• Nenhum resultado encontrado

DELEGADO CIVIL Direito Civil Barbara Brasil Aula 2 ROTEIRO DE AULA. Tema: Parte Geral

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "DELEGADO CIVIL Direito Civil Barbara Brasil Aula 2 ROTEIRO DE AULA. Tema: Parte Geral"

Copied!
14
0
0

Texto

(1)

DELEGADO CIVIL Direito Civil Barbara Brasil

Aula 2

ROTEIRO DE AULA

Tema: Parte Geral

PARTE GERAL Recorde-se:

2.3 - DIREITOS DA PERSONALIDADE (art. 11 e segs., CC) 1 - Conceito

Direitos de natureza extrapatrimonial, essenciais para que o ser humano tenha uma vida digna.

2 - Premissas

1) Todos os direitos da personalidade são direitos fundamentais (art. 5º, X, CF);

2) O rol de direitos da personalidade NÃO é taxativo;

3) Os direitos da personalidade podem ser protegidos tanto da lesão quanto da ameaça de lesão – art. 12, “caput”, CC;

4) Todo dano moral decorre da violação de um direito da personalidade. Mas, nem toda violação de direito da personalidade caracteriza dano moral;

5) O CC regula expressamente 04 direitos da personalidade: (ROL EXEMPLIFICATIVO) -art. 13/15: direito a integridade física;

-art.16/19: direito ao nome;

-art. 20: imagem e honra;

-art. 21: privacidade.

Continuando o estudo:

3 - CARACTERÍSTICAS DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE

(2)

1) INTRANSMISSÍVEIS E INALIENÁVEIS:

Art. 11 do CC: Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.

É preciso ressaltar que no momento que o titular falece extingue seus direitos da personalidade, contudo seus sucessores agregam um novo direito da personalidade, chamado de Memória Do Morto*.

Mas QUEM adquire o novo direito da personalidade?

Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

*Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o quarto grau. (tio, primo, sobrinho e irmão)

E as biografias NÃO autorizadas?

O STF definiu na ADI 4815:

Biografias

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 20 E 21 DA LEI N. 10.406/2002 (CÓDIGO CIVIL). PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS. MÉRITO: APARENTE CONFLITO ENTRE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE INFORMAÇÃO, ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE DE CENSURA OU AUTORIZAÇÃO PRÉVIA (ART. 5º INCS. IV, IX, XIV; 220, §§ 1º E 2º) E INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º, INC. X). ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA INTERPRETAÇÃO DE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE CENSURA (ESTATAL OU PARTICULAR). GARANTIA CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE DIREITO DE RESPOSTA. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE PARA DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS ARTS. 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO. 1. A Associação Nacional dos Editores de Livros - Anel congrega a classe dos editores, considerados, para fins estatutários, a pessoa natural ou jurídica à qual se atribui o direito de reprodução de obra literária, artística ou científica, podendo publicá-la e divulgá-la. A correlação entre o conteúdo da norma impugnada e os objetivos da Autora preenche o requisito de pertinência temática e a presença de seus associados em nove Estados da Federação comprova sua representação nacional, nos termos da jurisprudência deste Supremo Tribunal. Preliminar de ilegitimidade ativa rejeitada. 2. O objeto da presente ação restringe-se à interpretação dos arts. 20 e 21 do Código Civil relativas à divulgação de escritos, à transmissão da palavra, à produção, publicação, exposição ou utilização da imagem de pessoa biografada. 3. A Constituição do Brasil proíbe qualquer censura. O exercício do direito à liberdade de expressão não pode ser cerceada pelo Estado ou por particular. 4. O direito de informação, constitucionalmente garantido, contém a liberdade de informar, de se informar e de ser informado. O primeiro refere-se à formação da opinião pública, considerado cada qual dos cidadãos que pode receber livremente dados sobre assuntos de interesse da coletividade e sobre as pessoas cujas ações,

(3)

público-estatais ou público-sociais, interferem em sua esfera do acervo do direito de saber, de aprender sobre temas relacionados a suas legítimas cogitações. 5. Biografia é história. A vida não se desenvolve apenas a partir da soleira da porta de casa. 6. Autorização prévia para biografia constitui censura prévia particular. O recolhimento de obras é censura judicial, a substituir a administrativa. O risco é próprio do viver. Erros corrigem-se segundo o direito, não se coartando liberdades conquistadas. A reparação de danos e o direito de resposta devem ser exercidos nos termos da lei. 7. A liberdade é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por outra norma constitucional (inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de hierarquia inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar a resguardar e proteger outro direito constitucionalmente assegurado, qual seja, o da inviolabilidade do direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. 8. Para a coexistência das normas constitucionais dos incs. IV, IX e X do art. 5º, há de se acolher o balanceamento de direitos, conjugando-se o direito às liberdades com a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da imagem da pessoa biografada e daqueles que pretendem elaborar as biografias. 9. Ação direta julgada procedente para dar interpretação conforme à Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes).(ADI 4815, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 10/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-018 DIVULG 29-01-2016 PUBLIC 01-02-2016)

O direito de se exigir o dano moral decorrente da violação do direito da personalidade se transmite diante da morte do seu titular?

SIM, e independe de a ação já ter sido ajuizada ou não.

Ex.: indivíduo, em vida, ingressa com ação de reparação por dano moral, entretanto, falece no decurso do processo, seus sucessores assumirão o polo ativo, porque, como se trata de conteúdo econômico, é possível a transmissão;

Ex.: indivíduo, em vida, não ajuizou ação de reparação por dano moral sofrido, seus sucessores poderão ajuizar, porque tem conteúdo econômico, logo é possível a transmissão.

Tudo conforme determina o CC e o STJ:

Art. 943, CC: “o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.”

Súmula 642, STJ (2020): “O direito à indenização por danos morais transmite-se com o falecimento do titular, possuindo os herdeiros da vítima legitimidade ativa para ajuizar ou prosseguir a ação indenizatória”.

2) IRRENUNCIÁVEIS/INDISPONÍVEIS

Como são prerrogativas essenciais para que o ser humano tenha uma vida digna, não se pode renunciar nem dispor.

(4)

Fique atento ao enunciado que é frequente nas provas do CEBRASPE:

Enunciado 04 do CJF: O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária. Desde que não seja permanente nem geral.

Então, segundo o enunciado, o EXERCÍCIO do direito da personalidade pode ser LIMITADO.

Todavia, se a sua prova pedir a literalidade da lei, você precisa saber a redação do art. 11, CC, que estabelece: “com exceção dos casos previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”.

Importante: é possível a limitação voluntária, que não é renúncia, porque a qualquer momento pode ser retomado pelo titular. Ex.: participantes de programas de reality show assinam contrato de cessão do exercício do direito à personalidade que se encerra com o término do programa.

Segundo o enunciado 04 do CJF, a limitação voluntária não pode ser permanente nem geral, ou seja, NÃO se pode ceder o exercício por um lapso temporário indeterminado, assim como, deve-se especificar qual o direito da personalidade está se limitando.

3) IMPRESCRITÍVEIS

Significa que se pode a qualquer momento buscar a proteção judicial, portanto não se submete a um prazo prescricional, porque se trata de um direito essencial à dignidade humana.

Contudo, como o direito da personalidade não tem conteúdo econômico, mas tem reflexo econômico (pecuniário), o dano moral decorrente da lesão ao direito da personalidade se submete ao prazo prescricional.

Mas qual o prazo prescricional?

Depende, e não está previsto no CC, porque é um entendimento do STJ:

Obs.: 1: Contratual x Extracontratual:

O prazo para requerer reparação de dano vai depender se o dano surgiu de uma relação contratual ou extracontratual, conforme o EREsp 1.281.594-SP, Rel. Min. Benedito Gonçalves, Rel. Acd. Min. Felix Fischer, Corte Especial, por maioria, julgado em 15/05/2019, DJe 23/05/2019.

Entenda:

(5)

-se o dano moral decorre de relação jurídica contratual, o prazo prescricional será o geral (10 anos - art. 205, CC);

Ex: professora tem relação jurídica contratual com o G7, na qual cedeu seu direito de imagem, que possibilita a divulgação da imagem da professora. Se dessa relação jurídica surgir um dano moral, a professora terá um prazo de 10 anos para reclamar a reparação.

-se o dano moral decorre de relação jurídica extracontratual, o prazo prescricional será o específico (3 anos - art. 206, §3º, V, CC).

Ex: sendo a professora uma personalidade pública, uma empresa de publicidade capta sua imagem e coloca em uma reportagem sem autorização da professora, nesse caso, como não existe relação contratual, na ocorrência de dano moral, a professora terá um prazo de 3 anos para reclamar a reparação.

Entendimento importante do STJ, reforçado pelo STF:

Obs.2: É imprescritível a pretensão de recebimento de indenização por dano moral decorrente de atos de tortura ocorridos durante o regime militar de exceção. Precedentes citados: AgRg no AG 1.428.635-BA, Segunda Turma, DJe 9/8/2012; e AgRg no AG 1.392.493-RJ, Segunda Turma, DJe 1/7/2011. REsp 1.374.376-CE, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 25/6/2013.

4 - Direitos Da Personalidade Em Espécie 1- INTEGRIDADE FÍSICA (art. 13/15) (CORPO VIVO)

Art. 13. SALVO por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.

Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em LEI ESPECIAL.

REGRA:

Independe de autorização médica os atos de disposição que NÃO importam diminuição permanente ou contrarie os bons costumes. Ex: doar sangue, doar plaquetas, doar rins, doar medula.

EXCEÇÃO:

Por outro lado, em determinadas situações e com autorização médica, é possível dispor da integridade física, ainda que IMPORTE em diminuição permanente ou contrarie os bons costumes. Ex: portador de câncer de mama ao se submeter à mastectomia está dispondo da sua integridade física de modo permanente, contudo, existe uma autorização médica.

Um exemplo clássico de disposição da integridade física é a cirurgia de transgenitalização permitida pelo ordenamento jurídico. Observe decisão importante:

(6)

Transgênero – TEMA 761 STF

Tese: "i) O transgênero tem direito fundamental subjetivo à alteração de seu prenome e de sua classificação de gênero no registro civil, não se exigindo, para tanto, nada além da manifestação de vontade do indivíduo, o qual poderá exercer tal faculdade tanto pela via judicial como diretamente pela via administrativa; ii) Essa alteração deve ser averbada à margem do assento de nascimento, vedada a inclusão do termo 'transgênero'; iii) Nas certidões do registro não constará nenhuma observação sobre a origem do ato, vedada a expedição de certidão de inteiro teor, salvo a requerimento do próprio interessado ou por determinação judicial; iv) Efetuando-se o procedimento pela via judicial, caberá ao magistrado determinar de ofício ou a requerimento do interessado a expedição de mandados específicos para a alteração dos demais registros nos órgãos públicos ou privados pertinentes, os quais deverão preservar o sigilo sobre a origem dos atos".

(CORPO MORTO)

Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.

Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo.

Em vida, é possível doar os órgãos dúplices ou regeneráveis (sangue, sêmen, plaquetas, medula, rins). Após a morte, desde que presente as condições do art. 14:

-para fins altruístico (caridade) ou científico;

-gratuito.

(cai em prova)

Art. 15. NINGUÉM pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.

Testemunhas de Jeová - ADPF 618. (ainda não foi julgada)

A banca Cespe pode cobrar os dois enunciados abaixo:

V Jornada de Direito Civil - Enunciado 403

O Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluído o suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.

(7)

VI Jornada de Direito Civil - Enunciado 533

O paciente plenamente capaz poderá deliberar sobre todos os aspectos concernentes a tratamento médico que possa lhe causar risco de vida, seja imediato ou mediato, salvo as situações de emergência ou no curso de procedimentos médicos cirúrgicos que não possam ser interrompidos.

2-NOME:

É a partícula que individualiza o ser humano em sociedade, o torna único em sociedade. Ele é composto por:

Nome = prenome (1º nome) + sobrenome (raiz familiar) REGRA: nome é imutável (imutabilidade relativa).

EXCEÇÃO: o ordenamento permite, em algumas situações, a mutabilidade. Ex: nome após o casamento, nome após a adoção.

Veja como o CC trata:

Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome.

Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória.

Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial.

Art. 19. O pseudônimo* adotado para ATIVIDADES LÍCITAS goza da proteção que se dá ao nome. (*nome falso que agrega valor artístico à pessoa).

3-IMAGEM (art.20, CC)

Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da ¹IMAGEM de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber/se lhe atingirem a ²HONRA, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815)*

Perceba que, a 1ª parte do dispositivo tutela a IMAGEM, com 2 EXCEÇÕES: (...) “se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública”. E, a 2ª parte do dispositivo tutela a HONRA.

É preciso registrar que, segundo o STJ, a mera divulgação da imagem do indivíduo, ainda que não tenha finalidade econômica ou comercial, vai gerar reparação por dano moral.

Leia a ementa das biografias:

*ADIN DAS BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS:

(8)

EMENTA: AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ARTS. 20 E 21 DA LEI N. 10.406/2002 (CÓDIGO CIVIL). PRELIMINAR DE ILEGITIMIDADE ATIVA REJEITADA. REQUISITOS LEGAIS OBSERVADOS. MÉRITO: APARENTE CONFLITO ENTRE PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS: LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DE INFORMAÇÃO, ARTÍSTICA E CULTURAL, INDEPENDENTE DE CENSURA OU AUTORIZAÇÃO PRÉVIA (ART. 5º INCS. IV, IX, XIV; 220, §§ 1º E 2º) E INVIOLABILIDADE DA INTIMIDADE, VIDA PRIVADA, HONRA E IMAGEM DAS PESSOAS (ART. 5º, INC. X). ADOÇÃO DE CRITÉRIO DA PONDERAÇÃO PARA INTERPRETAÇÃO DE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL. PROIBIÇÃO DE CENSURA (ESTATAL OU PARTICULAR). GARANTIA CONSTITUCIONAL DE INDENIZAÇÃO E DE DIREITO DE RESPOSTA. AÇÃO DIRETA JULGADA PROCEDENTE PARA DAR INTERPRETAÇÃO CONFORME À CONSTITUIÇÃO AOS ARTS. 20 E 21 DO CÓDIGO CIVIL, SEM REDUÇÃO DE TEXTO. 1. A Associação Nacional dos Editores de Livros - Anel congrega a classe dos editores, considerados, para fins estatutários, a pessoa natural ou jurídica à qual se atribui o direito de reprodução de obra literária, artística ou científica, podendo publicá-la e divulgá-la. A correlação entre o conteúdo da norma impugnada e os objetivos da Autora preenche o requisito de pertinência temática e a presença de seus associados em nove Estados da Federação comprova sua representação nacional, nos termos da jurisprudência deste Supremo Tribunal. Preliminar de ilegitimidade ativa rejeitada. 2. O objeto da presente ação restringe-se à interpretação dos arts. 20 e 21 do Código Civil relativas à divulgação de escritos, à transmissão da palavra, à produção, publicação, exposição ou utilização da imagem de pessoa biografada. 3. A Constituição do Brasil proíbe qualquer censura. O exercício do direito à liberdade de expressão não pode ser cerceada pelo Estado ou por particular. 4. O direito de informação, constitucionalmente garantido, contém a liberdade de informar, de se informar e de ser informado. O primeiro refere-se à formação da opinião pública, considerado cada qual dos cidadãos que pode receber livremente dados sobre assuntos de interesse da coletividade e sobre as pessoas cujas ações, público-estatais ou público-sociais, interferem em sua esfera do acervo do direito de saber, de aprender sobre temas relacionados a suas legítimas cogitações. 5. Biografia é história. A vida não se desenvolve apenas a partir da soleira da porta de casa. 6. Autorização prévia para biografia constitui censura prévia particular. O recolhimento de obras é censura judicial, a substituir a administrativa. O risco é próprio do viver. Erros corrigem-se segundo o direito, não se cortando liberdades conquistadas. A reparação de danos e o direito de resposta devem ser exercidos nos termos da lei. 7. A liberdade é constitucionalmente garantida, não se podendo anular por outra norma constitucional (inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de hierarquia inferior (lei civil), ainda que sob o argumento de se estar a resguardar e proteger outro direito constitucionalmente assegurado, qual seja, o da inviolabilidade do direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. 8. Para a coexistência das normas constitucionais dos incs. IV, IX e X do art. 5º, há de se acolher o balanceamento de direitos, conjugando-se o direito às liberdades com a inviolabilidade da intimidade, da privacidade, da honra e da imagem da pessoa biografada e daqueles que pretendem elaborar as biografias. 9. Ação direta julgada procedente para dar interpretação conforme à Constituição aos arts. 20 e 21 do Código Civil, sem redução de texto, para, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível autorização de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo também desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas ou ausentes).

(9)

(ADI 4815, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Tribunal Pleno, julgado em 10/06/2015, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-018 DIVULG 29-01-2016 PUBLIC 01-02-2016)

E, agora um REsp importante, julgado de 2020:

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO DE COMPENSAÇÃO DE DANO MORAL. JULGAMENTO: CPC/15.

1. Ação de compensação de dano moral ajuizada em 04/08/2016, da qual foi extraído o presente recurso especial, interposto em 26/06/2016 e atribuído ao gabinete em 05/11/2018.

2. O propósito recursal consiste em decidir sobre a configuração do dano moral pelo uso da imagem de torcedor de futebol para campanha publicitária de automóvel, enquanto ele se encontrava no estádio assistindo à partida do seu time.

3. Em regra, a autorização para uso da imagem deve ser expressa; no entanto, a depender das circunstâncias, especialmente quando se trata de imagem de multidão, de pessoa famosa ou ocupante de cargo público, há julgados do STJ em que se admite o consentimento presumível, o qual deve ser analisado com extrema cautela e interpretado de forma restrita e excepcional.

4. De um lado, o uso da imagem da torcida - em que aparecem vários dos seus integrantes - associada à partida de futebol, é ato plenamente esperado pelos torcedores, porque costumeiro nesse tipo de evento; de outro lado, quem comparece a um jogo esportivo não tem a expectativa de que sua imagem seja explorada comercialmente, associada à propaganda de um produto ou serviço, porque, nesse caso, o uso não decorre diretamente da existência do espetáculo.

5. Se a imagem é, segundo a doutrina, a emanação de uma pessoa, através da qual ela se projeta, se identifica e se individualiza no meio social, não há falar em ofensa a esse bem personalíssimo se não configurada a projeção, identificação e individualização da pessoa nela representada.

6. Hipótese em que, embora não seja possível presumir que o recorrente, enquanto torcedor presente no estádio para assistir à partida de futebol, tenha, tacitamente, autorizado a recorrida a usar sua imagem em campanha publicitária de automóvel, não há falar em dano moral porque o cenário delineado nos autos revela que as filmagens não destacam a sua imagem, senão inserida no contexto de uma torcida, juntamente com vários outros torcedores.

7. Recurso especial conhecido e desprovido. (REsp 1772593/RS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 16/06/2020, DJe 19/06/2020)

3 - MORTE (art. 6º e 7º, CC)

3.1 - Conceito: morte é o fim da PERSONALIDADE do indivíduo.

Observe que personalidade tem um duplo sentido:

-personalidade jurídica e civil: enquanto aptidão para indivíduo adquirir seus direitos patrimoniais; (TRANSMISSÍVEIS) -personalidade: enquanto aptidão para o indivíduo adquirir seus direitos da personalidade. (INTRANSMISSÍVEIS) É certo que a morte põe fim a ambas e desencadeia uma série de efeitos jurídicos.

(10)

3.2 - Espécies De Morte:

1 – MORTE REAL (atestada pelo médico com a presença de um cadáver) ART.6º, 1ª PARTE

2 – MORTE PRESUMIDA (desaparecimento do domicílio, sem deixar notícias, sendo incerta sua morte) ART.7º E ART.22 E SEGS.,CC

Subdivide-se em:

1 - Morte Presumida SEM Declaração De Ausência (art. 7º)

2 - Morte Presumida COM Declaração De Ausência (art. 6º, c/c art. 22 e segs., CC)

1 - Morte Presumida SEM Declaração De Ausência (art. 7º);

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida; (CATÁSTROFES, ACIDENTES AÉREOS etc.) II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da GUERRA.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

2 - Morte Presumida COM Declaração De Ausência (art. 6º, c/c art. 22 e segs., CC) 1ª FASE: curadoria dos bens do ausente (art. 22)

Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador.

Efeitos:

- declaração de ausência do indivíduo;

- nomeação de curador para administrar os bens do ausente;

- arrecadação dos bens do ausente.

QUEM será curador? (cai em prova)

Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.

§ 1º Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.

§ 2º Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.

§ 3º Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

(11)

2ª FASE: sucessão provisória (art.26)

Art. 26. Decorrido UM ANO da arrecadação dos bens do ausente, ou, se ele deixou representante ou procurador, em se passando três anos, poderão os interessados requerer que se declare a ausência e se abra provisoriamente a sucessão.

Art. 27. Para o efeito previsto no artigo anterior, somente se consideram interessados:

I - o cônjuge não separado judicialmente;

II - os herdeiros presumidos, legítimos ou testamentários;

III - os que tiverem sobre os bens do ausente direito dependente de sua morte;

IV - os credores de obrigações vencidas e não pagas.

Efeitos:

1) Art. 28. A sentença que determinar a abertura da sucessão provisória só produzirá efeito cento e oitenta dias depois de publicada pela imprensa; mas, logo que passe em julgado, proceder-se-á à abertura do testamento, se houver, e ao inventário e partilha dos bens, como se o ausente fosse falecido.

§ 1º Findo o prazo a que se refere o art. 26, e não havendo interessados na sucessão provisória, cumpre ao Ministério Público requerê-la ao juízo competente.

§ 2º Não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823.

2) Art. 30. Os herdeiros, para se imitirem na posse dos bens do ausente, darão GARANTIAS da restituição deles, mediante penhores ou hipotecas equivalentes aos quinhões respectivos.

§ 1º Aquele que tiver direito à posse provisória, mas não puder prestar a garantia exigida neste artigo, será excluído, mantendo-se os bens que lhe deviam caber sob a administração do curador, ou de outro herdeiro designado pelo juiz, e que preste essa garantia.

§ 2º Os ascendentes, os descendentes e o cônjuge, uma vez provada a sua qualidade de herdeiros, poderão, independentemente de garantia, entrar na posse dos bens do ausente. (HERDEIROS NECESSÁRIOS) (cai em prova) 3) Art. 31. Os imóveis do ausente só se poderão alienar, não sendo por desapropriação, ou hipotecar, quando o ordene o juiz, para lhes evitar a ruína.

4) Art. 32. Empossados nos bens, os sucessores provisórios ficarão REPRESENTANDO ativa e passivamente o ausente, de modo que contra eles correrão as ações pendentes e as que de futuro àquele forem movidas.

5) Art. 33. O descendente, ascendente ou cônjuge que for sucessor provisório do ausente, fará seus todos os frutos e rendimentos dos bens que a este couberem; os OUTROS sucessores, porém, deverão capitalizar METADE desses frutos e rendimentos, segundo o disposto no art. 29, de acordo com o representante do Ministério Público, e prestar anualmente contas ao juiz competente.

Parágrafo único. Se o ausente aparecer, e ficar provado que a ausência foi voluntária e injustificada, perderá ele, em favor do sucessor, sua parte nos frutos e rendimentos.

(12)

3ª FASE: sucessão definitiva (art.37 e segs., CC)

Art. 37. DEZ ANOS depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da sucessão provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva e o levantamento das cauções prestadas.

Efeitos:

- PRINCIPAL: decretação da morte presumida - art. 6º, CC.

- Herdeiros que até então tinham a posse provisória passam a ter a propriedade.

- Cauções que eventualmente tiverem sido prestadas poderão ser levantadas.

OBSERVAÇÕES:

Obs.1: Se o ausente desaparece do seu domicílio, mas deixa representante para a administração dos seus bens, depois de transcorridos três anos ele não retornar poderá ser desde logo requerida a abertura da sucessão provisória, momento que se declarará a ausência – art. 26. (PULA A 1ª FASE)

Obs.2: Se o ausente já conta com 80 anos de idade e há cinco anos já não se tem mais notícia dele, poderá ser requerida desde logo a sucessão definitiva.art.38. (PULA A 1ª E 2ª FASE)

Obs.3: RETORNO DO AUSENTE

-Se o ausente retorna durante a sucessão provisória: tem direito aos bens no estado em que deixou (art.36);

-Se o ausente retorna até 10 anos da abertura da sucessão definitiva: bens no estado em que se encontram e aos sub- rogados no seu lugar (art. 39);

-Se o ausente retorna depois 10 anos de aberta a sucessão definitiva: não tem direito a nenhum patrimônio.

Agora, leia os dispositivos:

Art. 38. Pode-se requerer a sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.

Art. 39. Regressando o ausente nos dez anos seguintes à abertura da sucessão definitiva, ou algum de seus descendentes ou ascendentes, aquele ou estes haverá só os bens existentes no estado em que se acharem, os sub-rogados em seu lugar, ou o preço que os herdeiros e demais interessados houverem recebido pelos bens alienados depois daquele tempo.

Parágrafo único. Se, nos dez anos a que se refere este artigo, o ausente não regressar, e nenhum interessado promover a sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporando-se ao domínio da União, quando situados em território federal.

4 – DOMICÍLIO (art. 70 e segs., CC)

Conceito: lugar onde o indivíduo reside com ânimo definitivo. (Cespe) Para se configurar domicílio, 02 REQUISITOS devem estar presentes:

-Objetivo: fixação em um determinado local (residência);

-Subjetivo: ânimo definitivo.

(13)

Alteração do domicílio:

Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a residência, com a intenção manifesta de o mudar.

Parágrafo único. A prova da intenção resultará do que declarar a pessoa às municipalidades dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se tal declaração não fizer, da própria mudança, com as circunstâncias que a acompanharem.

Espécies de domicílio:

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. (DOMICÍLIO NATURAL OU DE ELEIÇÃO)

Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. (DOMICÍLIO PLURAL) (frequente na prova do Cespe e Vunesp)

Art. 72. É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida.

(DOMICÍLIO PROFISSIONAL)

Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem.

Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.

(DOMICÍLIO APARENTE)

Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o preso.

Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. (DOMICÍLIO NECESSÁRIO)

Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. (DOMICÍLIO CONTRATUAL ou FORO DE ELEIÇÃO)

DEPOL/GO – 2017 – CESPE

No que concerne à pessoa natural, à pessoa jurídica e ao domicílio, assinale a opção correta.

a) Sendo o domicílio o local em que a pessoa permanece com ânimo definitivo ou o decorrente de imposição normativa, como ocorre com os militares, o domicílio contratual é incompatível com a ordem jurídica brasileira.

b) Conforme a teoria natalista, o nascituro é pessoa humana titular de direitos, de modo que mesmo o natimorto possui proteção no que concerne aos direitos da personalidade.

c) De acordo com o Código Civil, deve ser considerado absolutamente incapaz aquele que, por enfermidade ou deficiência mental, não possuir discernimento para a prática de seus atos.

d) A ocorrência de grave e injusta ofensa à dignidade da pessoa humana configura o dano moral, sendo desnecessária a comprovação de dor e sofrimento para o recebimento de indenização por esse tipo de dano. (jurisprudência STJ)

(14)

de desastre marítimo, o reconhecimento do óbito depende de prévia declaração de ausência.

Referências

Documentos relacionados

Em resumo, para o STJ, hoje, as pessoas jurídicas de direito público fazem jus à indenização por dano moral, desde que o caso concreto demonstre ofensa à sua HONRA OBJETIVA,

Conceito: Pessoa natural é o ser humano, independentemente de qualquer adjetivação*. A professora ressalta que pessoa natural não se confunde com pessoa física, pois o

[r]

No grupo 2, quadros 2(A e B), sete coelhos (70%) tratados com soro autólogo apresentaram olhos com cicatrização mais eficiente que o olho controle (solução salina balanceada) e

Os espaços livres de uso público, as área verdes, as áreas destinadas ao sistema de circulação e à implantação de equipamentos urbanos e comunitários, não poderão

O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar inclusão de metionina protegida e biossurfactante na alimentação de bovinos machos da raça Nelore e Mestiços ao

Por motivos alheios ao ADMINISTRADOR ou ao GESTOR, tais como moratória, inadimplência de pagamentos, fechamento parcial ou total dos mercados, inexistência de liquidez