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Título original: When We Kiss Copyright 2018 Tia Louise

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Academic year: 2021

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Título original: When We Kiss Copyright © 2018 Tia Louise

Copyright da tradução © 2021 por Cherish Books Ltda

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito das editoras.

Publicado mediante acordo com a autora. Tradução: Sônia Carvallho

Preparação de Texto: Elimar Souza Revisão: Evelyn Santana

Diagramação: AJ Ventura Capa: Gisele Souza

Marketing e Comunicação: Elimar Souza Louise, Tia

Por um Beijo/ Tia Louise; tradução de Bianca Carvalho. Rio de Janeiro: Cherish Books, 2021.

Tradução de: ASIN

1. Ficção americana I. Carvalho, Bianca. II. Título. Todos os direitos reservados, no Brasil, por

Cherish Books

Rua Auristela, nº244 - Santa Cruz E-mail: cherishbooksbr@gmail.com

(4)

SUMÁRIO Capa Sinopse 1. Tabby 2. Chad 3. Tabby 4. Chad 5. Tabby 6. Tabby 7. Chad 8. Tabby 9. Tabby 10. Chad 11. Tabby 12. Chad 13. Tabby 14. Chad 15. Tabby 16. Tabby 17. Chad 18. Tabby 19. Chad 20. Tabby 21. Chad 22. Tabby 23. Chad 24. Tabby 25. Chad 26. Tabby 27. Chad Epílogo Agradecimentos

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"Beije-me…

Você é muito cumpridor da lei para mim. O que faz você dizer isso?

Esse uniforme. Essas algemas.

Talvez eu devesse colocá-lo algemado. Talvez eu gostasse de ver você tentar…” Tabby Green: Sobrinha do pregador. Webdesigner Garota má. Chad Tucker: Militar aposentado. Vice xerife. Herói.

Ele é um policial gostoso, com um queixo quadrado, um sorriso sexy e pavio curto. Eu sou uma garota má, uma "Jezabel" — basta perguntar a todas as velhas fofoqueiras da cidade. Nós somos azeite e vinagre. Nós não nos misturamos. Mas quando nos beijamos…

Ela tem olhos verdes cintilantes, lábios de veludo vermelho e curvas exuberantes em todos os lugares certos. Ela é uma garota má, e depois do que eu perdi, não estou procurando por problemas.

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Mas quando nos beijamos… O óleo e o vinagre se misturam, e quando o fazem, é elétrico.

(7)

Para garotas boas, garotas más, policiais gostosos, e todos os intermediários…

Para as Sereias, E para Katy Regnery. O beijo torna tudo melhor.

(8)

O

Tabby

Agosto do ano passado…

ar fica elétrico quando você está prestes a fazer algo errado.

Pequenas correntes atravessam suas veias como vaga-lumes raspando as pontas da grama alta e seu estômago fica apertado. Você está bem no limite, prendendo a respiração.

Ou talvez seja só eu.

— Suba. — Blade me encara. O diabo refletido em seus olhos

azuis.

Ele está segurando a ponta de uma cerca e faz um barulho metálico enquanto a levanta mais alto.

Onze e meia, e o ar noturno está quente e úmido, como se fosse uma toalha quente sobre minha pele nua. Eu passo pela abertura, colocando minhas mãos para cima para proteger meus cabelos, minhas orelhas.

O espaço é grande o suficiente, escondido atrás do galpão de ferramentas. Um barulho e um estrondo, que me permite entender que ambos violamos a lei. Meu acompanhante está sorrindo ao luar. Seu cabelo é escuro, sua pele pálida, e as sombras aprofundam

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seus olhos, nariz e boca. Ele é como um daqueles vampiros assustadores e sexy.

Ou talvez eu esteja um pouco chapada.

— Vamos fazer isso! — Ele solta um grito e tira sua jaqueta de

couro preta.

Sua camiseta branca é a próxima, revelando uma serpente tatuada na parte superior das costas. Tirando o jeans, vislumbro sua bunda enquanto ele corre direto para a piscina e quebra a superfície vítrea com um barulho alto.

Eu tiro minha calça jeans e desabotoo minha camisa de mangas curtas. Estou agitada com a maconha que acabamos de fumar na minha casa, a antiga paróquia da cidade perto da igreja, antes de termos a ideia de invadirmos a piscina do Motel Plucky Duck.

O Plucky Duck fica perto da Interestadual, muito longe da praia para ser uma atração turística. Ele tem um milhão de anos e está completamente deserto.

Nunca ninguém vem aqui. Desço lentamente os degraus até a parte rasa.

A água está quente enquanto sobe pelas minhas panturrilhas, pelos joelhos, calcinha e até a cintura. Blake está sob o trampolim me observando, sua boca submersa como um tubarão ou um crocodilo. Suas sobrancelhas arqueiam quando a água chega à minha cintura.

Através de uma névoa de fumaça de maconha, ele exigiu que fizéssemos algo que eu nunca tinha feito antes. Eu disse que não há muito em Oceanside que eu não tenha feito. Até que me lembrei desse lugar antigo.

Mergulhar nua com o sobrinho bad boy tatuado do prefeito Rhodes é a maneira perfeitamente espontânea e irresponsável de chutar do meu coração as últimas lembranças de Travis Walker.

O ácido queima meu estômago. Travis apareceu na cidade há três meses em uma Harley, beijou-me e disse que eu era a garota mais bonita que ele já tinha visto. Transamos por seis semanas, até que o peguei escapulindo pela janela do quarto da Daisy Sales.

Ele nem sequer negou ter dormido com ela, simplesmente disse que Oceanside estava ficando "muito restritivo", então saltou sobre a Harley, acendeu um cigarro e foi embora.

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Imbecil.

Bem-feito para mim por ter baixado a guarda.

Mergulhando, eu mantenho minha cabeça acima da água enquanto deslizo para onde Blade me espera no fundo. Está mais escuro debaixo do trampolim de mergulho.

— Quanto tempo você planeja ficar em Oceanside? — Eu

realmente não me importo. Blade é um caso no qual estou entrando com os olhos bem abertos.

— Não tenho certeza. — Ele me agarra na cintura, com as

palmas das mãos quentes contra a minha pele nua. — Minha mãe disse que o tio John precisa me endireitar.

Ele sorri, e uma covinha perfura sua bochecha. Essa informação me faz rir, e eu descanso meus cotovelos sobre seus ombros.

— Já me disseram algo assim antes. — Eu lanço ao campo de

onde viemos um olhar de saudade. Gostaria que tivéssemos mais maconha ou pelo menos um sixpack.

— Quem está tentando endireitá-la? — pergunta ele, passando

os dedos para cima e para baixo nas minhas laterais.

Meus olhos voltam para os dele, e eu encolho um pouco os ombros.

— Meu tio, Pastor Green. — Não me diga!

A maneira como ele diz isso com uma risada o faz parecer mais jovem, como uma criança. Não gosto da maneira como ele me faz sentir, especialmente com a barra de ferro de sua ereção pressionada contra meu estômago.

Torcendo meus lábios, eu me levanto para segurar as laterais do trampolim, saindo de seus braços.

— Eu vivi sob seu teto, suas regras, até ter idade suficiente para

sair.

— Eu ouvi isso. — Blade se levanta para segurar o trampolim,

espelhando meu comportamento.

Estamos de frente um para o outro, e admiro as linhas de seus músculos magros. Outra cobra está tatuada ao redor de seu braço superior, mas parece trabalho amador, quase como se ele mesmo a tivesse feito.

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— Então você vai ficar? — Meus lábios de veludo vermelho

franzem e ele pisca.

— É o que eles me dizem.

Seus músculos flexionam enquanto ele caminha com as mãos para frente, aproximando nossos corpos.

— O futuro é muito mais brilhante agora que você está aqui.

Não sei se estou sóbria ou se o entusiasmo dele está matando o clima.

Blade tinha entrado na padaria onde trabalho no início da tarde à procura de encrenca. A memória do safado do Travis estava se avolumando e eu decidi que precisava fazer algo imprudente para desabafar.

— Você é novo na cidade — eu havia dito, inclinando meu

quadril para o lado.

— Meu tio é o prefeito — ele respondeu com um encolher de

ombros.

— Suficientemente bom para mim. — Eu tinha saído pela porta

atrás dele, desci as escadas e entrei no velho Buick que ele tinha estacionado na frente.

Começamos na faixa em Oceanside Beach, onde os condomínios de arranha-céus se alinham na costa como um muro e os turistas bloqueiam a areia. Depois bebemos algumas cervejas no Tuna Tiki, o bar da praia local, antes que ele puxasse um saco cheio de maconha e voltássemos para minha casa para fumá-la.

Em resumo, foi um dia divertido e imprudente, mas meu entusiasmo está definitivamente se desgastando.

Ele me dá um sorriso de menino, e eu decido que não estou procurando por um romance de verão inspirado em Grease entre Danny e Sandy.

Ele aproxima suas mãos até que meus seios se esmaguem contra seu peito. Suas pernas puxam minha metade inferior contra a dele, e eu o sinto com força contra minhas calcinhas. Já faz um tempo desde que tive um orgasmo não-solo e não me oponho a uma aventura com o mais novo bad boy da cidade.

Ele lança um sorriso arrogante antes de inclinar sua cabeça para o lado e beijar minha bochecha. Seus lábios são macios e eu viro meu rosto, pronta para beijá-lo.

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Mesmo assim, antes de fazer isso, eu emito um aviso.

— Não se apegue.

Seu riso me lembra um jovem James Dean, e eu estou pronta. Nossas bocas se aproximam um centímetro. Mais um segundo e elas se encontram, línguas entrelaçadas. O espaço entre minhas pernas fica cada vez mais quente, e considero brevemente que não tenho um preservativo.

Não há como eu fazer isso sem proteção, quando…

ESTALIDO! É um interruptor alto, como o lançamento de um

disjuntor principal.

A piscina inteira se inunda de luz, e eu solto a prancha de mergulho, baixando meu corpo na água.

— Que porra é essa? — Blade faz o mesmo, juntando-se a mim

ao lado da piscina.

A água oferece pouca proteção, pois as luzes iluminam totalmente nossos corpos seminus sob a superfície. Olhando para cima, vejo que estamos cercados.

— Lá está ela! Eu sabia que tinha ouvido a voz dela. — Betty

Pepper está na lateral da piscina, inclinada para baixo. Seu bufante lilás brilha ao redor de sua cabeça envelhecida, e ela está envolta em um roupão de tecido pêssego, apontando um dedo ósseo na minha direção. — O que você está fazendo na minha piscina, Tabitha Green? — Sua voz é severa como sempre, a múmia quintessencial.

— O que parece que estou fazendo? — respondo. — Rezando? — A piscina se fecha no escuro, Tabitha. E é só para convidados

registrados. — Ela diz isso como se eu não soubesse muito bem que estamos ali infringindo a lei. — Quem é esse com você? Esse é Jimmy Rhodes? Jimmy, é você?

Meus olhos piscam para o Blade. Seu rosto está abatido, e se não estivesse tão escuro, eu teria certeza de que suas bochechas estariam vermelhas.

— Sou eu, Sra. Pepper.

— Eu disse à sua mãe que hoje estaria de olho em você. Você

se hospedou com Wyatt na loja de ferragens? O que você está fazendo aí com Tabitha Green?

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Como se eu fosse a má influência. Eu assobio para ele.

— Você conhece Betty Pepper?

Ele encolhe os ombros, e uma voz masculina corta a minha irritação.

— Tabby, você levou Jimmy ao bar do Tuna Tiki?

Minhas sobrancelhas se contraem e eu olho para o Xerife Cole. Ele se eleva sobre nós de onde ele está ao lado da piscina, e seu chapéu de cowboy impede que a luz de segurança me cegue. Caso contrário, é praticamente um interrogatório policial.

Eu respondo com sinceridade.

— Eu desci até a pista no carro dele.

— Precisamos que você saia da piscina agora — diz o xerife

Cole, derrubando seu chapéu.

Eu olho para baixo, para meu sutiã transparente e minha calcinha, e não há como eu subir na frente do Xerife Robbie Cole, Betty Pepper, e o que eu vejo agora é um cara alto e quieto que também está usando um uniforme cáqui.

Ele é um pouco mais jovem que Robbie, embora seja mais velho que eu, e estica aquele uniforme de uma maneira que eu nunca vi antes.

Braços musculosos pendurados em ombros largos, levando a quadris estreitos. Seu cabelo escuro é curto, sob seus cílios eu posso ver que ele está observando tudo.

— Quem é esse? — Eu empurro meu queixo em sua direção. —

Tropa de elite?

O queixo quadrado do grandalhão se aperta quando um músculo se move na bochecha. Ele cerrou seus dentes para mim, e o calor em minhas calcinhas reacende.

— Agora é um momento tão bom quanto qualquer outro. —

Xerife Cole, dá um passo para trás, gesticulando para o Sr. Alto, Moreno e Sexy. — Chad Tucker é meu novo xerife adjunto. Ele vai trabalhar comigo até eu me aposentar no próximo ano.

Meus lábios pressionam juntos. Não, obrigada. Nada de xerifes. Não me importa o quão quadrado é o maxilar dele ou o quão bem ele preenche esse uniforme.

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— Chad — continua Robbie. — Essa é Tabitha Green, sobrinha

do Reverendo Green, e esse jovem é Jimmy Rhodes, sobrinho de 17 anos do Prefeito Rhodes.

— Dezessete? — A palavra é como um salpico de água na

minha cara, e eu me empurro para fora da parede, remando o mais rápido que posso da rede até a ponta rasa, humilhação ardendo no meu peito.

— Você ouviu isso, Tabitha? — Betty grita atrás de mim. — Você

não só está invadindo propriedade privada, está contribuindo para a delinquência de um menor.

Robbie continua apresentando o menino que quer ser mau.

— Jimmy vai ficar com o tio dele até terminar o ensino médio no

ano que vem.

Cada palavra é um lampejo de vergonha, e eu pisoteio os degraus da piscina, pegando minha camisa na espreguiçadeira esfarrapada e a coloco sobre meus ombros. Meus jeans apertados são os próximos, mas é um desafio deslizá-lo pelas minhas pernas úmidas.

— O que o tio dele diria se o visse? — Betty continua me

pressionando.

Volto para onde o xerife Cole e seu novo policial estão, sem sequer dar uma olhada na criança na piscina.

— Você está planejando me prender?

Linhas se formam ao redor dos olhos do xerife enquanto ele reprime um sorriso.

— Bem, a Sra. Pepper listou seus possíveis crimes.

— Você está se transformando em uma Jezabel — Betty Pepper

continua a reclamar. — Se você não tiver cuidado, vai acabar como…

Meus olhos piscam para ela, e sua voz morre. É melhor ela não dizer "minha mãe". Se ela sabe o que é bom para ela, é melhor que não diga.

Em vez disso, ela aperta seu robe.

— É um declive escorregadio.

— O que você acha, Chad? — Robbie exala, endireitando sua

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Os olhos do Sr. Silencioso, mas Mortal, examinam a frente do meu sutiã transparente antes de encontrar os meus. Quando o fazem, percebo que são castanho- claros. Também percebo que estão quentes, e calafrios se espalham sobre minha pele com o ar quente da noite. A mim me parece que esse futuro xerife sexy pode ser o verdadeiro bad boy do grupo.

Sua voz é agradável e de baixa vibração.

— Acho que você está jogando um jogo perigoso… senhorita? — Ela é solteira — interrompe Betty, como se não estar casada

fosse outra das minhas ofensas.

As sobrancelhas do Chad se contraem levemente. Tenho quase certeza de que ele não acha que ser solteira é crime.

Meu estômago está apertado e eu engulo o nó na minha garganta. Pegue uma pista, Tabby. A última coisa na terra verde de Deus que eu tenho a intenção de fazer é me misturar com um homem da lei.

— Eu não jogo, Sr. Tucker. — Minha voz é mais alta que a dele,

mas igualmente determinada. — E eu não verifico as identidades das pessoas que acabei de conhecer.

— Talvez você devesse começar. — Não sei dizer se Chad

Tucker está sendo um espertinho ou se ele é naturalmente arrogante.

Visto que ele é um auxiliar, estou disposta a apostar que é o último.

O risinho de Robbie quebra a tensão.

— Acho que podemos deixá-la sair com um aviso dessa vez.

Você precisa de uma carona para casa?

Consegui colocar meus pés nas escadas e vejo Jimmy de pé na lateral da piscina, puxando seus jeans e camiseta. Ele parece tão magro e jovem agora. Eu me pergunto por que eu já me apaixonei por sua característica de bad boy tatuado falso.

Meu telefone está na minha mão, e eu toco rapidamente nos ícones.

— Não, obrigada. Eu acabei de pedir um Uber. Parece que ele

estará aqui em dois minutos.

Agarrando minha camisa, eu subo a calçada que me leva à frente do hotel.

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Betty Pepper me chama, dando seu golpe final.

— Considere seus modos, Tabitha!

Eu cerro meus dentes e luto contra a vontade de fugir dela ao virar a esquina. Sou salva pelos faróis de um Dodge Dart com um U branco no para-brisa. É tarde demais para ligar para minha melhor amiga, Emberly, mas quando chegar à padaria amanhã…

Um cartaz na Interestadual me chama a atenção e eu tenho uma ideia. Nem Robbie Cole, Betty Pepper, ou mesmo o Sr. Alto, Moreno e Sensual verão isso chegar.

(17)

A

Chad

Um Ano Depois

rodovia que vai da praia até a adormecida Oceanside Village está tranquila essa noite — como de costume.

Fiz minhas rondas, passando por empresas fechadas, ao longo da faixa onde os turistas voltam para suas casas, passando por mansões desertas à beira-mar fechadas para a temporada. Dirigi por bairros, onde os moradores se recolheram para passar a noite. Verifiquei as mães solteiras, os bares que serão fechados daqui a uma hora.

Passei um ano nesse lugar e conheço seu ritmo.

Sei o que vai e o que não vai acontecer à medida que as sombras se alongam, pois o barulho das cigarras sobe mais alto do que a queda das ondas na margem a menos de uma milha de distância.

Quando eu disse ao meu pai que havia aceitado um emprego como assistente do xerife em um pequeno condado de menos de vinte mil habitantes, ele disse que eu não duraria um mês.

Eu disse que ele estava enganado. Ele estava enganado.

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Aceitar este emprego foi uma reviravolta de 180 graus em relação à vida em que cresci, das forças que levaram à morte de minha irmã, uma morte que os detetives ainda não descartaram como suicídio.

Vim para esse vilarejo ao longo da costa para me afastar da cidade, de minha família e da memória da Charity que espreitava em cada esquina.

Ela morreu e, um mês depois, comecei o treinamento básico. Eu já havia me alistado antes que tudo isso acontecesse. Nós a enterramos, e eu me propus a aprender a proteger e servir. Eu não consegui salvar minha irmã. Talvez eu pudesse salvar outra pessoa.

Parecia ser a melhor maneira de matar a dor, de silenciar as perguntas, os porquês sem fim.

Por que ela fez isso?

Por que uma mulher de 23 anos pularia da janela de um carro e ficaria de frente para um semirreboque se atirando em um jogo demente de galinha?

O corpo dela explodiu com o impacto, disse a polícia. Seus amigos estavam muito traumatizados para falar. Ainda consigo ouvir seus gritos histéricos.

Ela era apenas audaciosa? Uma viciada em adrenalina? Uma "garota má" que foi longe demais?

Essas foram respostas que nunca conseguiríamos. Nenhuma nota. Nenhuma explicação.

Fomos deixados para juntar os cacos, continuar como sobreviventes de sua existência imprudente. Meus pais escolheram ficar na sua bolha dourada, para andar pela cidade como se nada tivesse mudado.

Eu me afastei.

Na verdade, eu naveguei com a Marinha dos EUA para a costa da África a bordo de um contratorpedeiro. Missões como essas têm sido arriscadas desde o bombardeio do Cole.

Eu realmente não me importava.

Nada mais fazia sentido, e se a vida era tão frágil, parecia inútil se importar com as expectativas do meu passado com pedigree. Tornava-se cada vez mais difícil me preocupar com as coisas em que meus amigos ficavam tão presos.

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Sim, provavelmente eu deveria ter ido à terapia ou procurado um conselheiro ou algo assim. Olhando para trás agora, são águas passadas, um momento difícil que tive que atravessar. Não há muitas cicatrizes visíveis.

Eu conheço as cicatrizes. Sei as respostas que quero e nunca as encontrarei.

Quatro anos e várias cartas de recomendação depois, aposentei-me do serviço com minha graduação em psicologia e comportamento criminal.

Olhando para minhas opções, eu queria ir o mais longe possível do lugar que um dia chamei de lar. Nunca quis ouvir o barulho de dezoito rodas correndo pela estrada ou o zumbido de um freio Jake que dividia a noite.

Eu queria encontrar um lugar onde a vida existisse como naqueles antigos programas de TV — aqueles dos anos 50, onde as pessoas viviam e trabalhavam e envelheciam em cidades tranquilas, sorridentes e felizes, cercadas de rostos familiares.

Onde a pior coisa que poderia acontecer era uma criança roubando um cartão de beisebol na drogaria ou enfiando um cigarro escondido sob as arquibancadas.

Oceanside é esse lugar. Aqui, eu encontrei essa vida.

É sábado à noite, e eu estou sentado em minha viatura fora da estrada do condado que leva à cidade. O zumbido dos insetos é o único ruído, e com minhas janelas abertas, o ar fica pesado e úmido, empurrado ocasionalmente por uma brisa do oceano.

Cheira a sal e peixe fresco. Eu gosto muito disso aqui.

Gosto das senhoras idosas ocupadas como Betty Pepper, proprietária da mercearia. Gosto dos velhos descontraídos como Wyatt Jones, que dirige a loja de ferragens, e meu chefe Robbie Cole, que logo se aposentará e me entregará as rédeas.

Emberly Warren e Daisy Sales são as duas mães solteiras da cidade. Elas têm filhas em idade pré-escolar, e eu as verifico todas as noites. É apenas uma simples passagem de carro, um olhar ao redor do perímetro, antes de encerrar a noite.

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Esse lugar é pacífico, idílico. É uma América que eu queria acreditar que ainda existia quando entrei para o serviço. Salvar estranhos porque não consegui salvar a pessoa que eu achava que conhecia melhor. Por que eu não sabia que ela precisava de ajuda?

Por que ela não me deixou entrar?

Meus pensamentos estão voltando à escuridão quando um carro passa por mim, claramente em alta velocidade, as janelas abaixadas, o rádio explodindo. Isso me leva de volta ao presente, e eu olho para cima a tempo de ver uma faixa amarela antes que os faróis vermelhos iluminem a noite.

O carro faz uma pausa no sinal de parada e vira com um guincho no Oak Alley.

— Aquilo não foi uma parada completa — murmuro, virando o

interruptor das minhas luzes, mas não ligando a sirene.

Quem quer que seja, verá os piscas e não terei que perturbar a cidade inteira. É uma ocorrência incomum, mas não estou preocupado.

A preocupação se funde com uma sensação totalmente diferente à medida que me aproximo lentamente e reconheço o Volkswagen Bug amarelo. Meu estômago se aperta. É uma sensação que eu me acostumei a ignorar. Especialmente na presença dessa pessoa.

Ainda assim, eu aperto o botão para fazer um pequeno barulho com a sirene. Luzes vermelhas iluminam a noite enquanto ela pisa no freio e encosta na beira da estrada. Eu relaxo o ombro atrás dela e digito o número de sua placa, embora eu saiba como isso vai ser.

Ao desligar a ignição, deixo minhas luzes piscando ao sair da minha viatura e caminho lentamente até onde Tabitha Green está sentada em seu carro na minha frente.

A janela está abaixada, e eu me inclino para frente.

— Onde é o incêndio, Srta. Green?

Os lábios de veludo vermelho se franzem brevemente, antes que ela pisque os olhos esmeralda para mim.

— Há algo errado, oficial?

A voz dela goteja com falsa inocência, e eu seguro um sorriso. Tabby e eu estamos rondando um ao outro há quase um ano, desde a noite em que eu estive prestes a prendê-la na piscina do Motel Elmer Pepper. O Pato Plucky Duck… um artefato de outro tempo.

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A prima de Elmer, Betty, estava de olho no lugar, e no minuto em que ouviu um barulho suspeito, estava ao telefone com Robbie.

Robbie me disse para me acostumar com isso. Betty Pepper telefona para a estação pelo menos cinco vezes por semana.

— Você poderia sair do veículo, por favor? — Minha voz está

nivelada, cheia de autoridade.

— Sair do veículo? — Suas sobrancelhas franzem, e eu vejo seu

arrepio contra o Direito da lei no meu tom. É uma loucura o quanto eu gosto da resposta dela. — Por que eu preciso fazer isso?

— Porque eu lhe pedi. — Endireitando-me, coloco minhas mãos

sobre meus quadris.

Suas mãos se apertam no volante e ela se agita em seu assento.

— Há algo errado, Srta. Green?

A frustração cintila em seu rosto e ela sacode a maçaneta da porta antes de empurrá-la grosseiramente. Ela sai, e vejo que ela está usando um de seus vestidos normais e justos. Esse aqui é vermelho.

Ela puxa a bainha, e eu arranco meus olhos do luar brilhando na suave elevação de seus seios.

O calor sobe abaixo do meu cinto enquanto uma lembrança pisca para a frente da minha mente. Nunca me esquecerei de quando vi a Tabitha Green de pé, molhada, apenas com um sutiã de renda transparente e calcinha. Seu cabelo escuro estava empilhado no topo da cabeça, e seus mamilos escuros estavam se projetando através de seu sutiã. Droga, ela era sexo sobre rodas.

Limpando minha garganta, eu me concentro em meu trabalho.

— Parecia que você estava chegando aos setenta quilômetros

por hora.

— Isso não é realmente muito rápido. — Ela levanta o queixo,

nossos olhos se encontram, e é o mesmo que sempre acontece entre nós.

Faíscas.

Na verdade, eu não a tenho evitado, mas sei que ela faz o seu melhor para não estar sempre no mesmo cômodo que eu. É

(22)

confuso, porque eu conheço garotas como Tabby. Cresci com uma, e ser destemida é seu traço de caráter mais valorizado.

Ela não tem medo de mim.

— Está muito rápido para dirigir à noite pela Oceanside. Você

poderia bater em alguém caminhando ou andando de bicicleta.

— Ninguém sai à noite em Oceanside. — O tom dela é

desafiador. — Você sabe disso tão bem quanto eu, Assistente Tucker.

— Você pode me chamar de Chad.

— Não enquanto você estiver de serviço.

Eu quero rir, mas de jeito nenhum. Eu tenho que manter o controle sobre essa senhora.

— Posso ver sua carteira de motorista?

O maxilar inferior dela cai, fazendo com que seus lábios formem um O. Eu limpo minha garganta contra a imagem pornográfica que ela conjura.

— Você vai me dar uma multa?

— Talvez. Preciso ver a sua habilitação. — Mas…

— Habilitação, por favor.

Ela se volta para o carro e hesita um momento antes de voltar.

— Não a tenho comigo.

Agora é a minha vez de franzir a sobrancelha.

— Você está dirigindo sem carteira de motorista? Você não

estava no Tiki Tuna? Será que não a deixou lá?

— Não consegui encontrá-la. De qualquer forma, todos se

conhecem por aqui. Você me conhece.

Endireitando-me em toda minha altura, 1,85 m, cruzo os braços, pensando nessa situação interessante.

— Dirigindo um carro em alta velocidade, sem carteira,

ultrapassando um sinal de pare… — Meus olhos viajam até seus pés descalços. As unhas dos pés dela estão pintadas de vermelho.

— Você consegue andar em linha reta?

— Claro que consigo. — Ela se vira rapidamente, andando nas

pontas dos pés para longe de mim.

Meus olhos são atraídos para o balanço de seu traseiro empinado. Jesus, controle-se, Tucker.

(23)

Ela para e caminha para trás lentamente.

— Você está planejando me prender?

A voz dela é um desafio sensual. Uma sugestão de sorriso está em seus lábios, e sim. É uma excitação total.

Tenho quase certeza de que ela está tentando flertar para se livrar disso, e embora eu goste, não sou tão fácil assim. Minhas mãos vão para meus quadris, e seus olhos vão para meus bíceps. Eles se arregalam um pouco antes de voltarem rapidamente para encontrar meu olhar. Se não estivesse tão escuro, eu quase pensaria que ela estava corando.

— Eu poderia levá-la para a cadeia. Ou poderia dar-lhe uma bela

multa. No entanto, estou disposto a deixá-la ir com um aviso. Ela me dá um sorriso imediato.

— Obrigada. — Ela começa a entrar no carro novamente, mas

eu a paro.

— Eu ainda não terminei.

Ela faz uma pausa e olha para mim.

— Você não terminou?

Tabby é a sobrinha de Bob Green, pastor da pequena igreja da cidade, à qual compareço com certa regularidade para manter os habitantes da cidade felizes. Ela raramente está presente. Isso me dá uma ideia.

— Vou deixá-la ir com um aviso e… — Recuando, eu me viro

como se estivesse pronto para caminhar até minha viatura. — Você estará na igreja amanhã para compensar.

— Igreja! — Sua voz é quase um grito, e eu engulo um sorriso. — Por que eu tenho que ir à igreja?

Pausando, eu me permito um sorriso arrogante.

— Porque tenho a sensação de que é a única coisa que você

odiaria mais do que uma multa pesada.

Ela encrava as mãos nos quadris e eu quase posso vê-la pisando com raiva.

— Isso é chantagem.

— Eu poderia lhe dar a multa. Eu creio que seja por volta de…

quinhentos dólares.

— Quinhentos?

(24)

— Idiota — sussurra ela.

— O que foi isso, Srta. Green?

As cigarras cantam mais alto, enchendo o ar vazio como um jarro de água.

— Eu disse que talvez te veja manhã.

— Eu a seguirei até em casa. Chega de dirigir sem licença. Não

serei tão tolerante da próxima vez.

— Isso foi tolerante? — Ela está resmungando, e eu sorrio para

a garota atrevida que se afasta de mim.

Estou no meu carro, desligando as luzes e ligando o motor. Ela leva apenas um momento para fazer o mesmo, e nós seguimos lentamente a rodovia até a cidade, através dos bairros cheios de carvalho e passando pelas quatro fachadas de lojas antigas pertencentes a Betty, Wyatt, Emberly e Daisy.

Tabby faz uma curva e dirige até uma pequena faixa de terra ao longo da estrada da igreja, uma pequena cabana que eu sei que ela chama de casa.

Espero até que ela desligue o carro e saia. Um par de saltos vermelhos pendurados em seus dedos, e ela nem sequer olha para trás enquanto sobe o curto lance de escadas até a porta da frente. Uma sacudida de chaves e ela desaparece em casa com um estrondo.

Suas luzes piscam, e tenho certeza de que ela está pronta para a noite. Não posso deixar de pensar em como a verei amanhã no pequeno santuário.

(25)

C

Tabby

had Tucker é o homem mais irritante do planeta.

Deixando cair meus sapatos no chão do meu quarto, eu escorrego da saia e vou para meu pequeno banheiro. Entro na minha banheira com pés e ligo a água quente, sentada de lado, enquanto lavo a areia dos pés com o pulverizador.

Fazendo-me andar em linha reta…

Eu sei que ele fez isso só para me irritar. Como se eu estivesse conduzindo bêbada. Faço algumas merdas malucas, mas nada que ponha em perigo a vida de outros. Ele deveria saber melhor com seu maldito bíceps e aquela maldita cintura estreita. Minhas calcinhas aqueceram quando ele colocou as mãos em seus quadris.

Ele apenas sorriu com aquele queixo quadrado ridículo e aquelas covinhas. Para um homem da lei, ele não precisa ser tão sexy me prendendo por excesso de velocidade e dirigir sem habilitação.

Vá à igreja.

Meus olhos vão para o relógio. Preciso ligar para Emberly e contar-lhe o que aconteceu e também ter certeza de que ela estará lá amanhã. Não há nenhuma maneira de eu entrar naquele prédio sozinha.

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Betty Pepper vai me encurralar ao seu lado e seu filho fedorento, Bucky, querendo saber se eu voltei a comprometer minha vida a Cristo.

Até parece.

A água está ficando um pouco quente demais, e eu aumento o jato frio para esfriá-la. Eu considero afundar em minha grande banheira de cobre. No ano passado, tive um semestre de aulas noturnas de web design. Depois, em janeiro, lancei meu próprio negócio de design de websites. Aos poucos estou construindo minha lista de clientes, mas ela me rendeu dinheiro suficiente para pagar alguns luxos. Essa banheira é uma das minhas coisas favoritas.

Na verdade, eu a vi nas fotos da loja de antiguidades da Daisy quando ela me enviou as atualizações de sua página no site da Oceanside Village, que eu projetei e mantenho pro bono. Esse é um termo chique para grátis e é a única vez que eu fiz algo assim.

É principalmente para a Emberly, porque ela é uma padeira incrível e está falida. Eu queria descobrir uma maneira de torná-la famosa localmente e talvez até mesmo no mundo inteiro sem custar uma tonelada de dinheiro. Se alguém merece, é ela, que trabalha tanto como mãe solteira para construir uma vida para ela e sua filha, minha adorável afilhada, Coco.

Daisy também é mãe solteira, e ela tem um olho real para as antiguidades. Mas depois da maneira como ela dormiu com Travis Walker nos cinco minutos em que ele e eu estivemos juntos, de jeito nenhum eu entraria na loja dela e compraria qualquer coisa. Nós não estamos nos falando.

Então eu comprei online e mandei entregar — uma das características especiais que acrescentei ao site.

É claro, Jimmy Rhodes é o seu entregador. Ênfase na palavra

garoto.

Daisy o compartilha com Wyatt na loja de ferragens. Ele está "ficando livre de encrencas" enquanto termina o ensino médio e tem me observado desde que eu tive meu ataque de insanidade temporária induzida por Travis e passei uma longa tarde com ele no ano passado.

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Às vezes essa cidade parece muito pequena.

Foi quando tudo começou com Chad Tucker. Foi a primeira vez que eu o vi.

Tirando o resto de minhas roupas, deslizo para dentro da água morna enchendo a banheira, usando meus dedos dos pés pintados de vermelho para ajustar a temperatura. Tomei banho antes de sair hoje à noite, mas depois daquele flashback, preciso de um pouco de relaxamento. Gostaria de ter me servido de um copo de vinho.

Chad Tucker olhou para mim naquela noite como se eu fosse um filet mignon e ele só estivesse comendo rações há um mês. Ele estava ali todo forte e silencioso, aquele músculo na sua mandíbula sexy flexionando para frente e para trás.

Movendo o pulverizador entre minhas pernas, eu o deslizei suavemente para cima e para baixo sobre meu clitóris enquanto fecho meus olhos e me lembro de seus olhos escuros em mim. Eu passei por ele sem dizer uma palavra, mas ele irradiava calor.

As linhas em seus antebraços, a maneira como ele preenchia aquele uniforme… Ele me olhou da mesma maneira essa noite, como se não quisesse apenas me beijar. Ele me devoraria. Aqueles olhos ardendo de luxúria. Aquele corpo, tão firme e poderoso.

As algemas saem, e ele me pressiona contra a parede com seu físico forte. Minhas mãos estão puxadas às das minhas costas e sua boca está bem na minha orelha. Respiro fundo, seu pau duro pressionando contra o meu traseiro.

Oh! Oh, meu Deus…

— Merda! — eu sibilo enquanto correntes de prazer estremecem

através de minhas coxas.

Aproximo o pulverizador do meu estômago e me encolho mais na água morna, rindo da ideia de eu me arrepiar com a imagem de um policial sexy.

Um policial.

Endireite sua cabeça, Tabitha. Não estou mais interessada em

um oficial da lei do que ele estaria interessado em mim. Óleo e vinagre.

Não nos misturamos.

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A porta do santuário faz um barulho alto enquanto eu a abro, e toda a congregação se volta para olhar para nós.

Minha melhor amiga está ao meu lado, e já que ela é uma frequentadora regular da igreja, o peso de seus olhares me faz sentir como se eu devesse algum tipo de explicação.

Ridículo.

É exatamente por isso que eu não vou à igreja.

A música de órgão explode pelo prédio de uma sala, e todos se voltam para a frente, puxando os hinários vermelhos dos bancos à sua frente.

Eu pego o braço da Emberly e arrasto-a para os assentos abertos mais próximos. Para minha sorte, estamos dois bancos atrás de Chad Tucker. Embora, suponho que seja sorte, considerando que ele é a razão de eu estar aqui, em primeiro lugar.

Chantagista.

— Coroe-o com muitas coroas… — Todos cantam em uníssono,

e a pessoa atrás de mim está tocando todas as notas erradas.

— Eu acho que ele não viu você — Emberly canta as palavras

em sintonia com as notas descendentes do hino.

Eu olho por cima do ombro para ver quem está me encarando. É claro, Betty Pepper me dá um olhar presunçoso. Isso faz meu estômago girar.

— Para quem você está olhando? — Emberly diz bem no meu

ouvido, fazendo-me pular.

— Para ninguém! — eu digo em voz alta demais.

As pessoas na nossa frente nos dão um olhar, e meus olhos se trancam com os do Chade. Seus lábios se curvam naquele sorriso arrogante, e é como um relâmpago direto entre minhas pernas.

Porra, ele parece ainda mais quente com um terno cinza. O santuário não tem ar-condicionado e está abafado. Puxo um daqueles pequenos leques do banco na minha frente e aceno para meu rosto.

A canção muda para o exame da maravilhosa cruz, e eu examino as maravilhosas costas do Chad. Decido que Deus está de acordo com isso desde que criou o seu maravilhoso traseiro.

(29)

— Você pode dizer olá após o serviço religioso — canta Emberly.

Ela tem me pressionado para namorar o Chade desde que ele apareceu ao lado de Robbie Cole no ano passado. Eu continuo dizendo a ela que não vai funcionar. É uma partida feita aos gritos, chegando aos golpes, quase matando uns aos outros no inferno. Chad Tucker e eu somos como a noite e o dia.

A canção termina, e nós ocupamos nossos lugares. Meu tio sobe ao pódio acima de nós, e eu juro, uma luz cintila em seus olhos quando ele me vê. Estou pronta para me levantar do banco na frente de todos e anunciar, Chad Tucker me fez estar aqui!

Todos pensariam que eu estava possuída pelo diabo, mas pelo menos parariam de me olhar como se eu tivesse finalmente visto o "erro dos meus caminhos".

O silêncio cai sobre a sala, e eu me preparo para o início do sermão. Eu odeio isso desde pequena.

— Idolatria! — A voz do meu tio é tão alta que as janelas

balançam.

Um homem velho na nossa frente bufa e acorda, e eu solto o queixo, beliscando meu nariz para não rir.

— Sexo e idolatria são as obras da carne, e nos últimos dias eles

se tornarão cada vez mais fortes entre os filhos dos homens…

O tio Bob continua a falar sobre como todos nós somos luxuriosos e depravados, então ele passa para os Dez Mandamentos e coloca Deus em primeiro lugar em todas as coisas.

Meus olhos se desviam pela sala para a mãe de Emberly. Marjorie Warren é a senhora mais rica da cidade e possivelmente a mais poderosa. Seu pai foi um dos fundadores da Oceanside Village e o primeiro vereador da cidade.

Emberly rejeitou tudo isso, optando por restaurar o espaço vazio acima de sua padaria na Main Street e morar lá em vez de na mansão de sua família no bairro do jardim. Ela teve a Coco fora do casamento — palavras dos outros, não minhas — e tem trabalhado duro para ser financeiramente independente desde então.

Somos um par feito no paraíso das melhores amigas e estamos juntas desde o jardim da infância. Eu pago metade de culpa quando Emberly sai da linha. Se ela não estivesse andando por aí com essa

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Como se Emberly não tivesse mente própria. É o tipo de pensamento que me deixa louca.

Minha própria mãe fugiu dessa cidade quando eu era apenas um bebê. Ela me deixou com o tio Bob e nunca mais olhou para trás. Embora eu não a culpe por querer sair daqui, ela nunca me procurou ou me telefonou, nem nada.

Emberly não abandonaria Coco dessa maneira. Diabos, eu não largaria a menina assim. Acho que foi por isso que Emberly me fez sua madrinha.

Tento confiar nas pessoas apesar de minha "infância conturbada", mas às vezes ainda sinto que todos só estão nessa por si mesmos.

—… e você será salvo — meu tio termina sinistramente. —

Oremos e supliquemos ao Pai que exponha nossos pecados ocultos e nos salve de nós mesmos.

Meus olhos rolam involuntariamente. Examinando a sala, todos estão pálidos ou ligeiramente verdes, e eu não consigo resistir.

— É isso que eu chamo de igreja — murmuro, inclinando-me

para frente.

Emberly bufa e me dá uma cotovelada nas costelas. Juro que vejo o movimento muscular na mandíbula do Chad Tucker, e aposto que ele está sorrindo. Isso quase me faz duvidar de meus pensamentos certeiros sobre ele.

Meu tio murmura ao recitar uma prece visivelmente específica, que induz à culpa, tenho certeza de que ele espera que todas as ovelhas que tropeçaram nesse lugar se arrependam, especificamente eu.

Continue sonhando, tio Bob.

Penso no Chad e em como fiz o meu melhor para evitá-lo desde a noite em que ele ficou parado observando enquanto eu subia, humilhada, fora da antiga piscina do motel de Elmer Pepper.

Foi na mesma noite em que vi o cartaz que mudou tudo. Comece

uma nova carreira em web design e mude sua vida!

Acontece que você realmente precisa de dinheiro adiantado para mudar sua vida, mas eu gosto de web design. Desde que eu era criança, sempre sonhei em viajar, ver o mundo — sair desta cidade idiota — e depois de um ano, tudo está se unindo.

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— Ah, homens.

Finalmente acabou, e todos nós fazemos uma fila para a porta dos fundos.

— Agradeça ao Senhor pelo ar fresco — eu digo, inalando

profundamente.

Betty Pepper nos intercepta no gramado da frente. Estamos esperando a Coco sair da escola dominical, e acho que eu deveria verificar com meu chantagista.

Betty está falando sobre como Emberly deveria considerar namorar seu filho fedorento Bucky, o taxidermista assustador, quando eu vejo Chad aparecer no topo dos degraus. Uma senhora idosa está em seu braço como se ele fosse um escoteiro.

Todas as senhoras idosas querem segurar seu braço. Elas agem como se fossem tão fracas que não podem caminhar até seus carros sem a ajuda dele. A verdade é que elas são apenas pervertidas e querem acariciar seus músculos.

Ele chama a minha atenção e entrega as mãos a Gwendolyn Smith para um velhote magrela antes de descer lentamente os degraus até onde eu estou. Hoje, estou vestida com um recatado vestido de verão amarelo, sandálias, e troquei meu batom veludo vermelho por um nude matte. No entanto, meus olhos ainda estão pintados.

Aquele sorriso presunçoso no rosto dele não deveria ser tão sexy na igreja.

— Bom dia, Srta. Green, espero que tenha tido uma boa noite.

— Estou um pouco cansada, na verdade. — Eu finjo bocejar,

olhando por cima do ombro para os arbustos da gardênia.

— Problemas para dormir?

— Não é isso. Eu dirigi até Fireside e joguei pôquer com os

caminhoneiros fora da Interestadual por um tempo depois que você saiu. Acho que eram cerca de quatro horas quando fui para a cama. Se eu não tivesse prometido estar aqui hoje, provavelmente teria dormido até o meio-dia.

Seus olhos se estreitam, e eu sei que ele está tentando descobrir se estou mentindo.

É claro que estou mentindo, mas não vou dizer que entrei em um banho quente e me esfreguei pensando em seu corpo sexy até ficar

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tão relaxada que dormi como um bebê.

De pé na frente dele, de sandálias, minha cabeça só chega ao topo de seus ombros largos, e de perto, em plena luz do dia, é difícil olhá-lo diretamente no rosto. Ele tem uma maneira robusta como um soldado, mas suas características são elegantes, refinadas — nariz reto, mandíbula quadrada e olhos castanho-claros.

Quando ele sorri, essas covinhas apenas melhoram tudo. Sem mencionar que ele cheira como o céu, tudo fresco e limpo e viril.

Ele é realmente muito sexy para ser nosso futuro xerife. Prevejo um aumento da pequena criminalidade entre as senhoras da catequese de cabelos azuis. Oh, Xerife Tucker! Será que eu fiz

isso?

Ele deixa passar minha história de jogar pôquer com os caminhoneiros.

— O que você achou do serviço religioso? — pergunta ele.

— Foi tudo bem, eu acho. — Estou agindo entediada. Eu deveria

ganhar um Oscar, ou pelo menos um Emmy diurno. — Tio Bob costumava ter mais força quando eu era criança. Ele parece estar esfriando agora. Como se pode esperar que alguém tenha ansiedade e indigestão durante toda a semana com aquele copinho de leite? Terei sorte se precisar mesmo de um antiácido depois do almoço.

Chad sorri com isso. Um pouco de brilho atinge seus olhos lindos, e eu noto que ele tem um dente torto na lateral. Está bem na linha daquela covinha na bochecha, e quando meu olhar encontra o dele, minhas calcinhas derretem logo.

— Almoce comigo. — Ele diz isso tão rápido que tenho quase

certeza de que o convite o surpreende tanto quanto a mim.

Minha respiração deixa meus pulmões, e leva um segundo para que eu me lembre por que isso é uma má ideia.

— Vou almoçar com Emberly.

Suas sobrancelhas escuras franzem.

— Você não almoça com Emberly todos os dias?

Ele está certo. Eu trabalho na padaria, então eu passo todos os dias da semana com minha melhor amiga.

— Sim… bem… hoje é especial. — Eu olho para onde ela ainda

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planejando uma maneira de atrair mais turistas.

Não só pareço nervosa, como estou falando muito rápido. Tudo isso me dá vontade de parar e começar tudo de novo. Estar nervosa na frente do Chad não é como eu quero parecer.

Ele acena com a cabeça, aceitando minha resposta.

— Eu tenho que trabalhar esta noite.

Ele olha para seus sapatos. Ele é tão alto, e seus ombros são tão largos. Eu me imagino escalando nele como uma árvore.

— Robbie está se preparando para se aposentar. — Minha voz é

calma, pensativa.

Uma voz jovem, masculina, nos interrompe.

— Ei, Tabitha. Como você está?

É Jimmy Rhodes, e eu quero rastejar dentro dos arbustos de gardênia. Tudo é substituído pela minha humilhação do ano passado.

Fui pega. Nadar pelada.

Na piscina do motel Plucky Duck, de novecentos anos, em minha roupa íntima, com essa criança fingindo ser um homem.

Oh. Meu. Deus.

Eu nunca mais vou fumar maconha.

— Continue andando, garoto — Chad diz, mas há uma dica de

algo mais em seu tom.

Algo como ciúmes?

Os ombros de Jimmy caem, mas ele faz o que lhe é dito. Por mais que eu esteja queimando de humilhação, e por mais que eu não queira encorajar a paixão adolescente de Jimmy, eu não posso deixar de sentir um arrepio. Chad está agindo de forma terrivelmente possessiva.

— Saia comigo na sexta-feira. — Ele se volta para mim

novamente, e sua expressão é séria, um pouco feroz. Ele faz coisas estranhas com o meu interior.

— Não — eu digo muito rápido, e ele exala uma gargalhada. — Então ainda é assim?

Entre humilhação, luxúria e igreja, minhas emoções são tão misturadas quanto uma tigela de espaguete.

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Eu não sei por quê. Só sei que as garotas más não namoram com policiais. É uma receita para o desastre. Um de nós vai acabar querendo mais do que o outro está disposto ou mesmo é capaz de dar, e será doloroso e horrível.

— Eu não acho que seja uma boa ideia. — Minha voz está

calada, e estou sendo tão honesta com ele como sempre fui com qualquer pessoa.

Seu sorriso derrete, e uma pequena linha se forma entre suas sobrancelhas enquanto ele processa o que acabei de dizer, como se ele entendesse.

— Então eu acho que… vejo você por aí. — Não se eu te vir primeiro.

Juro que minha boca tem vontade própria. Não importa. Essa covinha irresistível aparece, e eu sei que não o assustei.

O conhecimento desse fato me assusta ainda mais.

— De qualquer forma, estou de olho em você — brinca ele. — Eu não preciso de um cão de guarda.

— Todo mundo precisa de alguém que cuide da gente. — Eu tenho a Emberly.

Fazemos uma pausa enquanto nossos olhos atravessam o gramado verde brilhante onde minha melhor amiga ainda está conversando com Betty Pepper. Só que agora, Coco está saltando à sua volta. Minha afilhada é um feixe adorável de energia, cachos morenos e luz do sol, e ela está pulando que nem um canguru há um mês. Isso me faz sorrir, e quando olho para cima, percebo que o deputado Tucker também tem um sorriso nos lábios.

— Ela pode estar com as mãos ocupadas. — Ele vira aqueles

olhos sexy para mim, e eu quase desabo.

Não posso fazer isso.

— Nós cuidamos uma da outra.

Ele desliza sua grande mão em seu bolso dianteiro.

— Tenha um bom dia, Tabitha.

Ele me deixa ir por enquanto, mas está ficando mais difícil resistir à tentação.

(35)

L

Chad

ábios vermelhos de veludo e ondas marrons macias estão em minha mente enquanto eu rolo na cama para parar meu alarme. Por um minuto eu pisco para a parede branca, recuperando minha concentração e pensando como é a terceira vez em uma semana que abro os olhos no final de um sonho.

Uma bela e redonda bunda.

Uma que leva a uma cintura estreita, tetas cheias, olhos verdes atrevidos e um sorriso largo e branco. O sonho se foi, e fiquei com uma ereção em meus lençóis. Merda.

Eu gemo, jogando-os de lado e me levanto. Vim aqui para encontrar a paz. Misturar-me com uma garota como Tabitha Green é uma receita para o desastre. Preciso de café e de um toque de despertar. Um tapa na cara para cair na real.

Meu pés descalços pisam nas madeiras quentes do meu apartamento no armazém por cima do escritório do xerife, e eu tropeço no banheiro para cuidar dos negócios e começar a trabalhar.

Depois de surpreender tanto Tabby quanto eu com aquele convite espontâneo para almoçar, passei a tarde com o xerife Cole, ouvindo suas velhas histórias de guerra dos dias em que Oceanside

(36)

Village era o centro do turismo, antes que a faixa de terra agora conhecida como Oceanside Beach fosse desenvolvida.

Esse desenvolvimento de bilhões de dólares resultou em muito sangue ruim entre a comunidade empresarial e o homem que o desenvolveu, mas também reduziu muito a pequena criminalidade aqui.

No passado, eu gostava de passar uma tarde dessa maneira. Passei a maior parte do ano anterior voltando ao normal, aprendendo a acreditar em algo novamente.

Claramente, estou curado. Não consigo tirar a porra da Tabby Green da minha cabeça.

Estou no meu carro em menos de trinta minutos, pronto para o café com leite e donuts, quando tiro meu pé do acelerador.

— Mas o quê…?

Tabby está andando na berma da estrada a cerca de 800 metros da cidade. Suas pernas longas estão nuas, levando a um short justo azul-marinho e uma blusa de manga curta xadrez vermelha e branca amarrada na frente, e seu cabelo escuro pende sobre um ombro em um rabo de cavalo grosso e enrolado. Eu rosno, sacudindo da minha mente uma visão de mim enrolando aquela corda escura ao redor do meu punho. Ela está sexy com óculos de sol brancos pendurados no nariz.

Meu pau se anima ao vê-la, e eu tenho que me deslocar no meu assento. É uma má ideia, mas eu diminuo a velocidade à medida que me aproximo.

— Oh! — Ela pula para trás, chegando até a abaixar os óculos

de sol para que possa me espreitar por cima das armações. Eu paro quando a alcanço.

— Bom dia, Srta. Green. — Suas bochechas estão rosadas, e

porra, é sexy como o inferno.

Mesmo assim, ela é desafiadora, o que só incentiva o calor na minha virilha.

— Bom dia, Delegado Tucker. Você se importa?

— Importar… com o quê? — Minhas sobrancelhas se franzem, e

eu olho de um lado para o outro.

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— Ia oferecer-lhe uma carona. — Olhando para os sapatos dela,

eu corto meus olhos para os dela. — Esses não são feitos para andar, especialmente nessa rodovia.

Ela inspira profundamente e eu desvio meus olhos do volume de seus seios. Ela realmente é tentadora. Ela também sabe que tenho razão mesmo que ela esteja fingindo que não.

— Vamos lá, Tabby, eu não mordo. — Eu lhe dou um sorriso. —

Até para que eu te conheça melhor.

Os olhos dela se arregalam, e eu adoro quando a desequilibro. Mas a surpresa se transforma rapidamente em uma careta e ela começa a andar novamente.

— Eu gosto do exercício.

Tirando o pé do freio, eu giro o volante para que a viatura deslize lentamente, acompanhando o ritmo de sua viagem no acostamento da estrada. Seu queixo está levantado, e nós continuamos um pouco mais longe, ela me dando um tratamento silencioso.

Provocá-la parece vir naturalmente para mim.

— Você deveria usar um tênis, se quer fazer exercício.

Ela olha de relance para os pés.

— Eu não estava planejando andar quando me vesti esta

manhã.

— O que aconteceu?

— Ainda não consigo encontrar minha carteira de motorista. — O

tom dela é impaciente, mas pelo menos ela está falando agora.

— Estou impressionado, Srta. Green. Você obedece à lei.

Ela respira fundo, fazendo com que aqueles peitos perfeitos se levantem. Eu olho para o lado, para o caminho à frente.

Sua resposta é pura besteira.

— Se eu não tivesse obedecido à lei, Delegado Tucker, não teria

chegado até aqui.

— Chame-me de Chad.

Ela para abruptamente, colocando a mão em seu quadril.

— Não há alguma lei contra a perseguição de civis?

— A perseguição é um padrão de comportamento. Estou

tentando ser um bom samaritano. Essa estrada não foi projetada para pedestres. Você vai virar um tornozelo.

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— Na verdade, é. Eu jurei manter o povo de Oceanside seguro. — Então você vai dirigir ao longo do acostamento a 1km por

hora enquanto eu ando?

— Seria mais fácil se você me deixasse te dar uma carona.

Seus olhos verdes se estreitam, e ela me examina um momento. Ela olha para seus pés e, em seguida, para a cidade. Finalmente, com uma exalação exasperada, ela dá a volta na frente do carro, abrindo a porta do passageiro. Eu engulo um sorriso enquanto ela entra e aperta o cinto de segurança.

Ela mantém seu rosto voltado para a janela aberta, e a brisa fria empurra seu cabelo escuro para trás do ombro, expondo a pele clara de seu pescoço. Nós não falamos por um minuto, e eu considero dar uma volta no quarteirão para nos dar um pouco mais de tempo. Sua presença preenche o espaço, e minha consciência sobre ela é elétrica.

Ela quebra o silêncio, olhando para cima e ao redor do carro.

— Eu nunca tinha estado dentro de um desses antes. — Sério? — Eu não escondo a surpresa em minha voz.

Isso me deixa com outro olhar irritado.

— Quão ruim você acha que eu sou, Chad?

Mesmo com esse tom, meu nome soa bem em seus lábios.

— Com sorte, apenas ruim o suficiente.

Suas bochechas estão rosadas de novo, mas a viagem acabou. Eu paro na esquina da Main com a Elm, e ela não me dá a chance de abrir a porta antes de sair e descer a fila para a padaria da Emberly.

A loja da Betty é a primeira na fila, seguida pela loja de ferragens da Wyatt. A padaria de Emberly é a próxima, e um pouco abaixo está a loja de antiguidades da Daisy. Um sorriso levanta o canto da minha boca enquanto a vejo ir, aquele traseiro dos sonhos balançando de um lado para o outro.

A campainha sobre a porta da Betty toca enquanto eu a abro, e o aroma de café com leite e donuts me atinge.

— Bem na hora certa — uma voz masculina estrondosa chama

por trás do balcão.

André Fontenot é o segredo mais bem guardado da Oceanside. Ele tem uma loja de sanduíches na casa de Betty e faz café e

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baguetes recheadas com carne para rivalizar com qualquer coisa que se encontre no Bairro Francês em Nova Orleans. Ele e Emberly recentemente uniram forças para adicionar seus bolos e lançar um cardápio de café da manhã. Eles estão determinados a atrair turistas da praia e de volta à cidade, e até agora está funcionando. Quando a palavra começar a se espalhar, as pessoas vão fazer fila.

— Bom dia, Dre. — Entrego-lhe o dinheiro e levo o copo de

papel, dando uma tragada rápida antes de tomar um gole. Café rico e escuro sobe pelas minhas veias, e tudo está bem no mundo.

— Vi Tabby saindo de sua viatura agora mesmo. — Os olhos

escuros estão preocupados sob a aba de seu boné do Saints. — Está tudo bem?

Eu me encosto contra a barra que forra a janela e aceno com a cabeça enquanto tomo outro gole.

— Ela perdeu a carteira de motorista.

— Merda. — Um sorriso brilhante divide seus lábios escuros. —

Fiquei preocupado por um segundo.

O desenvolvimento do site da Tabby tem sido uma grande parte do plano deles, e sua propensão para entrar em problemas também me manteria no limite.

— Acho que encontrei seu calcanhar de Aquiles.

Ele pisca um olho, e eu abaixo minha voz.

— Fazendo-a ir à igreja.

Isso me dá uma risada estridente.

— Isso é legal?

— Ela ainda não me questionou.

André acena com a cabeça, parecendo impressionado.

— Nada mal, Tucker.

— Eles não dão esses crachás para qualquer um.

Ele ainda está rindo enquanto me passa um pequeno saco de papel.

— Emberly fez rosquinhas. Leve algumas para comer pelo

caminho.

— Obrigado. — Eu coloquei a tampa de plástico no meu copo. —

Eu estarei por perto. Avise-me se você precisar de qualquer coisa. Ele abana a cabeça.

(40)

— Se você tivesse me dito isso no ano passado, se eu ficaria

feliz em ver um policial, eu teria te chamado de louco.

É um elogio que aceito, e eu tomo meu café antes de sair pela porta. Vou parar e verificar cada uma das lojas ao longo da Main Street antes de sair para a faixa da praia para terminar minhas rondas. É a estação baixa, por isso nossos dias estão diminuindo gradualmente.

A partir de agora até as férias da primavera, meu trabalho é bem tranquilo. Wyatt está ocupado ajudando um cara com banheiros e material de encanamento quando eu enfio minha cabeça para dizer bom dia. Ele está ocupado, então eu vou para a loja da Emberly.

Mais uma vez, um pequeno sininho toca quando entro na loja. Emberly está na mesa grande na parte de trás, seus cabelos castanhos presos no alto de sua cabeça enquanto ela enrola o que parece ser uma pasta branca. Tabby está no balcão, teclando em uma calculadora com uma caneta na mão.

— Bom dia, senhoras. — Sua cabeça estala ao som da minha

voz, e ela se afasta novamente.

— Quanto tempo o padrão de comportamento tem que ocorrer

antes de ser considerado perseguição?

— Apenas fazendo meu trabalho, Tabitha. — Dou alguns passos

para dentro quando Emberly olha por cima de seu ombro e me dá um sorriso amigável.

— Bom dia, Chad! Você experimentou os donuts hoje?

Eu seguro o pequeno saco marrom.

— O André me deu. Estou terminando meu café.

— Eles vão com o café! — Ela acena com a mão para onde está

uma jarra na janela. — Estamos unindo forças. Ele me deu um pouco do seu café.

Ela pega minha xícara e atravessa o espaço grande e aberto para me trazer um refil, e eu paro no balcão onde Tabby de repente está muito concentrada nos números.

— Web design e contabilidade? — Inclino-me, olhando para o

caderno que está na frente dela. Endireitando-se, ela o fecha.

— Você pode se surpreender ao aprender que as meninas

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óculos.

— Não estou surpreso. — Meus olhos piscam para seus lábios

vermelhos antes de voltar para aqueles olhos verdes ardentes. — Aposto que você pode fazer o que quiser.

Isso a derrete. Não sei por que de repente tenho a mente concentrada nessa garota, mas simplesmente acontece. Mas que diabos?

— Eu tenho sexta-feira à noite livre. Gostaria de sair com você,

para compensar a vez que você adiou.

— Que adiamento? — A voz dela está mais silenciosa, o desafio

desapareceu.

— Do almoço de ontem. Saia comigo na sexta-feira. — Eu disse que não.

Confesso que a rejeição imediata dela dói um pouco, mas vejo o medo em seus olhos. Isso alivia um pouco o golpe.

— Sério? — Mal posso esperar para ouvir a desculpa dela dessa

vez.

— Eu… eu prometi a Emberly que ficaria com a Coco.

— Tabby! — Emberly está conosco novamente, me entregando o

café fresco. — A Coco pode ficar com minha mãe na sexta-feira à noite.

Tabby corta seus olhos para sua amiga.

— Mas eu prometi…

Emberly encolhe os ombros.

— Será uma boa razão para eu encerrar a noite bem cedo. Além

disso, você não faz nada divertido há…

— Eu faço o que quero fazer — Tabby a corta, olhando para mim

antes de virar as costas e ir para a jarra do café.

— Eu não quero causar problemas… — eu começo.

— Não é problema algum. — Emberly me dá um sorriso

encorajador aliado a um pequeno piscar de olhos. Depois ela inclina sua cabeça para onde sua amiga está.

Eu olho dela para onde Tabby está servindo café. Não gosto de causar conflitos, mas me sinto encorajado pelo apoio inesperado.

— O que você me diz?

(42)

— Você está latindo para a árvore errada, Delegado Tucker. Não

estou procurando por nada neste momento.

— Então devemos nos sair muito bem. Eu a pegarei às sete. —

Cruzando o espaço, estou indo para a porta quando a voz dela me para.

— Mas… aonde nós vamos?

Eu vou para onde ela está ao lado da pequena mesa. Ela se endireita quando me aproximo, como se estivesse se preparando para se defender.

— Pode me dar o seu número? — Eu chamo a atenção dela e

sorrio de uma maneira que espero que seja amigável. Parece apenas que ela se agita.

— Acho que sim.

— Aqui. — Eu pego o telefone dela, que hesita antes de colocar

na minha mão. Rapidamente, digito meu número e envio a mim mesmo uma mensagem de texto. — Agora estamos conectados.

— Você vai me manter no suspense?

— Parece que você gosta de surpresas. — Começo de novo

pela porta, mas faço uma pausa antes de sair. — Você precisará usar algo que possa se mover em… Algo que não se importe de sujar. Eu lhe mandarei outras mensagens mais tarde.

Suas sobrancelhas se franzem, e eu sorrio ao sair pela porta. Eu adoro desequilibrá-la.

(43)

M

Tabby

eu telefone toca às oito da manhã com uma mensagem de texto do Chad, Você tem pleno uso de seus braços e músculos do estômago?

Sentada na cama, eu esfrego um olho enquanto envio uma mensagem de texto de volta.

Que raio de pergunta é essa?

Uma pergunta bem fácil. Você tem? Meu nariz enruga.

Tanto quanto eu sei.

Algum problema que limitaria o uso de um braço e ambas as pernas?

Isto é sobre essa noite? Talvez.

Eu não tenho necessidades especiais.

Mudança de horário. Tudo bem se eu te pegar às cinco?

Pressionando meus lábios juntos, eu considero responder sobre como ele claramente assume que eu estou sentada esperando para sair com ele. Eu não.

Que diabos estamos fazendo?

(44)

Você já me disse isso.

Ele não responde, deixando-me nervosa a manhã toda.

Desde segunda-feira, o Chad não parou mais na padaria. Em seu horário habitual de check-in matinal, ele só espreita na janela e acena. Ele sorri, e essa maldita covinha perfura sua bochecha, fazendo com que minhas entranhas se apertem. Se nossos olhos se encontram, é como um relâmpago.

Lembro a mim mesma que não estou querendo relacionamentos agora. Estou trabalhando em meus negócios, e uma vez que economizei dinheiro suficiente, vou fazer uma viagem ao redor do mundo. Tenho meu cartão de crédito da American Airlines para pagar toda a minha gasolina. Estou acumulando os pontos cada vez que vou à estação e faltam três para 120.000 pontos — o número mágico para reservar um voo de volta ao mundo.

Tive a ideia de minha mais nova cliente, a Travel Time. Eles são uma agência de viagens, e eu estou criando um site simplificado e elegante para eles, direcionando os viajantes para pacotes de acordo com o lugar para onde querem ir, categorizados por localização, duração, preço e classificação por estrelas.

À noite, procuro por posts em blogs, fotografias e diários de viagem para acompanhar os diferentes pacotes que eles oferecem. Em muitas noites, janto lendo-os e sonhando em ver os sites de perto pessoalmente. Talvez eu possa acrescentar às fotografias e aos diários de viagem.

Portanto, embora Chad Tucker seja uma diversão interessante, ele não está me tirando dos meus objetivos. O trapaceiro Travis Walker foi o último homem a fazer isso comigo. Eu planejo ser financeiramente independente e ver o mundo.

Minha melhor amiga costumava dizer que iria comigo, mas ter minha linda afilhada e lançar essa padaria colocou seus planos de viagem em espera por enquanto. Eu observo enquanto ela guia cuidadosamente o saco de glacê ao redor da borda de um bolo de chocolate de três camadas, criando flores roxas com formato perfeito.

— Ele não está lhe dando a chance de mudar de ideia. —

Emberly se endireita, colocando uma das mãos na parte inferior das costas e alongando-a antes de voltar ao seu trabalho.

Referências

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