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É ecologia ou educação ambiental professora? / Is ecology or teacher environmental education?

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É ecologia ou educação ambiental professora?

Is ecology or teacher environmental education?

Recebimento dos originais: 12/02/2019

Aceitação para publicação: 19/03/2019

Andreia Quinto dos Santos

Mestra em Educação Científica e Formação de professores pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Professora da Educação Básica

Instituição: Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB)

Endereço da Instituição: Rua José Moreira Sobrinho, s/n Campus de - Jequiezinho, Jequié - BA, 45205-490

Endereço pessoal: Rua B, 52,Banco Raso, Itabuna-Ba Email: andreia.quinto@hotmail.com

Regileno da Silva Santana

Mestrando do Mestrado Profissional em Matemática (PROFMAT) Instituição: Universidade estadual de Santa Cruz (UESC)

Endereço da Instituição:km 16 da Rodovia BR-415. Endereço pessoal: Rua B, 52, Banco Raso, Itabuna-Ba

Email: rssantana.rs@gmail.com

Evton Farias Quinto Santos

Graduado em Engenharia Civil pela UNIME Instituição : UNIME

Endereço da Instituição:Av. José Soares Pinheiro, 1191 - Lomanto Júnior, Itabuna - BA, 45600-185

Endereço pessoal: Rua B, 52, Banco Raso, Itabuna-Ba Email: evton_fq@hotmail.com

Ricardo Jucá Chagas (Orientador da autora)

Doutorado em Ciências Biológicas (Zoologia) pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Brasil(1998)

Instituição: Professor Pleno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia , Brasil: Endereço: Rua José Moreira Sobrinho, s/n Campus de - Jequiezinho, Jequié - BA,

45205-490

Email:rjchagas@hotmail.com

RESUMO

A Ecologia e a Educação Ambiental são a mesma coisa? Essa dúvida persiste entre professores e alunos da educação básica? Apesar de serem bastante próximas, possuem suas particularidades e funções. A pesquisa foi realizada com 6 professoras de Ciências, de escolas distintas, na rede pública, noMunicípio de Itabuna. Três destas com formação em Pedagogia e três com formação em Biologia. O objetivo foi conhecer as visões destes professores sobre Educação Ambiental e Ecologia, se na concepção deles são sinônimas ou se distinguem?A pesquisa é qualitativa e foi utilizada uma entrevista semiestruturada na

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coleta dos dados. Os resultados sinalizam que quatro professoras compreendem e definem a ecologia e a educação ambiental, quanto as outras duas ainda confundem os termos e ensinam como se tratassem do mesmo conteúdo.

Palavras chave: Ecologia, Educação Ambiental, Ensino de Ciências

ABSTRACT

Are Ecology and Environmental Education the Same Thing? Does this doubt persist between teachers and students in basic education? Although they are very close, they have their peculiarities and functions. The research was carried out with 6 teachers of Sciences, of different schools, in the public network, in the Municipality of Itabuna. Three of these with a degree in Pedagogy and three with a background in Biology. The objective was to know the views of these teachers on Environmental Education and Ecology, if they are synonymous or distinguish them? The research is qualitative and a semi-structured interview was used in the data collection. The results indicate that four teachers understand and define ecology and environmental education, while the other two still confuse terms and teach how they are of the same content.

Keywords: Ecology, Environmental Education, Science Teaching

1 INTRODUÇÂO

A ecologia e a educação ambiental têm se confundido no processo ensino aprendizagem e essa dúvida persiste entre professores e alunos. Apesar de serem bastante próximas, possuem suas peculiaridades e funções. Baseado nessas inquietações nos propomos a desenvolver uma entrevista semiestruturada para saber as concepções que possuem os professores da Educação Básica, na rede públicade Itabuna-Ba, sobre Educação ambiental e ecologia.

Apresentamos algumas definições encontradas na literatura, analisamos as concepções das professoras e concluímos com os resultados encontrados.

Educação Ambiental e Ecologia: estão relacionadas ou significam a mesma coisa? Baseado nessa indagação buscamos na literatura as definições sobre uma Ciência e outra. Essas são dúvidas que se fazem presentes no cotidiano de muitos professores e alunos. Pois são Ciências que apresentam grande aproximação e correlação (ALMEIDA, 2016).

Daformacomo estão interligadas, possibilitam em algumas situações serem apresentadas como sinônimas, causando confusões em seus significados. Estas confusões, em diversas situações ocorrem por estarem presentes em assuntos sobre questões relativas ao Meio Ambiente.Em consonância com Almeida (2016, p.61). “É nítida a relação entre a

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Ecologia e a Educação Ambiental (EA), de modo que os termos são confundidos quanto aos seus significados, evento que faz com que o Ensino de Ecologia seja utilizado como Educação Ambiental e vice-versa”. Santiago (2012, p. 42)explicaque “Na história da Ecologia, haviam preocupações dos ecólogos, apenas com a conservação dos ecossistemas que estudavam” também afirma quea “Ecologia não foi criadacom o objetivo de identificar e resolver os problemas ambientais”. Almeida (2016, p. 62) esclarece que

Essa preocupação surge em decorrência das consequências dos desastres ambientais, da diminuição de recursos, por meio de uma exacerbada utilização dos recursos naturais, das ações antrópicas, ou seja, das ações realizadas pelo homem no planeta, o que o impulsiona a buscar soluções para tais problemas.

O próprio homem provoca desastres ambientais (desmatamentos, queimadas, poluição) criando problemas para si e para outras espécies. Depois é necessário que sejam desenvolvidas ações na perspectiva de tentar corrigir ou apaziguaresses problemas causados. Pois da forma como os recursos ambientais estão sendo utilizados, o planeta não se sustenta e consequentemente, não nos sustenta.

Santiago (2012, p. 43) ainda afirma que, “não há como negar as influências recíprocas entre essas duas áreas do conhecimento”, poisse aproximam, mas também se distinguem.

A Ecologia tem como foco compreender as interações entre os seres bióticos e abióticos, a partir do século XIX, quando se define como ciência. Diversas correntes filosóficas e metodológicas surgiram no século XX, uma delas é a visão holística, em oposição à visão reducionista que privilegia as partes do sistema. De acordo com Santiago, a visão holística, propõe que:

[...] A visão ecológica holística, notadamente a Hipótese Gaia, de Lovelock, foi adotada por movimentos de contracultura a partir da década de 1960, servindo como base teórica (muitas vezes com interpretações teleológicas) para alertar sobre os problemas da crise ecológica, uma vez que nesta visão o próprio ser humano está inserido nos sistemas ecológicos, portanto é vulnerável aos riscos advindos de seus desequilíbrios. A própria Ecologia Política e linhas de pesquisa da Ecologia Humana remontam a movimentos sociais inspirados na Ecologia Holística (2012 p. 46).

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Nesta visão o homem faz parte da ‘teia da vida’, necessita compreender sua condição humana e que vivemos em uma relação de interdependência com o planeta e tudo que nele há. Na visão de Petráglia, o termo holístico:

Vem do termo grego holos, totalidade, e está ligado a um modo de ver a realidade em função de um todo interligado e interdependente, em que suas propriedades não são reduzidas a unidades menores. [...]. O termo “holismo” foi criado por Jan ChristhianSmuts (1870-1950), filósofo, general e estadista sul-africano, que também se destacou no movimento antiaphartheid. Para ele, holismo se refere à criação de conjuntos presentes no universo (2001, p. 42).

A Educação Ambiental surge por conta das inquietações da sociedade em relação aos problemas ambientais, com a sustentabilidade. Na definição de Guimarães:

[...] a Educação Ambiental vem sendo definida como eminentemente interdisciplinar, orientada para a resolução de problemas locais. É participativa, comunitária, criativa e valoriza a ação. É uma educação crítica da realidade vivenciada, formadora da cidadania. É transformadora de valores e atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos, criadora de uma nova ética, sensibilizadora e conscientizadora para as relações integradas ser humano/sociedade/natureza objetivando o equilíbrio local e global, como forma de obtenção da melhoria da qualidade de todos os níveis de vida (2007, p. 28).

Apresentaremos um breve histórico sobre a educação ambiental, a partir do Clube de Roma em 1968. Quando surge a necessidade de conservação dos recursos ambientais por conta da evidente degradação ambiental e suas consequências, o crescimento populacional desordenado e os problemas de saúde associados a poluição do ambiente e a produção crescente de lixo. A partir desses problemas, surgem os primeiros movimentos, que buscavam e investiam na mudança de postura e mentalidade, tendo em vista respostas aos problemática ambientais. O Clube de Roma expôs esses problemas, causando pressões sociais, o que levou a realização da Primeira Conferência Mundial do Meio Ambiente Humano, em 1972, em Estocolmo, na Suécia, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), (REIGOTA, 2006). Nessa conferência o foco foi a educação cidadã, na busca pela tomada de decisões, que sinalizassem a resolução dos problemas ambientais. Surge a Educação Ambiental e os debates para estabelecer os fundamentos filosóficos, pedagógicos e os objetivos desta Ciência. Que após diversas discussões, foram definidos na perspectiva de encontrar novos caminhos para resolver esses problemas. Os objetivos propostos estão na figura 1.

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Figura 1 -Principais objetivos da Educação Ambiental

Fonte: Reigota (2006).

Na conferência RIO- 92, realizada no Rio de Janeiro, Brasil, vinte anos após a conferência de Estocolmo, a concepção de meio ambiente tomou novas dimensões, antes estava relacionada apenas a relação homem-natureza, então evoluiu para uma visão relacionada com as questões econômicas, trazendo reflexos ao discurso e a prática da Educação Ambiental.

A Constituição Brasileira de 1988, também conhecida como “Constituição Cidadã”, e as transformações sociais, provocaram mudanças na Educação. No art. 225, §1º, VI e tornou a Educação Ambiental obrigatória, a qual deve ser garantida pelos governos federal, estaduais e municipais.

A constituição cidadãtrouxe transformações, como a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Nº 9394/96), a LDB, e inserção de propostas que atendessem às demandas educacionais, com o propósito de orientar a Educação Básica no país. Criou-se então os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), dentre outras ações, com o objetivo de promover “educação de qualidade para todos”.

Inserir os “temas transversais” nos PCN, os quais propiciaram discussões na educação sobre questões sociais historicamente importantes (SHIMIZU, 2012, p. 8). Pois os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), com os Temas Transversais Meio Ambiente e Saúde (2001) apresentam a educação como um elemento necessário a transformação e formação da consciência ambiental. Peticarrari et al (2010) propõem que é preciso conhecer os conceitos e problemas ambientais, mas que também é preciso mobilizar-se para a construção de atitudes, valores e ações que cooperem com a formação para uma sociedade sustentável.

De acordo com os PCN Meio Ambiente e Saúde (2001) os temas sobre meio ambiente no Ensino Fundamental (1ª à 8ª série, que correspondem, atualmente, ao 1º ao 9º

OBJETIVOS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL

Conscienti-zação Comporta-mento Competên-cia Conheci-mento Capacidade de avaliar Participa-ção

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ano), a formação cidadã é o foco principal da Educação Ambiental. Propondo que o professor trabalhe, com a perspectiva de propiciar ao estudante uma postura crítica da realidade, das informações midiáticas ou do seu entorno. Um caminho é compreender prioritariamente a realidade local, partindo das questões locais as globais, de acordo com PCN Meio Ambiente e Saúde (2001, p. 48). Esses conceitos necessitam estar presentes e ficarem claros para os alunos, para que possam construir suas próprias conclusões, sobre a fragmentação de habitat, poluição,consumismo que contribui para o aumento na produção do lixo e o desmatamento. E as relações estabelecidas entre os componentes dos ecossistemas, para que possam estar aptos a tomar decisões conscientes sobre essas questões.

Essas ideias necessitam ser trabalhadas de forma transversal, integrados ao currículo e as práticas educativas.

Devem ser trabalhados os conteúdos conceituais, atitudinais e procedimentais, como proposto por Pozo e Gomes Crespo (2009), conforme figura 2.

Figura 2-Tipos de conteúdo do Currículo - Pozo e Gomes Crespo

Fonte: Elaborada pelos autores da pesquisa com base em Pozo e Gomes Crespo (2009).

Como forma de proporcionar a aprendizagem de conceitos, procedimentos e atitudes sobre Educação Ambiental, propomos o uso de espaços formais e não formais. Pois a educaçãonão é restrita ao ambiente escolar, pode ocorrer em outros locais da comunidade. Mas necessita estar também presente e ser realizada na escola, que para muitos estudantes é o único contato com as questões científicas.

Em 2004, quando o Ministério do Meio Ambiente (MMA), por intermédio do Programa Nacional da Educação Ambiental (PNEA), publicou um painel da Educação Ambiental (EA) brasileira, A coletânea de textos, de reflexões, intitulada “Identidades da Educação Ambiental Brasileira”, apresentou a diversidade de nomenclaturas, as convergências e identidades entre as modalidades. Layrargues, ressalta que:

TIPOS DE CONTEÚDOS NO CURRICULO

Atitudinais Procedimentais

Conceituais

O que fazer com os conhecimentos

adquiridos Técnicas utilizadas para

que a aprendizagem ocorra Fatos e dados

ensinados e aprendidos

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A diversidade de nomenclaturas hoje enunciadas, retrata um momento da educação ambiental que aponta para a necessidade de se res-significar os sentidos identitários e fundamentais dos diferentes posicionamentos político-pedagógicos. Alfabetização Ecológica, Eco pedagogia, Educação Ambiental Crítica, Transformadora ou Emancipatória, Educação no Processo de Gestão Ambiental. O que querem dizer essas novas denominações? Por que elas surgiram? Quais as semelhanças e diferenças existentes entre elas? (2004, p. 7),

Essas nomenclaturas propõem as especificidades, as características da proposta de Educação Ambiental que seus autores formularam, assim como as orientações pedagógicasque culminaram com o surgimento da eco alfabetização ou alfabetização ecológica. Propondo uma nova forma de enxergar a natureza e os seres vivos, necessária frente às demandas atuais em relação à natureza e ao meio ambiente. Dualibi (2011, p. 2) enfatiza que:

A alfabetização ecológica pressupõe uma visão sistêmica da vida. Suafundamentação teórica está baseada na teoria dos sistemas vivos. No entanto precisa ter conteúdo específico ou ser uma dimensão fundamentada em princípios e critérios que perpassam várias disciplinas, ser um espaço de diálogos, de encontros entre os múltiplos saberes e fazeres.

De acordo comPerticarrari et al (2010) alfabetizar ecologicamente requer o desenvolvimento das habilidades: observar; traduzir; analisar; formular hipóteses; sintetizar; julgar, entre outras -, para se perceber as inter-relações entre os componentes de um ecossistema. De acordo com esses autores, essas habilidades são mais complexas do que apenas memorizar conceitos, porém a memorização é um recorte muito limitado das habilidades que são propostas para uma formação cidadã adequada.

Santiago (2012, p. 69) argumenta que, “[...] sem uma sólida formação em Ecologia o aprendiz em EA não tem discernimento suficiente para compreender as relações causais das questões ambientais”. Portanto, não estará preparado para compreender e tomar decisões sobre questões ambientais (Carvalho, 2008). Em seu livro, “As Conexões Ocultas” Fritjof Capra (2002, p. 239) apresenta os seis princípios da ecologia, que podem ser utilizados para orientar o professor em suas aulas, os quais apresentaremos na figura 3.

Figura 2-Princípios da Alfabetização Ecológica

PRINCÍPIOS DA ALFABETIZAÇÃO ECOLOGICA

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Fonte:Capra (2002, p. 239)

Esses princípios da Educação ecológica são relevantes à formação de uma visão, que esteja pautada na construção dos próprios argumentos e na reflexão sobre o contexto em que está inserido. Carvalho (2008), esclarece que um sujeito em formação, necessita compreender, se posicionar e estar motivado para enfrentar os problemas do cotidiano. O termo ecologia utilizado por ela está relacionado aos movimentos sociais. Esse modelo de Educação Ambiental propões que as ações sejam desenvolvidas por meio de projetos educativos e que envolvam a escola e a comunidade escolar.

Pozo e Gomes Crespo (2009) esclarecem que as atividades propostas devem desenvolver práticas pedagógicas que façam sentido para os alunos, associem teoria e práticae possibilitem a compreensão e aplicabilidade do que fora trabalhado com suas vivencias, ou seja, as atividades devem ter significado e promover aprendizagens. Mas a escola geralmente,propõe o ensino teórico dos conteúdos, utilizando como principal ou única fonte o livro didático, e desta forma promove um ensino de ecologia aligeirado e descontextualizado (FRACALANZA, 1996).

Durante um encontro realizado pela rede Municipal de Ensino, com os professores que atuam na rede pública de ensino, na Educação Básica, em uma conversa informal sobre ecologia e educação ambiental, fizemos algumas anotações, após essas trocas de informações surgiua questão norteadora dessa pesquisa: De acordo com a visão dos professores, ecologia e educação ambiental possuem o mesmo significado?

Interdependênci a

Sustentabilidade Ciclos ecológicos Fluxo de energia

Estamos interligados pela Teia da vida Utilizar os recursos comequidade Para garantir as geraçõesfuturas Utiliza-los também A interdependência entre os Os ciclos biogeoquímicos A energia solar A fotossíntese Os ciclos , as teias ecológicas

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No dia da entrevista, em um contingente de 28 professores, apenas seis se dispuseram a responder a nossa entrevista.O nosso objetivo foi conhecer as visões desses professores sobre educação ambiental e ecologia, se na concepção deles são sinônimas ou se distinguem.

2 METODOLOGIA

Para realizarmos essa pesquisa, fizemos um levantamento sobre o as definições de Educação ambiental e ecologia.Esta é uma pesquisa teórica e foi desenvolvida em uma abordagem qualitativa. Escolhemos esse tipo de pesquisa, por apresentar um amplo número de possibilidades a serem investigadas e com interrogações que estão presentes nas situações do cotidiano (Bogdan e Biklen, 1999).

O estudo foi realizado com 6 professoras de Ciências da Educação Básica, de escolas públicas distintas, três deles com formação em Pedagogia e três com formação em Biologia, todos fazem parte da rede Municipal de Educação na cidade de Itabuna-Ba. Durante esse encontro realizado pela rede de ensino, haviam 28 professores no ambiente, desses apenas seis se dispuseram a responder a entrevista. O objetivo foi conhecer as visões dessas professoras sobre educação ambiental e ecologia, se na concepção deles são sinônimas ou se distinguem.

Utilizamos uma entrevista semiestruturada, para realização da coleta de dados, contendo questões subjetivas, as quais estão no quadro 1, no tópico resultados e discussões. As quais foram aplicadas a essa amostra de professoras.

Categorizamos os dados, considerando as semelhanças e distinções entre as respostas. Para a categorização dos dados, utilizamos as ideias mais relevantes. De acordo com Laurence Bardin (1977), a análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise das informações, que visa obter, por procedimentos objetivos o conteúdo das mensagens.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

As definições apresentadas pelos professores sobre educação ambiental e ecologia, estão expostas no quadro abaixo, que resultou de uma entrevista semiestruturada aplicada com 6 professores da educação Básica, na rede pública de ensino no Município de Itabuna-Ba.

Quadro 1: Principais ideias das entrevistadas sobre as questões propostas

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Entrevistada

definição para o termo ecologia?

explicaria o que é educação ambiental para o seu aluno?

E1 É a parte da Biologia, que estuda como os seres vivos se relacionam.

Acontece quando as pessoas se educam para cuidar do meio ambiente. Não jogar lixo no chão, nem esgoto no rio. Essas coisas.

E2 É a ciência que estuda os ecossistemas, a biosfera e como tudo isso funciona.

É a ciência que vai tratar dos problemas do planeta, como a poluição da água, do ar, o lixo. A gente conversa, mas os meninos continuam jogando papel no chão. Sei não. Ta difícil ensinar.

E3 É uma Ciência que explica

como os seres abióticos e bióticos interagem entre si e com o meio ambiente.

A educação ambiental serve para falar dos problemas de poluição e como fazer para resolver.

E4 Ecologia estuda os

ecossistemas e as relações ecológicas entre os seres vivos, e os tipos de poluição.

Acho que é a mesma coisa! Fala sobre os problemas de poluição, de

desmatamento e

desaparecimento dos bichos.

E5 Relaciona os seres vivos

com os seres brutos, quer dizer, não vivos.

Acho parecido, mas ensina sobre a poluição, as queimadas, o aquecimento global. E6 Explica as teias e as cadeias ecológicas, as Fala sobre as consequências da

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pirâmides ecológicas e os problemas do meio ambiente causados pelo homem.

derrubada das florestas, poluição das águas, aquecimento global e que a gente deve se educar para cuidar do planeta

Fonte: acervo da pesquisadora

Comparamos as respostas e verificamos que na questão sobre a definição de ecologia as respostas dos entrevistados E1, E3 E,4 e E2 e E6 abordaram o estudo das relações ecológicas de forma coerente com o livro didático utilizado pela escola. De acordo com Santiago (2012), essa visão da Ecologia tem como foco compreender as interações entre os seres bióticos e abióticos, utilizada a partir do século XIX denominada visão reducionista que privilegia as partes do sistema.

A entrevistada E4 acrescentou os ecossistemas em sua resposta e sinalizoua dinâmica dos seres vivos nesses ecossistemas, mas não abordou o ser humano. A entrevistada E6 inseriu em suas falas as teias e cadeias ecológicas, e o homem como causador de problemas ambientais. Essa argumentação se aproxima da visão holística. Em consonância com Petraglia (2001), nessa visão, o homem precisa compreender sua condição enquanto “animal racional”, que vivemos em uma relação de interdependência com o planeta e todas as coisas presentes nele.

As falas apresentadas pelas entrevistadas E4 e E5, quando indagadas sobre a definição de Educação Ambiental, sugerem que ambas tiveram dúvidas com relação adistinção entre Ecologia e Educação Ambiental. Isso corresponde ao que disse Santiago (2012), que a forma como essas ciências estão interligadas, em algumas situações, parecem tratar da mesma coisa. E esses equívocos, em diversas situações ocorrem por estarem presentes em assuntos sobre questões relativas ao Meio Ambiente.

Santiago (2012), ainda argumenta que “é necessário que o professor tenha uma formação ecológica sólida, para ensinar aos seus alunos uma educação ambiental capaz de promover o discernimento entre ecologia e educação ambiental, para que possam compreender os problemas ambientais, os quais geralmente ocorrem por ações humanas”. Desta forma cabe ao professor estar apto e com conhecimentos sólidos para promover aprendizagens que possibilitem ao seu aluno discernir e correlacionar educação ambiental e ecologia.

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Na questão em que o professor deveria explicar aos seus alunos, as suas concepções sobre educação ambiental, os entrevistados E2, E3, E4, E5 e E6 apresentaram os problemas ambientais, mas não inseriram a participação popular na tomada de decisões sobre questões relativas principalmente sobre meio ambiente. Perticarrari et al. (2010) afirma que no ensino de ecologia o aluno necessita analisar; refletir, formular hipóteses; questionar, julgar,para desenvolver uma formação adequada. De acordo com esse autor a formação ‘cidadã’, se propõe a construir ideias e conceitos que possibilitem uma tomada de decisões de forma consciente. Porém ressalta que essas habilidades são mais complexas do que apenas memorizar conceitos, pois a memorização limita as habilidades que são propostas para uma formação cidadã adequada.

Essas concepções correspondem com o que disse Guimarães (2007), ao afirmar que a Educação Ambiental é a ciência que aborda os problemas ambientais. Este autor complementa afirmando que a Educação Ambiental surgiu por conta das inquietações da sociedade em relação aos problemas ambientais. Os quais merecem atenção e participação social na tomada de decisões, mas que necessita ocorrer de forma consciente, embasada em conhecimentos sobre os problemas e as decisões a serem tomadas.

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (2001). a formação cidadã deve ser o foco principal da Educação Ambiental. Necessita, portanto, ter conhecimentos ecológicos para tornar compreensíveis determinados aspectos relacionados a dinâmica, relações e funcionamentos dos ecossistema e fluxo energético do planeta. Para que se possa tomar decisões acertadas sobre questões ambientais, evitando assim desastres e problemas que poderiam ser minimizados, caso a participação social fosse mais efetiva (CARVALHO, 2008). Essa formação exige do professor conhecimentos sólidos, associar o cotidiano do aluno aos conceitos, com aulas teóricas e práticas e assim promover a construção de saberes mais duradouros (POZO e GOMES CRESPO, 2009).

Considerando a teoria e as respostas dos entrevistados podemos observar que as definições apresentadas pelos professores, sinalizam que estes compreendem e definem a ecologia e a educação ambiental. Mas que a argumentação, apresentada permeia a visão reducionista, que privilegia as partes do sistema, promovendo uma visão fragmentada da Ecologia.Essa visão se mantém nos livros, reproduzindo conceitos e comportamentos que não contribuemcom a construção de uma visão integradora (FRACALANZA, 1996), na qual dependemos uns dos outros e que o homem está inserido nesse contexto, como mais uma espécie a dividir os espaços e os recursos naturais.

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4 CONCLUSÕES

Esta pesquisa sugere que o professor de Ciências, na educação básica, mesmo tendo seus conhecimentos pautados no livro didático, distingue os conceitos de ecologia e educação ambiental, mas necessitam associar aulas práticas á teoria ensinada, pois desta forma a construção e reconstrução de conceitos é mais significativa para os discentes.

Seria relevante que os sistemas de educação, oportunizassem cursos de formação sobre temas ecológicos com aulas práticas e teóricas, discussões sobre os problemas ambientais locais, que estivessem inseridos em uma perspectiva integradora, e desta forma contribuiriam com o processo ensino aprendizagem e com a formação cidadã.

Assim, ao concluir esta pesquisa, percebemos a importância que há em investigar como o aluno relaciona e distingue Educação Ambiental e Ecologia. Assim como também, investigar como a Educação Ambiental e as Políticas Públicas sobre Meio Ambiente estão inseridas nas discussões da sala de aula.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, M. S. A formação continuada de professores dos anos iniciais do ensino fundamental e a alfabetização ecológica: Análise de uma intervenção realizada em uma escola pública municipal. 2016. 247p. Mestrado. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Jequié-Ba.

BOGDAN, R. C.; BIKLEN, S. K. Investigação qualitativa em educação: uma introdução à teoria e aos métodos. Porto: Porto Editora, 1997.

BRASIL. Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000. SNUC SISTEMA NACIONAL DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

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Disponível em:

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BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Meio Ambiente, Saúde / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: 2001.

BRASIL. Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da União. Brasília, DF, v. 134, n. 248, p. 27833-841, 23 dez. 1996.

BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 14 de dezembro 1962.

CAPRA, F. As Conexões Ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo: Cultrix, 2002.

CARVALHO, I.C.M. Educação Ambiental: a formação do sujeito ecológico. 3ª Ed. São Paulo: Cortez, 2008.

DUALIBI, M. Alfabetização Ecológica, do que estamos falando? Disponível em:<http://www.ambiente.sp.gov.br/cea/files/2011/12/Miriam.pdf>. Acesso em: 27 mar. 2017.

FRACALANZA, H. O conceito de ciência veiculado por atuais livros didáticos de biologia. Campinas: UNICAMP, 1996. Tese de mestrado.

GUIMARÃES, M. A formação de educadores ambientais. A formação de educadores ambientais. A formação de educadores ambientais. A formação de educadores ambientais. A formação de educadores ambientais. Campinas: Papirus, 2007.

LAYRARGUES. P.P.(Coord.) Identidades da Educação Ambiental Brasileira. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, 2004.

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PERTICARRARI, A. et al. O uso de textos de divulgação científica para o ensino de conceitos sobre ecologia a estudantes da educação básica. Ciência & Educação, v. 16, n. 2, p. 369-386, 2010.

PETRAGLIA, I. C. “Olhar sobre o olhar que olha”: complexidade, holística e educação. Petrópolis, Rio de Janeiro, Vozes, 2001.

POZO, J. I.; CRESPO, M. A. G. A aprendizagem e o ensino de Ciências: do conhecimento cotidiano ao conhecimento científico. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2009, 291p.

SANTIAGO, R. G. Encontro e Desencontros entre Ecologia e Educação Ambiental – Uma Análise da produção Científica. 2012. 86f. Tese (mestrado). USP. São Paulo, 2012.

SHIMIZU R de C G. 2012. Educação a distância na formação de professores: o curso-piloto “Consumo Sustentável x Consumo Responsável – desenvolvimento, cidadania e meio ambiente”. Dissertação de Mestrado em Educação, Universidade Federal de São Carlos, Brasil: 184 p

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Figura 1 -Principais objetivos da Educação Ambiental
Figura 2-Tipos de conteúdo do Currículo - Pozo e Gomes Crespo

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