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2ª ETAPA. Ortiga Rossio ao Sul do Tejo: Crónica de 29 de Maio de 2016

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2ª ETAPA

Ortiga – Rossio ao Sul do Tejo:

Crónica de 29 de Maio de 2016

A chuva copiosa prolongou-se por quase toda a noite de 28 para 29 de Maio. De madrugada, as tendas dos fuzileiros, camufladas junto dos seus botes – que nunca podem abandonar – estavam encharcadas por fora, mas totalmente secas por dentro. A qualidade do material foi posta à prova e aprovou. O pessoal já estava preparado e em boa forma no início da manhã do dia 29 para iniciar a segunda etapa do Cruzeiro.

Os barcos foram então colocados na água, no Bairro dos Pescadores, e o Cruzeiro reiniciou-se. O primeiro obstáculo foi encontrado no açude da Marabana, obstáculo difícil em anos

anteriores, devido aos rápidos mas, por causa do maior caudal registado este ano, a passagem fez-se com tranquilidade. A este maior caudal não é estranha a excelente colaboração da EDP, que coordenou as descargas de água nas barragens com os horários de passagem das

embarcações. Registámos que, pela primeira vez, as embarcações passaram com os peregrinos sem enfrentar qualquer perigo, apesar de terem roçado em algumas pedras que por ali existem.

O cortejo das embarcações foi organizado para garantir que à frente seguia um bote dos fuzileiros, fechando com o segundo bote, como condição de segurança necessária para a

protecção de todas as pessoas e de todo o equipamento. Registámos também o acompanhamento de um bote do Comando Territorial da GNR, que seguiu na retaguarda, igualmente para apoio. Sentimo-nos todos em segurança, porque bem acompanhados.

Fomos navegando em direcção a Alvega onde ocorreu a primeira paragem. Entretanto, a imagem de Nª Senhora tinha sido deslocada de Ortiga, por estrada, num barco típico daquela zona, o picareto – colocado num atrelado –, para se juntar ao cortejo, mais à frente, e em condições de segurança, que não existiam no Bairro dos Pescadores.

Chegados a Alvega, fomos recebidos pelo presidente da Junta de Freguesia, por populares e pela Banda Filarmónica Alveguense, que interpretou várias músicas como forma de saudação e de apoio ao IV Cruzeiro.

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Pormenores da chegada e da paragem em Alvega

A banda filarmónica actuou durante cerca de uma hora, perto do novo Centro Náutico de Alvega, importante infra-estrutura de apoio às actividades fluviais, recentemente inaugurada, cerca de 15 dias antes. Os peregrinos, a banda, os populares e membros do poder local, confraternizaram de uma forma salutar.

Partimos em direcção a Mouriscas, 2ª paragem desta 2ª etapa, não sem que antes as pessoas se despedissem da imagem com lenços brancos e cânticos. Despediram-se igualmente dos peregrinos do IV Cruzeiro com um significativo “até para o ano”, como que selando ali um compromisso de lá voltarmos em 2017. Todos sem excepção o disseram, enquanto se despediam e aplaudiam, num emocionante momento.

Entre Alvega e Mouriscas há um ponto tradicionalmente muito difícil de ultrapassar, que é o Cachão de Alfanzira. No entanto, este ano o caudal foi bom, devido à colaboração da EDP, pelo que o trajecto se cumpriu sem dificuldade. Nas Mouriscas tivemos uma surpresa total porque fomos recebidos por uma Comissão de mourisquenses, por um corpo de escuteiros, pela banda filarmónica e por centenas de fiéis, num espaço junto ao Tejo, o Porto dos Cascalhos,

totalmente limpo e embelezado propositadamente para o IV Cruzeiro. Limparam – com a ajuda da Junta de Freguesia e da Câmara Municipal – todo o terreno junto à margem do Tejo, e aí montaram um pequeno altar para onde a imagem de Nª Senhora foi colocada. Rezaram e mostraram o seu respeito religioso e a sua fé.

Momentos da paragem em Mouriscas, junto ao pequeno altar e com a banda a actuar Montaram igualmente enormes mesas corridas e nelas serviram uma gloriosa refeição para os peregrinos e para todos os mourisquenses presentes. Houve casais que levaram toalhas e as

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estenderam à beira-rio para nelas fazerem piqueniques, como faziam antigamente (não esquecendo o garrafão), como nos testemunharam com um brilho nos olhos.

Imagens da refeição colectiva e dos piqueniques que se fizeram na mesma altura

É impossível descrever em tão poucas palavras o que de tão rico e intenso ali se viveu naqueles momentos. Em várias ocasiões os membros da organização não deixaram de revelar a sua emoção pela partilha e pela alegria de ver tantas pessoas juntas, a comungar o prazer de ali estarem junto ao Tejo. Foi uma extraordinária manifestação de convívio e aqui ouvimos o que já ouvíramos em Alvega “até para o ano!, porque nós vamos continuar e fazer ainda melhor, por nós todos e pelo rio”. Mais disseram, que vão recuperar aquele espaço tradicional para as famílias de Mouriscas, para poderem gozar da proximidade do Tejo, tal como o faziam antigamente, porque os piqueniques não foram esquecidos, mesmo depois de tantos anos.

A imagem da Santa foi então embarcada numa emotiva cerimónia de despedida, com cânticos e lenços brancos a acenar, e o Cruzeiro foi retomado em direcção ao Pego. Junto à Central Termoeléctrica do Pego foi há pouco tempo mandado construir um travessão de pedra para permitir a subida das águas com o objectivo de arrefecer as turbinas da Central. Esse travessão é um obstáculo sério, mas foi possível resolvê-lo com simplicidade, porque a própria empresa Pegop colaborou exemplarmente com o Cruzeiro, mandando instalar uma enorme grua em cima do travessão, com a qual foi possível transferir as embarcações de um lado para o outro, sem problemas – 4 embarcações foram transferidas em 15 minutos –, retomando-se o percurso sem qualquer acidente e com segurança.

Chegados ao Pego – ou Barca do Pego, onde antigamente existia uma barca de passagem para Alferrarede – fomos de novo agradavelmente surpreendidos com a recepção calorosa ao Cruzeiro. A população deslocou-se a pé e de carro até à beira-Tejo para estar com a imagem de Nª Senhora. A localidade do Pego dista cerca de 3 a 4 Km da beira-rio mas tal não foi

impeditivo de muitos populares aí se deslocarem.

Fomos recebidos pelo rancho etnográfico juvenil do Pego, onde as tradições culturais e folclóricas são já muito antigas e enraizadas. O Rancho actuou, dançou e cantou vários temas característicos do seu repertório

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Aspectos da recepção popular no Pego e membros do seu Rancho juvenil que aí actuaram A despedida foi muito emocionante porque as pessoas devotas de Nª Senhora encheram de pétalas de rosas a proa da bateira que transportava a imagem, assim como o andor, numa manifestação de louvor, amor e fé. A embarcação “mudou de cor”, tal a quantidade de pétalas nela colocada, deixando um perfume que se manteve até ao final da etapa, no Rossio…

Pétalas de rosas na bateira e no andor, tendo por assistência os pegachos que mais uma vez estiveram com o Cruzeiro

Despedimo-nos e partimos em direcção à paragem final da 2ª Etapa, no Rossio ao Sul do Tejo, verificando que ao Cruzeiro fluvial se tinham juntado mais três embarcações que nos quiseram seguir a partir do Pego. Chegámos ao Rossio sem qualquer incidente, num percurso tranquilo e, aí chegados, atracámos na rampa onde sempre atracamos, com a embarcação escoltada pelos dois botes dos fuzileiros navais, repetindo o mesmo impressionante cenário de 2015.

A chegada a Rossio do Sul do Tejo

Foi então efectuada uma cerimónia religiosa de boas-vindas ao Cruzeiro e à imagem de Nª Senhora, debaixo da enorme tenda existente no cais, porque entretanto tinha começado a chover, como no dia anterior. Apesar disso, as pessoas não arredaram pé. No acto de recepção esteve presente a Banda Filarmónica de Rossio ao Sul do Tejo, que abrilhantou a cerimónia.

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A recepção em Rossio do Sul do Tejo

Por fim, o andor com a imagem de Nª Senhora foi transportado para a igreja matriz – em cortejo, acompanhado pelas pessoas presentes -, onde fica até à etapa seguinte, a terceira, a realizar no dia 2 de Junho de 2016.

Tratou-se então da logística do Cruzeiro, como se se cumprisse a máxima “até ao lavar dos cestos…”, isto é, foi-se transportar os botes dos fuzileiros para a segurança do quartel dos bombeiros e as embarcações para o estaleiro da Câmara Municipal de Abrantes, que nos deu uma preciosa colaboração. Fomos por fim convidados para jantar, na associação Envolve, do Rossio, e aí fomos recebidos de acordo com a hospitalidade e o carinho das gentes ribeirinhas.

Foi um bom pretexto para conviver e para retemperar forças para as etapas que aí vêm, neste Cruzeiro que começou agora o seu longo percurso.

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Referências

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