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OFERTA DE VAGAS EM CRECHES NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO NO PERÍODO PÓS-FUNDEB: CARACTERIZAÇÃO E CONTRADIÇÕES LUANA DE PAULA ROCHA

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OFERTA DE VAGAS EM CRECHES NO MUNICÍPIO DE RIBEIRÃO PRETO NO PERÍODO PÓS-FUNDEB: CARACTERIZAÇÃO E CONTRADIÇÕES

LUANA DE PAULA ROCHA

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Teise de Oliveira Guaranha Garcia

___________________________________________________________________

RESUMO

Apresentam-se neste texto resultados parciais de pesquisa em curso sobre o atendimento educacional em creches, considerando o processo de conveniamento entre o poder público e o setor privado no município de Ribeirão Preto. Os procedimentos metodológicos implicam coleta análise documental; levantamento e análise de produção acadêmica sobre educação infantil, especialmente em creches;

das orientações legais para o atendimento à educação infantil; coleta de dados públicos sobre matrículas em creches e pré-escolas e sobre as instituições públicas e privadas no município. Tem-se como resultados preliminares a verificação de crescimento no número de matrículas para o atendimento em creches no município de Ribeirão Preto entre 2008 e 2013. Este crescimento ocorre nas matrículas públicas (rede municipal) e na esfera privada. Registra-se que dados públicos sobre números matrículas e de instituições de educação infantil, públicas e privadas que não coincidem, dificultando a análise pormenorizada do tema objeto deste trabalho.

Palavras-chave: Conveniamento, Creches, Matrículas, Parcerias Público- Privadas

Ribeirão Preto - SP

Abril/2014

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INTRODUÇÃO

 

O presente trabalho caracteriza a distribuição de matrículas em creches no município de Ribeirão Preto, no período posterior à implantação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação. O período delimitado para estudo correspondeu àquele entre os anos de 2008 a 2013. A escolha do objeto de estudo deste trabalho decorre da pesquisa de mestrado1 intitulada   “Atendimento educacional em creches conveniadas: estudo sobre oferta de vagas no município de Ribeirão Preto”, a qual se encontra em fase de desenvolvimento.

Posto isso, inicia-se a discussão, indicando que à luz do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado – PDRAE (BRASIL, 1995), há pontos fundamentais apresentados pelo governo para que o terceiro setor viesse a assumir a implementação de políticas sociais, atuando como espaço de transferência de responsabilidades estatais. Com isso, na política educacional sustentada pelo processo de reforma do Estado, faz-se presente a recorrência das parcerias;

elemento central da “participação pretendida pela terceira via representada pelo terceiro setor na lógica do público não-estatal” (PERONI; OLIVEIRA; FERNANDES, 2009, p. 774).

Na visão de Correa (2011, p. 21), as reformas ocorridas nos anos 1990 produziram o “fortalecimento das relações público-privado e do estabelecimento do público-não estatal, diminuindo-se, assim, a ação do Estado na oferta direta de serviços e bens sociais tais como educação e saúde”. Em síntese: o PDRAE viabiliza a implementação de políticas públicas que autorizam “instituições descentralizadas da administração indireta” (PAULA, 2005, p.128) a assumirem as atividades não exclusivas do Estado, como ocorre com o estabelecimentos das parcerias entre o setor público e o privado.

Assim, a forma de normalização das parcerias, na maioria dos municípios em consonância com a Lei nº. 9.790, de 23/03/1999, se dá com o firmamento de convênios. Silveira (2009, p. 155) indica que os convênios podem ser realizados entre: “pessoas jurídicas da mesma esfera governamental, União, Estados, Distrito Federal e Municípios, entre: órgãos e entidades da administração pública de esferas governamentais distintas ou entre a administração pública e entidades privadas”.

Dessa forma, encaminha-se para o próximo item, o qual apresenta as decorrências dos convênios e parcerias para o atendimento à educação infantil.

                                                                                                               

1 Mestrado iniciado em 2012 no Programa de Pós-Graduação em Educação do Departamento de Educação, Informação e Comunicação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, sob orientação da Prof.ª Drª. Teise de Oliveira Guaranha Garcia.

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CONVÊNIOS E PARCERIAS NO ATENDIMENTO À EDUCAÇÃO INFANTIL

 

O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb), lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, em seu artigo 8, ao admitir na distribuição de recursos públicos as matrículas em instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o poder público para a educação infantil (neste caso, de 0 a 3 anos) pode contribuir com a não ampliação do atendimento a esta etapa de ensino pela via pública.

Partindo desse princípio, Borghi e Oliveira (2013, p.156), atestam que a maior parte (56,66% do total) das parcerias/convênios de trinta municípios grandes2 se deu depois do ano de 2000, e 17% dos municípios indicaram ter iniciado os convênios pós Fundeb. Por conseguinte, Pinto (2007, p.888) alerta que a inclusão das matrículas das instituições conveniadas de educação infantil ao Fundeb decorre do expressivo número de prefeituras que vêm estabelecendo convênios com instituições privadas, e essa prática “representa um duro golpe no princípio de que recursos públicos devem se destinar às instituições públicas”.

O documento federal “Orientações sobre convênios entre secretarias municipais de educação e instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos para a oferta de educação infantil” (BRASIL, 2009), indica que o convênio é uma estratégia bastante adotada por diversos municípios no intuito de

“garantir a oferta da educação infantil” (BRASIL, 2009, p.14).

Nesta linha, Correa e Adrião (2010, p.11) indicam que, “82 municípios paulistas declararam estabelecer parcerias com o setor privado por meio de distintos formatos de convênios para o atendimento às crianças de 0 a 3 anos”. Borghi, Adrião e Garcia (2011, p.289) apontam a evolução da tendência de “ampliação da oferta de vagas em creches via instituições privadas com fins lucrativos, evidenciando um novo arranjo institucional entre o público e o privado”.

Logo, no contexto de redefinição do papel do Estado e do consequente surgimento de novas orientações estabelecidas entre o público e o privado, emerge a necessidade de compreensão deste processo. Deste modo, encaminha-se para o item que adentra ao objeto deste trabalho, ou seja, a temática da distribuição de

                                                                                                               

2 De acordo com o IBGE, os municípios são classificados em:

- Pequeno I: com até 20.000 habitantes.

- Pequeno II: de 20.001 a 50.000 habitantes.

- Médio: de 50.001 a 100.000 habitantes.

- Grande: de 100.001 a 900.000 habitantes.

- Metrópole: mais de 900.000 habitantes.

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matrículas em Ribeirão Preto, ressaltando a ocorrência de parcerias e convênios para o atendimento à educação infantil em creches neste município. O item é organizado qual é organizado por meio de consulta a dados disponibilizados pela Secretaria Municipal de Educação, Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (SEADE), Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Informações dos Municípios Paulistas (IMP).

DISTRIBUIÇÃO DE MATRÍCULAS EM CRECHES ENTRE 2008 E 2012

 

Em consulta à página oficial da Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão Preto (SME), observa-se o demonstrativo sobre o atendimento entre as etapas e modalidades de ensino. A Tabela 1 compila os dados referentes às matrículas na educação infantil no período de 2008 a 2012.

Tabela 1 – Demonstrativo de atendimento em educação infantil em rede municipal de ensino de Ribeirão Preto no período de 2008 a 2012, segundo SME

Ano Creche Pré-escola Total

2008 3.295 12.243 15.538

2009 4.583 12.747 17.330

2010 5.662 13.550 19.212

2011 9.979 9.129 19.108

2012 10.871 10.443 21.314

Fonte: A autora com base nos dados disponíveis na página oficial de Ribeirão Preto.

Por meio da Tabela 1, verifica-se para o período de 2008 a 2012 um avanço no atendimento total à educação infantil de 5.776 vagas, ou seja, houve um crescimento de 37%3. Em creche, neste período, houve um percentual de aumento 230%.

A Tabela 2, elaborada a partir de dados da Seade4, apresenta a distribuição de matrículas na educação infantil nas esferas públicas e privadas no município de Ribeirão Preto no período de 2008 a 2012.

                                                                                                               

3 Os valores percentuais indicados neste trabalho foram aproximados, com intutito de facilitar

a apresentação dos dados.

4 O SEADE tem como fontes, a Pesquisa Municipal Unificada, o Ministério da Educação, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, a Fundação Seade, o Ministério da Fazenda, a Secretaria do Tesouro Nacional, a Secretaria de Estado da Educação e o Centro de Informações Educacionais.

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Tabela 2 - Matrículas na educação infantil no município de Ribeirão Preto nas redes pública municipal e privada no período de 2008 a 2012

Ano

Matrícula Inicial na Educação Infantil

Total

Matrícula Inicial na Educação Infantil – Rede Municipal

Matrícula Inicial na Educação Infantil – Rede Particular

2008 24.553 15.628 8.614

2009 25.100 15.632 9.161

2010 25.099 15.585 9.175

2011 26.207 15.354 10.541

2012 27.508 16.372 10.944

Fonte: A autora com base nas Informações dos Municípios Paulistas - IMP, disponibilizados na pagina oficial da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados - SEADE (2013).

Verifica-se também um

crescimento no número de matrículas total no período de 2008 a 2012 de 12%. A matrícula inicial na Educação Infantil na rede municipal apresentou no período um crescimento de 5%, e a matrícula inicial na educação infantil na rede particular, 27%. Há, portanto, crescimento de matrículas ao longo dos anos, em ambas as esferas (municipal e privada). Sobre o crescimento na rede particular, por ora não é possível determinar qual o caráter das matrículas, se provêm de convênios ou de outros arranjos entre o público e o privado.

Ao comparar as Tabelas 1 e 2, observa-se uma lacuna, pois os dados da Fundação Seade apresentam um atendimento em educação infantil total na rede municipal (creche e pré-escola) no ano de 2012 (16.372 crianças) e a SME declara ter contemplado 21.314 crianças, ou seja, há uma diferença de 4.942 crianças.

Diante disso, a Tabela 3 apresenta as matrículas em creches por tipo de rede, municipal ou particular, ainda segundo dados constantes da base da Fundação Seade.

Tabela 3 - Matrículas em creches no município de Ribeirão Preto nas redes pública municipal e particular no período de 2008-2012

Ano Matrícula Inicial em

Creche Total Matrícula Inicial em Creche – Rede

Municipal

Matrícula Inicial em Creche - Rede

Particular

2008 6.600 3.303 3.050

2009 7.502 3.736 3.521

2010 10.529 5.840 4.388

2011 12.781 7.127 5.382

2012 14.121 8.339 5.639

Fonte: A autora com base nos dados da Fundação SEADE (2013).

Conforme demonstrado acima, o

número de matrícula inicial5 em creches municipais de 2008 a 2012 apresentou um aumento de 152%. Na rede particular, este aumento foi de 85%, o crescimento total foi de 114%. Para esta etapa da educação infantil também houve crescimento significativo por ambas as vias, pública

                                                                                                               

5 O Seade em como fonte a Secretaria de Estado da Educação (SEE)/Centro de Informações Educacionais (CIE) e Ministério da Educação (MEC)/Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep).

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e particular. Mas não há como precisar o caráter do atendimento pela rede particular, deixando margem para o entendimento de este ocorrer por meio de parcerias/convênios.

Com efeito, Almeida et al (2012, p.56), indicam um crescimento da participação do privado na oferta da educação em Ribeirão Preto. Em 2000, as creches atendiam no total 2.995 crianças, sendo 58,7% no setor público e 41,3% no setor privado. Já em 2010, as creches atendiam 10.529 crianças: 58,3% no setor público e 41,7% no privado. Tais resultados indicam a notoriedade dos convênios na composição total de matrículas.

A Tabela 4 indica a diferença de informações discutida anteriormente sobre matrículas públicas segundo a página oficial da SME (Tabela 1) e o Banco de dados IMP da Fundação Seade (Tabela 2).

Tabela 4- Matrículas em creche, pré-escola e na educação infantil (total) na rede municipal de ensino de Ribeirão Preto no ano de 2012, de acordo com SME e Fundação Seade

Instituição de

Ensino Página da SME Fundação Seade Diferença de matrículas

Creche 10.871 8.339 2.532

Pré-escola 10.443 8.033 2.410

Educação Infantil 21.314 16.372 4.942

Fonte: A autora com base nos dados da Fundação SEADE (2013) e SME de Ribeirão Preto.

A Tabela 4 acima representada permite verificar tal incongruência (de 2.532 matrículas em creches entre os dados da SME e da Seade). Na pré-escola, a diferença entre as fontes é de 2.410 matrículas e para a educação infantil total (creche e pré-escola), a diferença corresponde à 4.942 matrículas. A discrepância entre os dados será investigada posteriormente na continuidade dos estudos.

Ao analisar os dados populacionais, segundo o Censo Demográfico de 2010, a Tabela 5 apresenta dados sobre a população residente com idade de 0a 3 anos, e sua situação escolar no município de Ribeirão Preto.

Tabela 5- População residente com idade de 0 a 3 anos, e sua situação escolar no município de Ribeirão Preto de acordo com o Censo Demográfico 2010

População total residente

Frequentava creche ou

escola

Frequentava

creche total Frequentava creche pública

Frequentava creche particular

Nunca frequentou

creche

Não frequentava,

mas já frequentou

creche ou escola

28.960 12.049 9.991 6.419 3.572 16.202 709

Fonte: A autora com base nos dados disponíveis na página do IBGE (Censo Demográfico 2010).

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De acordo com os dados do Censo Demográfico de 20106 evidenciados nessa tabela há uma diferença de 2.058 crianças (matrículas), resultante da população que frequentava creche ou escola (12.049) e a população que frequentava creche total (9.991), que não se encontra em instituições públicas nem nas privadas.

Com relação ao número total de crianças frequentando creches públicas ou privadas (9.991) e o número de crianças com idade de 0 a 3 anos que nunca frequentou creches (16.202), não é possível determinar os motivos da incongruência entre população existente e oferta de vagas. Possíveis interpretações sugerem considerar essa população como demanda reprimida sem vagas em creches no município e/ou sendo atendidas em instituições privadas sem fins lucrativos.

No ano de 2012, para o atendimento de crianças de 0 a 3 anos, a administração direta municipal dispunha de 33 creches, contabilizando 4.914 matrículas (Inep, 2013). Todavia, 3.960 crianças nessa mesma faixa etária eram atendidas em Escolas de Educação Infantil7 (EMEI’s), as quais são destinadas propriamente a crianças de 4 a 6 anos.

Dados do Inep (2013)8 também indicam que, em 2012, havia 8.270 crianças matriculadas em EMEI’s, com idade de 4 a 6 anos sendo atendidas em pré-escolas, 3.960 crianças com idade entre 0 e 3 anos atendidas em EMEI’s, e 4.914 crianças de 0 a 3 anos crianças sendo atendidas em Centros de Educação Infantil (CEI’s).

Percebe-se, então, que o atendimento tem ocorrido também em unidades escolares destinadas à outra etapa de ensino, ou seja, as EMEI’s. Ao consultar as informações do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo (SIAP), observa-se que o órgão trabalha com os mesmos números de matrículas.

Procurou-se conhecer com mais detalhes as matrículas ofertadas em instituições sem fins lucrativos conveniadas à SME, assim a Tabela 6 apresenta o número de instituições conveniadas total (comunitárias e filantrópicas) de educação infantil e o número de matrículas consideradas na distribuição de recursos do Fundeb em Ribeirão Preto, no período de 2008 a 2013. Tais informações baseiam- se em dados disponíveis na página do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).

                                                                                                               

6 Não há nesta fonte dados específicos sobre creches, como número de matrículas, número de unidades escolares, números de docentes, por isso utilizou-se como fonte os dados da fundação Seade.

7 O atendimento de crianças de 4 a 6 anos na SME de Ribeirão Preto ocorre em Escolas de Educação Infantil (EMEI’s).

8 Realizou-se consulta ao Banco DataEscola (INEP), verificando-se todas as matrículas em creches no município, considerando-se duas categorias: creches da administração direta e creches conveniadas.

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Tabela 6 – Número de instituições de educação infantil conveniadas e alunos considerados na distribuição de recursos do Fundeb – Ribeirão Preto – 2008 a 2013

Ano Comunitária Filantrópica Número

total de instituições

Número total de alunos Número de

Instituições

Número de alunos

Número de Instituições

Número de alunos

2008 4 83 16 631 20 714

2009 1 63 1 30 2 93

2010 1 79 1 64 2 143

2011 0 0 4 319 4 319

2012 2 81 22 1.506 24 1.587

2013 4 240 14 924 18 1.164

Fonte: A autora com base nos dados públicos constantes na página oficial do FNDE (2013).

Com a Tabela 6 acima, percebe-se que o número de crianças atendidas em instituições conveniadas aumenta no período de 2008 a 2013 cerca de 63%. O atendimento à educação infantil cresceu ao longo do período pós Fundeb, pela via pública (municipal), privada com fins lucrativos e privada sem fins lucrativos (instituições comunitárias e filantrópicas). No entanto, o número de instituições conveniadas varia ao longo dos anos. Destaca-se da análise da Tabela 6 o decréscimo de instituições conveniadas nos anos de 2009, 2010 e 2011, e o crescimento abrupto, de 4 instituições no ano de 2011 para 26 no ano de 2012, considerando o avanço no número de matrículas.

Diante desse panorama, a Tabela 7 apresenta o número de matrículas da educação básica consideradas no Fundeb de 2007 a 2013 no município de Ribeirão Preto, a fim de contrapor o atendimento em creche pública e em creche conveniada.

Tabela 7 - Matrículas da educação básica, consideradas no Fundeb de 2007 a 2013 no município de Ribeirão Preto - SP

Ano Creche tempo integral

Creche parcial

Creche conveniada tempo integral

Creche conveniada parcial

20139 5.680 2.645 1.067 97

201210 4.635 2.478 1.481 106

201111 4.147 1.675 276 43

201012 3.332 396 143 - *

200913 2.883 415 63 30

200814 1.679,3 242 392 72,7

Fonte: A autora com base nos dados disponíveis na página oficial do FNDE (2013). *Não disponível.

Analisando o período de 2008 a 2013, nota-se, que houve um crescimento aproximado no número de matrículas: de 238% em creche municipal com atendimento integral, e de 172% em creche conveniada com atendimento integral. O atendimento parcial em creches municipais teve também um aumento ao longo do mesmo período de 993%, e em creches conveniadas esse aumento oscilou e foi de

                                                                                                               

9 Com base na Portaria Interministerial nº 4, de 7/5/2013.

10 Com base na Portaria Interministerial nº 1.495, de 28/12/2012.

11 Com base na Portaria Interministerial nº 1.721, de 07/11/2011.

12 Com base na Portaria Interministerial nº 538 – A, de 26/04/2010.

13 Com base na Portaria Interministerial nº 788, de 14/08/2009.

14 Com base na Portaria Interministerial nº 1.027, de 19/08/2008.

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33%. Nota-se que o atendimento à educação infantil, notadamente na etapa de creches, de 0 a 3 anos, apresentou crescimento ao longo do período tanto pela via pública quanto pela via do conveniamento.

 

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES

 

Este trabalho buscou apresentar o panorama da distribuição de matrículas para o atendimento em creches no município de Ribeirão Preto desde o período de implementação do Fundeb. Para tanto, foi necessário, inicialmente, olhar para as novas regulações estabelecidas no contexto do PDRAE e para as relações entre o Estado e sociedade civil. Compreende-se que a transferência na execução das políticas sociais vem se constituindo com a crescente prática de conveniamento/parceria entre os municípios e instituições privadas.

Com isso, observou-se que nas últimas décadas ocorreu a ampliação das relações de parceria entre o público e o privado, além do fortalecimento das funções de regulação e de coordenação do Estado, especialmente em nível federal, e a gradativa descentralização vertical, para os níveis estadual e municipal, das funções de prestação de serviços sociais e também de infraestrutura (PAULA, 2005).

Conclui-se que a demanda por vagas em creches, ameniza-se pela oferta da via pública, mas também pela via dos convênios e parcerias entre o setor público e o privado. Desse modo, estados e municípios, ao investirem cada vez menos recursos na criação de sistemas próprios de ensino em detrimento das relações de parcerias e convênios, têm sustentado um atendimento de baixo custo e, possivelmente, de baixa qualidade.

Considerando o artigo 11 da Lei 9394/1996, a maior responsabilidade pela oferta da educação infantil é dos municípios, nesse sentido, a Secretaria Municipal de Educação de Ribeirão Preto não está cumprindo com esta obrigação legal, uma vez que tem repassado ao setor privado com fins lucrativos e privado sem fins lucrativos a responsabilidade pela oferta de matrículas para essa etapa de ensino.

Desta forma, o atendimento em creches estatais está na lista dos problemas a serem enfrentados pelo poder público municipal de Ribeirão Preto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, E., CORREA, B.C. ANDRADE, E.N.F. ; ALVES, T. ; SONOBE, A. K..

Situação da criança e do adolescente em Ribeirão Preto: uma contribuição ao Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, no processo de definição de diretrizes para a formulação de políticas públicas destinadas à infância e a adolescência. 2012. (Relatório de pesquisa).

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BORGHI, Raquel Fontes; ADRIÃO, Theresa; GARCIA, Teise. As parcerias público-privadas para a oferta de vagas na educação infantil: um estudo em municípios paulistas. RBEP, v. 92, n. 231, p. 285-301, maio/ago. 2011.Seção:

Estudos.

BRASIL. Ministério da Educação. Orientações sobre convênios entre secretarias municipais de educação e instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos para a oferta de educação infantil – Brasília, 2009.

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CORREA, B., T. ADRIÃO. Direito à educação de crianças até 6anos enfrenta contradições. Revista Adusp, set., 2010. P.6-13

FUNDAÇÃO SISTEMA ESTADUAL DE ANÁLISE DE DADOS. Disponível em:

http://www.seade.gov.br/produtos/imp/index.php?page=consulta&action=ano_save#

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INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. População residente com idade de 0 a 3 anos, e sua situação escolar no município de Ribeirão Preto de acordo com o Censo Demográfico 2010. Disponível em: http://cidades.ibge.gov.br.

Acesso em 01 de nov. de 2013.

PAULA, A.P.P; Por uma nova gestão pública: limites e potencialidades da experiência contemporânea. 1a ed. - Rio de Janeiro: Editora FGV, 2005.

PERONI, V.M.V; OLIVEIRA, R. T. C.; FERNANDES, M. D. E. Estado e terceiro setor: as novas regulações entre público e o privado na gestão da educação básica brasileira. Educação e Sociedade. Campinas, vol. 30, n. 108, p. 761-778, out. 2009.

Disponível em http://www.cedes.unicamp.br

RIBEIRÃO PRETO. Demonstrativo de atendimento. Disponível em: <

http://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/seducacao/i15atend05.php> . Acesso em: 07 de nov. de 2013.

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Acesso em: 10 de nov. de 2013.

Referências

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