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Administração. Abordagem Burocrática. Professor Rafael Ravazolo.

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Academic year: 2021

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Abordagem Burocrática

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ABORDAGEM BUROCRÁTICA

Hoje em dia, a Burocracia tem ao menos dois sentidos: um científico (seu tipo puro, estudado dentro da sociologia weberiana) e um popular (que acabou se disseminando por causa das disfunções da burocracia - papelada, morosidade, ineficiência etc.).

Inicialmente será abordada a visão sociológica, que vai definir as características “puras” da burocracia. Após, serão mostradas suas disfunções.

Burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos, a fim de garantir a máxima eficiência.

O conceito de Burocracia teria sido usado pela primeira vez em meados do século XVIII pelo economista Vincent de Gournay para designar o poder exercido pelos funcionários da administração estatal sob a monarquia absolutista francesa.

A burocracia remonta à época da Antiguidade, quando o ser humano elaborou e registrou suas primeiras normas estatais e sociais. Contudo, a burocracia, tal como existe hoje, teve sua origem nas mudanças religiosas verificadas após o Renascimento – séc. XV.

O grande teórico da Burocracia é o sociólogo alemão Max Weber. Importante ressaltar que Weber não inventou a burocracia, tampouco a defendia. Ele relacionou suas características ao estudar a modernização* da sociedade alemã no século XIX. Em outras palavras, a administração burocrática já era praticada na sociedade, mas não era conhecida em detalhes porque ninguém a tinha estudado a fundo e conceituado suas principais características. Modernização, no contexto do autor, representa as mudanças ocorridas nas sociedades capitalistas a partir do século XVIII, que fizeram o mercado e a sociedade civil se distinguirem do Estado: liberalismo, democratização, iluminismo, reforma protestante, revolução industrial, emergência de novas classes sociais etc.

A Burocracia Weberiana

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No livro A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, Weber busca compreender quais foram as especificidades que levaram algumas sociedades ocidentais ao desenvolvimento do capitalismo, enquanto outras sociedades não desenvolveram (ou demoraram a desenvolver) este pensamento.

O sociólogo tinha a convicção de que as concepções religiosas exerciam um papel preponderante na condução e nas transformações econômicas que ocorriam nas sociedades.

Comparando as diversas sociedades ocidentais (local de origem do capitalismo) e as sociedades orientais (onde nenhum sistema econômico parecido havia se desenvolvido), ele concluiu que o protestantismo, mais especificamente o calvinismo, foi o fator principal do desenvolvimento do capitalismo.

Weber notou que o capitalismo, a organização burocrática e a ciência moderna constituem três formas de racionalidade que surgiram a partir dessas mudanças religiosas ocorridas inicialmente em países protestantes – como Inglaterra e Holanda – e não em países católicos. Segundo ele, nas sociedades católicas o lucro era pecado (sendo a pobreza uma das chaves para entrar no céu); porém, as sociedades que adotaram os valores do protestantismo acreditavam que por meio do trabalho o homem alcançaria Deus e, como o trabalho gerava lucros, a riqueza não seria um impeditivo para alcançar o Senhor.

A diferença entre as sociedades está, portanto, na ética protestante: conjunto de normas sociais e morais que pregam o trabalho árduo, a poupança e o ascetismo (desapego aos prazeres mundanos). Essa ética proporcionava a reaplicação das rendas excedentes no próprio negócio, em vez de seu consumo em símbolos materiais e improdutivos de vaidade e de prestígio. Dessa forma, as religiões protestantes contribuíram para a ascensão do capitalismo, enquanto as sociedades católicas conservaram os valores da idade média.

E onde está a burocracia nisso tudo?

O capitalismo é definido pela existência de empresas cujo objetivo é produzir o maior lucro possível, e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. Nesse contexto, a burocracia entra mais fortemente nas sociedades protestantes como uma tentativa de racionalizar a evolução do capitalismo, organizando as pessoas e o crescimento econômico, político e social.

Weber, no livro Economia e Sociedade, define:

“Poder significa toda probabilidade de impor sua própria vontade numa relação social, mesmo contra resistências, seja qual for o fundamento dessa probabilidade”.

Dentre os tipos de poder, ele cita a disciplina e a dominação.

• Disciplina é a “[...] probabilidade de encontrar obediência pronta, automática e esquemática a uma ordem, entre uma pluralidade indicável de pessoas, em virtude de atividades treinadas”.

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Tipos de Dominação

Dentre os fundamentos da dominação está a crença na legitimidade, portanto, quem é dominado crê que tal dominação é legítima.

Existem três tipos puros de dominação legítima, que se distinguem pelo objeto de sua crença: carismática, tradicional e racional-legal.

Importante: “tipo puro” ou “tipo ideal” mostra como se desenrolaria uma ação humana se estivesse orientada para o fim de maneira estritamente racional, pura, sem perturbações ou desvios irracionais. É uma construção conceitual, abstrata, formada a partir de elementos empíricos e, portanto, não é encontrada nessa forma pura na vida real, mas sim misturada com as demais e influenciada por fatores irracionais.

1. Dominação Carismática: baseada na veneração, nas características pessoais que tornam uma pessoa “alguém a ser seguido” (profeta, líder etc.); o líder carismático é assim reconhecido por possuir poderes, senão sobrenaturais, ao menos um comportamento exemplar, ímpar.

2. Dominação Tradicional: tem respaldo nos costumes, nas tradições que legitimam a autoridade; não se obedece a estatutos, mas à pessoa indicada pela tradição; o governante domina com ou sem um quadro administrativo e tem total liberdade para emitir ordens, ficando apenas limitado pelos costumes e hábitos de seu grupo social. Durante o período do Estado Absolutista na Europa, a dominação tradicional redundou em um forte Patrimonialismo: o Estado era uma extensão do patrimônio do soberano, não havia diferenciação entre os bens do governante – res principis – e os bens públicos – res publica –; os empregos públicos eram concessões individuais e os servidores possuíam status de nobreza.

3. Dominação Racional (legal): baseada nas regras e no direito de mando daqueles que, em virtude dessas ordens, estão nomeados para exercer a dominação (autoridade legal e funcional).

Segundo Weber, a forma de legitimidade mais corrente na sociedade é justamente a crença na legalidade, a submissão a estatutos e a procedimentos formalmente corretos.

Ao explorar a questão da dominação racional-legal, o autor aborda que o Estado Moderno é formado por um conjunto de normas e regras, de origem impessoal e pré-determinada, que limita o poder de dominação, mas, ao mesmo tempo, o legitima. Como exemplos dessa dominação legal tem-se a burocracia e o exercício, pelo Estado, do monopólio da violência institucionalizada.

Para Weber, a dominação legal com quadro administrativo burocrático (Administração Burocrática) está mais adaptada às mudanças sociais de sua época - surgimento da sociedade industrial, desenvolvimento da economia monetária, crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas. Por ser a forma mais racional do ponto de vista técnico e formal, ela seria inevitável para as necessidades de administração de massas.

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saber. No Estado Moderno, portanto, a administração burocrática representa uma forma de profissionalização, um contraponto ao patrimonialismo.

Características

A Burocracia é definida como o conjunto de regulamentos, leis e normas que os funcionários devem cumprir, sempre supervisionados e respeitando a hierarquia. Em outras palavras, ela traduz uma organização legal, formal e racional por excelência.

Segundo Weber, a burocracia é um sistema que busca organizar, de forma estável e duradoura, a cooperação de um grande número de pessoas, cada qual detendo uma função especializada. O homem organizacional é um ser que age racionalmente (racionalidade funcional) com base nas regras formais que lhe estabelecem um papel na organização (função). Separa-se a esfera privada e familiar da esfera do trabalho, esta vista como a esfera pública do indivíduo.

A racionalidade da burocracia permite adequar os meios da melhor forma possível para o alcance dos fins, ou, em outras palavras, alcançar a máxima eficiência da organização.

Para o Estado, ela representa uma forma de profissionalização, a qual preconiza o controle a priori das ações, o formalismo, a racionalidade, o atendimento fiel às regras, a impessoalidade, a divisão do trabalho, a hierarquia funcional e a competência técnica baseada no mérito. Pode-se dizer, também, que ela parte de uma desconfiança prévia nos administradores públicos e nos cidadãos que buscam serviços e que, por isso, são sempre necessários controles rígidos dos processos.

As principais características da burocracia são:

1. Caráter legal das normas e regulamentos: normas e regulamentos são estabelecidos previamente, por escrito, determinando todo o funcionamento – define competências, funções, autoridade, sansões etc. Predomínio da lógica científica e racional sobre a lógica "mágica", "mística" ou "intuitiva".

2. Caráter formal das comunicações: comunicações são escritas, gerando comprovação e interpretação unívoca. Por outro lado, a informação é discreta, pois é fornecida apenas a quem deve recebê-la.

3. Racionalidade e divisão do trabalho: divisão racional do trabalho, limitando as tarefas a serem realizadas por cada cargo, buscando maior eficiência. Cada função é específica, com competências, poderes e responsabilidades bem definidas. Isso reduz o atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece o que é exigido dele e quais os limites entre suas responsabilidades e as dos outros.

4. Impessoalidade nas relações: o poder e a responsabilidade de cada pessoa são impessoais, não pertencem a ela, mas derivam da função que ela exerce. As relações são baseadas nos cargos/funções e não nas pessoas.

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aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque concordam com um conjunto de preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando.

6. Rotinas e procedimentos padronizados: as atividades de cada função são definidas e padronizadas pelos regulamentos. A pessoa não faz o que quer, e sim que deve fazer de acordo com as regras. Há aprimoramento dos processos de trabalho em função dos objetivos.

7. Competência técnica e meritocracia: profissionalização das relações de trabalho, visando à garantia da igualdade de tratamento perante regras e à redução do clientelismo. Da mesma forma, a escolha da pessoa (seleção, transferência, promoção etc.) para exercer uma função é feita de forma técnica e baseada no mérito e na qualificação profissional. Somente o chefe supremo da organização ocupa sua posição de autoridade em virtude de apropriação, eleição ou designação para a sucessão, mas mesmo sua autoridade consiste num âmbito de competência legal.

8. Especialização da administração: separação entre propriedade e administração. As pessoas não são donas do cargo ou dos bens a ele ligados.

9. Profissionalização dos participantes: o cargo é uma profissão e as pessoas devem ter intensa instrução para assumir a função. As pessoas em uma estrutura burocrática tornam-se profissionais especialistas, ocupam um cargo por tempo indeterminado, são assalariadas, nomeadas por instâncias superiores dentro das regras definidas, devem ser fiéis ao cargo, podem ser promovidas pelo mérito e seguem carreira dentro da instituição.

10. Completa previsibilidade do funcionamento: esta é a consequência desejada. A previsibilidade do comportamento das pessoas, de acordo com as normas, gera rapidez nas decisões, univocidade nas tarefas, confiabilidade, redução de falhas e maior eficiência, pois cada um conhece o que deve ser feito e por quem e as ordens e papéis tramitam através de canais pré-estabelecidos.

Por fim, uma característica menos citada na literatura, mas que também explica o avanço da burocracia é o isomorfismo: a estrutura impessoal é um modelo fácil de ser transportado para outras sociedades, países e culturas.

Vantagens

Diversas razões explicavam o avanço da burocracia sobre as outras formas de associação. Essas chamadas “vantagens” da Burocracia são:

(8)

• Precisão na definição dos cargos e operações.

• Rapidez nas decisões – cada um conhece as regras e os canais de comunicação.

• Univocidade de interpretação – regulamentação específica e escrita, transmitida para quem deve recebê-la.

• Uniformidade de rotinas e procedimentos – favorece a padronização e a redução de erros.

• Continuidade da organização, mesmo com a substituição do pessoal.

• Redução do atrito entre as pessoas – cada funcionário sabe seu papel e responsabilidades.

• Constância – os mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas circunstâncias.

• Confiabilidade – regras conhecidas, processos previsíveis (gerando os mesmos resultados).

• Benefícios para as pessoas – hierarquia formalizada, trabalho ordenado, treinamento, carreira e meritocracia.

Crítica: as Disfunções da Burocracia

O próprio Weber era um crítico à burocratização, que, para ele, constituía a maior ameaça à liberdade individual e às instituições democráticas e, por isso, deveria ser controlada pelo Parlamento: “É horrível pensar que o mundo possa vir a ser um dia dominado por homenzinhos colados a pequenos cargos, lutando por maiores [...]”.

A teorização de Weber foi empobrecida pela reinterpretação cultural, principalmente na obra do americano Talcott Parsons, que traduziu Weber para o inglês. Parsons usou diversos conceitos weberianos de forma equivocada e fomentou o chamado Funcionalismo Estrutural (posteriormente adotado na Administração como Teoria Estruturalista). O estruturalismo vê a sociedade como um organismo unívoco e funcional. Dentro desse sistema, o indivíduo é simplesmente um reflexo da vida social, se adaptando e cumprindo uma função (um papel), como uma formiga em um formigueiro.

Essa mesma interpretação errada fez alguns autores incluírem Weber na Escola Clássica.

Não se pode esquecer que o ponto central da obra de Weber era a dominação burocrática, não a estrutura burocrática em si como um modelo a ser seguido para organizações. As críticas à burocracia “tipo puro” de Weber são, portanto, oriundas de um erro de interpretação, pois ele não tinha a intenção de tornar a burocracia um modelo administrativo para as organizações modernas, ele apenas descreveu as características mais básicas de algo que já existia na sociedade.

(9)

de burocracia, os quais prezam principalmente pela “humanização” e necessidade de adaptação ao ambiente.

Um desses autores foi Robert K. Merton. Segundo ele, o homem foi excluído dos estudos de Max Weber – o qual descreveu um sistema social desumano e mecanicista. Quando participa da burocracia, o homem passa por transformações que fazem com que toda a previsibilidade, que deveria ser a maior consequência da organização, escape ao modelo preestabelecido. Merton diagnosticou e caracterizou as seguintes disfunções:

1. Internalização das normas.

2. Excesso de formalismo e papelório. 3. Resistência a mudanças.

4. Despersonalização do relacionamento.

5. Categorização do processo decisório – excesso de hierarquia.

6. Superconformidade às rotinas e procedimentos – maior importância ao modo de fazer do que ao resultado.

7. Exibição de sinais de autoridade. 8. Dificuldades com clientes.

Outros autores citam diversas disfunções:

• Individualismo: consequência da disputa pelo poder. • Defesa de interesses particulares e corporativismo

• A burocracia não assimila as novas tecnologias adotadas pela organização.

• Mecanicismo: o ponto de vista de Weber é puramente mecânico e não político, no qual as pessoas são vistas como seguidoras de regras em um sentido mecanicista e não como criaturas sociais interagindo dentro de relacionamentos sociais. Em outras palavras, não considerou os aspectos subjetivos e informais, como a aceitação das normas e a legitimação da autoridade, nem a reação formal da organização perante a falta de consentimento dos subordinados.

• Os recursos humanos não são plenamente utilizados por causa da desconfiança, do medo de represálias etc. Ela modifica a personalidade das pessoas que se tornam obtusas, limitadas e obscuras: o "homem organizacional" (funcional) condicionado.

(10)

• Ao formular o modelo burocrático de organização, Weber não previu a possibilidade de flexibilidade da burocracia para atender a duas circunstâncias: a adaptação da burocracia às exigências externas dos clientes; a adaptação da burocracia às exigências internas dos participantes.

• O modelo "racional" de organização adota a lógica de sistema fechado em busca de certeza e previsão exata; não considera a natureza organizacional e nem as condições circunjacentes do ambiente; em resumo, a teoria weberiana se assemelha à Teoria Clássica da organização quanto à ênfase na eficiência técnica e na estrutura hierárquica da organização.

• Dentro da organização formal desenvolve-se uma estrutura informal que gera atitudes espontâneas das pessoas e grupos para controlarem as condições de sua existência. Assim, a burocracia deve ser estudada sob o ponto de vista estrutural e funcional e não sob o ponto de vista de um sistema fechado e estável, como no modelo weberiano. Essa análise deve refletir os aspectos do comportamento organizacional interno, bem como o sistema de manutenção da organização formal.

• O caminho moderno consiste em utilizar o modelo burocrático de Weber como ponto de partida, mas reconhecendo as suas limitações e consequências disfuncionais. A forma burocrática é mais apropriada para atividades rotineiras e repetitivas da organização em que a eficiência e a produtividade constituem o objetivo mais importante; mas não é adequada às organizações flexíveis que se veem à frente de atividades não rotineiras, em que a criatividade e a inovação são mais importantes.

• Para Gouldner, não há um tipo único de burocracia, mas uma infinidade, variando dentro de um continuum, que vai desde o excesso de burocratização (em um extremo) até a ausência de burocracia (no extremo oposto), ou seja, há graus de burocratização. Ele também cita 3 tipos de estruturas burocráticas: falsa – formada por regras que não representam ninguém e, por isso, são frequentemente desobedecidas; autocrática – representa os interesses de um grupo dominante; representativa – respeita interesses de todos os grupos organizacionais.

Perrow, um defensor da burocracia, a chama de visão “instrumental" das organizações: essas são vistas como arranjos conscientes e racionais dos meios para alcançar fins particulares. Para Perrow a burocratização envolve: especialização; necessidade de controlar as influências dos fatores externos sobre os componentes internos; um ambiente externo imutável e estável. Por fim, há uma terceira visão sobre Burocracia (além da weberiana e da popular). Alguns autores enxergam a burocracia (mais especificamente os burocratas) como uma classe social, a qual assume várias formas: burocracia estatal, burocracia empresarial, partidária, sindical etc. Os burocratas teriam a tendência a se unir como um segmento social diferenciado da população em geral, buscando privilégios e poder. No caso dos burocratas do serviço público, por exemplo, entrar nessa classe exige certo nível de instrução, que na maioria dos casos só está amplamente disponível a uma minoria da população, e dessa forma a Burocracia se torna mais uma fonte de captação de segmentos sociais privilegiados.

(11)

consegue privilégios, do mesmo modo diversas classes dominantes foram privilegiadas ao longo da história.

(12)

Slides – Abordagem Burocrática

Max Weber – Teoria da Burocracia

☼ 1864 – † 1920

Professor, Sociólogo, Filósofo, Jurista, Economista,

Cientista Político...

Era Administrador de empresas?

Inventou a burocracia?

Defendia a Burocracia?

1

Burocracia

• Século XVII - Vincent de Gournay

‒Poder exercido pelos funcionários da administração estatal

sob a monarquia absolutista francesa.

‒Bureau = escritório + krátos = poder, força

‒“Temos uma doença que faz muitos estragos; essa doença

se chama buromania”.

‒Gounay considerava a burocracia uma quarta forma de

governo (junto com monarquia, aristocracia e democracia).

(13)

Burocracia

• O que é burocracia?

‒Diversas visões:

o

Sociológica - Weber - tipo puro, tipo ideal

o

Popular – disfunções

o

Classe social

X

3

Max Weber

Para Weber interessava sobretudo entender a forma pela

qual uma comunidade social aparentemente amorfa

chegava a transformar-se em sociedade dotada de

racionalidade.

Entendia que a peculiaridade histórica do Estado moderno

estava exatamente em ser uma empresa similar a uma

fábrica.

(14)

Max Weber

• Weber não se preocupou em definir a burocracia: ele

relacionou suas características ao estudar a modernização na

sociedade alemã no século XIX.

‒Modernização = mudanças nas sociedades capitalistas:

liberalismo, democratização, iluminismo, reforma

protestante, revolução industrial, emergência de novas

classes etc.

• Para Weber: burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos, a fim de garantir a máxima eficiência.

5

Max Weber

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Max Weber

• Burocracia - remonta à Antiguidade, quando o ser

humano elaborou e registrou suas primeiras normas

estatais e sociais.

• Burocracia de hoje: origem nas mudanças religiosas

verificadas após o Renascimento – séc. XV.

7

Max Weber

“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”

• Por que algumas sociedades ocidentais desenvolveram o

capitalismo, enquanto outras sociedades não?

‒Por convicções religiosas!

• Catolicismo: lucro = pecado

• Ética Protestante: normas sociais e morais que pregam o

trabalho árduo, a poupança e o ascetismo (desapego aos

prazeres mundanos).

‒ Reaplicação dos excedentes no próprio negócio, em vez do consumo

em símbolos improdutivos de vaidade e de prestígio.

(16)

Max Weber

“A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”

• O capitalismo, a organização burocrática e a ciência moderna

são três formas de racionalidade que surgiram a partir das

mudanças religiosas ocorridas inicialmente em países

protestantes - Inglaterra e Holanda – e não em países católicos.

‒Capitalismo = empresas cujo objetivo é o maior lucro possível

e cujo meio é a organização racional do trabalho/produção.

• Papel da Burocracia = racionaliza a evolução do capitalismo,

organizando as pessoas e o crescimento econômico, político e

social.

9

Max Weber

• Livro “Economia e Sociedade”

‒Originalmente: parte da coletânea Grundriss

der Sozialökonomik - Elementos de economia

social

‒Obra póstuma:

o

4 primeiros capítulos (conceitos sociológicos

básicos) - escritos em 1919-1920 e entregues

para publicação pelo próprio Weber.

o

Outros segmentos – manuscritos

(entre 1909 e 1914) organizados

pela viúva (Marianne Weber).

(17)

Economia e Sociedade

• “Tipo puro” ou “Tipo ideal”: mostra como se desenrolaria uma

ação humana se estivesse orientada para o fim de maneira

estritamente racional, pura, sem perturbações ou desvios

irracionais.

‒Conceito abstrato - não encontrado na vida real.

‒“A sociologia constrói conceitos de tipos e procura regras

gerais dos acontecimentos”

‒Ex: três tipos puros de dominação legítima - carismática,

tradicional, racional-legal

• Ação real: influenciada por irracionalidades

11

• Estudos sobre poder: probabilidade de impor a própria

vontade em uma relação social.

• Tipos de poder:

‒Disciplina - obediência pronta, automática

‒Dominação - “probabilidade de encontrar obediência a

uma ordem de determinado conteúdo, entre

determinadas pessoas indicáveis”

(18)

Burocracia Weberiana

• Tipos de dominação:

‒Carismática: baseada na veneração - características pessoais

especiais, poderes sobrenaturais etc.

‒Tradicional: baseada em costumes, tradições – típica do

Estado Absolutista - patrimonialismo

‒Racional-legal: baseada nas regras, nos estatutos, no direito

de mando das autoridades legais

• “a forma de legitimidade mais corrente na sociedade é moderna é a

crença na legalidade, a submissão a estatutos e a procedimentos

formalmente corretos.”

‒Estado Moderno = conjunto de normas e regras, de origem

impessoal e pré-determinada

‒Vantagem da administração burocrática: é a forma mais racional

do ponto de vista técnico e formal

‒É inevitável para a administração de massas

‒É uma forma de profissionalização

‒É a dominação baseada no saber/conhecimento

(19)

Dominação Tradicional

• Não se obedece a estatutos, mas a pessoas indicadas pela

tradição.

‒Tem respaldo nos costumes, nas tradições.

• Não possui elementos como:

‒competência fixa segundo regras objetivas;

‒hierarquia racional fixa;

‒nomeação e promoção regulada por contrato;

‒formação profissional;

‒salário fixo - as fontes de sustento dos "servidores" são a

apropriação privada de bens e a degeneração do direito a

taxas.

15

Dominação Tradicional

• Base do Patrimonialismo.

• Estado = extensão do poder e do patrimônio do soberano

‒Não havia diferenciação entre os bens do governante (res

principis) e os bens públicos (res publica).

‒Captura da Adm. Pública por entes privados.

‒Falta de regras universais – predominância de situações

casuísticas e personalistas.

• Consequências: Nepotismo, Prebendas e sinecuras,

Clientelismo, Corrupção, Fisiologismo.

(20)

Dominação Carismática

• Carisma: qualidade pessoal considerada extracotidiana.

‒Se atribuem a uma pessoa poderes ou qualidades

sobrenaturais.

o“O Líder” e “os adeptos”

‒Psicologicamente, esse “reconhecimento” é uma entrega

crente e inteiramente pessoal, nascida do entusiasmo ou da

miséria e esperança.

17

Burocracia Weberiana - características

Pra quem adora listagens:

1. Caráter legal das normas e regulamentos 2. Caráter formal das comunicações

3. Racionalidade e divisão do trabalho 4. Impessoalidade nas relações

5. Hierarquia de autoridade

(21)

Burocracia Weberiana - características

1. Caráter legal das normas e regulamentos

‒Estabelece previamente todo o funcionamento – define

competências, funções, autoridade, sansões etc.

‒Predomínio da lógica científica e racional sobre a lógica

"mágica", "mística" ou "intuitiva".

2. Caráter formal das comunicações

‒Escritas, gerando comprovação e interpretação unívoca.

‒Discreta - fornecida apenas a quem deve recebê-la.

Burocracia Weberiana - características

3. Racionalidade e divisão do trabalho

‒Limita as tarefas de cada cargo/função

o

Objetivo: reduz o atrito entre as pessoas

‒Cada função é específica e especializada, com

competências, poderes e responsabilidades bem

definidas.

o

Homem organizacional – racionalidade funcional

4. Impessoalidade nas relações

(22)

Burocracia Weberiana - características

5. Hierarquia de autoridade

‒Hierarquia rígida – superior controla e

supervisiona

‒Subordinados aceitam as ordens como legítimas

6. Rotinas e procedimentos padronizados

‒A pessoa não faz o que quer, mas o que deve.

‒Processos de trabalho aprimorados em função

dos objetivos.

7. Competência técnica e meritocracia

‒Profissionalização das relações de trabalho

‒Igualdade de tratamento perante regras

‒Seleção, promoção por mérito e competência

‒Exceção: o chefe supremo da organização

8. Especialização da administração

‒Separação entre propriedade e administração

‒Ninguém é dono do cargo e dos bens a ele ligados

(23)

9. Profissionalização dos participantes

‒O cargo é uma profissão (especializada).

‒Exige-se intensa instrução para assumir a função

‒Ocupação do cargo por tempo indeterminado

‒Assalariado

‒Nomeação e promoção por instâncias superiores

dentro das regras definidas (competência, mérito)

‒Fidelidade ao cargo

Burocracia Weberiana - características

Burocracia Weberiana - características

10. Completa previsibilidade do funcionamento

‒É a consequência desejada.

‒Gera rapidez nas decisões, univocidade nas tarefas,

confiabilidade, redução de falhas e maior eficiência.

típicos termos pra pegadinha da banca

• Característica “extra”:

(24)

Burocracia Weberiana - características

Causas

• Legalidade; • Impessoalidade;

• Formalidade das comunicações – documentação; • Racionalidade; • Divisão do trabalho; • Qualificação e meritocracia; • Profissionalização; • Disciplina, controle; • Hierarquia;

• Separação patrimonial (público e privado) Consequências • Previsibilidade do comportamento • Padronização do desempenho • Máximo rendimento – eficiência

Burocracia Weberiana - vantagens

• Vantagem = avanço da burocracia sobre as outras formas de

associação

‒Racionalidade e precisão

‒Rapidez nas decisões

‒Univocidade de interpretação

‒Uniformidade de rotinas e procedimentos

‒Continuidade da organização e constância

‒Redução do atrito entre as pessoas

‒Confiabilidade – previsibilidade

(25)

Resumo - Burocracia Weberiana

• Palavras-chave

: formal, legal, racional, impessoal,

eficiente, profissional, mérito, especialização

• Coisas que as bancas dizem:

‒ Conjunto de regulamentos, leis e normas que os funcionários devem

cumprir, sempre supervisionados e respeitando a hierarquia.

‒ É um sistema que busca organizar, de forma estável e duradoura, a

cooperação de um grande número de pessoas, cada qual detendo

uma função especializada.

‒ Separa-se a esfera privada e familiar da esfera do trabalho, esta vista

como a esfera pública do indivíduo.

‒ Permite adequar os meios da melhor forma possível para o alcance

dos fins, ou, em outras palavras, alcançar a máxima eficiência da

organização.

Disfunções da Burocracia

• Disfunções: problemas da burocracia na prática

• Para os autores que criticam a burocracia:

(26)

Disfunções da Burocracia

• Weber era um crítico à burocratização:

‒“É horrível pensar que o mundo possa vir a ser um dia

dominado por homenzinhos colados a pequenos cargos,

lutando por maiores”

• Weber foi reinterpretado de forma equivocada: o ponto central

de sua obra era poder e dominação.

‒As críticas à burocracia “tipo puro” de Weber são oriundas

desse erro

‒Ele não queria tornar a burocracia um modelo administrativo

para as organizações modernas

‒Ele apenas descreveu suas características mais “puras”

Disfunções da Burocracia

• Merton - burocracia é um sistema social desumano e

mecanicista.

‒ Internalização das normas.

‒ Excesso de formalismo e papelório. ‒ Resistência a mudanças.

‒ Despersonalização do relacionamento.

‒ Categorização do processo decisório - excesso de hierarquia.

‒ Superconformidade às rotinas e procedimentos - maior importância ao modo de fazer do que ao resultado.

(27)

Disfunções da Burocracia

• Outros autores:

‒Weber analisou a burocracia sob um ponto de vista puramente

mecânico e não político.

‒Weber não considerou a estrutura informal que gera atitudes

espontâneas das pessoas e grupos.

‒A burocracia não assimila as novas tecnologias.

‒Pessoas não são plenamente utilizadas, se tornam obtusas,

limitadas e obscuras.

‒Weber não previu a possibilidade de flexibilidade para atender

exigências internas e externas.

‒Adota a lógica de sistema fechado em busca de certeza e previsão

exata.

Disfunções da Burocracia

• Autores estruturalistas:

‒O caminho moderno consiste em utilizar o modelo

burocrático de Weber como ponto de partida, mas

reconhecendo as suas limitações e consequências

disfuncionais.

o

É adequada para atividades rotineiras e repetitivas; não é para

organizações flexíveis.

(28)

Burocracia como classe social

• Burocratas

‒Tendência a se unir como um segmento social diferenciado

da população em geral, buscando privilégios e poder.

• Administração da coletividade: burocratismo

• China, Rússia etc. – classe de funcionários que detinha o Estado como sua

propriedade.

• A sociedade moderna é uma sociedade de organizações burocráticas

submetida a uma grande organização burocrática: o Estado.

• Burocracia é poder, controle e alienação.

Burocracia - resumo

Referências

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