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Essa dissertação teve como objetivo mensurar as repercussões que as contratações do FNE no setor agroindustrial impactaram no Nordeste. Tratou-se de um estudo inovador, haja vista que, mudou o foco da análise de impactos da esfera dos programas, como são comumente elaboradas as análises setoriais, para o âmbito das atividades características do setor, mensurando inicialmente as contribuições de cada atividade para em seguida chegar-se ao resultado do setor a partir da agregação das contribuições individuais. Além de tudo isso, pode-se dizer que esta dissertação tem o mérito de ser a pioneira na utilização do instrumental da recém atualizada Matriz de Insumo produto do Nordeste, publicada pelo Banco do Nordeste do Brasil.

Ao mudar o foco da análise, acredita-se que foram de certa forma contornadas algumas distorções oriundas das mudanças de percepção, ocorridas do decorrer dos 20 primeiros anos do FNE, em relação ao enquadramento setorial das atividades, assim como dos problemas de identidade constatados em relação aos próprios Programas do citado Fundo, refletidos, entre outras coisas, em atividades eminentemente rurais sendo financiadas pelo programa voltado à agroindústria e vice-versa.

No decorrer das pesquisas e coleta de informações, foram vivenciadas algumas dificuldades relacionadas à disponibilidade e padronização das informações sobre as contratações. Neste particular, a falta de informações padronizadas nas propostas de financiamento no que tange aos produtos, assim como no que se refere às perspectivas dos empreendimentos quando em suas fases de operação, restringiu algumas análises e impossibilitou a utilização de parte do instrumental da MIP.

Neste sentido, a este estudo foi possível apenas ater-se aos impactos referentes aos investimentos em implantação, o que implicou no sub dimensionamento dos impactos estudados. Em função do exposto, deve-se reconhecer também algum prejuízo em relação à impossibilidade de execução de uma análise mais apurada dos transbordamentos, multiplicadores e setores-chave, o que, no entanto não invalida as conclusões aqui apontadas.

Em relação aos resultados, os números apresentados confirmaram a hipótese levantada de que os recursos do FNE direcionados ao setor agroindustrial foram fundamentais para a economia nordestina. Prova disso é que, representando apenas 6,9% do total aplicado pelo citado Fundo na Região, os aproximadamente R$ 3,0 bilhões em contratações do FNE no setor agroindustrial foram responsáveis pela inserção de R$ 6,9 bilhões em Valor Bruto da Produção na economia da região e de cerca de R$ 11,7 bilhões na economia do país como um todo.

Por sua vez, referidos impactos em VBP se materializaram em incrementos no Valor Agregado da Região da ordem de R$ 4,0 bilhões, os quais se refletiram diretamente no PIB da região. Em âmbito nacional, os impactos somaram aproximadamente R$ 5,9 bilhões no total.

Além disso, as contratações do FNE no setor agroindustrial nordestino culminaram na criação e manutenção, em média, de 12.060 postos de trabalho por ano na região e 15.145 no país como um todo, o que corresponde a uma regionalização de cerca de 80% dos impactos neste agregado.

Durante o período de análise, o FNE foi responsável ainda por impactos de R$ 1,1 bilhão na massa salarial da região e R$ 1,7 bilhão no total do país e pela geração de aproximadamente R$ 1,9 bilhão em favor da Administração Pública no país, do qual R$ 1,0 bilhão restringiu-se somente ao Nordeste.

O setor sucroalcooleiro, e em especial o setor de Fabricação de açúcar, apesar de apoiado pelo FNE apenas a partir da década de 2000, mostrou-se altamente impactante na região, apresentando inclusive, os melhores multiplicadores. De certa forma, isso mostra a importância dos setores tradicionais no contexto nordestino, motivo pelo qual, ao contrário do que pregam alguns economistas, sugere-se que devam ser sempre levados em consideração pelos formuladores de política.

Apesar de não ser esse o foco desta dissertação, cabe fazer uma ressalva acerca da conotação de tradicional, que é dada a alguns setores. Chamar alguns setores de tradicionais, não significa dizer que eles sejam arcaicos, mas sim que já existem na Região há várias décadas, como é o caso do setor sucroalcooleiro, que surgiu nos primórdios coloniais e vem

passando por transformações sucessivas desde então. Com efeito, houve diversificação dos produtos, com o advento e expansão do mercado do Etanol, e modernização de parte do seu parque industrial, de forma que algumas unidades fabris deste setor possuem nível tecnológico avançado, enquanto outras apresentam as mesmas características há várias décadas. Neste contexto, o importante é ter o entendimento que modernizar a região não implica necessariamente desprezar os setores tradicionais.

Não obstante os resultados mencionados, a análise dos transbordamentos evidenciou que, com exceção da variável empregos, mais de 1/3 desses impactos são exportados para as demais regiões do país. Neste sentido, os números evidenciam uma significante dependência dos setores produtivos da agroindústria nordestina em relação ao restante do país e sugerem uma relativa carência no que tange a ampliações das interações intra-regionais, de forma que os impactos não internalizados nos próprios estados possam ao menos induzir externalidades positivas na economia da Região, cumprindo assim os objetivos das políticas de desenvolvimento regionais.

Faz-se importante esclarecer que não é intenção deste Autor propor políticas que tornem a Região Nordeste auto-suficiente em relação ao resto do país, até porque reduzir desigualdades regionais significa criar condições propícias para a existência de um amplo mercado nacional, que envolva todas as regiões e de forma que cada qual atue de acordo com as suas vocações, de modo a tirar proveito das respectivas vantagens comparativas.

Em verdade, os problemas aqui levantados dizem respeito ao diagnóstico sugerido pelos resultados de que o Nordeste caracteriza-se por ser um comprador de produtos oriundos do resto do país com maior valor agregado em relação àqueles que ele vende, o que o torna um exportador de riqueza e tributos, assim como deficitário em relação à sua balança comercial. Além disso, há o fato de que, apesar de intensiva em mão-de-obra, referida Região apresenta um significante desnivelamento em relação à valorização salarial dos seus postos de trabalho, o que sugere que estes postos de trabalho sejam oriundos de setores menos especializados, os quais, possivelmente, não exigem maior qualificação técnica dos seus empregados.

Fazendo coro às conclusões emitidas a partir da análise dos transbordamentos, a observação dos potenciais de encadeamento demonstrou que a agroindústria nordestina

apresenta baixíssima interação com os demais setores do sistema produtivo do Nordeste, o que faz com que setores potencialmente impactantes, como o sucroalcooleiro e os mais ligados à indústria, como as Indústrias de laticínios e café e o Beneficiamento de outros produtos vegetais, importem insumos de outras regiões, perdendo relevância estratégica para a Região, que, por sua vez, deixa de se beneficiar com as externalidades positivas que uma maior integração traria.

A teoria de insumo-produto preconiza que os setores mais impactantes, em termos de ligações para trás, deveriam estar relacionados às atividades agroindustriais que agregam maior complexidade industrial, o que, de acordo com as análises, parece não ter sido observado na prática. Esta, todavia, é uma inferência um tanto quanto enfraquecida em função da indisponibilidade de dados mais qualificados para apuração do perfil de industrialização e modernização dos setores. Ainda assim, em linhas gerais, sugere-se a existência de uma limitação que precisa ser solucionada no que concerne, tanto ao desenvolvimento de setores com maior perfil de industrialização, quanto no aumento deste perfil em alguns setores, tais como as indústrias ligadas aos laticínios, café, álcool, entre outros setores.

Essas limitações fazem com que não haja demanda interna e com isso não se desenvolvam na Região os setores mais importantes em termos de ligações para frente, os quais em geral são relacionados à indústria primária e servem como base para a atração de indústrias mais complexas. Ao não se desenvolverem os setores de base, perde-se as vantagens comparativas da Região e, como conseqüência, impossibilita-se a atração das indústrias tratadas no parágrafo anterior, fechando, desta forma um ciclo altamente pernicioso para a Região.

O ciclo descrito acima é de complexa solução, o que torna ainda mais difícil a atuação dos órgãos que fazem a política regional, pois restringe o leque de estratégias de incentivo setorial, demandando ações mais específicas, sob pena de desperdiçar recursos em setores para os quais o Nordeste não tenha vocação, muito menos recursos para se desenvolver.

Neste contexto, deve-se reconhecer o mérito inquestionável das instituições de crédito e fomento estatais, em especial o Banco do Nordeste, por ser o mais atuante agente de fomento na Região. Ainda assim, por mais que estejam alinhadas às programações de

políticas regionais da Administração Pública, estas instituições acabam tendo suas atuações restringidas, haja vista que dependem da existência de demanda por crédito por parte da iniciativa privada para se tornarem efetivas. Considerando-se que a demanda pelo crédito depende da percepção de expectativas futuras promissoras por parte dos empresários, conseguir alocar recursos em setores, cujos mercados sejam pouco aquecidos ou mesmo incipientes na Região, torna-se ainda mais difícil, para as instituições fomento.

O caminho para a solução dos problemas do Nordeste já existe e já foi amplamente debatido. Em vista do exposto, sugere-se que, muito mais que insistir na necessidade de políticas amplas de desenvolvimento regional, ou mesmo querer “reinventar a roda” através de novas soluções mirabolantes, basta apenas fazer valer aquilo que já está em vigor, como por exemplo, retirar a SUDENE do papel e fazer com que a mesma caminhe em consonância com os objetivos para os quais foi recriada, assim como tornar efetivo o disposto da Lei Complementar n. 125, de 03 de janeiro de 2007, cujo teor pode ser consultado no Anexo C, ao final desta dissertação.

Por fim, espera-se que as análises e conclusões empreendidas nesta dissertação contribuam para a academia, assim como para a sociedade em geral, no sentido de gerar discussões e diagnósticos acerca dos setores prioritários a serem apoiados e atraídos, assim como das estratégias de política de desenvolvimento regional mais profícua para a Região.

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APÊNDICE A - Representação Algébrica do Sistema de Insumo-Produto Nacional

Para melhor contextualizar o sistema ilustrado e explicado anteriormente, o Quadro 1 a seguir apresenta de forma esquemática e algébrica um exemplo de uma tabela de insumo-produto para uma economia.

Setores Consumo

Famílias Governo Investimento Exportações Total

Setores Z C G I E X Importação M Mc Mg Mi M Impostos T Tc Tg Ti Te T Valor Adicionado W W Total X C G I E

Quadro 1 – Exemplo de uma tabela de Insumo-Produto para uma economia

Fonte: Adaptado de GUILHOTO et al (2009)

Sendo:

Ci é o consumo das famílias dos produtos do setor i;

Gi é o gasto do governo junto ao setor i;

Ii é demanda por bens de investimento produzidos no setor i;

Ei é o total exportado pelo setor i;

Xi é o total de produção do setor i;

Ti é o total de impostos indiretos líquidos pagos por i;

Mi é a importação realizada pelo setor i;

Wi é o valor adicionado gerado pelo setor i.

A tabela acima permite estabelecer a igualdade:

X + C + G + I + E = X + M + T + W (1) Eliminando X de ambos os lados, tem-se:

C + G + I + E = M + T + W (2) Rearranjando:

C + G + I + (E – M) = T + W (3) Portanto, a tabela de insumo-produto preserva as identidades macroeconômicas.

A partir do Quadro 1 e equações (1), (2) e (3) apresentadas anteriormente, pode-se generalizar o sistema para o caso de n setores, obtendo-se:

1 1, 2,..., n ij i i i i i j z c g I e x i n = + + + + ≡ =

(4) Sendo:

zij é a produção do setor i que é utilizada como insumo intermediário pelo setor j; cié a produção do setor i que é consumida domesticamente pelas famílias; gi é a produção do setor i que é consumida domesticamente pelo governo;

Ii é a produção do setor i que é destinada ao investimento;

ei é a produção do setor i que é exportada;

xi é a produção domestica total do setor i.

Assumindo-se que os fluxos intermediários por unidade do produto final são fixos, pode-se derivar o sistema aberto de Leontief, ou seja10:

a x y x i n ij j j n i i =

+ = = 1 1 2, ,..., (5) Sendo:

aij é o coeficiente técnico que indica a quantidade de insumo do setor i necessária para a produção de uma unidade de produto final do setor j e

yi é a demanda final por produtos do setor i, isto é, ci + gi + Ii + ei.

A equação (5) pode ser escrita em forma matricial como:

Ax+ =y x (6) Sendo:

A é a matriz de coeficientes diretos de insumo de ordem (n x n) x e y são vetores colunas de ordem (n x 1)

Resolvendo a equação (6) é possível se obter a produção total que é necessária para satisfazer a demanda final, ou seja,

y A I x=( − )−1 (7) Sendo:

(

)

1

IA − é a matriz de coeficientes diretos e indiretos, ou a matriz de Leontief

10 O sistema aberto de Leontief considera a demanda final como sendo exógena ao sistema, enquanto que no sistema fechado esta é considerada endógena.

Considerando-se

(

)

.

1

B= −I A, o elemento bij deve ser interpretado como sendo a

produção total do setor i que é necessária para produzir uma unidade de demanda final do setor j.

Para se calcular o efeito induzido é necessário endogeneizar o consumo e a renda das famílias no modelo de insumo-produto, desta forma, ao invés de utilizar a matriz A descrita acima, teríamos:

      = 0 r c H H A A (8)

Sendo A é a nova matriz de coeficientes técnicos (n + 1) × (n + 1) contendo a renda (Hr) e o consumo(Hc) das famílias. Da mesma forma, teríamos que os novos vetores de

produção total X ((n+1)×1), e de demanda final Y ((n+1) ×1) seriam representados respectivamente por:       = +1 n X X X (9)       = + * 1 * n Y Y Y (10)

Sendo os novos componentes estão relacionados à endogeneização do consumo e da renda das famílias. Desta forma, o sistema de Leontief seria representado como:

X = BY (11) 1 ) ( − − = I A B (12)

Do ponto de vista da álgebra matricial, não é difícil perceber a correção do método, mas pode-se entender mais de perto o significado econômico da matriz inversa de Leontief. Pós-multiplicando a matriz

(

IA

)

por

(

2 3 ... n

)

I+ +A A +A + +A , chega-se a:

(

n 1

)

IA +

Conforme ilustra Damásio (apud SILVA 2006), sendo A uma matriz uma matriz semi-positiva definida, com raiz característica dominante menor que a unidade, então limn→∞ An = Õ. Em outras palavras, como todos os coeficientes técnicos da matriz A estão entre 0 e 1, fazendo n tender ao infinito, os valores do último termo se aproximam de zero e, dessa forma, pode-se considerar como resultado da multiplicação apenas o termo I (matriz identidade). Sendo assim, conclui-se que

(

2 3 ... n

)

I+ +A A +A + +A passa a ser considerada como a matriz inversa de

(

IA

)

quando n assume valores altos.

Se houver um aumento da demanda por produtos de determinado setor j, o

impacto inicial corresponderá exatamente ao aumento da produção deste setor. Esta variação está refletida no primeiro termo I do somatório

(

I+ +A A2+A3+ +... An

)

.

Mas para aumentar a produção, o setor j demandaria insumos dos demais setores,

segundo a proporção estabelecida pela coluna j. Pré-multiplicando o vetor da variação da

demanda pela matriz

(

IA

)

−1 chega-se ao seguinte resultado: o setor j teria um aumento de

produção correspondente à variação da demanda mais o valor necessário de insumo demandado pelo próprio setor em função do aumento da demanda final. Todos os demais setores que fornecem insumos ao setor j também teriam suas produções alteradas. O

acréscimo seria correspondente à variação da demanda vezes o coeficiente técnico aij.

Portanto, o termo A representa a necessidade de insumo do setor originalmente demandado e mede os efeitos da “primeira rodada”. Mas a produção desses insumos demandará, por sua vez, outros insumos e o valor desta demanda será calculada por meio do termo A2. Este encadeamento não tem fim e cada “rodada” é contemplada pela inclusão de mais um termo no somatório.

ANEXO A

Relação dos Setores Contemplados pela MIP Nordeste

! " # $ % & ' ( ) * + ! + ! ,' - ' . /( 0 + 1 2 3 2 ' . /( 4 5 6 $ +7 % & +7 * ) +7 + 7 8 9 " # : 6 ; * % 5 ! ' " # 1 < 7 8 + : 6 54 = + ! $ % 7 & ' 5 ! ) >?

+ # ( . + 5 ' ! !. 7 8 ' @ 7 8 ' = A ' = 8 + 5 ' = B A A 1 5 = . C $ D & ! E *! ) + 7 F 7 8 ' C *! %( 7 8 ! ( = 5 7 7 8 = C *! #@ 7 8 1 G! 7 8 5 7 A 5 72 5 4 !( " ( H 5 # * $ ' 5 ! A # != F & > A F A ! ) ' = = C *! : 6 % + # ' ( ! 7 8 = = ! 8 ! ( 7 8 # ! 8 5 $ ' ! !(C C = ! & (C :!= ! +# * ) (C C2 =I ' = 8 8 ' . (C C = ! !4 (C = . C = ! 5 !( (C A = ! 4 G C = ! ! < += I ! !4 = A ! .= + !. A ! ( $ ! < G 7 & ' . = * ! ) C = ! = : 6 7 ( : 6 H ' 8 # 4 H 7 8 # 4 /( D# # != F 7 $ 8 & !4 + $) !4 " !7 * $ !4 " " * A ' + . $ = ! $ !4 " $ > = 1 ( # $ > = +4 # $ > = ( # $ > = +C ( #

$$ > = H ( # $& + + > = # &) > = 1 ( = # & > = +4 = # & > = ( = # & > = +C ( = # & + + > = ' # & & > 5 . & > 5 &$ 5 ! 8 && : ! 8 5 # )) ! 7 ( # ) ! 8 = 8 ) + ! ) + ! 8 ) = 3 != ) 8 ! ) 6 ! ) )$ 8 =67 )& 6 =67 ) # '67 + ! 8 '67 # ANEXO B

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