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BIG BANDS - A MARAVILHOSA ERA DO SWING

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MÚSICOS, FATOS & CURIOSIDADES • Nº 59 • AGOSTO 2010

“BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWING

1ª PARTE

Foi nos U.S.A. (e em muitos outros paises, ainda que com menor intensidade que na origem americana) uma era esplendorosa, de “glamour”, de classe e de qualidade musical ! ! !

A imensa maioria dos biógrafos delimitam a “era das Big Bands” (ou “era do swing”) no período de 1935 a 1945, já que nesse intervalo podemos contabilizar mais de 05 centenas de bandas atuando (isso mesmo, mais de 500 ! ! !), ai incluídas desde as mais célebres, as lideradas por maestros, por trumpetistas, por saxofonistas, por pianistas, por cantores, as denominadas “Mickey-Mouse” (lideradas por negociantes, ou por músicos, mas com arranjos “quadrados”, sem inovações), por arranjadores, as bandas de “território”, enfim uma verdadeira constelação de bandas, que alegravam, eram ouvidas e faziam dançar todas as classes sociais americanas.

Muitas delas com larga permanência no mercado, outras muitas com passagem meteórica por esse cenário, outras que mesmo após a “era do swing” permaneceram por décadas posteriores, com ou sem o líder que as constituiu.

Ainda que o período de cerca de 11 anos indicado acima constitua a época áurea dessas formações, é evidente que as ”Big Bands” não surgiram de uma hora para outra; é claro que tiveram sucessivas “raízes” anteriores.

Apenas como exemplos e entre tantos outros, já em setembro de 1923 tínhamos a “Washington Black Sox Orchestra” (organizada pelo banjoista Elmer Snowden) aportando em New York, para temporada semestral no “Clube Hollywood”, que a partir de 1925 passou a denominar-se “Kentucky Club”, com o grupo já então liderado por Duke Ellington que havia substituído Elmer Snowden. Outro exemplo que remonta às “raízes”, é o fato da existência dos salões de baile (os denomiados “ballrooms”) desde a década de 1920, evidentemente com as danças animadas por formações “orquestrais”, constituidas por maior quantidade de músicos que a característica do JAZZ tradicional, como as de Paul Whiteman e de Jimmie Lunceford, alegrando multidões de dançarinos. Assim, as “Big Bands” foram, de início, formações para “fazer dançar” nesses “ballrooms”.

Utilizando as palavras felizes de Augusto Pellegrini (“Jazz – Das Raízes Ao Pós-Bop”, editora CODEX, 1ª edição, 2004, Brasil), “...Durante os anos 1920, os Estados Unidos passaram por grandes transformações sociais e tecnológicas. Os chamados roaring twenties (ferozes anos 20) fizeram crescer a especulação nas bolsas de valores, massificaram a música por meio dos discos de vitrola (“Juke Boxes”), colocaram som no cinema, até então mudo, testemunharam o crescimento da indústria de uma forma geral e originaram uma nova classe emergente, a classe dos novos ricos,

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grandes consumidores de espetáculos e shows musicais... Em Nova York, a nova mania da dança influenciava decisivamente os grupos orquestrais... A novidade estrutural do swing consistiu na mudança do 2/2, utilizado no jazz tradicional de Nova Orleans ou de Chicago, para um 2/4 ou 4/4. Consistiu também no diferente fraseado dos instrumentos e no desenvolvimento dos riffs,...”. Some-se a esSome-se cenário o “crack” de 1929, a grande depressão pela quebra da bolsa de valores americana, que levou o grande público à busca desenfreada de diversão, no cinema e, em grande parte, nos “ballrooms”.

Isso significa que as “raízes” das “Big Bands” foram plantadas e crescentes bem antes dessa fase áurea, assim como a atração por essas formações permaneceram até muito depois, sendo certo que ainda hoje podemos apreciar muitas delas em atuação.

Como observação é importante assinalar que a palavra “swing” é utilizada tanto para definir a “era swing” (se assim podemos qualificar essa “etapa” do JAZZ, que convencionalmente situamos nessas décadas 1930/1940, precedendo ao “bebop”), quanto é adotada para referir-se ao “balanço rítmico”, a pulsação característica do JAZZ - dizemos que determinada execução “tem swing” - que define a “escola swing” das “Big Bands”, em que o talento dos improvisadores e, ainda que com simplicidade de estrutura, os arranjos com variações dos timbres e texturas entre as diversas sessões de instrumentos, cria a “tensão”, o interesse e a vontade de dançar do ouvinte.

Nada se compara à profusão de salões (espaços nos hotéis, locais para assistir às “Big Bands” ou essencialmente como “ballrooms”) já existentes ou inaugurados a partir da década de 1930: Savoy, Cotton Club, Terrace Room (New York Hotel), Moonlight Terrace (Baltmore Hotel), Manhattan Room (Pensylvania Hotel), Grill Room (Lexington Hotel), Roosevelt Grill, Blue Room (Lincoln Hotel), Green Room (Edson Hotel), Palm Room (Comodore Hotel), Roseland, Paradise Restaurant, Paramount, Strand, Lowe’s State, Glen Island Casino, Meadowbrook, todos esses em New York ou em suas cercanias, alem de dezenas de outros espalhados por todos os U.S.A. como, por exemplos e entre tantos e tantos outros, Raymor em Boston, Blue Room (Hotel Roosevelt) em New Orleans, Trianon e Aragon em Chicago, Palomar Ballroom em Hollywwod, Mark Hopkins Hotel em San Francisco, Steel Píer em Atlantic City etc.

A partir de 1942 e em decorrência do esforço militar dezenas de músicos e líderes de “Big Bands” ingressaram nas Forças Armadas americanas, ficando claro que nos anos da IIª Guerra Mundial as “Big Bands” foram a grande animadora das tropas americanas que lutavam contra o nazismo, seja apresentando-se nos campos de treinamento, seja indo diretamente ao “front” de batalha para levar-lhes, mais que música, as lembranças da pátria remota e do lar. Outra forma de fazer com que os combatentes desfrutassem do som das “Big Bands” (e de seus demais artistas favoritos), foi a edição dos famosos “V-Discs”, discos da vitória (leia os detalhes na “Revista Mensal do Jazz”, edição nº 30 de março/2008).

A formação básica de uma “Big Band” era a de 03 sessões básicas de instrumentos: a primeira sessão sendo a de metais (trumpetes e trombones, com 03 ou 04 músicos em cada instrumento, quantidade que podia ser ampliada), a segunda sessão constituida de palhetas (saxofones alto, tenor e barítono, podendo incluir clarinete, com um total variando de 03 a 05 ou 06 músicos) e uma terceira sessão sendo a rítmica, ou “cozinha”, com piano, guitarra, contrabaixo e bateria. Assim, uma “Big Band” alinhava cerca de 15 a 20 músicos, com eventual inclusão de uma sessão de cordas, além de, quase sempre, contar com 01 ou 02 cantores (as), mais grupo vocal com título próprio.

Muitas das “Big Bands” foram essencialmente “dançantes”, com pouco JAZZ em suas execuções (ainda que tal característica não lhes tenha tirado o brilho e a qualidade), enquanto outras, além de “dançantes”, tiveram alto grau de JAZZ, especialmente pelos espaços reservados para os solos de seus integrantes.

A figura exponencial, em torno da qual tudo girava, era a do “líder”, entre os quais muitos se tornaram ícones da música americana, por suas personalidades que impregnaram todo o trabalho das respectivas bandas: o líder definia a banda. Todas as “Big Bands” possuíam seus arranjos escritos, que eram o guia para os músicos em suas respectivas estantes, daí a importância dos “arranjadores” dessa “era swing”, muitos dos quais foram tão ou mais famosos que as próprias bandas. Assim, o

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“líder” principalmente, mas também o “arranjador”, sempre foram as figuras principais de cada “Big Band”.

A “febre” das “Big Bands” foi de tal forma importante, que em 1946 foi publicado nos U.S.A. o livro “BIG BOOK OF SWING” (autor Bill Treadwell), em que o Autor classifica e apresenta as “Big Bands” e seus líderes (“kings”, “corny”, “society”, “cowboy”, “circus”, “crazy”, “hawaiian” etc), desfila uma belo painel dos cantores e cantoras (“crooners” e “lady crooners”), reserva um capítulo para um “dicionário do swing” e, é sério, descreve em dois capítulos “como escrever a música com swing” e “como montar uma Big Band” ! ! !

Mesmo com tantas centenas de “Big Bands” atuando, a nosso juízo e preferência pessoal são 06 as que mais destaque tiveram para o JAZZ, enquanto outras 06 cunharam um “som” tão marcante, que são destaque obrigatório em qualquer lista de preferências.

Assim, as bandas de Benny Goodman (clarinetista denominado o “Rei do Swing”), de Count Basie (que aportou o “Jazz de Kansas City” para o cenário e destacando, além de excepcionais solistas, sua famosa “all american rhythm section” = Count Basie, Freddie Green, Walter Page e Jo Jones, respectivamente piano, guitarra, baixo e bateria), de Duke Ellington (pianista com arranjos escritos especialmente para seus músicos, daí dizer-se que o instrumento tocado por Ellington não era o piano, mas sua orquestra), de Tommy Dorsey (“The Sentimental Gentleman”, trombonista com som de veludo, uma formação “top” de músicos e de vocalistas, com arranjos de alta qualidade), de Woody Herman (clarinetista que ao longo dos anos montou diversas formações de músicos, denominados de “herds” = rebanhos) e de Stan Kenton (pianista com arranjos mais requintados e tinturas de clássicos), definem o melhor do JAZZ nas “Big Bands”.

Count Basie, Benny Goodman, Duke Ellington, Stan Kenton, Tommy Dorsey e Woody Herman

Por outro lado e em função de suas sonoridades inconfundíveis, foram destaque no cenário das “Big Bands” as de Glenn Miller (trombonista e um dos maiores êxitos comerciais de toda a história, com uma qualidade de som superlativa - quem não teve o delicioso prazer de dançar ao som da inconfundível gravação do hiper-clássico “Moonlight Serenade” ???), de Artie Shaw (“Begin The Beguine”, “Stardust”, “Temptation”, lembram ???!!!...), de Harry James (“The King Of The Juke Boxes”), de Les Brown (que teve como vocalista Doris Day e como prefixos os clássicos “Leap Frog” e mais tarde “Dance Of The Blue Devils”, assim como “Sentimental Journey” para tema de encerramento de suas apresentações), de Les Elgart (somente iniciada em 1945 e que atingiu seu melhor “som” com os arranjos de Charles Albertine) e de Jimmie Lunceford (a “Big Band” que prolongou sua apresentação programada para 1/4 de hora, na noite de 19/novembro/1940 = foi uma maratona iniciada às 20 horas desse dia 19 e encerrada às 04 horas de madrugada seguinte, no “Manhattan Center” de New York, diante de público estimado em mais de 8.000 pagantes, com 15 minutos para cada uma das 28 “Big Bands” participantes, entre as quais as de Les Brown, Glenn Miller, Glen Gray, Benny Goodman, Sammy Kaye, Count Basie e outras = após a apresentação da banda de Lunceford, os aplausos e a insistência da platéia impediram a apresentação das demais bandas, até que fosse permitida a execução de mais músicas pela banda de Lunceford).

É importante frisar que cada uma das “Big Bands” buscava, por meio dos arranjos próprios e de seus músicos, um “som” próprio, inconfundível, claramente identificável pelo grande público, seja nos bailes, já seja nas gravações que nos deixaram como legado eterno. O “som” de uma “Big Band” era, sempre foi, sua marca registrada, sua identidade, daí a importância dos arranjadores.

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Prosseguiremos no mês de outubro próximo, nominando os “Prefixos” de algumas dessas “máquinas de fazer swing”.

Segue na “Revista Mensal do Jazz” nº 60, setembro/2010, ““BIG BANDS”- A MARAVILHOSA ERA DO SWING 2ª Parte

Referências

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