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Análise da produção científica no Brasil sobre envelhecimento e quedas

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Análise da produção científica no Brasil sobre envelhecimento e

quedas

Rebeca Fernanda Ferraz de Almeida*, Luciana Araújo Dos Reis**

* Acadêmica do curso de Fisioterapia da Faculdade Independente do Nordeste. E-mail: rebecafferraza@ gmail.com

** Doutora em Ciências da Saúde pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Pós-doutora em Saúde Coletiva/ISC pela Universidade Federal da Bahia. Docente da Faculdade Independente do Nordeste. En-dereço para correspondência: Av. Luiz Eduardo Magalhães, 1.035. Candeias, Vitória da Conquista, Bahia, CEP 45055-420. E-mail: lucianauesb@yahoo.com.br

http://dx.doi.org/10.5335/rbceh.v13i2.5754 Recebido em: 11/04/2016. Aceito em: 30/08/2016.

Resumo

O presente estudo tem por objetivo ana-lisar a produção científica no Brasil sobre envelhecimento e quedas. Trata-se de uma revisão sistemática qualitativa, na qual fo-ram incluídos artigos escritos em português publicados no período de 2011 a 2015. Foram analisadas dezessete publicações que trataram dos temas mais abordados sobre a relação entre quedas e envelheci-mento. Mediante a análise de conteúdo de Bardin, emergiram três temas de análise: fatores intrínsecos de risco para quedas, fatores extrínsecos de risco para quedas e intervenção preventiva: contribuições para a saúde dos idosos. Evidenciou-se, ainda, diante da análise do conhecimento produ-zido por outros autores, que a queda é um fator determinante para o declínio da saú-de da população e que há uma interligação frequente entre os fatores de risco tanto in-trínsecos como exin-trínsecos.

Palavras-chave: Envelhecimento. Fatores

de riscos. Idosos. Quedas.

Introdução

A população brasileira, nos últimos anos, passou por uma profunda trans-formação demográfica. Estudos mostram que o aumento da expectativa de vida da população está relacionado a políticas públicas como: acesso a vacinas, combate à desnutrição, redução das taxas de mor-talidade e namor-talidade (DATASUS, 2015a).

O envelhecimento traz inúmeras alterações ao indivíduo, no entanto, o estilo de vida também pode influenciar em sua independência. O processo pode ser natural, quando atrelado às altera-ções fisiológicas e biológicas, ou patoló-gico, quando acompanhado de doenças. No que tange às alterações naturais, o indivíduo passa a ter restrição física em alguns sistemas do organismo, dentre

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eles, pode-se destacar o sistema muscu-loesquelético, que apresenta redução da massa muscular e da densidade óssea, enrijecimento dos tendões e ligamentos e aumento da viscosidade do líquido si-novial (FECHINE; TROMPIERI, 2012). Segundo Andrade et al. (2011), o sis-tema nervoso central também apresenta mudanças significativas que podem in-fluenciar na resposta motora do idoso. Essas alterações podem influenciar no controle postural dos indivíduos, pois, se não há uma interação completa desses sistemas, torna-se impossível manter o equilíbrio e a postura, levando a uma lentidão da resposta motora e, até mes-mo, a episódios de quedas (CARVALHO et al., 2015).

A Organização Mundial de Saúde ve-rificou que 424 mil pessoas morrem por ano devido a quedas. Cerca de 50% das pessoas com mais de 65 anos sofrem um episódio de quedas ao ano, sendo que a maioria desses idosos que cai apresenta lesões ou sequelas decorrentes da queda. O Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia realizou uma pesquisa que identificou que 65% dos pacientes in-ternados haviam adquirido suas lesões ortopédicas provenientes de quedas, in-dicando aas quedas como um problema de saúde pública (DATASUS, 2015b).

De acordo com dados da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (2015, p. 3), a queda pode ser definida como: “o deslocamento não intencional do corpo para um nível inferior à posição inicial com incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circuns-tâncias multifatoriais comprometendo

a estabilidade”. Na maioria das vezes, ocorre no ambiente domiciliar, contri-buindo para o aumento da mortalidade e de morbidades.

Estudos revelam que quando as quedas não causam morte ou lesões, o indivíduo pode desenvolver limitação na qualidade de vida, levando ao receio e à limitação nas atividades de vida diária, estimulando o confinamento e a de-pressão (ROSA et al., 2015; FECHINE; TROMPIERI, 2012). Estudos mostram que a prevenção é a melhor forma de evitar as quedas, embora, o Brasil ainda necessite de melhorias em seus progra-mas de prevenção, diferente de outros países que dão prioridade a esse fator de risco que influencia diretamente na saúde da população (ROSA et al., 2015; FECHINE; TROMPIERI, 2012).

Em virtude do exposto, evidencia-se que devido ao aumento da população idosa as quedas constituem-se tema de debate para pesquisadores, gestores sociais e políticos. Diversos estudos são desenvolvidos no Brasil sobre quedas e o processo de envelhecimento, buscando discutir os fatores de riscos e as consequ-ências. Nesse contexto, surgiu a questão: como ocorre a produção científica no Brasil sobre envelhecimento e quedas em estudos escritos em português?

Para responder a essa proposição, o presente estudo tem como objetivo anali-sar a produção científica no Brasil sobre envelhecimento e quedas, permitindo a interação de informações que poderão contribuir para a prevenção.

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Metodologia

O presente artigo caracteriza-se como uma revisão sistemática qualita-tiva. A revisão sistemática é um método de pesquisa fundamentado, que investi-ga um tema sobre o qual o pesquisador produz conhecimento(ERCOLE; MELO; ALCOFORADO, 2014).

Os dados foram obtidos nas bases de dados SciELO e Bireme, utilizando palavras-chaves de acordo os descrito-res em ciências da saúde (DeCS): enve-lhecimento e quedas. Para seleção dos dados, foi utilizado o operador booliano AND nas buscas: envelhecimento AND quedas.

Como critérios de inclusão foram adotados: artigos publicados no período de 2011 a 2015, escritos em português e na modalidade de artigo original na ín-tegra; e como critérios de exclusão, todos os artigos que não informassem sobre o assunto principal e que não apresentas-sem os descritores adotados neste estudo (envelhecimento AND quedas).

A seleção dos artigos seguiu rigoro-samente os itens de inclusão e exclusão. A primeira busca foi realizada na base de dados SciELO, que processou 58 artigos, dentre esses, 25 foram elimi-nados por não atender aos critérios de inclusão, sendo assim, 33 artigos foram selecionados. Ao realizar a busca na base de dados, Bireme, foram processados 1.100 artigos, dos quais, 1.020 foram eliminados por não estarem dentro dos critérios de inclusão, sendo assim, 80 foram selecionados.

Para os artigos selecionados nas duas bases de dados (113 artigos), foi realizada leitura do título e do resumo. Assim, 64 artigos foram excluídos por não apresentarem título de acordo com objetivo do estudo e 32 foram elimina-dos após leitura completa elimina-dos artigos, portanto, ao final, foram selecionados 17 artigos para o estudo, conforme sistema-tizado na Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de seleção dos estudos de acordo com os critérios de inclu-são e excluinclu-são a partir dos descrito-res: envelhecimento AND quedas

Com os DeCS: envelhecimento AND quedas foram encontrados: 1.158 artigos SciELO 58 artigos Bireme 1.100 artigos

25 foram eliminados por não atenderem aos critérios de inclusão

1.020 foram eliminados por não atenderem aos critérios de inclusão 33 selecionados 80 selecionados 21 foram eliminados após leitura do título 43 foram eliminados após leitura do título 32 foram eliminados após leitura completa 17 selecionados

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As informações coletadas nos artigos foram analisadas utilizando-se a técnica de análise temática fundamentada na análise de conteúdo de Bardin (2010). Porém, devido à grande quantidade de informações obtidas nos artigos, tornou--se necessário o uso de uma ferramenta computacional de suporte para análise dos dados e para auxiliar no manuseio e na organização dos dados, facilitando o processo de integração entre as cate-gorias emergentes. Para tanto, utilizou--se o software de tratamento de dados qualitativos QSR NVivo®, versão 11.0,

doravante escrito como NVivo.

O processo de análise de conteúdo foi operacionalizado em três etapas: pré-análise, exploração do material e tratamento dos resultados: inferência e interpretação (BARDIN, 2010). Na etapa de pré-análise, os artigos foram inseridos

no NVivo com o recurso de importação de fontes de informação, compondo, assim, o corpus da pesquisa. Após a criação do banco de dados no NVivo, deu-se início à etapa seguinte, a de exploração do material, quando foi feita a leitura mi-nuciosa dos artigos e realizado o processo de codificação com a decomposição dos conteúdos em unidades de registro com base nas expressões com sentidos equi-valentes que surgiram ao longo do corpus da pesquisa, que foram agrupadas nas categorias analíticas emergentes dos dados empíricos.

Nessa etapa, utilizou-se a técnica nu-vem de palavras, do Nvivo, para análise do material empírico. Essa técnica pode ser compreendida como uma forma de visualização de dados linguísticos, que

mostra a frequência com que as palavras aparecem em um dado contexto. A técni-ca de construção dessa nuvem consiste em usar tamanhos e fontes de letras diferentes de acordo com as ocorrências das palavras na categoria analisada, gerando uma imagem que apresenta um conjunto de palavras, coletadas do corpo do texto e agregadas de acordo com sua frequência, sendo que as palavras mais frequentes aparecem no centro da imagem e as demais em seu entorno, de modo decrescente. Dessa maneira, essa técnica contribui para a visualização do que é mais relevante nos artigos sele-cionados.

De posse da nuvem de palavras e dos dados codificados, foi iniciada a ter-ceira e última etapa, a do tratamento dos resultados. Buscou-se a articulação entre o material empírico e o referencial teórico, o que permitiu a ocorrência de outras contribuições teóricas sugeridas pela leitura do material empírico.

Resultados e discussão

A caracterização dos artigos anali-sados, conforme autor, tipo de estudo, amostra, local, periódico e data de publi-cação, encontra-se descrita na Tabela 1.

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Tabela 1 – Caracterização da produção científica selecionada

Autor/

referência Tipo de estudo Amostra Local Periódico Ano

Alves;

Scheicher Transversal 88 idosos

Lar dos Velhos Frederico Oza-nan e Lar São Vicente de Pau-lo, da cidade de Garça, São Paulo

Revista Brasileira de Geriatria e

Ge-rontologia 2011

Alveiro et al. Transversal 739 idosos Área de abrangência da Estra-tégia Saúde da Família do mu-nicípio de São Carlos

Ciência & Saúde

Coletiva 2012

Battistella;

Alfieri Transversal 26 idosos Hospital Universitário Mútua de Terrassa, Barcelona, Espanha Acta Fisiátrica 2011 Burgos;

Carvalho Descritivo, comparati-vo, de corte transversal 75 idosos

Laboratório do Sono da Clínica de Pneumologia do Hospital das Forças Armadas de Bra-sília, DF

Fisioterapia em

Movimento 2012

Campos;

Vianna; Campos Prospectivo, transver-sal e observacional 155 idosos Hospital Público de Brasília Revista Kairós Gerontologia 2013

Carvalho; Luckow; Siqueira

Delineamento

trans-versal 195 idosos

19 instituições, casas para idosos, asilos e clínicas geriá-tricas do município de Pelotas

Ciência & Saúde

Coletiva 2011

Cavalcante; Aguiar; Gurgel

Transversal, descritivo com abordagem

quan-titativa 50 idosos

Bairro Cidade 2000, de Forta-leza

Revista Brasileira de Geriatria e

Gerontologia 2012

Cruz et al. Transversal 213 idosos Departamento de Epidemio-logia da Faculdade de Saúde

Pública Revista Dor 2011

Cruz et al. Transversal 462 idosos Residentes na Zona Norte da cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais

Caderno de

Saú-de Coletiva 2015

Gasparotto; Falsarella;

Coimbra Revisão de literatura _ _

Revista Brasileira de Geriatria e

Ge-rontologia 2014

Pereira et al. Descritivo e transversal 6.751 idosos Domicílios de 59 cidades do estado do Rio Grande do Sul Ciência & Saúde Coletiva 2013

Pinho et al. Epidemiológico de cor- te transversal com abor-

dagem quantitativa 150 idosos

Unidade de Saúde da Família Viver Bem

Revista da Esco-la de Enferma-gem da USP 2012 Prata et al. Seccional 78 idosos Projeto Prev-Quedas (Univer-sidade Federal Fluminense) Fisioterapia em Movimento 2011

Prata et al. Pesquisa de campo qualitativa 12 idosos Universidade Federal Flumi-nense com participantes do projeto Prevenção de Quedas

Revista de Pesqui-sa Cuidado é

Fun-damental Online 2014

Rezende; Carrilho;

Sebastião Revisão sistemática - -

Caderno de

Saú-de Pública 2012

Rodrigues;

Fraga; Barros Transversal 1.520 idosos

Residentes em área urbana do município de Campinas, São Paulo

Revista Brasileira de Epidemiologia 2014

Silva et al. Observacional, descri-tivo e transversal 47 idosos

Três instituições de longa perma-nência de Teresina, PI: Fundação Abrigo São Lucas, Vila do Ancião e Casa Frederico Ozanam

Revista Brasileira de Geriatria e

Gerontologia 2013 Fonte: dados da pesquisa.

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Conforme a Figura 2, as palavras mais frequentes nos artigos avaliados, em ordem decrescente, foram: “quedas”, “idosos”, “risco” e “saúde”. Com base nessas palavras, três temas de análise emergiram: fatores intrínsecos de risco para quedas; fatores extrínsecos de risco para quedas; intervenção preventiva: contribuições para a saúde dos idosos.

Figura 2 – Nuvem de palavras elaborada com base nos artigos selecionados para análise

Fonte: dados da pesquisa.

A queda durante o processo do enve-lhecimento é associada a outros fatores, sejam eles intrínsecos ou extrínsecos. Esse fato levou os autores selecionados a identificar e detalhar quais são os riscos mais frequentes envolvidos nesse fenômeno. Segundo Rodrigues, Fraga e Barros (2014) os intrínsecos são os fatores decorrentes de alterações fisio-lógicas relacionadas ao envelhecimento, às doenças e aos efeitos de fármacos,

e extrínsecos são fatores relativos às circunstâncias e condições ambientais.

Fatores intrínsecos de risco para quedas

Campos, Vianna e Campos (2013) avaliaram os fatores de risco para que-das por meio do teste de equilíbrio, do teste de alcance funcional e do Timed Up & Go, e identificam aqueles com maiores chances de cair. Os autores identificaram como risco três variáveis importantes: sexo, polifarmácia e medo de cair, dentre esses, a polifarmácia foi a mais significativa estatisticamente. Além disso, ao avaliar os testes de equilíbrio, puderam identificar que não houve relação significativa com o risco de quedas. Concluíram que o fator de risco para quedas mais evidente foi o uso de polifarmácia, explicando que o uso de medicamentos pode “ocasionar hipo-tensão postural e alterações no sistema nervoso central, levando a distúrbios na visão, na propriocepção, no equilíbrio e na coordenação, com consequências mais acentuadas quando há uso concomitante de várias drogas” (CAMPOS; VIANNA; CAMPOS, 2013, p. 133).

Um estudo realizado por Burgos e Carvalho (2012) teve como objetivo ava-liar a relação entre a síndrome da apneia obstrutiva do sono (Saos) e a sonolência diurna excessiva com os riscos e eventos de quedas em idosos. Foi possível iden-tificar que dos três grupos avaliados, todos apresentavam a sonolência diurna e quanto maior a severidade da Saos maior o grau de sonolência diurna. Os autores explicam que

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[...] a sonolência diurna excessiva se torna de grande relevância, visto que leva a pre-juízo de funções cognitivas, tais como con-centração, atenção e memória (BURGOS; CARVALHO, 2012, p. 101).

Apesar desses achados, o estudo não obteve resultados estatisticamente sig-nificativos referentes à correlação entre os riscos de quedas.

Outro fator de risco está relacionado a doenças crônicas que incluem como sintoma principal a dor. Para Cruz et al., “[...] a prevalência de queda e dor crônica é elevada em idosos com importantes consequências para a qualidade de vida” (2011, p. 108). Eles realizaram um es-tudo com 213 idosos com dor crônica há um ano e com episódios de quedas com o objetivo de verificar a prevalência das quedas e associar o local, a intensidade e o tempo da dor. Obtiveram como resul-tado a prevalência de 56% de maior risco de quedas para os idosos que sofreram a ocorrência de quedas e os idosos com dor moderada a intensa do que os com dor leve. Alguns estudos comprovam que a dor é um fator determinante para a redução do balanço e da mobilidade em idosos.

Segundo Cruz et al.,

[...] o idoso com comprometimento cognitivo pode apresentar déficits de mobilidade, len-tificação de movimentos, alterações compor-tamentais e menor tempo de reação frente aos desequilíbrios (2015, p. 390).

Sendo assim, essas alterações tor-nam-se preditores para quedas. A capa-cidade cognitiva tem significativa relação com ocorrências de quedas, isso ocorre porque os sistemas que desenvolvem a

função motora agem com uma interli-gação com o sistema cognitivo e para a realização de uma tarefa é necessário ter uma atenção que irá influenciar nos co-mandos motores até a execução da tarefa.

A depressão é uma das doenças que acometem a população idosa, existem estudos que revelam a relação entre depressão e quedas. Um estudo com 78 idosos participantes de um projeto de prevenção a quedas identificou que 21,8% tinham depressão e 32% haviam caído no último ano. Os autores explicam que o uso de medicamentos antidepres-sivos pode causar efeitos colaterais e pode ocasionar sintomas relativos ao quadro depressivo, como “indiferença ao meio ambiente, adulteração do nível da atenção, redução do comprimento da pas-sada, diminuição da energia, diminuição da autoconfiança, reclusão, inatividade e perdas cognitivas” (PRATA et al., 2011, p. 441). Dessa forma, fica evidente que a depressão pode influenciar na ocorrência de quedas.

Segundo Alveiro et al. (2012), a mo-bilidade dos idosos pode influenciar em episódios de quedas, pois eles passam a ter mais dificuldades físicas para execu-tar as execu-tarefas da vida diária. Os autores revelaram que os idosos avaliados por meio do teste Timed Up & Go apresen-taram menor mobilidade e maior risco de quedas, explicando que o processo de envelhecimento leva a reduções de mas-sa, força e qualidade do músculo, além das alterações do equilíbrio, dessa forma, influenciam na mobilidade do indivíduo.

Silva et al. (2013), em estudo realiza-do com irealiza-dosos institucionalizarealiza-dos,

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identi-ficaram que a maioria dos idosos obteve baixa pontuação na escala de equilíbrio e a maior dependência foi entre as mulheres. Os autores explicam que o risco de quedas pode estar relacionado à redução da realização das atividades de vida diária e à falta de equilíbrio, além disso, enfatizam que a maioria dos idosos institucionalizados é sedentária, o que aumenta o declínio funcional e o risco de quedas.

Diante dos dados apresentados, observou-se que o principal fator intrín-seco para o risco de quedas é o compro-metimento do equilíbrio, sendo assim, são necessárias medidas de reabilitação que visem melhorar o equilíbrio e o comprometimento funcional dos idosos, de forma a reduzir as quedas e, conse-quentemente, melhorar a qualidade de vida desses sujeitos.

Fatores extrínsecos de risco para quedas

Pinho et al. (2012) realizaram um estudo com 150 idosos de uma comu-nidade, revelando que as principais causas de quedas estão relacionadas a fatores de origem extrínseca. Os auto-res explicam que a maioria dos idosos passa a maior parte do tempo em casa e, geralmente, não há uma adequação do ambiente, proporcionando um maior risco de quedas.

O estudo realizado por Pereira et al. (2013) teve como objetivo avaliar os fato-res socioambientais quando relacionados a quedas. Os autores utilizaram como amostra uma população de 6.715 idosos de 59 cidades. Os autores identificaram

que para os idosos que consideram o ambiente urbano inseguro esse acaba sendo um fator de proteção, pois eles evitam ou circulam com mais cuidado, embora, acabem se socializando menos. Já aqueles que têm boa percepção do ambiente urbano podem estar mais ex-postos a riscos de quedas, pois acabam sendo menos cuidadosos. Os autores concluíram que há a necessidade de uma readaptação do ambiente urbano para minimizar os riscos de quedas e torná--lo mais colaborativo para atividades comunitárias.

Prata et al. (2014) realizaram uma pesquisa qualitativa na qual observaram que as quedas têm causas multifatoriais, não somente por conta da idade ou do declínio das funções, mas também por haver uma grande parcela de “culpa” relacionada a fatores de má conservação dos ambientes públicos, como ilumina-ção, calçadas, transportes públicos, sina-lização, entre outros fatores que podem provocar quedas.

Carvalho, Luckow e Siqueira (2011) identificaram maior prevalência de quedas nos idosos institucionalizados, sendo o local mais frequente em frente ao quarto. Eles explicam que havia um número excessivo de idosos nos quartos e que não havia espaço livre para circu-lação, o que aumenta os riscos de quedas se não houver a intervenção de medidas que possam adequar o ambiente.

Sabendo que os fatores intrínsecos são de origem fisiológica, Rezende, Carrillo e Sebastião (2012) pesquisa-ram a respeito da relação entre uso de medicamento e quedas. Os autores

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identificaram que o uso de diuréticos e psicoativos em geral representa um po-tencial fator de risco de quedas. No caso dos diuréticos, eles explicam que podem gerar como efeitos colaterais hipotensão postural, vertigem e fraqueza, além dis-so, os psicoativos também podem causar hipotensão, arritmias, sedação, tremores e relaxamento muscular.

Com base nas informações apresen-tadas, evidencia-se que com a adoção de medidas preventivas o risco de quedas pode ser reduzido, pois o simples plane-jamento do ambiente de residência do idoso já reduz consideravelmente o risco de quedas. Desse modo, é importante maior divulgação e a adoção das medidas preventivas contra quedas, de forma a sensibilizar a sociedade, em especial os próprios idosos, sobre a necessidade da adoção de tais medidas.

Intervenção preventiva: contribuições para a

saúde dos idosos

As quedas de idosos são um pro-blema de saúde pública, pois podem interferir diretamente na saúde dessa população. Nesse sentido, Battistella e Alfieri (2011) avaliaram um programa de prevenção do Hospital Universitá-rio Mútua de Terrassa, Barcelona, na Espanha, que trabalha com idosos que sofreram quedas ou têm risco eminente de sofrer quedas, tendo como objetivo avaliar os indivíduos por uma equipe multidisciplinar (médico geriatra, médi-co fisiatra, fisioterapeuta e enfermeira), educar os idosos por meio de vídeos e pa-lestras, visando mostrar os riscos mais

frequentes que podem levar a quedas. Além disso, esse programa promove atividades físicas que proporcionam alongamento muscular, fortalecimento muscular, estimulação do equilíbrio, coordenação e propriocepção. Os autores concluíram que o serviço é muito impor-tante para a prevenção de quedas e deve servir como modelo.

Para Silva et al. (2013), idosos institucionalizados tornam-se menos ativos, dessa forma, é necessário que os responsáveis tenham uma visão mais focada em cada idoso, pois cada um tem uma necessidade individual. Além disso, os autores enfatizam a importância de manter o idoso ativo, utilizando ativida-des em grupo ou individuais.

Um estudo realizado por Alves e Scheicher (2011) identificou que o ido-so institucionalizado tem nove vezes mais chances de cair do que aquele que não é institucionalizado. No entanto, o idoso pode ter seu equilíbrio treinado e estimulado por meio das atividades físicas que são realizadas durante o dia, o que não acontece com muitos idosos institucionalizados, acarretando no déficit em equilíbrio e aumentando o risco de quedas. Os autores salientam que devem ser praticados exercícios re-lacionados com velocidade, amplitudes variadas, mudanças de direção e em locais diferentes.

Quando se fala sobre a importân-cia de um planejamento adequado nas construções, pensando na diversidade de pessoas que nelas circulam, os idosos representam a maior preocupação. Prata et al. afirmam que deve haver:

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[...] adequação dos espaços públicos de lazer e circulação, além de adaptações nos espaços urbanos para permitir a participação segura do idoso na vida em sociedade, redução da altura do meio fio das calçadas, melhoria do calçamento (2014, p. 692).

Dessa forma, verifica-se que há a necessidade de que as práticas de pre-venção contra quedas ocorram de forma mais efetiva e eficaz, a fim de evitar as possíveis consequências e sequelas decorrentes. Ressalta-se que as quedas representam um elevado custo para o sistema de saúde e é um importante marcador de declínio funcional e compro-metimento da qualidade de vida.

Conclusão

Constatou-se nos estudos analisa-dos que os temas mais abordaanalisa-dos nos artigos foram: fatores intrínsecos de risco para quedas; fatores extrínsecos de risco para quedas; e intervenção pre-ventiva: contribuições para a saúde dos idosos. Evidenciou-se, ainda, diante da análise do conhecimento produzido por pesquisadores, que quedas é um fator determinante para o declínio da saúde da população e que há uma interligação frequente entre os fatores de risco tanto intrínsecos como extrínsecos, pois, na maioria dos estudos, fica evidente a relação entre os fatores relacionados ao envelhecimento e os fatores ambientais. Dessa forma, é necessário que políti-cas públipolíti-cas de saúde sejam laboradas no intuito de promover a adoção de medidas preventivas contra quedas, de forma a contribuir com o envelhecimento ativo.

Analysis of scientific production in

Brazil on aging and falls

Abstract

This study aims to analyze the scientific production in Brazil on aging and falls. This is a qualitative systematic review were included articles published betwe-en 2011-2015 writtbetwe-en in Portuguese. 17 were analyzed as to which the most dis-cussed topics on the relationship between falls and aging. By Bardin content analysis emerged three analytical themes: intrinsic risk factors for falls; Extrinsic risk factors for falls; and preventive intervention: contri-butions to the health of the elderly. It was evident even before the analysis of the kno-wledge produced by others, the falls are a determining factor for the declining health of the population and there is a common link between the both intrinsic and extrin-sic risk factors.

Keywords: Aging. Elderly. Falls. Risk factors.

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Imagem

Figura 1 – Fluxograma de seleção dos estudos  de acordo com os critérios de  inclu-são e excluinclu-são a partir dos  descrito-res: envelhecimento AND quedas
Tabela 1 – Caracterização da produção científica selecionada Autor/
Figura 2 – Nuvem de palavras elaborada com  base nos artigos selecionados para  análise

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