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Os contrastes sociais que caracterizam o Brasil foram representados em diferentes épocas.

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Os contrastes sociais que caracterizam o Brasil foram representados em

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A realidade brasileira é historicamente caracterizada pela convivência de contrastes: a pobreza e a riqueza, o desenvolvimento e o atraso, a abundância de recursos e a estagnação econômica, o acesso à educação e a exclusão cultural.

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O poema a seguir, de Oswald Andrade, descreve essa permanente polaridade.

Pobre alimária

O cavalo e a carroça

Estavam atravancados no trilho

E como o motorneiro se impacientasse Porque levava os advogados para os [escritórios Desatravancaram o veículo

E o animal disparou Mas o lesto carroceiro Trepou na boleia

E castigou o fugitivo atrelado Com um grandioso chicote

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Contexto:

Mudanças políticas (Abolição da Escravatura e a Proclamação da

República) não provocam alterações

significativas na estrutura econômica do país:

café = base da economia brasileira = política do café com leite (SP + MG).

(8)

Contexto:

Mudanças que começavam a modificar a fisionomia da sociedade brasileira:

urbanização das metrópoles + a imigração + o crescimento industrial + a emergência de uma classe média reformista e uma nova geração de militares influenciados pelo

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 Pré-modernismo: época eclética (de

mistura de tendências, estilos e visões) = impossibilidade de considerá-lo uma

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 Desmistificação do texto literário e utilização de um português mais “brasileiro”.

 Resquícios culturais do século XIX x busca de novas formas de expressão.

 Desejo de uma redescoberta crítica à realidade social e econômica do Brasil: revelar o verdadeiro Brasil aos brasileiros, mas desmistificando o Romantismo, com seu nacionalismo ufanista, idealizador.

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 Parnasianos = influentes com ideias formalistas e uma concepção da

literatura como “sorriso da sociedade” (estilo artificial). Destaques: Olavo Bilac (na poesia). Influência sobre a poesia de Augusto dos Anjos.

(17)

Língua portuguesa

(Olavo Bilac)

Última flor do Lácio, inculta e bela,

És, a um tempo, esplendor e sepultura:

Ouro nativo, que na ganga* impura [parte rejeitada de um minério]

A bruta mina entre os cascalhos vela...

Amo-te assim, desconhecida e obscura,

Tuba de alto clangor*, lira singela, [som alto e estridente]

Que tens o trom* e o silvo da procela [tempestade marítima] [*estrondo]

E o arrolo* da saudade e da ternura! [cantiga de ninar]

Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!" E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

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VERSOS ÍNTIMOS (Augusto dos Anjos)

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera*. [fantasia, sonho, ilusão]

Somente a Ingratidão — esta pantera — Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga,

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 Simbolistas = estímulo dos sentidos humanos para atingir uma transcendência.

Inexpressivos, pouca ressonância de sua arte, fortemente vinculados à matriz

europeia do movimento. Destaques = Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimaraens, que também influenciam Augusto dos Anjos.

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Aspiração Suprema

(Cruz e Sousa)

Como os cegos e os nus pede um abrigo A alma que vive a tiritar de frio.

Lembra um arbusto frágil e sombrio Que necessita do bom sol amigo.

Tem ais de dor de trêmulo mendigo Oscilante, sonâmbulo, erradio.

É como um tênue, cristalino fio

D'estrelas, como etéreo e louro trigo.

E a alma aspira o celestial orvalho, Aspira o céu, o límpido agasalho,

sonha, deseja e anseia a luz do Oriente...

Tudo ela inflama de um estranho beijo. E este Anseio, este Sonho, este Desejo Enche as Esferas soluçantemente.

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 Realistas = Utilizam uma técnica literária marcada pela objetividade,

verossimilhança, crítica social, análise

psicológica. Destaque para Machado de Assis, que influencia:

- Monteiro Lobato = com a reabilitação do caboclo paulista;

- Lima Barreto = fixação do universo suburbano carioca.

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Vanguardas Européias

Pré-Modernismo

Localização: Não constitui uma escola literária, mas um período de transição para o modernismo.

Realismo Naturalismo Parnasianismo Simbolismo Pré- Modernismo 1902 Os Sertões Canaã 1922 Semana de Arte Moderna Modernismo

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Intérpretes do Brasil = Euclides da Cunha e Graça Aranha = Ambos valem-se da

literatura, o primeiro, com uma linguagem literária refinada, e o segundo, com a

utilização da estrutura ficcional do romance, para questionar a realidade brasileira e

debater o futuro da nação. Suas obras estão muito próximas do ensaio.

(24)

 Intérpretes do Brasil = Especialmente Os

sertões , de Euclides da Cunha, tornou-se um divisor de águas na imagem que a

intelectualidade nacional tinha a respeito de país e de seu povo.

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 Pré-Modernista: o único pré-modernista propriamente dito, no sentido de

empregar recursos técnicos ou temas inovadores, antes da Semana de Arte Moderna é, até certo ponto, o poeta

Augusto dos Anjos = em sua obra, apesar das influências cientificistas, parnasianas e simbolistas, há também um inesperado

gosto pelo coloquial e pela “sujeira da vida”, o que permite incluí-lo entre os precursores de uma das correntes da poesia moderna.

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(27)

Euclides Rodrigues Pimenta da Cunha

nasceu em Cantagalo (RJ), no dia 20 de janeiro de 1866. Foi escritor, professor,

sociólogo, repórter jornalístico e

engenheiro, tendo se tornado famoso

internacionalmente por sua obra-prima, Os

Sertões, que retrata a Guerra dos Canudos.

Principais obras: Os sertões (1902);

Contrastes e confrontos (1907); À margem da história (1909).

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 Em 1897, graças a artigos publicados no jornal O Estado de São Paulo, recebe um convite para ir ao front de Canudos (no sertão baiano), como correspondente de guerra. Assistiu aos últimos dias da

resistência do arraial sertanejo e escreveu suas reportagens ainda dentro de uma

ótica republicana radical. Nos anos

seguintes, refletiu melhor sobre o que havia presenciado e o resultado = um livro

monumental cheio de paixão, ciência e amargura: Os sertões (1902).

(30)

“Quem volta da região assustadora

De onde eu venho, revendo inda na mente, Muitas cenas do drama comovente

Da guerra desapiedada e aterradora [...]” [Euclides da Cunha]

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 Proposta: explicar racionalmente a “grande tragédia nacional” que

observara. Pede ajuda à ciência da época. Estuda geografia, botânica, antropologia, sociologia, etc. Fontes

exclusivamente europeias, impregnadas da perspectiva colonialista (Europa

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 VISÃO DETERMINISTA:

 Determinismo geográfico:

 O homem é produto do meio natural.  O clima desempenha papel

preponderante na formação do meio.  Existe a impossibilidade de se constituir

uma verdadeira civilização em zonas tórridas como o sertão.

(33)

 Determinismo racial:

 Os cruzamentos raciais enfraquecem a espécie.

 O sertanejo é caso típico de hibridismo racial (composto de elementos de

origem diversa).

 A miscigenação induz os homens à bestialidade e a toda espécie de impulsos criminosos.

(34)

 Conclusão = Contradição entre as teorias e alegações do governo

republicano sobre os revoltosos e o que Euclides da Cunha constatava em

(35)

 Situa-se entre o ensaio, a narração e a poesia lírica.

 Obedecendo a um típico esquema determinista divide-se a obra em três partes:

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 Predominância da visão cientificista e naturalista.

 Leitura difícil = informação científica & estilo barroco.

 Descrição do meio físico opressivo feita com detalhes: a vegetação pobre, o chão

calcinado, a imobilidade e a repetição da paisagem árida.

(37)

 A linguagem é poderosamente retórica e transforma a natureza em elemento

dramático:

“Ajusta-se sobre os sertões o cautério das

secas; esterilizam-se os ares urentes,

empedra-se o chão, gretado, recrestado; ruge o Nordeste nos ermos; e, como um cilício dilacerador, a caatinga estende

(38)

 Visão determinista = formação racial do sertanejo e os males da mestiçagem;

impacto do meio sobre as pessoas.  Mistura de raças = retrocesso:

“De sorte que o mestiço – traço de união

entre as raças – é quase sempre um

desequilibrado (...) sem a energia física

dos ascendentes selvagens, sem a altitude intelectual dos ancestrais superiores.”

(39)

 Entretanto, contrastando com essa

incapacidade do mestiço para a civilização moderna, os sertanejos nordestinos seriam

diferentes por ter há muito se isolado no

amplo interior do país. Abandonados há três séculos, sem contatos maiores com o litoral desenvolvido, os sertanejos – ao contrário do que ocorrera com os mestiços urbanos –

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 Por isso, apesar de seu atraso mental, o sertanejo surge como um titã:

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não

tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral. A sua aparência,

entretanto, ao primeiro lance de vista revela o contrário. (...) É desgracioso,

(41)

 O isolamento do sertanejo o mantém preso a valores arcaicos como o messianismo. A “tutela do sobrenatural” rege a vida

cotidiana, e as vicissitudes do meio

intensificam a religiosidade e a consciência mágica do mundo. Um mundo de profetas, de iluminados, de místicos que se tornam

líderes naturais, expressando os valores da comunidade.

(42)

 Antônio Conselheiro = O chefe dos

fanáticos é um personagem-síntese: figura bizarra para os padrões urbanos, com

uma oratória impressionante. Para

Euclides, Canudos era apenas o produto previsível do fanatismo religioso e do

arcaísmo do pensamento sertanejo, que o Conselheiro traduzia.

(43)

 É a parte mais importante e dramática da obra. Euclides não esconde a comoção diante da violência de parte a parte, que gera banhos diários de sangue. Não

consegue deixar de admirar a tenaz

resistência de uma cidade (“Jerusalém de taipa”), que logo se transforma em uma “Tróia de taipa”. Passa a ver os “titãs de cobre” que a defendem o “cerne rijo da nacionalidade”.

(44)

 Percebe que o meio é o principal aliado do sertanejo: “As caatingas não o escondem apenas, amparam-no”. Compreende a

inutilidade dos métodos clássicos de

combate, usados pelo Exército, diante da mobilidade e da luta não-convencional dos inimigos. Espanta-se diante da guerrilha

sertaneja e das sucessivas derrotas que ela impõe às tropas legais, superiormente

(45)

 Emociona-se ao ouvir as rezas e os cânticos que emergem do arraial bombardeado, ao anoitecer, quando todo o Alto-Comando julgava Canudos já sem resistência. A obra adquire então uma grandeza sombria e os últimos momentos do confronto apresentam uma terrível dramaticidade. Com dinamite, os soldados atacam os casebres ainda em pé, explodindo e queimando seus

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“Canudos não se rendeu. Exemplo único em

toda a História, resistiu até o esgotamento completo. (...) caiu no dia cinco, ao

entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram

quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados.”

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 Conjunto de equívocos, demências e

crueldades. Uma pungente (dolorosa) guerra civil e não um conflito entre a reação e o

progresso, entre a Monarquia e a República, como as elites intelectuais, políticas e

militares, bem como a opinião pública do país, acreditavam.

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 Tragédia de erros resultantes de uma

profunda cegueira de ambos os lados. Para os adeptos de Conselheiro, os soldados eram agentes do demônio e deveriam ser

destruídos. Para o Exército, os sertanejos eram jagunços primitivos a serviço da causa

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 Na verdade, os guerrilheiros de Canudos eram uns pobres-diabos, filhos da

ignorância e das crendices de uma civilização parada no tempo há três

séculos. Precisavam de professores, não de tiros de canhão. Já as tropas do governo, que representavam a civilização moderna do país, foram incapazes de perceber a verdadeira natureza dos inimigos e

trataram de destruí-los com barbárie e horror.

(51)

Os sertões adquire, assim, um caráter de denúncia. Trata-se de um “grito de aviso à consciência nacional”. Tal perspectiva é anunciada na nota preliminar que abre o livro:

“Aquela campanha lembra um refluxo para

o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo.”

(52)

 Contradição:

Fervor patriótico com a vitória do Exército x Trágico fim do povoado de Canudos.

(53)

 Conclusão:

 Há dois Brasis completamente estranhos entre si, o do litoral e o do sertão.

 O Brasil do sertão jazia ignorado ou esquecido pela consciência culta nacional.

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 Ponto de vista:

 Para a civilização litorânea, os jagunços (o povo de Canudos) eram facínoras

(bandidos).

 Para Euclides, eram irmãos

(compatriotas) que deveriam ser integrados à nacionalidade.

(55)

 Para Euclides, as duas sociedades brasileiras, separadas pela raça, pelo meio e pela

história, deveriam se aproximar e se integrar pacífica e lentamente. Sob esse prisma, a perspectiva de aproximação entre os dois Brasis, defendida pelo escritor na sua obra-prima, se tornaria, depois de 1930, o projeto político nuclear da nação.

(56)

Os sertões é uma combinação única de ensaio sociológico, estudo científico,

reabilitação histórica, panfleto, reportagem de guerra e literatura, o que torna

impossível enquadrá-lo nos limites de um gênero qualquer.

(57)

 Senso do dramático.

 Confere às ações uma plasticidade

vigorosa e assustadora, buscando sempre o contraste violento, o êxtase e a agonia, a situação-limite do ser humano.

 Efeito persuasivo (exemplos individuais para reforçar uma ideia geral).

(58)

 Gosto pelo ornamental e pelo excesso vocabular.

 Léxico (vocabulário) arcaico.

 Presença contínua de antíteses, paradoxos, comparações e metáforas.

 Jogo binário entre períodos extensos e

períodos curtíssimos e a insistência na frase de efeito, sentenciosa e escultural.

(59)

“Escrevi este livro para o futuro” (Euclides da Cunha) = Pôs em xeque todas as

concepções que a intelectualidade

brasileira tinha a respeito de seu próprio

país, passando a influenciar decisivamente a discussão política sobre os destinos da

nação. Influencia, de forma marcante, o chamado “Romance de 30”.

(60)
(61)

 Afonso Henriques de Lima Barreto, foi escritor e jornalista.

 Nasceu e morreu na cidade do Rio de Janeiro.

 Sofreu com o preconceito racial, ainda que tenha alcançado certa

estabilidade como jornalista.

 Lutou contra o alcoolismo, que acabou causando sua morte.

(62)

 Não foi reconhecido na literatura de sua época, apenas após sua morte. Viveu

uma vida boêmia, solitária e entregue à bebida. Quando tornou-se alcoólatra, foi internado duas vezes na Colônia de Alienados na Praia Vermelha, em razão das alucinações que sofria durante seus estados de embriaguez.

(63)

 Faleceu no primeiro dia do mês de

novembro de 1922, vítima de ataque cardíaco, em razão do alcoolismo.  Principais obras: Recordações do

escrivão Isaías Caminha (1909); Triste fim de Policarpo Quaresma (1915); Numa e a ninfa (1915); Vida e morte de M. J.

Gonzaga de Sá (1919); Clara dos Anjos

(1948).

(64)

 Retrato de partes dos centros urbanos ignorados pela elite cultural do país: os subúrbios cariocas, onde vivem os

funcionários públicos, professores, etc., dando voz a uma população esquecida pelos românticos e realistas.

 Painel dos mecanismos de relações sociais típicos do Brasil do início do século XX.

(65)

 O caráter de denúncia social dos textos de

Lima Barreto tem originalidade: ele vê o mundo com o olhar dos “derrotados”, dos injustiçados, dos que são feridos pelo

preconceito. O preconceito de cor,

especialmente, é o motivo central de sua indignação. Conhecedor da estrutura

discriminatória da sociedade brasileira

sentiu, muitas vezes, a rejeição aberta ou sutil. Por essa razão protesta com

veemência (Ex.: Clara dos Anjos +

(66)

 Desprezando a retórica bacharelesca e

parnasiana, escreve com simplicidade, mesmo com certo desleixo intencional, querendo aproximar o texto escrito da

linguagem coloquial. Acusado de escrever de forma incorreta e de ser incapaz de lidar com os padrões lingüísticos da elite culta, sua obra é julgada gramaticalmente e

condenada por suposta vulgaridade.

Décadas depois, é reconhecido como o

autor mais importante do período e aquele que mais se aproxima da expressão prosaica, conquistada pela geração de 1922.

(67)

 Narrado em primeira pessoa, esse romance

relata a trajetória de um jovem mulato, Isaías, que, vindo do interior, cheio de talento e

ilusões, procura vencer na capital federal.

Mas, sua crença nas possibilidades do saber e seu sonho de conseguir um título de bacharel desfazem-se pouco a pouco. Em parte por

causa de sua origem humilde, mas,

sobretudo, devido à sua cor: é filho de uma ex-escrava que se amasiara com um padre. Há, portanto, uma nota autobiográfica ilhada e exasperada nos primeiros capítulos; mas

tende a diluir-se à medida que o romance progride.

(68)

 O drama da pobreza e do preconceito

racial constitui o núcleo da obra. Romance inacabado, apresenta o drama de Clara, jovem mulata suburbana de origem

humilde, que é vítima de um sedutor

profissional, Cassi Jones. Esse grotesco galã dos arrabaldes, apesar de sua extração

social mais elevada, cria galos de rinha e aproveita-se de donzelas ingênuas. Sua

principal arma de sedução é o violão. Hábil intérprete de modinhas, revira os olhos ao tocá-las e, assim, desperta amores

(69)

 Criada de forma inocente pela família,

Clara torna-se presa fácil do desprezível

sedutor e termina por engravidar. Sua mãe descobre a gravidez e, juntas, as duas vão até a casa de Cassi para exigir o

casamento. Na cena mais forte do relato, a mãe do rapaz as expulsa. Desoladas,

Clara e a mãe retornam para o subúrbio.

A narrativa é interrompida nesse ponto, e o autor não a conclui, por razões jamais esclarecidas.

(70)

 O mais lido e conhecido romance de Lima Barreto.

 Seu protagonista, Policarpo Quaresma, é um nacionalista desmedido,

característica que o leva a ser

(71)

Policarpo tem algo quixotesco, e o romancista soube explorar os efeitos cômicos que todo quixotismo deve fatalmente produzir, ao lado do

patético que fatalmente acompanha a boa-fé desarmada.

(72)

 Sua visão ingênua e até bizarra vai

cedendo lugar à percepção de que os problemas do país são maiores do que ele supunha – a exemplo da questão da má distribuição da terra:

“Mas de quem era então tanta terra

abandonada que se encontrava por aí? (...) Por que estes latifúndios

(73)

O caso de Policarpo passa do cômico ao dramático. Tanto seu sincero desejo de progresso para a nação quanto a consciência crítica, que aos poucos vai adquirindo, lhe dão grande

(74)

A mudança que se opera em Policarpo –

da alienação ufanista à consciência real

do país – constitui o cerne da narrativa. Sua visão final o leva a analisar corrosivamente as mitologias dos grupos dirigentes e as

mistificações de que fora vítima. Quando compreende o papel da ideologia no

processo histórico, precisa morrer. Antes de morrer, pensa na falta de sentido do

conhecimento que alcançara a respeito da realidade nacional. Fica triste por ter transmitido a ninguém sua percepção crítica, e o seu triste fim chega.

(75)
(76)

 Extraordinária figura de intelectual e homem de ação (escritor + editor + empresário + fazendeiro), polemista de mão cheia, errando e acertando com a mesma ênfase, Monteiro

Lobato é um dos grandes nomes da Literatura Brasileira do início do século

(77)

 Tendo vivido no interior pôde observar as dificuldades e os vícios

característicos da vida rural. Suas observações dão origem a uma longa carta , enviada ao jornal O Estado de S. Paulo. Inicia-se, assim uma série de artigos publicados no jornal.

(78)

 Nesta carta, pela primeira vez, é

citado o nome da personagem a que ele ficará associado para sempre:

(79)

 Politicamente, teve postura de

vanguarda, fundando companhias

editoriais e lutando pela moralização do Estado.

 Em 1941, durante a ditadura de Vargas, foi preso por ataques ao governo, o que provocou intensa comoção no país.

 Do ponto de vista estético, não pode ser considerado inovador, ainda que tenha usado da linguagem coloquial e dos

(80)

 Em 1917 envolveu-se numa polêmica: escreveu um artigo jornalístico em que criticava severamente a exposição

expressionista da modernista Anita Malfatti.

 Sua obra infantil, tão marcante na

cultura brasileira, deu-lhe um prestígio singular. Além de divertir, essa literatura era altamente educativa. O livro

“Reinações de Narizinho”, por exemplo, deu origem à série de televisão

(81)

 Sua produção adulta trata, com ironia fina e de forma crítica, dos problemas sociais, principalmente daqueles

relacionados ao interior paulista e à vida no campo.

 Criticava, ainda, certos hábitos brasileiros, como a obediência a

modelos estrangeiros, a subserviência ao capitalismo internacional, a

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 Trata do caboclo que vivia no interior de São Paulo, nas fazendas de café, mas

usando a terra de modo errado, já que esgotava seus recursos e depois se

mudava para repetir o comportamento.  O livro é uma reunião de contos e de

dois artigos, um dos quais dá nome ao livro. Neste artigo, Urupês, Monteiro

Lobato apresenta pela primeira vez o Jeca Tatu, caipira indolente e

preguiçoso, protótipo do caipira brasileiro.

(83)

 Por meio do Jeca Tatu, Lobato criticava a face de um Brasil agrário, atrasado e ignorante. Seu ideal era uma país

moderno, estimulado pela ciência e pelo progresso.

(84)

 Livro também de contos, caracteriza a devastação e a tristeza nas pequenas cidades do Vale do Paraíba, que

perdem seu lugar como grandes produtoras de café para o oeste paulista.

(85)

 Livro em que denuncia o jogo de

interesses relacionados com a extração do petróleo e a ligação das autoridades brasileiras com interesse internacionais.

(86)
(87)

 Autor de uma obra só, intitulada “Eu”, a qual trouxe inovações no modo de

escrever , com o emprego de termos científicos e temática influenciada por sua multiplicidade intelectual (ciências naturais, química, matemática,

mitologia, religião, geografia, filosofia e física).

(88)

 Tinha obsessão pela temática da morte, que o impressionava por seus aspectos materiais: o verme, a decomposição do corpo. Isso lhe causava uma

perplexidade extravasada em versos escatológicos, em que o verme é

apontado, muitas vezes, como deus,

pois, responsável pela decomposição, é quem conduz os seres ao fim, ao nada absoluto.

(89)

 Recebeu influências do:

 Naturalismo: emprego de termos científicos, cientificismo;

 Parnasianismo: preferência pelo soneto e cuidado formal;

 Simbolismo: imagens fortes,

preocupação formal, angústia existencial.

(90)

 Sua poesia é enigmática e sombria, marcada pela angústia existencial e moral.

 Emprega um vocabulário agressivo e antipoético (escarro, verme, germe, etc.)

 Temas: substâncias químicas que compõem o corpo humano, a

decrepitude dos cadáveres, os vermes, etc.

(91)

 Em sua obra, percebe-se o conflito

entre a objetividade do átomo e a dor cósmica.

 Deu início à discussão sobre o conceito de boa poesia, preparando o plano

literário para a grande renovação modernista a partir de 1920.

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