Electrónica Geral
2015/2016
Mestrado Integrado em Engenharia Física Tecnológica
Mestrado Integrado em Engenharia Aeroespacial
Capítulo 4
Osciladores
MEAer: 4º ano, 1º semestre
MEFT: 3º ano, 1º semestre
1. Introdução
•
Osciladores são circuitos que geram sinais periódicos (sinusoidais, quadrados,
dente de serra, etc.), actualmente até frequências da ordem dos GHz.
•
Têm aplicações em telecomunicações (portadoras, misturadores, etc.), video
(varrimentos), DSP (relógios) e na electrónica em geral.
•
Podem dividir-se em osciladores sinusoidais (lineares) e de relaxação (não
lineares).
1. Introdução
• Baseados em filtros muito selectivos e amplificadores com realimentação
positiva fraca.
• Pólos sobre o eixo imaginário.
• Regime transitório (amplitude e frequência) quando se muda a frequência.
• Osciladores RC:
- 10 Hz até 1 MHz
- Podem ter distorção relevante, devida à malha não linear de controlo da
amplitude, que gera harmónicas pouco filtradas na malha β (RC).
• Osciladores LC e com cristal:
- 100 kHz a centenas de MHz.
- Factores de qualidade, Q, elevados.
- Faixa de sintonia estreita (no limite só uma frequência de oscilação, para
osciladores com cristal).
Osciladores Sinusoidais:
1.1. Introdução (cont.)
1. Introdução e princípios básicos
• Baseados em amplificadores com forte realimentação positiva, com dois
estados estáveis (astáveis) e malhas integradoras que definem o tempo de
mudança de estado.
• Apesar de serem não lineares, a forma de onda de saída pode ser processada
por forma a obter-se uma sinusóide aproximada (via filtragem) ou qualquer
outra forma de onda clássica (dente de serra, triangular, etc.) via
integração/diferenciação ou comparação do sinal.
Osciladores de Relaxação:
1.1. Introdução (cont.)
1. Introdução e princípios básicos
1.2. Princípios básicos
No projecto de sistemas electrónicos é necessário frequentemente a geração de sinais com formas de onda standard, destacando-se a sinusoidal, a triangular ou a quadrada Existem diferentes aproximações para a geração de formas de onda:
1. Utilização de uma malha de realimentação positiva, constituída por um amplificador e um circuito selectivo com a frequência do tipo RC , LC ou cristal para gerar um sinal sinusoidal (osciladores lineares).
2. Utilização de multivibradores (biestável, astável e monoestável) para a geração de ondas quadrada, triangular ou impulso (osciladores não lineares).
1.3. Oscilador com malha de realimentação
0 0x
x
x
x
A
x
f f s
x
0
s
A
s
x
ss
s
x
0s
s
s
A
s
A
s
x
s
x
s
A
s f
1
0Para que possam acontecer oscilações sustentadas à frequência w0a equação característica tem que ter raízes a:
Sendo que: terá que ter a forma:
1. Introdução e princípios básicos
(cont.)
1.4. Critério de Barkhausen
x
s
s
s
A
s
A
s
x
s
1
0Num oscilador a entrada não existe:
x
s
s
0
Se considerarmos que existe sinal na saída:
x
0
s
0
A única hipótese é que se anule o
denominador da função de transferência:
1
A
s
s
0
Conduzindo assim ao designado CRITÉRIO DE BARKHAUSEN que determina a frequência de oscilação w0e a condição de oscilação.
0
Im
1
Re
0
arg
1
1
0 0 0 0 0 0 0 0 0 0w
w
w
w
w
w
w
w
w
w
j
j
A
j
j
A
ou
j
j
A
j
j
A
j
j
A
Outra forma de estudar um circuito oscilador consiste na análise dos polos do circuito, que são as raízes da equação característica 1-A=0 0
w
j
s
0 01
A
j
w
j
w
2 0 2
w
s
x
s
j
w
x
+jw0 -jw01. Introdução e princípios básicos
(cont.)
1.5. Estabilização da amplitude das oscilações
x
s
j
w
x
+jw0 -jw0Posicionamento dos polos:
x
s
j
w
x
+jw0 -jw0 +jw0 -jw0x
s
j
w
x
Polos no semiplano esquerdoCircuito estável
Amplitude decrescente
Polos sobre o eixo imaginário Circuito marginalmente estável/instável
Amplitude constante
Polos no semiplano direito Circuito instável
Amplitude crescente
j
w
0
j
w
0
1
A
A
j
w
0
j
w
0
1
A
j
w
0
j
w
0
1
O oscilador é projectado de modo a que o ganho Aosciladorseja superior ao ganho dado
pelo critério de Barkhausen Acritériosendo que a margem de ganho que tem que ser superior a um é dado por:
critério oscilador
A
A
MG
Sendo a amplitude das oscilações crescente, à medida que esta aumenta, para grandes amplitudes o ganho tende a diminuir atingindo-se uma situação estável em que:
critério oscilador
A
A
1. Introdução e princípios básicos
(cont.)
1.6. Exemplo de circuito de controlo da amplitude das oscilações
Para pequenas amplitudes o ganho do circuito vale –Rf/R1
A partir de determinados valores de amplitude de oscilação o ganho baixa substancialmente, provocando num oscilador a estabilização da amplitude das oscilações
Circuito de controlo da amplitude das oscilações Resposta do circuito 0 5 4 5 5 4 4 0 3 2 2 3 2 3 v R R R V R R R v v R R R V R R R v com B A Considerando D1e D2ao corte:
V
v
V
v
R
R
v
B A f 1 0 v R R V R R L v R R V R R L 2 3 2 3 5 4 5 4 1 1 Considerando D1ou D2a conduzir: 3 0 1 1 4 0 2//
(
)
//
(
)
f I f IR
R
v
v
D
on
R
R
R
v
v
D
on
R
D2 (ON) D1 (ON) D1,D2 (OFF)2. Osciladores RC activos
2.1. Oscilador em ponte de Wien
Amplificador:
A
1 2 1 R R v v A a o Malha de realimentação: sRC sRC sC R sC R R sC sC R sC R Z Z Z v v p s p o a 1 3 1 1 1 1 Ganho em malha aberta:
sRC sRC R R A 1 3 1 1 2
Aplicando o critério de Barkhausen:
RC RC RC A k R R R R A RC RC j R R A j s 1 1 0 Im 3 2 3 1 1 Re 1 1 3 1 1 0 0 0 min 1 2 1 2 0 0 1 2 0 w w w w w wK < kmin Polos no semiplano esquerdo (oscilação com amplitudes decrescentes)
K = kmin Polos sobre o eixo imaginário (oscilação com amplitudes constantes - marginal) K > kmin Polos no semiplano direito (oscilação com amplitudes crescentes)
x
x
←
2. Osciladores RC activos
(cont.)
ganho de margem min min MG k k k kCircuitos de controlo da amplitude das oscilações:
Os valores da tensão de saída correspondentes à entrada em condução dos díodos D1 e D2 são determinantes no cálculo da amplitude das oscilações,
uma vez que a partir daí o valor do ganho é fortemente reduzido:
L v L v o o min max
O oscilador é projectado para que no arranque as oscilações tenham amplitude crescente, colocando-se um circuito limitador que vai impor a amplitude das oscilações
2. Osciladores RC activos
(cont.)
2.2. Oscilador de desvio de fase
O ganho do amplificador é –K, assim o circuito oscila quando a diferença de fase do circuito RC à frequência de oscilação vale 180º
O ganho em malha aberta fica:
RC RC j RR C A f w w w w 1 3 4 2 2Pelo critério de Barkhausen:
Hz f k Rf 574 120 0
RC A R R A A f 3 1 0 Im 12 1 Re 1 w 2. Osciladores RC activos
(cont.)
2.3. Oscilador em quadratura
O 1º amplificador funciona como integrador negativo:
sRC v v o o 1 2 1
O 2º amplificador funciona como integrador positivo:
sRC R R v v R v R sC R v f o o o f o 1 2 1 1 2 1 2 1 1 2 1 2 1 2
O ganho em malha aberta fica:
f R R sRC C R s A 1 2 1 1 2 2 2
f R R RC j C R A 1 2 1 1 2 2 2 w w w
R R A RC A A f 2 0 Im 1 1 Re 1 0 w 2. Osciladores RC activos
(cont.)
Comentários
• O oscilador de quadratura fornece duas sinusóides em quadratura, o que é
vantajoso em sistemas de telecomunicação, apresenta pouca distorção mas requer
mais hardware (2 ampops).
• O oscilador de desvio de fase apresenta pouca distorção (filtro de 3ª ordem), mas
sem “buffering” requer um ganho mais elevado.
• O oscilador em ponte de Wien tem boa estabilidade na frequência mas apresenta
um sinal de saída com alguma distorção.
2. Osciladores RC activos
(cont.)
2.4. Oscilador sintonizado com filtro activo
O circuito consiste num circuito passa-banda de elevado factor de qualidade Q ligado a uma malha de realimentação positiva com um limitador
v
3C
L=R
2C
G
AmplificadorL
LimitadorQR
v
2v
1 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 C R QRC s s QRC s A A C R QRC s s QRC s LC QRC s s QRC s GL A 2 2 3 2 4 2 5 3 1 v v A C R R C R R R L 1 , 1 1 0 min A RC A w3. Multivibradores biestáveis
3.1. Definições
Multivibradores:
Monoestável Quando alimentado com um impulso passa para a sua posição instável durante um período de tempo fixo (DT) e de seguida volta ao seu estado estável
v
iv
ot t
Dt Dt Dt
Biestável Quando o circuito tem dois estados estáveis que mudam conforme as entradas set e reset
v
setv
reset t t tv
oAstável Apresenta dois estados estáveis bem definidos estando a comutar entre os dois estados com intervalos de tempo também bem definidos, funcionando como oscilador não linear
t
3. Multivibradores biestáveis
(cont.)
3.2. Circuitos biestáveis
Quando a saída está saturada positivamente (L+) TH V L R R R v L v 2 1 1 0
Quando vi>VTH, a saída muda de estado de L+para L
-Quando a saída está saturada negativamente (L-) TL V L R R R v L v 2 1 1 0
Quando vi<VTL, a saída muda de
estado de L-para L+
Quando a saída está saturada positivamente (L+) 1 2 1 0 1 2 1 2 2 i TL R R R v L v L v V L R R R R R
Quando vi<VTL, a saída muda de estado de L+para L
-Quando a saída está saturada negativamente (L-) 1 2 1 0 1 2 1 2 2 i TH R R R v L v L v V L R R R R R
Quando vi>VTH, a saída muda de estado de L para L
Os circuitos apresentam memória, uma vez que com entradas iguais pode ter saídas diferentes, designando-se como um comparador com histerese
3. Multivibradores biestáveis
(cont.)
3.3. Vantagem do comparador com histerese
Comparador com histerese Comparador sem histerese Sinal de entrada Sinal de saída
O comparador pode funcionar como detector de um nível VR, em que a saída vale L+ ou L- conforme a entrada é superior ou inferior a VR. A vantagem do comparador com histerese é que a detecção é insensível à presença de ruído com o sinal de entrada
4. Multivibradores astáveis
4.1. Geração de sinal quadrado e triangular através de multivibrador astável
Ligando um multivibrador biestável com característica inversora numa malha de realimentação com um circuito RC resulta num gerador de onda quadrada:
4. Multivibradores astáveis
(cont.)
4.2. Operação do multivibrador astável
Quando a saída situa-se na tensão de saída
negativa TL V L L R R R v L v 2 1 1 0
O condensador encontra-se a descarregar, havendo uma mudança de estado (L-L+)quando a sua tensão atingir VTL
V v L vC TL o
RC t TL RC t c c c C e L V L e v v v v v ( ) (0) ( )O condensador inicia a sua carga desde VTL até V+mudando o circuito de estado quando a tensão do condensador passa por VTH conduzindo ao tempo T1
RC T TL TH L V L e V 1 1 1 ln 1 L L RC T 1 1 ln 2 L L RC T 1 1 ln 2 1 T RC T T L L e Normalment4. Multivibradores astáveis
(cont.)
4.3. Geração de ondas triangulares
As formas de onda exponenciais geradas no circuito astável podem ser substituídas por triangulares, caso o circuito RC seja substituído por um integrador
) 0 ( ) ( ) 0 ( ) ( 1 1 2 1 1 2 v t RC L t v L v v t RC L t v L v Declive negativo Declive positivo L V V RC T L V V RC T TL TH TL TH 2 1
A forma de onda é simétrica caso :L L L
L V V RC T T T 2 TH TL 2 1
VTH VTL
RC L T f 2 14. Multivibradores astáveis
(cont.)
4.4. Multivibrador astável utilizando o circuito integrado 555
Diagrama de blocos do circuito integrado 555: • Dois comparadores
• Um flip-flop SR
• Um transístor Q1que funciona como interruptor O circuito compreende três resistências R1 de forma a que: CC TL CC TH V V V V 3 1 3 2
O flip-flop SR é um circuito biestásvel, com duas saídas complementares ( e ):Q Q Estado set Estado reset CC TL V V Trigger H S L Q H Q 3 1 CC TH V V Threshold H R H Q L Q 3 2
4. Multivibradores astáveis
(cont.)
4.4. Multivibrador astável utilizando o circuito integrado 555
(cont.)Considerando:
1. Inicialmente C está descarregado (vC=0) e o flip-flop está no estado set (Q=H, Q=L), estando Q1ao corte. O condensador começa a carregar-se através de RA+RB.
2. Quando vCatinge VTHmudando para o estado reset (Q=L, Q=H), ficando Q1saturado.
O condensador começa a descarregar-se através de RB. Ocorre uma nova mudança de estado quando vCatingir VTL, num instante designado TL.
3. Quando vCatinge VTLmudando para o estado set (Q=H, Q=L), ficando Q1ao corte. O condensador começa a carregar-se através de RA+RB. Ocorre uma nova mudança de estado quando vCatingir VTH, num instante designado TH.
R R C t CC CC C B A e V V v 0
TL C R T TH L C T V e V v B L 0 0 ) ( C R C R TL B ln(2)0.69 B
TH C R R T CC TL CC H C T V V V e V v A B H ) (
R R
C
R R
C TH A B ln 2 0.69 A B
B A B A H L H B A H L R R R R cycle Duty T T T cycle Duty C R R T T T T 2 2 69 . 0 5. Osciladores LC e a cristal
5.1. Osciladores LC
• A desfasagem pode ser realizada mediante uma malha LC.
• Osciladores LC não se usam em baixa frequência devido às dimensões
elevadas requeridas pelas bobines para estas frequências. Além disso,
são mais estáveis a altas frequências.
• Usualmente não usam ampops pois estes têm largura de banda mais
reduzida face a outros amplificadores.
• Osciladores com grande estabilidade podem ser obtidos usando cristais e
ressoadores cerâmicos.
• Aplicações típicas nas áreas de rádio frequência, televisão, rádio e
microprocessadores.
5. Osciladores LC e a cristal
5.1. Osciladores LC (cont.)
Osciladores de Colpitts e Hartley
Hartley
0 1 2 1 21
C C
L
C
C
w
0 1 21
C L
L
w
2 1 mC
g R
C
Frequência de Oscilação
Condição de Oscilação
1 2 mL
g R
L
Na Frequência de Ressonância
(
Z
R
jX
jX
)
Total Total L CX
X
1 2 1 2 1 2 \ 1 Total C C C X X X C C C C w
11 22
\ Total L L L X X X L L w Colpitts
5. Osciladores LC e a cristal
5.1. Osciladores LC (cont.)
Condição de Oscilação para Colpitts
circuito equivalente
C
pincluído em C
2, r
pe C
mdesprezados
No nó C:
2
2 1 21
1
0
msC V
g V
sC
s LC V
R
p
p
p
Eliminando V
p(pois é diferente de zero, substituindo s por j
w
e rearranjando os termos, vem
2 3 2 1 2 1 21
0
mLC
g
j
C
C
LC C
R
R
w
w
w
0 1 2 1 21
C C
L
C
C
w
1 2 mC
g R
C
5. Osciladores LC e a cristal
5.1. Osciladores LC (cont.)
5. Osciladores LC e a cristal
5.2. Osciladores a cristal
São realizados depositando um filme condutor sobre faces opostas de um cristal de quartzo (efeito
piezoeléctrico).
E depois encapsulados
O símbolo é
Reactância (desprezando r)
Indutiva
Capacitiva Reactância
Oscilador de Pierce
(inversor CMOS como amplificador)
0