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Repercussões econômicas das contratações do FNE no setor do nordeste, sob a ótica da matriz de insumoproduto do nordeste

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA CURSO DE MESTRADO EM ECONOMIA RURAL

RAUL KLEBERSOM MOURA DA SILVA

REPERCUSSÕES ECONÔMICAS DAS CONTRATAÇÕES DO FNE NO SETOR AGROINDUSTRIAL DO NORDESTE, SOB A ÓTICA DA MATRIZ DE

INSUMO-PRODUTO DO NORDESTE (1989-2008)

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RAUL KLEBERSOM MOURA DA SILVA

REPERCUSSÕES ECONÔMICAS DAS CONTRATAÇÕES DO FNE NO SETOR AGROINDUSTRIAL DO NORDESTE, SOB A ÓTICA DA MATRIZ DE

INSUMO-PRODUTO DO NORDESTE (1989-2008).

Dissertação apresentada à Coordenação do Curso de Mestrado em Economia Rural da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia Rural.

Área de concentração: Economia Rural. Orientador: Prof. Ph.D. Ahmad Saeed Khan

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S586r Silva, Raul Klebersom Moura da.

Repercussões econômicas das contratações do FNE no Setor agroindustrial do Nordeste, sob a ótica da matriz de insumo-produto do Nordeste (1989-2008) / Raul Klebersom Moura da Silva. – Fortaleza, 2010.

111 f. : il.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, Fortaleza, 2010.

Orientador : Profº. Phd. Ahmad Saeed Khan

1. Avaliação de impactos 2. Desenvolvimento regional 3.

Agroindústria 4. Matriz de insumo-produto 5. FNE I. Khan, Ahmad Saeed II. Universidade Federal do Ceará – Curso de Mestrado em Economia Rural III. Título.

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REPERCUSSÕES ECONÔMICAS DAS CONTRATAÇÕES DO FNE NO SETOR AGROINDUSTRIAL DO NORDESTE, SOB A ÓTICA DA MATRIZ DE

INSUMO-PRODUTO DO NORDESTE (1989-2008)

Dissertação apresentada à Coordenação do Curso de Mestrado em Economia Rural da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia Rural. Área de concentração: Economia Rural

Data da Aprovação ____/____/_______

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________ Prof. PH.D. Ahman Saeed Khan (Orientador)

Universidade Federal do Ceará – UFC

__________________________________________________ Profª. Dra Patrícia Verônica Pinheiro Sales

Universidade Federal do Ceará – UFC

__________________________________________________ Prof. Dr. Maurício Teixeira Rodrigues

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Dedico esta dissertação,

A Deus, ser eterno, imortal, invisível, porém real, que me deu o Dom da vida, matéria-prima fundamental de minha existência, me presenteou com a liberdade, me abençoou com a inteligência e, mais do que tudo, me deu forças para lutar em prol dos meus objetivos. A Ele cabe toda honra e toda glória desta conquista.

A meus pais, instrumentos de Deus na concepção do meu bem mais valioso: A vida. Já por este motivo seria infinitamente grato, mas ainda assim eles revestiram a minha existência de amor, carinho e dedicação; abriram as portas do meu futuro, iluminando-o com a luz mais brilhante que puderam encontrar: o estudo; trabalharam dobrado, sacrificando seus sonhos para que eu pudesse realizar os meus; não foram apenas pais, mas também amigos e companheiros, mesmo nas horas em que meus ideais pareciam um pouco distantes e inatingíveis. Obrigado meus pais por mais esta realização e pela lição de amor que me ensinaram durante toda a vida. Tomara Deus que eu possa ensiná-la também a meus filhos.

A meu irmão, pelo incentivo e apoio incondicionais e imprescindíveis nas horas difíceis e principalmente pelo companheirismo e sinceridade que sempre nortearam a sua trajetória e me inspiraram durante toda minha existência.

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AGRADECIMENTOS

Concluir um mestrado acadêmico tendo que dividir as atenções entre o estudo e o trabalho não é tarefa fácil e certamente não seria possível se eu não tivesse contado com auxílios fundamentais. Neste propósito, quero aqui fazer um justo reconhecimento a algumas pessoas que foram imprescindíveis à realização desta árdua tarefa.

Primeiramente, quero agradecer ao meu Orientador, Prof. Saeed pela paciência e apoio irrestrito dedicados, pelas cobranças e, principalmente, por nunca ter deixado de acreditar em mim, mesmo nos momentos em que, por força das dificuldades, nem mesmo eu tinha fé nesta realização. Mais que um professor, tive a sorte e a felicidade de ter encontrado um amigo, conselheiro e, em determinados momentos, quase um pai.

Agradeço também aos demais membros de minha banca, Professores Patrícia e Maurício, pelas orientações que, sem sombra de dúvidas, ajudaram a engrandecer o meu trabalho, e aos amigos Adonias Barreto, Otávio Miranda, Ricardo Vidal, Roberto Gomes, Marcos Falcão e Francisco Evangelista pelas “consultorias gratuitas” e contribuições durante o desenvolvimento deste estudo.

Agradeço aos meus amigos e colegas do BNB/ETENE, em especial aos amigos Francisco Diniz, Janaína Carvalho, Elias Cartaxo, Wandemberg Almeida, Marcelo Barbosa, Aírton Júnior, Laura Freire, Clarício Filho, Maria das Candeias, Fernando Viana, Elizabeth Castelo Branco, Rousianne Virgulino, Hermano Pinho, Wendell Carneiro, Jackson Coêlho e demais colegas pelo apoio em relação a minhas demandas.

Aos meus amigos-irmãos, Antônio Carlos Sobrinho e Orlando Carvalho, pelo companheirismo em todas as horas e demais amigos de “causa e copo”, por terem compreendido as minhas necessidades acadêmicas e me poupado dos eventos sociais, o que me permitiu ter a paz necessária para produzir.

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“Os homens de minha geração demonstraram que está ao alcance do engenho humano conduzir a humanidade ao suicídio. Espero que a nova geração comprove que também está ao alcance do homem abrir caminhos de acesso a um mundo em que prevaleçam a compaixão, a felicidade, a beleza e a solidariedade.”

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RESUMO

Avalia as repercussões econômicas das contratações do FNE no setor agroindustrial do Nordeste no período de 1989 a 2008, inovando, em relação às análises tradicionais, ao mudar o foco da análise de impactos da esfera do Programa para o âmbito das atividades características do setor. Para tal, foi utilizada como ferramenta para mensuração de impactos, a recentemente atualizada Matriz de Insumo-Produto do Nordeste. Dessa forma, mensurando os impactos individuais das atividades e posteriormente agregando-os foram encontrados os resultados para o Setor. De maneira geral, os citados resultados confirmaram que os recursos do FNE direcionados ao setor agroindustrial foram fundamentais para a economia nordestina, haja vista que, representando apenas 6,9% do total aplicado pelo citado Fundo na Região, impactaram na inserção de R$ 11,7 bilhões em Valor Bruto da produção, que por sua vez, se materializaram em incrementos no PIB da Região da ordem de R$ 5,9 bilhões e na criação e manutenção, em média, de 15.145 postos de trabalho por ano, durante o período de análise. O FNE foi responsável ainda por impactos de R$ 1,7 bilhão na massa salarial e pela geração de cerca de R$ 1,9 bilhão em receitas tributárias em favor da Administração Pública. Neste particular, os setores de Fabricação de açúcar e Fabricação de celulose e Pasta mecânica foram os que apresentaram os maiores impactos e os melhores multiplicadores em praticamente todas as variáveis estudadas. Não obstante os resultados mencionados, os elevados percentuais de transbordamento e baixos índices puros de ligação identificados evidenciaram o Nordeste como um comprador de produtos com maior valor agregado em relação àqueles que ele vende, o que o torna um exportador de riqueza e tributos, assim como deficitário em relação à sua balança comercial e significante dependente dos setores produtivos do restante do país.

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ABSTRACT

Evaluates the economical repercussions of FNE financing contracts in the agro industry sector during the period of 1989 to 2008, innovating, in relation to traditional assays, as it changes the focus analysis of the Program’s sphere to the scope of the characteristically activities of the sector. For doing so, it has been used as a tool for impact measurement, the recently up-to-date Northeast Input-output Matrix. Under this way, measuring the individual impacts of the activities and, afterward, aggregating them, there has been found the results for the Sector. Overall, the mentioned results confirmed that the FNE resources directed to the agribusiness sector have been fundamental to the northeastern economy, considering that, representing only 6,9% of the total applied by the mentioned Fund in the Region, it has impacted on the Gross Value insertion of R$ 11,7 billions in the production; which, for its turn, has been materialized in increments on the Region’s PIB of about R$ 5,9 billions and in the creation and maintenance in an average of 15.145 work opportunities each year, during the analysis period. FNE has still been responsible for impacts of R$ 1,7 billion on the total wages and for the generation of around R$ 1,9 billion in tributary income in favor of the Public Administration. Regarding this, the sectors that manufacture sugar, and cellulose and mechanical paste have been the ones that presented the biggest impacts and the best multipliers in practically all the variables studied. In despite of the mentioned results, the elevated percentages of overflowing and low pure bonding indexes identified have evidenced the Northeast as a products buyer with a bigger aggregated value in relation to those to whom it sells, which is what turns it into an exporter of wealth and taxes, as well as an in deficit in relation to its trade balance and meaningful dependent on the productive sectors of the rest of the country.

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LISTA DE SIGLAS

AGRIN – Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Agroindústria do Nordeste BNB – Banco do Nordeste do Brasil S.A.

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada CHESF – Companhia Hidro Elétrica do Vale do São Francisco CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CODEVASF – Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba CVSF – Comissão do Vale do São Francisco

ETENE – Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste

FIDENE – Fundo de Investimentos para o Desenvolvimento Econômico e Social do Nordeste

FINOR – Fundo de Investimentos do Nordeste FIPE – Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas

FNE – Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste GTDN – Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços IDH – Índice de Desenvolvimento Humano

IGP-DI – Índice Geral de Preços – “Disponibilidade Interna” ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain

INDUSTRIAL – Programa de Apoio ao Setor Industrial do Nordeste IPI – Imposto Sobre Produtos Industrializados

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior MIP – Matriz de Insumo Produto do Nordeste

PIB – Produto Interno Bruto

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

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VA – Valor Adicionado

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO...13

2. MODELO CONCEITUAL... 19

2.1. Sobre o Papel do Investimento ... 19

2.2. Aspectos relevantes sobre a Agroindústria ... 20

2.2.1. A importância da agroindústria ... 21

2.2.2. O papael da aroindústria para o desenvolvimento do Nordeste ... 22

2.2.3. A agroindústria em números ... 23

2.2.3.1. Panorama nacional ...24

2.2.3.2. Panorama nordestino ... 27

2.3. Conhecendo a Teoria de Insumo-Produto...29

2.3.1. Modelo de Insumo-Produto Regional...32

2.3.2. Modelo de Insumo-Produto Interregional...35

3. CONSIDERAÇÕES SOBRE A MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO ...40

4. ASPECTOS METODOLÓGICOS ... 44

4.1. Caracterização da Área de Estudo ... 44

4.2. Definição das Variáveis de Estudo ... 46

4.3. Fonte de Dados ... 49

4.4. Modelo Empírico ... 50

4.4.1. Procedimento Metodológico para Avaliação de Impactos...50

4.4.2. Análises de Impactos...51

4.4.3. Multiplicadores...52

4.4.4. Coeficientes de Geração de Impactos...53

4.4.5. Procedimento Metodológico para Análise de Alocação de Recursos...55

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 60

5.1. Perfil das Contratações do FNE no setor Agroindustrial Nordestino ... 60

5.2. Impactos no Valor Bruto de Produção ... 62

5.3. Impactos no Valor Adicionado... 63

5.4. Impactos no Número de Ocupações Criadas...64

5.5. Impactos nos Salários... 67

5.6. Impactos nos Tributos...68

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5.8. Análise dos Multiplicadores...76

5.9. Análise dos Setores-chave...79

6. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 88

APÊNDICES ... 91

APÊNDICE A...92

ANEXOS...97

ANEXO A...98

ANEXO B...100

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1 INTRODUÇÃO

A questão regional no Brasil remonta aos tempos do Segundo Império. Inicialmente, o subdesenvolvimento da Região Nordeste em relação ao restante do país foi diagnosticado como fruto de intempéries climáticas, notadamente a ausência de chuvas que periodicamente assolava a região. Segundo ilustra Evangelista (1996), conta-se que durante uma viagem ao Nordeste, e em meio ao clima de comoção que o flagelo da seca causava, o Imperador D. Pedro II chegou a prometer vender até a última jóia da coroa para combater a seca. Inaugurou-se o que ficou conhecido como fase hidráulica1, período no qual, entre outras medidas, foi criado o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - DENOCS.

Somente no segundo quartil do Século XX, e após uma série de tentativas frustradas de solução para a Região, é houve a mudança de percepção para a raiz dos problemas do Nordeste. O novo diagnóstico foi o de que a Região era subdesenvolvida em função da elevada concentração de renda e da ausência de um mercado consumidor, heranças da hegemonia da cana-de-açúcar. Neste contexto, a seca apenas exporia de forma aguda essas fragilidades.

Segundo ilustra Mesquita (1996), objetivando resolver o problema das disparidades regionais e, ao mesmo tempo, eliminar as barreiras contra a integração regional plena, de modo a tornar estas regiões mais atraentes para o mercado capitalista, iniciou-se uma fase de apoio público efetivo às regiões menos desenvolvidas. Essa nova fase caracterizou-se pela criação de órgãos ligados à infra-estrutura, como a Companhia Hidro Elétrica do Vale do São Francisco - CHESF (1945) e a Comissão do Vale do São Francisco - CVSF (atual Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba - CODEVASF – 1948); ao crédito, como o Banco do Nordeste do Brasil - BNB (1952) e ao planejamento regional, a exemplo do Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste - GTDN (1956) e da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - SUDENE (1959).

1 O termo “fase hidráulica” é comumente expressado no contexto da literatura voltada ao desenvolvimento

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Apesar das significativas contribuições da Constituição Federal de 19462 e do Sistema 34/183 (nome dado em alusão aos marcos legais que aprovaram os dois primeiros Planos Diretores da SUDENE), pode-se dizer que havia uma carência por recursos estáveis, assegurados às regiões menos desenvolvidas e que, diferentemente dos empréstimos assistencialistas ou a fundo perdido, fossem efetivamente destinados a programas de financiamento ao setor produtivo.

Esta lacuna veio a ser suprida pelo Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), instituído pelo art. 159, inciso I, alínea “c”, da Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 7.827, de 27.09.1989. O FNE surgiu com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento econômico e social da Região Nordeste, mediante a execução de programas de financiamento aos setores produtivos, em consonância com o respectivo plano regional de desenvolvimento.

Neste aspecto, conforme ilustra Evangelista (1996, p. 32):

O aporte de recursos para o NE, oriundo do Fundo das Secas perdeu força em função das alterações na Constituição de 1946, implementadas pelos governos militares. Já o Sistema 34/18 foi substituído pelo Finor, o qual acabou perdendo força no período da inflação galopante, deixando a Região sem recursos estáveis, porque só importava o curto prazo. Com a Constituinte de 1988 as forças políticas regionais, apoiadas pelo Estudo “Entrada e Saída de Recursos no Nordeste”, do ETENE, se mobilizaram para ter de novo uma fonte estável, aproveitando a redemocratização.

Os recursos do Fundo são provenientes de 1,8% do produto de arrecadação dos impostos sobre renda e proventos de qualquer natureza e sobre produtos industrializados, sendo aplicados pelo BNB em programas de fomento aos setores produtivos do Nordeste, norte de Minas Gerias e norte do Espírito Santo, respeitando-se, no entanto, a premissa

2 A Constituição Federal de 1946 determinava uma destinação de recursos financeiros não inferiores a 3% da

receita tributária federal para a defesa contra as secas da região Nordeste, no que veio a ser conhecido como Fundo das Secas.

3 O Sistema 34/18 era formado pelo artigo 34, da Lei nº 3.995, de 14/12/1961, que aprovou o primeiro Plano

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estabelecida na Constituição Federal de que ao menos 50% de referidos recursos sejam aplicados na zona Semi-árida do Nordeste.

A citada Constituição designou o Banco do Nordeste como responsável pela administração do FNE e delegou ao Banco, na qualidade de agente financeiro, entre outras atribuições, a gerência dos recursos do Fundo; a definição de normas, procedimentos e condições operacionais; a fixação dos juros e deferimento dos créditos; a prestação de contas sobre os resultados alcançados, desempenho e estado de recursos e aplicações, etc. De acordo com Santos Filho (2007, p. 28):

Neste formato, o FNE foi fruto de um conjunto de pressões feitas por um amplo espectro de representantes políticos e da sociedade civil organizada da Região Nordeste, que defendiam os recursos estáveis para o financiamento do desenvolvimento e sustentação do BNB, frente às forças políticas extra-regionais, que criticavam o assistencialismo, clientelismo e desperdícios dos recursos públicos, que marcaram a trajetória dos programas de desenvolvimento anteriores. Importa que o marco legal do FNE incorporou as convergências destes debates.

O financiamento da agroindústria do Nordeste, a partir de recursos do FNE, justifica-se tendo em vista que a agroindustrialização tem sido apontada como instrumento de promoção do desenvolvimento econômico e social. Ademais, o fortalecimento da agroindústria promove a interiorização do desenvolvimento, induzindo a modernização do setor primário e o crescimento dos serviços. Adicionalmente, o fortalecimento do setor agroindustrial minimiza o impacto negativo da liberação de mão-de-obra do campo para os grandes centros urbanos.

A introdução de agroindústrias no contexto da região permite a criação de uma cadeia produtiva capaz de absorver a matéria-prima produzida e transformá-la em produtos nobres, destinados aos mercados local, regional, nacional, e até mesmo internacional, que não poderiam ser atingidos por produtos “in natura”. Estimula-se assim o setor produtivo tradicional, elevando a renda e o valor agregado da região e fomentando a interiorização, através da criação de novos empregos e oportunidades econômicas para a população local. Nesse sentido, e tendo em vista o potencial da agroindústria para o desenvolvimento do Nordeste, o FNE estabeleceu um programa específico para esse segmento da economia.

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unidades agroindustriais visando elevar a competitividade desse setor. Além disso, o programa objetiva aumentar as oportunidades de emprego, agregar valor à produção agrícola do Nordeste, promover uma distribuição melhor de renda, além de induzir o desenvolvimento local.

Como forma de tornar mais eficiente a alocação de recursos, inicialmente foram colocadas restrições ao aporte de recursos do FNE a setores cujo poderio político e econômico de seus empresários lhes garantisse mobilização direta de recursos, a exemplo do setor sucroalcooleiro, o qual já havia se beneficiado de outros incentivos governamentais, além dos setores considerados de elevada ociosidade, caso em que foi enquadrado o setor de beneficiamento de castanha de caju. Referidas restrições foram retiradas no início da década de 2000, mesma época em que foi normatizada a redução gradativa do financiamento à fumagicultura até o ano de 2003, quando vedou-se por completo o aporte de recursos ao citado setor.

O FNE-AGRIN financia empresas agroindustriais, cooperativas e associações formais de produtores que se dediquem às atividades de transformação ou beneficiamento de matérias-primas agropecuárias. Contempla também a implantação, expansão, modernização e relocalização com modernização de empreendimentos agroindustriais, mediante o financiamento de investimentos fixos, inclusive aquisição de unidades já construídas ou em construção, capital de giro associado ao investimento, além da aquisição isolada de matérias-primas e insumos (BANCO DO NORDESTE, 2006).

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Desenvolvimento Rural do Nordeste (FNE-RURAL) e o Programa de Apoio ao Setor Industrial do Nordeste (FNE-INDUSTRIAL).

Isto posto, entende-se ser uma metodologia equivocada atrelar os resultados do setor pura e simplesmente aos resultados do Programa, haja vista que se incorreria em uma visão sub dimensionada da magnitude dos impactos do FNE na Agroindústria como um todo. Sugere-se como alternativa para esta limitação mudar o foco da análise de impactos da esfera do Programa para o âmbito das atividades características do setor, mensurando os impactos individuais das atividades e, por fim, os do setor como um todo, a partir da agregação das contribuições individuais. Contudo, não há informações de avaliações de impactos utilizando este enfoque para o Nordeste, partindo desta situação-problema e por meio do instrumental do Insumo-Produto.

Esta dissertação tem como objetivo geral avaliar as repercussões econômicas das contratações do FNE no setor agroindustrial do Nordeste no período de 1989 a 2008, de forma a atender esta lacuna. Para tal, foi utilizado como instrumento de materialização destes efeitos a Matriz de Insumo-Produto do Nordeste – MIP, cuja versão atualizada foi recentemente criada e publicada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE), sob encomenda do BNB e por intermédio do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE.

Como objetivos específicos, este trabalho final de curso pretende mensurar referidos impactos sob o enfoque do Valor Bruto da Produção, Valor Adicionado, Ocupações, Salários e Tributos, assim como identificar e analisar os seus transbordamentos para o resto do Brasil. Além disso, este estudo procurou ilustrar, com base no índice de ligação puro, fornecido pela MIP, as atividades mais dinâmicas no que tange ao potencial de geração de impactos e, fazendo confronto com a análise da execução do FNE, avaliar a eficiência da alocação dos recursos.

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como instrumento de política voltada ao desenvolvimento e redução de disparidades regionais.

A presente dissertação se divide em mais 4 capítulos além deste capítulo introdutório. O segundo capítulo versa sobre o modelo conceitual utilizado. Nele serão discutidos alguns conceitos sobre o investimento, a agroindústria e por fim, sobre a teoria básica de insumo-produto. Este capítulo visa familiarizar o leitor em relação aos pressupostos teóricos que serão tratados no decorrer do trabalho e situá-lo acerca de suas respectivas importâncias estratégicas no contexto do desenvolvimento regional, motivos pelos quais foram escolhidos como objetos de estudo desta dissertação.

No terceiro capítulo são apresentados ao leitor conhecimentos básicos sobre a Matriz de Insumo-Produto do Nordeste, tais quais suas características, metodologia, vantagens e finalidades. Neste sentido, deve-se ressaltar que este é um capítulo essencialmente pontual, haja vista que não são o foco deste estudo maiores aprofundamentos no tema.

O quarto capítulo é dedicado aos aspectos metodológicos que permearam a obtenção dos resultados analisados nesta dissertação. São ilustrados nesta seção informações pertinentes à área de estudo, fonte de dados, qualidade das informações, modelo empírico, procedimentos metodológicos para cálculo dos impactos, entre outros.

O quinto capítulo traz os impactos das contratações do FNE no período de análise e demais produtos da estimação via MIP. Neste momento são analisados os resultados das variáveis de estudo para cada atividade pertinente ao setor agroindustrial com foco na realização dos objetivos estabelecidos.

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2 MODELO CONCEITUAL

Nesta seção são ilustrados, com base na revisão da literatura, alguns aspectos teóricos concernentes ao papel fundamental do Investimento no contexto do crescimento econômico. Em seqüência são abordados alguns conceitos relacionados à Agroindústria e sua importância para o pensamento desenvolvimentista regional, assim como à Teoria de Insumo-Produto.

2.1 Sobre o Papel do Investimento

A eclosão da Grande Depressão (1929-1942) trouxe consigo reflexos que alteraram significativamente a ótica do pensamento econômico. Até então, não obstante os trabalhos de Malthus (1820) e Sismondi (1819), predominava o interesse pelos problemas advindos da oferta. Somente em 1936, cerca de um século depois das primeiras contribuições dos pensadores citados, e em meio às turbulências da grande crise econômica, surgiu, por intermédio de Keynes, uma teoria logicamente consistente que alteraria o referencial das discussões políticas e econômicas para a demanda.

Segundo a teoria Keynesiana, o investimento é a variável central do processo, haja vista sua característica dual, de grande relevância na dinâmica do crescimento econômico. Neste contexto, através de um ordenamento causal, e por meio de uma sucessão lógica, o investimento atua na economia elevando a capacidade produtiva e criando demanda agregada e, por conseqüência, gerando renda.

Isto posto, o direcionamento dos recursos do FNE para incentivar o setor produtivo atua como catalisador de externalidades positivas no que concerne ao desenvolvimento econômico, uma vez que as empresas financiadas pelo citado Fundo utilizam os empréstimos para por em prática seus projetos de investimentos.

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os impactos necessários à transformação da realidade sócio-econômica da região objeto de intervenção.

O investimento é influenciado negativamente pela taxa de juros, que por sua vez é determinada pela curva de preferência pela liquidez e pelo montante de moeda disponível no mercado. Neste raciocínio, o investimento se concretizará quando a taxa de retorno esperado (lucro) for igual ou maior que a taxa de juros no mercado.

2.2 Aspectos Relevantes sobre a Agroindústria

Conforme ilustram Holanda e Reis (1994), existem inúmeros conceitos para definir a agroindústria. Tendo em vista que trataremos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste, para melhor balizamento deste estudo, consideraremos o padrão mais recente utilizado para enquadramento do FNE. Assim, o Banco do Nordeste considera o conceito utilizado pelo Banco Mundial, que caracteriza como agroindústria a atividade industrial de beneficiamento ou transformação de produtos agropecuários.

Independentemente da melhor definição a ser adotada, é relevante ressaltar que a característica básica a ser salientada é a íntima interligação entre uma determinada fonte de matérias-primas de natureza agropecuária e a estrutura industrial que beneficia esses insumos. Essa relação faz com que o setor agroindustrial incorpore, ao mesmo tempo, os problemas próprios da atividade manufatureira e as dificuldades e restrições que peculiarmente condicionam o desenvolvimento da atividade agropecuária.

A indústria em geral relaciona-se com a agropecuária em dois momentos: ao ofertar insumos necessários à produção agropecuária (defensivos, medicamentos, energia, máquinas, etc.) e ao demandar produtos para o processamento industrial (leite, carne, frutas, cereais, couro, etc.).

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até segmentos que envolvem o processamento de matéria-prima agrícola, mas que são costumeiramente identificados como tipicamente industriais: setor têxtil, de calçados e de papel e celulose. Estes possuem características estruturais distintas dos demais, devendo ser tratados, cada um, como cadeias próprias e com considerável grau de autonomia. A agroindústria inclui ainda a produção de energia a partir da biomassa, área em que o Brasil é líder mundial.

2.2.1 A importância da agroindústria

Segundo Myrdal (apud SILVEIRA et al., 1990) apesar da infinidade de ações que podem ser postas em prática visando o desenvolvimento da agricultura, é a indústria a responsável pelo aumento sustentado da renda e pela elevação do padrão de vida dos povos subdesenvolvidos. No entanto, conforme acrescenta Stanley (apud SILVEIRA et al., 1990), a promoção da industrialização está intimamente relacionada com o aumento da produtividade agrícola, assim como o desenvolvimento agrário não poderá ir longe sem que haja um progresso industrial capaz de aumentar a capacidade produtiva e fornecer uma firme base de serviços essenciais e equipamentos para uma agricultura modernizada.

A relação mútua entre a agricultura e a indústria foi um dos fatores notáveis do processo de crescimento da economia de países hoje desenvolvidos. É historicamente comprovado que o crescimento desses dois setores da economia está estreitamente entrelaçado e que um depende do outro para que possa se desenvolver.

Constatou-se que os países em desenvolvimento que adotaram a via de industrialização, a exemplo do Brasil, têm apresentado um preocupante padrão de crescimento caracterizado pela participação declinante da agricultura na economia, tanto no que tange a renda como o emprego, o que, a menos que sejam criadas novas oportunidades econômicas e fontes de renda no próprio âmbito rural, tende a esvaziar o campo e congestionar as metrópoles, as quais não possuem condições de oferecer a infra-estrutura e o número de empregos necessários.

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da melhoria na qualidade dos recursos humanos, paralelamente à mudança dos padrões de uso dos recursos naturais e da estrutura da propriedade rural.

Nesse processo a agroindústria é um elemento-chave de apoio e dinamização, acrescendo valor aos produtos primários, diminuindo suas perdas e deteriorização da qualidade, ampliando seus mercados e gerando renda e emprego. Além disso, atua como indutor de modernização e eficiência de todo setor agropecuário, fomenta a introdução de novas atividades nas comunidades do interior e tem um efeito indireto no emprego rural.

2.2.2 O papel da agroindústria para o desenvolvimento do Nordeste

Em geral, o desempenho dos indicadores econômicos e sociais do Nordeste tem sido inferior aos resultados obtidos para o Brasil. Apesar de responder positivamente às políticas governamentais, percebe-se que, agindo isoladamente, estas políticas não são capazes de atingir as metas de diminuição da pobreza, do desemprego e subemprego, da melhoria na distribuição de renda e, principalmente da diminuição das desigualdades em relação ao centro-sul do país.

Destaque-se ainda que, segundo dados do ETENE (2009) esta região caracteriza-se pela pobreza relativa de recursos naturais, haja vista que aproximadamente 50% de caracteriza-seu espaço territorial é formado de solos semi-áridos. Se considerada a zona de atuação do Banco do Nordeste, que além da região citada compreende ainda as porções norte dos Estados de Minas Gerais e Espírito Santo, a parcela semi-árida chega a 63,0% de sua área total. Neste sentido, os projetos de irrigação tornam-se importantes ferramentas no contexto do pensamento voltado ao desenvolvimento econômico e social da região.

No entanto, em função dos altos investimentos requeridos, faz-se necessário o uso das áreas irrigadas com produtos de elevada rentabilidade a fim de compensar os gastos. A dificuldade reside na limitação dos mercados locais de frutas e hortaliças e na produtividade insuficientemente rentável das culturas de grãos e algodão.

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base primária sólida que assegure um autodesenvolvimento sustentável, aliada a expansão dos mercados regionais e a ampla participação da população.

Com efeito, estudos vocacionais, realizados pelo Banco do Nordeste do Brasil, na década de 1990, já apontavam que a opção para resolver este problema seria a introdução de agroindústrias no contexto nordestino. As agroindústrias absorvem matéria-prima para a elaboração de produtos nobres, destinados aos mercados local, regional, nacional, e até mesmo internacional, que não poderiam ser atingidos por produtos “in natura”. Estimular-se-ia assim, o setor agrícola tradicional, elevando a renda e o valor agregado da região, o que impactaria no fomento à interiorização, através da criação de novos empregos e oportunidades econômicas para a população local.

É relevante salientar que esta estratégia necessita atender alguns critérios, sob pena de não ser economicamente atrativa. Segundo Silveira et al. (1991), as agroindústrias a serem implantadas devem ser escolhidas em função do impacto que provocarão na economia da região, através de ligações com atividades preexistentes ou da criação de pólos de crescimento, segundo o conceito de Perroux (apud Silveira et al., 1991). Ainda segundo este autor, é de grande vantagem que as mesmas sejam localizadas junto à área produtora ou aos projetos de irrigação, de onde é possível obter-se matérias-primas variadas e disponíveis em diferentes épocas do ano. Esta estratégia diminui os custos e implicações logísticas e permite o funcionamento contínuo das unidades fabris.

2.2.3 A agroindústria em números

(25)

2.2.3.1 Panorama nacional

Tomando como base sua conceituação ampliada, segundo dados da Pesquisa Industrial Anual de Empresas, do IBGE (apud BANCO DO NORDESTE, 2009), a agroindústria brasileira, em 2001, ocupava cerca de 780 mil pessoas e movimentava R$ 40,4 bilhões (aproximadamente US$ 20,2 bilhões à época). Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior – MDIC (2008) dão conta que em 2008 o sistema agroindustrial foi responsável por cerca de 37% do total de empregos no Brasil, entre formais e informais.

Ainda em relação à sua conceituação ampliada, de acordo com dados da Série Produção Física – Agroindústria, do IBGE (2008), após crescer 6,1% no primeiro trimestre de 2008, em relação ao mesmo período do ano anterior, a produção média das empresas agroindustriais desacelerou nos dois trimestres seguintes, registrando incrementos de 2,6% e 2,4%, respectivamente e, por fim, fortemente influenciada pelo cenário econômico mundial adverso, refletido na queda na demanda de commodities agropecuárias, passou ao terreno negativo no último trimestre, quando caiu cerca de 3,0% em relação a igual período de 2007. Como conseqüência desse revés, o desempenho anual da agroindústria brasileira foi positivo na ordem de 1,8%, percentual inferior ao desempenho do setor em 2007 (5,0%) e também menor que a média da indústria nacional em 2008 (3,1%).

(26)

Além de garantir o abastecimento interno, deve-se reconhecer outro importante papel desempenhado pela agroindústria no que concerne ao bom desempenho do Brasil com relação ao comércio exterior e por conseqüência, no desempenho superavitário da balança comercial brasileira. Para ilustrar a afirmativa, Silveira (2000) relata que na década de 1970, a agroindústria chegou a contribuir com 70% das vendas externas brasileiras. Ainda segundo o autor, ao final da década de 1990, essa participação estava em torno de 40%, o que se deveu não só a diversificação da pauta de exportações, mas também pela tendência à queda dos preços das commodities agrícolas registrada naquela época.

Nos últimos anos, a reversão da tendência de queda do preço das commodities, combinada com os efeitos negativos da valorização do real, tem feito com que o comportamento relativo da participação da agroindústria nas exportações brasileiras tenha oscilado, ora para mais, ora para menos. Ainda assim, o sistema agroindustrial permaneceu com posição de destaque no contexto global e, de acordo com dados do Instituto de Logística e Supply Chain – ILOS (2010), respondeu por 43% das exportações nacionais em 2009, conforme pode ser verificado na Tabela 1.

Tabela 1 – Participação do Agronegócio no Comércio Internacional (US$) 1997 - 2009

(27)

Com base nas reflexões de Jank (apud GUILHOTO, 2000) identifica-se um processo de transformação no comportamento das exportações agroindustriais brasileiras, reflexo das profundas alterações verificadas no setor nas últimas décadas. Neste contexto, os produtos agrícolas tradicionais (açúcar, café, cacau e algodão), que representavam quase ¼ das exportações totais da agroindústria, no início da década de 1970, perderam espaço para os produtos provenientes dos novos complexos agroindustriais, particularmente os produtos com maior agregação de valor, como os produtos pertencentes ao complexo da soja, as carnes, entre outras, conforme ilustrado na Tabela 2.

Tabela 2 – Exportação dos Principais Produtos do Agronegócio brasileiro em 2009

Fonte: ILOS, 2010

Nota: (1) Inclui nozes e castanha

(28)

Tabela 3 – Participação do Agronegócio no PIB do Brasil 1999 – 2008

Fonte: CEPEA-USP/CNA, 2009 Nota: (1) A partir de dados do MDIC 2.2.3.2 Panorama nordestino

(29)

-2.000,0 -1.000,0 0,0 1.000,0 2.000,0 3.000,0 4.000,0 5.000,0 6.000,0

20

01

20

02

20

03

20

04

20

05

20

06

20

07

20

08

20

09

Anos

U

S

$

M

ilhõ

es

Saldo NE Total Saldo NE Agron

Gráfico 1 - Evolução dos Saldos das Balanças Comerciais Total e do Agronegócio, de 2001 a 2009.

Fonte: Adaptado de BNB – Conjuntura Econômica, 2010

Ainda com base em informações da Conjuntura Econômica do BNB (2010), o agronegócio nordestino exportou US$ 6,1 bilhões, vindo a maior parte (76,7%) desse valor dos estados da Bahia, Alagoas e Ceará. As importações do agronegócio do Nordeste alcançaram US$ 1,3 bilhão. Os maiores importadores foram os estados de Pernambuco, Bahia e Ceará, responsáveis por 84,3% daquele valor.

(30)

Tabela 4 – Exportação dos Principais Produtos do Agronegócio brasileiro em 2009 (US$ Milhões)

VALOR % % ACUM PRINC. EXPORTADORES

1 CELULOSE 1.171,5 19,2 19,2 BA

2 SOJA EM GRÃOS 1.087,2 17,8 37,0 BA, MA

3 AÇÚCAR 1.013,7 16,6 53,6 AL, PE

4 FRUTAS FRESCAS 389,7 6,4 59,9 BA, CE, PE, RN

5 ALGODÃO E PRODUTOS TÊXTEIS DE ALGODÃO 377,5 6,2 66,1 BA

6 FARELO DE SOJA 355,2 5,8 71,9 BA

7 PRODUTOS DO CACAU 234,0 3,8 75,8 BA

8 NOZES E CASTANHAS 232,0 3,8 79,6 CE

9 COURO E PELE DE BOVINO 206,7 3,4 83,0 CE

10 ÁLCOOL 142,2 2,3 85,3 AL

11 PRODUTOS DE COURO E PELETERIA 141,1 2,3 87,6 CE

12 PAPEL 113,2 1,9 89,4 BA

13 CAFÉ VERDE E CAFÉ TORRADO 98,0 1,6 91,0 BA

14 CRUSTÁCEOS E MOLUSCOS 73,3 1,2 92,2 CE, RN, PE

15 OUTROS 473,6 7,8 100,0

TOTAL 6.108,9 100,0

PRODUTOS

Fonte: Adaptado de BNB – Conjuntura Econômica, 2010

2.3 Conhecendo a Teoria de Insumo-Produto

Uma economia funciona, em grande parte, para equacionar a demanda e a oferta dentro de uma vasta rede de atividades. O sistema de insumo-produto, desenvolvido inicialmente pelo economista russo Wassily Leontief, engloba uma malha de atividades que se interligam por meio de compras e vendas de insumos, a montante e a jusante de cada elo de produção.

Conforme ilustram Miller e Blair (1985), o modelo de insumo-produto, em sua forma mais simples, consiste em um sistema formado por equações lineares, em que cada uma representa a distribuição de um determinado produto de uma indústria por toda a economia. Ainda segundo os autores citados, a ferramenta desenvolvida por Leontief foi na verdade o que eles chamam de uma formalização dos conceitos estabelecidos por Quesnay4 alguns anos mais cedo. O trabalho de Leontief também é considerado por eles como uma aproximação do modelo de equilíbrio geral desenvolvido por Walras5 em 1874, todavia com

4 Em 1758, o economista francês François Quesnay publicou o

Tableau Economique, o qual se constituía em

uma representação esquemática (que alguns apelidaram de “tabela de zigue-zague”) de como os gastos poderiam ser rastreados através da economia de maneira sistemática. Segundo ilustra Guilhoto (2004), o Tableau

Economique apareceu em3 versões, sendo que a mais conhecida foi a que publicada no ano citado no início

desta nota.

5 O também economista francês, Léon Walras, lançou, em 1874, A Teoria do Equilíbrio Geral na Economia. A

(31)

importantes contribuições refletidas em simplificações que permitiram que a mencionada teoria pudesse ser aplicada.

Trata-se de importante instrumento para fins de planejamento econômico nas economias em desenvolvimento dado que, por seu intermédio é possível conhecer de forma detalhada os impactos de variações na demanda final, resultantes de ações de políticas governamentais, sobre a estrutura produtiva. Prova disso é que Leontief ganharia o prêmio Nobel de Economia de 1973 pelo desenvolvimento deste instrumental de análise econômica.

A Matriz de Insumo-Produto é como uma fotografia econômica, que mostra como os setores da economia estão relacionados entre si, ou seja, quais setores suprem outros de produtos e serviços e quais setores compram de quais. Observando esse fluxo de produtos e serviços entre os diferentes setores da economia, é possível identificar como cada setor se torna mais ou menos dependente de outros.

Esse sistema de interdependência é formalmente demonstrado em uma tabela conhecida como tabela de insumo-produto e tais representações demandam grandes investimentos, já que elas requerem uma coleção de informações sobre cada companhia, a respeito dos seus fluxos de vendas e das suas fontes de suprimentos. Enquanto setores compram e vendem uns para os outros, um setor individual interage, tipicamente e diretamente, com um número relativamente pequeno de setores. Entretanto, devido à natureza desta dependência, pode-se mostrar que todos os setores estão interligados, direta ou indiretamente.

(32)

contabilizados na Formação Bruta de Capital Fixo (aumento da capacidade produtiva). A demanda final, por sua vez, engloba o consumo das famílias, consumo da administração pública, formação bruta de capital fixo, variação de estoques e exportações.

Setores Compradores

Set.

Vend Insumos Intermediários Dem.

Final

Prod Total

Impostos Indiretos Líquidos (IIL) IIL

Importações (M) M

Valor Adicionado

Produção Total

Figura 1 – Relações Fundamentais de Insumo-Produto Fonte: Adaptado de CUNHA (2007, apud FREITAS, 2005).

São as relações de compra e venda entre os setores da economia que causam o chamado efeito multiplicador. Em essência, cada setor da economia, em cada região diferente, possui um multiplicador próprio. Efeito direto é o que ocorre no próprio setor que recebe a demanda final. Efeito indireto é o devido às compras de insumos intermediários de outros setores. O efeito multiplicador devido ao aumento na demanda do consumo das famílias é chamado efeito induzido.

(33)

ao processo produtivo, ou de bens finais, que são diretamente consumidos pelos consumidores finais. A renda da economia, utilizada no consumo dos bens finais (sejam eles destinados ao consumo ou ao investimento), é gerada por meio da remuneração do trabalho, capital e terra agrícola. A receita do governo é obtida por meio do pagamento de impostos pelas empresas e pelos indivíduos. O modelo supõe que existe equilíbrio em todos os mercados da economia

Insumos Importados

Demandas por Produtos Finais (Exportações, Consumo das Famílias, Gastos do Governo, Investimentos, etc.) Produtos Domésticos

Insumos Primários (Trabalho, Capital, e Terra) Insumos

Domésticos

Renda

Renda

Produtos Importados

Figura 2 – Fluxograma do modelo de Insumo-Produto Fonte: Adaptado de GUILHOTO et al (2005)

Ressalte-se que o modelo de insumo-produto trabalha com a suposição de que somente os produtos domésticos são exportados, implicando que os produtos importados devem necessariamente passar por um processo de produção interna antes de serem exportados. Maiores considerações sobre o modelo de insumo-produto nacional, incluindo representações gráficas e algébricas, poderão ser consultadas no Apêndice A, ao final desta dissertação.

2.3.1 O Modelo de Insumo-Produto Regional

(34)

identificar setores-chave para a geração de produção, renda, emprego, massa salarial e tributos, de forma a direcionar estímulos no sentido de induzir o desenvolvimento sustentável do Nordeste e integrá-lo na dinâmica da economia nacional.

Uma matriz regional apresenta a mesma estrutura de uma matriz nacional, como pode ser observado na Figura 3. A diferença básica em sua apresentação é que, em geral, discrimina-se a exportação (importação) para as outras regiões do país e a exportação (importação) para outros países.

Figura 3 – Relações de Insumo-Produto numa matriz regional Fonte: Adaptado de GUILHOTO et al (2009)

Os primeiros estudos que trabalharam com modelos regionais de insumo-produto utilizaram um percentual de oferta regional estimado para a obtenção dos dados da região. Este estimador consiste na seguinte relação:

(

)

(

)

R R

j j

R

j R R R

j j j

X E

p

X E M

− =

− + (1)

Setores Compradores

Set.

Vend. Insumos Intermediários

Exp. Resto

País

Dem. Final

Prod. Total

Importações do Resto do País (MP) MP MP

Importações do Resto do Mundo (MM) MM MM

Impostos Indiretos Líquidos (IIL) IIL IIL IIL

(35)

Sendo:

R j

X é a produção total do bem j na região R;

R j

E é o total exportado do bem j pela região R;

R j

M é o total importado do bem j pela região R.

Portanto,

R j

p

, que será um valor entre zero e um, determina quanto da demanda total do produto j é atendida pela produção interna.

Sendo Pˆ um vetor diagonalizado, onde os seus elementos são os

R j

p

definidos anteriormente, o modelo de insumo-produto regional estimado pode ser representado em forma matricial como:

ˆ R

A =PA (2)

(

)

1

ˆ

R R

X = −I PAY (3)

Como a matriz Pˆ indica o percentual da demanda total do produto j atendido pela

produção interna, quando se faz R ˆ

A =PA, todos os setores da região R que demandarem o

bem j obedecerão à proporção estabelecida pela percentagem de oferta. Ou seja, todos os

setores que demandam, por exemplo, açúcar, compram

(

pij*100 %

)

da própria região e o restante importam das demais. Além desta hipótese, outra também importante é assumida

quando se trabalha com o percentual de oferta regional ( ˆP). A técnica de produção regional é

considerada idêntica à nacional, pois a matriz A é mantida com os valores originais nacionais.

No caso do percentual de oferta regional, tanto as especificidades técnicas de cada região quanto a discriminação por cada setor da parcela dos insumos comprados de outra região não são consideradas. Entretanto, por meio do uso de uma tabela de insumo-produto censitária, pode-se resolver tais questões.

Inicialmente, determina-se o coeficiente de insumo regional que vem a ser:

LL ij LL ij L j z a X

(36)

Sendo:

LL ij

z o fluxo do bem i produzido na região L para o setor j da região L

L j

X o total da produção do setor j produzido na região L.

A partir da matriz LL

A , composta pelos elementos

LL ij

a

, pode-se calcular os impactos de uma variação da demanda final da região L por meio de procedimento análogo e já desenvolvido anteriormente, isto é:

(

)

1

L LL L

X = −I AY (5)

Deve-se notar que a relação acima guarda grandes semelhanças com o método do percentual de oferta regional exposto anteriormente, isto é, R

(

ˆ

)

1 R

X = −I PAY .

Mas, apesar de necessitar de dados mais precisos, por ser o coeficiente de insumo regional específico para cada relação de compra e venda de cada um dos setores, ele permite que seja feita não só a distinção entre as técnicas regional e nacional de produção, como também a determinação da parcela de insumos importados de cada um deles. Portanto, constitui-se em um método mais preciso, demandando, todavia, um volume maior de dados.

2.3.2 O Modelo de Insumo-Produto Inter-Regional

Antes de prosseguir para a próxima subseção, faz-se necessário ressaltar um efeito não captado pelos modelos de insumo-produto anteriores, cujas representações básicas foram descritas acima, e que se constitui no grande mérito do modelo Isard 6, que são justamente as repercussões das relações inter-regionais. De acordo com Isard (apud GUILHOTO, 2009) diferentes regiões, dentro de um mesmo país, nutrem entre si relações de interdependência, cujas referidas repercussões se caracterizam pela reciprocidade ao impacto que a variação da demanda, em uma determinada região, causa à outra. Em outras palavras, conforme ilustra Guilhoto et al (2009, p. 37, com base na Figura 4):

“A variação da demanda regional estimula a produção em L. O aumento da produção dos setores de L pode provocar um aumento da demanda por insumos de

(37)

outras regiões, por exemplo, da região M. A produção de insumo em M, por sua vez, pode demandar outros insumos da região L, o que propicia um novo aumento na produção em L. Nos modelos vistos até então, este último efeito de relações inter-regionais não é captado, pois uma variação da demanda de M por insumos oriundos de L não teria repercussão, em função das relações inter-regionais não fazerem parte do modelo”.

Setores - Região L Setores - Região M L M

Set. Reg.

L

Insumos Intermediários LL

Insumos Intermediários LM

DF LL DF LM

Prod. Total L Set. Reg. M Insumos Intermediários ML Insumos Intermediários MM

DF ML DF MM

Prod. Total

M

Imp. Resto Mundo (M)

Imp. Resto Mundo (M)

M M M

Impostos Ind. Liq. (IIL)

Impostos Ind. Liq. (IIL)

IIL IIL IIL

Valor Adicionado Valor Adicionado Prod. Total Região L Prod. Total Região M Figura 4 - Relações de Insumo-Produto num sistema inter-regional Fonte: Adaptado de GUILHOTO et al (2009)

Complementando o sistema regional, no sistema inter-regional7, há uma troca de relações entre as regiões, exportações e importações, que são expressas por meio do fluxo de bens que se destinam tanto ao consumo intermediário como à demanda final.

Conforme ilustra Guilhoto et al (2009), de forma sintética, pode-se apresentar o modelo, a partir do exemplo hipotético dos fluxos intersetoriais e inter-regionais de bens para as regiões L e M, com dois setores, como se segue:

ZijLL - fluxo monetário do setor i para o setor j da região L,

7 A mensuração do sistema em questão requer uma grande massa de dados, em especial acerca dos fluxos

(38)

ZijML - fluxo monetário do setor i da região M, para o setor j da região L.

Pode-se montar a matriz:

Z = Z Z

Z Z LL LM ML MM   

 (6)

Sendo:

LL

Z e ZMM, representam matrizes dos fluxos monetários intra-regionais, e LM

Z e ZML, representam matrizes dos fluxos monetários inter-regionais

Considerando a equação de Leontief,

i in ii

i i

i z z z z Y

X = 1 + 2 +...+ +...+ +

(7)

i

X indica o total da produção do setor i, zin o fluxo monetário do setor i para o

setor n, e Yi é demanda final por produtos do setor i.É possível aplicá-la conforme,

(8)

X1L é o total do bem 1 produzido na região L. Considerando os coeficientes de

insumo regional para L e M, tem-se: os coeficientes intra-regionais:

a z X ij LL ij LL j L

= ⇒ L

j LL ij LL

ij a X

z = . (9) Podem-se definir os LL

ij

a como coeficientes técnicos de produção e que representam quanto, o setor j da região L, compra do setor i da região L

a z X ij MM ij MM j M

= ⇒ M

j MM ij MM

ij a X

z = . (10)

Entendem-se os aijMM como coeficientes técnicos de produção, que representam a

quantidade que o setor j da região M compra do setor i da região M. E, por último, os

coeficientes inter-regionais: a z X ij ML ij ML j L

= ⇒ L

j ML ij ML

ij a X

z = ..

(11) L LM LM LL LL L Y z z z z

(39)

Definem-se os ML. ij

a como coeficientes técnicos de produção que representam

quanto o setor j da região L compra do setor i da região M e

a z X ij LM ij LM j M

= ⇒ L

j X LM ij a LM ij

z = .. (12)

Os LM ij

a correspondem aos coeficientes técnicos de produção que representam a

quantidade que o setor j da região M compra do setor i da região L. Estes coeficientes podem

ser substituídos em (2.57), obtendo:

1 11 1 12 2 11 1 12 2 1

L LL L LL L LM M LM M L

X =a X +a X +a X +a X +Y (13)

As produções para os demais setores são obtidas de forma similar. Isolando, YL 1 e

colocando em evidência, X1L, tem-se:

(

1−a11LL

)

X1La12LL X2La11LM X1Ma12LM X2M = Y1L (14)

As demais demandas finais podem ser obtidas similarmente. Portanto, de acordo com:

` A Z

( )

X

LL = LL L −1

Constrói-se a matrizALL

para os 2 setores.

LL

A representa a matriz de coeficientes técnicos intra-regionais de produção. Saliente-se que esta mesma formulação valeria para LM, MM, ML.

A A A

Definem-se agora as seguintes matrizes:

A A A A A LL LM ML MM =      

 (15)

X X X L M =      

(40)

Y Y Y L M =      

 (17)

O sistema inter-regional completo de insumo-produto é representado por:

(IA X) =Y, (18)

E as matrizes podem ser dispostas da seguinte forma: I I A A A A X X Y Y LL LM ML MM L M L M 0 0        −                        =       

 (19)

Efetuando estas operações, obtêm-se os modelos básicos necessários à análise inter-regional proposta por Isard, isto é:

(

IALL

)

XLALMXM =YL (20)

(

MM

)

M M

L ML Y X A I X

A + − =

Resultando no sistema de Leontief inter-regional da forma:

(

)

1

(41)

3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A MATRIZ DE INSUMO-PRODUTO

Antes de iniciar este capítulo, faz-se importante salientar que a Matriz de Insumo Produto do Nordeste (MIP), foi apenas um instrumento utilizado para a mensuração de impactos e identificação de setores chave na economia do Nordeste. Neste contexto, não obstante a sua relevância no escopo deste trabalho, haja vista que à sua luz foram gerados os parâmetros que permearam esta análise, ela foi unicamente um meio, e não um fim.

Desta forma não é objetivo desta seção, nem deste trabalho, um aprofundamento nas especificidades técnicas e metodológicas que balizaram a construção da citada ferramenta, mas sim, conforme já pontuado na introdução, replicar algumas noções básicas acerca da metodologia e características da MIP e seus variados enfoques espaciais (nacional, regional e inter-regional).

A Matriz de Insumo-Produto do Nordeste – MIP foi elaborada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – FIPE, sob encomenda do Banco do Nordeste do Brasil – BNB, por intermédio do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste – ETENE. Referida Matriz foi encomendada em substituição à versão anterior, datada de 1996, que já se encontrava defasada. Seu processo de elaboração levou cerca de 1 ano e meio e contou com a participação de Técnicos de ambas as instituições.

O alicerce metodológico empregado no processo de elaboração baseou-se na construção de sistemas de insumo-produto intra e inter-regionais que pudessem descrever e mensurar os fluxos de bens e serviços dos setores da Região Nordeste e de seus Estados com outras regiões do País, respeitando as particularidades de cada região no processo de identificação de estratégias mais pontuais.

(42)

Conforme ilustra Guilhoto (2009), tendo em vista a limitação de dados citada no parágrafo anterior, a MIP do Nordeste, assim como a maioria das matrizes de insumo-produto, foi construída a partir de técnicas de informação semi censitárias, ou seja, que se utilizam de dados primários e secundários, os quais demandaram alguma técnica de estimação.

Para a estimação da MIP, os autores efetuaram a análise de equilíbrio entre a oferta e demanda de cada um dos 111 grupos de produtos que compõe a Matriz de produção para o Brasil. Neste intuito, com base nos dados disponíveis nas tabelas de Recursos e Usos, são delimitadas as origens e destinos de todos os grupos mencionados e, em seguida, efetuados os respectivos confrontos e os devidos ajustes nas eventuais diferenças detectadas. A informalidade de algumas atividades, aliada à falta de detalhamento sobre determinados grupos e à existência de diferentes fontes de informação foram as dificuldades e principais problemas de mensuração.

A partir desta análise, foram calculados os coeficientes técnicos em cada região/estado com o Brasil e entre estas. Em seguida, foram desagregados os produtos e serviços da matriz de produção nacional, passando dos originais 111 para 169 na MIP. Também foram desagregados os setores, passando de 55 para 111 na nova matriz.

A ampliação do número de setores e produtos na matriz de insumo-produto nacional e interestadual, assim como a construção do sistema de insumo-produto interestadual fez uso das informações do IBGE, assim como de informações adicionais de outras fontes como as do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

(43)

Para determinar o número de pessoas ocupadas em cada grupo de atividade e os Salários foi utilizada a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do IBGE em conjunto com os dados de outras fontes, como a Pesquisa Industrial, Pesquisa Anual de Serviços e Pesquisa Anual do Comércio, todas do IBGE, confrontando os resultados com os dados originais da matriz de insumo-produto.

Devido ao grande volume e variedade de informações necessárias à montagem de um sistema interestadual de insumo-produto para a economia brasileira e nordestina, o ano de 2004 foi o mais recente para o qual a construção da MIP tornou-se possível, no momento da sua elaboração, sendo então utilizado como ano base do modelo construído. Associado a este fato, a constante de validação das informações e o processo de verificação da consistência das inter-relações econômicas estimadas consomem uma grande quantidade de tempo, fato que dificulta a construção de uma matriz com dados mais atualizados.

É importante destacar que o modelo de insumo-produto inter-regional ora em tela, construído com uma abertura de 111 grupos de atividades econômicas e 169 grupos de produtos, foi compatibilizado com a pauta de atividades e produtos da matriz insumo-produto do Brasil e da Tabela de Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE). Além disso, como o modelo se relaciona com os vínculos de importações e exportações com o resto do mundo, também foi necessário compatibilizar os dados da MIP com outros códigos de agregação setorial como a Nomenclatura Comum do MERCOSUL (Mercado Comum do Sul) – (NCM).

O resultado do confrontamento das estimações feitas a partir da MIP com os dados consolidados, divulgados pelas instituições oficiais apontou que a MIP fornece saídas muito semelhantes e com robustez econométrica em relação aos dados oficiais, suprindo assim necessidades de informações regionalizadas, especialmente nos anos em que as matrizes oficiais ainda não estão disponíveis. Certamente esta é o grande mérito e vantagem da ferramenta em análise.

(44)

impostos, salários e valor adicionado. A partir dos coeficientes diretos e da matriz inversa de Leontief, é possível estimar, para cada setor da economia, o quanto é gerado direta e indiretamente de produção, emprego, tributos, valor adicionado, e salários etc. para cada unidade monetária produzida para atender a demanda final. Também é possível calcular o efeito induzido ocasionada pela renda, mas para isso os autores tiveram que endogeneizar o consumo e a renda das famílias no modelo de insumo-produto, ou seja, fazer com que o consumo e a renda das famílias exerçam influência no cálculo do efeito multiplicador total.

Estudos que avaliam a estrutura econômica regional, como é o caso da MIP, são fundamentais, haja vista que atuam como elementos que subsidiam à tomada de decisão, tanto no âmbito do governo como das instituições privadas, buscando incentivar os setores produtivos mais eficazes. Além disso, ao possibilitar a identificação dos principais setores-chave para fomento de externalidades positivas no que concerne à geração de emprego, renda e produção, a MIP apresenta-se como ferramenta para prover elementos que podem direcionar o planejamento e a atuação dos gestores de políticas públicas na missão de induzir o desenvolvimento sustentável do Nordeste e integrá-lo na dinâmica da economia nacional. Da mesma forma, a matriz pode ser útil à academia como instrumento para subsidiar estudos sobre fluxos regionais e demais pesquisas no âmbito da avaliação e das teorias sobre o desenvolvimento regional.

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4 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Conforme ilustrado no capítulo introdutório, o exercício apresentado nesta dissertação procurou mensurar as repercussões econômicas das contratações do FNE no setor agroindustrial em toda Região Nordeste. O método de avaliação empregado foi o de insumo- produto, por permitir a desagregação dos impactos entre as variadas atividades que compõe o setor agroindustrial.

4.1 Caracterização da Área de Estudo

A Região Nordeste, uma das 5 regiões que compõe o Brasil, é constituída por nove estados, quais sejam: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Situada entre os paralelos de 01° 02' 30" de latitude norte e 18° 20' 07" de latitude sul e entre os meridianos de 34° 47' 30" e 48° 45' 24" a oeste do meridiano de Greenwich, referida região limita-se a norte e a leste com o oceano Atlântico, ao sul com os estados de Minas Gerais e Espírito Santo e a oeste com os estados do Pará, Tocantins e Goiás.

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Tabela 1 – Participação do Agronegócio no Comércio Internacional (US$)  1997 - 2009
Tabela 2 – Exportação dos Principais Produtos do Agronegócio brasileiro em 2009
Tabela 3 – Participação do Agronegócio no PIB do Brasil  1999 – 2008
Gráfico 1 - Evolução dos Saldos das Balanças Comerciais Total e do Agronegócio, de  2001 a 2009
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Referências

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