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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Mônica Queiroz Direito Civil Parte Geral Aula 01 ROTEIRO DE AULA. Tema: Parte Geral

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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Mônica Queiroz

Direito Civil – Parte Geral Aula 01

ROTEIRO DE AULA

Tema: Parte Geral

• Direito Objetivo

Conceito: é o complexo de normas regulador das relações com fixação em abstrato.

Exemplo: artigo 186 do CC, informa que todo aquele que de forma culposa ou dolosa causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, terá praticado um ato ilícito. A professora ressalta que esta norma traz um conteúdo fixado abstratamente. Note-se que, se um veículo bate em meu carro causando danos ao meu patrimônio, a norma de direito objetivo, se convalida em direito subjetivo.

• Direito Subjetivo

Conceito: é a projeção ou a manifestação individual da norma.

Elementos do Direito Subjetivo:

✓ Sujeito: Livro I (arts. 1º e ss., CC)

✓ Objeto: Livro II (arts. 79 e ss., CC)

✓ Relação Jurídica: Livro III (arts. 104 e ss., CC)

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SUJEITO

• Conceito: Sujeito é o titular do direito subjetivo.

• São eles: pessoa natural pessoa jurídica

entes despersonalizados

Pessoa Natural

Conceito: Pessoa natural é o ser humano, independentemente de qualquer adjetivação*.

* sexo, idade, religião, raça...

A professora ressalta que pessoa natural não se confunde com pessoa física, pois o direito civil atual caminha no sentido da despatrimonialização, tanto é que o Código Civil de 2002, em momento algum denomina o ser humano como pessoa física, tão somente como pessoa natural.

E ainda afirma: toda pessoa natural possui Personalidade Jurídica.

- Personalidade Jurídica (Civil)

Conceito: Personalidade é a aptidão genérica reconhecida a toda e qualquer pessoa para que possa titularizar relações jurídicas e reclamar a proteção dedicada aos direitos da personalidade.

titularizar relações jurídicas;

reclamar a proteção destinada aos direitos da personalidade.

Direitos da Personalidade:

Conceito: São os direitos aos nossos atributos fundamentais.

Exemplo: Honra, imagem, privacidade, intimidade.

INÍCIO DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL TEORIAS:

1) Teoria Natalista: Nascimento + Vida (art. 2º, 1ª met., CC)

Conceito: A personalidade da pessoa natural se inicia do nascimento com vida.

O Nascimento ocorre com a separação do bebê do ventre materno. A vida ocorre com a primeira respiração fora do ventre materno.

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A professora ressalta que os autores clássicos são adeptos da teoria natalista (ex: Silvio Rodrigues, Caio Mário da Silva Pereira). É a teoria adotada pelo Código Civil Brasileiro (art. 2º, 1ª metade).

Obs.1: Registro da pessoa natural

A lei não exige registro pessoa natural, pois é meramente declaratório.

Obs.2: Neomorto x Natimorto

Neomorto não se confunde com Natimorto. O neomorto nasce, respira e falece, já o natimorto é aquele que nasceu morto (não chegou a respirar fora do ventre materno).

Para os natalistas, o neomorto, ainda que por um minuto chegou a adquirir personalidade, enquanto o natimorto não chegou a adquiri-la.

Obs.3: Nascituro (art. 2º, 2ª met., CC)

Nascituro é o ser que foi concebido, mas que ainda não nasceu. Sinônimo: Concepturo.

Não confundir com “prole eventual”, pois esta ainda não foi concebida.

Art. 2º, CC: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. ”

2) Teoria da Personalidade Condicional

Conceito: A personalidade se inicia na concepção, porém está condicionada ao nascimento com vida.

São adeptos desta teoria: Washington de Barros, Serpa Lopes.

Para Maria Helena Diniz:

Para a doutrinadora Maria Helena Diniz, a personalidade se inicia da concepção, todavia é atribuída uma personalidade formal que se atrela à noção de direitos da personalidade. Quando do nascimento, seria sujeito de personalidade material, ou seja, sujeito de direitos patrimoniais.

3) Teoria Concepcionista: Concepção.

Conceito: A personalidade se inicia na concepção, sem nenhuma subordinação a evento futuro.

Para os concepcionistas, ainda que não ocorra o nascimento com vida, o ente já adquiriu personalidade.

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Doutrinadores mais modernos são adeptos a esta teoria: Francisco Amaral, Nelson Rosenvald, Cristiano Chaves (criticam a redação do artigo 2º do CC).

Argumentos que fundamentam a teoria concepcionista:

• É possível o reconhecimento de paternidade do nascituro (art. 1.609, p.ú, CC);

Os concepcionistas entendem que se o próprio código dá direitos ao nascituro, é porque este é dotado de personalidade.

• O nascituro tem legitimidade para herdar (art. 1.798, CC)

• É possível a nomeação de curador ao nascituro (art. 1.779, CC)

Ex.: Uma moça está grávida e por algum motivo foi interditada, neste caso, nomeia-se curador ao nascituro.

• O nascituro pode ser donatário (art. 542, CC)

Ex.: Em um contrato de doação o nascituro poderá ser donatário.

• Lei nº 8.069/90 (ECA), art. 8º: defere ao nascituro a garantia de nascer saudável;

• CP: criminaliza o aborto, sendo considerado crime contra a pessoa;

Considera o nascituro uma pessoa, por isso, dotada de personalidade.

• Lei nº 11.804/08, Lei de alimentos gravídicos.

Alimentos destinados ao nascituro.

• STJ: reconhece a proteção aos direitos da personalidade do nascituro (REsp 931.556 – RS), implicando reparação por dano moral ao nascituro.

• O STJ possui decisões que se inclinam fortemente à terceira teoria (Concepcionista):

“Com efeito, ao que parece, o ordenamento jurídico como um todo – e não apenas o Código Civil de 2002 – alinhou-se mais à teoria concepcionista para a construção da situação jurídica do nascituro, conclusão enfaticamente sufragada pela majoritária doutrina contemporânea [...] Por outro ângulo, cumpre frisar que as teorias mais restritivas dos direitos do nascituro – natalista e da personalidade condicional – fincam raízes na ordem jurídica superada pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Civil de 2002.” (Trecho do voto do Rel. Min. Luis Felipe Salomão, no REsp nº 1.415.727 – SC, j. 04/09/2014)

Enunciado nº 01, CJF: “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o

natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como: nome, imagem e sepultura. ”

Obs.: Enunciados têm natureza doutrinária.

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FIM DA PERSONALIDADE DA PESSOA NATURAL MORTE

Art. 6º, CC: “A existência da pessoa natural termina com a morte; presume-se esta, quanto aos ausentes, nos casos em que a lei autoriza a abertura de sucessão definitiva. ”

ESPÉCIES DE MORTE:

A) Morte Real

Conceito: É aquela em que há um corpo cujas funções vitais cessaram.

Obs: De acordo com a Lei 9.434/97, para fins de doação de órgãos basta que se cesse uma função vital: a encefálica.

B) Morte Civil/Fictícia

Conceito: Tratar uma pessoa que está viva como se morta estivesse.

A professora ressalta que há resquícios da morte fictícia em nosso ordenamento jurídico em dois momentos do direito sucessório: 1) na exclusão do herdeiro por indignidade e 2) Deserdação.

Nestes caso a pessoa é afastada do direito sucessório.

C) Morte Presumida

Conceito: Não há um corpo; não há prova da materialidade (é o inverso da morte real).

Lei Especial: Lei nº 9.140/95

Para esta Lei, presume-se a morte da pessoa que tenha participado de atividade política durante o período da Ditadura Militar.

Código Civil: - art. 7º, CC

- ausência (arts. 22/39)

Art. 7º Pode ser declarada a morte presumida, sem decretação de ausência:

I - se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida;

Ex: casos trágicos (acidente de avião, náufrago, rompimento da barragem de Brumadinho).

II - se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois anos após o término da guerra.

Parágrafo único. A declaração da morte presumida, nesses casos, somente poderá ser requerida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença fixar a data provável do falecimento.

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A professora ressalta que para que seja declarada a morte presumida, deve ser preenchido o requisito do parágrafo único, ou seja, devem ser esgotadas todas as buscas e averiguações.

Ausência (arts. 22/39, CC)

Hipóteses que autorizam a abertura do procedimento da Ausência:

1ª) Art. 22, CC: “Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz, a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e nomear-lhe-á curador. ”

Ocorre quando a pessoa desaparece de seu domicílio.

Ex: Pessoa que foi comprar cigarro e nunca mais retornou.

2ª) Art. 23, CC: “Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus poderes forem insuficientes. ”

A pessoa desparece de seu domicílio, mas deixa um mandatário antes de o fazer.

Procedimento de Ausência 1ª Fase

✓ Declaração de ausência (Art. 22 e 23 do CC)

A professora observa que pessoa interessada ou o próprio Ministério Publico poderá pedir a declaração de ausência (a qual não possui prazo). Após declarada a ausência, o juiz verificará se a pessoa ausente deixou bens.

✓ Arrecadação dos bens

Se deixados bens, o juiz nomeará curador.

✓ Nomeação de curador (art. 25, CC)

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✓ O curador se presta a administrar os bens do ausente. O art. 25 denomina quem será o curador.

Quem pode ser nomeado como curador?

✓ Cônjuge

Obs: O cônjuge que tenha se separado de fato do ausente por mais de 2 anos e, neste período não tenha realizado a separação de modo formal, não pode ser nomeado como curador.

✓ Pais/Descendentes (nessa ordem)

✓ Terceiro (art. 25, CC)

Art. 25. O cônjuge do ausente, sempre que não esteja separado judicialmente, ou de fato por mais de dois anos antes da declaração da ausência, será o seu legítimo curador.

§ 1 o Em falta do cônjuge, a curadoria dos bens do ausente incumbe aos pais ou aos descendentes, nesta ordem, não havendo impedimento que os iniba de exercer o cargo.

(Obs.: A lei é clara ao mencionar os pais, não os “ascendentes” e os descendentes e não os

“filhos”).

§ 2 o Entre os descendentes, os mais próximos precedem os mais remotos.

§ 3 o Na falta das pessoas mencionadas, compete ao juiz a escolha do curador.

Enunciado nº 97, CJF: “No que tange à tutela especial da família, as regras do Código Civil que se referem apenas ao cônjuge devem ser estendidas à situação jurídica que envolve o companheiro, como, por exemplo, na hipótese de nomeação de curador dos bens do ausente (art. 25 do Código Civil). ”

Como o código não menciona o companheiro (união estável), o Enunciado acima garante este poderá ser nomeado como curador.

2ª Fase

Sucessão Provisória (art. 26, CC)

✓ Prazo: 01 ou 03 anos a contar da arrecadação dos bens

Aguardar 1 ou 3 anos a depender da hipótese que abriu a declaração de ausência. 1 ano para a hipótese do art.22 do CC e 3 anos para a hipótese do art.23 do CC.

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✓ Efeitos: partilha dos bens e imissão na posse

A professora ressalta que a parte interessada deve comunicar ao juízo para que se dê prosseguimento à segunda fase e se concretize a partilha dos bens (art. 27, CC). Deste modo, os herdeiros se imitirão na posse.

Obs: Para alguns autores (ex: Professor Flávio Tartuce), o art. 26 do CC foi revogado tacitamente pelo art. 745, parágrafo 1º do CPC.

Art. 745. Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 1 (um) ano, ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, durante 1 (um) ano, reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) meses, anunciando a arrecadação e chamando o ausente a entrar na posse de seus bens.

§1º Findo o prazo previsto no edital, poderão os interessados requerer a abertura da sucessão provisória, observando-se o disposto em lei.

Prazo: 10 anos após a sucessão provisória.

Efeitos: propriedade aos herdeiros e declaração de morte presumida.

O art. 38 do CC trata-se de ação autônoma e estabelece que preenchidos os requisitos de o ausente possuir 80 anos de idade e estar há 5 anos desaparecido, o Juiz realizará a sucessão definitiva.

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Resumo:

Reaparecimento do ausente:

➢ Se reaparecer até a sucessão definitiva: o ausente receberá os bens de volta;

Neste caso, os herdeiros se imitem na posse, contudo, não estão autorizados a vender os bens.

➢ Se reaparecer dentro de 10 anos após a sucessão definitiva: receberá os bens no estado em que se encontrem, inclusive, os sub-rogados em seu lugar (art. 39, CC).

Ex: herdeiro A vendeu o apartamento herdado no valor de quinhentos mil reais e comprou outro apartamento de mesmo valor, este novo apartamento (bem sub- rogado) deverá ser entregue ao ausente que retornou.

➢ Se reaparecer depois dos 10 anos do art. 39 do CC: não terá direito a nada.

Posicionamento doutrinário, pois a lei é silente.

Comoriência (art. 8º, CC)

Conceito: é a presunção iuris tantum de simultaneidade de mortes entre duas ou mais pessoas desde que herdeiras ou beneficiárias entre si.

✓ Presunção relativa (iuris tantum);

Presunção que admite prova em contrário.

✓ Mortes simultâneas;

Presume-se que as pessoas faleceram no mesmo momento.

✓ Herdeiras ou beneficiárias entre si.

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✓ Ex: pais e filhos, marido e mulher.

Exemplo 1: Marido e mulher falecem simultaneamente em decorrência de um acidente. Ambos não deixaram ascendentes e descendentes, somente irmãos. Foram tentadas todas as formas em direito admitidas para que se descobrisse quem faleceu primeiro e não foi possível fazer tal constatação. Não há sucessão entre os falecidos. Os irmãos dos falecidos herdarão os bens deixados.

Exemplo 2: Mulher (sem ascendentes e descendentes, somente irmãos) falece 5 minutos antes do Marido (sem ascendentes e descendentes, somente irmãos). Haverá sucessão da Mulher ao Marido. Após, haverá sucessão do Marido aos seus irmãos. Os irmãos da Mulher nada herdarão.

Uma situação interessante:

Ex: Pai que mora em SP e é atropelado na Av. Paulista às 8h. O filho que mora no RJ morre ao pular de asa delta também às 8h. Há comoriência? Sim, pois não é necessário que seja no mesmo acidente, tão pouco na mesma cidade, tão somente o mesmo momento, conforme o art. 8º do CC.

Comoriência

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Art. 8º, CC: “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos. ” (Grifamos)

Referências

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