• Nenhum resultado encontrado

ENERGIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMO MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ENERGIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMO MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

ENERGIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS COMO MECANISMO DE

DESENVOLVIMENTO LIMPO

Luiz Claudio Ribeiro Galvão

Marco Antonio Saidel

Fernado Selles Ribeiro

Miguel Edgar Morales Udaeta

1

GEPEA – USP

Grupo de Energia do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo

CEP: 05508-900 São Paulo – SP; tel: (11) 3091-5279 fax: (11) 3032-3595

RESUMO

Este trabalho tem como meta o estudo e a aplicabilidade do aproveitamento energético dos resíduos sólidos urbanos –RSU– para geração e conservação de energia. Para consistência da abordagem utilizada, aplica-se à região do Médio Paranapanema –MPP– focado nos objetivos do Planejamento Integrado de Recursos energéticos – PIR. Assim, resultam diversas maneiras de se tratar os RSU visando seu aproveitamento, por exemplo, a compostagem de material orgânico, a incineração de lixo, a produção de biogás e a conservação de energia com a reciclagem. E da análise destas alternativas buscando quantificar o potencial energético (e custos envolvidos), resulta que dito potencial, para um horizonte de dez anos (no caso do MPP), está dado através de: 47 GWh/ano em Conservação e Reciclagem; 5 GWh/ano em Compostagem e Biogás; 15 Gwh/ano em Incineração; 56 GWh/ano em Reciclagem e Incineração; 52 GWh/ano em Biogás e Reciclagem. Da análise dos resultados, conclui-se que é alta a possibilidade de soluções para o desenvolvimento de recursos energéticos de RSU na região, demostrou-se a possibilidade de uma visão abrangente dos recursos e das técnicas para utilização destes, e que tudo isso deve necessariamente contar com a participação de interessados e envolvidos.

ABSTRACT

This work approaches the energy use of urban solid residues –USR for generation and conservation of electrical energy applied in the region of Medio Paranapanema –MPP focused with the objective of the Integrated Resources Planning – IRP.

IRP consists of selecting electrical energy

offered expansion through process that evaluate and entire group of alternatives that include the increase of installed capacity, conservation and energy efficiency, self production and sources renewed, in way to guarantee that the system users receive continuous energy of good quality at the smallest possible cost.

MPP is located in the State of São Paulo, Brazil, and it presents limited development, due partly, to the lack of electrical energy.

MPP is an area with repressed demand, and the supply of energy is essential for maintaining sustainability. Thus, alternative investments in the demand sections are considered very important for the future of this.

We have several ways of taking advantage of urban solid residues. We can mention, for example, the composting of organic material, garbage incineration, biogas production and the energy conservation with recycling. In this work, each one of this alternatives is analyzed trying to quantify energy potential, as well as the involved costs.

INTRODUÇÃO

Este trabalho aborda o aproveitamento energético dos resíduos sólidos urbanos –RSU, no contexto amplo da geração, eficiência e conservação de energia (elétrica em primeira instância) aplicado na região do Médio Paranapanema –MPP. Tendo como metodologia o PIR e os objetivos do planejamento energético em geral.

O PIR (Planejamento Integrado de Recursos Energéticos) consiste na seleção de recursos energéticos do lado da oferta e do lado da demanda para a expansão da oferta de energia elétrica. Isso, resumidamente, através de processos que avaliem todo um conjunto de alternativas que incluem o

(2)

aumento da capacidade instalada, a conservação e a eficiência energética, auto produção e fontes renováveis dentre outros, de modo a garantir (com a participação dos envolvidos) que os usuários do sistema recebam uma energia contínua e de boa qualidade ao menor custo possível (considerando as dimensões econômica, ambiental, social e política) (UDAETA, 1997).

A região do MPP está localizada no Estado de São Paulo, Brasil, e apresenta um desenvolvimento limitado, devido, em parte, à falta de energia elétrica. O MPP é uma região com a demanda reprimida, sendo que o fornecimento de energia é essencial na direção da sustentabilidade. Assim, investimentos alternativos nos setores de demanda são considerados muito importantes para o futuro da região (GALVÃO et al, 1996).

Existem diversas maneiras de se tratar o RSU visando seu aproveitamento. Podem-se citar, por exemplo, a compostagem de material orgânico, a incineração de lixo, a produção de biogás e a conservação de energia com a reciclagem. Neste trabalho cada uma destas alternativas são analisadas buscando quantificar o potencial energético, bem como os custos envolvidos.

Na procura de novas fontes alternativas de geração de energia elétrica, o aproveitamento de resíduos sólidos urbanos é de grande valia, visto que, além do seu potencial energético é uma solução para o destino do lixo. O alto custo financeiro e ecológico do gerenciamento desse lixo tem levado à busca de soluções para otimizar o custo da produção de energia a partir do lixo.

Este estudo, por isso, procura estabelecer as abordagens energéticas para os resíduos, inicialmente com um estudo de tratamento e posterior adequação ao contexto da região do MPP, juntamente com definição das tecnologias de produção de energia a partir do tratamento desses resíduos. O planejamento de recursos e demandas de energia desta região, ficaria então, enquadrado no contexto da como linha de pesquisa e desenvolvimento do conceito de PIR.

Nesse sentido, basicamente, uma análise da produção de energia elétrica com utilização dos resíduos foi realizada, de modo a especificar as possíveis alternativas orientado aos tipos de resíduos estudados, bem como a especificação de seus potenciais. Basicamente a idéia, na introduçao da filosofia do PIR neste trabalho, implica na formação de uma dada carteira, a da energia dos resíduos (CERVEIRA e CLIMERU, 2000).

O MÉDIO PARANAPANEMA

A região do MPP está localizada no Estado de São Paulo, Brasil. Embora o Estado de São Paulo seja o mais desenvolvido da União, apresenta o mesmo problema de má distribuição de renda e de desenvolvimento que o Brasil. O MPP é a 3ª região menos desenvolvida do Estado e apresenta um

desenvolvimento limitado (relativo), devido, em parte, à falta de energia elétrica. Nessa região, a população rural é expressiva e a agricultura é a base da atividade econômica. Investimentos alternativos nos setores de demanda são considerados muito importantes para o futuro da região.

Os rios Paranapanema, do Peixe e outros menores são as fontes de energia elétrica mais importantes da região. A rede elétrica se estende no MPP cobrindo a superfície basicamente em 88 KV.

Uma parte do projeto criado para estabelecer uma infra-estrutura energética e valorizar a EE (energia elétrica) é o PIR, com o intuito de utilizar a energia e o seu aproveitamento em grande, pequena e muito mais em micro escala, e levando em conta suas características heterogêneas (energéticas, econômicas, ambientais e sócio-políticas, inclusive culturais) como instrumento para a sustentabilidade (UDAETA, 1997; GALVÃO et al, 1996; SQUAIELLA e HAGE, 1999; CHIAN e CARVALHO, 1997).

RESÍDUOS E OPÇÕES ENERGÉTICAS

O lixo é um indicador curioso de desenvolvimento de uma nação. Quanto mais pujante for a economia, mais sujeira o Brasil irá produzir. É sinal de que o país está crescendo, de que as pessoas estão consumindo mais. A questão é que as grandes cidades brasileiras não têm estrutura para encarar esse crescimento e se encontram perto de um limite. As prefeituras estão sem dinheiro para a coleta e já não há mais lugar onde jogar lixo.

O lixo urbano recebe a denominação de RSU quando é de responsabilidade da prefeitura e é subdividido em lixo domiciliar, comercial e público. Existem diversos tipos de RSU, onde cada tipo de lixo exige determinada forma de tratamento, seguindo uma metodologia denominada de Gerenciamento Integrado de Resíduos (CHIAN e CARVALHO, 1997), que visa tratar da forma mais adequada esta questão.

Uma característica importante que nem sempre é executada na prática é a priorização de ações, muitas vezes conhecida como política dos 3 R’s , de “Reduzir”, “Reutilizar” e “Reciclar” , antes da disposição final. Segundo esta política , cada “R” obedece a uma hierarquia. A reutilização não deve ser considerada até que as possibilidades de redução na fonte tenham se esgotado. A reciclagem não deve ser levada em conta até que as possibilidades de utilização tenham se esgotado, e assim por diante , até se chegar a disposição final (KANAYAMA, 1999).

Neste contexto, tem-se alem da reciclagem, outras formas de se solucionar o problema do lixo visando seu aproveitamento energético:

• Implantação de usinas de incineração para geração de energia elétrica a partir do calor gerado pela combustão do lixo;

(3)

• A compostagem dos resíduos orgânicos trazendo não só uma contribuição significativa de esgotamento de aterros sanitários, mas também na produção de energia com a geração de metano.

• Redução na geração de lixo já que menos lixo produzido significa menor utilização de recursos naturais e energia para sua produção, bem como menor quantidade de lixo destinado aos aterros (que também representa conservação de energia).

COMPOSTAGEM DO RSU

A compostagem dos resíduos pode ser encarada, na realidade, como a reciclagem de materiais orgânicos. Ela consiste da transformação de materiais orgânicos, como restos de alimentos, papéis, folhas, vegetais, madeiras, etc, em adubo orgânico. Atualmente ela é praticada de duas formas principais:

• Pontualmente, quando cada consumidor faz a compostagem de seus próprios resíduos gerados, comercializando-o ou utilizando-o em suas próprias atividades.

• Descentralizadamente, quando a compostagem é feita em centros de triagem de lixo, onde sua parcela orgânica recebe um tratamento adequado de cura para se transformar em adubo.

Na compostagem, durante o processo orgânico é liberado o biogás, que pode ser coletado e utilizado como fonte energética.

CÉLULAS DE LIXO

Um inovador meio de recuperar energia a partir da fração orgânica do lixo orgânica poderá aumentar a competitividade do biogás na geração de eletricidade.

A idéia central é melhorar as condições de desenvolvimento biológico nos aterros de lixo, de maneira a acelerar a produção de metano de três a dez vezes em relação aos índices alcançados em aterros convencionais. O processo de decomposição acelerada reduz o volume do aterro cria novas possibilidades para o gerenciamento do lixo urbano e permite a geração de energia a um custo de 3,5 centavos de dólar por kWh, o que é considerado excelente para este tipo de planta.

Esse processo permite a recuperação de 95% do potencial de biogás em dez anos. A recuperação desse gás , utilizando-se técnicas convencionais , geralmente ocorre num período de 20 a 50 anos. Antecipá-la para um período menor aumenta substancialmente a lucratividade anual da geração e , ao mesmo tempo, reduz o período de amortização do capital investido nos equipamentos (CERVEIRA e CLIMERU, 2000).

INCINERAÇÃO DOS RESÍDUOS Uma maneira tradicional de recuperação direta de energia a partir do lixo é através da

incineração.

É possível obter energia a partir de resíduos através da incineração, desde que esses sejam combustíveis e não excessivamente úmidos. O calor assim gerado pode ser utilizado para aquecimento direto, em processo de vaporização ou para gerar eletricidade. Alguns resíduos líquidos podem até ser utilizados como complementos a combustíveis convencionais.

As usinas de incineração utilizam fornalhas para queima de resíduos e vaporização da água para ser aproveitado em outros processos. Existem usinas que operam em larga escala, queimando 500 a 1000 toneladas por dia, e usinas de menor escala que operam de 50 a 100 toneladas por dia. As usinas de grande escala apresentam vantagem da economia de escala na utilização dos resíduos e também na geração de energia, à medida que as turbinas a vapor utilizadas podem ser maiores e com isso, de maior eficiência. As usinas de escala reduzida são úteis em comunidades com população em torno de 30 a 200 mil habitantes, produzindo entre 50 e 200 t/dia de RSU[10].

Na análise econômico-financeira desse tipo de projeto, as receitas são oriundas:

Da prestação de serviço de tratamento do lixo às municipalidades que o coletam e entregam na UTEL para a respectiva incineração;

Do suprimento de energia elétrica ao sistema interligado a ser remunerado pela concessionária local.

Resumidamente pode-se dizer que os benefícios de uma usina de incineração são:

Esterilização dos resíduos;

Diminuição do volume dos resíduos a ser aterrado e ampliação da vida útil existente;

Economia de combustível com transporte a aterros distantes;

Reaproveitamento energético dos resíduos e aumento da confiabilidade do fornecimento elétrico da região.

RECICLAGEM

A relação entre conservação de energia e o tratamento dos RSU pode ser ilustrada inicialmente através da referência a trabalhos voltados a enfocar os benefícios da reciclagem de lixo para solução dos problemas acima citados, mostrando como os setores de energia e de saneamento poderiam se relacionar, atuando de acordo com princípios de desenvolvimento sustentável. Existem materiais com altos potenciais de conservação de energia associada a sua reciclagem, como por exemplo, o plástico e o alumínio (CALDERONI, 1996; NEDER, 1995).

A verificação do fato da reciclagem de materiais propiciar tanto benefícios, trouxe a tona a questão original de determinar qual seria a contribuição para o setor energético, em termos de conservação de energia, se os índices de reciclagem no Brasil, que hoje é inferior a 1% , fossem maiores.

(4)

A produção de 1 tonelada de alumínio a partir da bauxita consome cerca de 16 MWh de energia, enquanto que, se for produzido a partir de alumínio reciclado, seriam necessários apenas 0,8 MWh de energia. Na produção de uma tonelada de barras de aço, a utilização de sucata, consome cerca de 1,8 MWh de energia, enquanto que a produção a partir de minério de ferro, consome cerca de 6,8 MWh. Para o papel, a economia de energia é 714% e, no caso do vidro, a economia é de 13%[7].

A economia de energia resultante da reciclagem de lixo para o Brasil poderia ser cerca de 37 TWh anualmente, cerca de 14% do consumo de energia elétrica no Brasil em 1995, cerca de 270 TWh.

Considerando-se que o potencial hidráulico inventariado firme no Brasil, segundo Balanço Energético Nacional de 1996, é de 92,9 GWh ano, para produção de 37 TWh, uma usina de aproximadamente 12 GW, equivalente a uma Itaípu, é necessária. Estes dados dão uma dimensão estimada da potencialidade de economia de energia. Há que ressaltar, no entanto, que a obtenção dessa economia não é trivial.

PRODUÇÃO DE ENERGIA NO MPP Após o estudo da caracterização e tratamento dos resíduos sólidos do MPP, pode-se aplicar à região, a manipulação adequada do lixo visando a prática da reciclagem e consequentemente a conservação de energia, aproveitamento energético dos resíduos urbanos coletados através de incineração do lixo na sua forma bruta ou após separação de materiais reaproveitáveis para reciclagem e adequação dos aterros existentes para implementação da compostagem dos materiais orgânicos voltada a produção de biogás.

A CARTEIRA DE RECURSOS ENERGÉTICOS DE RESÍDUOS

A intenção deste trabalho, neste estagio prévio mais teórico do que prático, é a de apresentar possíveis soluções para o desenvolvimento de recursos energéticos na região do MPP. Isso é, opçoes energéticas dentro dos RSU visando uma contribuição para um estudo mais amplo desenvolvido no PIRMPP[2, 3, 4, 5 e 6]. Este aproveitamento do conteúdo energético do RSU, no caso particular deste estudo, é conseqüência da conservação de energia, da implementação da reciclagem, do aproveitamento de materiais orgânicos contidos no lixo urbano para coleta de biogás além da recuperação energética em usinas termelétricas movidas a vapor gerado com o calor fornecido pela incineração dos resíduos.

3.1 Conservação de Energia e Reciclagem Com o valor total de lixo urbano no MPP de 28963

toneladas, acumulado em 1 ano, e separando os resíduos nos materiais viáveis para reciclagem, de acordo com a tabela 1, que mostra as percentagens dos materiais que compõe o lixo, a tabela 2 mostra a economia que pode ser alcançada com a reciclagem de alguns destes materiais. Nesta análise, o custo do kWh foi considerado como sendo R$75,00.

Além da economia de energia gerada pela reciclagem destes materiais, pode-se também considerar a possibilidade de sua revenda para sua reutilização. Abaixo, apresenta-se como exemplo os faturamentos que podem ser alcançados com a revenda de alumínio, plástico e papel:

• Alumínio: R$70 mil reais por ano. • Plástico: R$ 145 mil por ano. • Papel: R$ 435 mil por ano.

Considerando-se apenas estas três alternativas , pode-se faturar anualmente o total de R$ 650 mil com a revenda destes materiais.

Tabela 1 Componentes do lixo.

Total de lixo urbano produzido por Ano no MPP: 28.963 toneladas

Matéria

OrgânicaPapel Plástico Alumínio Vidro Rejeito Fração 58% 15% 5% 4% 3% 15% Massa

em t/ano 16.800 4.350 11.60 11.60 870 4.345

Tabela 2 Economia com a reciclagem Matéria-prima Sucata Taxa de redução Economia Material GWh R$ mil GWh R$ mil % GWh R$ mil Vidro 4,2 313 3,7 274 13 0,5 39 Papel 21,8 1.630 6,5 490 70 15,3 1.140 Alumínio 18,6 1.390 0,93 70 95 17,7 1.320

Tem-se, portanto, uma economia total, considerando-se as economias geradas pela reciclagem, de R$ 2,5 milhões por ano, e pela revenda, valendo R$ 650 mil, de R$ 3,15 milhões por ano (CERVEIRA e CLIMERU, 2000).

COMPOSTAGEM E BIOGÁS

Com o aproveitamento do gás gerado com a decomposição dos resíduos orgânicos em aterros adequados, pode-se gerar com 1 tonelada deste material o equivalente a 192 KWh por ano.

Assim, o potencial da região do MPP pode ser calculado, e dado que a produção anual de lixo é de 28963 toneladas e o percentual de lixo orgânico vale 58% tem-se, então, 16800 toneladas de resíduos orgânicos anualmente. Segue abaixo os cálculos que indicam o potencial energético deste aproveitamento e uma análise econômica desta alternativa para o MPP:

Total de resíduos orgânicos de 16800 t/ano: 192 KWh/t de resíduos orgânicos por ano

(5)

Total de 3226 MWh gerado por ano Custo de geração de 0,067 R$/kWh Custo total de geração 216 mil R$ por ano Faturamento bruto com a venda da energia de R$ 242 mil por ano*

Faturamento líquido para esta alternativa de R$ 26 mil por ano

* Valor para a venda de 75 R$/MWh. Vale ressaltar que estes valores utilizados no cálculo consideram o processo de produção de biogás de maneira acelerada.

Com esta alternativa, pode-se gerar anualmente o total de 3,3 GWh.

INCINERAÇÃO DOS RESÍDUOS Nesta alternativa que utiliza a queima dos resíduos para geração de energia, tem-se que com 1 tonelada de lixo consegue-se gerar 381 KWh por ano.

Focado na região do MPP, pode-se gerar até 11 GWh por ano com este aproveitamento. Segue abaixo uma análise detalhada:

Total de resíduos gerados, 28963 t/ano 381 KWh / t de resíduos por ano Total de 11000 MWh gerado por ano 0,09 R$/kWh, o custo de geração

Custo total de geração por ano, R$ 990 mil Faturamento bruto com a venda da energia por ano* de R$ 825 mil

Faturamento líquido para esta alternativa por ano de R$ 165 mil

* Valor para a venda, 75 R$/MWh

A análise econômico-financeira mostrada acima não considera fatores que podem gerar renda, como por exemplo, a prestação de serviço de tratamento do lixo às municipalidades vizinhas.

RECICLAGEM E INCINERAÇÃO DE MATERIAL ORGÂNICO

Será considerado neste item o aproveitamento energético da incineração de materiais orgânicos e a reciclagem de componentes inorgânicos do lixo, como vidro e alumínio, incluindo na reciclagem o papel.

Os valores que compõe os cálculos desta análise estão detalhados nos itens anteriores. Segue abaixo a tabela 3 que descreve o aproveitamento energético e faturamento para esta alternativa.

Tabela 3. Economia da reciclagem e incineração

Alternativas Incineração Reciclagem Resíduo aproveitado

energeticamente (ton por ano) 16.800 6.400 MWh gerado e/ou

economizado (por ano) 6.380 33.500

Faturamento líquido anual

(R$ mil por ano) 252 2500

Total gerado/economizado com as

duas alternativas (MWh por ano) 39.880 Faturamento total com as duas

alternativas (R$ mil por ano) 2.752

Aqui não se considerou outras possíveis maneiras de obtenção de renda como foi descrito nos itens anteriores.

Fica claro, portanto, a enorme economia de energia alcançada quando se integra-se estas duas alternativas de aproveitamento energético dos resíduos, chegando a 39,9 GWh anualmente.

RECICLAGEM E PRODUÇÃO DE BIOGÁS

Seguindo o raciocínio do item anterior, aqui será apresentado o aproveitamento energético da união da geração de biogás com materiais orgânicos e a reciclagem de componentes inorgânicos do lixo, vidro e alumínio, tanto como o papel,.

Os valores que compõe os cálculos desta análise estão detalhados nos itens anteriores. Na tabela 4, descreve-se o aproveitamento energético e faturamento para esta alternativa.

Tabela 4. Economia da reciclagem e biogás Alternativas Biogás Reciclage

m Resíduo aproveitado

energéticamente (tonelada por ano) 16.800 6.400 MWh gerado/economizado por ano 3.226 33.500 Faturamento líquido anual (R$ mil

por ano) 26 2.500

Total gerado/economizado com as duas

alternativas (MWh por ano) 36.726 Faturamento total com as duas

alternativas (R$ mil por ano) 2.526

Aqui não se considerou outras possíveis maneiras de obtenção de renda como foi descrito nos itens anteriores. Da mesma forma, a economia de energia chega a aproximadamente 37 GWh por ano.

POTENCIAL ENERGÉTICO DOS RSU

Procura-se neste item, fazer uma análise do potencial energético dos resíduos da região do MPP, bem como a viabilidade de sua utilização, aplicados a um horizonte de 10 anos (CERVEIRA e CLIMERU, 2000).

Este estudo torna-se extremamente delicado, visto que depende de algumas variáveis incertas tais como, desenvolvimento econômico do pais, crises externas, investimentos no setor energético, papel sócio-econômico da região, bem como seu desenvolvimento e participação perante outras regiões do país. Faz-se necessária uma análise quantitativa do potencial energético dos resíduos da região do MPP. Nessa análise adota-se o PIB como um indicativo da produção de lixo urbano, seguindo portando uma análise baseada em seu valor. Como a expectativa de crescimento do PIB brasileiro é de

(6)

3% a 4% ao ano, e considerando-se num cenário normal, que o crescimento da geração de resíduos urbanos cresça proporcionalmente, tem-se que em 10 anos este crescimento será da ordem de 40%. Assim, pode-se prever o potencial energético teórico, a partir do já calculado anteriormente, para um horizonte de dez anos, como seguem os valores abaixo:

• Conservação e Reciclagem: 47 GWh / ano • Compostagem e Biogás: 5 GWh / ano • Incineração: 15 Gwh / ano

• Reciclagem e Incineração: 56 GWh / ano • Biogás e Reciclagem: 52 GWh / ano

CONCLUSÃO

Este trabalho elabora uma análise do aproveitamento energético dos resíduos da região do Médio Paranapanema -MPP, com a finalidade de geração de energia elétrica dentro do contexto do Planejamento Integrado de Recursos -PIR.

Para tal, foi necessária a realização de um estudo que permitisse uma avaliação que levasse em conta aspectos ambientais, sócio-culturais e econômicos, atentando-se para o Desenvolvimento Sustentável.

A região do MPP possui uma demanda reprimida de energia elétrica, o que afeta consideravelmente o nível de desenvolvimento sócio-econômico da região. Dentro deste contexto, este estudo torna-se de grande valia e objetivou a apresentação de possíveis soluções para o desenvolvimento de recursos energéticos na região, de onde pretendeu-se possibilitar uma visão abrangente dos recursos e das técnicas para utilização destes, direcionado a um horizonte de tempo de dez anos.

Este aproveitamento é conseqüência da conservação de energia, da implementação da reciclagem, do aproveitamento de materiais orgânicos contidos no lixo urbano para coleta de biogás além da recuperação energética em usinas termelétricas movidas a vapor, gerado com o calor fornecido pela incineração dos resíduos.

Além das possibilidades de conservação e geração de energia elétrica utilizando-se dos resíduos, vale ressaltar a participação desta alternativa energética como solução aos problemas do lixo urbano, trazendo benefícios ambientais como, diminuição da poluição e uma solução para a falta de espaço para deposição do lixo nos grandes centros urbanos.

Finalmente, indicar que se trata de um estudo preliminar a respeito do tema, cuja abrangência e factibilidade dependem, além do aprofundamento deste estudo, da participação/envolvimento de diversas partes: comunidade regional, Universidade (pesquisa), setor público (governo e usuários) e setor privado (produtor e consumidor). Com a sinergia das

diversas partes envolvidas, este estudo será útil para perspectivas de geração de energia utilizando-se fontes alternativas, colaborando para o desenvolvimento sustentável da região do Médio Paranapanema.

PALAVRAS CHAVE

Resíduos Sólidos Urbanos, Energia do Lixo, Reciclagem, Reuso, Planejamento Integrado de Recursos, Recursos Energéticos, Planejamento Energético, Desenvolvimento Sustentável.

AGRADECIMENTOS

Aos Engenheiros Daniel Cerveira e Mauro Climeru, pelo trabalho base realizado (CERVEIRA e CLIMERU, 2000), que deu sustento ao presente manuscrito.

6. REFERÊNCIAS

[1] CERVEIRA, D.R.P.; CLIMERU, M.F. Energia dos Resíduos da Região do Médio Paranapanema, Relatório Final do Projeto de Formatura. PEA – EPUSP, Sao Paulo 2000.

[2] AMARO, R.C.; SILVA, R.C. Estudo em Precificação e Tarifação Como Recurso Energético Para as Regiões com Características Similares ao Médio Paranapanema, Relatório Final do Projeto de Formatura. PEA – EPUSP, Sao Paulo 1998.

[3] UDAETA, M.E.M Planejamento Integrado de Recursos Energéticos -PIR- para o setor elétrico (pensando o desenvolvimento sustentável). São Paulo, 1997. Tese (Doutorado). Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. [4] GALVÃO, L.C.R.; REIS, L.B.; UDAETA, M.E.M. Fundamentos para o planejamento Integrado de recursos numa Região de Governo do Estado de São Paulo apontando a Energia Elétrica. In : VII Congresso Brasileiro de Energia, 1996, Rio de Janeiro.

[5] SQUAIELLA, D.; HAGE, S.F. Energia Solar no MPP, Relatório Final do Projeto de Formatura. PEA – EPUSP, Sao Paulo1999.

[6] CHIAN, C.C.T:; CARVALHO, C.E. Avaliação dos Custos Completos dos Recursos Energéticos na Produção Integrada de Termofosfatos no MPP. Relatório Final do Projeto de Formatura. PEA – EPUSP, São Paulo 1997.

[7] KANAYAMA, P.H. Minimização de Resíduos Sólidos Urbanos e Conservação de Energia. São Paulo, 1999. Dissertação de Mestrado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

[8] CALDERONI, S. Perspectivas econômicas da reciclagem do lixo no município de São Paulo. Tese de doutoramento, FFLCH-USP, Depto. Geografia. São Paulo, 1996.

(7)

[9] NEDER, L.T.C. Reciclagem de Resíduos Sólidos de Origem Domiciliar. Análise da Implantação e da Evolução de Programas Institucionais de Coleta Seletiva em Alguns Municípios Brasileiros. Dissertação de Mestrado. USP – Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental. São Paulo, 1995.

[10] TCHOBANOGLOUS, G.; THEISEN, H.; VIGIL S.A. Gestión Integral de Residuos Sólidos, Volume I e II, McGraw-Hill, 1994.

1

Autor Responsável: Miguel Edgar Morales Udaeta GEPEA – USP

Avenida Prof. Luciano Gualberto, trv3, 158 CEP: 05508-900

São Paulo - SP - Brasil eMail: udaeta@pea.usp.br

Referências

Documentos relacionados

O contexto e as questões acima motivaram a elaboração do presente artigo, baseado em uma pesquisa empírica com o objetivo de reportar cientificamente como se

Campanhol (2013) destaca que componentes elétricos como retificadores controlados, reatores, inversores de tensão e corrente, fontes chaveadas, têm contribuído para a queda

Diante deste panorama, a necessidade não apenas de abordagem da temática da saúde, como também a preparação dos profissionais para desenvolver este trabalho, deve ser questionada e

De acordo com a Atualização do Plano Integral de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGIRS) do Município de Villavicencio, emitido pela Prefeitura em 2015, a gestão da

Diante desse problema, o município propôs dois objetivos concretos a serem atingidos a médio e longo prazo: o cuidado com o meio ambiente por meio da redução de resíduos

Porque até admitamos que, em comparação a apenas “to tremble” (Qal), “to hover and tremble” (Piel) comporte um sentido de movimento mais intenso, mas, como quer Halot,

Para que o seu médico possa receitar–lhe a dose adequada de Enalapril + Hidroclorotiazida Cinfa, ele precisa de saber se está a tomar outro(s) medicamento(s) para baixar a

Resíduos Sólidos – PNRS, que prevê a geração de energia, mas não pela incineração, sendo