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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS ACADEMIA REAL MILITAR (1811) CURSO DE CIÊNCIAS MILITARES

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ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS ACADEMIA REAL MILITAR (1811)

CURSO DE CIÊNCIAS MILITARES

Lucas de Souza Tólio

ANÁLISE DOS ATRIBUTOS INERENTES AO OFICIAL DE CAVALARIA DESENVOLVIDOS ATRAVÉS DA PRÁTICA DE EQUITAÇÃO

Resende 2020

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Lucas de Souza Tólio

ANÁLISE DOS ATRIBUTOS INERENTES AO OFICIAL DE CAVALARIA DESENVOLVIDOS ATRAVÉS DA PRÁTICA DE EQUITÇÃO

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Ciências Militares da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Ciências Militares.

Orientador: Deivison Antunes Oliveira

Resende 2020

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Lucas de Souza Tólio

ANÁLISE DOS ATRIBUTOS INERENTES AO OFICIAL DE CAVALARIA DESENVOLVIDOS ATRAVÉS DA PRÁTICA DE EQUITAÇÃO

Aprovado em _______ de __________________ de 2020

Banca examinadora:

___________________________________________________

Deivison Antunes Oliveira - Cap (Presidente/Orientador)

___________________________________________________

Willian Cardoso de Albuquerque - Cap

________________________________________________

Alexsei da Silva Peres - Cap

Resende 2020

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Aos meus pais e a toda minha família que sempre me apoiaram e incentivaram a buscar meus objetivos. Dos quais, sem, não seria possível a realização desse sonho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, primeira, a Deus e a São Lucas por iluminarem os meus passos e me darem a força necessária para continuar nessa árdua jornada de buscar os meus sonhos.

Aos meus pais, Adelar de Menezes Tólio e Ana Rita de Souza Tólio, que sempre fizeram tudo o que estava ao seu alcance para me passar os valores necessários para me tornar uma pessoa de bem, ensinando-me a nunca desistir diante da dificuldade.

Ao meu orientador, Capitão de Cavalaria Antunes, pelo auxílio durante elaboração deste trabalho

Por fim, agradeço aos meus camaradas do 4º ano do Curso de Cavalaria da AMAN, Turma 150 anos da Campanha da Tríplice Aliança, cujo apoio e incentivo foram fundamentais para encarar essa longa e árdua jornada que é se formar Oficial de Cavalaria na AMAN.

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“Estou desejando, estou pensando em levantar-se e sair cantando… Cantar minhas canções e dizer minhas palavras. Tocar com harmonia os hinos ancestrais. Saber de cor poemas imortais. Em meus lábios as palavras vão escorrendo, e os dizeres transbordando. Apressados à minha boca eles chegam… Para cantarmos nossas belas canções, [e tradições.] Entoaremos nossas melhores lendas, [e fatos da Cavalaria.] Para o ouvido de nossos amados [irmãos de arma] E todos aqueles que nos desejam ouvir. Mágicos versos, [belos contos]

temos a reunir iluminados pela inspiração… [dos]

caminhos por onde passei [e cavalguei, levado pelo espírito da Cavalaria Imortal.]” (Kalevala)

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RESUMO

ANÁLISE DOS ATRIBUTOS INERENTES AO OFICIAL DE CAVALARIA DESENVOLVIDOS ATRAVÉS DA PRÁTICA DE EQUITAÇÃO

AUTOR: Lucas de Souza Tólio ORIENTADOR: Deivison Antunes Oliveira

O seguinte trabalho de conclusão do curso expõe como tema a Análise dos atributos inerentes ao Oficial de Cavalaria desenvolvidos através da prática de Equitação Militar. O objetivo é estabelecer quais são as principais qualidades que o Oficial de Cavalaria deve possuir para a obtenção do êxito nas futuras missões, correlacionando-as com os principais atributos desenvolvidos através da prática da Equitação Militar. Para isso, realizou-se uma pesquisa bibliográfica, através de manuais e artigos científicos para aprofundar o conhecimento de determinadas qualidades que são adquiridas por meio da Equitação. Além disso, também foi realizada uma pesquisa através de um questionário junto aos Cadetes de Cavalaria da Academia Militar das Agulhas Negras, no qual foram questionados sobre quais são os Atributos da Área Afetiva que mais se desenvolvem através da prática da equitação e se esses atributos se fazem necessários para o Oficial de Cavalaria. Para atingir os objetivos desse trabalho, bem como para solucionar os problemas apresentados, foi dissertado sobre o emprego do cavalo no Exército Brasileiro, a equitação na Academia Militar das Agulhas Negras e, por fim, sobre qual é o papel da equitação no desenvolvimento de atitudes.

Palavras-chave: Atributos. Equitação Militar. Oficial de Cavalaria.

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ABSTRACT

ANALYSIS OF ATTRIBUTES INHERENT TO THE KNIGHT OFFICER DEVELOPED THROUGH THE MILITARY RIDING PRACTICE

AUTHOR: Lucas de Souza Tólio ADVISOR: Deivison Antunes Oliveira

The following work for the conclusion of the course exposes as a theme the analysis of attributes inherent to the knight officer developed through the military riding practice. The objective is to establish what are the main qualities that the Cavalry Officer must have in order to be successful in future missions, correlating them with the main attributes developed through the practice of Military Riding. For this, a bibliographic research was carried out, through manuals and scientific articles to deepen the knowledge of certain qualities that are acquired through Equitation. In addition, a survey was also conducted through a questionnaire with the Cavalry Cadets from the Military Academy of Agulhas Negras, in which they were asked about which are the attributes of the affective area that develop the most through the practice of riding and if these attributes are make necessary for the Cavalry Officer. In order to achieve the objectives of this work, as well as to solve the problems presented, it was discussed about the use of horses in the Brazilian Army, riding in the Military Academy of Agulhas Negras and, finally, about the role of riding in the development of attitudes.

Keywords: Attributes. Military Riding. Cavalry Officer.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Utilização do cavalo em terreno de difícil acesso...16

Figura 2 - Regimento de Cavalaria de Guarda...17

Figura 3 - Concurso Completo de Equitação...19

Figura 4 - Calendário da Liga Hípica da Fronteira Oeste 2014...20

Figura 5 - Cadetes de Cavalaria durante instrução de Equitação...23

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Ano que o Cadete da AMAN está cursando...29

Gráfico 2 - Importância da instrução de Equitação...30

Gráfico 3 - Atributos que mais se desenvolvem através da Equitação...31

Gráfico 4 - Importância dos atributos...32

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 12

2. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO ... 14

2.1 REVISÃO DA LITERATURA E ANTECEDENTES DO PROBLEMA ... 14

2.2 REFERENCIAL METODOLÓGICO E PROCEDIMENTO. ... 14

2.2.1 Problema ... 14

2.2.2 Procedimentos de pesquisa ... 15

3. O EMPREGO DO CAVALO NO EXÉRCITO BRASILEIRO ... 16

3.1 COMO O CAVALO É EMPREGADO ... 16

3.2 UNIDADES EM QUE O CAVALO É EMPREGADO ... 17

3.3 COMPETIÇÕES HÍPICAS DENTRO DO EXÉRCITO ... 18

3.3.1 Modalidades de Equitação ... 18

3.3.2 Competições no âmbito do Exército ... 19

4. EQUITAÇÃO NA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS ... 21

4.1. INSTRUÇÕES DE EQUITAÇÃO DURANTE O CUSO BÁSICO ... 21

4.2. INSTRUÇÕES DE EQUITAÇÃO DURANTE O 2º ANO DE CAVALARIA ... 21

4.2.1 O Cross da Espora ... 22

4.3. INSTRUÇÕES DE EQUITAÇÃO DURANTE O 3º ANO DE CAVALARIA ... 22

4.4. INSTRUÇÕES DE EQUITAÇÃO DURANTE O 4º ANO DE CAVALARIA ... 22

5.O PAPEL DA EQUITAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE ATITUDES ... 24

5.1 ATRIBUTOS DA ÁREA AFETIVA ... 24

5.2 OS ATRIBUTOS MAIS DESENVOLVIDOS ATRAVÉS DA EQUITAÇÃO ... 25

5.2.1 Coragem ... 25

5.2.2 Decisão ... 26

5.2.3 Autoconfiança ... 27

5.2.4 Equilíbrio Emocional ... 27

6 RESULTADO E ANÁLISE DE DADOS ... 29

6.1 QUESTIONÁRIO ... 29

6.2 RESULTADOS ... 29

6.3 ANÁLISE DE DADOS ... 32

7 CONCLUSÃO ... 34

REFERÊNCIAS ... 36

APÊNDICE A ... 38

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1 INTRODUÇÃO

Não se sabe ao certo quando foi que o caminho do cavalo cruzou o do homem. No entanto, quando se propõe a falar dessa relação, tudo que se precisa fazer é contar partes da história da humanidade, pois essa união esteve ativa nos momentos das grandes conquistas humanas. Atualmente, essa relação de proximidade traz uma série de benefícios para os seres humanos, tanto para a saúde mental, quanto para o que tange a relação afetiva homem-animal.

Primeiramente, o homem utilizou o cavalo como fonte de alimentos, mas notou que poderia utilizá-lo como meio de transporte, estabelecendo-se aí, a parceria de sucesso que permitiu à humanidade ultrapassar barreiras outrora impossíveis, como a velocidade e a distância percorrida. Além disso, no que se refere ao combate, a utilização desse animal permitiu à tropa possuir uma elevada ação de choque que, somada com a grande mobilidade, concedia um fator multiplicador de forças e perceptível vantagem nos campos de batalha.

Em consequência de todas essas vantagens, o cavalo passou a integrar o cotidiano das grandes guerras que nortearam o rumo da humanidade. Na Idade Média, guerreiros montados a cavalo tornaram-se a unidade militar de elite dos exércitos e elevaram a Cavalaria a um novo patamar, transformando-a em fator essencial nos combates, em que suas cargas avassaladoras inúmeras vezes foram decisivas para garantir o resultado positivo. Os Cavaleiros marcaram época devido ao seu código de honra e valores éticos que eram fielmente seguidos por todos, bem como foram associados aos ideais como a coragem, a lealdade, a iniciativa, a generosidade e o espírito de corpo, atributos que caminharam ao lado da Cavalaria ao longo dos séculos até os dias atuais.

Como a Cavalaria surgiu para ser a Arma que lidera os movimentos dos exércitos e que tem o primeiro contato com o inimigo, teve-se então “a necessidade de desenvolver ao máximo as características de personalidade predispondo a audácia, a coragem, o arrojo, a camaradagem, a solidariedade e a iniciativa.” (MARQUES, 2003, p. 120). Com o passar dos anos, notou-se que os cavaleiros se destacavam, em algumas situações, mais do que aqueles militares que não costumavam montar com frequência. Exteriorizavam atributos como coragem e autoconfiança que são fundamentais aos líderes e chefes e muitas outras qualidades que são inerentes a todos os militares da Arma de Cavalaria. Portanto, a Equitação veio a se tornar uma peça fundamental no desenvolvimento desses atributos, mas principalmente aos Oficiais da Arma ligeira.

Isto posto, esse trabalho busca respostas para o seguinte questionamento formulado:

quais são os atributos da área afetiva que mais se desenvolvem através da prática da

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equitação? Para tal, realizou-se uma análise das atitudes que começam a ser desenvolvidos pelos futuros oficiais de Cavalaria formados na Academia Militar das Agulhas Negras por meio da Equitação e que, sem dúvidas nenhuma, serão necessários para o bom cumprimento das missões futuras.

Esta monografia está organizada da seguinte maneira:

No segundo capítulo, realizou-se a revisão da literatura. Primeiramente, através da abordagem sobre a simbiose Cavalo-cavaleiro. Logo depois, apresentou-se um breve histórico sobre o início do emprego de equinos como plataforma de combate pelos exércitos da antiguidade visando demonstrar o contexto histórico que antecede o problema. Em seguida, foi exposto o referencial metodológico, onde realizou-se a delimitação do problema em foco, bem como seus objetivos e procedimentos utilizados na pesquisa.

No terceiro capítulo, faz-se um estudo sobre o emprego do cavalo no Exército Brasileiro, abordando primeiramente como se dá esse emprego, as unidades em que o cavalo é empregado e, a seguir, são abordadas as competições hípicas dentro do Exército.

No quarto capítulo, buscou-se apresentar o modo que são realizadas as instruções de equitação para os cadetes do Curso Básico, bem como para o Curso de Cavalaria, trazendo também, abordagens sobre assuntos como o Cross da Espora e o Caça à Raposa.

No quinto capítulo, realizou-se a abordagem dos principais atributos da área afetiva desenvolvidos através da equitação e o modo que esses atributos influenciam na vida do Oficial de Cavalaria.

No sexto capítulo, foi realizada a apresentação e a análise dos resultados das pesquisas realizadas por meio de questionário durante a elaboração deste trabalho.

Por fim, no sétimo capítulo, concluiu-se feita uma conclusão sobre tudo que foi abordado nos outros capítulos e analisou-se se os estudos feitos levaram aos objetivos propostos.

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2 REFERÊNCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

O tema desta pesquisa está inserido na área de estudo da Doutrina e das Operações Militares, mais especificamente dos conhecimentos sobre Cavalaria e Equitação, conforme definido na Portaria nº 734, de 19 de agosto de 2010 (BRASIL, 2010).

2.1 REVISÃO DA LITERATURA E ANTECEDENTES DO PROBLEMA

Procurando identificar o que há de mais relevante sobre o tema em questão, buscou- se levantar, apontar e analisar os trabalhos, artigos científicos e publicações, nacionais e estrangeiras, mais importantes acerca do assunto aqui tratado.

Para atingir os objetivos propostos, utilizou-se o material produzido pelo Exército Brasileiro acerca do tema. Tal material é composto por inúmeras diretrizes e normas que regulam e orientam acerca do tema referido, como a Portaria n° 012, de 12 de maio de 1998, do antigo Departamento de Ensino e Pesquisa (DEP), atual Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx), que visa a conceituação dos Atributos da Área Afetiva.

Também será abordado nesse trabalho o pensamento de Geraldo Lauro Marques (2003) com trechos da obra Era Uma Vez na Cavalaria: Sempre a Audácia, a Coragem, o Arrojo, a Carga, no qual traz passagens sobre a tradição cavalariana abordando assuntos como a proximidade do Homem com o cavalo.

2.2 REFERENCIAL METODOLÓGICO E PROCEDIMENTOS

Neste momento do estudo, será apresentado a problemática a qual propiciou o desenvolvimento deste trabalho, bem como qual foram as linhas de ações adotadas para que os objetivos gerais fossem solucionados da melhor forma possível. Além disso, será definido os critérios e o passo a passo da pesquisa sobre o tema selecionado, ou seja, como foram realizadas as coletas de dados referentes ao tema, bem como essas informações foram filtradas visando o melhor aproveitamento.

2.2.1 Problema

Ao longo da história, o emprego do cavalo por parte dos exércitos sempre foi de grande valor. No entanto, com o desenvolvimento de novas tecnologias que também permitiam o combate em vantagem de posição, a utilização do animal começou a declinar.

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No Brasil, a utilização do cavalo já não se dá com a finalidade de obter vantagem no campo de batalha, mas sim como instrumento desenvolvedor de atitudes.

Tendo em vista que o contato com o cavalo aprimora uma série de atributos da área afetiva que são fundamentais aos oficiais de Cavalaria, formula-se o seguinte problema:

Quais as atitudes que mais se desenvolvem através da prática de equitação?

2.2.2 Procedimentos de pesquisa

Com o objetivo de materializar a pesquisa, foram adotas os seguintes procedimentos citados abaixo.

Primeiramente, foram explorados uma gama de livros, sites, artigos científicos e outros estudos referentes ao tema desse trabalho visando levantar o conteúdo necessário para a realização do mesmo. De forma conciliada, o autor utilizou-se de buscas na biblioteca digital do Exército e da biblioteca Coronel Nei Paulo Pizzutti, da AMAN, a qual forneceu além de livros e outros trabalhos de conclusão de curso acerca do tema, os manuais vigentes.

Após isso, realizou-se uma filtragem minuciosa das fontes de pesquisa para, então, dar início a pesquisa bibliográfica.

O segundo passo foi realizar uma pesquisa por meio de um questionário no universo dos cadetes do Curso de Cavalaria da AMAN, como instrumento de coleta de dados e termômetro sobre a importância para tais cadetes sobre as instruções de equitação como forma de desenvolver atitudes inerentes ao Oficial de Cavalaria. Um modelo do questionário utilizado segue em apêndice.

Por fim, buscou-se cruzar os dados obtidos através do questionário com o pensamento dos autores pesquisados durante a pesquisa bibliográfica a fim de buscar incongruências nos resultados ou confirmar a tese abordada.

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3 O EMPREGO DO CAVALO NO EXÉRCITO BRASILEIRO

3.1 COMO O CAVALO É EMPREGADO

Após ser fonte de alimentos de povos primitivos por muito tempo, estes foram descobrindo aos poucos que além de alimentos, ele poderia oferecer muito mais.

Não se sabe ao certo o exato momento de sua domesticação, nem onde começou, no entanto, trouxe diversos benefícios e contribuiu para evolução da humanidade.

(CAMILO, 2017)

No Exército Brasileiro, o emprego da tropa hipomóvel está destinada a, prioritariamente, em Operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO), nas Ações de Defesa Territorial, no Cerimonial Militar e nas missões de Representação da Força Terrestre. No entanto, atualmente, o seu emprego prático se dá por meio de Operações de GLO, no Cerimonial Militar e através do deporto equestre que, segundo Mazzoni (2017), além de desenvolver bons atributos nos militares, faz com haja a interação entre a família militar com a sociedade civil.

Figura 1 - Utilização do cavalo em terreno de difícil acesso.

Fonte: Manual Técnico de Equitação (2017, p. 132)

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3.2 UNIDADES EM QUE O CAVALO É EMPREGADO

Atualmente, conforme Brasil (2017), as unidades nas quais é possível ter contato com o cavalo no Exército são: Os três Regimentos de Cavalaria de Guarda, Regimento Dragões da Independência, em Brasília, Regimento Andrade Neves, no Rio de Janeiro e Regimento Osório, em Porto Alegre; nos centros hípicos dos Regimentos de Cavalaria Mecanizados e Regimentos de Cavalaria Blindados; nas seções de equitação da Academia Militar da Agulhas Negras e da Escola de Sargentos das Armas, onde são ministradas instruções para o Corpo de Cadetes e Corpo de Alunos, respectivamente. Na Escola de Equitação do Exército, onde são ministrados os cursos de instrutor e monitor de equitação. Além dessas organizações militares, o contato com o cavalo também se dá na Coudelaria do Rincão, unidade da Força Terrestre responsável pela produção de equinos para cerimonial militar, instrução e representação no âmbito Exército, bem como nos Colégios Militares, onde, segundo Mazzoni (2017), os alunos de Cavalaria passam por instruções visando desenvolver atributos da área afetiva, além de fomentar a prática de uma atividade física.

Figura 2 - Regimento de Cavalaria de Guarda.

Fonte: Manual Técnico de Equitação (2017, p. 134)

Apesar da de todos Oficiais serem submetidos a instruções de Equitação ao longo de sua formação, São os Oficiais de Cavalaria que possuem uma maior intimidade com a prática.

Portando, conforme Ramos (2018), recaem sobre eles a responsabilidade de manutenir o estreitamento dos laços da simbiose Cavalo-Homem dentro do Exército Brasileiro.

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3.3 COMPETIÇÕES HÍPICAS DENTRO DO EXÉRCITO

Antes de citar as principais competições no âmbito Exército, se faz necessário explicar quais são as modalidades hípicas existentes.

3.3.1 Modalidades de Equitação

No que diz respeito as modalidades hípicas, o Exército Brasileiro costuma trabalhar com quatro. São elas: O Adestramento, o Concurso Completo de Equitação, o Salto e o Polo.

Segundo Brasil (2017), o Adestramento tem como objetivo o desenvolvimento do cavalo, de modo a torná-lo um atleta, através de uma educação harmoniosa. Em consequência, o cavalo torna-se calmo, elástico, descontraído e flexível, mas, também, confiante, atento e impulsionado, realizando, assim, um perfeito conjunto com seu cavaleiro.

Durante uma competição de Adestramento, as reprises são julgadas por juízes que atribuem notas para cada movimento da apresentação. Ao final de cada reprise, é calculada a porcentagem de acertos. O conjunto que apresentar a maior porcentagem, em sua reprise, é considerado vencedor.

Já o Concurso Completo de Equitação, conforme Brasil (2017), constitui, como seu nome indica, uma competição combinada e completa. Exige da parte do concorrente uma experiência avançada em todas as disciplinas equestres e um conhecimento preciso de seu cavalo, um grau de formação múltipla, que será resultado de um treinamento adequado e exequível. Compreende uma prova de Adestramento, um “Cross-Country” e uma prova de Saltos de Obstáculos.

Ainda conforme Brasil (2017), a modalidade de Salto consiste, basicamente, em provas em que o conjunto cavalo/cavaleiro realiza um percurso com cerca de oito a doze obstáculos diferentes, com variados graus de dificuldade. O objetivo é terminar o percurso dentro de um limite de tempo, sem cometer faltas

Por último, para Brasil (2017), o Polo é considerado um jogo que se jogo a cavalo no qual duas equipes, com quatro jogadores cada, se enfrentam golpeando uma bola com um taco de madeira cujo o objetivo consiste na marcação de pontos.

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Figura 3 - Concurso Completo de Equitação.

Fonte: Manual Técnico de Equitação (2017, p. 176)

3.3.2 Competições dentro do Exército

Muito embora o hipismo envolva outras vertentes como foi já foi dito neste capítulo, nesse tópico a discussão ficará restrita a modalidade Salto. Conforme Mazzoni (2017), o salto é a modalidade do hipismo que apresenta o maior grau de competitividade, pois exige do cavaleiro postura e controle sobre o cavalo e atitude frente aos obstáculos, ao mesmo tempo que necessita que algumas qualidades do cavalo como força, potência, obediência, velocidade sejam demonstradas.

No Brasil, a principal competição hípica militar é o Campeonato do Exército de Salto.

Essa competição costuma ser disputada entre equipes divididas entre os comandos de área do Exército com tradição em equitação. De acordo com Brasil (2019), em 2019, o campeonato contou com equipes formadas por militares do Comando Militar do Sul, Comando Militar do Leste, Comando Militar do Oeste e Comando Militar do Planalto. Na competição por equipes, sagrou-se campeã a equipe do CMS formada pelo Tenente Breyer, Subtenente Marlon, Sargento Moreno e Sargento Matos. Já na competição individual, subiu ao pódio, em primeiro lugar, o Sargento Matos montando o cavalo Carnaval representando o CMS.

Para conseguir a vaga para disputar o Campeonato do Exército de Salto, são realizadas etapas nos comandos militares de área. Por exemplo, no CMS, existe a Liga Hípica da Fronteira Oeste na qual, militares das organizações militares daquela região, pleiteiam

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uma vaga para representar o CMS no Campeonato do Exército. A Liga Hípica da Fronteira Oeste costuma ocorrer em oito etapas, cada uma sediada por uma organização militar. A seguir, segue uma foto do calendário da Liga Hípica da Fronteiro Oeste disputada no ano de 2014, conforme Liga Hípica da Fronteira Oeste (2014).

Figura 4 - Calendário da Liga Hípica da Fronteira Oeste 2014.

Fonte: alegretetudo.com.br (2014)

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4 A EQUITAÇÃO NA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS

4.1 INSTRUÇÕES DE EQUITAÇÃO DURANTE O CURSO BÁSICO

De acordo com Flores (2016), logo em seu primeiro ano como Cadete, o instruendo do Curso Básico tem, na Seção de Equitação, a oportunidade de desenvolver atitudes inerentes ao miliar. Para isso, o contato com o cavalo se dá em um total de 28 horas-aula que compõem a carga horária total disponibilizada no plano disciplinar do 1º ano para a matéria Técnicas Militares III – Equitação. Todas essas 28 horas-aula são divididas em assuntos que norteiam as instruções de equitação de forma que os cadetes do Curso Básico progridam satisfatoriamente o seu trato com o animal.

Segundo Flores (2016), primeiramente, tais cadetes passam por instruções sobre noções gerais de encilhagem, bem como dão os primeiros passos no que tange o trato com o cavalo. Aprendem sobre as principais partes do cavalo, além de conduzi-lo a mão. Ainda aprendem sobre as principais partes do material de encilhagem, os ajustes de loro e estribo, condução do material de arreamento e a encilhamento propriamente dito.

Após aprenderam sobre as noções gerais do trato com o cavalo, os Cadetes do primeiro ano passam por instruções de montaria. Nessas instruções, de acordo com Flores (2016), aprendem como montar e apear do cavalo, posição das rédeas, posição do cavaleiro em cima do cavalo, equilíbrio, ajustes das pernas, entre outras. Por fim, após adquirirem condições mínimas para conduzir um cavalo de forma que não apresente perigo para si ou para outrem, começam as instruções montadas no exterior. Nessas, aprendem como conduzir um cavalo em um terreno variado, passando por aclives, declives e obstáculos naturais ou artificiais, nas três andaduras.

4.2 INSTRUÇÕES DE EQUITAÇÃO DURANTE O 2º ANO DE CAVALARIA

O Cadete, agora ostentador das lanças cruzadas, símbolo da Cavalaria invicta de Osório, aprofunda seus conhecimentos sobre hipologia e equitação. Para atingir os objetivos desse estudo, nessa fase será focado apenas no que tange sobre a instrução de equitação prática. De acordo com o Plano Disciplinar (2020) do 2º ano do Curso de Cavalaria da AMAN, o Cadete passa por instruções orientadas pelas seguintes unidades didáticas:

Instrução básica do cavaleiro, elementos de equitação, escola do cavaleiro e percurso no exterior. Assim são atingidas 44 horas-aula de contato direto com o cavalo.

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4.2.1 O Cross da espora

Realizado tradicionalmente durante as comemorações da semana da Cavalaria na AMAN, o Cross da espora representa, segundo Sayão (2018), o exercício no qual os mais novos cavalarianos demonstram o seu valor e provam serem dignos de poderem usar as esporas até então proibidas. A prova consiste em um percurso de Cross-Country, no qual os cavaleiros começam a treinar desde que ingressam na Arma de Cavalaria por meados de fevereiro do mesmo ano.

O momento mais especial das comemorações, sem dúvidas, consiste na formatura de entrega das esporas. Acompanhado dos familiares do calouro, seu padrinho, normalmente um militar do 4º ano de Cavalaria, entrega-lhe suas esporas o torna cavalariano de fato e direito. “À noite, as comemorações são impulsionadas pelo tradicionalíssimo e badalado Baile da Cavalaria.” (SAYÃO, 2018).

4.3 INSTRUÇÕES DE EQUITAÇÃO DURANTE O 3º ANO DE CAVALARIA

Já mais familiarizado com as práticas equestres e com muito mais “tempo de sela”, o agora Afim de Cavalaria possuirá 62 horas-aula no que diz respeito à equitação. Dessas, 14 horas-aula são destinas a unidade didática I, que aborda o emprego do cavalo. 20 horas-aula são destinadas a unidade didática II, que abrange o cerimonial militar a cavalo.

Por fim, 28 horas-aula são destinadas a unidade didática III, que aborda o salto por meio de assuntos como trabalho de salto, prova hípica e a competição de Caça à Raposa.

Assim, os Cadetes do terceiro ano adquirem a habilidade necessária, no que tange o trato com o cavalo, para dar continuidade no Curso de Formação de Oficiais de Cavalaria da AMAN.

4.4 INSTRUÇÕES DE EQUITAÇÃO DURANTE O 4º ANO DE CAVALARIA

Para coroar a formação do mais novo Oficial de Cavalaria, o Cadete do 4º ano passa por uma série de instruções para ultimar suas habilidades equestres e concluir, pelo menos durante sua formação militar, o desenvolvimento de atitudes através do contato com o cavalo.

Para isso, durante o último ano de formação, o Cadete de Cavalaria possui uma carga horária de 28 horas-aula divididas entre duas unidades didáticas: o Salto e o Polo. Conforme, o Plano Disciplinar de Equitação do 4º ano, as unidades didáticas são divididas em 14 horas-

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aulas cada e os assuntos ministrados em cada uma são os mesmos: escola do cavaleiro, regulamentos e organização de concursos.

Por último, de acordo com o Plano Disciplinar de Equitação do 4º ano, são realizadas duas provas, uma Avaliação de Aprendizado, referente a parte do Salto, e uma Avaliação de Controle, referente a parte do Polo, para avaliar o aprendizado do mais novo Oficial de Cavalaria do Exército Brasileiro.

Figura 5 - Cadetes de Cavalaria durante a instrução de Equitação.

Fonte: Paula Mariane (2020)

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5 O PAPEL DA EQUITAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO DE ATITUDES

Com objetivo de melhorar o preparo do seu pessoal para bem cumprir as missões que venham a surgir, o Exército busca estar sempre alinhado com o que melhor há no mundo no que se refere a metodologia de ensino para a formação de seus líderes.

Para isso, conforme Ramos (2018), Exército Brasileiro definiu as características que deveriam ser desenvolvidas em seus quadros de pessoal a fim de se criar um “perfil militar”, que nada mais seria se não algumas qualidades que o militar deveria adquirir para bem cumprir sua missão, estas foram intituladas de “Atributos da Área Afetiva.”

Segundo Mazzoni (2017), dentre os inúmeros atributos que foram apontados como essenciais para a formação do perfil militar desejado, alguns já eram desenvolvidos através da prática de equitação, como a coragem, a decisão, a liderança e a rusticidade.

5.1 ATRIBUTOS DA ÁREA AFETIVA

O Chefe do antigo Departamento de Ensino e Pesquisa do Exército Brasileiro (DEP), atual Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx), por meio da Portaria número 012, de 12 de maio de 1998, aprovou a definição de Atributos da Área Afetiva (AAA). O documento em questão definiu que alguns valores deveriam ser desenvolvidos no discente desde a infância e reforçados ao longo da sua formação militar. Conforme Ramos (2018), o documento destaca ainda, os atributos mais representativos para o desenvolvimento, aprimoramento e avaliação, em particular dos militares de carreira, sendo esses, os seguintes:

ADAPTABILIDADE capacidade de se ajustar apropriadamente às mudanças de situações.

AUTOCONFIANÇA capacidade de demonstrar segurança e convicção em suas atitudes, nas diferentes circunstâncias.

AUTOCRÍTICA capacidade de avaliar as próprias potencialidades e limitações frente a ideias, sentimentos e / ou ações.

COOPERAÇÃO capacidade de contribuir espontaneamente para o trabalho de alguém e/ou de uma equipe.

CORAGEM capacidade para agir de forma firme e destemida, diante de situações difíceis e perigosas, seguindo as normas de segurança.

DECISÃO capacidade de optar pela alternativa mais adequada, em tempo útil e com convicção.

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DEDICAÇÃO capacidade de realizar, espontaneamente, atividades com empenho e entusiasmo.

EQUILÍBRIO EMOCIONAL capacidade de controlar as próprias reações para continuar a agir, apropriadamente, nas diferentes situações.

FLEXIBILIDADE capacidade de reformular planejamentos e comportamentos, com prontidão, diante de novas exigências.

LIDERANÇA capacidade de dirigir, orientar e propiciar modificações nas atitudes dos membros de um grupo, visando atingir os propósitos da instituição.

PERSISTÊNCIA capacidade de manter-se em ação continuadamente, a fim de executar uma tarefa vencendo as dificuldades encontradas.

RESISTÊNCIA capacidade de suportar, pelo maior tempo possível, a fadiga resultante de esforços físicos e/ou mentais, mantendo a eficiência.

RUSTICIDADE capacidade de adaptar-se a situações de restrição e/ou privação, mantendo a eficiência. (BRASIL, 1998, p.2, p.3 e p.4, grifo do autor)

Ainda segundo Mazzoni (2017), esses atributos listados acima têm sido de fundamental importância no decorrer das atividades das escolas de formação do Exército, como Acadêmia Militar das Agulhas Negras e Escola de Sargento das Armas, uma vez que norteiam a formação dos futuros Oficiais e Sargentos.

5.2 OS ATRIBUTOS DA ÁREA AFETIVA MAIS DESENVOLVIDOS ATRAVÉS DA EQUITAÇÃO

Este subcapítulo destina-se a explicar e exemplificar os atributos que mais são desenvolvidos através da equitação conforme levanto em questionário realizado com os Cadetes de Cavalaria do 2º, 3º e 4º anos. São eles: A coragem, a decisão, a autoconfiança e a rusticidade.

5.2.1 Coragem

A Portaria n° 012, de 12 de maio de 1998, que estabelece o uso dos Atributos da Área Afetiva nos estabelecimentos de ensino subordinados ao DEP, define coragem como a capacidade para agir de forma firme e destemida, diante de situações desconfortáveis, porém, sem esquecer das normas de segurança.

Por outro lado, analisando um ponto de vista mais filosófico, Aristóteles (2018) definiu coragem como sendo um meio-termo entre covardia e bravura. Resumidamente,

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apesar de todos termos aversão a alguma coisa, os corajosos enfrentam as situações desfavoráveis de forma destemida e não se abalam perante as dificuldades.

A coragem é um atributo inerente a todos os militares de Cavalaria, sejam Praças ou Oficias. Assim sendo, é fácil identificar exemplos de coragem ao longa vida do Patrona da Cavalaria, Manuel Luís Osório, considerado por Doratioto (2002) como um dos melhores militares que o Exército Brasileiro já teve a felicidade de contar.

Durante a guerra, tornou-se lendária a coragem de Osório, ao liderar cargas de cavalaria, ao colocar-se, seguidamente, ao alcance das balas inimigas e ao participar de combates corpo a corpo. Ele foi, sem dúvida, o oficial brasileiro mais admirado pela tropa aliada, cultivando excelentes relações com seus colegas argentinos, e respeitado também pelo inimigo. (DORATIOTO, 2002)

No que diz respeito a Equitação, o próprio contato com um animal de meia tonelada já é um desafio e tanto. Some a isso o fato de montá-lo, controlá-lo e fazê-lo saltar obstáculos de um metro de altura. Logo, Flores (2018) afirma que a prática de equitação é uma excelente forma de desenvolver o atributo coragem no militar.

5.2.2 Decisão

O atributo Decisão foi definido pela Portaria n° 012, de 12 de maio de 1998, do DEP, como a capacidade de optar pela alternativa que lhe pareça ser a mais adequada, em tempo útil e com convicção.

De acordo com Brasil (2002), as tropas de Cavalaria Mecanizada que realizam reconhecimento devem esclarecer a situação e informar o escalão superior quando se depararem com o inimigo. No entanto, caso o comandante da fração que está em contato com inimigo não conseguir comunicar seu superior, deverá utilizar-se de sua decisão para seguir a melhor linha de ação.

Então, pode-se verificar, de acordo com o que diz Savian (2014), que o militar de Cavalaria está acostumado a realizar operações em que, muitas vezes, não conseguirá informar o escalão superior sobre a situação com a qual se deparou. Isto posto, é de vital importância que o mesmo tenha desenvolvido esse atributo ao longo de sua formação para conseguir, então, optar pela alternativa mais adequada.

A Equitação é uma excelente formar de fazer o militar desenvolver a sua capacidade de tomada de decisão, pois é necessário que o cavaleiro decida pelo que é mais conveniente a ele e ao cavalo na hora de transpor um obstáculo. Segundo Brasil (2017), existem, por

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exemplo, competições hípicas de salto em que o cavaleiro deve obter a maior pontuação possível em um determinado tempo. Para isso, o cavaleiro deve decidir qual obstáculo transpor de acordo com a pontuação do mesmo.

5.2.3 Autoconfiança

A Portaria n° 012, de 12 de maio de 1998, que estabelece o uso dos Atributos da Área Afetiva nos estabelecimentos de ensino subordinados ao antigo DEP, atual DECEx, define autoconfiança como a capacidade de demonstrar segurança e convicção em suas ações, nas mais diversificadas situações com a qual se deparar.

No campo em que se aborda a psicologia, Potreck-Rose e Jacob fizeram um estudo sobre a autoconfiança como instrumento para aumentar a autoestima. Então, concluirão que autoconfiança nada mais é senão “uma postura positiva com relação às próprias capacidades e desempenhos. E inclui as convicções de saber fazer alguma coisa, de fazê-lo bem, de conseguir alcançar alguma coisa, de suportar as dificuldades e de poder prescindir de algo”

(POTRECK-ROSE, JACOB, 2008, p. 397).

Quando se trata da Equitação, a autoconfiança é desenvolvida de inúmeras formas.

Seja nos momentos em que o cavaleiro deve se impor perante o animal e fazê-lo obedecer aos seus comandos, seja nas horas de acreditar em si e no cavalo e partir para aquele obstáculo que representa ser intransponível até então. Dessa forma, Mazzoni (2017) afirma que se pode observar que o desenvolvimento da autoconfiança através do hipismo tende a ser diretamente proporcional ao tempo em que o militar interage com o cavalo.

5.2.4 Equilíbrio Emocional

O equilíbrio emocional foi definido pela Portaria n° 012, de 12 de maio de 1998, do DEP, como a capacidade de controlar as próprias reações e emoções com a finalidade de continuar a agir, apropriadamente, nas diferentes situações.

Ao longo da história, existem milhares de exemplos de como o equilíbrio emocional é fundamental para os grandes líderes militares, auxiliando-os a fugir da impulsividade para encarar os problemas com os quais se confrontam. Segundo Marques (2003), Manuel Luís Osório, Patrono da Cavalaria, por exemplo, possuía esse atributo como “aliado” na hora de resolver suas questões.

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Enquanto a Revolução Farroupilha teve como objetivo reivindicar para o Rio Grande do Sul melhor tratamento por parte do Governo Imperial, Osório ficou ao seu lado. Porém, quando tomou rumo separatista e da República, Osório, embora republicano de coração, a combateu. E o fez durante nove anos, pois colocava, acima de tudo, a causa da integridade da Pátria, da qual era penhor seguro o trono imperial.(MARQUES, 2003, p. 162)

Segundo Mazzoni (2017), é fácil desenvolver o equilíbrio emocional através da equitação. É muito comum o cavaleiro se ver sem situações que não planejava como, por exemplo, ao partir para um obstáculo e o cavalo desviá-lo em vez de saltá-lo. Nas primeiras vezes em que passar por uma situação dessas, normalmente o cavaleiro equivocar-se-ia e descontaria sua frustração no animal. No entanto, a medida que desenvolve seu equilíbrio emocional em ocasiões como essa, começará a controlar suas reações e emoções e agirá de forma apropriada.

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6 RESULTADOS E ANÁLISE DE DADOS

6.1 QUESTIONÁRIO

Com o intuito de melhor embasar os conhecimentos adquiridos ao longo da Revisão da Literatura e compreensão preexiste acerca do tema deste trabalho, foi realizado uma pesquisa de campo, considerando o universo dos Cadetes de Cavalaria da AMAN, através de um questionário, de quatro perguntas, do qual foram obtidas sessenta e duas respostas. A seguir, foi feita uma análise dos resultados dessas respostas.

6.2 RESULTADOS

Primeiramente, buscou-se distinguir os anos dos Cadetes que realizaram o questionário perguntando-os “Qual ano de formação você está cursando?” os resultados foram os seguintes:

Gráfico 1 - Ano que o Cadete da AMAN está cursando

Fonte: Autor (2020)

De todas as respostas dessa pergunta, trinta e três foram de Cadetes do 4º ano que demonstram um maior engajamento ao realizar o questionário em questão. Doze pertencem a Cadetes do 3º ano de Cavalaria e, finalmente, dezessete são dos Cadetes do 2º ano.

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A segunda pergunta teve em vista verificar o quanto os Cadetes de Cavalaria concordavam com a afirmação “A prática de Equitação é muito importante para o desenvolvimento atitudinal do Oficial de Cavalaria.” os dados levantados foram os seguintes:

Gráfico 2 - Importância da Equitação no desenvolvimento atitudinal do Oficial de Cavalaria

Fonte: AUTOR (2020)

Quarenta e quatro Cadetes de Cavalaria concordam plenamente com a afirmação levantada no segundo questionamento, enquanto quinze concordaram parcialmente. Nenhum Cadete discordou plenamente da afirmação e somente três discordaram parcialmente.

Prosseguindo, buscou-se descobrir quais são os Atributos da Área Afetiva que o contato com o cavalo desenvolve de forma mais eficiente pela pergunta “Na sua opinião, qual dos atributos abaixo mais se desenvolvem através da Equitação?” era permitido escolher quantos atributos o cadete desejasse. Os resultados foram os seguintes:

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Gráfico 3 - Atributos que mais se desenvolvem através da Equitação

Fonte: AUTOR (2020)

Coragem, com 58 votos, foi elencado como sendo o atributo que mais se desenvolve por meio da prática de Equitação na opinião dos Cadetes de Cavalaria. Autoconfiança, Decisão e Equilíbrio Emocional vêm logo na sequência com 50, 43 e 36 votos respectivamente.

Encerrando o questionário, perguntou-se se os Cadetes concordavam com a afirmação

“Os atributos escolhidos anteriormente são de fundamental importância para o Oficial de Cavalaria.”. As respostas foram as seguintes:

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Gráfico 4 - Importância dos atributos escolhidos anteriormente

Fonte: AUTOR (2020)

Todos os Cadetes que realizaram o questionário proposto concordaram com a afirmação apresentada pelo autor. Sendo sessenta deles (96,8%) plenamente e dois (3,2%) parcialmente.

6.3 ANÁLISE DE DADOS

Com base no problema apresentado, pode-se considerar verdadeira a afirmação constante na introdução deste trabalho no tocante aos cavaleiros que se destacavam, em algumas situações, mais do que aqueles militares que não costumavam montar com frequência. Esses, exteriorizavam atributos, como coragem e autoconfiança, que são fundamentais aos líderes e chefes e muitas outras qualidades que são inerentes a todos os militares da Arma de Cavalaria. Afinal de contas, os autores pesquisados na revisão de literatura, aliados ao questionário realizado perante os Cadetes de Cavalaria, comprovam essa teoria.

No que diz respeito aos dados obtidos através do questionário realizado, a Coragem foi o atributo que se pode elencar como sendo o mais desenvolvido pela prática da Equitação.

Destacaram-se ainda, a Autoconfiança, a Decisão e o Equilíbrio Emocional respectivamente.

Ao cruzar os dados obtidos, pode-se firmar que a opinião da grande maioria dos entrevistados está alinhada com o que dizem os autores pesquisados na literatura utilizada para este trabalho. Savian (2014), por exemplo, assegura que a rusticidade, a coragem, a persistência,

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entre outros, são atitudes desenvolvidas naturalmente através das atividades equestres e que, abrir mão dessa ferramenta seria um desperdício. É evidente que muitas outras atitudes, que foram mencionadas tanto pelos autores pesquisados, quanto pelos militares que responderam o questionário, também podem ser desenvolvidas pelo contato com o cavalo. No entanto, não na mesma escala dos atributos já analisados anteriormente. Outro aspecto a observar os dados obtidos através do questionário, é que todos os entrevistados concordam que as competências desenvolvidas por meio da Equitação são características essenciais, ou seja, inerentes ao Oficial de Cavalaria. Já dizia Marques (2003), os cavalarianos têm suas ações rotuladas como sendo arrojadas, audaciosas e corajosas. Pode-se afirmar então, que grande parte disso, é consequência da proximidade com o cavalo.

Esse trabalho objetivava descobrir quais eram os atributos inerentes ao Oficial de Cavalaria desenvolvidos através da Equitação. Como já exposto, são inúmeros. Mesmo que algumas atitudes se desenvolvam mais do que outras. É complicado elencar esses atributos por tratar-se da opinião pessoal de quem, em algum momento da sua vida, já desenvolveu-os ou que continua a desenvolvê-los. Porém, como visto, é impossível falar das atitudes desenvolvidas na equitação sem citar a Coragem e a Autoconfiança. Portando, o objetivo da pesquisa foi alcançado.

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7 CONCLUSÃO

Como dito na introdução desse trabalho, não se sabe ao certo quando foi que o caminho do cavalo cruzou com a do homem. Entretanto, ao estudar a Cavalaria dos tempos remotos, pode-se afirmar que os cavaleiros se destacavam, em algumas situações, mais do que aqueles militares que não costumavam montar com frequência. Exteriorizavam atributos como coragem e autoconfiança que são fundamentais aos líderes e chefes e muitas outras qualidades que são inerentes a todos os militares da Arma de Cavalaria.

Esse trabalho foi produzido com a finalidade de entender o porquê da afirmação acima, bem como enaltecer a utilização do cavalo no Exército Brasileiro como ferramenta de desenvolvimento dos Atributos da Área Afetiva, principalmente no que se refere a formação do Oficial de Cavalaria. Para isso, primeiramente, buscou-se entender a forma que o Exército Brasileiro emprega o nobre amigo nos dias atuais. Em seguida, foi realizado um breve estudo sobre como o futuro líder da Arma de Osório é exposto às instruções de Equitação, bem como sobre o papel do cavalo no desenvolvimento de atitudes. Após isso, foi realizado um questionário que teve com intenção compreender, na visão dos Cadetes de Cavalaria da AMAN, quais os atributos que mais se desenvolvem por meio da Equitação e qual a sua importância para o Oficial de Cavalaria. Por fim, buscou-se verificar se os dados obtidos alinhavam-se com o pensamento dos autores pesquisados.

Em face do exposto, pode-se afirmar que, sem dúvidas nenhuma, o cavalo é um excelente desenvolvedor de muitos atributos inerentes ao Oficial de Cavalaria. Essa afirmação era ainda mais pertinente antigamente, quando a Cavalaria obtinha vantagem de posição por utilizar o cavalo como ferramenta de plataforma de combate. Ao passar dos anos, com o surgimento da tecnologia e surgimento dos veículos blindados, essas atitudes continuam sendo desenvolvidas pelo contato com o cavalo, mas agora de forma diferente.

Não mais pela sua utilização durante as guerras ou como ferramenta de locomoção, mas sim pelo esporte, através da Equitação.

Portanto, conclui-se que os futuros Oficiais de Cavalaria têm a consciência do quanto é importante a proximidade com o cavalo, mediante a Equitação, como forma de desenvolver Atributos da Área Afetiva. As instruções de Equitação ao longo da formação de Sargentos e Oficiais, não só deve ser mantida, mas deve ser apoiada e expandida. É importante que essas instruções sejam dos níveis mais fáceis, como identificar os diferentes tipos de pelagem do animal, até chegar a níveis mais difíceis, como jogar Polo, objetivando obter, dessa forma, o equilíbrio entre os instruendos. Essa ferramenta deve não só continuar sendo amplamente

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empregada na formação do Oficial e do Sargento de Cavalaria, como também é pertinente expandi-la ainda mais pelo Exército. Uma vez que coragem, autoconfiança, equilíbrio emocional, decisão, rusticidade, entre outras atitudes aperfeiçoadas por meio da Equitação, são inerentes a todos os líderes das pequenas e grandes frações do Exército, não somente aos pertencentes da Arma de Osório.

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REFERÊNCIAS

ARISTÓTELES. A Ética do Nicômaco. 4. ed. Rio de Janeiro: Edipro, 2018.

BRASIL. Departamento de Educação e Cultura do Exército. Manual Técnico Equitação, Rio de Janeiro, 2017.

BRASIL. Estado-Maior do Exército. Manual de Campanha C2-20: Regimento de Cavalaria Mecanizado. 2.ed. 2002.

CAMILO, M.S. Emprego do Cavalo Como Ferramenta Para o Desenvolvimento de Conteúdos Atitudinais. 2017. 40f. Trabalho de Conclusão de Curso. Escola de Equitação do Exército, Rio de Janeiro, 2017.

CAMPEONATOS DE HIPISMO NA ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS Reúnem Militares Brasileiros e de Nações Amigas. Disponível em:

https://www.eb.mil.br/web/noticias/noticiario-do-exercito/-

/asset_publisher/MjaG93KcunQI/content/id/10412384. Acesso em: 18 fev. 2020.

DEPARTAMENTO DE ENSINO E PESQUISA. Portaria n.012º, de 12 de maio de 1998.

Aprova a Conceituação dos Atributos da Área Afetiva, Brasília, 1998.

DORATIOTO, F. F. M. Maldita guerra: Nova história da Guerra do Paraguai. São Paulo:

Companhia das Letras, 2002.

FILHO, A. T. A. Dragões da Independência: tradição e história. 12. ed. Brasília: Biblioteca do Sesquicentenário, 1972.

FLORES, B. M. A Importância da Equitação Militar Para o Desenvolvimento da Liderança no Futuro Oficial de Artilharia. 2016. 61f. Trabalho de Conclusão de Curso.

Academia Militar das Agulhas Negras, Resende, 2016.

LIGA HÍPICA DA FRONTEIRA OESTE será em setembro. Alegrete tudo, Alegrete, 22 de maio de 2014. Disponível em <https://www.alegretetudo.com.br/liga-hipica-da-fronteira- oeste-2014-sera-em-setembo/ > Acesso em: 21 maio 2020.

MARQUES, G. L. Era Uma Vez na Cavalaria: sempre a audácia, a coragem, o arrojo, a carga. 2. ed. Porto Alegre: Alcance, 2003.

MAZZONI, C. T. O Emprego do Cavalo no Exército Como Meio de Projeção do Exército Através do Desporto Equestre. 2017. 38f. Trabalho de Conclusão de Curso.

Escola de Equitação do Exército, Rio de Janeiro, 2017.

POTRECK-ROSE, F.; JACOB, G. Selbstzuwendung, Selbstvertrauen, Selbstakzeptanz.

Psychoterapeutische Interventionen zum Aufbau von Selbstwertgefühl (em alemão).

Estugarda: Clett-Kota, 2008.

RAMOS, J. B. Análise do Desenvolvimento Atitudinal de Cadetes da AMAN Por Meio do Emprego de Equinos. 2018. 110f. Dissertação de Mestrado. Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais, Rio de Janeiro, 2018.

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SAVIAN, J. E. “Haverá Sempre Uma Cavalaria”: tradição e modernização no processo de evolução tecnológica do exército brasileiro (1937-1973). 1. ed. Resende: Edição do Autor, 2014

SAYÃO, R. AMAN Celebra Dia da Arma de Cavalaria. Operacional, 2018. Disponível em: https://www.revistaoperacional.com.br/2018/exercito/aman-celebra-o-dia-da-arma-de- cavalaria/. Acesso em: 24 jun. 2020.

TEIXEIRA, F. M. G. D. Equitação na Academia Militar – Perspectivas dos Mestres e Instrutores. 2016. 93f. Relatório Científico Final do Trabalho de Investigação Aplicada.

Academia Militar, Lisboa, 2016

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APÊNDICE A – PESQUISA SOBRE ATRIBUTOS DESENVOLVIDOS NA EQUITAÇÃO

Esse apêndice tem por finalidade apresentar o questionário aplicado juntos aos Cadetes de Cavalaria da AMAN com o objetivo de apurar sua concepção acerca do tema abordado.

Pesquisa sobre atributos desenvolvidos através da Equitação

1. Qual ano de formação você está cursando?

( ) 2º Ano de Cavalaria ( ) 3º Ano de Cavalaria ( ) 4º Ano de Cavalaria

2. A prática de Equitação é muito importante para o desenvolvimento atitudinal do futuro Oficial de Cavalaria.

( ) Concordo plenamente ( ) Concordo parcialmente ( ) Discordo parcialmente ( ) Discordo plenamente

3. Na sua opinião, qual dos atributos abaixo mais se desenvolvem através da Equitação?

(Selecione quantos atributos desejar)

[ ] Coragem [ ] Decisão [ ] Liderança [ ] Rusticidade [ ] Camaradagem

[ ] Disciplina Intelectual [ ] Equilíbrio Emocional

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[ ] Autoconfiança

4. Os atributos escolhidos anteriormente são de fundamental importância para o Oficial de Cavalaria.

( ) Concordo plenamente ( ) Concordo parcialmente ( ) Discordo parcialmente ( ) Discordo plenamente

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