Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
Áreas de inundação da bacia do igarapé belmont na cidade de Porto
Velho – Rondônia
Flooded areas of the belmont stream basin in the city of Porto Velho -
Rondônia
DOI:10.34117/bjdv5n11-057
Recebimento dos originais: 09/10/2019 Aceitação para publicação: 06/11/2019
Salem Leandro Moura dos Santos
Doutorandos pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia - PPGG Universidade Federal de Rondônia - UNIR
e-mail: salemsantos@gmail.com
Eliomar Pereira da Silva Filho
Prof. Dr. Titular do Departamento de Geografia Universidade Federal de Rondônia - UNIR
Campus José Ribeiro Filho, BR-364, km 9,5, sentido Acre. Porto Velho – Rondônia CEP: 76.801-974.
e-mail: eliomarfilho@uol.com.br
Isabel Leonor Iza Echeverria Herrera
Doutorandos pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia - PPGG Universidade Federal de Rondônia - UNIR
e-mail: isaiza@gmail.com
RESUMO
As inundações urbanas causam uma série de problemas ambientais e econômicos devido ao uso inapropriado de áreas sujeitas a alagações naturais. O processo de urbanização traz o aumento de superfícies impermeabilizadas (telhados, calçadas e asfaltos), que geram um aumento do fluxo superficial d’água e diminuição de infiltrações e rebaixamento do lençol freático, o que potencializa as inundações. Este estudo teve como objetivo mapear e mensurar as áreas de inundações urbana na Bacia do Igarapé Belmont e diagnosticar suas causas. Através da análise dos modelados de relevo da Bacia do Belmont em escala de 1:25.000, com a base de dados topográfico com curvas de nível da cidade de Porto Velho, em equidistância de 1 metro e imagens de satélites, utilizou-se a técnica de sobreposição para elaboração das área alagáveis. Foram mapeados dois tipos de áreas de inundações em dois tipos de modelados de relevo Denudacional Tabular de muito fraco grau de entalhamento dos vales e de grande dimensão interfluvial - Dt 12 e do modelado Denudacional Tabular de muito fraco grau de entalhamento dos vales e de média dimensão interfluvial - Dt 13, que são classificadas neste estudo como: Áreas de Constantes Alagações que estão próximas dos cursos d’água e de áreas de fundo de vale com dimensões que chegam a 1.130 km² e com cota altimétrica mínima de 82,1 metros e as Áreas Passíveis de Alagações que são áreas naturalmente alagáveis distantes dos cursos
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
d’água, com cota altimétrica inferior a 85 metros e de superfície plana de dimensão menor que 160 km², mas devido ao uso de aterro ou de drenagem pluvial, esses pontos alagam somente quando as áreas de alagações constantes já se encontram saturadas. Verifica-se que em todas essas áreas há uma densidade elevada de moradias, com baixa e elevada infraestrutura pública, não distinguindo áreas de população segregada para habitarem estes tipos de relevos. Constata-se a necessidade de um planejamento corretivo para a ocupação urbana da bacia do igarapé Belmont.
Palavras-chave: Relevo, Cota altimétrica, Urbanização. ABSTRACT
Urban flooding causes a number of environmental and economic problems due to the inappropriate use of areas subject to natural flooding. The process of urbanization brings the increase of waterproofed surfaces (roofs, sidewalks and asphalts), which increase the surface water flow and decrease the infiltration and lowering of the water table, which enhances flooding. This study aimed to map and measure urban flooding areas in the Belmont Igarapé Basin and to diagnose their causes. Through the analysis of the Belmont Basin relief models in a scale of 1: 25,000, with the topographic database with contours of the city of Porto Velho, in 1 meter equidistance and satellite images, we used the technique of overlap for the elaboration of the flooded areas. Two types of floodplain areas were mapped in two types of very low intervaluvial valley notch tabular denudational relief model - Dt 12 and the very low average valley notch tabular denudational modeled Interfluvial - Dt 13, which are classified in this study as: Constant Areas Floods that are close to the watercourses and valley bottom areas with dimensions reaching 1,130 km² and with a minimum elevation of 82.1 meters and the Floodable Areas which are naturally floodable areas far from the watercourses, with an elevation of less than 85 meters and a flat surface smaller than 160 km², but due to the use of landfill or rain drainage, these points only flood when the areas of constant flooding are already saturated. In all these areas there is a high density of housing, with low and high public infrastructure, not distinguishing areas of segregated population to inhabit these types of relief. There is a need for corrective planning for the urban occupation of the Belmont creek basin.
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
1 INTRODUÇÃO
A Bacia do Igarapé Belmont localizada na margem direita do médio Rio Madeira, possui uma área total de 87.500 Km², e drena as zonas norte e leste da cidade de Porto Velho – RO. As nascentes do Igarapé Belmont encontram-se em área urbana de Porto Velho e sofrem processos de assoreamento e desvios de cursos d’água, devido aos arruamento. Em estudos de Santos (2010), verificou-se que as atividades antrópicas é o principal agente degradativo da bacia, não havendo até o momento plano para evitar ou corrigir esse problema.
No perímetro urbano da bacia há locais que sofrem constantes inundações, ocasionando perdas no âmbito social e natural.
Este estudo tem por objetivo mapear e mensurar as área de inundações urbanas na Bacia do Igarapé Belmont e diagnosticar suas causas.
2 LOCALIZAÇÃO
A Bacia do Belmont localiza-se nas coordenadas 08º39’02” S e 08º46’12” S; 63º48’41” O e 63º 54’48” O. A área da bacia abriga as zonas norte e leste da cidade de Porto Velho e também, a unidade de conservação municipal Olavo Pires, no perímetro rural da bacia (Figura 1).
Figura 1 - Localização da Bacia do Igarapé Belmont.
O tipo de clima em que a Bacia encontra-se é o equatorial úmido (Aw de Köppen), com temperatura média em Porto Velho de 28° C. e com nível médio de pluviosidade de 2.300 mm/ano (RONDÔNIA 2004).
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
3 GEOMORFOLOGIA
Segundo Brasil (1990) a área do Igarapé Belmont está localizada no Planalto Brasileiro e morfologicamente no Planalto Rebaixado de Rondônia. Pertence ao domínio morfoestrutural das Coberturas Sedimentares Fanerozóicas, se enquadrando na unidade geomorfológica da Depressão de Porto Velho, em que foi esculpido um relevo homogêneo, com poucos desníveis altimétricas.
Segundo Santos et. al; (2012), a Bacia do Belmont apresenta áreas que sofrem constantes alagações, principalmente áreas com altitude inferior à 85 metros, como o relevo com tipologia Dt 12 (denudacional vales e de grande dimensão interflúvial), que possui morfologia deprimida em relação aos modelados vizinhos (Figura 3).
4 ALAGAÇÕES
Segundo Ramos (2013), as inundações podem ser devidas à várias causas, que podem ser divididas em: inundações fluviais ou cheias, inundações de depressões topográficas, inundações costeiras e inundações urbanas (Quadro 1).
Quadro 1 – Tipos de inundações e suas causas.
Tipo Causa
Cheia (inundação fluvial)
- chuvas intensas
- fusão da neve ou do gelo
- obstáculos ao escoamento fluvial ou quebra dos obstáculos
I
Inundação de depressões topográficas
- subida do lençol freático (natural ou artificial)
- retenção da água da precipitação por um solo ou substrato
geológico de permeabilidade muito reduzida - cheias dos cursos d’água
Inundação costeira
- tsunami ou maremoto
- subida eustática do nível do mar
- sismos com fenômenos de subsidência tectônica
Inundação urbana
- chuva intensa + sobrecarga dos sistemas de drenagem artificiais
- subida da lençol freático (natural ou artificial)
Fonte: Ramos, 2013.
Araújo et. al. (2005), informa que as mudanças no sistema hídrico é uma resposta a limpeza, terraplanagem e criação de superfícies impermeáveis, como telhados, calçadas e asfaltos. Que gera problemas como o grande aumento de fluxo superficial d’água e de carga de
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761 sedimentos, bem como a conseqüente diminuição da infiltração d’água e o rebaixamento do lençol freático.
Figura 3 – Mapa Geomorfológico da Bacia do Belmont ( Santos et, al, 2012)
Segundo, Araújo et. al. (2005), as mudanças no sistema hídrico é uma resposta a limpeza, terraplanagem e criação de superfícies impermeáveis, como telhados, calçadas e asfaltos. Que gera problemas como o grande aumento de fluxo superficial d’água e de carga de sedimentos, bem como a conseqüente diminuição da infiltração d’água e o rebaixamento do lençol freático.
Campana e Tucci (2001), classificam as alagações em dois tipos: devido a urbanização, com o aumento de áreas impermeabilizadas e canais artificiais fazem aumentar o fluxo superficial e o decrécimo da infiltração aumenta o pico de descarga em áreas que já são alagadiças e devido a ocupação de áreas alagadiças, essas áreas já são planícies alagadiças naturais, com áreas baixas em relação aos relevos vizinhos e de topografia plana, o que favorece a ocupação humana destas áreas impróprias.
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761 Shueler (1987) menciona o aumento do nível de alagamento em áreas planas em virtude do aumento da velocidade de escoamento superficial em tempestades, devido ao aumento das impermeabilizações que saturam córregos, iniciando alagações em tempo menor do que já registrados.
Santos (2010) destaca que em modelados Denudacionais Tabulares de muito entalhamento dos vales e grande dimensão interfluvial (Dt 12), apresentam constantes alagações devido ao baixo nível do lençol freático, como também a precária definição da drenagem que não é capaz de guiar o fluxo d’água em um só curso. Esses relevos encontram-se em um patamar inferior aos modelados vizinhos, classificando-os como fundo de vale, devido a altitude inferior à 85 metros.
O modelado Dt 12 da parte sul da bacia abriga os bairros: Nova Porto Velho, Agenor de Carvalho, Flodoaldo Pontes Pinto, Lagoinha, Tiradentes e Cuniã. Área com significativa densidade populacional na cidade de Porto Velho.
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
5 MATERIAIS E MÉTODO
Para a análise das áreas de inundação foi utilizado o mapa de geomorfologia da Bacia do Igarapé Belmont (SANTOS et. al, 2012), a base
topográfica no formato digital em extensão .DXF com cotas de 2 metros fornecido pela Secretaria de Planejamento do Município de Porto Velho – SEPLAN (2000) e imagem das áreas fornecidas pelo Google Earth.
Os dados de geomorfologia, altimetria e imagens foram sobre postos no programa Global Mapper 11, para análise das áreas com maior probabilidade de alagação, dentre os quesitos para análise foram destacados:
- Áreas com menores cotas altimétricas. - Dimensões das áreas alagáveis. - Áreas próximas à cursos d’água.
Com auxilio da ferramenta de nível d’água do programa Global Mapper, foi possível delimitar as áreas com maior potencial para alagações na bacia do Belmont, que foram discriminadas por níveis de alagações (N.A.), com cota altimétrica mínima de 85 metros e de dimensão em Km². Estes dados foram posteriormente comparados com as aferições feita em campo em eventos chuvosos ao longo do ano de 2013, em que avaliou-se o tamanho das áreas alagadas.
Os dados vetoriais foram exportados para o programa Arcview 3.2, para a produção do mapa de inundação urbana da Bacia do Belmont.
6 ANÁLISES DOS PONTOS
Ao sobrepor as bases cartográficas verifica-se que as áreas alagadas ocupam grandes dimensões e as maiores profundidades do modelado Dt 12, porém foi verificado que há áreas alagadiças de menor dimensão e profundidade no modelado Dt 13 (Denudacional Tabular de muito fraco entalhamento dos vales e média dimensão interfluvial).Verifica-se que os dois modelados apresentam pouca profundidade dos cursos d’água e uma topografia plana de dimensão expressiva nestes relevos.
Estes tipos de relevos apresentam semelhança nos tipo de inundações por urbanização e de depressões topográficas, segundo Ramos (2013). Verifica-se que á área é completamente urbanizada com ruas pavimentadas e com pouca drenagem pluvial, além de ter uma topografia deprimida constituindo-se com área alagadiça natural.
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
Ao analisar as áreas de inundação é possível distinguir áreas com constantes alagações, que em eventos chuvosos de pouca duração e intensidade já apresentam pontos alagadiços e outras áreas que são passíveis de alagações, que somente em eventos chuvosos de maior intensidade e duração podem alagar, conforme o Mapa de Áreas Alagáveis da Bacia (Figura 4).
7 ÁREAS DE CONSTANTES ALAGAÇÕES
São áreas que alagam grandes dimensões em rápidos eventos chuvosos, a lâmina d’agua pode chegar a dezenas de centímetros, no entanto a drenagem destas alagações é lenta, levando horas. No evento de inundação de 03/10/2013 no Ponto 1 a lâmina d’água chegou a 95 centímetros e custou 4 horas para ser drenada.
Ponto 1 – É a maior área alagável (1.130 km²) e com menor cota altimétrica local (82,1 m).
Está área localizada nas coordenadas 08°45’26” S - 63°50’16” W, abrange os bairros Tiradentes, Lagoinha e Três Marias e as vias principais mais afetadas pela inundação são as avenidas Rio de Janeiro, Alexandre Guimarães, José Raimundo Cantuária e a rua Daniela. Os pontos de menor altitude são as nascentes do Igarapé Belmont, no bairro Lagoinha, em que algumas nascentes foram aterradas para utilização urbana, o que eleva drasticamente o fluxo superficial da área (Figura5).
Figura 5 – Alagação na Av. Rio de Janeiro à 300m. da Av. Guaporé em 03/11/2013 (Autor).
Ponto 2 – Área plana à margem do igarapé Belmont, com dimensão de 480 km² e com menor
cota altimétrica local de 83 metros, que encontra-se na borda do curso d’água. Esta área localiza-se nas coordenadas 08°44’59” S – 63°51’50” W, ao oeste, abrange os bairros: Lagoinha, Tiradentes, Cuniã, Agenor de Carvalho, Igarapé e Flodoaldo Pinto. As principais vias afetadas pela alagação são: Av. Raimundo Cantuária, Amazonas, Vieira Caúla, Guaporé e Pinheiro Machado. Esta área de alagação é o leito maior do igarapé Belmont, que foi ocupada por habitações, que impermeabilizaram a área aumentando a dimensão da alagação (Figura 6).
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
Figura 6 – Av. Raimundo Cantuária a 250m da Av. Guaporé, 03/11/2013 (Autor).
Ponto 3 – Área de pequena depressão com dimensão de 80 km² e menor cota altimétrica
local de 83 metros, que está localizada nas coordenadas 08°44’54” S – 63°50’42” W, abrange os bairros: Teixeirão e Escola de Polícia. As principais vias afetadas são As avenidas Vieira Caúla e Mamoré. Verifica-se uma grande impermeabilização na área e a falta de drenagem pluvial o que colabora para o alagamento (Figura 7).
Figura 7 – Alagação nas Avenidas Mamoré com Vieira Caúla, 10/10/2013 (Autor).
Ponto 4 - Área em fundo de vale próximo ao Igarapé Belmont, com dimensão de 12 km² e
com menor cota altimétrica local de 83 metros, localizada nas coordenadas: 08°43’58” S – 63°53’01” W, ao oeste. Abrange os bairros Embratel e Industrial, a principal avenida afeta é a do Imigrantes. Esta área é o curso de um dos tributários do igarapé Belmont que foi canalizado e pavimentado, há uma rua sob todo o curso d’água, que colabora com o grande aumento do fluxo superficial (Figura 8).
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
Figura 8- Alagação na Av. Imigrantes, 03/11/2013 (Autor).
8 ÁREAS PASSÍVEIS DE ALAGAÇÕES
Estas áreas apresentam cotas altimétricas inferiores a 85 metros, com possibilidade de alagações constantes, mas devido o uso de aterro ou de drenagem pluvial eficiente são áreas com menos possibilidades de alagações.
Ponto 5 – São pequenas áreas totalmente urbanizadas e com impermeabilização, mas devido
ao uso de aterro as inundações somente ocorrem na cota altimétrica mais baixa com pouco tempo de duração. Estas áreas somadas possuem uma extensão de 47,6 Km² e com menor cota altimétrica de 83,2 metros. Localizados nas coordenadas 08°45’13” S – 63°51’02” W, Esses pontos abrangem o bairro Cuniã entre as ruas Andréa, Daniela e a Avenida Mamoré.
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23377-23398, nov. 2019 ISSN 2525-8761
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23426-23439, nov. 2019 ISSN 2525-8761
Ponto 6 - É a maior área passível de alagação, devido a implantação de drenagem e
aterros apenas uma pequena área alaga em eventos chuvosos. A dimensão desse ponto é de 160 km² e apresenta a menor cota altimétrica das áreas passíveis de alagação 81,3 metros. Esta área encontra-se nas coordenadas 08°44’43” S – 63°51’17” W, ao oeste. Abrange os bairros Cuniã e Igarapé, as principais vias são as avenidas Vieria Caúla e Pinheiro Machado e a rua Andréa (Figura 9).
Figura 9 – Área de menor cota altimétrica, após evento chuvoso de curta duração próximo a
rua Daniela. Verifica-se a declividade do terreno ao fundo, 04/02/2014 (Autor).
Ponto 7 – Área aterrada e impermeabilizada que faz parte do leito maior do igarapé
Belmont. Este ponto tem uma dimensão de 43 km² e a menor cota altimétrica local de 83 metros, que estão localizados nas coordenadas: 08°45’13” S – 63°52’02” W, ao oeste. Abrange os bairros Cuniã e Igarapé e a principal via afetada é a Avenida Vieira Caúla.
Ponto 8 – É uma pequena área de 4 km² que está no leio maior e menor do igarapé
Belmont com uma altimétrica mínima de 84 metros nas coordenadas: 08°44’37” S – 63°51’52” W. Abrange o bairro Flodoaldo Pinto e a principal via é a Avenida Calama. Esta área apresenta uma galeria de concreto no curso do Igarapé para utilizar a área como praça pública.
Ponto 9 – Área no conjunto habitacional Ouro Preto com dimensão de 10,9 km² e
com menor cota altimétrica local de 84 metros, nas coordenadas: 08°44’14” S – 63°51’16” W, ao oeste. Abrange o bairro Aponiã e a principal via é a rua Daniela. Apesar de ter cota altimétrica inferior a 85 metros e uma grande área impermeabilizada (asfaltos, telhados,
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23426-23439, nov. 2019 ISSN 2525-8761 calçadas), esta área apresenta um sistema de drenagem eficiente que diminui a possibilidade de grandes alagações por muito tempo.
9 CONCLUSÃO
Através do uso do Mapa Geomorfológico da Bacia do Belmont, imagens de satélite e da base planimétrica foi possível mapear e mensurar todos os pontos alagáveis do perímetro urbano da bacia do igarapé Belmont.
Neste estudo os locais de inundação foram classificados em Áreas Passíveis de Inundação, que são áreas abaixo de 85 metros de altitude, sujeitas a alagações, mas com ações antrópicas como aterros e drenagem pluvial foram contidas as inundações em áreas de maior altitude, e Áreas de Constantes Inundações que são áreas próximas aos cursos d’água, nascentes e de grandes áreas planas de fundo de vale que não são possíveis conter as inundações devido a abaixa profundidade do lençol freático e de ações antrópicas que aumento o processo de inundação.
Foi constatado que além modelado de relevo Dt 12 – Denudacional Tabular de muito fraco entalhamento dos vales e de grande dimensão interflúvial com cotas altimétricas inferiores a 85 metros ser passível de inundação (SANTOS, et. al, 2012), o modelado Dt 13 - Denudacional Tabular de muito fraco entalhamento dos vales e de média dimensão interflúvial também abriga áreas passíveis e de constantes inundações.
Verifica-se que a menor cota altimétrica das áreas de inundação é de 81,3 metros, bem inferior ao limite do início processo de alagação da bacia que é de 85 metros de altitude. A maior dimensão alagável é de 1.130 km², nas áreas de reposição do lençol freático do igarapé Belmont localizado nos modelados Dt 12 e Dt 13. Estes pontos de alagações demonstram uma significativa área da cidade de Porto Velho que dever ter planejamento para o uso do solo, a fim de evitar a ocupação de áreas inadequadas para o uso urbano, como áreas próximas de curso d’água e em fundo de vales que são áreas alagadiças naturais.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, Gustavo. ALMEIDA, Josimar. GUERRA, Antonio. Gestão Ambiental de Áreas
Degradadas. Editora Bertrand. RJ. 2005.
BRASIL, Companhia de Pesquisa em Produção Mineral - CPRM. Livro Texto Explicativo
Brazilian Journal of Development
Braz. J. of Develop., Curitiba, v. 5, n. 11, p. 23426-23439, nov. 2019 ISSN 2525-8761 CAMPANA, Nestor. TUCCI, Carlos. Predicting Floods from Urban Development
Scenarios: Case study of the Dilúvio basin, Porto Alegre, Brazil. In: Urban Water, Oxford
Vol. 3 n.2 p.113-124. 2001.
PORTO VELHO, Secretária Municipal de Planejamento – SEMPLA. Base Topográfica de
Porto Velho. Porto Velho, 2000.
RAMOS, Catarina. Perigos Naturais Devidos a Causas Meteorológicas: o caso das cheias
e inundações. Revista Engineering and Tecnology Journal. Vol. 04. Universidade Lusófona
do Porto. Porto – Portugal. 2013.
RONDÔNIA, Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – SEDAM.
Boletim Climatológico de Rondônia. Porto Velho. 2004.
SANTOS, Salem. Mapeamento Geomorfológico e Geoambiental da Bacia do Igarapé
Belmont – Porto Velho – Rondônia. Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Dissertação
de Mestrado. Porto Velho, 2010. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra= 214790
SANTOS, Salem. DELLA-JUSTINA, Eloiza. FERREIRA, Maria. Mapeamento
Geomorfológico da Bacia do Igarapé Belmont – Porto Velho – Rondônia. Revista
Brasileira de Geomorfologia. Vol. 13, N° 3, 2012.
SHUELER, Thomas. Controlling Urban Runoff (a pratical manual for planning and desgning urban). Washing DC. 1987. Acessível em: books.google.com.br/books?id=wrePQgAACAAJ.