50= meeiro-produtor que fica com 50% da receita; MF50=meeiro-financiador

Fonte: resultados simulados no trabalho

8 Referências bibliográficas

ABRAMOVAY, R. Custos de uma política social necessária.São Paulo: Gazeta Mercantil – 31/07/00p. A3 (http://gipaf.cnptia.embrapa.br/itens/publ/abramovay/abramovaygm.rtf)

BITTENCOURT, G. & ABRAMOVAY, R. Inovações institucionais no financiamento à agricultura Santiago: FAO. 2001. (http:// www.rlc.fao.org/prior/desrural/brasil/bitten.PDF ou

http://www.rlc.fao.org/prior/desrural/brasil/presenta.htm)

GASQUES, J.M.& CONCEIÇÃO, J.C. Financiamento e Gastos Públicos. In Transformações da Agricultura e Políticas Públicas. José Garcia Gasques e Júnia Cristina P.R. Conceição coordenadores. Brasília: IPEA, 2001.

ICEPA (Instituto CEPA SC). Síntese Anual da Agricultura de Santa Catarina 2003-2004. Florianópolis, ICEPA, 2004.

LAMUCCI, S. Apoio a Pequenos é Vital para Criar Empregos. O Estado de São Paulo, p. B8, 15/09/2002.

Referências

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