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Migrando por um ideal de amor: família conjugal, reprodução, trabalho e género

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Academic year: 2021

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Migrando por um ideal de amor: família

conjugal, reprodução, trabalho e gênero

Maria Antonia Pedroso de Lima* Paula Christofoletti Togni**

RESUMO:

O artigo propõe uma leitura sobre migrações, gênero e trabalho através de modelos e experiências de família e amor de mulheres brasileiras de classe média em Portugal, que têm um projeto pessoal e individualizado que não se vincula à existência de redes migratórias de suporte do tipo familiar ou comunitário. Falaremos de mulheres brasileiras que migram procurando um ideal de amor e projetam uma migração cujo objetivo principal é a formação de uma família ou o estabelecimento de uma relação conjugal no destino.

Palavras-chave: Migrações internacionais de brasileiras. Conjugalidade. Trabalho. Gênero. Portugal.

“Quero um amor, mesmo que seja para ser dona de casa” (S, 29 anos)

A refl exão do presente artigo não tem como base narrativas de fi cção e cinema produzidas na América Latina. Ao contrário, é através de uma tragédia grega, de Eurípedes, Medeia, onde é narrado o drama de uma mulher que deixou tudo para trás, sua pátria e família para seguir ao lado de um grande amor, que pretendemos retratar as experiências de mulheres imigrantes na contemporaneidade.

Num artigo recente da revista Comunicação & Cultura1, Isabel Capeloa Gil evoca a fi gura

central da tragédia grega para traçar uma genealogia possível do perfi l do imigrante contemporâneo; nomeadamente do migrante no feminino2. Medeia é uma estrangeira deslocada e excluída da plena

condição de cidadania. Como sugere a autora, Medeia surge como que “personifi cando a absoluta diferença, o Outro exilado, trazido das margens geográfi cas para a centralidade cultural da polis grega” (2006, p. 13). Medeia é ainda o modelo do desenraizamento cultural que Jasão, marido oriundo do lugar de destino do seu fl uxo migratório, corrobora e fi xa; num dos diálogos entre Medeia e Jasão, o último reforça claramente os laços de desterritorialização construída através da diferença mas destinada à exclusão social e política:

Jasão: Recebeste mais do que deste para me salvar, como te vou demonstrar. Em primeiro lugar habitas as terras dos helenos, em vez da dos bárbaros, conheces a justiça e sabes usar das leis sem recorrer à força. Todos os gregos perceberam que eras sábia e tornaste-te famosa; se habitasses nos confi ns da terra, não se falaria de ti. Eurípedes, Medeia (CAPELOA GIL, 2006, p. 13)3 .

Esta evocação da antiguidade clássica europeia que o teatro grego tão bem sintetiza, acreditamos assumir um caráter comparável aos processos migratórios e aos fl uxos transnacionais da modernidade, nomeadamente no que concerne aos relacionamentos matrimoniais entre imigrantes e membros das comunidades de acolhimento. A nota forte que podemos sublinhar, corroborando uma vez mais o

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argumento de Capeloa Gil (2006), é que nestes processos de mobilidade as tensões entre integração e exclusão, entre diferença e assimilação, tendem a enunciar-se sob um posicionamento específi co e, digamos em última instância, etnocêntrico. A identidade cultural de Medeia, aos olhos e sobretudo no discurso de Jasão, é mediada pelo reconhecimento que a sociedade de acolhimento possa dela fazer, aferindo, enunciando e representando o seu perfi l diaspórico enquanto metropolitano e civilizado versus o seu passado bárbaro e como que fora da Humanidade. A condição de mulher de Medeia (que acresce ainda, na Tragédia, surge também como feiticeira) nessa diferença cultural radical apenas será inteligível nos termos do ethos grego. Digamos então que de alguma maneira Medeia é um modelo literário e dramático da verdadeira performance de muitas mulheres que optam a emigrar e que contraem laços matrimoniais na diáspora.

A migração motivada por uma relação afetiva-sexual não é um fenômeno recente. Entretanto, dois aspectos em particular parecem ser relevantes: o aumento da mobilidade internacional e o intercâmbio cultural internacional. Piper and Roces (2002) e Constable (2005) têm realizado investigações que procuram revelar as formas como os padrões de casamento e consequentemente familiares têm se modifi cado com o aumento da mobilidade. Segundo Piller (2007) o aumento das viagens e das migrações internacionais pode ser considerado um importante fator que promove o crescimento das relações íntimas entre pessoas de países distintos, sendo a utilização de tecnologias como a Internet fundamental na ampliação da circulação virtual. As fronteiras tornaram-se permeáveis e a mobilidade contemporânea movimenta para além de pessoas, ideias e símbolos culturais que provocam uma grande transformação na vida social (APPADURAI, 2004, p. 78), como por exemplo, a ampliação do mercado matrimonial (ROCA, 2007).

De acordo com Sinke (2002, p. 86), quando os fl uxos migratórios contemporâneos começaram a explicitar a presença de contingentes femininos – e não apenas para reagrupamento familiar – a migração por “trabalho” e por “amor” tornam-se uma evidência. Em alguns casos, a imigração feminina, para além das questões econômicas, permitiu ultrapassar modelos matrimoniais rígidos impostos no país de origem, nomeadamente casamentos em idades muito jovens ou no quadro do parentesco próximo; em alguns casos permitiu criar mercados matrimoniais mais amplos, em outros ainda ampliou modelos de conjugalidade e de desempenhos de gênero no casamento que fragilizam a condição da mulher estrangeira nesse cenário matrimonial. A este último propósito veja-se como as agências matrimoniais a partir da década de 1970, não apenas nos EUA, referiam perfi s de mulheres que se enquadravam em modelos dominantes de gênero dos anos 50: donas de casa, maternais, fi eis e dóceis, etc. (SINKE, 2002).

No presente artigo nos propomos a falar sobre um cenário bastante específi co - a imigração brasileira em Portugal – marcada pelo gênero, – aliás, grande parte da emigração contemporânea brasileira direcionada para Europa (PISCITELLI, 2008) – e por uma estrutura simbólica “borrada” por outras formas de diferenciação como raça, classe, construções naturalizadas de feminilidade e sexualidade.

Falaremos de mulheres brasileiras que “migram por amor”4, ou seja, que têm um projeto pessoal

e especialmente individualizado que não se vincula à existência de redes migratórias de suporte do tipo familiar ou comunitário. São mulheres sozinhas que projetam uma migração cujo objetivo principal é a formação de uma família ou o estabelecimento de uma relação conjugal no destino5.

Em relação a faixa etária, tinham entre 30 e 37 anos, eram solteiras e/ou divorciadas, sem fi lhos e com uma escolaridade mediana ou elevada (segundo grau completo, graduação e pós-graduação). Profi ssionalmente exerciam cargos como advogadas, técnicas em turismo, administrativas, jornalistas, pesquisadoras, etc. No que se refere aos homens, a idade média do cônjuge masculino português situava-se entre os 35 anos, o que revela uma homogamia etária e também educacional.

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Esse fl uxo poderá se confi gurar por uma migração de mulheres de classe média em Portugal, onde a priori prevalecem discursos sobre a importância da emancipação feminina e de relações mais igualitárias. No entanto, o argumento de Loyola (2000, p. 153), que questiona em que medida a ideologia individualista invocada pelas classes medianas não seria mais adaptativa que inovadora, e se não encobriria em si uma situação de escassez de homens maritalmente disponíveis para mulheres de estratos médios, pode proporcionar um olhar específi co da atuação dos processos globais de modernização, que não se deram de forma análoga em todos os contextos, como também articular outras categorias de diferenciação como, por exemplo, geração e nacionalidade. Na verdade, a proposta de uma liberdade amorosa, centrada no indivíduo, não quebrou todas as cadeias de homogamia social, a busca pela igualdade de gênero não acabou com a “dominação masculina”, a separação entre família e produção econômica não fez da primeira apenas um lugar expressivo de manifestação de afeto. Esse argumento chamou-nos a atenção para as possíveis alterações dos discursos acerca da idade reprodutiva, do desejo de constituição de uma família conjugal, do mercado matrimonial, das práticas sexuais, que, no contexto migratório tornam-se particularidades e características de “homens portugueses”, e/ou de “mulheres brasileiras”.

Nesse sentido, ainda que os casamentos transnacionais (RAPOSO; TOGNI, 2009, p. 41) perpassem por complexos temas de refl exão como as concepções de gênero, amor, intimidade, emancipação feminina, estruturas da vida familiar e migrações; daremos ênfase sobretudo, na incorporação ou não dessas mulheres no mercado de trabalho português e na confi guração das relações de gênero num contexto marcado por ideias ambíguas de feminilidade e masculinidade. No entanto, para realizar esse exercício analítico, torna-se imprescindível situar essas uniões conjugais no que se refere às relações de poder. Piscitelli, através do argumento sustentado por (PESSAR; MAHLER, 2001, p. 441) verifi ca que o gênero opera simultaneamente em escalas múltiplas, espaciais e sociais, através de territórios transnacionais, incidindo nas localizações sociais dos agentes. Essas localizações, dentro de hierarquias de poder, possibilitariam diversos tipos de “agência”, “entendida tanto em seus aspectos cognitivos, envolvendo imaginação, planejamento e traçado de estratégias, como ações concretas” (PISCITELLI, 2008).

Em Portugal, essas relações são desiguais: categorias de diferenciação social como gênero, nacionalidade e mobilidade (ser imigrante), parecem ser estruturais e determinantes na negociação dos papéis não somente entre os casais, como também nas relações sociais mais amplas (família do cônjuge, local de trabalho e instituições.) Pensar as vivências afetivas e sexuais de mulheres que migraram “por amor” nesse contexto de signifi cação simbólica “da mulher brasileira” possibilitou-nos compreender a ambivalência das articulações de categorias e noções sobre feminilidade, masculinidade, amor, família e sexo.

Ser “mulher brasileira” em Portugal se constitui como um elemento simbólico que agrega valor às suas identidades frente a mulheres de outras nacionalidades, nomeadamente as portuguesas, que são vistas como “mais fechadas”, “mais difíceis de conquistar”, em contraposição à “alegria” e ao fato das brasileiras serem “mais soltas e pessoas mais disponíveis”. Entretanto, essas identifi cações se tornam ambíguas na medida em que, ao mesmo tempo que essas mulheres compartilham algumas construções simbólicas do signo mulher brasileira, rejeitam o estereotipo sexualizado e exoticizado, ligando-os à prostituição e a mulheres de classes populares que vieram “fazer vida e causar má fama”, ao contrário delas, originadas de classes médias e que vieram “constituir família”. Mesmo assim, os relatos sobre as práticas e a vida sexual conjugal são remetidas à uma naturalização da “mulher brasileira” como mais sexualizada em contraponto às mulheres portuguesas. “Meu marido fala que eu sou quente”; “não acho as portuguesas bonitas, são frias”, ou ainda “a mulher brasileira gosta mais de sexo do que a mulher

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portuguesa”, são discursos muito recorrentes. O contrário, entretanto não se verifi ca. No que se refere à construção da masculinidade relacionada à nacionalidade, há uma nítida separação entre sexo e afeto. Os homens brasileiros são associados ao sexo e à infi delidade, “aos que querem todas ao mesmo tempo”, e os portugueses ao afeto: são mais “carinhosos”, “companheiros”, “cuidadosos” e “gentis”.

O limite da idade reprodutiva da mulher e a pressão social de casar e ter fi lhos foi outro discurso bastante recorrente. Sueli era divorciada e não possuía fi lhos. Aos 36 anos, relata a difi culdade em asceder ao mercado matrimonial no Brasil e o desejo de ser mãe. Loyola (2000) argumenta que numa população majoritariamente composta por jovens, com uma grande taxa de separações, divórcios e, ao que tudo indica, também de homossexualismo, e em que os homens separados e divorciados tendem a contrair novas uniões em faixas etárias bem mais baixas que as suas (BERQUO apud GONÇAVES, 2007, p. 51), o mercado do casamento para as mulheres com mais de 30 anos sofreria alterações em relação a reprodução social, até aqui apoiada no modelo clássico da família conjugal.

[…] O homem pode ter aquele argumento que pode ter fi lho com quantos anos ele quiser e eu, a mulher não…então porque que eu vou casar logo com essa se eu tenho que realizar uma carreira, e isso e aquilo, depois arranjo uma de 20 que pode ter um fi lho né…então acho que essa geração cobra muito que você se realize para que depois você tenha uma pessoa ao seu lado é muito maior (P (f), 38 anos).

Para essas mulheres, mesmo para aquelas altamente escolarizadas e qualifi cadas profi ssionalmente, a “necessidade” de autorrealização centrada no indivíduo parece ainda estar muito ligada ao ideal da família conjugal. A sua autonomia é apresentada muitas vezes como confl ituosa em relação ao mercado matrimonial no Brasil que parece não favorecer as relações entre “velhos homens” e “novas mulheres”.

Eu não sei em outros lugares, mas no Rio de Janeiro os relacionamentos são caóticos, você estar com alguém, ter compromisso, fi delidade de namoro isso é mesmo na minha geração, pq as pessoas “fi cam”, ou seja, não namoram…tem pessoas que namoram, casam, mas essa ideia de fi delidade, de casamento, isso é uma coisa meio difícil de concretizar lá no Rio de Janeiro (V (f), 31 anos).

Gonçalves (2007), na sua tese sobre “vidas no singular”, investiga “as novas solteiras”, ou “mulheres só”, de camadas médias urbanas (Goiânia) e que não possuem fi lhos no Brasil. No entanto, compreender como se entrelaçam as noções associadas à ideia de mulher na contemporaneidade – vinculadas a uma maior autonomia e independência e seus paradoxos – requer revisitar algumas ideias do feminismo como um movimento político da “modernidade”, independente das suas distinções ou correntes fi losófi cas. O ideário feminista assente em uma “nova” mulher – independente, livre, autônoma, etc – e suas repercussões nos projetos pessoais dos casais, como também a ideia de igualdade nos estudos de população traduzidos em parâmetros como a “razão de sexo” e “equilíbrio do mercado matrimonial” tem sido recorrentes na temática da conjugalidade.

A problemática do mercado matrimonial aparece nas narrativas das mulheres assim como nos estudos demográfi cos no Brasil, onde se tem salientado o excedente de mulheres no mercado matrimonial, que disputam com as mais jovens a busca por um par. Essa perspectiva recai também na mídia brasileira e é centrada nas noções de união heterossexual e de “família”, nas quais ser, mas, sobretudo, permanecer solteira fi gura mais como uma ideia fora de lugar. De acordo com Greene e Rao (1992, p. 168 apud GONÇALVES, 2007, p. 33), “uma maior ou menor oferta de homens e mulheres no mercado de casamento leva a uma situação que chamamos de compreensão no mercado matrimonial:

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a escassez de um sexo ou de outro na faixa etária em que geralmente acontecem os casamentos infl ui na constituição das uniões”. Entretanto, o aparente excedente de mulheres no Brasil não explica o fenômeno dos casamentos transnacionais na sua complexidade, sendo necessário também uma análise aprofundada do mercado matrimonial português. A própria assimetria regional encontrada na pesquisa de campo nos contextos como a Grande Lisboa e o Algarve, no que se refere aos perfi s de casamenos transnacionais – idade, índices de recasamento, etc – , pode ser considerado um bom exemplo.

Dessa forma, o “português” representa, discursivamente, um homem que está mais disposto a casar e constituir uma família, o que, curiosamente é também parte das representações ambíguas sobre a mulher brasileira - uma propensão natural ao sexo, mas associada com a domesticidade e disponibilidade para a maternidade. Vejamos o relato de Sueli: “[…] eu acho que o Português ainda é muito família, ele assim, cresce, casa e tem a sua família… acho que os portugueses são mais disponíveis para casar porque se contenta mais fácil, o brasileiro, há uma série de cobranças no homem brasileiro, não sei…”

Eu tenho uma amiga que é brasileira e disse para ela, se vc quiser arrumar um namorado português vai para o Brasil e arranja na Internet, pq ela não consegue ter, ela já tem 30 e poucos anos e queria uma vida estável, queria ter fi lhos, queria casar, juntar, ou qualquer coisa e não consegue, é a mesma ideia do “fi cante”. Ela fala “gente esses homens só querem fi car, e eu faço o que?” (C (f), 35 anos). […] eu acho que o Português ainda é muito família, ele assim, cresce, casa e tem a sua família… acho que os portugueses são mais disponíveis para casar porque se contenta mais fácil, o brasileiro, há uma série de cobranças no homem brasileiro, não sei… (S (f), 36 anos).

Poderíamos dizer que os dados etnográfi cos mostram que a construção social da diferença entre os gêneros não se dá de maneira homogênea, sendo as dinâmicas dos processos de gênero dos países de destino das migrantes relevantes na análise das migrações femininas (SASSEN, 2003, p. 18). No caso dos casamentos “interculturais”, a diferença se inscreve em hierarquias de alteridade que refl etirão na relação conjugal, na defi nição de papéis de gênero e nas expectativas matrimoniais: a mulher, imigrante, estrangeira e o homem nacional. A perda da individualização da mulher foi uma regularidade que os dados empíricos revelaram, justifi cada muitas vezes por problemas jurídicos ou institucionais, (ausência de autorização para o trabalho), pela falta de relações interpessoais (o companheiro passa a ser o único vínculo afetivo), e pela dependência econômica (ocasionada pela difi culdade de inserção no mercado de trabalho).

A pesquisa de campo revela ainda estilos conjugais muito fusionais, em que a autonomia feminina é mínima e inclusive discursivamente minimizada pelas próprias mulheres. Qual o papel que o trabalho doméstico e extradoméstico assume nessas relações? Quais são as expectativas em relação aos papéis masculinos a serem desempenhados pelos “homens portugueses” e “mulheres brasileiras”?

O “amor” justifi ca tudo! Casamento versus autonomia

As narrativas do amor romântico6, que segundo Giddens idealizam a pessoa e funcionam como

“um encontro de almas reparador” (1995, p. 31), prevalecendo sobre todas as difi culdades – sejam elas físicas, geográfi cas ou institucionais – são utilizadas de forma recorrente pelos entrevistados.

Nossa história começou como história de novela sabe… aí aconteceu o insólito: eu

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aconteceu foi uma coisa tão forte que passou para o outro sabe… Paguei uma passagem para ela e ela entrou no fi m do mês, mesmo mês que ela tinha sido deportada. Veio por Madrid, com outro passaporte. Só mudava o número… porque a lei aqui é uma e lá é outra né… E depois disso tudo eu não sei explicar, mas a gente fi cou amarradão… (R (m), 36 anos, grifo nosso).

A relação afetiva, principalmente quando é a causa da imigração das mulheres, é frequentemente verbalizada: “Eu vim para cá porque acredito no amor e queria vivê-lo plenamente”; “Gosto daqui. Me adaptei, vim prá cá por causa do meu marido e aqui pretendo fi car até quando Deus quiser”.

A decisão de viver juntos em todos os casos reproduz o modelo de matrimônios transnacionais analisados por Roca (2007), onde se verifi ca que são as mulheres que se movem geografi camente, tornando-se dessa forma, imigrantes.

Eu, foi muito simples, foi por causa do Pedro mesmo…nós nos conhecemos numa viagem, fi camos entre idas e vindas e depois que eu me formei e ele também nós decidimos que valia pena apostar, viver juntos e combinamos que quem conseguisse primeiro emprego na sua área e no seu país o outro iria encontrá-lo. E ele assim que saiu da faculdade foi diretamente trabalhar e vim eu com a malinha. E foi isto (V (f), 31 anos).

Eu tinha um emprego muito bom, ganhava bem, e ele ia para lá com a condição de desempregado para morar numa região machista. Então a minha família e principalmente a dele fez tudo para que eu viesse e se depois de um tempo não arranjasse um emprego ou não gostasse daqui, a gente voltaria, ou se ele arranjasse alguma coisa lá, mas que não arriscasse… num país que não é o dele para começar uma vida a dois. E como uma mulher se adapta muito melhor em

estar longe… (P (f), 36 anos, grifo nosso).

Nota-se que os modelos esperados no papel de homem/mulher são discorridos, desde a tomada de decisão do local de morada do casal (Brasil ou Portugal). A caracterização de regiões no Brasil onde os papéis esperados masculinos são mais rigorosos/tradicionais e a ideia de que a mulher se adapta melhor, estão presentes nesses discursos. Sueli utiliza de forma recorrente um discurso de distinção de classe para estabelecer uma diferença entre mulheres que tiveram uma motivação econômica para migrar.

A justifi cativa de deixar tudo por “amor” em muitos casos é acompanhada pela perda de individualização da mulher, que pode ser justifi cada não somente por problemas jurídicos ou institucionais como também pela falta de relações interpessoais (o companheiro passa a ser o único vínculo afectivo), bem como a dependência econômica. As mulheres passam a sentir-se inseguras, perdendo a autonomia, característica que marcava de alguma forma a sua identidade pré-matrimonial.

Tive o casamento desmarcado um dia antes porque o Luís disse que era melhor a gente não se casar porque eu e o M (fi lho do companheiro) não nos dávamos bem. Fiquei desesperada, larguei tudo no Brasil por causa dele, por causa desse sonho.

Tomei vários comprimidos para dormir, todos os que tinham lá…quase morri…ele me encontrou e me levou para o hospital para fazer uma lavagem estomacal. Depois

de um tempo, ele disse que me amava e que eu também precisava me legalizar, porque eu já estava procurando emprego no Brasil. Ele me disse isso a uma hora do casamento no cartório (S (f), 30 anos, grifo nosso).

Em relação à situação laboral, a maioria das mulheres não trabalham ou ocupam cargos não qualifi cados nas áreas de atuação mais recorrentes de inserção de mulheres imigrantes como garçonetes,

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domésticas e vendedoras7. Apenas algumas têm o mesmo status laboral, mantendo a mesma profi ssão

no Brasil e em Portugal. Um fator relevante é a não inserção das mulheres no mercado de trabalho português, limitando-se muitas vezes a atividades exclusivamente domésticas, em contraste com a vida profi ssional ativa que possuíam no Brasil. A diminuição do status laboral é uma questão muito focada pelas mulheres que demonstram insatisfação em relação à vida profi ssional.

A correlação entre a inserção laboral e o grau de autonomia da mulher torna-se assim necessária, uma vez que o trabalho parece ser para a mulher uma fonte de emponderamento, seja a nível familiar ou pessoal. Nota-se que em relação à maioria das mulheres entrevistadas a vida profi ssional é colocada em segundo plano, seja pela difi culdade de inserção no mercado (mobilidade laboral descendente) ou pela incorporação de papéis femininos tradicionais de esposa e mãe. Para as mulheres que tiveram como motivo de imigração a relação afetiva, a inexistência de vínculos afetivos e sociais em Portugal, somado ao fato de não possuírem um vida ativa profi ssional, tem gerado índices de dependência afetiva e econômica.

Eu sinto falta da minha independência no BR, primeiro você tá num país, é casada e tal mas tá 100% dependente do dinheiro do marido. E você sabe que são vários compromissos né…renda (aluguel) da casa, do estudo…e você que sempre trabalhou, eu não encaro legal assim….não é legal de jeito nenhum (S, (f), 34 anos).

A difi culdade de inserção no mercado de trabalho português que restringe a maioria das vagas para profi ssionais de até 35 anos, como também o não reconhecimento das habilitações profi ssionais do Brasil, tem como consequência uma inserção laboral (quando esta se verifi ca), em determinados segmentos do mercado – trabalhos pouco qualifi cados, precários, e com status pouco reconhecido. Padilla (2007) aponta para o fato de as mulheres migrantes trabalharem em empregos maioritariamente considerados femininos: limpezas domésticas e dos hotéis, ajudantes de lar de idosos e baby sitter, nas cozinhas, como garçonetes. Este tipo de empregabilidade não reconhece as qualifi cações das imigrantes e, mesmo que em muitos casos experimentem uma compensação monetária, nem sempre se verifi ca no trabalho uma função emancipadora. A difi culdade de inserção no mercado de trabalho e falta de amigos ao que tudo indica demonstra alguma difi culdade de integração:

Não tenho amigos, me sinto muito só, pareço invisível aos olhos das pessoas que me rodeiam, meu marido é maravilhoso, bom até demais, mas não sou feliz, mesmo ele tendo enumeras (sic.) qualidades... A família dele parece que não enxerga... sou mesmo uma transparência… e querendo ou não isso mexe muito no meu casamento (M, (f) 40 anos).

Não obstante, a constante referência à “gentileza” e ao “cuidado” do homem português pode revelar um reforço da autoridade masculina no contexto dos casamentos transnacionais, uma vez que em alguns momentos verifi cam-se decisões nada ou pouco autônomas das mulheres, como também ciúmes excessivos. Na realização de uma das entrevistas com Joana, que teve a duração de aproximadamente uma hora, Nuno (seu marido) ligou quatro vezes para saber onde a esposa se encontrava.

A maneira dele me tratar é totalmente diferente, sabe? Super carinhoso, super gentil e até hoje ele é. Num mudou, entendeu? E, tipo assim, que agora ele se sente mais seguro, então eu acho que já não incomoda muito…muito não. Às vezes eu noto que ainda tem um pouquinho de cisma, de ciúme, mas já não é

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igual. Mas no começo ele tinha muito ciúme, ele chegava a ser possessivo. Talvez de medo, que eu trabalhava à noite nas mesas e muito medo (R, (f), 34 anos).

A maioria dos casais, atualmente, já possuem fi lhos. Sueli e Miguel, por exemplo, têm uma fi lha, Margarida, de 2 anos. Sueli nunca exerceu nenhuma atividade profi ssional remunerada em Portugal, tornando-se esposa e mãe. Diz considerar cada vez mais difícil trabalhar novamente porque está afastada do mercado de trabalho há 3 anos. Mas reforça que o fato de ter sido mãe, faz com que tudo se torne mais fácil, que “valeu a pena”.

Considerações fi nais

Ao longo da “modernidade”, ainda que se observe transformações na intimidade e na vida pessoal dos indivíduos, assente na ideia de que as novas formas de relacionamento têm como base a igualdade e os princípios democráticos (GIDDENS, 1995), o presente artigo pretendeu demonstrar através das experiências de algumas mulheres que migraram motivadas por uma relação afetiva, que: i) as transformações e mudanças na conceitualização e na experiência do amor, do casamento e da sexualidade não se concretizaram de maneira uniforme em todos os contextos; ii) as mulheres brasileiras migrantes com quem trabalhamos hesitam ou manipulam ambiguamente os modelos de relacionamento que Giddens defi ne como “amor romântico” e “amor confl ituante”. Denote-se porém que, embora o “amor romântico” suponha uma igualdade de envolvimento emocional entre duas pessoas, durante muito tempo as mulheres foram as mais afetadas pelos seus ideais. Os sonhos do “amor romântico” conduziram muitas mulheres a uma severa sujeição doméstica que curiosamente é agora dirigida às mulheres migrantes destes casamentos transnacionais. O ethos do “amor romântico” teve um impacto duplo sobre a situação das mulheres migrantes: por um lado, cerceando a sua condição de mulher moderna e autônoma que a condição de mobilidade transnacional exprimia e empurrando-as para o “lar”, a “família” e os “fi lhos”; e por outro, facilitando o caminho a ideologias machistas e consentindo práticas possessivas por parte dos seus maridos; iii) No contexto migratório abordado, Portugal, a difi culdade de inserção das mulheres migrantes no mercado de trabalho tem acentuado a dependência fi nanceira e afetiva das mulheres em relação aos seus cônjuges. A etnicização do mercado de trabalho, a idade das mulheres considerada “avançada”, para ingressar no mercado de trabalho português e na maternidade, tornaram-se relevantes para essa análise.

Para fi m, retomo a fi gura de Medeia na análise de Capaleoa Gil (2006). Seria interessante pensar nas experiências e nos discursos acerca do amor ideal e dos papéis de gênero, levando em consideração o tempo de permanência dessas mulheres, agora, esposas e mães, em Portugal. “Medeia: e agora, para onde hei de voltar-me? Para a casa paterna e para a minha pátria, que traí por amor a ti, vindo para este país? […] Se me expulsarem ou eu fugir dessa terra, privada de amigos, sozinha, com os fi lhos, sozinhos, bela honra para o recém-casado, que vão errantes como mendigos, os teus fi lhos e eu” (apud CAPELOA, 2006, p. 13).

Migrating for an ideal of love: the conjugal family, reproduction, work and gender

ABSTRACT:

Th is article proposes a reading of migration, gender and work through the models and experiences of family and love of middle class Brazilian women in Portugal, whose personal and individual project is unrelated to support

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migratory networks of the family or community types. Th e focus will be on Brazilian women who migrate seeking an ideal of love and who project the main migration objective of forming a family or establishing of a conjugal relationship at the destination point.

Keywords: International migration of Brazilian women. Conjugal relationship. Work. Gender. Portugal.

Notas explicativas

* Professora no Departamento de Antropologia do ISCTE IUL, Lisboa. Presidente do Centro em Rede de Investigação

em Antropologia (CRIA) e membro da Comissão para o Património Cultural Imaterial (IMC).

** Doutoranda em Antropologia no Instituto Universitário de Lisboa IUL/ ISCTE e investigadora associada do CRIA,

Centro em Rede de Investigação em Antropologia, Lisboa.

1 Cf. CAPELOA GIL, Isabel. “Introdução. A cor dos media: mediação, identidade e representação” In: Comunicação & Cultura, n. 1, p.13-18. 2006.

2 Gostaríamos de agradecer ao antropólogo e amigo Paulo Jorge Pinto Raposo, orientador da tese de mestrado de uma

das autoras ( Paula Christofoletti Togni), pela cumplicidade na descoberta e posterior refl exão sobre a temática dos casamentos transnacionais, que são discutidas por nós nesse texto.

3 Eurípedes, Medeia (vv. 501-502; 511-515; 534-540).

4 Os dados e resultados apresentados têm como referência a pesquisa de natureza etnográfi ca intitulada “ Os fl uxos

matrimoniais transnacionais entre brasileiras e portugueses: gênero e imigração”, realizada com 14 mulheres que migraram motivadas pela relação afetiva durante os anos de 2006 a 2009. A pesquisa completa está disponível em http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Estudos_OI/OI_38.pdf-. “Migrações por amor” é um conceito de Roca (2007) que propõe uma “nova” tipologia de migração: as migrações por amor. O autor determina como “migrantes por amor” uma relação afetiva transnacional que se situa, por uma lado, no marco de uma nova ordem mundial centrada nas novas tecnologias de informação e por outro, na transformação dos modelos e relações de gênero, bem como do próprio conceito de amor que se produz nesse contexto.

5 Roca (2007, p. 8), Togni (2009) encontram como procedimento habitual nos relacionamentos transnacionais

a viagem do homem ao lugar de residência da mulher como primeiro passo da busca de uma esposa ou como confronto de contatos virtuais já estabelecidos à distância, sugerindo de maneira ilustrativa a ideia do homem como um “turista amoroso” e da mulher como “uma migrante por amor”. Diferente das mulheres que imigraram sozinhas, as “migrantes por amor” tem como padrão nos seus relacionamentos o uso da Internet como recurso fundamental na relação, onde os namoros virtuais variam de quatro meses a três anos, de acordo com os depoimentos recolhidos nas entrevistas realizadas. Além do recurso virtual, os casais se encontravam no Brasil ou em Portugal.

6 Segundo Giddens (1995), três tipos de amor percepcionados na modernidade: o amor apaixonado, o amor romântico

e o amor confl uente. O “amor apaixonado” é uma expressão de uma conexão entre o amor e a relação sexual, possui uma qualidade de encantamento e rompe com as rotinas da vida quotidiana e onde o envolvimento emocional com o parceiro é invasivo. Do ponto de vista da ordem e do dever social, ele é tido como perigoso. No “amor romântico”, o amor sublime predomina sobre o ardor sexual que entra em confl ito com as regras da sedução, marcadamente masculinas. O princípio do amor romântico levava, segundo Giddens, as mulheres à subordinação do lar e o isolamento público. Marcado pela associação do amor com o casamento e com a maternidade, assim como também pela ideia de que o amor é para sempre, segue-se que o confi namento da sexualidade feminina ao casamento era símbolo da mulher respeitável. A emancipação e a autonomia sexual feminina romperam este modelo e através dessa fragilização o amor confl uente emerge. O “amor confl uente” é um amor activo que transforma a realização do prazer sexual recíproco num elemento decisivo para a manutenção ou dissolução do relacionamento – e isso refl ecte-se no crescente indíce de divórcios. Cultiva-se a capacidade de proporcionar e experimentar satisfação sexual para ambos os sexos. A exclusividade sexual existe durante o tempo que os parceiros a considerem desejável. A diferença do amor confl uente com o amor apaixonado está no facto de que o primeiro não possui a urgência apresentada pelo segundo.

7 Para uma análise mais aprofundada sobre mercado de trabalho e imigração em Portugal, ver: Baganha, Ferrão e

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