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APPs urbanas uma oportunidade de incremento da qualidade ambiental e do sistema de espaços livres na cidade brasileira conflitos e sucessos

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APPs urbanas uma oportunidade de incremento da qualidade

ambiental e do sistema de espaços livres na cidade brasileira –

conflitos e sucessos

Silvio Soares Macedo

Arquiteto, professor titular da FAUUSP e coordenador do Projeto QUAPA-SEL e-mail: lapquapa@usp.br

Helena Napoleon Degreas

Arquiteta, professora do Centro Universitário FIAMFAAM, pesquisadora do Projeto QUAPA-SEL email: hdegreas@uol.com.br

Resumo

O trabalho objetiva colocar em questão as principais vantagens e conflitos

resultantes do estabelecimento dentro do contexto urbano da figura das APPs, com seus impactos para a criação de espaços livres urbanos para o cotidiano, suas restrições ao uso urbano, seus benefícios e as necessidades de revisão para adequação as demandas urbanas.

Palavras chave:

Paisagismo, espaços livres, o cotidiano urbano, proteção ambiental

Abstract

The work aims to question the key benefits and conflicts resulting from the

establishment within the urban context of the figure of the APPs, with its impacts for the creation of open spaces for urban living, its restrictions on urban use, their benefits and the revision needs to accommodate urban demands.

Key words:

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Introdução

A avaliação da qualidade ambiental urbana passa necessariamente pela análise da qualidade do seu sistema de espaços livres. Entende-se como sistema de espaços livres - SEL o conjunto e as relações de todos os espaços livres de edificações urbanos existentes, independentemente de sua dimensão, qualificação estética e funcional e de sua localização, sejam eles públicos ou privados. A idéia de sistema é constituída pela completa vinculação funcional, já que fisicamente somente os

espaços públicos estão conectados entre si, principalmente por uma rede integrada de vias. Nele, ruas, avenidas e vielas estão totalmente conectadas permitindo ao usuário em tese, o acesso visual ou ainda físico tanto às construções e aos espaços livres a elas vinculados como também a praças, parques, jardins ou ainda, aos demais espaços livres públicos. Devido a este papel integrador e pelo fato de pelo conjunto de vias se dar grande parte da vida urbana cotidiana, tanto no quesito circulação como das demais atividades sociais e, nelas se verificar todas as instâncias da esfera pública, tem-se que estas podem ser consideradas como os mais importantes espaços públicos de quaisquer cidades.

Sistema de espaços livres: constituição da forma urbana

Imagina-se uma cidade com uma boa qualidade ambiental aquela que esteja livre de poluição das águas e do ar, na qual a acessibilidade seja plena para os pedestres, que contenha belos espaços, parques e praças distribuídos de maneira equitativa e acessíveis, que as casas sejam bem iluminadas pela luz solar, ventiladas e que possuam pátios e corredores ajardinados, que existam ruas arborizadas, que a drenagem urbana seja controlada e eficiente, que a mobilidade de cada indivíduo esteja garantida, que os espaços públicos sejam bem mantidos,que exista a

possibilidade de contato com a vida animal, que sejam seguras, entre tantas outras demandas.

Durante todo o século XX não houve de fato uma grande preocupação pelo

desenvolvimento de uma melhoria ambiental mais ampla, se investindo apenas na garantia de certa qualidade das águas, na diminuição da poluição do ar enquanto cuidados em relação aos espaços livres não foram uma prática extensiva ao todo urbano. Como exemplo, a criação de espaços livres para a recreação da população em geral, caracterizou-se muito mais por conjuntos de ações pontuais, isoladas e dirigidas a setores específicos das cidades do que por políticas públicas destinadas a melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. O mesmo não se pode dizer sobre o investimento para o incremento do sistema viário cujo investimento na canalização e cobertura de inúmeros corpos d‟água supera a qualidade e o dimensionamento das calçadas e vias ainda está muito aquém do desejável para o que poderíamos dizer uma cidade civilizada.

Os diversos planos diretores feitos nas ultimas três décadas apontam com freqüência os baixos índices de área verde por habitante muito aquém dos

supostamente adequados 12 m² por habitante. Na cidade de São Paulo grande parte da área verde existente está de fato muito distante dos locais de moradia e de uso cotidiano da população nas serras em volta ou nas matas distantes ao sul das grandes represas vizinhas aos contrafortes da Serra do Mar. Dentro desta cidade poucos são os parques de grande porte; os maiores, Ecológico do Tiete - núcleo

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Cangaíba, Anhanguera e do Estado tem apenas áreas reduzidas acessíveis à população sendo que o primeiro está situado nos limites da cidade em um local bastante inóspito se constituindo de fato em uma importante reserva florestal. Este foi um fato corriqueiro na cidade de São Paulo e nos municípios vizinhos e a maioria dos rios e riachos em 2012 desapareceram de vez. Foram anos de descaso, abandono, despejo de lixo, desprezo pelo todo da população da sua importância, de canalização e recobrimentos. O que restou foi muito pouco, a maioria dos rios e riachos canalizados e salvo raras exceções encontram-se poluídos.

Paralelamente aumentaram as demandas urbanas por novas áreas de lazer e os parques que praticamente decresceram em número durante a primeira metade do século XX, começaram a ser alvo de políticas públicas que visavam à criação de novas unidades. Estas políticas não foram continuadas e somente poucas gestões de fato perseguiram um ideal de melhoria dos espaços públicos especialmente parques e praças.

Este é um fato que não se restringiu a São Paulo e a grandes cidades como Belo Horizonte ou Recife, sendo comum em cidades de todos os portes, especialmente nas cidades médias.

Tem-se que no Brasil, ao contrário de outros países, não existe uma tradição no uso das margens de rios e lagoas. No caso dos rios é comum dentro das cidades que a sua visão e acesso seja impedida por construções, armazéns, casas, favelas e trapiches, que ocupam suas margens

No país, como em São Paulo, durante todo o século XX se observa um lento e constante processo de destruição dos corpos d‟água urbanos, rios, lagos e lagoas e até trechos inteiros de orlas marítimas que, com o total atraso e defasagem das obras de esgotamento e tratamento de esgotos se tornam impróprios para o uso, tem a vida eliminada, se tornando recipientes de “águas mortas”, para banhos, pesca e captação de águas. Muitos desses rios cortam áreas ocupadas pelas elites econômicas do país.

As águas levam as impurezas diz a crença popular, mas de fato, recebem todo o tipo de lixo urbano e esgotos, estão escondidas atrás de fundos de quintal, entre muros, suas margens ocupadas de um modo inconcebível e perigoso por população de baixa e até de alta renda. O resultado óbvio pode ser observado em todas as épocas de chuva tais como mortes, cheias e desabrigados aos milhares.

No século XXI em vários centros urbanos do país se procura reverter o processo, com obras que objetivam retirar a população ribeirinha, das margens de corpos d‟água poluídos, tratar as margens e implantar parques lineares.

Outras iniciativas, típicas da segunda metade do século XX, mais comuns e

conservadoras, se limitam a canalizar ou tamponar águas poluídas, aproveitando os espaços ganhos para a construção de avenidas e vias expressas. No caso o

problema das enchentes é parcialmente resolvido, e as águas sujas são afastadas da vista da população, mas as possibilidades de uso do espaço pela população para atividades de lazer é perdida de um modo definitivo.

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A cidade brasileira contemporânea, em especial aquela de médio e grande porte é extremamente construída, impermeabilizada e está bem distante dos padrões ideais do que se chamaria qualidade ambiental.

O desequilíbrio na oferta de infraestrutura é uma característica desta cidade e por mais que se fale e acredite nas benesses da vegetação para uma boa qualidade de vida, está não existe nas quantidades consideradas ideais, apesar do discurso ambientalista ou aquele essencialmente “verde” fazer parte do cotidiano da população

A vegetação está inserida praticamente em todas as cidades do país, nas mais diversas formas e lugares, nas ruas, fundos de quintal, praças, parques, terrenos baldios, etc. e sua inserção é devida em grande parte a população, que planta em calçadas, quintais e jardins. A partir da década de 1980 se torna um comum a delimitação pelo Poder Público de áreas de conservação, que visam a proteção de remanescentes de ecossistemas naturais junto em áreas urbanas, na década de 2000 com o estabelecimento compulsório de Áreas de Proteção Ambiental APPs urbanas, que criam extensos estoques de áreas de proteção no entorno dos corpos d‟água urbana.

Estes fatos associados com a valorização cultural do entendimento da necessidade de conservação e ou proteção de matas nativas, leva de fato a tomada de uma série de medidas por parte do Poder Público visando a criação de novas áreas de

conservação urbana, a transformação de parte das áreas remanescentes em parques públicos, tradicionais ou lineares (em especial ao longo de corpos d‟água). Por outro lado na medida em que a necessidade cultural da vegetação se expande, observa-se um aumento expressivo na quantidade de construções e da

impermeabilização por quadra urbana, isto é uma diminuição dos espaços livres disponíveis, que ocorre paralelamente a uma diminuição das áreas permeáveis, passiveis de plantio dentro do espaço privado. Na realidade somente em algumas cidades, em áreas diversas como os bairros ocupados por segmentos de alto poder aquisitivo se tem a existência da vegetação em certa escala, mas ainda bem longe dos sonhos verdejantes e ambientalistas.

Estes fatos se devem ao aumento constante das áreas construídas e pavimentadas dos edifícios em geral, especialmente de casa e prédios destinados a serviços e comércio, que constantemente e comumente invadem, diminuem, impermeabilizam e eliminam os espaços livres intralote. O que se observa já de décadas, é uma crescente e contínua diminuição de tais espaços, com a construção de casas muito grandes, em relação ao tamanho de lote e a expansão das mesmas em termos de área ocupada no lote.

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Foto 1 – quadras padrão em bairros São Paulo (Silvio Macedo,2012)

Foto 2 – quadras impermeabilizadas e muito construídas em bairro de Natal (Ana Cecília A. Campos, 2009)

Têm-se então contextos urbanos com extensas áreas impermeabilizadas e com pouca vegetação, tanto no âmbito público como privado. A vegetação no caso existe quando possível, mas não aparece na totalidade do espaço urbano, como seria desejável, aparece quando se tem quintais e jardins de porte, e isto nem sempre é possível para o conjunto da população devido ao alto custo do solo urbano, nos poucos parques existentes, na praça públicas, nas ruas e avenidas arborizadas, quando a dimensão de calçadas e canteiros centrais permite, em jardins sobre laje nas áreas verticalizadas, nos terrenos baldios, nas poucas florestas urbanas, em alguns campi universitários,em terrenos de propriedade das forças armadas destinados a treinamentos e ao longo de muitas das orlas praianas e fluviais.

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Foto 3 – Vista geral de Aldeia da Serra, bairro de elite do município de Santana do Parnaíba, vizinho a São Paulo (Silvio Macedo, 2012)

Foto 4 – Vista geral de condomínio de classe média na Grande São Paulo com a ocupação dos espaços livres por construções pelos seus moradores de modo a aumentar a área da residência e com amuralhamento da propriedade (Silvio Macedo, 2012)

O papel das APPS urbanas para a melhoria do sistema de espaços livres, ações correntes, sucessos e possibilidades perdidas

O texto da legislação de APPs, de fato não tem nenhuma referência à melhoria do sistema de espaços livres de uma cidade, se preocupando quase que

exclusivamente com a estabilidade do solo e a proteção por meio da vegetação dos corpos d‟água, sem se preocupar com as demandas cotidianas dos habitantes de uma cidade.

Como este texto é uma transposição de normas aplicáveis ao contexto rural para a cidade, imaginando-se de fato proteger a vida animal e elementos naturais, as necessidades do habitante da cidade foram omitidas. Não se pode negar que um bom sistema de drenagem, com águas e nascentes íntegras e a existência de vegetação de porte não sejam necessidades urbanas de uma cidade tropical, mas

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as prescrições legais não estão associadas diretamente a demandas estruturais humanas e urbanas, como circulação e atividades de recreação, do cotidiano de cada família e cidadão.

A introdução do conceito e da norma de proteção dentro do contexto urbano em 2002 chega atrasada de pelo menos cinquenta anos e não resolve questões fundamentais de melhoria urbana, típicas das grandes cidades brasileiras, na

medida em que a maioria dos espaços preserváveis, em especial aqueles ocupados por corpos d‟água, já estão definitivamente eliminados e comprometidos, recobertos por sistemas viários, canalizados e poluídos.

Paralelamente cria em todas as cidades, de um modo estruturalmente positivo um estoque de terras para usos urbanos, na medida em que uma série de áreas

passam a ter que ser conservadas e preservadas para as gerações futura, exigindo-se que o Poder público e a sociedade zelem pela sua integridade.

Como decorrência a criação de uma reserva de espaços livres significativa para um eventual futuro aproveitamento social e a garantia pelo menos em tese, da

existência e da permanência da vegetação no contexto urbano.

Se por um lado se tem essa criação de estoques, não se tem a garantia da sua integridade uma vez que não favoreceu de imediato a criação de mecanismos de gestão de tais locais suscitando uma série de ações desconexas e conflitos de uso. Paralelamente, a riqueza e diversidade das redes hídricas de alguns aglomerados urbanos geraram uma quantidade imensa de áreas a serem preservadas sem que as necessárias atribuições de gestão fossem claramente definidas e nem que o aporte de recursos suficientes para sua manutenção fossem convenientemente destinados. Mesmo em áreas onde as APPs formais foram em menor número as ações sobre essas áreas nem sempre corresponderam as necessidades urbanas cotidianas, continuando muitas dessas em abandonadas ou sem nenhum papel urbano de relevo.

Como resultado uma diversidade de ações e posturas tanto por parte do poder Público como da sociedade, que se refletiu em:

- na incorporação pelos novos planos diretores da sua pauta do assunto gerando a proposta de inúmeros parques lineares, corredores ecológicos, áreas de

conservação e parques urbanos

- na criação de linhas de financiamento por entidades públicas e privadas, nacionais ou não, para investimentos sobre tal objeto, ensejando as mais diversas ações sobre tais áreas

- no investimento pelo Poder público em diversos centros urbanos em tais áreas buscando retirar populações invasoras de áreas de risco ou de fragilidade ambiental e em seu lugar criando espaços de recreação ou ainda simplesmente buscando fazer algum tipo de reflorestamento ou chegando a concepções mistas, de áreas de recreação e conservação.

- na criação e reserva de um sem numero de espaços públicos, com ou sem tratamento paisagístico ao longo dos corpos d‟água, encostas, de áreas ocupadas por dunas, manguezais, etc.

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- na proliferação de parques lineares aproveitando o entorno de corpos d‟água como lagoas e rios. Estes ao contrário das áreas de conservação puras, com o predomínio de matas e acesso restrito à população têm-se mostrado tradicionalemente

excelentes espaços de conservação da drenagem urbana e recreação. Sendo valorizados pela população em geral e alvo de „bandeiras políticas‟. Este é o caso dos diversos parques lineares das cidades de Rio Branco (Acre) e Campo Grande (Mato Grosso do Sul).

Foto 5 - parque linear da Maternidade em Rio Branco, resultado de uma política urbana que acompanha e se referencia em um plano diretor que possui um viés. Sua implantação de imdeiato valorizou o entorno e criou uma vida pública local. Sua configuração é de um parque urbano tradicional. (Silvio Macedo, 2011)

Foto 6 – parque Tucumã em Rio Branco, em área suburbana, utilizado por camadas de renda mais modesta. (Silvio Macedo, 2009)

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Foto 7 – conjunto de três parques lineares em Campo Grande, conectados a uma pequena reserva florestal, a única de porte da cidade, mantendo junto ao corpo d‟água uma pequena mata ciliar e com extensa área lindeira tratada para uso da população. Em primeiro plano, Parque das Nações Indígenas. (Silvio Macedo, 2008) - na possibilidade do incremento da diversidade animal dentro do contexto urbano. A criação de tais áreas por sua vez gera conflitos, que seriam:

- a dificuldade de manutenção e gestão de tais espaços, devido principalmente a ausência de estruturas públicas de gestão e portanto, de manejo de tais áreas. - a intransigência por parte de equipes técnicas de permitir a concepção de espaços a serem utilizados por cidadãos. Como resultado a implantação de espaços gerados a partir de projetos paisagísticos de qualidade questionável, com pouco valor

paisagístico e social.

- a ausência de projetos que permitam de fato sua utilização pela população. - a indiferença às demandas do cotidiano urbano pelas equipes avaliadoras e solicitantes de projetos paisagísticos para APPs, que preferem limitar ou impedir o acesso à população em tais áreas. Esta é uma situação totalmente dependente da falta de definição clara do papel urbano de qualquer APP, tanto pela legislação como pelas instâncias administrativas e ainda pelos profissionais dedicados aos campos do urbanismo e do paisagismo.

- a limitação de recursos públicos em algumas das cidades brasileiras de alocação de verbas para projetos e ações em APPs, sendo estes dependentes por vezes de parcerias com a iniciativa privada, de taxas de compensação ambiental, etc. que nem sempre estão disponíveis em fluxo contínuo.

- o porte expressivo, gigantesco por vezes dessas pareas dentro de alguns contextos urbanos, possuidores de redes de drenagem sofisticadas, de

remanscentes de matas de porte, sem que existam recursos, corpo técnico ou ainda interesse de implementação.

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-a descontinuidade e volatilidade das políticas públicas brasileiras, que variam de gestão a gestão em grande parte dos municípios nacionais, impedindo a

continuidade de implantação e consolidação de tais espaços.

- a inadequação sem o manejo da convivência da sociedade com a vida silvestre; são comuns as queixas de pragas transmitidas à população por intermédio de capivaras, o incômodo da presença de macacos e esquilos, etc.

- como resultado do constante processo de fechamento irregular de loteamentos, as áreas de proteção e corpos d‟água tendem a permanecer isolados, murados ou se localizando em fundos de lotes. Estes quando tem limitadas suas divisas de fundo com áreas de APPs, inviabilizando o acesso a pequenos córregos e riachos.

- a não ocupação e gestão pública dos espaços ao longo de corpos leva que sejam ocupados indevidamente pela população de todas as faixas de renda. Essas podem ser na forma de favelas, privatização de orlas, etc, limitando pois o uso social do recurso.

- da mesma forma a criação de bosques e matas fechadas dentro da cidade tem levado a segmentos da população a serem contra a sua existência, pois muita vegetação para muitos é sinônimo de insegurança, tanto pela cultur do medo existente, como por situaçãoes reais de insegurança que uma ausência total ou parcial de gestão pode carrear.

Considerações

A criação das APPS urbanas traz um saldo positivo no sentido do incremento e qualificação dos sistemas de espaços livres da cidade brasileira contemporânea, apesar das inúmeras situações de conflito existentes e principalmente pela incompetência conceitual, programática e projetual, tanto no sentido paisagístico como social, dos seus agentes criadores e gestores.

É uma figura urbana nova e que vem como resposta de uma nova ideologia que se concretiza ao final do século passado, como resposta da incompetência na gestão do espaço urbano da sociedade moderna, que acarretou danos muitas vezes irreparaveis a dinâmica ecológica dos diferentes lugares e especialmente levou a constituição de sistemas de espaços livres extremamente deficientes ao crescimento das demandas da população urbana brasileira.

Em 2012 as situações que se pode afirmar de boa qualidade são exceções e poucas APPs de fato podem ser consideradas realmente a serviço da sociedade urbana e não a serviço de árvores, pássaros e gambás.

Referências bibliográficas

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