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Rev. Bras. Enferm. vol.34 número1

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Academic year: 2018

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En, 34 66-70, 1981

o E N F E RM E I RO NO AM B U LAToR I O D E ONCOLOG IA C Li N I CA

Heminia Carolia

Fernandes

*

Celme

do

Vale

Goes

* *

Eliane Nogueira

aranj eira

* *

Maria Concei;ao Rocha

* * *

ReBEn/lO

FERNADES, H.C. e Colaoradoras -0 Enfermeiro no Ambulat6rio de Oncologia Clfnica. ev. Bs. Enf.; DF, 34 : 66-70, 1981.

INTRODUQAO

o tratamento do cancer esta hoj e baseado principalmente em 3 (tres) ar­ mas terapeuticas : cirurgia, 'adioterapia e quimioterapia.

As duas primeiras sao essencial­ mente loco-regionais e a ultima siste­ mica, POdSlldo, assim, atuar nas metas­ tases, 0 principal problema do cancer. Nos seus pdmordios, a quimioterapia era fundamentalmente ellPirka, porem, hoj e esta estruturada em principios cientificos igidos, baseados nos melho­ res conhecimJentos da biologia celular, da citocinetica, da historia natural do cancer e da farmacologia das drogas. Os profissionais que trabalham nesta area foram tambem ampliando 0 seu campo de agao, na medida em que os conhe�imentos foram-se aprimorando,

consituindo hoj e uma especialidade que e dienominada Oncologia Clinica.

As drogas utilizadas no tratamento das neoplasias malignas pertencem a classes diferentes ( Tabela ! ) , possuem mecanismos de agao diferentes, porem sao sempre citoOxic> e causam danos tanto nos lecidos tumorais como nos normais ( Tabela II) . Assim, 0 seu uso deve ser controlado clini·camente com avaliagos freqientes e exames labOra­ toriais periOdicos.

Nos primordios da Quiioterapia Antineoplasica, quando nao se conhecia boa parte dos seus efeitos toxicos e nem como trata-los ou minimiza-los, estes tratamentos sempre foram realizados em regime hospi'talar.

A medida que se anpliaram os co­ nhecimentos nesta area, un numero cada vez maior de pac�entes se subne

-* Enfermeira Supervisora do Ambulatorio de Oncologia Clinica da Santa Csa de Misericordia de Beb Horizonte - Minas Gerais.

* * Enfermeiras Supervisoras da Enfermaria de oncologia do Hospital Santa Monica de Belo Horizonte - inas Gerais.

" * * Enfermeira Supervisora da llfermaria de Oncologia (ala feminina) da Santa Casa de Misericordia de Belo Horizonte - Minas Gerais.

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FERNANDES, H.C. e Colaboradoras -0 Enfermeiro no Ambulaorio de ncologia Clinica. Rev. Bs. Enf. ; DF, 34 : 66-70, 1981.

ten a este tipo de tratamento, calclan­ do-se hoj e que, cerca d' 70 % dos easos de cancer diagnostic ads, farao quimio­ terapia em uma epoca qualquer de sua evolu�ao.

o grande nim�ro de pacientes, bem como 0 melhor conhe,-:imento dos efeios t6xicos acima relatados, obrigam os on­ cologistas a organizarem unidades de tratamento em regime ambul'torial, re­ duzindo as interna-goes, porem, sem per­ d'elr 0 carater de controle clinieo rigido e permanente.

A descri�ao de uma unidade pre ­ parada para e sse tipo de aendimento e a importancia do enfermeiro na mes­ na, constituem 0 ob}etivo primordial do presente trabalho .

POSlQAO DO ENFERMElRO NA UNI­ DADE AMBULATORIAL DE ONCOLO­

GlA CLfNICA

Na unidade ambulatorial de Onco­ logia Clinica da santa Casa de Misei­ c6rdia sao desenvolvidas as seguintes atividades medicas :

a ) consultas e orienta�ao terapeu­ tic a em pacientes oneol6gLcs novos ( 1.0 atendimento) ; b ) tratamento quimioterapico em

regime ambulatorial ;

c ) follow-up d e pacien'es j a tra-tados ;

d ) imunoterapia ;

e ) linfografi a ;

f) quimioterapia intracavitaria : - intra'tecal

- intrapleural - intraperioneal ;

g ) curativ�s e cUidados gerais com pacientes nao intefnados.

Especificamente, os pac�eltes sao, inicialmente, atendidos por uma recep­ cionista ; entao, devidamente regstra­ dos, cadastrados, recebem um prontua­ rio clinico onde serao realiadas

to-das as anota�oes referentes ao msmo : anamnese, exame fisico geral, exame loco regional, registro de tratamento e evolu�ao do caso. Na mesma psta, so arquivados todos os exames e documen­ tos do paciente.

E facil reconhecer a part1clpa�ao da

enfermagem m todos s procedimentos

aeima descritos, porem, para maior cla­ re2 a e obj etividade, descreveremos so­

mente a participa�ao refe'ente a qui­

mioterapia antiblastica.

Neste sen'tido, 0 paciente e atendido nos consult6rios medics, onde e feito o exame e a dete1inagao terapeutica, sendo encaminhado para a unidade de tratamento. A area determinada espe­ eificamente para 0 tratamellto esta composta de : tres boxes com cinco ca­ mas e quat"o cadeiras, permitindo 0 atendimento de nove padentes ao mes­ mo tempo. Trabalham nesta area ma enfermeira e tres auxiliares de enfer­ magem.

o paciente novo e recebido inieial­ mente pela enfermeira, que 0 orienta quanto a maneira da administra�ao das irogas, seus possiveis efeitos toxicos, 0 modo de controla-los ou miniiza-Ios e a rotina dB funcionameno da unida­ de, integrando 0 paciente na mena. Quanto aos pacientes com eventuis problemas de adapta�ao ao tratamento ou t unidade sao eontrolados e reeebem orienta�ao peiodica da ienfermeira e do

corp> clintco do servi�o.

Esse tipo de atendlmento f9i im­ plantado na Santa Casa de Miseri:ordia em 1970 e tem atendido um nimero crescente de pacientes, como mostra a Tabela III.

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evi-ERNANDES, H.C. e Colabordoras -0 Ll1fermeiro no AmbuJ at6rio de Oncologia Clinica. Rev. Bs. Enf. ; DF, 34 : 66-70, 1981.

tar 0 extravazamento ou um maior con­ t:to da droga com a parede venosa que possa causa' fJebite.

No ambulatOrio, segue-se a seguin­ te rotina na admi1stra;ao destes me­ dicamntos intravenosos :

1 - canula-se uma veia de bom cali­ bre, em local de bom fluxo com "Butterfly" e longe das articula­ ;5es.

2 - usa-se como veiculo solu;ao de glicose 5 % ou solu;ao flsiologica contendo uma ampola de antieme­ tico. eixa-se gotejar cerca de 100 ml da soluc;ao com a finalidade de se certificar de que a veia esta bem canulada e, tmbem, para que certa quanti dade de antiemetico estej a em .circulac;ao no momento da inj e;ao da kga.

3 -- para 0 caso de drogas vesicantes locais, as vezes, ua-' equipo de microgotas para facilitar a admi­ nistra;ao.

4 -- a administra;o da droga e feita, puncionando-se 0 equipo, u atra­ yeS do tubo do "Butterfly", ou an­ da atraves do equipameno de mi­ crogotas.

5 - deixa-se CO'er 0 restante do fluido rapidamente para "lava''' a veia.

Os padentes recebem, ainda, no domiilio, orienta;ao quanto ao

uso

de drogas, :e'almente medicamentos orais ou pomadas (ex. : ,Ciclofosfamdda, pro­ carbazina, 5-fluoro-uracil, etc.) , os quais

sao fornecidos aos mesmos na propria unidade.

o paciente permanece cerca de 60 a 90 minutos na unid adie e, termada a intusao da droga, 0 mesmo e encau­ nhado a secretaria, onde recebe seu car­ tao de retorno, orinta;ao pra a rea­ liza;ao dos eXJmes eventualmene 5011-citados

pelo

medico.

Muitas das 'ogas utilizadas

em

ser armazenas ap6s a dilui;ao, deie

que, devidamente acondicionadas, Ol' exemplo : protegao contra luz, e coloca­ das em locais apropri.dos, sendo que a maio ria, em geladeira. outras, como, por exemplo, BCNU (Be'cenun-Brlsou) , 0 CCNU (Citostal-Bristol) e a Vcsa <oncovin-Lilly) devem se" mantids em geladeira, mesmo antes de seu uso. Um conhecimento adequado dests drogs permite ao enf!ermeiro acondicionar de­ vidamente eventuais "sobras" de medi­ camentos j a diluidos para ainista­ ;ao em outros pacientes, 0 que significJ. grande economia, uma vez que todos estes medicamentos sao exremamente caros ,

Para desempen:lar as fun;oes aci­

ma sumarizadas, 0 cnfermeiro deve re­ ceber capacita;io em Oncologia geral, que the permita uma interligac;ao entre a equipe medica e 0 paciente e, alem disto, conhecimentos sobre a natureza e a formacologia das drogas, seus efei ­ tos t6xic)s, necessitando ainda

ie

estar familiari,mdo com os esquems terapeu­ ticos mais comuns empregados para cada neoplasia. No ambulatOrio, isto c conseguido atraves de cursos inistra­ dos pela equipe medica e de reunioes, permitindo a integra;ao do enfemeiro com elemento indispensa vel na unidade ambula'torial e na equie medica.

CONCLUS6ES

De acordo com 0 exposto, conclui-se que a unidade ambulatorial de Oncolo­ gia CUnica perite hOjle que sej am evi­ t.as n numero grande de interna­ foes para 0 'tratamento das neoplasias malign as pela quimioterapia antiblasti­

c

a, mas que, para isto, deve estar devi­ damente aparelhada, para oferecer con­ trole cUnico rigido do paciente, admi­ pjstrafao adequaa dos quimioerapicos, tratameno e profilaxia dos efeitos 6i­ cos mais comuns, orienta;ao para uso de dros no domlcilio e es efeis

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re-FERNANDES, H.C. e Colabordoras -0 Enfermeiro no Ambula6io de ncologia Clinica.

Rev. Bs. :f. ; DF, 34 : 66-70, 1981.

torno e realiza;ao de exames neces­ sarios.

o enfetrmeiro e elemento imprescin­ divel em uma unidadJe. com estas carac­ teristicas e, para isto, deve receber ca­ pacitagao em Oncologia Geral e em es­ pecial : Quimioterapia Antiblastica.

TABELA I

CLASSIFICA:AO DAS DROGAS ANTI­

NEOPLASTICAS DE ACORDO COM

SUA NATUREZA QUfMICA E MECA-NISMO DE AQAO

A - Agentes Alquilantes : - Mostarda Nitrogenada - Ciclofosfamida

- Tiolepa - Bussulfan '- Clorambuci!

- Mortarda Feni! Alanina

B - Antimetab6litos : - Methotrexate - 5-Fluoro-uracil - 6-Iercaptopurina

- Arabinosideo -C

C - Antibi6tLcos : - Actinomicina -D - Adriamicina -- Blcomicia - Daunomicina - Mitomicina - C

D - Alca16ides da Vinca : - Vincristina - Vim blastin a

E - Enzimas :

- L-asparaginase

F - Drogas Sinteticas : - BCNU Nitro� ureias - CCNU Nitr::,ureias ,- Hidroxiureia - O,p -D.D.D.

- Procarbazina - DTI - C

TABELA I!

EFEITOS COLATERAIS IMPORTAN­

TES DA QUIMIOTERAPIA ANTIBLASTICA

1 - Nauseas e vomitos 2 - Mielossupressao

3 - Imunossupressao

4 - Efeitos sobre 0 tubo gastro-intes-tinal

5 - Alopecias

6 - Efei'tos lesicantes locais

7 - Miocardiotoxicidade (Adiamicina

+ Daunomicina)

8 - Fibroses pulmonares

9 - Efeitos teratogenicos 10 - Eilidade

1 1 - Potncial oncogenico

TABELA II!

ATENDIMENTOS REALIZADOS NO

AMBULATORIO DE ONCOOGIA f­

NICA DA SANTA CASA DE MISRI­ CORDIA DE BELO HORIZONTE - MG

Ano Atendi­

mento 1975 1 976 1 977 1978 1979

Sessoes de

Quimiote-rapia 298 6 1 0 3045 4995 5071

Consultas

e Revis6es 727 9'54 1426 905 1 126

TABELA IV

VIAS DE ADMINISTRA:AO DE DRO­

GAS USADAS EM QUIMIOTPIA

ANTIBLASTICA

I - Intravenosa I! - Intra-arterial

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FERNANDES, H.C. e Colaboradoras - . Enfermeiro no Ambulat6rio de .ncologia Clinica.

Rev. Bras. Enf. ; DF, 34 : 66-70, 1981.

v - Subcutimea

VI - Uso t6pico : - pomadas

-compressas - colirios

TABELA V

DR.GAS COM EFEITOS VESICANTES LOCAlS

1 - Actinomicina - D ( Bioact - D, Cs··

megen )

2 _. Adriamicina ( Adriblastina) 3 - Daunomicina ( Daunoblastina ) 4 - DTI -C (Dicarbazine) 5· _. Mitomicina - C ( Miocin ) 6 - Mitramicina ( * )

7 - Mostarda Nitrogenada ( Oncoclora­ min)

8 Vimblastina ( Oncovin)

9 -- V indesine ( Droga experimental )

( " ) Droga nao 8xistente no comercio brasileiro.

B I B L I . G R A F I A

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