ENERGIA NUCLEAR - POLÍMEROS
LEONARDO GONDIM DE ANDRADE E SILVA
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares Comissão Nacional de Energia Nuclear
IPEN-CNEN/SP
Centro de Tecnologia das Radiações CTR
WORKSHOP INTERNATIONAL
ENERGIA NUCLEAR, MEIO AMBIENTE E SEGURANÇA ENUMAS 2010
ENERGIA NUCLEAR ENERGIA ATÔMICA
EXPLOSÕES NUCLEARES:
A CONTRIBUIÇÃO DA ENERGIA NUCLEAR
nas diversas áreas
SAÚDE
MEIO AMBIENTE INDÚSTRIA
MODIFICAÇÃO DE
POLÍMEROS POR
POLÍMEROS
POLÍMEROS
NATURAIS
POLÍMEROS
SINTÉTICOS
Monômero etileno
O etileno ou eteno é o hidrocarboneto
alceno mais simples, constituído por dois átomos de carbono e quatro de
hidrogênio. Existe uma ligação dupla entre os dois carbonos.
EFEITOS DA RADIAÇÃO EM POLÍMEROS
O estudo do Efeito da Radiação em Polímeros vem crescendo cada vez mais devido às grandes possibilidades de modificação de suas propriedades pela radiação, sem a formação de resíduos.
RADIAÇÃO
Proveniente da Luz Solar
Mas não são estas que nos interessam e sim as que são capazes de produzir
RADIAÇÃO
É a transferência direta de energia de uma fonte emissora até um ponto do espaço independente do meio físico presente.
RADIAÇÃO
- IONIZANTE
RADIAÇÃO IONIZANTE
Estas radiações possuem energia suficiente para romper qualquer ligação química e uma de suas características é causar ionização no meio onde são absorvidas.
As radiações ionizantes cedem sua energia ao meio no qual difundem, mediante múltiplos processos de interação.
Esta energia cedida é gasta na EXCITAÇÃO e na IONIZAÇÃO das moléculas gerando reações químicas que podem provocar MODIFICAÇÔES permanentes na estrutura do material irradiado.
RADIAÇÃO NÃO IONIZANTE
As radiações não ionizantes são radiações eletromagnéticas de energia mais baixa (luz ultravioleta (UV) e a luz visível).
Estas radiações só vão interagir com uma parte da molécula ou com um tipo de
ligação química, formando espécies
excitadas.
Elas não conseguem ionizar o meio que estão atravessando.
Os principais tipos de RADIAÇÃO IONIZANTE
utilizados na INDÚSTRIA são:
RAIOS GAMA
FEIXE DE ELÉTRONS RAIOS X
Instalações Radiativa América do Sul Brasil Japão USA Mundo IRRADIATORES GAMA 14 9 (+1) > 8 > 30 > 260 (100 kCi – 10 MCi) ACELERADORES INDUSTRIAIS DE 17 15 > 300 > 500 > 1,200 ELÉTRONS (200 keV – 10 MeV)
China : > 80 Irradiadores Gama
As radiações gama e os feixes de
elétrons utilizados na indústria não
possuem energia suficiente para interagir com os núcleos dos átomos presentes no meio.
Portanto, não provocam uma reação
nuclear não induzem o aparecimento de RADIOATIVIDADE no material que está sendo irradiado.
Núcleo Interação da radiação com a matéria (Efeito Compton) Radiação Eletromagnética
Feixe de Elétrons
Raios Gama
(Radiação Eletromagnética)
Material (átomos)
Penetração da radiação gama/elétrons de alta energia: inversamente proporcional à densidade do produto
Espessura (cm)
densidade do material = 0,20g/cm3
Dose Relativa
Feixe de Elétrons
Raios Gama
(Radiação Eletromagnética)
Material (átomos)
Penetração da radiação gama/elétrons de alta energia: inversamente proporcional à densidade do produto
Espessura (cm)
densidade do material = 0,20g/cm3
Dose Relativa
Cobalto-60 - Ativação do Cobalto-59 e decaimento para Níquel-60 Núcleo Nêutron 1,17MeV (Gama) 1,33MeV (Gama) (Beta) 0,314MeV
Irradiadores Gama
Raios Gama (60Co, 137Cs) – alto poder de penetração
Água (1,0 g/cm3) – 50 cm
Taxa de dose – 102 a 104 Gy/h
Produtos diversificados, materiais espessos e de alta densidade.
Radioisótopos Utilizados (meia-vida longa e alta energia)
Césio-137: meia-vida = 30 anos e gama = 0,662MeV
Cobalto-60: meia-vida = 5,25 anos e gama = 1,17MeV e 1,33MeV
Vantagens e Limitações no Processamento por Radiação Gama
Vantagens: processamento de produtos diversificados, materiais
espessos e de alta densidade, que necessitam uniformidade de dose
Irradiadores Gama para P&D
PANORÂMICO
(5 kCi, taxa de dose variável )
Irradiadores de Cobalto-60
Irradiador de Cobalto-60 Panorâmico
Irradiador de Cobalto-60 Gammacell-220
Cobalto-60
(1,17MeV e 1,33MeV)
Irradiador Multipropósito
FUD/ Eficiência: 1,33 / 11,6% (0,09g/cm3)
2,08 / 36,6% (0,49g/cm3)
Irradiadores Gama Multipropósito
Aceleradores Industriais de Elétrons
Feixe de elétrons de alta energia – alta taxa de dose
Água (1,0 g/cm3) – 5,0 cm (10 MeV) Taxa de dose – 102 a 104 Gy/s
Produtos bem definidos, grandes superfícies com espessuras finas.
Classificação dos Aceleradores de Elétrons (função da energia do feixe de elétrons)
Baixa energia: 150 keV a 300 keV Média energia: 300 keV a 5 MeV Alta energia: 5 MeV a 10 MeV
Vantagens e Limitações no Processamento por Feixe de Elétrons
Vantagens: alta velocidade de processamento de produtos bem
definidos e de grandes superfícies com espessuras finas
37,5kW (1,5MeV e 25mA) 97,5kW (1,5MeV e 65mA)
Sistema de Irradiação do Acelerador de Elétrons
(Velocidade: 0,42 - 6,72 m/minuto e Taxa de Dose: 1,07 - 161,67kGy/s)
Equipamentos de Raios X
Elétrons Acelerados Raios X Alvo
Geração de Raios X - Bremsstrahlung (interação com núcleo)
Elétron ou Íon Acelerado
Núcleo
Raio X por Bremsstrahlung
Elétron ou Íon Freado
Geração de Raios X - RX característico (interação com elétrons) Elétron Acelerado Núcleo Raio X característico Elétron - Auger
EFEITO DA RADIAÇÃO
A interação da radiação ionizante com compostos orgânicos (polímeros) produz principalmente: • CÁTIONS • ÂNIONS • ESPÉCIES EXCITADAS • RADICAIS LIVRES • ENTRE OUTRAS
A interação da radiação ionizante com
os POLÍMEROS é um processo
complexo e aleatório que resulta na
formação de moléculas ionizadas e
excitadas, as quais posteriormente se recombinam ou se dissociam para produzir RADICAIS LIVRES.
EXCITAÇÃO
O fotón transfere sua energia:
RH → RH*
-Porém o elétron primário pode causar ionização direta de outras moléculas, produzindo mais elétrons:
-A recombinação do elétron com o cátion produzido provocará a formação de uma molécula em estado eletrônico excitado:
Essas moléculas excitadas podem
perder o excesso de energia em
processos de relaxação ou sofrer
cisão homolítica com a formação de radicais livres:
RH* → R• + H •
A formação de radicais livres é a etapa
mais importante do processo de
interação da radiação ionizante com os polímeros.
Estes radicais livres têm uma
participação importante nas reações químicas que ocorrem nos polímeros irradiados.
Os efeitos causados pela radiação, em doses pequenas, afetam
profundamente o material, pois as
vezes, uma única mudança em uma
molécula já pode afetar as suas
Os maiores efeitos em polímeros surgem da dissociação de ligações de valências primárias em radicais.
A dissociação de ligações C-C e C-H leva a diferentes resultados e podem ocorrer simultaneamente.
As alterações em estruturas moleculares do polímero aparecem como variações nas propriedades físicas e químicas.
Pode-se obter melhorias nas:
• Propriedades mecânicas • Propriedades térmicas • Resistência à abrasão
ASPECTOS QUE INFLUENCIAM NA IRRADIAÇÃO DE POLÍMEROS
• Estrutura química do polímero • Morfologia
• Grau de cristalinidade
• Estado do polímero durante a
OUTROS FATORES
• Presença de aditivos
• Permeabilidade ao oxigênio • Taxa de dose
EFEITOS DA RADIAÇÃO EM POLÍMEROS
• RETICULAÇÃO
RETICULAÇÃO
É um processo iniciado pela abstração de hidrogênio das cadeias poliméricas.
O MECANISMO baseia-se na formação de radicais livres.
Formação de radicais livres • -CH2 - CH2 - CH2- → H• + -CH2 - CH - CH2 -Abstração de átomo de H H• + -CH2-CH2-CH2- → H2 + -CH2-CH-CH2 -•
Os dois radicais poliméricos formados nas
duas primeiras reações se combinam,
levando a RETICULAÇÃO da molécula polimérica.
2 -CH2 - CH - CH2- → -CH2 - CH - CH2
-•
-Na RETICULAÇÃO ocorre um
aumento na MASSA MOLAR do
POLÍMERO, formando uma rede
POLÍMEROS com nenhuma (PE) ou com uma única cadeia lateral presente, geralmente sofrem RETICULAÇÃO.
A RETICULAÇÃO é a reação predominante na irradiação de POLÍMEROS, tais como:
• POLIESTIRENO • POLIETILENO
FRAÇÃO GEL
A extração da fração solúvel permite determinar a fração do polímero que sofreu RETICULAÇÃO.
Assim, pode-se avaliar a porcentagem de reticulação do polímero irradiado.
CISÃO
Na CISÃO ocorre uma diminuição da massa molar do POLÍMERO.
A tendência a CISÃO está relacionada a:
• a ausência de átomos de hidrogênio,
quando os grupos R1 e R2 são
volumosos impedindo a aproximação das cadeias,
• uma ligação mais fraca que a C - C
média,
• a presença de ligações não usuais
fortes como C - F em algum outro lugar da molécula.
APLICAÇÕES
DAS
RADIAÇÕES
EM
Esterilização de Produtos Médicos, Cirúrgicos e Biológicos por Radiação
Implantes, catéteres, sistemas de infusão, suturas, luvas, bandagens,
drenos, tubos para transfusão, seringas, agulhas, entre outros
Esterilização de Produtos Médicos, Cirúrgicos e Biológicos por Radiação
Filmes de Alta Barreira e Baixo Custo
Tecnologia de Embalagens por Feixe de Elétrons
Evaporação de SiO2 por Feixe de Elétrons
Irradiação de Fios e Cabos
Polímeros Termoplásticos Elastômeros
Usados como Isolantes Elétricos
Irradiação com Elétrons
• Temperatura ambiente • Simples
• Rápida
• Resultados melhores que os químicos convencionais • Melhor relação custo/qualidade
Irradiação de Fios e Cabos RETICULAÇÃO Melhora as propriedades: Térmicas Elétricas Mecânicas Velocidade de Irradiação 120m/min - 300m/min
Palmilhas de Polietileno
Tecnologia de Irradiação de Espumas por Feixe de Elétrons
Reticulação Química
Reticulação por EB
Produção de Hidrogéis por Radiação
Produção de Tubos e Fitas Termo-Retráteis por Feixe de Elétrons Heat-Shrinkable Materials
Reticulação de Pneus por Radiação
Degradação de Materiais Poliméricos por Radiação
VULCANIZAÇÃO DE LATEX
RECICLAGEM DE MATERIAIS POLIMÉRICOS
DEGRADAÇÃO CONTROLADA DE POLÍMEROS
Tecnologia de Cura por Radiação
Enxertia por radiação de
feixe de elétrons, gama, raios-X
por pré-irradiaçãopor irradiação mútua por peroxidação
EXEMPLOS
Monômeros: acrílico, ácido acrílico
(características hidrofílicas em polímeros hidrofóbicos) Membranas de troca iônica para PEMFC
(PTFE ou PP enxertados com estireno sulfonado) Membranas de diálise (PVDF com estireno)
PVC enxertado com monômero heparina (superfície torna-se não trombogênica)
EXEMPLOS
Separadores de bateria e na produção de adsorventes para remoção de gases.
Na separação de baterias usou-se:
PP com ácido acrílico, clorometil-estireno e estireno.
Aplicações médicas:
Grupos ativos são enxertados no polímero, tais como carboxílico, amina, entre outros.
EXEMPLOS
BIOMATERIAIS
É utilizada para melhorar a propriedade de HEMOCOMPATIBILIDADE das superfícies de determinados polímeros.
Polidimetilsiloxano (PDMS) e poli(tereftalato de etileno) (PET) com
POLIMERIZAÇÃO INDUZIDA
POR RADIAÇÃO
POLI(ACETATO DE VINILA)
CH3 – COO – CH = CH2 - (H2C – CH)n -| O – C – CH3 ║ OVANTAGENS DA POLIMERIZAÇÃO INDUZIDA POR RADIAÇÃO
• Ausência de resíduo, como
decomposição de um catalisador
químico;
• Um imenso intervalo de intensidades
e, portanto, de taxas de iniciação;
• Pequena ou nenhuma influência da
VANTAGENS DA POLIMERIZAÇÃO INDUZIDA POR RADIAÇÃO
• Não há perigo da reação fugir do
controle;
• Utilizações não usuais, tais como, a
possibilidade da iniciação no estado sólido e polimerização de monômeros orientados.
ESTABILIDADE RADIOLÍTICA
A estabilidade radiolítica de polímeros tem sido alvo de muitos estudos como necessidade de desenvolver polímeros com propriedades cada vez melhores e cujas aplicações envolvam exposições à radiação.
OBJETIVO - ter materiais poliméricos resistentes à radiação.
ESTABILIDADE RADIOLÍTICA
POLICARBONATO e POLIESTIRENO
Maior estabilidade radiolítica do que os polímeros alifáticos.
O anel benzênico tem maior
possibilidade de dissipar a energia. Proteção radiolítica interna.
PC sofre CISÃO → Amarelecimento
Provocado pelo radical FENÓXI estável a temperatura ambiente formado pela cisão do grupo carbonila.
ESTABILIDADE RADIOLÍTICA
Proteção radiolítica externa é obtida por:
ADITIVOS
Reduzem os danos da radiação em polímeros.
ESTABILIDADE RADIOLÍTICA
ADITIVOS podem ser classificados em:
• Desativadores de estados excitados • Capturadores de radicais
• Capturadores de elétrons e íons • Mobilizadores
ESTABILIDADE RADIOLÍTICA Os problemas de ESTABILIDADE dependem: • Tipo de polímero • Condições de produção • Condições de processamento • Uso final
POLIETILENO
-POLIETILENO
PE reticula predominantemente
USO do PE irradiado
• revestimento de fios e cabos elétricos • espumas
POLIETILENO
Mecanismos para a reticulação do PE: sequência de subtrações e adições de H, levando a formação de H2 e a ligação cruzada entre dois radicais.
As reações ocorrem basicamente na FASE AMORFA (maior mobilidade) e, portanto, o grau de cristalinidade do PE (polímero semicristalino) afetará a reticulação.
POLIETILENO
A presença de OXIGÊNIO durante a
irradiação afeta o rendimento das
reações de reticulação, gerando
oxidação.
A TAXA DE DOSE, neste caso, é muito importante:
< taxa de dose permite uma maior
difusão do oxigênio na amostra
POLI(METACRILATO DE METILA)
-POLI(METACRILATO DE METILA)
O PMMA sofre preferencialmente
CISÃO da cadeia principal.
Devido à presença de duas cadeias laterais ligadas à cadeia principal.
POLIPROPILENO
-POLIPROPILENO
O PP é um polímero em que ambos os efeitos ocorrem simultaneamente.
A DEGRADAÇÃO do PP acontece, em grande extensão, na fronteira da fase cristalina com a amorfa, ocorrendo,
ainda, migração de radicais dos
POLIPROPILENO
As cadeias laterais do PP, os grupos metila, geram a produção de gases CH4 durante a irradiação.
Na presença de OXIGÊNIO, o PP
degrada muito pela reação dos radicais com o oxigênio formando peróxidos.
Evita-se isto irradiando em outra
POLITETRAFLUOROETILENO
-POLITETRAFLUOROETILENO PTFE
O PTFE degrada muito quando
irradiado.
Os polímeros fluorados têm baixa
resistência à radiação.
Durante a irradiação ocorre cisão das cadeias na fase amorfa que ligam os cristais.
POLITETRAFLUOROETILENO PTFE
Após um aquecimento até a fusão e posterior esfriamento, os cristais se recompõem sendo menos restritos às ligações da fase amorfa e com massa molar menor.
Isso faz com que aumente a
cristalinidade do PTFE irradiado, que
adquire importantes propriedades
POLI(CLORETO DE VINILA)
-POLI(CLORETO DE VINILA)
Quando o PVC é irradiado, ocorre basicamente a quebra da ligação C-Cl, com subsequente formação de HCl e duplas ligações conjugadas.
É comum a formação de polienos na
irradiação do PVC, que são
importantes centros cromóforos. O PVC apresenta amarelecimento.
POLICARBONATO
-POLICARBONATO (PC)
O PC sob efeito da radiação sofre CISÃO da cadeia principal e portanto apresenta amarelecimento.
PC é usado na confecção de artefatos médicos:
• filtros de hemodiálise
• oxigenador e filtro de sangue • frasco para plasma sangüíneo • conector de tubos e cateteres
POLIESTIRENO
-POLIESTIRENO
O PS é um dos polímeros mais
resistente à radiação.
Esta alta resistência se deve à
presença de grupos aromáticos na sua estrutura.
Os grupos aromáticos absorvem a energia de excitação e seus estados excitados decaem com pouca quebra de ligações.
POLIESTIRENO
O rendimento da formação de radicais (e conseqüente CISÃO e RETICULAÇÃO) é muito baixo.
LÁTEX
O látex preferencialmente reticula
quando submetido à radiação
ionizante.
Este processo é uma alternativa para a vulcanização do látex sem a utilização de enxofre e geração de resíduos. Tornando os produtos não citotóxicos.
MUITO OBRIGADO
Leonardo Gondim de Andrade e Silva
lgasilva@ipen.br
11-31339866
Centro de Tecnologia das Radiações IPEN - CNEN/SP