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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA WENDEL FERREIRA DE ANDRADE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA

WENDEL FERREIRA DE ANDRADE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONOMICO DO MUNICIPIO DE BOA VISTA – RR, ENTRE OS ANOS DE

2010 - 2015

BOA VISTA, RR 2018

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WENDEL FERREIRA DE ANDRADE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONOMICO DO MUNICIPIO DE BOA VISTA – RR, ENTRE OS ANOS DE

2010 - 2015

Monografia apresentada à Universidade Federal de Roraima (UFRR) como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharelado em Ciências Econômicas.

Orientadora: Prof. Dra. Sandra Maria Franco Buenafuente.

BOA VISTA, RR 2018

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WENDEL FERREIRA DE ANDRADE

DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL: UMA ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONOMICO DO MUNICIPIO DE BOA VISTA – RR, ENTRE OS ANOS DE

2010 - 2015

____________________________________________ Prof. Dr.ª Sandra Maria Franco Buenafuente Orientadora/ Curso de Ciências Econômicas - UFRR

____________________________________________ Prof. Dr.ª Ingrid Cardoso Caldas

Membro/ Curso de Ciências Econômicas – UFRR

____________________________________________ Prof. Ms. Mara Cristina Maia da Silva

Membro/ Curso de Ciências Econômicas - UFRR

Monografia apresentada à Universidade Federal de Roraima (UFRR) como parte dos requisitos para a obtenção do título de Bacharelado em Ciências Econômicas, apresentada em 13 de dezembro de 2018 e avaliada pela seguinte banca examinadora:

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A todos os meus familiares e amigos que me ajudaram através desse trabalho quero mostrar que para tudo se tem um jeito, só basta querer e fazer acontecer. Agarrar com todas as forças que você consegue! Deus é fiel.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a minha orientadora, Prof.ª Dr.ª Sandra Maria Franco Buenafuente, por ter aceitado me orientar, diante das constantes orientações na universidade, das nossas reuniões e principalmente dos nossos encontros que por sinal foram muito proveitosos, e diante disso foi uma ótima orientadora e fez um trabalho excepcional, e fez jus aos seus títulos e carreira profissional.

De tal modo, meus sinceros agradecimentos a Universidade Federal de Roraima – UFRR, pelo apoio oferecido por meio dos colaboradores e professores. Que desde o zelador até o reitor. Acreditando que cada um, fazendo a sua parte, faz toda a diferença. Ao Departamento de Economia por toda base e apoio ao decorrer do curso, pelo empenho e dedicação. Aos meus professores e professoras que me concederam uma grande formação durante todo curso.

Aos meus pais por estarem na minha vida, pois sem eles não sei o que seria de mim, eles me dão motivo para lutar pelas coisas e de alcançar objetivos que até eles mesmos não conseguiram, seja por falta de oportunidade, os mesmos não tiveram mais que lutaram para que todos os seus quatro filhos, meus irmãos, tenham uma educação digna e de qualidade.

Ao Evane, através do apoio e sempre ali ao meu lado, aos meus Amigos, Paula, Wiliam, Josias, Estefany, Laiane e entre outros que estavam sempre ali me dando forças para enfrentar as batalhas da faculdade, seja nos momentos de luta e de glória. Aos meus amigos que no começo foram se modificando, pois muitos desistiram e poucos ficaram para “aguentar o tranco”, pois o curso de economia é um desafio e não é para qualquer um.

Agradecer a Deus por ter me dado animo e mais uma oportunidade de crescer pessoal e profissionalmente. Quantas vezes eu quis desistir por estar cansado do dia-a-dia, mais mesmo assim vinha para as aulas, e através do incentivo, apoio e colaboração dos professores e instituição, pude estar concretizando mais um ciclo de vida, uma graduação tão vista no Brasil e no Mundo, visando a economia que é uma parte do dia-a-dia da sociedade.

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“Determinação, coragem e autoconfiança são fatores decisivos para o sucesso. Se estamos possuídos por uma inabalável determinação, conseguiremos superá-los.

Independentemente das circunstâncias, devemos ser sempre humildes, recatados e despidos de orgulho”.

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RESUMO

O seguinte trabalho abordará as questões de crescimento, desenvolvimento e sustentabilidade em relação ao município de Boa Vista – RR, referenciando seu crescimento no período de 2010 á 2015. O município vem se mostrando a cada ano um forte aliado na economia do estado de Roraima, revelando-se por ter uma população expressiva, pois a maioria se concentra na capital. Boa Vista concentra três reservas indígenas: dentre elas esta Barra do Livramento, Truaru e Serra da Moça. Essa situação traz ao lume a questão relativa à sustentabilidade, trazendo questões não só de preservação ambiental como também da importância da relação índio-natureza e os impactos que podem ocorrer com essa exploração do homem para com a natureza. Serão abordadas também as medidas de sustentabilidade pensando sempre no desenvolvimento e crescimento econômico , e como esses dois patamares podem andar juntos e fazer assim uma maximização de produção, sem prejudicar o meio ambiente. Mostra-se a importância de ver não só nas gerações presentes mais também uma vista no futuro. O objetivo frente à pesquisa se dá aos índices de crescimento e desenvolvimento econômico no município de Boa Vista – RR, e identificar os possíveis métodos e medidas que podem ser adotadas para que o desenvolvimento sustentável percorram conectados, oferecendo uma análise para ser discutida e verificada. Acredita-se assim que o lado da sustentabilidade possa ser tratado de forma adequada às questões ambientais do mundo moderno, o trabalho vem abranger esse tema bastante consolidado nos país e no mundo, e que vem tomando relevância na atualidade, por que há um pensamento abrangente de forma preocupante no mundo moderno, para que esse tema se perpetue nas práticas sociais, econômicas e analógicas com o meio natural que o cercam.

Palavras-Chave: Desenvolvimento Econômico; Crescimento Econômico; Boa Vista; Sustentabilidade.

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ABSTRACT

The following work will address the issues of growth, development and sustainability in relation to the municipality of Boa Vista - RR, referring to its growth in the period from 2010 to 2015. The municipality has been showing every year a strong ally in the economy of the state of Roraima, revealing itself to have an expressive population, since the majority is concentrated in the capital. Boa Vista concentrates three indigenous reserves: among them is Barra do Livramento, Truaru and Serra da Moça. This situation raises the issue of sustainability, bringing not only issues of environmental preservation but also the importance of the Indian-nature relationship and the impacts that can occur with this exploitation of man against nature. Sustainability measures will also be addressed, always thinking about development and economic growth, and how these two levels can go together and thus maximize production without damaging the environment. It is shown the importance of seeing not only present generations but also a view in the future. The objective of the research is to evaluate the growth and economic development indexes in the municipality of Boa Vista - RR, and to identify the possible methods and measures that can be adopted for sustainable development to be connected, offering an analysis to be discussed and verified. It is thus believed that the sustainability side can be adequately addressed to the environmental issues of the modern world, the work comes to embrace this topic well consolidated in the country and in the world, and that is taking relevance in the present, because there is a comprehensive thinking in a worrisome way in the modern world, so that this theme perpetuates itself in the social, economic and analogical practices with the natural environment that surrounds it.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Gráfico do PIB de Roraima – Período de 2010 á 2015... 36

Figura 2 - Gráfico Crescimento Populacional de Roraima - 2010 á 2015 ... 42

Figura 3 - Gráfico do PIB do Estado de Roraima – R$ bilhões ... 43

Figura 4 - Gráfico da Participação dos setores na economia de Roraima 2010 á 2015.... 45

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - PIB do Brasil e PIB per capita do Brasil e Estados da Região Norte ... 44

Tabela 2 - PIB dos Municípios Roraimenses e sua participação (R$ Milhões) ... 52

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇOES

ALC ÁREAS DE LIVRE COMÉRCIO

BNDES BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL

CMMAD COMISSÃO MUNDIAL SOBRE MEIO AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO

CSN COMPANHIA NACIONAL DE ÁLCALIS

CVRD COMPANHIA VALE DO RIO DOCE

DIT DIVISÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO DS DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

EMBRAPA EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA FGTS FUNDO DE GARANTIA DO TEMPO DE SERVIÇO

FMI FUNDO MONETÁRIO INTERNACIONAL FNM FABRICA NACIONAL DE MOTORES

IBAMA INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE

IBGE INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA IDH ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

IDHM ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MUNICIPAL

PAEG PLANO DE AÇÃO ECONÔMICA DO GOVERNO

PDN PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO PED PLANO ESTRATÉGICO DE DESENVOLVIMENTO PIB PRODUTO INTERNO BRUTO

PNB PRODUTO NACIONAL BRUTO

PNUD PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO

SEPLAN SECRETÁRIA DE PLANEJAMENTO DE RORAIMA ZPE ZONA DE PROCESSAMENTO DE EXPORTAÇÃO

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 11

1 CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE... 14

1.1 CAPITALISMO E PRODUÇÃO INDUSTRIAL ... 14

1.1.1 Economia de Mercado ... 16

1.2 CRESCIMENTO ECONÔMICO... 18

1.3 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO ... 19

1.4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL... 22

1.4.1 Sustentabilidade em meio ao crescimento e desenvolvimento... 24

1.4.2 Políticas Ambientais... 26

2 INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E DE DESENVOLVIMENTO... 28

2.1 BREVE RESUMO DOS INDICADORES SOCIOECONOMICOS... 28

2.2 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – (IDH)... 31

2.2.1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – (IDHM)... 31

2.3 ÍNDICE DE GINI... 32

3 CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO NO ÂMBITO NACIONAL E ESTADUAL ... 35

3.1 ANÁLISE DO CRESCIMENTO ECONOMICO BRASILEIRO DE 2010 Á 2015 35 3.2 CARACTERISTICAS SOCIOECONOMICAS DO ESTADO DE RORAIMA ... 37

3.3 ECONOMIA DO ESTADO DE RORAIMA... 38

3.3.1 Atividades produtivas de Roraima e suas sustentabilidades... 46

4 DESENVOLVIMENTO E CRESCIMENTO SUSTENTÁVEL DO MUNICIPIO DE BOA VISTA... 49 4.1 ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS DO MUNICIPIO DE BOA VISTA – RR... 49

4.2 ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO DE BOA VISTA... 55

4.3 ÍNDICE DE GINI DE BOA VISTA... 56

CONCLUSÃO... 57

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INTRODUÇÃO

O Desenvolvimento Econômico é um conceito bastante amplo que não se restringe apenas ao crescimento da produção em uma região, mas trata principalmente de aspectos qualitativos relacionados ao crescimento. Aspectos como a forma que os frutos desse crescimento são distribuídos na sociedade, se esse crescimento está reduzindo a pobreza, se está elevando os salários, levando ao aumento da produtividade do trabalho, dentre outros aspectos (BRESSER PEREIRA, 1986).

Diante disso só há desenvolvimento econômico se houver o crescimento econômico contínuo, ademais esse crescimento deve ser acompanhado de mudanças e melhorias na estrutura e nos indicadores econômicos sociais e também do meio ambiente. O desenvolvimento econômico se dá em longo prazo e depende da ampliação do mercado, elevação da produtividade e melhoria do nível de bem-estar da população acompanhada da preservação do meio ambiente (BRESSER PEREIRA, 1986).

Adotando como referência teórica, foi no final do século XX, surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, o qual se encontrava entrelaçado a uma corrente de desenvolvimento econômico e social defendendo o equilíbrio ecológico e a preservação da qualidade de vida da população. Diante disso mostrou o dever de ser resguardados, pois o maior desafio global da atualidade é suprir as necessidades das gerações de hoje, sem que isto cause prejuízos para as gerações futuras.

O desenvolvimento sustentável é um dos assuntos que sempre está em evidência, pois ele restringe em questões econômicas e socioambientais de um determinado local, o controle de produção e exploração de recursos. E o desafio da questão ambiental e pelo ambiente em que vivemos que é um dos entraves do crescimento econômico de alguns locais. Diante disso um dos termos mais utilizados no curso de economia é a palavra “escassez”, e como diretriz do curso que é a administração de forma sustentável desses recursos. De forma que esse assunto se torna relevante para que a administração dos recursos que temos presentes, muito deles sua renovação é muito lenta, de forma que se tenha um pensamento sustentável.

A análise do crescimento e desenvolvimento econômico, tendo como ênfase o desenvolvimento sustentável do município de Boa Vista no período de 2010 a 2015 constitui o objetivo geral desse estudo. Os objetivos específicos são a apresentação do referencial teórico de maneira a auxiliar na compreensão da realidade do município

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analisado, do ponto de vista do conceito de crescimento, desenvolvimento e sustentabilidade. Descreve o processo de formação econômica, primeiro focando no Brasil, no Estado e por fim no município analisado, abordando ao longo dos anos os fatores que contribuíram para a concretização da sua situação até último ano do período citado na pesquisa.

E, por conseguinte irá expor os fatores que contribuem para o desenvolvimento econômico do município analisado, tendo como base o IDH – Índice de Desenvolvimento Humano, IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e o Índice de Gini de Boa Vista no período analisado.

Os procedimentos metodológicos do presente estudo têm abordagem qualitativa, que busca descrever os problemas e a interações atuais das organizações. Já o procedimento técnico baseia-se na pesquisa bibliográfica, buscando explicar e discutir um assunto ou tema proposto com base em referências, como este que foi desenvolvido a partir de matérias já elaboradas, principalmente livros e artigos científicos, periódicos, documentos exclusivos por meios eletrônicos.

Neste trabalho as evoluções textuais estão encadeadas em quatro capítulos; o primeiro argumenta os conceitos do crescimento, desenvolvimento e de sustentabilidade, mostrando sua evolução histórica, o funcionamento econômico e suas diretrizes, o segundo acrescenta os indicadores sociais que tem por finalidade a mensuração de aspectos da realidade, servindo de base para elaboração de políticas públicas criadas com a finalidade de minimizar as consequências acarretadas pela degradação do meio ambiente.

Já o terceiro capítulo vem fazendo um breve resumo em relação ao crescimento, desenvolvimento e sustentabilidade no que tange o Brasil, fazendo uma transição e análise para o Estado de Roraima e finalmente, mas não menos importante, o quarto capítulo que busca explanar e colocar a vista as questões econômicas de Boa Vista e suas entraves para o desenvolvimento sustentável, colocando também assim como os outros capítulos a parte dos indicadores que serão analisados de uma forma geral até chegar na forma específica.

Mostra-se ao desenvolvimento sustentável fazendo analise dos índices de desenvolvimento econômico no município em questão e identifica os possíveis métodos e medidas que podem ser adotadas para que o desenvolvimento sustentável o desenvolvimento e crescimento andem juntos diante de uma análise para ser discutida e verificada nesse trabalho. Buscou-se desenvolver uma pesquisa que tem por objetivo

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contribuir para o conhecimento prático, e fonte de pesquisa para quem se interessar pelo tema, pois demonstrarão aos demais usuários dados para a elaboração de um viés de conhecimento e análise dos fatores de crescimento e sustentabilidade.

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1 CRESCIMENTO, DESENVOLVIMENTO E SUSTENTABILIDADE

Segundo Gremaud (2010) crescimento econômico é a ampliação quantitativa da produção, de bens que atendam às necessidades humanas. Já desenvolvimento remete a ideia de condições de vida da população ou qualidade de vida dos residentes no país. Já a sustentabilidade vem em razão dos recursos naturais serem utilizados de forma desordenada e predatória sem pensar nos limites da carga depredatória.

Diante desse pressuposto surge à necessidade de se alcançar um equilíbrio entre o aumento populacional e os impactos sociais, econômicos e ambientais. Assim, no decorrer desse capitulo será abordado processos de crescimento e desenvolvimento na econômica de mercado, assim como, as condições de mudanças para um desenvolvimento com sustentabilidade, conceituando também e delimitando as abordagens aqui citadas, de forma que explore suas origens, conteúdos e suas consequências para a economia.

1.1 CAPITALISMO E PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Nos primórdios das grandes navegações (séculos XV, XVI E XVII), período esse que é considerado como o berço do capitalismo, o mesmo era baseado na acumulação de riquezas por meio do comércio, tanto aquele exercido entre as próprias cidades europeias quanto o intercontinental. Conforme destaca Hugon (1984), o acumulo de metal era uma característica do período, onde a prosperidade dos países parecia estar na razão direta pela quantidade de materiais preciosos que possuíssem.

Hugon (1984) enfatiza a importância sempre crescente da indústria, constituindo uma das razões pelas quais os mercantilistas são levados à adoção de uma política demográfica populacionista, onde uma população numerosa era favorável à produção. Observa-se também essa característica como uma condição para organização de um exército forte, onde também a preocupação econômica e a política estavam sempre intimamente associadas no espirito mercantilista.

Ainda, o comércio aparece associado ao colonialismo e corresponde à divisão internacional do trabalho (DIT) em que às metrópoles cabia produzir e exportar produtos manufaturados e às colônias ser o local de extração de produtos primários, especiarias e fornecimento de mão de obra. O capital substituiu a propriedade de terras fazendo com que a necessidade de trocas se tornasse maior, fazendo uma economia veloz e dessa maneira os artesãos que não se adaptaram, passaram a se tornar

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trabalhadores assalariados, iniciando assim a divisão entre burguês e trabalhador (HUGON, 1984).

Diante da evolução do capitalismo, o colonialismo desdobrou no fato de que os países colonizadores saíram na frente no processo de desenvolvimento socioeconômico, atingindo um nível mais industrial, como a Inglaterra que se destacou como líder por dominar tecnologias ligadas às navegações e ferrovias no período entre o século XVIII e XIX. A mesma liderou o processo da primeira Revolução Industrial, porque possuía ricas reservas de carvão (principal prima energética) e ferro (principal matéria-prima produtiva), além de uma elite capitalizada e um governo que queria investir na industrialização (HUGON, 1984).

De acordo com Souza (2009), o aumento da produção agrícola ocorreu de forma indireta durante a Revolução Industrial, o que acarretou a substituição das indústrias domésticas e artesanais nas aldeias. Por conta destes acontecimentos alguns trabalhadores especializados nas áreas manufatureiras se deslocaram e passaram a desenvolver atividades diversas junto à área agrícola. O cercamento dos campos foi outro aspecto que colaborou com a industrialização inglesa, já que a modernização do campo liberou grandes contingentes de mão de obra para trabalhar nas indústrias concentradas nas cidades.

A Revolução Industrial aumentou a competitividade entre os países industrializados na obtenção de matérias-primas, produção e venda dos seus produtos no mercado mundial. E o marco tecnológico da Revolução Industrial foi à máquina a vapor, onde ela possibilitou a produção em larga escala e não mais de forma artesanal. Iniciando a produção em escala industrial. Outro marco desta revolução foi a passagem da sociedade europeia do campo para a cidade (SOUZA, 2009).

De acordo com H. May (2010), com a Revolução Industrial a capacidade da humanidade de intervir na natureza deu um novo salto colossal. Nota-se que esta enorme capacidade de intervenção ao mesmo tempo em que provocou grandes danos ambientais também ofereceu em muitas situações os meios para que a humanidade afastasse a ameaça imediata. Estes mesmos danos representaram sua sobrevivência e, com isso, retardou a adoção de técnicas e procedimentos mais sustentáveis. Um exemplo foi o uso intensivo de fertilizantes químicos baratos que, em muitas regiões, mascarou o efeito de erosão dos solos sobre a produtividade agrícola.

Todavia os desequilíbrios ambientais decorrentes da maior capacidade de intervenção, a Revolução Industrial, baseada no uso intensivo de grandes reservas de

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combustíveis fosseis, abriu caminho para uma expansão inédita da escala das atividades humanas, que pressiona fortemente a base de recursos naturais do planeta. Assim, se todas as atividades produtivas humanas respeitassem princípios ecológicos básicos, sua expansão não ultrapassaria a capacidade do planeta (H. MAY, 2010).

A “capacidade de carga” do planeta Terra não poderá ser ultrapassada sem que ocorram grandes catástrofes ambientais. Entretanto, como não se conhece qual é esta capacidade de carga e será muito difícil conhece-la com precisão, é necessário adotar uma postura precavida que implica agir sem esperar para ter certeza. Nesse sentido é preciso criar condições socioeconômicas, institucionais e culturais que estimulem não apenas um rápido progresso tecnológico poupador de recursos naturais como também uma mudança em direção a padrões de consumo que não impliquem o crescimento contínuo e ilimitado do uso de recursos naturais (H. MAY, 2010).

1.1.1 Economia de Mercado

Garone (2009) afirma que em uma economia capitalista, os meios de produção pertencem a indivíduos ou a sociedades formadas por indivíduos, tais como as empresas. Os indivíduos ou associações de indivíduos que produzem utilizando recursos próprio ou capital são denominados empresários. Ao analisar o contexto de demanda e oferta, o empresário só irá obter lucro se for capaz de produzir mercadorias de boa qualidade para o consumidor, e ao mesmo tempo, uma mercadoria que tenha dispêndio de material e mão-de-obra.

A economia de mercado tem sido denominada democracia dos consumidores, por determinar através de uma votação diária quais são suas preferências. São os consumidores que decidem, ao comprar ou se abster de comprar e se um empresário será bem-sucedido ou não. Tomam os meios de produção daqueles empresários que não sabem como utilizá-los para melhor servir os consumidores e os transferem para aqueles que forem capazes de melhor utilizá-los (GARONE, 2009).

Os produtores de bens de consumo têm que adquirir onde forem possíveis pelo menor preço os bens de produção que necessitam para atender aos desejos dos consumidores. Se não forem capazes de comprá-los pelos menores preços e utilizá-los de maneira eficiente, não serão capazes de oferecer aos consumidores o que eles desejam e pelo menor preço. Diante desse pensamento, outros empresários mais eficientes que sabem comprar e produzir melhor logo ocuparia seu espaço no mercado (GARONE, 2009).

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Ao fazer uma análise o consumidor como comprador pode decidir com base no seu gosto e na sua preferência. O que o empresário faz no seu dia-a-dia para administrar sua empresa lhe está sendo determinado pelos consumidores que, pelo seu comportamento no mercado indiretamente determinam os preços e os salários e, portanto, a distribuição de renda entre os membros da sociedade. São as escolhas dos consumidores que determinam quem poderá ser empresário e proprietário de meios de produção (GARONE, 2009).

De acordo com Muller (2012), a expansão da capacidade produtiva, aumenta a produção devido à demanda, que produz somente aumento transitório da produção. Um pacote de estímulo fiscal ou monetário, por exemplo, serve para aumentar a demanda, mas o seu efeito sobre a capacidade produtiva pode ser de fato negativo no longo prazo e levar a uma redução do crescimento genuíno. Esse crescimento econômico aumenta e melhora a capacidade produtiva da economia é bem diferente de uma expansão da produção que é o resultado do aumento do uso da capacidade existente.

Há vários tipos de crescimento econômico e um deles é o crescimento econômico sustentável que reflete a expansão dos fatores de produção. Este tipo de crescimento econômico é feito dos milhares de trabalhadores, empreendedores e inovadores individuais. Um outro tipo de crescimento econômico é o resultado de maior demanda, que é feito de mais gastos do governo e de um aumento da massa monetária do banco central. Sendo o primeiro tipo de crescimento econômico é sustentável, o segundo é necessariamente passageiro (MUELLER, 2012).

Não é a falta de dinheiro que limita o progresso econômico, mas a escassez existente nos fatores de produção. O que falta em países pobres não é dinheiro, mas o que carece são os fatores de produção principalmente na forma de capital físico e humano e da tecnologia. Uma expansão da demanda resultada de gastos mais elevados, como tal, é principalmente um fenômeno monetário. Uma recuperação econômica pode começar com uma expansão da demanda, mas isso não vai fazer a economia crescer por muito tempo, se esta expansão não for acompanhada por um aumento da capacidade produtiva (MUELLER, 2012).

Quando a expansão monetária aumenta a demanda além do nível da utilização da capacidade, inflação de preços é o resultado. Tal política, em vez de criar prosperidade, produz distorções na economia e finalmente mais miséria. Como fenômeno monetário, o crescimento econômico em termos de expansão da demanda não tem um limite

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próprio porque a produção de dinheiro acontece fora da lei da escassez e assim, é bem diferente da economia real (MUELLER, 2012).

Dinheiro não pode eliminar a lei da escassez que se manifesta no nível dos fatores de produção. Fenômenos como recessões, depressões e outras formas da “queda” da atividade econômica são resultados da negação da lei de escassez. O que acontece com um crescimento econômico insustentável de uma nação é a mesma coisa que acontece com a inadimplência de uma pessoa que queira uma moradia grande demais dado seus recursos limitados (MUELLER, 2012).

1.2 CRESCIMENTO ECONÔMICO

Crescimento econômico pode ser definido como um fenômeno, que substancialmente melhora os padrões de vida das famílias. A mensuração desse fenômeno é efetuada por meio da análise do comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) e da população objeto do exame, cujo quociente em determinado período, normalmente um ano, corresponde ao conceito de PIB per capita (MANKIW, 2012).

Siedenberg (2006) salienta que, o crescimento é um processo de mudanças de caráter predominantemente quantitativo, significando aumento em imersão, volume e/ou quantidade. Assim, considera-se o crescimento econômico como o aumento da capacidade produtiva e da produção de uma economia, em determinado período de tempo.

Para Vasconcellos (2000), a medição é feita pela variação do Produto Nacional Bruto (PNB), independente do território onde foram produzidos. Pode-se ter uma noção de que o mesmo está mais focado no PIB, pelo ponto de crescimento em relação ao seu período anterior. Para que seja feito o cálculo e se tenha uma ideia do quanto se produziu, esses mesmos dados, uma vez coletados podem servir de base para a tomada de decisões, tanto para questões financeiras, sociais e até para atrair investidores externos.

Já Bresser-Pereira (2006) afirma que desenvolvimento econômico ocorre através do crescimento da produtividade e da renda por habitante, quando o crescimento econômico está relacionado com a população de determinado país ou região, e é necessário que a variação do crescimento econômico seja superior à variação do crescimento demográfico. Ademais, se o crescimento econômico é resultado das mudanças de estruturas e melhoria de indicadores econômicos e sociais, é tratado como desenvolvimento econômico.

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Feijó (2007) explica que os países podem crescer e conseguirão taxas expressivas de crescimento quando os mesmos estiverem dispostos e forem capazes de tomar medidas de crescimento. Quando se fala de crescimento econômico não estamos correlacionamos em política fiscal expansionista, pois, esta não se mantém por muito tempo. Em relação ao crescimento econômico, os países podem crescer um ano e regredirem em outro, ou até crescer pouco em relação ao outro período analisado. Esse efeito acumulado de diferentes taxas históricas de crescimento produziu para nossos dias uma enorme variação nos níveis de renda e de riqueza entre os países.

1.3 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Inicialmente, para os pensadores que estudavam o desenvolvimento, havia certa confusão no entendimento entre crescimento e desenvolvimento econômico. De acordo com Gutierrez (1975), o conceito de desenvolvimento não estava claramente delimitado. Existem diferentes enfoques. Somente o crescimento econômico era o bastante para caracterizar desenvolvimento, diante disso, para que houvesse aumento do PIB de um país, por exemplo, significaria que ele estaria desenvolvendo-se. Acerca do tema, Souza aborda que:

Desenvolvimento econômico é um tema que emergiu somente no século XX. O objetivo daqueles que se ocupavam com finanças públicas era aumentar o poder econômico e militar do soberano. Não havia a preocupação com a melhoria das condições de vida do povo, apesar do analfabetismo generalizado. Dos surtos de fome e dos altos níveis de mortalidade. Muitas vezes a população era dizimada por epidemias. A necessidade de segurança superava objetivos econômicos e sociais (SOUZA, 2009, p. 11).

Para Vasconcellos (2000), desenvolvimento é um conceito mais qualitativo, incluindo as alterações da composição do produto e a alocação dos recursos pelos diferentes setores da economia, de forma a melhorar os indicadores de bem-estar econômico e social. Desse modo, o crescimento da produção e da renda decorre de variações na quantidade e na qualidade de dois insumos básicos: capital e mão-de-obra.

A partir da classificação de Vasconcelos (2000) constata-se que as fontes de crescimento são determinadas pelo aumento na força de trabalho, derivado do crescimento demográfico e da imigração; aumento do estoque de capital, ou da capacidade produtiva; melhoria na qualidade da mão-de-obra, por meio de programas de educação, treinamento e especialização; melhoria tecnológica, que aumenta a eficiência na utilização do estoque de capital e eficiência organizacional referente à interação dos insumos.

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Para Furtado (2004), os obstáculos ao desenvolvimento estão na dificuldade de integração na economia nacional, seja nos meios de transporte para interligação das regiões do país, o isolamento social, cultural, e econômico, feitos por barreiras linguísticas e religiosas entre diferentes setores da população e por subsistemas econômicos alienados do conjunto da economia nacional.

Segundo Johnston e Mellor (1961) a agricultura tem um papel básico a desempenhar no processo de desenvolvimento econômico e, portanto, indiretamente no crescimento dos outros setores, inclusive o manufatureiro, por uma série de razões. Em primeiro lugar por ser o setor mais importante de uma economia subdesenvolvida. A esse respeito, o autor argumenta que:

A necessidade de alimentos e o baixo nível de produtividade agrícola têm como consequência a utilização da maior parte da força de trabalho dos países pobres no setor agrícola. Nas fases iniciais de desenvolvimento de 60% a 80% da população dedicam-se à agricultura, e 50%, ou mais, da renda nacional são geradas pelo setor agrícola (JOHNSTON, 1961).

Para Johnston e Mellor (1961), nas fases iniciais do desenvolvimento, o melhor que se pode fazer é aumentar a oferta de produtos agrícolas à mesma taxa que a demanda, dessa forma evita-se o aumento relativo nos preços dos produtos agrícolas. Diante desse acontecimento, os países desenvolvidos compram dos países subdesenvolvidos as matérias primas para sua produção, aumenta-se a categoria do desenvolvimento econômico através de práticas de produção agrícola para ficar no mercado e aos poucos competir industrialmente com produtos inovadores e tecnológicos.

Segundo Albuquerque (1987), para que ocorra desenvolvimento no setor industrial, deve haver o fornecimento de matérias-primas e alimentos para esse setor, através da agricultura, para que assim haja uma interação de valores e materiais que beneficiem ambos e assim possa ocorrer o desenvolvimento. A industrialização se processa em centros urbanos, pois o desenvolvimento desse setor só é possível na medida em que a agricultura estiver produzindo um excedente capaz de alimentar essa população urbana.

Quando a teoria do desenvolvimento começou a ser elaborada, havia interesse de refutar a teoria marxista e de encontrar meios pelos quais os países industrializados pudessem ajudar suas ex-colônias e demais países “atrasados” e encontrar o caminho da industrialização e do enriquecimento. Dessa forma, a teoria do desenvolvimento acabou

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identificando a relativa escassez de capital como a principal causa do subdesenvolvimento (ALBUQUERQUE, 1987).

Na visão de Amartya Sen (2000) desenvolvimento econômico faz uma ligação referente ao desejo de possuir riqueza econômica e a percepção da vida que se pode levar com tal riqueza. A ideia de riqueza proporciona ao indivíduo a possibilidade de ser livre e de poder realizar os seus desejos, assim a riqueza não é responsável pelo desenvolvimento econômico. Neste contexto, o autor ressalta que:

O desenvolvimento requer que se removam as principais fontes de privação da liberdade: pobreza e tirania, carência de oportunidades econômicas e destituição social sistemática, negligência dos serviços públicos e intolerância ou interferência excessiva de Estados regressivos (SEN, 2000, p. 18).

Sen (2000) procura analisar sob o viés diferenciado, o papel do desenvolvimento em contraposição ao viés restritivo que associa o desenvolvimento puramente através de fatores como crescimento do Produto Interno Bruto, rendas pessoais, industrialização, avanço tecnológico ou modernização social. Embora tais fatores contribuam diretamente para a expansão de liberdades, o crescimento econômico não pode ser considerado um fim em si mesmo, de modo que o desenvolvimento tem que estar relacionado, sobretudo, com a melhora da vida dos indivíduos e com o fortalecimento de suas liberdades.

O desenvolvimento econômico schumpeteriano traduz-se por mudanças quantitativas e qualitativas das variáveis econômicas do fluxo circular, alterando sua estrutura e as condições do equilíbrio original. Aumenta a disponibilidade de bens per

capita, em razão da maior taxa de crescimento da produção em relação à população.

Melhorar a qualidade dos produtos e dos serviços, assim como a renda média dos indivíduos. Isso ocorre pela expansão do volume dos negócios, pelas inovações e pela disputa por fatores de produção por parte dos empresários (SOUZA, 2009).

Diante disso Schumpeter, (1934) afirma que a oferta sempre está mudando. E essa mudança é espontânea e descontínua nos canais de fluxo, e também há perturbações no equilíbrio que acabam gerando um deslocamento permanente no equilíbrio antes existente. A teoria do desenvolvimento trata desses fenômenos e dos processos integrados a eles (SOUZA, 2009).

No modelo Keynesiano, os estímulos à demanda tinham como objetivo elevar a capacidade produtiva, e por fim, atingir o pleno emprego. O modelo é considerado de curto prazo, pois a capacidade produtiva é considerada como dada. Ou seja, o estoque

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de mão-de-obra e de capital e o nível de conhecimento tecnológico são fixados, varia-se apenas o grau de utilização. Existem, no entanto, modelos que buscam explicar a elevação da capacidade produtiva ao longo do tempo (LOPES, 2000).

Não obstante, percebe-se que ao tratar de desenvolvimento, alguns autores não tinham uma distinção clara do que era crescimento e desenvolvimento, muitos autores utilizavam como sinônimos as duas expressões, ou até mesmo ignoravam aspectos qualitativos que se faz necessário ao falar sobre desenvolvimento.

1.4 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

A noção de desenvolvimento sustentável tem como uma de suas premissas fundamentais o reconhecimento da “insustentabilidade” ou inadequação econômica, social e ambiental do padrão de desenvolvimento das sociedades contemporâneas. (ALMEIDA, 1997). Esta noção nasce da compreensão da escassez dos recursos naturais e das injustiças sociais provocadas pelo modelo aplicado de desenvolvimento dos outros países.

Como descrito por Veiga (2010), até o final dos anos 1970, o adjetivo “sustentável” não passava de um jargão técnico usado por algumas comunidades cientificas para evocar a possibilidade de um ecossistema não perder sua resiliência, mesmo estando sujeito à agressão humana recorrente. No decorrer do tempo começou a ser usada para qualificar o desenvolvimento.

O relatório Brandt publicado na década de 1980 decorre do trabalho da comissão independente sobre desenvolvimento internacional. Esse documento propôs medidas que diminuíssem a crescente assimetria econômica entre países ricos do hemisfério norte e pobres do hemisfério sul. Mas a onda neoliberal desta década fez com que o mesmo fosse ignorado pelos governos que estavam preocupados com a livre circulação de capitais, livre comércio e a desregulação dos mercados, com remoção de barreiras ambientais e trabalhistas e com a presença mínima do estado na economia (RADAR RIO + 20, 2011).

Diante desses acontecimentos, as pessoas influentes da política, da ciência, de empresas e de organizações não governamentais concentraram os debates sobre desenvolvimento sustentável na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), criada em dezembro de 1983 pela Assembleia Geral da ONU e chefiada pela primeira ministra da Noruega, “Gro Harlem Brundtland” (RADAR RIO + 20, 2011).

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Logo seu relatório final publicado em abril de 1987, consagrou a expressão Desenvolvimento Sustentável: “É aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem a suas próprias necessidades”. Deriva diretamente do Relatório “Brundtland” o conceito dos três pilares do Desenvolvimento Sustentável: desenvolvimento econômico, equidade social e proteção ambiental (RADAR RIO + 20, 2011).

Nesse mesmo contexto pode-se afirmar que o desenvolvimento sustentável implica usar os recursos renováveis naturais de maneira a não degradá-los, ou diminuir sua utilidade para as gerações futuras, implica usar os recursos minerais não renováveis de maneira tal que não se destruam o acesso a eles pelas gerações futuras. Uma vez os “limites ao crescimento” constrangem a utilização dos recursos renováveis e não-renováveis, as estratégias para o desenvolvimento sustentável deve, a longo prazo, concentrar-se na reorganização da maneira como os recursos são utilizados e de como os benefícios são compartilhados (GOODLAND; LEDEC, 1987).

Muito do discurso sobre o desenvolvimento sustentável implica que isto pode ser conseguido com crescimento sem fim, acrescentando-se apenas a advertência de que padrões de qualidade ambiental serão de algum modo, respeitados. Desenvolvimento sustentável é visto, assim, como um meio para não se admitir a existência de limites.

Reconhecer limites esbarra na oposição dos ricos que os encaram como uma restrição em potencial a seus lucros, enquanto os pobres e os que trabalham a seu favor têm uma aversão ideológica ao reconhecimento de limites por causa do medo, de que fazê-lo, significaria condenar os pobres à pobreza. Esses limites existem quanto ao que pode ser removido e vendido na Amazônia, ou de qualquer outra região, independentemente do que as pessoas pensem sobre o assunto (FEARNSIDE, 1997).

O continuo crescimento não é uma opção, o que está em posição é a variação de crescimento sem ser sustentável e crescer desorganizadamente. O que deve ser respondido é como e quando o “crescimento” deve cessar, e que tipo de sociedade se quer ter após a passagem dessa transição. Em vez da condenação dos pobres à pobreza, reconhecer a existência de limites representa uma condenação aos ricos para que enfrentem a necessidade da divisão do bolo (FEARNSIDE, 1997).

Portanto, o Desenvolvimento Sustentável, muito além do princípio estruturador da nova racionalidade, é um pacto de compromisso político e de solidariedade entre gerações para manter a vida no planeta. O duplo caráter desse acordo que conjuga

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solidariedade sincrônica com a geração presente e solidariedade diacrônica com as gerações futuras é um dos traços marcantes do novo estilo de desenvolvimento.

O conceito de desenvolvimento proposto por Sachs, em oposição ao mero crescimento, pode ser sintetizado como:

Desenvolvimento é um conceito relacionado a critérios sociais e ambientais. Eles andam juntos em busca da viabilidade econômica. Existe a condicionalidade ecológica, que requer o uso do intelecto para organizar as decisões de maneira a fazer bom uso dos recursos naturais. Rotas reais de desenvolvimento trazem resultados sociais positivos e não se traduzem por resultados ambientais profundamente negativos. Rotas de crescimento econômico, que são destruídas do meio ambiente e levam a desigualdades sociais cada vez mais avassaladoras, não podem ser chamadas de desenvolvimento. Trata-se, no melhor dos casos, de um mau desenvolvimento (SACHS, 2009, p. 53).

H. May (2010) argumenta que esse termo DS se deu para limitar a atuação do ser humano, para se promover a harmonia entre os interesses sociais, econômicos, capitalistas, tecnológicos, e do meio ambiente. Acredita-se que a expressão é controversa, contudo, o fato é que a intervenção humana é necessária e acarreta danos ao ambiente, assim necessário mitigar ao máximo esses danos, contudo podemos concluir que o conceito moderno de desenvolvimento vai muito além do crescimento do PIB, passando a incluir igualdade social, cidadania, direitos humanos e preservação ambiental.

1.4.1 Sustentabilidade em meio ao crescimento e desenvolvimento

O conceito de sustentabilidade, para alguns, é sinônimo de desenvolvimento sustentável. Para outros, remete à ideia de equilíbrio, conciliação entre qualidade de vida e o limite ambiental. São as alternativas viáveis para a construção de uma sociedade justa e correta ambientalmente. Apesar de comportar várias definições, o conceito mundialmente foi consagrado em 1987, pela então primeira ministra da Noruega e secretária geral das Nações Unidas, “Gro Harlen Brundtland”, “aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem ás suas próprias necessidades” (VEIGA, 2010, p.12).

Portanto, a sua legitimação como explicita Veiga (2010) deu-se na conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento, em junho de 1992, no Rio de Janeiro. Enfatiza o relatório de Brundtland, traz como conceito de desenvolvimento sustentável “aquele que atende as necessidades do presente sem

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comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades” (NEVES, 2011, p. 15).

De acordo com Leff (2001), “o conceito de sustentabilidade surgiu do reconhecimento da função de suporte da natureza, condição e potencialidade do processo de produção”. Assim a sustentabilidade aparece como uma necessidade de restaurar a natureza, na teoria econômica e nas práticas do desenvolvimento, com práticas ecológicas de produção que garantam a sobrevivência e um futuro para a humanidade. Desse modo, como consequência, o conceito de sustentabilidade traz ação de não degradação ao meio ambiente, preservando suas fontes presentes e as futuras.

Para Silva (1994), a sustentabilidade significa que no processo evolucionário e na dinâmica da natureza vigoram interdependências, redes de relações inclusivas, mutualidades e lógicas de cooperação que permitem que todos os seres convivam, e evoluam e se ajudem mutuamente para manterem-se vivos e garantir a biodiversidade. Todos os setores tanto no meio ambiente, quanto na economia, educação e até mesmo na administração pública a sustentabilidade tem um papel muito importante.

Por questões peculiares, tais como, cultura, recursos e política, a definição de sustentabilidade pode variar de país para país. Embora, exaustivamente, muitos países tem propagado a união de forças, a fim de que o meio ambiente seja visto como um todo. Entretanto, apesar da propagação da sua importância, ainda há muita resistência em unificar as ações e estabelecer regras que valham para todos, porque os países atuam de acordo, efetivamente, com os seus interesses individuais que, muitas vezes, não são os mais nobres.

De acordo com a Constituição Federal Brasileira, no Titulo VII, “Da ordem econômica e financeira”, traz no capitulo I, “Dos princípios gerais da atividade econômica”. Em seu artigo 170, a expressão do desenvolvimento sustentável retrata a limitação da atuação para o uso racional dos recursos a fim de garantir a qualidade de vida e o meio ambiente.

As empresas devem observar os seguintes princípios: soberania nacional; propriedade privada; função social da propriedade; livre concorrência; defesa do consumidor; defesa do meio ambiente; inclusive mediante tratamento diferenciado, conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; redução das desigualdades regionais e sociais; busca do pleno emprego; tratamento favorecido para empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no pais (CF, artigo 170, inciso I a IX).

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Atualmente, observa-se que o desenvolvimento sustentável no Brasil, depende também da soberania nacional, que é um dos pontos a ser levado em conta, porque e ele que garante que cada país seja autônomo, estabeleça suas regras e promulguem as suas leis. E o princípio da Defesa do Meio Ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; redução das desigualdades regionais e sociais. A sustentabilidade, por sua vem expressa na Constituição Federal nos seguintes termos:

Art. 225 – Todos tem direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial a sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e a coletividade o dever de defendê-lo e preimpondo-serva-lo para as presentes e futuras gerações (CF, 1988, p. 872 ).

A sustentabilidade nos remete a responsabilidade social e ambiental das empresas por obrigação de todos e, portanto, das empresas também, de zelarem pelo meio ambiente, como vimos no artigo constitucional citado. Ademais, é possível suprir as necessidades sociais, por isso que há limites impostos pela lei ao desenvolvimento econômico. Neste sentido, pode-se afirmar que o desenvolvimento sustentável põe um limite nas ações para que não venham a comprometer as necessidades ambientais das gerações atuais e futuras (VEIGA, 2010).

Brundtland (2010), ressalta que a convenção do desenvolvimento sustentável,

nasceu a partir de uma crença difundida na sociedade, de que a sustentabilidade ambiental é um imperativo para a sobrevivência do atual padrão de desenvolvimento econômico. Contudo, sua viabilização tem sido gradativa e irregular. Se, por um lado, nos setores extrativistas e nas multinacionais avança mais rapidamente e à magnitude dos custos associados ao passivo ambiental, por outro lado, é mais difícil implementar e replicar mudanças em empresas de grande porte, cuja localização e natureza das operações variam significamente.

1.4.2 Políticas Ambientais

A política ambiental é um conjunto de ações adotadas e práticas realizadas por empresas e governos que tem como principal diretriz a preservação do meio ambiente e garantir o desenvolvimento sustentável do planeta. Tem por diretrizes as extensões sociais e econômicas, e buscam enfatizam políticas universais e auxiliam o alcance da sustentabilidade nos países menos desenvolvidos, almejando indispensáveis mudanças, inserir nos padrões de consumação, as inter-relações entre prática demográfica e

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desenvolvimento sustentável, as sugestões para promover bem-estar público e melhor qualidade dos estabelecimentos (H. MAY, 2010).

Nesse contexto, a política ambiental deve ser regida por princípios e valores ambientais que levem em consideração a sustentabilidade (BARBIERI et al 2009). Estas políticas servem de apoio para garantir um futuro com desenvolvimento e preservação ambiental, o qual visa minimizar os impactos ambientais gerados pelo crescimento. Estabelece como patamar a necessidade de criar estratégias sustentáveis para eliminar riscos ambientais e preservar o ambiente para as gerações presentes e futuras (H. MAY, 2010).

O planeta terra vive um período de crises e constantes transformações, notadamente de cunho técnico-científica, pensando nisso, vimos que as noticias dizem que diante das pesquisas já realizadas e dos muitos documentos já comprovados que o meio ambiente precisa de ajuda e atenção, ainda não há a atenção e a importância devida a esse assunto. Perante as quais se destacam os desequilíbrios ecológicos catastróficos que, caso não pensado e amenizado, ameaça a vida em sua superfície. De acordo com Organização das Nações Unidas - ONU (1972), o planeta constantemente esta ameaçado das ameaças que o próprio ser humano faz, e precisa está cuidado do seu habitat.

Os processos produtivos, bem como, os recursos naturais têm aumentado cada dia mais, principalmente após a Revolução Industrial, com o surgimento das máquinas a vapor, a população passou a gastar perdulariamente o estoque de recursos naturais existente de forma constante. Já para Leff (2001), a crise ambiental não é vista como crise relacionada à ecologia e sim á razão. Tem que se levar em conta que a preservação não é um problema de aprendizagem social ou do meio, apesar de sua alta complexidade ambiental, mas parte do conhecimento ou compreensão do que é o mundo.

A crise ambiental nada mais seria que uma preocupação com a diminuição dos recursos naturais não renováveis e a concretização do jeito de pensar e perceber as coisas. Desta forma, desde a primeira metade do século XX e até hoje as políticas ambientais rendem profundas e acaloradas discussões. Reforça ainda mais o que se entende por políticas ambientais, um modelo administrativo de normas, leis e ações públicas os quais buscam manter a preservação do meio ambiente em um dado território (SILVA, 1994).

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2 INDICADORES SOCIOECONÔMICOS E DE DESENVOLVIMENTO

Neste capítulo serão abordados os indicadores socioeconômicos escolhidos para serem analisados nessa pesquisa. Esses indicadores geralmente são medidos por meio de dados estatísticos, que são usadas para traduzir quantitativamente um conceito social abstrato para informar algo sobre determinado aspecto da realidade social, para fins de pesquisa ou visando a formulação, monitoramento e avaliação de programas e políticas pública. Dentre os quais entre os principais indicadores podemos destacar: o IDH, o IDHM e o Coeficiente de Gini. A seguir, confira uma explicação geral sobre cada um desses conceitos.

2.1 BREVE RESUMO DOS INDICADORES SOCIOECONÔMICOS

O tema "desenvolvimento" tem sido amplamente debatido por ser um conceito complexo e multidisciplinar. Não existe modelo único e preestabelecido de desenvolvimento, porém, pressupõe-se que ele deva garantir a livre determinação dos povos, o reconhecimento de soberania sobre seus recursos e riquezas naturais, respeito pleno à sua identidade cultural e a busca de equidade na distribuição das riquezas (PNUD, 2013).

Durante muitos anos, o crescimento econômico, medido pela variação anual do Produto Interno Bruto (PIB), foi usado como indicador relevante para medir o avanço de um país. Acreditava-se que, uma vez garantido o aumento de bens e serviços, sua distribuição ocorreria de forma a satisfazer as necessidades de todas as pessoas. Constatou-se, porém, que o crescimento do PIB não é suficiente para causar, automaticamente, melhoria do bem estar para todas as camadas sociais (PNUD, 2013).

Por isso, o conceito de desenvolvimento foi adotado por ser mais abrangente e refletir, de fato, melhorias nas condições de vida dos indivíduos. A teoria predominante de desenvolvimento econômico o define como um processo que faz aumentar as possibilidades de acesso das pessoas a bens e serviços, propiciadas pela expansão da capacidade e do âmbito das atividades econômicas. O desenvolvimento seria a medida qualitativa do progresso da economia de um país, refletindo transições de estágios mais baixos para estágios mais altos, por meio da adoção de novas tecnologias que permitem e favorecem essa transição (PNUD, 2013).

Cresceu nos últimos anos a assimilação das idéias desenvolvidas por Amartya Sem, que abordam o desenvolvimento como liberdade e seus resultados centrados no bem estar social e, por conseguinte, nos direitos do ser humano. São essenciais para o

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desenvolvimento as liberdades e os direitos básicos como alimentação, saúde e educação. As privações das liberdades não são apenas resultantes da escassez de recursos, mas sim das desigualdades inerentes aos mecanismos de distribuição, da ausência de serviços públicos e de assistência do Estado para a expansão das escolhas individuais (PNUD, 2013).

Este conceito de desenvolvimento reconhece seu caráter pluralista e a tese de que a expansão das liberdades não representa somente um fim, mas também o meio para seu alcance. Em consequência, a sociedade deve pactuar as políticas sociais e os direitos coletivos de acesso e uso dos recursos. A partir daí, a medição de um índice de desenvolvimento humano veio substituir a medição de aumento do PIB, uma vez que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) combina a riqueza per capita indicada pelo PIB aos aspectos de educação e expectativa de vida, permitindo, pela primeira vez, uma avaliação de aspectos sociais não mensurados pelos padrões econométricos (PNUD, 2013).

No caso do Brasil, por muitos anos o crescimento econômico não levou à distribuição justa de renda e riqueza, mantendo-se elevados índices de desigualdade. As ações de Estado voltadas para a conquista da igualdade socioeconômica requerem ainda políticas permanentes, de longa duração, para que se verifique a plena proteção e promoção dos Direitos Humanos. É necessário que o modelo de desenvolvimento econômico tenha a preocupação de aperfeiçoar os mecanismos de distribuição de renda e de oportunidades para todos os brasileiros, bem como incorpore os valores de preservação ambiental (PNUD, 2013).

Os debates sobre as mudanças climáticas e o aquecimento global, gerados pela preocupação com a maneira com que os países vêm explorando os recursos naturais e direcionando o progresso civilizatório. Esta discussão coloca em questão os investimentos em infraestrutura e modelos de desenvolvimento econômico na área rural, baseados, em grande parte, no agronegócio, sem a preocupação com a potencial violação dos direitos de pequenos e médios agricultores e das populações tradicionais (PNUD, 2013).

O desenvolvimento pode ser garantido se as pessoas forem protagonistas do processo, pressupondo a garantia de acesso de todos os indivíduos aos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, e incorporando a preocupação com a preservação e a sustentabilidade como eixos estruturantes de proposta renovada de progresso. Esses direitos têm como foco a distribuição da riqueza, dos bens e serviços.

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Todo esse debate traz desafios para a conceituação sobre os Direitos Humanos no sentido de incorporar o desenvolvimento como exigência fundamental (PNUD, 2013).

A perspectiva dos Direitos Humanos contribui para redimensionar o desenvolvimento. Motiva a passar da consideração de problemas individuais a questões de interesse comum, de bem-estar coletivo, o que alude novamente o Estado e o chama à corresponsabilidade social e à solidariedade (PNUD, 2013).

Diante disso pode-se notar que a noção de desenvolvimento está sendo amadurecida como parte de um debate em curso na sociedade e no governo, incorporando a relação entre os direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, buscando a garantia do acesso ao trabalho, à saúde, à educação, à alimentação, á cultura, à moradia, à previdência, à assistência social e a um meio ambiente sustentável. A inclusão do tema Desenvolvimento e Direitos Humanos na 11ª Conferência Nacional reforçou as estratégias governamentais em sua proposta de desenvolvimento (PNUD, 2013).

Avaliar e mensurar as medidas de desenvolvimento socioeconômico sendo ele do Brasil ou de outro país, é uma tarefa difícil, pois cada região tem sua disparidade e essas diferenças se sobrepõem além das condições econômicas e sociais, incluindo a cultura e o meio ambiente onde vivem. Diante dessa premissa o indicador social se mostra como uma medida em geral quantitativa dotada de um significado social substantivo, usado para substituir, quantificar ou operacionalizar um conceito abstrato de interesse teórico ou pragmático. Seria o elo entre os modelos explicativos da teoria social e a evidência empírica dos fenômenos sociais observados (JANNUZZI, 2001).

Apesar do PIB e do PIB per capita serem muito usados em estatísticas de mensuração do desenvolvimento socioeconômico, eles ainda não são capazes de mostrar o grau de satisfação pessoal de cada indivíduo, pois demonstram deficiências com o tempo como a falta de detalhamento da distribuição de renda interna das unidades territoriais. Não demonstra aspectos primordiais como educação, saúde, meio ambiente e outros. Os indicadores sociais e econômicos buscam revelar dados sobre fatores tipicamente abstratos, como o desenvolvimento social e econômico de alguma região (JM OLIVEIRA, 2010).

Vários autores abordam a temática dos indicadores sociais, com olhar semelhante, definindo-os como ferramentas auxiliares na mensuração de aspectos da realidade e servindo de base na elaboração de políticas públicas que visem à transformação dessa realidade. Diante disso, esse capítulo objetiva resgatar aspectos teóricos a respeito dos

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indicadores, ressaltando os conceitos, classificações, processos metodológico para a sua elaboração e criação. Por fim, analisadas as possibilidades e limites para utilização de indicadores na formulação e implementação de políticas públicas.

2.2ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO – (IDH)

A origem do conceito de desenvolvimento humano, bem como sua medida, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), foram apresentados em 1990, no primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, idealizado pelo economista paquistanês Mahbub ul Haq e com a colaboração e inspiração no pensamento do economista Amartya Sen (PNUD, 2013).

Conforme Oliveira, (2010), o IDH é composto por três dimensões do desenvolvimento social, sendo elas a longevidade, indicador que mostra a quantidade de anos que uma pessoa nascida, em uma determinada localidade deve viver; dimensão de educação (alfabetização e taxa de matrícula), no caso são utilizados dois indicadores, a taxa de alfabetização de pessoas com mais de 15 anos que possui peso 2; somatório das pessoas matriculadas em algum curso, independentemente da idade. E por ultimo a renda (PIB per capita) calculada com base no PIB per capita do país.

O IDH por existir diferenças no custo de vida de um país para o outro, a renda medida é em dólar PPC (paridade do poder de compra) que elimina essas diferenças. Diante desses requisitos percebemos sua fácil compreensão e pela forma mais holística e abrangente de mensurar o desenvolvimento. Em um único número a complexidade de três dimensões, uma compreensão e fomento da discussão e reflexão sobre o significado de desenvolvimento humano para a sociedade (PNUD, 2013).

2.2.1 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal – (IDHM)

O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é uma derivação adaptada da metodologia do indicador IDH global do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), calculada para os municípios brasileiros. O IDHM reúne em um único indicador síntese três dimensões (Educação, Longevidade e Renda) em faixas que variam entre 0 (zero) e 1 (um), onde quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano de um município.

A construção da metodologia de cálculo do IDHM teve como objetivo adequar a metodologia do IDH Global para ajustar a metodologia ao contexto brasileiro, buscando indicadores mais adequados para avaliar as condições de núcleos sociais menores, os

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municípios. Também para adaptar os Censos Demográficos Brasileiros, de forma a garantir a mesma fonte de dados e comparabilidade entre todos os municípios (BRASIL, 2017).

Assim, os municípios com IDHM de 0 até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado muito baixo; os municípios com índices entre 0,500 e 0,599 são considerados de baixo desenvolvimento humano; municípios com IDHM entre 0,600 e 0,699 têm desenvolvimento humano considerado médio; municípios com IDHM entre 0,700 e 0,799 têm desenvolvimento humano considerado alto e por último os municípios com IDHM maior que 0,800 têm desenvolvimento humano considerado muito alto (PNUD, 2013).

Os índices específicos, que compõem o IDHM, são calculados em cada uma das três dimensões analisadas: IDHM-E, para Educação; IDHM-L, para Longevidade e IDHM-R, para Renda. A dimensão Educação é composta pela escolaridade da população adulta e fluxo escolar da população jovem. A dimensão Longevidade é dada pelo indicador esperança de vida ao nascer. A dimensão Renda é dada pela renda municipal per capita. É possível observar que o país ainda apresenta grandes índices de desigualdades (PNUD, 2013).

Encontramos municípios em que a renda per capita mensal é de R$ 1.700,00, e outros em que o cidadão ganha, em média, cerca de R$ 210,00. Há municípios em que a taxa de evasão escolar dos adultos é muito alta, enquanto em outras regiões isso é quase nula. É possível encontrar, no Sul brasileiro, municípios com esperança de vida ao nascer de mais de 78 anos, enquanto no Nordeste brasileiro há municípios em que um cidadão ao nascer tem expectativa de vida menor que 66 anos, assim evidenciando o abismo existente entre as oportunidades dos brasileiros (PNUD, 2013).

Houve um pequeno avanço no desenvolvimento humano do Brasil. No ano de 2010, quase 70% dos municípios brasileiros possuíam o IDHM acima da média do país comparada ao ano de 2000 e os que ainda estavam abaixo da média de 1991 somavam apenas 1%. Em 1991 o IDHM de Roraima era muito abaixo da média, mas segundo o censo de 2000 a região sul de Roraima melhorou para um índice apenas baixo. E segundo o censo de 2010 quase todo o estado de Roraima estava na média do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, sendo que nas redondezas da capital o índice era alto (PNUD, 2013).

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Por sua vez, o Índice de Gini que tem seu nome em homenagem a seu próprio criador, o matemático Conrado Gini, foi desenvolvida e publicada em 1912. Esse índice permite a avaliação da distribuição da renda em um país, região ou estado. Ele é medido pelo grau de desigualdade segundo a renda familiar per capita e é uma medida de desigualdade no documento variabilidade e mutabilidade. Ele consiste em um número entre 0 e 1, em que 0 corresponde à completa igualdade de renda e 1, à completa desigualdade. O índice de Gini é o coeficiente expresso em pontos percentuais (PNUD, 2013).

O índice de Gini satisfaz quatro critérios básicos; o princípio de anonimidade, onde não interessa quem está ganhando a renda; o princípio de população, onde fazer uma clonagem da população completa (e de suas rendas) não deveria alterar a desigualdade; princípio de renda relativa, onde interessam apenas as rendas relativas e não os níveis absolutos dessas rendas; princípio de Dalton, que estabelece que uma distribuição de renda pode ser conseguida por meio de outra construindo uma sequência de transferências regressivas, então a primeira distribuição deve ser considerada mais desigual do que a segunda (PNUD, 2013).

Assim o coeficiente de Gini “é um indicador de desigualdade na distribuição do rendimento que visa sintetizar num único valor a assimetria dessa distribuição. Assume valores entre 0 (quando todos os indivíduos têm igual rendimento) e 100 (quando todo o rendimento se concentra num único indivíduo)”. Essa variação tem intervalos 0 e 1, a partir dessa concepção, diante disso o coeficiente de Gini tem em consideração as diferenças de rendimentos da população no seu conjunto. No entanto, “uma das suas principais características é ser particularmente sensível às assimetrias na parte central da distribuição” (RODRIGUES, 2016, p. 26).

Segundo Hoffmann (2005), quando o rendimento é detalhado em parcelas, é possível calcular a razão da concentração de cada uma dessas parcelas, que medem o grau de desigualdade da distribuição daquele tipo de rendimento, ordenando os indivíduos conforme o rendimento familiar per capita. Assim, a razão de concentração do rendimento domiciliar per capita é o próprio Índice de Gini.

O índice de Gini é utilizada como ferramenta na análise de distribuição de renda, porém pode ser usada para medir o grau de concentração de qualquer distribuição estatística, como em concentração de posse de terras, distribuição de população e também de uma indústria, levando em conta o número de empregados das empresas (HOFFMAN, 2005).

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