MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME SECRETARIA NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL
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Nota Técnica DBA/SNAS/MDS n° 69
Assunto: O Comportamento do Benefício de Prestação Continuada de Assistência
Social (BPC) requerido por pessoas com deficiência, após a implantação do novo modelo de avaliação da deficiência e do grau de incapacidade1
Em junho de 2009, foi implantado o novo modelo de avaliação da deficiência e do grau da incapacidade para fins do BPC. Esse modelo surgiu com o intuito de aprimorar a gestão do benefício no que concerne aos procedimentos relativos à avaliação da incapacidade para a vida independente e para o trabalho para fins de sua concessão, reduzindo desta forma o grau de arbitrariedade e subjetividade do modelo existente anteriormente. O novo modelo também buscou atender as reivindicações da sociedade civil deliberadas nas Conferências Nacionais de Assistência Social.
Instituído pelo Decreto nº 6.214, de 26 de setembro de 2007, esse novo modelo passou a ser utilizado na concessão, manutenção e revisão do BPC, constituindo-se em uma avaliação médico-pericial e uma avaliação social, realizadas respectivamente por médicos e por assistentes sociais do Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). O modelo incorpora uma abordagem multidimensional da funcionalidade, da incapacidade e da saúde, tal como preconiza a Classificação Internacional de Funcionalidade, Doença e Saúde (CIF), da Organização Mundial da Saúde (OMS) e conforme determina o decreto. Portanto, além das deficiências nas funções e estruturas do corpo, passou a considerar os fatores contextuais (ambientais e pessoais), a acessibilidade e a participação da pessoa com deficiência na sociedade. Essa abordagem do novo modelo encontra-se em consonância com a tendência mundial de atentar para os fatores biopsicossociais que compreende a saúde sob uma perspectiva biológica, individual e social. Neste sentido, o modelo implantado traduz o reconhecimento de que os fatores contextuais são essenciais para qualificar a concessão do benefício e o seu conhecimento e sistematização deve subsidiar os gestores municipais, estaduais e federais na identificação de necessidades de serviços a serem ofertados aos beneficiários e á população em geral.
No intuito de observar o comportamento do BPC após a implantação do novo modelo de avaliação da deficiência e do grau de incapacidade da pessoa com deficiência, analisou-se o despacho dos requerimentos da espécie de benefício referente a pessoas com deficiência. Essa análise concentrou-se nos períodos anterior
1 A presente nota técnica foi instituída pela Coordenação Geral de Revisão e Controle de Benefícios/DBA/SNAS e tem como objetivo divulgar informações a respeito do BPC e/ou seus beneficiários.
e posterior à implantação do novo modelo que correspondem aos respectivos períodos de setembro de 2008 a maio de 2009 e setembro de 2009 a maio de 2010.
No segundo período em análise, conforme indica a Tabela 1, observa-se o aumento de 9,5% dos requerimentos do BPC. Percebe-se também o aumento significativo do volume das concessões que chega a atingir 26,5%, bem como o decréscimo de 11,91% nos indeferimentos.
Tabela 1
Total de benefícios por situação, segundo períodos de análise.
Benefícios Total de benefícios por períodos de análise % de crescimento Set/2008 a Mai/2009 Set/2009 a Mai/2010
Requeridos 337.206 369.315 9,52%
Despachados 391.039 397.128 1,56%
Concedidos 137.067 173.394 26,50%
Indeferidos 253.972 223.734 -11,91%
Fonte: Síntese/Suibe, Dataprev, em junho de 2010.
Ao analisar o comportamento das concessões do BPC por unidades federativas, verifica-se no Gráfico 1 que houve redução nos estados do Amapá (-13,94%) e do Tocantins (-0,44%) . Na maioria dos outros estados, o aumento das concessões foi maior que 20%, chegando a atingir 52,9% na Paraíba, 49,68% no Pará e 48,03% no Rio Grande do Norte. Cabe destacar que houve um crescimento mais tímido das concessões do BPC apenas em Alagoas (3,73%), São Paulo (11,32%), Santa Catarina (12,77%), Roraima (13,51%) e Acre (18,95%).
Gráfico 1
Taxa de crescimento da concessão do BPC nas unidades federativas no período de Set/2009 a Mai/2010 em relação ao período de Set/2008 a Mai/2009
Em relação às concessões do BPC para pessoas com deficiência, verifica-se no Gráfico 2 que a maior concentração das concessões do BPC se encontram no Nordeste e no Sudeste, que representam respectivamente 39% e 32% do total de 173.394 concessões.
Gráfico 2
Distribuição do total das concessões do BPC para pessoas com deficiência por regiões brasileiras no período de Setembro de 2009 a Maio de 2010
Fonte: Síntese/Suibe, Dataprev, em junho de 2010.
Constata-se no Gráfico 3 que a taxa de concessão do BPC em relação aos benefícios despachados no Brasil, no período de setembro de 2009 a maio de 2010 em relação ao período de setembro de 2008 a maio de 2009, aumentou de 35,05% para 43,66%. Significa que no segundo período analisado, o qual se encontra vigente o novo modelo de avaliação da deficiência e do grau da incapacidade, a taxa de concessão dos benefícios despachados foi 8,61% superior à taxa do período anterior à implantação do novo modelo (Ver Gráfico 4).
Ao analisar o comportamento dessa taxa por unidades federativas, verifica-se no Gráfico 4 que a tendência de crescimento da concessão dos benefícios despachados foi similar em todos os estados brasileiros, salvo no Tocantins e no Amazonas onde se observa a redução desta taxa em 1,18% e em 8,58%, respectivamente. Em dezesseis unidades da federação, a taxa de concessão foi superior à média nacional, com destaque em Rondônia (17,68%) e no Maranhão (17,47%) onde se verifica as maiores taxas de crescimento que chegam a ser mais do que o dobro da taxa nacional (8,61%).
Gráfico 3 - Taxa de concessão do BPC sobre os benefícios despachados nos períodos de Set/2009 a Mai/2010 e de Set/2008 a Mai/2009, segundo unidades federativas brasileiras
Gráfico 4 - Diferença entre as taxas de concessão do BPC sobre os benefícios despachados nos períodos de Set/2009 a Mai/2010 e de Set/2008 a Mai/2009 segundo unidades federativas brasileiras
Fonte: Síntese/Suibe, Dataprev, em junho de 2010.
Brasília, 26 de outubro de 2010.
Ilma Monsuete da Silva
Técnica Administrativa
Coordenação Geral de Revisão e Controle de Benefícios
Simone de Araújo Góis Assis