Arq Bras Endocrinol Metab vol 47 nº 5 Outubro 2003 632
Sr. Editor,
V
EN H O, PO R MEIO D ESTA, expor um alerta à comunidade médica que assidua-mente lê os “Arquivos”Como nós Endocrinologistas sabemos, o uso indiscriminado de fórmulas ditas “mágicas” para emagrecimento é uma prática comum no país e, muitas vezes, prescrita por outros especialistas que desconhecem o perigo da associação destes medicamentos.
Recentemente, aqui no Recife, temos encontrado várias “fórmulas anorexíge-nas” que associam as raízes da Ptychopetalum olacoides Bentham(O lacaceae), conheci-da como Marapuama, com anfetamínicos. Nossa preocupação é que estes médicos desconheçam as evidências médicas, dos malefícios da associação entre a Marapuama e anfetamínicos. Estudos em camundongos albinos revelou um aumento significante da toxicidade desta associação, que pode levar a convulsões, cianose e até a morte (1-4).
Recentemente, após nálise do perfil psicofarmacológico da Marapuama, foi constatado que os compostos presentes no seu extrato etanólico bruto (EEB), podem interagir com os sistemas dopaminérgico e/ ou adrenégico, e que tem efeitos no sistema nervoso central (2). O s efeitos ansiogênicos da Marapuama são com-paráveis ao do pentylenetetrazol (4). Q uando a Marapuama foi avaliada no teste de estereotipia induzida por anfetaminas em camundongos albinos, os animais apre-sentaram convulsão, cianose e morte (3). O mesmo aconteceu quando a Marapua-ma foi testada quanto a proteção da letalidade induzida por anfetamina em camundongos. A letalidade foi notada 24h após a administração da anfetamina (2). Esta combinação, associada à espirulina, hidroclorotiazida e cáscara sagrada, é uma das mais encontradas nas formulações ditas naturais para emagrecer.
Acho que nenhuma comissão de ética no mundo iria permitir o uso da Marapuama associada a anfetamínicos no homem, com a informação desta toxici-dade nos animais cobaias.
cartas ao editor
R i scos da A ssoci ação de Marapuama Com
A norexí genos em Fór mulas Para Emagrecer
Luci ano Tei xei ra
Professor de Endocrinologia,
Mestre em Medicina
Interna, U FPE
Pós-Graduação - Em ory U niversity
School of Medicine (U SA )
Diplom ado pelo A m erican Board
of Internal Medicine
REFERÊNCIAS
1. Siqueira IR. Contribuição ao estudo etno-farmacológico de Ptychopetalum ola-coides Bentham (Marapuama): Pro-priedades psicofarmacológicas. Porto Alegre, Dissertação (Mestrado em Ciên-cias Biológicas - Fisiologia), UFRGS, 1997.
2. Siqueira IR, Lara DR, Silva D, Gaieski FS, Nunes DS, Elisabetsky E.
Psychopharma-cological properties of Ptychopetalum olacoides Bentham (Olacaceae). Phar-maceut Biol 1998;36:327-34.
3. Elizabetsky E, Siqueira I. Marapuama. Revista da Racine 1998;43(Mar/Abr):16-9.
4. da Silva AL, Bardini S, Nunes DS, Elizabetsky E. Anxiogenic properties of Ptycho-petalum olacoides Bentham (Marapua-ma). Phytother Res 2002;16:223-6.
Cesar Lui z Boguszewski
Editor-convidado dos A BE& M;
Edição Especial:
N euroendocrinologia
Prezado D r. Claudio E. Kater