DE APOIO AO ACOLHIMENTO
ORIENTAÇÕES,ROTINAS E FLUXOS SOB O / VULNERABILIDADE
1º CADERNO
Prefeitura do Município de São Paulo
Marta Suplicy
Prefeita do Município de São Paulo Gonzalo Vecina Neto Secretário Municipal da Saúde
Fábio Mesquita
Coordenador de Desenvolvimento da Gestão Descentralizada Márcia Marinho Tubone
Gerente do Projeto Prioritário Acolhimento Organização
Angela Aparecida Capozzolo Eunice E. Kishinami Oliveira Pedro
Gilka Eva Rodrigues dos Santos Márcia Marinho Tubone
Nelson Figueira Júnior
Para a melhoria da qualidade da assistência à saúde no município devemos criar novos instrumentos e tecnologias que apóiem o processo de organização dos serviços volta- dos para necessidade da população e não exclusivamente para a oferta.
Pensar a necessidade é lembrar os princípios do SUS, é pensar a Integralidade de modo a conhecer a realidade, identificando prioridades e tendo como base o perfil epi- demiológico do território e a otimização dos recursos exis- tentes nos e entre os serviços. É a busca da Universalidade se traduzindo na organização dos serviços de modo que se garanta o acesso não só para aqueles que procuram, mas também para aqueles que mais precisam.
Para isso é preciso utilizar como ferramentas de trabalho a Equidade e o Acolhimento. O Acolhimento não como um ato individual mas coletivo, uma estratégia que visa a ampliação do acesso com abordagem de risco e vulnera- bilidade, um diálogo construído dentro do serviço com os profissionais de saúde e com a comunidade fortalecendo o Conselho Gestor,
Este “1º Caderno de apoio ao Acolhimento : Orientações, Rotinas e Fluxos sob a ótica de risco e vulnerabilidade”
foi elaborado para apoiar os profissionais de saúde no atendimento a demanda espontânea nos serviços. É apenas o primeiro e esperamos que a partir dele, num processo intenso de discussão, possamos aprimorar o seu conteúdo contribuindo cada vez mais para a atuação cotidiana dos profissionais de saúde.
Gonzalo Vecina Neto Secretário Municipal da Saúde de São Paulo
CADERNO DE APOIO AO ACOLHIMENTO AÇÕES, ROTINAS E FLUXOS SOB A VULNERABILIDADE
Coordenação:
Márcia Marinho Tubone Equipe:
Angela Aparecida Capozzolo Gilka Eva Rodríguez dos Santos Nelson Figueira Júnior
Apresentação
No processo de implementação do Sistema Único de Saúde deparamo-nos com os desafios de construção de um modelo de atenção que consiga responder às necessidades de saúde da população, garantindo o acesso universal aos serviços e a oferta de uma atenção integral de boa qualidade e resoluti- vidade.
Nesse sentido, torna-se de fundamental importância a reformulação das práticas de saúde e dos processos de trabalho que historicamente constituíram-se em um modelo hegemônico dissonantes aos princípios de Universalidade, Integralidade e Equidade do SUS. Na Atenção Básica, constata-se processos de trabalho centrados na oferta de consultas médicas, com a subutilização da capacidade de assistência dos demais profissionais que resultam em dificuldades de parte significativa da população em ser atendida nas suas intercorrências e problemas de saúde. As regras para a oferta de atenção, encontram-se, em geral, distanciadas da necessidade do usuário, que tem o acesso ao atendimento determinado pela ordem de chegada, sem uma priorização por risco/
vulnerabilidade.
O Acolhimento surge como uma estratégia para promover mudanças na organização do processo de trabalho visando ampliar o acesso à assistência integral.
Propõe uma recepção técnica com escuta qualificada por profissionais da equipe de saúde, para atender a demanda espontânea que chega aos serviços, com o objetivo de identificar risco/vulnerabilidade no adoecer e, dessa forma, orientar, priorizar e decidir sobre os encaminhamentos necessários para a reso- lução do problema do usuário. Visa potencializar o conhecimento técnico e agregar resolutividade na intervenção dos diversos profissionais de saúde, promovendo o vínculo e a responsabilização clínica e sanitária com os usuários.
A elaboração deste caderno foi um grande de- safio. A articulação dos diferentes saberes das áreas temáticas de SMS, através do Acolhimento, projeto prioritário da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, proporcionou mais um instrumento para contribuir na melhoria da qualidade da atenção à saúde. Fundamenta-se na necessidade de fornecer subsídios e apoiar as decisões e ações dos profissionais que realizam o Acolhimento na rede de serviços.
Contém sugestões de fluxogramas assistenciais, ro- tinas e orientações para as queixas e problemas mais freqüentes que surgem no atendimento à demanda espontânea nas unidades de saúde, de acordo com os ciclos de vida e temas transversais.
O caderno busca destacar as dimensões biológicas, subjetivas e sociais no processo saúde-doença, que devem ser consideradas na identificação de risco e vulnerabilidade para a priorização da atenção bem como ações e orientações de prevenção e diagnóstico precoce que devem ser oportunizadas pelos pro- fissionais de saúde no momento do Acolhimento.
Trata-se de um material que deve ser utilizado com criatividade, em conjunto com os diversos materiais já publicados pelo Ministério da Saúde, Secretaria Estadual e Municipal de Saúde, que orientam e normatizam a atenção aos diferentes ciclos de vida e a vigilância à saúde.
O Acolhimento é fazer e para fazer tem que saber. Os profissionais de saúde são os principais protagonistas das ações do acolhimento porque são eles quem recebem o usuário, tem domínio sobre a produção do cuidado e tomam as decisões.
Qualificar a escuta e a capacidade resolutiva destes profissionais na atenção ao usuário é um processo constante e permanente de apropriação e troca de saberes. É imprescindível a existência de espaços nos serviços de saúde para a discussão coletiva de casos, do processo de trabalho e na adequação das normas, protocolos e orientações à realidade local, para o desenvolvimento de seus próprios fluxogramas e normas de atendimento.
Pretende-se que o material apresentado na edição deste primeiro caderno sirva de referencial para que as equipes de saúde, de acordo com os recursos e a realidade local, possam romper com um modelo baseado na oferta e formulem propostas que transfor- mem o cotidiano na construção de um modelo que tenha como eixo o usuário e suas necessidades.
Equipe do Projeto Prioritário Acolhimento Secretaria Municipal de Saúde
São Paulo – 2004
Usuário procura a Unidade
Expediente / balcão verifi ca demanda do usuário
O usuário tem consulta ou
grupo agendado Não tem consulta agendada e
quer /necessita atendimento Procura atendimento específi co: sala de vacina, curativo, inalação, farmácia,
coleta de exames Separa o prontuário e
encaminha usuário para o atendimento
Acolhimento
Recepção técnica com escuta
qualifi cada Encaminha usuário para
o setor desejado
Profi ssional de Saúde em atendimento individual:
Escuta a demanda do usuário;
Analisa sua necessidade de atenção;
Identifi ca risco/ vulnerabilidade (biológico, subjetivo e social);
Prioriza as ações/atividades
• Orienta e resolve situações previstas no Caderno de Apoio ao Acolhimento e demais protocolos;
• Oportuniza ações de prevenção e diagnóstico precoce;
• Informa sobre atividades desenvolvidas na unidade;
• Constrói vinculo;
• Agiliza encaminhamentos
Retaguarda imediata para casos agudos
• Consultas: médica, enfermagem, odontológica, social, psicológica e outras.
• Procedimentos: aferição de pressão, curativos, inalação, imunização, medicação, sutura.
Área de abrangência
Consultas de rotina:
médico; enfermagem;
dentista e outros.
Grupos educativos
Matrícula Agendamento
Orientação
Encaminhamento seguro com
Sim Não
FLUXOGRAMA DE ACOLHIMENTO
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DA CRIANÇA
Elaboração:
Ana Cecília Silveira Lins Sucupira Ana Maria Bara Bresolin
Eunice E. Kishinami Oliveira Pedro Patrícia Pereira de Salve
Sandra Maria Callioli Zuccolotto Colaboração:
Henriqueta Aparecida Norcia Nilza Maria Piassi Bertelli Márcia Freitas
Maria Elisabete J.Raposo Righi Tânia Jogbi
Naira Regina dos Reis Fazenda Maria Laura Deorsola
SITUAÇÕES DE RISCO
O ciclo da criança compreende um período da vida do ser humano onde incidem diferentes riscos de adoecer e morrer, conforme o momento do processo de crescimento e desenvolvimento e a inserção social da criança.
De um modo geral, a vulnerabilidade da criança aos agravos de saúde é maior nos dois primeiros anos de vida, especialmente no primeiro ano, em função da imaturidade de alguns sistemas e órgãos (sistema imunológico, neurológico, motor e outros), que vão passar por intenso processo de crescimento.
Além disso, quanto menor a idade da criança, maior a dependência do adulto para os cuidados básicos com a saúde, a alimentação, a higiene, a estimulação e a proteção contra acidentes, entre outros.
Planejar o atendimento sob o enfoque de risco sig- nifica um olhar diferenciado para a criança que está exposta a determinadas condições, sejam biológicas, ambientais ou sociais – as chamadas situações de risco – que a predispõem a uma maior probabilidade de apresentar problemas de saúde ou mesmo de morrer.
Isso significa a necessidade de reconhecer as situações de risco e de priorizar o atendimento a essas crianças, nos serviços de saúde.
Priorização da atenção à criança de risco
A equidade pressupõe atendimento diferenciado de acordo com as necessidades de cada criança. Dessa forma, devem ser priorizados grupos de crianças que apresentem condições ou que estejam em situações consideradas de maior risco.
grau de vulnerabilidade. Assim, propõe-se até os 2 anos de idade a denominação de criança de baixo risco, em vez do termo “criança normal” e crian- ça de alto risco, para aquela que apresenta maior vulnerabilidade diante das situações e dos fatores de risco, como, por exemplo, as que nascem com menos de 2.500 g.
RISCOS AO NASCIMENTO 1. Critérios obrigatórios (presença de qualquer um dos seguintes critérios):
• Peso ao nascer menor que 2.500g
• Morte de irmão menor de 5 anos
• Internação após a alta materna
Obs: Os recém-nascidos que apresentam defi ci- ências estabelecidas desde o nascimento, doenças genéticas, neurológicas, malformações múltiplas também são consideradas crianças com proble- mas e que necessitam de cuidados diferenciados.
2. Critérios associados (presença de dois ou mais dos seguintes crité- rios):
• Mãe adolescente abaixo de 16 anos
• Mãe analfabeta
• Mãe sem suporte familiar
• Mãe proveniente de área social de risco*
• Chefe da família sem fonte de renda
• História de migração da família há menos de 2 anos
• Mãe com história de problemas psiquiátri-
bilite o cuidado da criança
• Mãe dependente de álcool e/ou drogas
• Criança manifestamente indesejada
* Área social de risco- definição de micro-área homogênea, segundo critério de risco, no processo de territorialização na subprefeirura.
Na medida em que a criança cresce diminui a vulnerabilidade biológica e, na idade escolar, dos 3 aos 10 anos, espera-se uma “calmaria biológica”.
Entretanto, em determinadas condições de vida, essa tendência evolutiva de redução na incidência de agravos se modifica. Isso implica na necessidade de uma mudança de olhar na UBS para as situações de risco adquirido, que podem estar presentes em qualquer idade.
RISCOS ADQUIRIDOS
Presença de um dos seguintes critérios, em qualquer idade:
• Desnutrição – abaixo do percentil 3 do NCHS* para peso e altura
• Maus tratos
• Após a segunda internação
• Desemprego familiar e/ou perda absoluta de fonte de renda
• Criança manifestamente indesejada
• Criança com 3 ou mais atendimentos e observação em pronto-socorro em um período de 3 meses
* National Center of Health Statistics, curva padrão adotada pela OMS
PROMOÇÃO/ PREVENÇÃO DE SAÚDE
Em todo atendimento à criança, seja programático ou eventual, é fundamental observar e avaliar:
1- O aspecto geral da criança e seu estado nu- tricional;
2- A presença de sinais que sejam indícios de violência contra a criança, como hemato- mas, equimoses ou queimaduras e outros.
Reportar ao fl uxo de casos com suspeita de violência;
3- As relações que estabelece com o respon- sável/ cuidador (vínculo familiar) e com o profi ssional;
4- As condições da alimentação (disponibili- dade de alimentos/aceitação);
5- A situação da imunização: atualizar esque- ma de vacinação;
6- A freqüência à creche /escola . Socialização e atividades de lazer;
7- O seguimento em serviços de saúde.
COMPROMISSOS DA UBS : “O que não pode deixar de ser feito”
• Identifi cação e priorização do atendimento ao RN de alto risco;
• Incentivo ao aleitamento materno;
• Verifi cação dos resultados do teste de triagem neonatal;
• Aplicação e orientação sobre as vacinas do es- quema básico;
• Atendimento seqüencial do processo de cres- cimento, segundo cronograma proposto no Caderno Temático da Criança;
• Orientações para uma alimentação saudável;
• Acompanhamento do desenvolvimento da criança, com ênfase na observação das relações familiares e estímulo a um ambiente que propi- cie interações afetivas.
• Atendimento aos agravos à saúde.
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO PARA PUERICULTURA
(MENOR DE 2 ANOS DE IDADE)
Identifi car risco:*
ao nascimento ou adquirido
* Ver critérios de risco
Bebê de baixo
risco Bebê de alto
risco
Identifi car
queixas Identifi car queixas
Orientar vacinação Aleitamento
materno Verifi car ganho de
peso Cuidados gerais
Seguir fl uxo da queixa específi ca
Consulta de
Enfermagem1 Consulta
médica
Agendar consulta de rotina de criança
baixo risco*
Agendar consulta de rotina de criança de
alto risco*
Sim
Não Não Sim
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS AGUDOS
CRIANÇA MENOR DE 2 MESES DE IDADE
Queixa de coriza e/ou tosse e/ou obstrução nasal e/ou ronqueira e/ou
canseira no peito
Apresenta qualquer sinal
geral de perigo? Sinal geral de perigo
• Não consegue beber líquidos ou mamar no peito ?
• Vomita tudo que ingere ?
• Teve convulsões nas últimas 72 h ?
• Está sonolenta ou com difi culdade para despertar ?
Apresenta FR ou tiragem subcostal Febre ou hipotermia
(T menor ou igual a 35,5 °C
Consulta de
Enfermagem Consulta
médica Sim
Não
Sim Não
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE PROBLEMAS RESPIRATÓRIOS AGUDOS
CRIANÇA MAIOR DE 2 MESES DE IDADE
Queixa de coriza e/ou tosse e/
ou obstrução nasal e/ou dor de garganta e/ou ronqueira e/ou
canseira no peito
Apresenta qualquer sinal geral de perigo?
Sinais gerais de perigo
• Não consegue beber líquidos ou mamar no peito ?
• Vomita tudo que ingere ?
• Teve convulsões nas últimas 72 h?
• Está sonolenta ou com difi culdade para despertar ?
Apresenta FR ou tiragem subcostal ?
Consulta médica Tem febre?
Tem dor ou secreção no ouvido ? ou tosse
há mais de 15 dias ?
Atendimento de enfermagem1
Febre menos ou igual a 5 dias
Tem dor ou secreção no ouvido ?
ou tosse mais de 15 dias ?
Consulta de Enfermagem2
Febre mais de 5 dias
Consulta médica
1 Aux. Enf. ou enfermeira (o) - Orientações Gerais
2 Protocolo de Enfermagem atenção à Não Sim
Sim Não
Sim Não
Sim Não
Não Sim
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE PROBLEMAS CHIADO NO PEITO
Respiração curta e/ou falta de ar e/ou chiado no peito
Criança menor de 2 meses ou 1º episódio em qualquer idade
Sinal geral de perigo
• Não consegue beber líquidos ou mamar no peito ?
• Vomita tudo que ingere ?
• Teve convulsões nas últimas 72 horas ?
• Está sonolenta ou com difi culdade para despertar ?
Apresenta sinal de perigo ?
Consulta médica Tem febre?
FR normal e sem tiragem
Consulta de Enfermagem Consulta de
Enfermagem
Inalação com beta2 conforme receita
anterior
Não melhorou: FR ou mantém tiragem
Melhorado: FR
normal e sem Domicílio
Consulta médica FR
ou com tiragem subcostal
Sim Não
Sim Não
Sim Não
ASPECTOS IMPORTANTES NO ATENDIMENTO À CRIANÇA COM QUEIXAS RESPIRATÓRIAS AGUDAS
1. Identifi car a idade (menor ou maior de 2 meses) e seguir o fl uxo indicado.
2. Identifi car se a criança apresenta algum sinal geral de perigo e seguir o fl uxo indicado.
3. Se não houver sinal geral de perigo, perguntar:
Há quantos dias tem as queixas?
Tem febre ? Há quantos dias? Medida ou não ? Quando não tem febre, a criança brinca e aceita a alimentação ?
Tem dor de ouvido ?
Tem cansaço ou difi culdade para respirar?
Tem chiado no peito ?
4. Como avaliar o estado geral / atividade da criança:
• Está ativa, brincando – sem gravidade
• Fica quietinha, caída, apenas durante a febre – pode não ter gravidade
• Fica prostrada, gemente, sem querer brincar mesmo sem febre – sinais de gravidade
5. PRESENÇA DE FEBRE (defi nida como T maior ou igual a 37,5 º C)
• Se sim, há quantos dias: < 5 dias, criança em bom estado geral, com tendência à melhora - possivelmente sem gravidade
• Se febre há 5 dias ou mais, criança deve ser
ORIENTAÇÕES
• Tranqüilizar a mãe / família; orientar banho morno; aumentar a oferta de líquidos e utilizar vestimentas leves.
• O uso de antitérmicos pode ser recomendado quando a temperatura for maior de 37,8º C Paracetamol: 1 gota / Kg de peso / dose até 4 x /dia (intervalo mínimo de 4 horas entre as doses)
Dipirona: meia gota / Kg de peso / dose até 4 x / dia, intervalo de 6 horas
(dose máxima por dia: 60 gotas até 6 anos, 120 gotas de 6 a 12 anos e 160 gotas para maiores de 12 anos)
• Procurar a Unidade caso apareça qualquer sinal de alerta.
6. DOR DE OUVIDO Deve ser atendida pelo médico
7. VÔMITOS Se sim, quantas vezes?
• Mais de 3 vezes em 2 horas – atendimento com enfermeira ou médico
• Após a alimentação ou acesso de tosse – sem gravidade
• Vômito em jato – deve ser atendida pelo médico
8. CHIADO NO PEITO
• Se for o primeiro episódio de chiado no peito – deve ser atendida pelo médico
• Se houver episódios repetidos de chiado no peito (sibilância), deve ser avaliada em consulta
e verifi car a presença de tiragem sub-costal
• Se FR e / ou tiragem subcostal deve ser atendida pela enfermeira ou médico
9. DIFICULDADE PARA RESPIRAR – CANSAÇO NO PEITO
• Contar a freqüência respiratória em 1 minuto
Faixa etária “Respiração rápida” ou freqüência respiratória aumentada
menores de 2 meses 60 ou mais respirações por minuto de 2 a 11 meses 50 ou mais respirações por minuto de 1 a menos de 5 anos 40 ou mais respirações por minuto de 5 anos ou mais 30 ou mais respirações por minuto
10. TOSSE
• < 15 dias – Consulta de Enfermagem
• > 15 dias – Consulta médica
11. ORIENTAÇÕES GERAIS PARA QUEIXAS RESPIRATÓRIAS AGUDAS
• Decúbito elevado
• Dieta fracionada
• Aumentar a oferta de água, suco de frutas ou chás para fl uidifi car a secreção e facilitar sua remoção
• Lavagem nasal com soro fi siológico
• Nebulização / Inalação
NÃO DAR XAROPE OU ANTIBIÓTICO ORIENTAR SINAIS DE PERIGO E O RETORNO, CASO NÃO MELHORE APÓS 3 DIAS
12. SINAIS GERAIS DE PERIGO
• Piora do Estado Geral (letargia ou prostração)
• Aparecimento ou piora da febre
• Não consegue ingerir líquidos ou alimentos
• Presença de difi culdade para respirar
* Para as crianças com Sinais de Perigo, o profi ssional (médico ou enfermeiro) deverá providenciar as condições para que a criança seja atendida imediatamente no hospital .
Estabelecer contato telefônico com o profi ssional da referência e enviar a Ficha de Referência explicitando o motivo do encaminhamento.
FLUXOGRAMA DE
ATENDIMENTO DA DIARRÉIA
Verifi car se tem diarréia N°de evacuações, Duração dos episódios
Aspecto das fezes
A criança está com diarréia há mais de 14 dias?
Atendimento de enfermagem
Menor de 2 meses de idade
Maior ou igual a 2 meses
Tem sangue nas fezes ?
Consulta de Enfermagem
Consulta médica Verifi car estado
de hidratação Consulta médica
Sem
desidratação
Desidratação
Desidratação grave
Atendimento de enfermagem1
Consulta de Enfermagem
Consulta médica
Plano B Plano A
Sim Não
Sim Não
Sim Não
CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO DE HIDRATAÇÃO
SEM DESIDRATAÇÃO Criança ativa,
Aceitando líquidos Turgor de pele normal
PANO A: TRATAR A DIARRÉIA EM CASA 1.Dar líquidos adicionais à vontade:
• Amamentar com maior freqüência
• Dar soro de reidratação oral
• Dar água, chás, caldos, água de arroz,
• Quantidade de líquidos adicionais:
Até 1 ano: 50 a 100 ml após cada evacuação diarréica 1 ano ou mais: 100 a 200 ml após cada evacuação diarréica 2.Continuar a alimentar com a dieta habitual
3.Retornar se apresentar sinais de perigo.
SINAIS DE PERIGO
• Piorar o Estado Geral
• Não conseguir beber líquidos
• Ficar sem urinar por mais de 6-8 horas
• Se a diarréia persistir por mais de 5 dias
• Aparecer sangue nas fezes
DESIDRATAÇÃO DOIS OU MAIS DESSES SINAIS Criança irritada, inquieta Olhos fundos
Bebe avidamente com sede Turgor de pele semipastoso (Sinal da prega: a pele volta lentamente ao estado anterior)
PLANO B: TRO NA UNIDADE
1. Quantidade de soro oral nas primeiras 4 horas
Demonstrar para a mãe como dar o soro Oferecer o soro em pequenos goles com colher
Se vômitos, aguardar 10 min e continuar mais lentamente 2. Continuar a amamentar no peito
3. Reavaliar o estado de hidratação após 4 horas
4. Selecionar o plano adequado para continuar o tratamento DESIDRATAÇÃO GRAVE – DOIS OU MAIS DESSES SINAIS
Criança letárgica ou inconsciente Olhos fundos
Não aceita líquidos ou aceita muito mal
Turgor de pelo pastoso – Sinal da prega: a pele volta muito lentamente ao estado anterior
CONSULTA
MÉDICA IMEDIATA Peso Soro
< 6 200-400 6 - < 10 400-700 10 - < 12 700-900 12-19 900-1400
ASPECTOS IMPORTANTES NA
AVALIAÇÃO DA CRIANÇA COM DIARRÉIA 1. Criança abaixo de dois meses deve sempre ser avaliada pelo médico.
2. Quando não houver tempo sufi ciente para acompanhar a TRO na unidade, pode-se
iniciar a TRO e terminar a hidratação em casa, exceto nos seguintes casos:
Fatores de risco individual - Criança menor de 2 meses
- Crianças menores de 1 ano com baixo peso ao nascer
- Crianças com desnutrição moderada ou grave Fatores de risco situacional
- Difi culdade de acesso ao hospital - Mãe ou responsável pela criança com difi culdade de compreensão
- Criança proveniente de microárea social de risco Nesses casos, encaminhar para hidratação no hospital.
3. Orientações para retornar à unidade de saúde, se ocorrerem sinais de perigo
SINAIS DE PERIGO
• Piorar o Estado Geral
• Não conseguir beber líquidos
• Ficar sem urinar por mais de 6-8 horas
• Se a diarréia persistir por mais de 5 dias
• Aparecer sangue nas fezes
4. Indicações para encaminhamento para hospital ENCAMINHAR PARA O
HOSPITAL QUANDO:
• A criança não ganhar ou perder peso, após as primeiras 2 horas de TRO
• Houver alterações do estado de consciência (comatosa, letárgica)
• Vômitos persistentes (no mínimo 4 vezes em 1 hora)
• Íleo paralítico (distensão abdominal) 5. Não se recomenda o uso de antiemético, porque a criança fi ca sonolenta, o que difi culta a aceitação do soro oral.
6. Não se deve utilizar antidiarréicos e antibióticos para diarréia.
7. Orientações para os casos de diarréia - Incentivar o aleitamento materno
- Orientar alimentos de fácil digestão, pastosos ou líquidos
- Orientar higiene pessoal e dos alimentos - Orientar utilizar água fi ltrada
- Orientar o destino adequado dos dejetos - Orientar o uso da TRO no início dos sintomas diarréicos
Esclarecer sobre a evolução da diarréia que pode demorar até 14 dias.
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE CONJUNTIVITE
Orientações Gerais
• Limpeza freqüente das secreções com água limpa e fria.
• Fazer compressas com água limpa e fria, várias vezes ao dia
• Lavar bem as mãos antes e após qualquer manipulação dos olhos
• Não utilizar água boricada ou outros produtos nos olhos
• Usar toalha separada
Queixa de secreção ocular
Secreção clara Secreção purulenta
Consulta de Enfermagem
Consulta médica
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE FALTA DE APETITE
Orientações Gerais:
• Verifi car quem assume os cuidados e a alimentação da criança
• Tentar identifi car eventos que possam diminuir a aceitação alimentar
• Verifi car se a dieta é adequada para a idade
• Verifi car se a criança substitui a refeição de sal por leite
• Verifi car se a criança ingere guloseimas, salgadinhos, refrigerantes nos intervalos das refeições
• Verifi car se a criança freqüenta a creche. Pedir relatório da aceitação alimentar.
Apresenta falta de apetite há menos de 1 semana
Consulta de Enfermagem Bom estado geral
Orientações gerais
Consulta médica
Agendamento de consulta médica
Seguir fl uxo das queixas específi cas
Consulta médica Febre e/ou
Perda de peso e/ou Queda no estado geral Apresenta
outras queixas associadas?
Sim Não
Sim Não
Sim Não
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE DOR ABDOMINAL
Orientações para a dor abdominal:
• Observar evolução da dor: nº de episódios, desencadeantes, tendência evolutiva e dinâmica emocional / relações na família e na escola
• Tranqüilizar e apoiar a família
• Orientar massagem local
• Verifi car hábito alimentar e hábito intestinal
• Evitar uso de medicamentos
DOR ABDOMINAL
É o primeiro episódio ?
Início há menos de 7 dias e febre,
ou Vômitos,
queda no Estado geral
Atendimento de enfermagem
Agendar consulta médica
Consulta de Enfermagem
Consulta médica Interfere nas atividades
(falta à escola, deixa de brincar, fi ca pálida)
Sim Não
Sim Não
Sim Não
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE CEFALÉIA
Orientações para a cefaléia:
• Observar evolução da dor: nº de episódios, desencadeantes, tendência evolutiva e dinâmica emocional / relações na família e na escola.
• Tranqüilizar e apoiar a família
• Colocar a criança de repouso, em local tranqüilo, sem muita luminosidade.
• Utilizar analgésicos só se a dor for intensa.
CEFALÉIA
É o primeiro episódio ?
Interfere nas atividades (falta à escola, deixa de brincar, fi ca
pálida)
Início há menos de 3 dias e febre,
ou Vômitos,
Queda no Estado geral
Atendimento de
enfermagem Consulta de
Enfermagem
Consulta médica
Agendar consulta médica
Sim Não
Sim
Não Não Sim
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE DOR EM MEMBROS
Orientações gerais para dor em membros:
• Observar evolução da dor: nº de episódios, desencadeantes, tendência evolutiva e dinâmica emocional / relações na família e na escola
• Tranqüilizar e apoiar a família
• Orientar massagem local
• Evitar uso de medicamentos
DOR EM MEMBROS
É o primeiro episódio ?
Interfere nas atividades (falta à escola, deixa de brincar,
fi ca pálida)
Início há menos de 7 dias e febre,
ou difi culdade para andar, Queda no Estado geral
Atendimento de
enfermagem Consulta de
Enfermagem
Consulta médica
Agendar consulta médica
Não Sim
Não Sim Não Sim
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE QUEIXA DE FALTA DE GANHO DE PESO
Orientações Gerais:
• Verifi car quem assume os cuidados e a alimentação da criança
• Tentar identifi car eventos que possam diminuir a aceitação alimentar
• Verifi car se a dieta é adequada para a idade
• Verifi car se a criança substitui a refeição de sal por leite
• Verifi car se a criança ingere guloseimas, salgadinhos, refrigerantes em excesso FALTA DE GANHO
DE PESO
Verifi car duração da queixa
Mais de um mês Menos de um mês
Estado geral bom Sem outras queixas
Queixas associadas
Orientações gerais Orientação alimentar
Consulta de
Enfermagem Seguir fl uxo específi co
Queda no Estado geral Bom Estado
geral
Agendar consulta de
enfermagem (rotina) Consulta médica
Não Sim
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE VÔMITOS
VÔMITOS
Vomita tudo o que ingere ?
Tem tosse ou diarréia ou chiado no peito ou febre ?
Consulta médica
Consulta de Enfermagem
Seguir fl uxo das queixas específi cas
Não Sim
Não Sim
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE REGURGITAÇÕES
Eliminação de alimentos sem náuseas ou esforço abdominal (Crianças menores de 12 meses)
REGURGITAÇÕES
Verifi car ganho de peso
Bom ganho de peso Sem ganho de peso
Orientações Gerais Orientações alimentares Orientações posturais
Consulta de Enfermagem
Agendar consulta rotina
Orientações
Identifi car outras queixas
Agendar consulta de enfermagem
Consulta médica
Não Sim
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE FEBRE REFERIDA MENOR DE 3 ANOS
FEBRE
Verifi car idade
Menor de 2 meses Maior de 2 meses
Consulta médica
Apresenta qualquer sinal geral
de perigo? Ou T de 39º C ou mais
Apresenta sinal geral de perigo
• Não consegue mamar nem ingerir líquidos?
• Vomita tudo que ingere?
• Apresentou convulsões nas últimas 72 h?
• Está sonolenta e com difi culdade para despertar?
Se todas as respostas forem negativas
Se uma das respostas for positiva
Tem outra queixa ?
Consulta médica
Consulta médica Seguir rotina de fl uxo da queixa referida
Não Sim
FLUXOGRAMA DE ATENDIMENTO DE FEBRE REFERIDA MAIOR DE 3 ANOS
FEBRE
Apresenta qualquer sinal geral de perigo
Apresenta sinal geral de perigo - Não consegue mamar nem ingerir líquidos ?
- Vomita tudo que ingere ?
- Apresentou convulsões nas últimas 72 h ? - Está sonolenta e com difi culdade para despertar ?
Se todas as respostas
forem negativas Se qualquer resposta
for positiva Tem outra
queixa ?
Consulta médica
Bom estado geral e febre menos de 5 dias
Estado Geral comprometido ou febre mais de 5 dias
Seguir rotina de fl uxo da queixa referida
Consulta de
Enfermagem Consulta médica
Identifi cado foco infeccioso?
Cuidados de Enfermagem
Retorno em 24 horas Consulta médica
Não Sim
Não Sim
Orientações gerais para febre
A temperatura corporal normal situa-se na faixa de 36 a 37 ºC Febre:
- É defi nida como temperatura do corpo acima da média normal, associada ou não a tremores, calafrios, rubor de pele, aumento da freqüência respiratória e cardíaca. Adotamos, aqui, a T axilar maior ou igual a 37,5ºC.
Hipotermia:
- É defi nida como temperatura corporal abaixo de 35,5º C, pele fria, palidez, calafrios, perfusão capilar diminuída, taquicardia, leito ungueal cianótico.
Calafrios:
- Sensação de frio, contrações musculares quando a temperatura corporal cai abaixo do normal ou na fase de calafrios da febre.
Orientações
• Tranqüilizar a mãe / família
• Banho morno.
• Aumentar a oferta de líquidos.
• Utilizar vestimentas leves.
• O uso de antitérmicos pode ser recomendado quando a temperatura for maior de 37,8º C Paracetamol: 1 gota / Kg de peso / dose até 4 x /dia
(intervalo mínimo de 4 horas entre as doses)
Dipirona: meia gota / Kg de peso / dose até 4 x / dia, intervalo de 6 horas
(dose máxima por dia: 60 gotas até 6 anos, 120 gotas de 6 a 12 anos e 160 gotas para maiores de 12 anos)
• Procurar a Unidade caso apareça qualquer sinal de alerta.
GRISI, S. & ESCOBAR, AM. – Prática Pediátrica. Rio de Janeiro, Atheneu, 2001.
MINISTÉRIO DA SAÙDE- Fundamentos técnico-científi cos e orientações práticas para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento. Brasília, 2002.
MINISTÉRIO DA SAÙDE- Agenda de
Compromissos para a Saúde Integral da Criança.
Brasília, 2004.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE &
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA de saúde – Atenção Integrada às Doenças Prevalentes na Infância (AIDPI), 1999.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO. Caderno Temático da Criança, São Paulo, 2003.
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SÃO PAULO. Atenção à Saúde da Criança.
Protocolo de Enfermagem (edição revisada). São Paulo, 2003.
SUCUPIRA, ACSL et al- Pediatria em Consultório. São Paulo, Sarvier, 2000.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Ana Paula Marques Paula Silveira Regina Guise Silvana Cappellini
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DO ADOLESCENTE
A atenção à saúde do adolescente e do jovem tem sido um importante desafio para a organiza- ção dos serviços de saúde e para a sociedade. Nas últimas décadas , a necessidade do estabelecimento de políticas para a adolescência tem –se destacado , considerando o grande continente populacional que estes grupos representam e também a importância do desenvolvimento integral de suas potencialidades
O Plano de Ação da Conferência Mundial de População e Desenvolvimento , realizada no Cairo, em1994,introduziu o conceito de direitos sexuais e reprodutivos e destacou os adolescentes como indi- víduos a serem priorizados pelas Políticas Públicas de Saúde. A IV Conferência Internacional sobre a Mulher , realizada em Beijing, em 1995 reiterou esta definição e trouxe recomendações importantes em relação à Violência Sexual.
Alguns importantes marcos internacionais e na- cionais podem ser ressaltados como a Comemoração do Ano Internacional da Juventude em 1985, A Formação do Comitê de Adolescência pela Socie- dade Brasileira de Pediatria em 1978, a criação da Associação Brasileira de Adolescência (ASBRA) em 1989,o Projeto Acolher da Associação Brasileira de Enfermagem, em 1999 e 2000 e o Projeto AdoleSer com Saúde , em 2001, da Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia.
Entendo esta importância é que a Secretaria Municipal de Saúde, através da Área temática de Saúde do Adolescente e do Jovem da Coordenadoria de Desenvolvimento da Gestão Descentralizada, vem ressaltar se compromisso e atenção com esta faixa etária, traduzindo-se tal preocupação em ações continuadas e integradas.Ações estas que tem como principal porta de acesso a Unidade Básica de Saúde.
Este fluxo reflete tal postura e com responsabilidade vem alertando os profissionais sobre os principais riscos e agravos a saúde do adolescente e do jovem,
TENDIMENTO NO ACOLHIMENTO ADOLESCENTES NAS UNIDADES AIS DE SAÚDE
polêmicas. Também mostra uma continuidade inte- grada entre os diversos programas já desenvolvidos pela Secretaria Municipal de Saúde.
Este fluxo para acolhimento do adolescente e do jovem na Unidade Básica de Saúde, tem dentre seus objetivos o de implementar os princípios do SUS como o de Humanização do Atendimento, universalidade do acesso com equidade.
Vale ainda ressaltar que a demanda trazida pelo Adolescente é quase sempre reticente e, muitas ve- zes, camuflada na forma de “uma dor aqui ou ali sem maior importância” até que o adolescente sinta - se seguro para expressar o real motivo que o leva a pedir ajuda.Nesse sentido é importante Criar um ambiente preservado e que assegure o sigilo l, visto que os relatos de experiência de alguns profissionais referem – se aos “sumiços” desses pacientes após um primeiro contato . Esse sigilo deve ser mantido mesmo perante seus familiares, desde que não se incorra em riscos à vida dos adolescentes. Pais ou responsáveis só poderão ser informados sobre o con- teúdo das consultas com o expresso consentimento dos adolescentes. A ausência de pais ou responsá- veis não deve impedir o atendimento médico aos adolescentes – embora o envolvimento da família deva ser estimulado pelos profissionais de saúde -, seja nas consultas iniciais ou nas de retorno, sendo que em todas as situações em que se caracterizar a necessidade da quebra do sigilo , os adolescentes devem ser informados, tanto das condutas quanto de suas justificativas.
Este primeiro contato, então, deverá exigir do pro- fissional uma escuta sensível para reconhecer o que está por trás do verbalizado nos primeiros minutos.
Em se conquistando a confiança inicial (ela passará por algumas fases e vários encontros posteriores bem sucedidos para que se estabeleça de fato), cabe pensar quem é este sujeito que pede cuidado.
Lembrando ainda que o adolescente, embora chegue
e de prevenção de doenças. Estas ações podem se dar nas unidades de saúde ou em articulações com outros setores, principalmente a escola, local privilegiado de inserção dessa população. Estas intervenções devem combinar aspectos inovadores e estimuladores com a criação de espaços de inclusão – tais como grupos de atendimento -, favorecendo processos de identificação e sensibilização para suas demandas.
Ressalta-se ainda, a questão do início da atividade sexual nesta fase da vida. O profissional de saúde tem um papel importante como facilitador de espaços de educação sexual e prevenção das DST/AIDS, além da orientação sobre a gravidez e o aborto.
Também é papel da equipe de saúde a orientação sobre métodos contraceptivos e a disponibilização destes métodos, alertando sempre os adolescentes de ambos os sexos da necessidade da dupla proteção e do uso responsável destes recursos (por exemplo, o uso criterioso da pílula do dia seguinte).
Cabe,ainda, apontar que a Sociedade de Pediatria de São Paulo recomenda como campo de atuação do pediatra a faixa compreendida entre 0 e 20 anos incompletos - referendada pela Sociedade Brasileira de Pediatria e pela Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia.
Outro aspecto a ser ressaltado nesta introdução, diz respeito à importância das ações e estratégias mul- tiprofissionais. As ações articuladas e desenvolvidas pela equipe resultam em intervenções mais eficazes.
Finalmente, as vulnerabilidades para as quais os profissionais de saúde devem estar atentos quando aten- dem adolescentes e que podem estar presentes entre as queixas subliminares, numa abordagem inicial, são:
• dificuldades nas relações familiares (separações, falta de diálogo, conflitos entre pais e filhos, alco- olismo de um ou ambos os pais, incesto/abuso, transtorno mental, etc.);
• relação com a escola (evasão escolar, repetên-
• uso de álcool e drogas lícitas e/ou ilícitas;
• início da vida sexual (verificar os cuidados com o próprio corpo e com o do outro, uso de proteção/preservativo);
• DST/AIDS;
• gravidez (especialmente antes dos 16 anos, probabilidade de abuso sexual);
• aborto e suas conseqüências (físicas e psicoló- gicas);
• exclusão social (atingindo especialmente as populações periféricas e levando a inserção no tráfico de drogas, com risco, entre outros, de morte precoce por homicídio);
• tentativas/risco de suicídio;
• acidentes de trânsito e outras situações de violência (como agentes e vítimas);
• violência doméstica e sexual (ver texto e fluxo em violência, neste manual).
Apresentamos a seguir as queixas mais freqüentes – procura por atendimento (queixa imprecisa), atraso menstrual, corrimento vaginal, desconforto respiratório, dor ao urinar, dor de cabeça, dor em membros, dor no baixo ventre, relato de crise con- vulsiva, vômitos - e as respectivas sugestões de fluxos.
Foram excluídas as queixas relacionadas à violência doméstica e sexual, abordadas pelo PP Resgate Cidadão com maior detalhamento, neste manual.
Esperamos que este fluxo possa de fato se transformar como elemento importante de um trabalho mais resolutivo acolhedor.
ATRASO MENSTRUAL*
Recepção Técnica
Atraso
menstrual há mais de 15 dias
Consulta de Enfermagem
Verifi car Vida Sexual Ativa
Não Sim
Menarca há menos de dois anos
Identifi car vulnerabilidades
Agendar consulta de acompanhamento
Pregnosticon Orientações em saúde
sexual e reprodutiva
negativo positivo
Solicitar exames de rotina do pré-natal
Agendar Consulta de pré-natal
* Verifi car detalhamento do fl uxo no Protocolo de Enfermagem da Saúde da Mulher – SMS - 2004
FLUXOGRAMA DE ATRASO MENSTRUAL
Não Sim
FLUXOGRAMA DE CORRIMENTO VAGINAL
CORRIMENTO VAGINAL
ESTADO GERAL COMPROMETIDO*
FEBRE DOR NO BAIXO VENTRE
Prurido Vaginal
Não Sim
Orientações gerais de higiene do períneo e de saúde sexual e reprodutiva
Consulta Médica
Consulta de Enfermagem e orientação em sexualidade
(DST/AIDS, gravidez)
Seguir fl uxograma de tratamento sindrômico
VÔMITOS
FLUXOGRAMA DE VÔMITO
RECEPÇÃO TÉCNICA
INÍCIO AGUDO < 3 DIAS
NÃO SIM
ESTADO GERAL COMPROMETIDO SINAIS DE DESIDRATAÇÃO
E/OU FEBRE
CONSULTA MÉDICA
NÃO SIM
AGENDAR
CONSULTA MÉDICA CONSULTA DE
ENFERMAGEM
FLUXOGRAMA DE DOR DE CABEÇA
RECEPÇÃO TÉCNICA
PRIMEIRO EPISÓDIO
NÃO SIM
COMPROMETIMENTO DO ESTADO GERAL
FEBRE VÔMITO
CONSULTA MÉDICA
NÃO SIM
INTERFERE NAS ATIVIDADES
3 OU MAIS EPISÓDIOS EM 3
MESES
CONSULTA MÉDICA
NÃO SIM
ORIENTAÇÃO TERAPIA CORPORAL ATIVIDADE FÍSICA
AGENDAR CONSULTA MÉDICA
ÁREA TEMÁTICA - SAÚDE DO ADULTO
Elaboração
Marco Antônio Mora Renato Moraes Alves Fabbre
A hipertensão arterial é uma doença comum entre os adultos, sendo um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, como infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico, entre outras. Estudos mostram que entre 22,3% a 43,9% da população tem hi- pertensão arterial. Porém é com freqüência pouco diagnosticada e inadequadamente controlada.
Recomenda-se que todo adulto seja submetido a pelo menos uma medida anual de pressão arterial, visto que muitos pacientes, ainda sem o diagnóstico realizado, são assintomáticos. Uma vez diagnosti- cada a hipertensão arterial, o paciente deverá ser acompanhado por equipe multiprofissional, e a pe- riodicidade do seguimento deve ser feita de forma individualizada.
HIPERTENSÃO ARTERIAL – PRESSÃO ALTA (PA)