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Rev. Bras. Psiquiatr. vol.21 suppl.2

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Genética - vol. 21 - outubro 1999

Editorial

O campo da genética psiquiátrica apresenta uma série de de-safios particulares, uma vez que as mesmas doenças mentais se apresentam como quadros clínicos (fenótipos) complexos, para os quais existem, por um lado, várias explicações etiológicas. A partir da perspectiva genética, temos, em primeiro lugar, o fenótipo explicado por completo na etiologia de índole genética (genótipo), e, em segundo lugar, a etiologia que responde a outros fatores não genéticos (fenocópias). Além disso, encon-tramos, dentro dos tipos genéticos, a chamada heterogeneidade genética, em que vamos encontrar diferentes genes que cau-sam a mesma patologia.

Nesse sentido, um dos grandes desafios desse campo é ten-tar aprimorar a busca de novas definições dos fenótipos psi-quiátricos que nos permitam identificar com maior precisão a localização de seus genes.

Com esse objetivo, procurou-se diferenciar, seja clinicamente ou por meio de marcadores biológicos particulares, as varieda-des genéticas das fenocópias, assim como encontrar as condi-ções que permitem distinguir as próprias formas genéticas e a relação existente entre o fenótipo clínico e o genótipo específico. Quanto à perspectiva clínica, alguns dos métodos propostos consistem em caracterizar as patologias mentais de acordo com características como: instalação da doença, antecedentes here-ditários, severidade, evolução clínica, preponderância de sin-tomas característicos (por exemplo, sinsin-tomas positivos e nega-tivos nas psicoses), co-morbidade, gênero e resposta ao trata-mento.

Por outro lado, quanto aos marcadores biológicos propos-tos, tem-se tentado definir os fenótipos clínicos, de acordo com as áreas de pesquisa que permitiram um melhor conhecimento da etiopatogenia das doenças mentais. Como exemplos, temos os seguintes:

1. Imagens cerebrais particulares, tanto do tipo estrutural (CAT, RMN) como dinâmicas (PET, SPECT, RMN-funcional);

2. A execução e avaliação do funcionamento neuropsicológi-co e variáveis eletrofisiológicas, neuropsicológi-como potenciais evocados e EEG (hoje muito importantes em pesquisa de patologia mental e de processos cognitivos normais);

3. O estudo de marcadores biológicos mais tradicionais, como têm sido os bioquímicos, psicofarmacológicos e

Perspectivas futuras da genética psiquiátrica

endocrinológicos. Por intermédio deles tentaram-se desafios do funcionamento específico para os diferentes sistemas de neurotransmissão. Dessa maneira, espera-se ter uma maior in-formação sobre um ponto mais preciso onde se poderia encon-trar a alteração genética particular das cascatas metabólicas da neurotransmissão do SNC;

4. Relacionado ao item anterior, há um interesse crescente em conhecer de que maneira as variações polimórficas moleculares dos pontos de ação para os diferentes psicofármacos podem ter um impacto nos mecanismos de farmacocinética e farmacodinâmica. Isso equivale a determinar ou prognosticar a resposta terapêutica e os efeitos colaterais;

5. Duas áreas de pesquisa básica, que mais recentemente ganharam importância: o estudo dos mecanismos moleculares imunológicos e a pesquisa dos processos de expressão dos genes durante o neurodesenvolvimento.

Finalmente, o uso de procedimentos rigorosos da genética molecular – como a triagem para todo o genoma por meio de marcadores distribuídos cada vez mais intensamente – e mode-los animais de inativação para certos genes (knockouts) que pudessem ser relevantes ou, como também têm sido chamados, “genes candidatos”, continuamente dão novas informações dos possíveis loci envolvidos em patologias psiquiátricas. Tais metodologias moleculares relacionadas aos avanços na meto-dologia epidemiológica e estatística, aplicadas ao estudo dos efeitos genéticos nas patologias mentais, se apóiam nos estu-dos tradicionais de associação de genes (linkage), análise de segregação e o estudo do fenômeno de antecipação genética. O estudo de genes associados à doença mental, seja por meio de trios ou do risco relativo por haplótipo (HRR), representam também uma área que dá lugar a constante informação, embora exista certa controvérsia quanto aos seus resultados.

Como podemos apreciar, o grande número de métodos de pesquisa que estão sendo empregados faz da genética psiquiá-trica uma das áreas da ciência médica mais diversificada e com grandes possibilidades de dar uma nova perspectiva ao enten-dimento da doença mental.

Humberto Nicolini

Instituto Mexicano de Psiquiatría

Correspondência: Calz. México - Xochimilco 101 14080, D.F. México Email: nicolins@imp.edu.mx

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