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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS CAMPUS JATAÍ / UNIDADE JATOBÁ TCCG- GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA CLÍNICA CIRÚRGICA E REPRODUÇÃO DE BOVINOS Acadêmico: Eduardo Siqueira Martins Orientadora: Profa. Cecília Nunes Moreira Sandrini Jataí 2007

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TCCG- GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA

CLÍNICA CIRÚRGICA E REPRODUÇÃO DE BOVINOS

Acadêmico: Eduardo Siqueira Martins

Orientadora: Profa. Cecília Nunes Moreira Sandrini

Jataí 2007

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EDUARDO SIQUEIRA MARTINS

CLÍNICA CIRÚRGICA E REPRODUÇÃO DE BOVINOS

Trabalho de conclusão de curso de Graduação em Medicina Veterinária apresentado para obtenção do título de Médico Veterinário junto à Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí

Orientadora:

Profa. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini Supervisor:

Médico Veterinário Leandro Bonifácio da Silva

Jataí 2007

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EDUARDO SIQUEIRA MARTINS

Trabalho de conclusão de curso de graduação em Medicina Veterinária defendida e aprovada em 23 de novembro de 2007, pela seguinte banca examinadora:

____________________________________________

Profa. Dra. Cecília Nunes Moreira Sandrini Presidente da Banca

____________________________________________

Prof. Msc. Henrique Trevizoli Ferraz Membro da banca

____________________________________________

Médico Veterinário Valdir Chiogna Junior Membro da banca

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Dedico este trabalho aos meus pais;

Tiburcio Siqueira Gama Neto e Cacilda Martins Neves Gama, pessoas que sempre me incentivaram e ensinaram com paciência, compreensão e amor, me mostrando sempre o valor do estudo, da honestidade e do respeito pelos próximos; à minha irmã Paula Siqueira Martins, por ter me mostrado a importância em se dedicar a seus ideais e pelo que me ensinou durante toda minha vida, sendo minha amiga e conselheira.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado a oportunidade de poder estudar, por ter me dado uma família honesta, responsável e amigos verdadeiros.

Aos meus pais, pessoas que eu sempre amarei e admirarei por terem me criado com carinho e respeito, sempre preocupados com meu bem estar e conforto e sempre se esforçando para que eu pudesse me dedicar exclusivamente aos meus estudos.

Aos meus irmãos Paula Siqueira Martins, Fernando Siqueira Martins e a minha prima Fernanda Martins Neves, que para mim sempre foi e será uma irmã. Pessoas que sempre me ajudaram, com alegria e disposição, sempre suportando e rindo do meu jeito.

A Gracielle Teles Pádua, que esteve ao meu lado nos últimos anos, sempre apoiando minhas decisões, compreendendo minhas manias e me ajudando em tudo que eu precisasse.

Aos meus avós e minha família, que sempre me acolheram com alegria e satisfação. Pessoas que eu admiro e respeito.

Aos meus irmãos de republica: Werik (Agrônomo), Felipe (Nanico), Luiz Fabiano (Bianno), Arthur (IG), Ricardo (Carrerinha), Murilo (Piriguete) e Maicol (Lumbriga); pela amizade e paciência que sempre tiveram comigo, por terem me acolhido, tornando nos últimos anos minha segunda família. Pessoas que sempre considerarei como meus irmãos.

Ao amigo Daniel Rezende, pessoa que conheço a vários anos, que para mim sempre foi um amigo para todas as horas, e que admiro pela sua amizade, confiança e seu humor.

Ao Médico Veterinário Leandro Bonifácio da Silva, que supervisionou meu estágio, transmitindo muitos conhecimentos e se tornado um verdadeiro amigo no decorrer do estágio.

Aos amigos Bruno Najjar, Daniel Afonso, Fernando Baraldi, Renatinho, Valdir, Felipe (Valdomiro), Candango, Arnaldo Jr., Vinícius, Leandro, Wladimir, Diego (Cowboy) e outros mais.

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Aos meus amigos e colegas de sala, pessoas que apesar das muitas brigas e desentendimentos, aprendi a gostar e sei que sentirei falta no futuro, especialmente Heriton (Tigrão), Janderson (Bié), Danilo (Pudim), Thiago, Keyla, Cínara, Ana Luiza, Alliny e Talita.

Aos professores da Universidade, pelos ensinamentos e empenho em melhorar o curso de Medicina Veterinária, especialmente a Cecília, Rogério, Fabiano, Alana, Filipe e Vera Banys.

Aos proprietários e funcionários da Vetmaster, pessoas que me acolheram e transmitiram muitos conhecimentos, e que considero verdadeiros amigos, especialmente João Paulo, Gabriel, Uander, Luciano e Maxuel.

Aos funcionários e colaboradores da Universidade Federal de Goiás, Campus Jataí, por proporcionarem condições para o nosso estudo na Universidade.

Aos animais, que são o verdadeiro motivo de nossas vidas, aqueles que escolhemos para conviver diariamente, e que merecem todo respeito e consideração.

O meu muito obrigado.

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1 Atividades realizadas por especialidade veterinária, durante o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO...

TABELA 2 Procedimentos realizados na área de clínica cirúrgica, durante o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO...

TABELA 3 Atividades realizadas nas especialidades de Reprodução animal e obstetrícia, segundo a espécie animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO...

TABELA 4 Atividades desenvolvidas nas especialidades nutrição e sanidade animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO...

TABELA 5 Atividades desenvolvidas na especialidade clinica médica animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO...

3

4

4

5

6

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Locais para incisão na parede abdominal e no útero em

cesarianas nos bovinos... 8

FIGURA 2 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em trabalho de parto no momento de exame clínico... 12

FIGURA 3 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em trabalho de parto no momento de exame clínico... 12

FIGURA 4 Cesariana em uma matriz nelore - Contenção física da matriz... 13

FIGURA 5 Cesariana em uma matriz nelore – Matriz em decúbito lateral direito com tricotomia da região paramamária, para realização da incisão... 14

FIGURA 6 Cesariana em matriz nelore. Incisão Paramamária... 15

FIGURA 7 Cesariana em matriz nelore. Exposição de parte do útero... 15

FIGURA 8 Cesariana em uma matriz nelore - Local da incisão após a dermorrafia... 16

FIGURA 9 Cesariana em uma matriz nelore - Local da incisão após aplicação de SPORLAN spray®... 17

FIGURA 10 Cesariana em uma matriz nelore - Matriz e bezerra após a realização da cirurgia... 18

FIGURA 11 Interação entre o sistema nervoso central e o sistema endócrino para manutenção da atividade reprodutiva... 22

FIGURA 12 Desenvolvimento folicular e produção de hormônios pelos ovários ... 24

FIGURA 13 Ondas de crescimento folicular... 26

FIGURA 14 Folículo fotografado no momento da ovulação... 27

FIGURA 15 Escore de condição corporal. Escala de 1 a 5... 29

FIGURA 16 Efeito do ECC na taxa de gestação ao longo da estação de monta... 30

FIGURA 17 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo estral. Croniben®... 38

FIGURA 18 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo estral. Cronibest®... 38

FIGURA 19 Alguns medicamentos utilizados na sincronização do ciclo estral. Folligon®... 38

FIGURA 20 Diferentes dispositivos intravaginais de progesterona... 39

FIGURA 21 Dispositivo Intravaginal sendo colocado no aplicador... 40

FIGURA 22 Momento em que o dispositivo é colocado no fundo do saco vaginal. - Dispositivo sendo colocado... 41

FIGURA 23 Momento em que o dispositivo é colocado no fundo do saco vaginal. Aplicador sendo inserido na vagina... 41

FIGURA 24 Retirada do dispositivo intravaginal de progesterona... 42

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 1

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO... 2

3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS... 3

4 CESARIANA... 7

4.1 Revisão de literatura... 7

4.2 Relato de caso... 12

4.2.1 Pré-operatório... 13

4.2.2 Trans-operatório... 14

4.2.3 Pós-operatório... 16

4.2.4 Evolução do quadro... 18

4.3 Discussão e conclusão... 18

5 INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM VACAS LEITEIRAS... 21

5.1 Introdução... 21

5.2 Revisão de literatura... 22

5.2.1 Fisiologia reprodutiva... 22

5.2.2 Ciclo estral em bovinos... 25

5.2.3 Dinâmica folicular... 25

5.2.4 Nutrição - escore de condição corporal (ECC)... 28

5.2.5 Inseminação artificial (IA)... 30

5.2.6 Inseminação artificial em tempo fixo (IATF)... 31

5.2.7 Principais fármacos utilizados no controle do ciclo estral... 32

5.3 Relato de caso... 35

5.3.1 Anamnese... 36

5.3.2 Diagnóstico de gestação... 37

5.3.3 Recomendações ao proprietário... 37

5.3.4 Tratamento... 38

5.3.5 Inseminação artificial após a sincronização do cio... 42

5.3.6 Diagnóstico de gestação após a IATF... 43

5.4 Discussão e conclusão... 43

6 CONCLUSÃO... 46

7 REFERÊNCIAS... 47

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Lojas de produtos agropecuários, com corpo técnico qualificado, têm se mostrado como excelentes locais para realização de estágio, tanto curricular quanto extracurricular, uma vez que permitem ao estagiário entender de forma prática qual o campo de atuação do médico veterinário nesta área.

Esses estabelecimentos permitem que o aluno se relacione com proprietários rurais, conhecendo suas reais dúvidas e necessidades, além de permitir que o estagiário contribua para resolução de tais problemas.

O local para realização do estágio curricular foi escolhido pelo fato de ser uma empresa conceituada, com profissionais competentes, com uma alta casuística em atendimento de grandes animais, principalmente bovinos leiteiros e também de pequenos animais.

Além do conhecimento adquirido na Universidade, o estudante de medicina veterinária muitas vezes se depara com situações em que é necessário um conhecimento mais prático para resolução de um problema, fato que muitas vezes é crucial para o sucesso do profissional.

O estágio curricular permite ao aluno adquirir conhecimentos teóricos e práticos de médicos veterinários experientes, contribuindo assim para a formação de um bom profissional.

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2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

O estágio curricular supervisionado foi realizado na empresa Comercial Vetmaster Ltda, localizada no seguinte endereço: Avenida Comercial, nº. 1260, Centro, município de Pontalina – GO, no período de 30 de julho de 2007 a 11 do outubro de 2007, sob a supervisão do Médico Veterinário Leandro Bonifácio da Silva, perfazendo um total de 400 horas.

Esta é uma empresa privada existente há 5 anos, constituída pelos Médicos Veterinários Leandro Bonifácio da Silva e Maxuel Martins Ribeiro, um gerente, dois balconistas, duas funcionárias de caixa, um técnico agrícola e dois carregadores.

A empresa possui área de loja veterinária, consultório para pequenos animais, fábrica de rações concentradas e suplementos minerais formulados em parceria com a Nutron – Nutrição Animal, pet shop com banho e tosa de pequenos animais, laboratório para realização de exames de brucelose e depósitos de rações e sais minerais.

Realiza serviços a campo envolvendo assistência técnica à propriedades rurais, controle zootécnico, manejo nutricional e sanitário de rebanhos, programa de controle estratégico de endoparasitas e ectoparasitas, manejo reprodutivo e atendimento clínico e cirúrgico.

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3 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Durante as 400 horas de estágio curricular supervisionado acompanhou-se a rotina de trabalho da empresa Comercial Vetmaster Ltda, onde foram realizadas várias atividades nos mais distintos campos da Medicina Veterinária, indo de simples orientações técnicas, como no manejo nutricional de rebanhos até intervenções clínicas e cirúrgicas, podendo ser observadas na Tabela 1.

TABELA 1 Atividades realizadas por especialidade veterinária, durante o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho de 2007 à 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO.

Área de atuação

Espécies

Bovina Eqüina Canina Felina Total %

Clinica cirúrgica 27 1 12 — 40 7,02

Reprodução e obstetrícia 307 1 — — 308 54,03

Nutrição 14 — — — 14 2,45

Clínica médica 51 1 24 2 78 13,7

Sanidade 130 — — — 130 22,8

Total 529 3 36 2 570 100

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

Na área de clínica cirúrgica foram realizados diversos procedimentos, durante o estágio curricular supervisionado, podendo ser observados de acordo com a espécie na tabela 2.

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TABELA 2 Procedimentos realizados na área de clínica cirúrgica, durante o estágio curricular supervisionado, realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO.

Procedimento

Espécies

Bovina Eqüina Canina Total %

Casqueamento curativo 12 — — 12 30

Sutura de teto 3 — — 3 7,5

Glossoplástia 1 — — 1 2,5

Enucleação 1 — — 1 2,5

Cesariana 3 — 2 5 12,5

Castração de machos — 1 6 7 17,5

Obstrução uretral 1 — — 1 2,5

Abertura do esfíncter do teto 3 — — 3 7,5

Ovariosalpingehisterectomia — — 2 2 5

Sutura de reto e vulva 1 — — 1 2,5

Desmotomia patelar 1 — — 1 2,5

Remoção de teto extra-numerário 1 — — 1 2,5

Evisceração — — 2 2 5

Total 27 1 12 40 100

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

Foram realizadas várias atividades nas especialidades de Reprodução Animal e Obstretrícia, durante o estágio supervisionado curricular. Como pode ser observado na Tabela 3.

TABELA 3 Atividades realizadas nas especialidades de Reprodução animal e Obstetrícia, segundo a espécie animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO.

Procedimentos

Espécies

Bovina Canina Total %

Prolapso Cérvico-vaginal 1 — 1 0,31

Prolapso uterino 10 — 10 3,25

Diagnóstico de gestação 240 — 240 78,15

Parto distócico 5 — 5 1,63

Inseminação Artificial em Tempo Fixo 47 — 47 15,30

Cesariana 3 2 5 1,63

Total 306 2 308 100

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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As atividades desenvolvidas nas áreas de nutrição e sanidade animal, foram agrupadas na Tabela 4, de acordo com as espécies, foram realizadas principalmente atividades na área de sanidade, como a coleta de material, realização de exame de brucelose e tuberculose e envio de amostras para laboratórios.

TABELA 4 Atividades desenvolvidas nas especialidades nutrição e sanidade animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO.

Procedimentos

Espécies

Bovina Eqüina Suína Total %

Palestras — — 2 2 1,39

Manejo nutricional 10 — — 10 6,94

Coleta de amostras de silagem 2 — — 2 1,39

Coleta de sangue para exames 73 2 — 75 52,08

Exames de Brucelose e

Tuberculose 55 — — 55 38,20

Total 140 2 2 144 100

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

Na área da Clinica Médica foram feitos diversos procedimentos diagnósticos, consultas e tratamentos, atendendo principalmente bovinos e cães.

Na Tabela 5 pode-se observar as atividades realizadas.

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TABELA 5 Atividades desenvolvidas na especialidade clinica médica animal, durante o estágio supervisionado curricular realizado no período de 30 de julho de 2007 a 11 de outubro de 2007, na empresa Comercial Vetmaster Ltda, no município de Pontalina – GO.

Área de atuação

Espécies

Bovina Eqüina Canina Felina Total %

Intoxicação por abamectina 1 — — — 1 1,28

Otite 2 — 1 — 3 3,84

Carbúnculo Sintomático 8 — — — 8 10,30

Botulismo 1 — — — 1 1,28

Abdome Agudo — 1 — — 1 1,28

Retenção de placenta 6 — — — 6 7,70

Hipocalcemia 4 — 5 — 9 11,53

Babesiose 7 — 3 — 10 12,82

Erliquiose — — 2 — 2 2,56

Traqueobronquite Infecciosa — — 2 — 2 2,56

Intoxicação por micotoxina 3 — — — 3 3,84

Parvovirose — — 3 — 3 3,84

Cinomose — — 3 — 3 3,84

Consultas 10 0 5 2 17 21,80

Timpanismo/indigestão 9 — — — 9 11,53

Total 51 1 24 2 78 100

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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4 CESARIANA

4.1 REVISÃO DE LITERATURA

Segundo TONIOLLO & VICENTE (1993), o termo cesárea se origina da expressão latina caesa matris útero, que significa corte do útero materno. A cesariana trata-se de uma laparohisterotomia com finalidade de retirar um ou mais fetos, vivos ou mortos, de fêmeas uníparas ou multíparas na época do parto, podendo ser conservativa ou total (histerectomia).

Para TURNER & MCILWRAITH (2002), a cesariana é indicada para os diversos tipos de distocia, incluindo aquelas causadas por tamanho desproporcional relativo do feto, quando há deformidade da pelve materna, monstros fetais, endurecimento da cérvix, má-posição fetal, hidropsia do âmnio e do alantóide, torção uterina e também quando há fetos enfisematosos.

A distocia pode ser devido a causas fetais, maternas ou mecânicas. A fetal resulta de anormalidades na apresentação ou posição do feto e de irregularidades de postura da cabeça ou membros; podendo ser devido a um relativo ou absoluto excesso de tamanho do feto, as monstruosidades fetais, ou a presença de gêmeos. A materna ocorre por inércia uterina primária (incapacidade do útero em se contrair suficientemente para expulsar o feto), ou secundária (exaustão da musculatura uterina por excesso de contração), ou seja, depende da capacidade de contração do útero, bem como de dilatação suficiente do cérvix. As causas mecânicas são geralmente devido à desproporção feto-pélvica, torções uterinas, estenose de cérvix e vagina ou devido a anomalias congênitas (HAFEZ, 1995). Segundo SMITH (1994) em fêmeas bovinas, a incidência de distocia oscila de 3 a 25% dos partos.

A cesariana é, geralmente, um procedimento de emergência, pois a distocia prolongada coloca em risco as vidas da mãe e/ou do feto (BOJRAB, 1996). Sendo que a vaca que tenha sofrido um longo período de manipulação fetal ou tentativas de fetotomia, estando sistemicamente comprometida, não é uma candidata para a cesariana (TURNER & MCILWRAITH, 2002).

Diferentes formas de abordagem foram desenvolvidas para a secção cesariana, como a abordagem pelo flanco ou paralombar esquerda (Figura 1),

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sendo esta a incisão padrão para um feto não contaminado viável ou recentemente morto, em que a vaca é capaz de suportar a cirurgia enquanto estiver em estação. Em algumas situações, a laparotomia pelo flanco direito fica indicada quando existe uma distensão acentuada do rúmen ou quando o exame clínico indica que a remoção pelo lado direito seria mais conveniente. Nos casos de rotina, a incisão pelo flanco esquerdo é a mais indicada, pois este procedimento evita maiores problemas com os intestinos, como por exemplo, a dificuldade que se tem para localizar e expor o útero, uma vez que as alças intestinais se localizam em menor quantidade neste lado, havendo uma menor probabilidade dessas alças se exteriorizarem, evitando com isso uma maior contaminação, tanto dos intestinos como do peritônio do animal (TURNER &

MCILWRAITH, 2002).

No caso de um feto morto ou enfisematoso, a abordagem ventral deve ser empregada. A incisão paramediana ventral requer que a vaca esteja em decúbito dorsal. Uma alternativa é a abordagem oblíqua ventrolateral que poderá ser realizada com o animal em decúbito lateral. Ambas as técnicas reduzem a contaminação do peritônio, que poderá ocorrer durante a remoção do feto enfisematoso contaminado e seus debris associados (TURNER & MCILWRAITH, 2002).

FIGURA 1 – Locais para incisão na parede abdominal e no útero em cesarianas nos bovinos.

Fonte: www.mcguido.vet.br

Incisão uterina Ultima costela

Incisão abdominal

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SILVA et al. (2000) afirmaram que a contenção do animal em decúbito é preferível, já que facilita a exteriorização do útero e reduz o risco do animal cair durante a operação.

Quanto à contenção química, os tranqüilizantes, apesar de passarem pela barreira placentária, aparentemente não apresentam risco imediato para o feto, desde que usados com cautela. É conveniente, quando necessário, usá-los em doses menores (MASSONE, 2003).

O risco de uma cesariana aumenta quando ocorrem alterações fisiológicas que interferem na reposta do paciente e do feto em relação ao anestésico ou ainda diante de técnicas que podem ser consideradas cômodas para a fêmea, mas desconfortáveis para o feto, aumentando o risco de morbidade ou mortalidade do mesmo (MASSONE, 1988).

Segundo SLATTER (1998), não existe um protocolo anestésico que seja, isoladamente, melhor que os demais. O cirurgião deve considerar o estado fisiológico do paciente e do feto.

No entanto, TONIOLLO & VICENTE (2003) consideram que qualquer droga anestésica, independente da forma de administração, atravessa com rapidez a barreira placentária, atingindo o feto que ainda possui atividade microssomal hepática deficiente. Os autores ainda afirmam que a resposta da fêmea ao efeito anestésico pode-se alterar em função de seu estado fisiológico, e que devem ser utilizadas drogas que possibilitem rápido retorno anestésico para facilitar a amamentação.

Segundo FIALHO (1985) as vacas deixam de se alimentarem horas antes do parto, e em casos de distocias, este tempo muitas vezes ultrapassa 24 horas, esgotando as reservas de glicogênio e diminuindo a capacidade desintoxicante do fígado.

A cesariana da vaca é efetivada com o animal sob analgesia local. Se a abordagem é pelo flanco, poderá ser feito um bloqueio paravertebral, em L invertido ou então linear. A imobilização do animal com cordas, com ou sem sedação, é uma medida suplementar de restrição das vacas quando se faz a abordagem ventral (TURNER & MCILWRAITH, 2002).

A incisão paramediana ventral para a cesariana é situada na metade do caminho entre a linha mediana e a veia subcutânea abdominal estendendo-se

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na direção caudal do umbigo até a glândula mamária (TURNER & MCILWRAITH, 2002).

Após a pele, secciona-se a fáscia do músculo obliquo abdominal externo com o bisturi, com posterior divulsão com os dedos dos músculos obliquo abdominal externo, obliquo interno do abdome e transverso abdominal, seguindo- se então a secção do peritônio (GETTY, 1981).

Na cavidade peritoneal, o cirurgião manipula a porção do corno uterino que contém o feto e tenta exteriorizar uma região para a histerotomia. A incisão uterina é normalmente feita no corno uterino próximo ao local onde é identificado um dos membros do feto. Sendo que esta incisão deve ser longa o bastante para permitir a remoção do feto sem que se dilacere ou se amplie à incisão uterina (TURNER & MCILWRAITH, 2002).

Segundo SOUZA (1977) deve-se incindir 20 a 25 cm no corno gravídico longitudinalmente em sua face convexa, sendo a incisão extra- abdominal para evitar a contaminação da cavidade com membranas e líquidos fetais. Garantindo que a incisão uterina seja corretamente fechada com suturas invertidas (Shimieden e Cushing, por exemplo) e é essencial que não haja pedaços de placenta deixadas nas suturas. A reposição do útero na sua posição normal no abdômen antes de fechar a incisão abdominal é realizada sem grandes técnicas (SACCAB et al., 2005).

Segundo TURNER & MCILWRAITH (2002), os nós e a sutura quando expostos tendem a desenvolver aderências entre o útero e os órgãos vicerais, sendo assim deve-se observar para que ocorra a mínima exposição possível do fio, evitando maiores danos à vida reprodutiva do animal, após a cesariana e consequentemente evitando o descarte desnecessário de animais, pois de acordo com SILVA et al. (2004) os problemas reprodutivos estão entre as principais causas de descartes em fêmeas bovinas.

Para evitar a aderência do útero com a parede abdominal ou rumem, é aconselhável a aplicação única, por via intra-abdominal, de uma dose de corticosteróide diluído em 100 ml de água destilada ou soro fisiológico (GRUNERT & BIRGEL, 1989).

Em relação aos fios utilizados nas suturas, MAGALHÃES (1993) afirmou que a escolha do fio absorvível é feita quando a manutenção da

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resistência não é importante ou quando a presença de processo infeccioso torna indesejável o uso de material inabsorvível.

TOGNINI & GOLDENBERG (1998) aprovam o uso de fios absorvíveis na síntese da parede abdominal, tais como, o categute simples e cromado; e os não-absorvíveis como a poliamida monafilamentar, seda, algodão, aço inoxidável, polipropileno, poliéster, entre outros. Entretanto, a opção pela utilização do fio de algodão é baseada no risco potencial de deiscência de ferida, em virtude da natureza físico-química dos fios absorvíveis.

Segundo DIOGO-FILHO et al. (2004), a nitrofurazona utilizada na cavidade atua na cicatrização, diminuindo o tecido de granulação, não diminuindo a incidência de aderências entre as alças intestinais e o peritônio parietal, porém diminuindo a intensidade das aderências e consequentemente a gravidade destas.

Porém a nitrofurazona pertence ao grupo de compostos denominados nitrofuranos, sendo que no Brasil foram estabelecidos para estes compostos limites de tolerância zero, assim sua utilização é proibida em animais produtores de alimentos (SOUZA et al., 2001).

Após a retirada deve-se limpar a boca e focinho dos fetos, eliminando o muco e líquido fetal. Se necessário pode-se também segurar os fetos, levantando- os pelos membros posteriores, para ajudar a drenar o fluído ou usar aparelho para sucção. A respiração deverá ser estimulada esfregando e pressionando levemente a região torácica do feto (SACCAB et al., 2005).

Para estimular a respiração do recém-nascido podem ser usados fármacos broncodilatadores como aminofilina, que tem ação curta, porém potente, produzindo vasodilatação coronariana e estimulando a diurese (SPINOSA et al., 2002).

No pós-operatório, segundo SPINOSA et al. (2002), o uso de glicocorticóide deve ser feito buscando um efeito antiinflamatório e prevenindo um possível choque séptico, porém, VIANA (2000) cita que estes fármacos podem causar efeitos indesejáveis, retardando a cicatrização e podendo reduzir a produção de leite.

É indicado o uso de penicilina, um antibiótico beta-lactâmico, para o tratamento de infecções causadas principalmente por bactérias gram positivas,

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porém com uma pequena atuação sobre gram negativas, que atua impedindo a síntese da parede bacteriana, estrutura responsável pelas funções de proteção, sustentação e manutenção da forma da bactéria (SPINOSA et al. 2002).

Segundo SILVA et al. (2000) as principais complicações pós- operatórias observadas em animais submetidos à cesariana são: retenção de envoltórios fetais, metrite clínica, retenção associada à metrite, deiscência de ferida, peritonite e edema.

4.2 RELATO DE CASO:

Foi solicitado por um cliente a presença de um Médico Veterinário para o atendimento de uma fêmea bovina, nelore PO, de aproximadamente 400 kg e 36 meses de idade, que se apresentava com distocia (Figura 2 e 3). À anamnese foi informado que a matriz entrou em trabalho de parto há aproximadamente seis horas. A novilha apresentava boa condição corporal, estava alerta e em estação.

Sendo conduzida até o brete para inspeção. Ao exame percebeu-se um dos membros do feto pronunciado pela vagina que, à palpação, confirmou-se como torácico e como agravante pode-se identificar um outro feto. A matriz apresentava a via fetal dilatada. Tentou-se concluir o parto através de manobra obstétrica, porém pelo tamanho de um dos fetos ser desproporcional à entrada pélvica, o procedimento não resultou sucesso.

FIGURA 2 e FIGURA 3 – Cesariana em uma matriz nelore - Matriz em trabalho de parto no momento de exame

clínico.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

2 3

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Analisou-se então, o estado geral do animal, avaliando-se o comprometimento da novilha, estado geral e mucosas. Como o animal estava alerta e sem sinais agravantes ao procedimento cirúrgico, decidiu-se recorrer à realização de uma cesariana, procedendo-se da seguinte forma:

4.2.1 Pré-operatório:

A matriz não foi tranqüilizada apesar de estar alerta uma vez que o uso de tranqüilizantes poderia causar efeitos adversos aos fetos, foi contida em decúbito lateral direito com uso de cordas (Figura 4).

Então foi realizada a limpeza da região paramamária que foi a opção da abordagem cirúrgica, com água e sabão, em seguida foi feita a tricotomia paramamária e antissepsia de toda região com solução de iodo 2,6% (Figura 5).

Infiltrou-se anestésico local em L invertido e na linha de incisão, com cloridrato de FIGURA 4 – Cesariana em uma matriz nelore - Contenção física da matriz.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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lidocaína 2g + epinefrina 0,002g (Anestésico L Pearson) na dose de 1mg/kg (20 ml).

4.2.2 Trans-operatório:

Realizou-se uma incisão longitudinal da pele de aproximadamente 30 cm de comprimento com o bisturi, bem como da fáscia do músculo oblíquo abdominal externo (Figura 6). Os músculos oblíquo abdominal externo, oblíquo interno do abdome e transverso abdominal foram divulsionados com as mãos.

Incidiu-se o peritônio com uma tesoura romba-romba, protegendo as vísceras com o dorso da mão. O útero foi tracionado e exteriorizado parcialmente (Figura 7), reconhecendo a posição de um dos fetos e fazendo a incisão uterina sobre um dos membros posteriores deste para facilitar a retirada. Os membros posteriores foram exteriorizados e o feto tracionado para fora da cavidade. Este primeiro feto já estava morto e era macho, então continuou-se o procedimento, e o segundo FIGURA 5 – Cesariana em uma matriz nelore – Matriz em decúbito lateral direito com

tricotomia da região paramamária, para realização da incisão.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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feto foi retirado com um pouco mais de dificuldade devido ao seu tamanho e a posição em que se encontrava no útero, sendo tracionado pelos membros anteriores. Após sua retirada foi feita uma massagem torácica sendo necessário que levantasse a bezerra pelos membros posteriores para eliminação de líquidos e limpeza de suas narinas, como a bezerra apresentava dificuldade para respirar foi necessária à aplicação endovenosa de cinco ml de aminofilina 24 mg/ml (4 mg/kg).

Em seguida foi feita a limpeza e lavagem do útero com nitrofurazona 2% (Riocin®), esse procedimento foi realizado devido a ausência de outro medicamento na propriedade, sendo, portanto a única opção no momento. A histerorrafia foi realizada com fio orgânico absorvível categute nº. 3, optando-se por padrão Shimieden para aproximação das bordas da ferida cirúrgica no útero.

A sutura de inversão de bordas foi a de Cushing, utilizando também fio orgânico absorvível categute nº3.

Retornou-se o útero à cavidade cobrindo-o com o omento.

À musculatura e o peritônio foram suturados com fio orgânico absorvível categute nº. 3, padrão X, a fáscia do músculo oblíquo abdominal externo foi suturada com fio inabsorvível de algodão-000, padrão simples separado.

A dermorrafia foi feita com fio inabsorvível de algodão-000, padrão simples separado (Figura 8).

FIGURA 6 e 7 – Cesariana em matriz nelore. 6 – Incisão Paramamária. 7 – Exposição de parte do útero.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

7 7 6

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4.2.3 Pós-operatório:

Fez-se curativo com spray a base de Spinosad 0,4 g + clorexidina digluconato 0,08 g + éter dimetil (DME) 30 g + excipiente q.s.p. 100 g (SPORLAN®, Elanco), sendo recomendado repetir o procedimento a cada 24 horas, até a completa cicatrização da ferida cirúrgica. Para os pontos de pele foi recomendada a retirada após 15 dias.

FIGURA 8 – Cesariana em uma matriz nelore - Local da incisão após a dermorrafia.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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Como antibioticoterapia foi utilizada solução a base de benzil penicilina G benzatina 10.000.000 UI + benzil penicilina G procaína 10.000.000 + diidroestreptomicina (sulfato) 20 g + veículo q.s.p. 100 ml (Penfort PPU®, Ouro Fino), na dose de 25.000 UI/kg da benzil penicilina G benzatina, em intervalos de 48 horas até completar cinco aplicações.

Foi usado como antiinflamatório uma aplicação intramuscular de suspensão de Fenilpropionato de dexametasona 2 mg + fosfato-sódico de dexametasona 1 mg + veiculo q.s.p. 1ml (Dexaforce®), na dose de 10 mg/animal.

FIGURA 9 – Cesariana em uma matriz nelore -Local da incisão após aplicação de SPORLAN spray.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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4.2.4 Evolução do quadro

A cirurgia foi bem sucedida e proporcionou uma perfeita recuperação da vaca e da bezerra (Figura 10), visto que a intervenção foi feita na hora correta, sem que tenha ocorrido manipulação excessiva por pessoas inabilitadas, contribuindo-se assim para recuperação do animal.

4.4 DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

A opção pela cirurgia fundamentou-se nas recomendações de TURNER & MCILWRAITH (2002), devido à impossibilidade de extrair o feto pelas vias fetais normais, uma vez que seu tamanho era desproporcional quanto à entrada pélvica materna.

Outro fato que contribuiu para a opção cirúrgica foi o diagnóstico de uma gestação gemelar, o que segundo HAFEZ (1995) apresenta em gado de FIGURA 10 – Cesariana em uma matriz nelore - Matriz e bezerra após a realização

da cirurgia.

Fonte: Comercial Vetmaster Ltda.

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corte uma proporção de nascimento, em média, menor do que 1%, sendo assim necessário a rápida retirada dos fetos, uma vez que a matriz já estava em trabalho de parto há aproximadamente seis horas.

Grande parte dos animais submetidos a cesariana estão em estado toxêmico, e as toxemias causam degenerações nos órgãos parenquimatosos, particularmente no fígado e miocárdio, por isso deve-se ter precaução na administração de fármacos anestésicos não-voláteis em animais intoxicados ou debilitados, recomendando-se nesses casos bloqueio anestésico regional e epidural.

Quanto à técnica cirúrgica adotada, a utilização da abordagem paramediana ventral com o animal colocado em decúbito lateral direito obteve bom resultado, apesar de discordar de TURNER & MCILWRAITH (2002), porém, segundo nosso aprendizado e a experiência do médico veterinário responsável, esse tipo de técnica tem trazido excelentes resultados. Outro fator que levou a escolha da abordagem foi que a matriz estava bastante ativa, o que dificultaria a utilização de outra abordagem.

Deve-se dar preferência à parte dorsal do corno uterino (face convexa do corno gravídico), pois a incisão em outro local pode até facilitar a retirada do feto, mas a cicatriz da incisão causa um local de “surdez uterina”, impossibilitando a nidação do embrião, comprometendo a fertilidade futura da vaca.

O padrão de sutura adotado no procedimento cirúrgico foi correto, com dois planos de sutura no útero (Shimieden e Cushing) possibilitando uma síntese segura (SACCAB et al., 2005) e com pouco contato com orgãos viscerais minimizando-se assim a ocorrência de aderências e comprometendo a fertilidade da matriz (TURNER & MCILWRAITH, 2002),

De acordo com GRUNERT & BIRGEL (1989), para evitar a aderência do útero com a parede abdominal ou rumem, é aconselhável a aplicação única, por via intra-abdominal, de uma dose de corticosteróide diluído em 100 ml de água destilada estéril ou soro fisiológico. Este procedimento não foi utilizado no caso.

O tipo de fio de sutura escolhido (absorvível) para a histerorrafia e a musculatura foi correto, de acordo com TURNER & MCILWRAITH (2002), uma

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vez que o útero estava pouco contaminado, causando menor impacto reprodutivo na paciente e permitindo uma boa cicatrização da região muscular divulsionada.

A sutura da fáscia do músculo oblíquo abdominal externo e a dermorrafia foram corretamente feitas com fio de algodão nº. 000 com padrão simples separado, garantindo resistência e segurança, por este ser fio pouco cortante.

O uso de nitrofurazona 2% está de acordo com DIOGO-FILHO (2004), pois além de possuir atividade antimicrobiana, ela atua reduzindo a intensidade e gravidade das aderências, porém, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no Brasil, a Portaria Ministerial nº. 448, de 10 de setembro de 1998, proíbe a fabricação, importação, comercialização e o emprego de preparação farmacêutica de uso veterinário, contendo nitrofurazona, para o uso em animais destinados ao consumo humano.

O glicocorticóide parenteral foi usado buscando efeito anti-inflamatório e prevenindo um possível choque séptico, procedimento respaldado por SPINOSA et al. (2002).

A antibioticoterapia foi realizada para combater e prevenir complicações por meio de infecções, devido a provável contaminação do campo cirúrgico e do próprio líquido uterino.

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5. INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL EM TEMPO FIXO EM VACAS LEITEIRAS

5.1 INTRODUÇÃO

A atual situação econômica da pecuária mundial exige dos produtores máxima eficiência para garantia de satisfatório retorno econômico. Desta forma, elevados índices de produção, associados à alta eficiência reprodutiva, devem ser metas que norteiam os técnicos e criadores a alcançarem maior produtividade (BARUSELLI et al., 2004).

Para melhorar a eficiência reprodutiva é importante ressaltar que o nível de manejo da propriedade é fator imprescindível, uma vez que as características reprodutivas são de baixa herdabilidade, e consequentemente são muito mais influenciadas pelo meio ambiente (BARUSELLI et al., 2004).

A inseminação artificial (IA) é a tecnologia reprodutiva mais amplamente difundida em rebanhos de todo o mundo. Sua importância na pecuária leiteira pode ser avaliada pelo fato de que pesquisadores atribuem metade de todo ganho em produção de leite dos últimos 50 anos, apenas ao seu uso (DURÃES et al., 2001).

Para obtenção de elevados índices reprodutivos com o uso da IA é necessário compreender as limitações do emprego desta biotecnologia. Em todo mundo existem relatos que indicam baixa taxa de serviço em bovinos, principalmente devido a comprometimentos na eficiência de detecção de cio (BARUSELLI et al., 2004).

Desta forma programas que visam empregar a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), sem a necessidade de detecção de estro colaboram para o aumento do emprego desta biotecnologia e consequentemente para o aumento na eficiência reprodutiva, garantindo assim um maior retorno econômico (BARUSELLI et al., 2004).

A sincronização da ovulação através da utilização de hormônios ou por meios físicos permite a manipulação do ciclo estral. Essa biotécnica possibilita concentrar o momento da inseminação e, por conseguinte, a parição em épocas desejáveis. Um programa de sincronização de estros eficiente deve proporcionar um alto percentual de animais manifestando estro em um curto período de tempo,

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com fertilidade similar a um processo fisiológico, pois o sistema produtivo depende zootécnica e economicamente de altos percentuais de terneiros nascidos e desmamados (MORAES, 1994).

5.2 REVISÃO DE LITERATURA

5.2.1 Fisiologia da reprodução

Ao longo do tempo, o controle da reprodução dos mamíferos deixou de ser considerado como regulado apenas pelo sistema nervoso central (SNC), passando a ser visto como uma função controlada por dois sistemas separados: o sistema nervoso central e o sistema endócrino (Figura 11) (HAFEZ, 1995).

FIGURA 11 – Interação entre o sistema nervoso central e o sistema endócrino para manutenção da atividade reprodutiva.

Fonte: BARUSELLI et al., 2004.

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a) Hipotálamo

O hipotálamo localiza-se na base do cérebro (região do terceiro ventrículo) estendendo-se do quiasma óptico aos corpos mamilares e é responsável pela síntese endógena de GnRH (hormônio liberador de gonadotrofina). As células responsáveis pela produção e secreção desse hormônio ficam dispersas nas áreas periventriculares, preópticas e mediais do hipotálamo. O GnRH é secretado pelas extremidades dos axônios, que fazem sinapses com os capilares na eminência média desta mesma glândula (DUKES, 1996).

O sangue flui para o sistema porta-hipotálamo-hipofisário, o qual começa e termina em capilares sem a passagem pelo coração. Desta forma o GnRH produzido no hipotálamo é transportado até a hipófise para estimular a produção hormonal dos gonadotrofos (BARUSELLI, et al., 2004).

b) Hipófise

A hipófise é composta de três partes: um lobo anterior denominado adeno-hipófise, um lado intermediário chamado pars intermedia e um lobo posterior chamado neuro-hipófise. A adeno-hipófise produz dois hormônios protéicos que são importantes para o controle da reprodução, denominados gonadotrofinas: o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH), e um terceiro hormônio denominado prolactina (CUNNINGHAM, 1999).

O FSH e o LH são secretados em padrões pulsáteis para atuarem nos ovários, estimulados pela secreção do GnRH. O FSH é o hormônio responsável pelo crescimento dos pequenos folículos, enquanto o LH atua no crescimento final do folículo dominante e na ovulação. De acordo com a freqüência e amplitude dos pulsos de GnRH, ocorre a secreção de LH ou FSH. O GnRH secretado em maior freqüência e menor amplitude leva à secreção de LH e em menor freqüência e maior amplitude, de FSH (DUKES, 1996).

Vacas em anestro apresentam liberação de FSH, porém os folículos dominantes falham em ovular, pois não crescem o suficiente (devido a menor pulsatilidade de LH) e consequentemente, não produzem suficiente estradiol para estimular pico de LH e ovulação (VASCONCELOS et al., 2004).

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c) Ovários

O ovário desempenha funções exócrinas (liberação de oócitos) e endócrinas (esteroidogênese), apresentando estruturas na sua superfície (folículos e corpo lúteo) que permite classificar a fase do ciclo estral em que o animal se encontra (HAFEZ, 2004).

Os ovários são dois orgãos simétricos localizados na cavidade abdominal e responsáveis pela gametogênese e pelo controle endócrino das funções reprodutivas (BARUSELLI et al., 2004).

O estabelecimento da atividade cíclica ovariana na puberdade é importante para a formação e liberação dos gametas, assim como para a ocorrência da maturidade sexual (DUKES, 1996).

Durante a fase de maturação dos folículos verifica-se o aumento na produção de estrógeno, que age no SNC, estimulando o comportamento de cio e, no útero, vagina, vulva e oviduto provoca alterações importantes para o transporte e maturação de gametas (Figura 12). Após a ovulação forma-se o corpo lúteo, que é responsável pela produção de progesterona, hormônio responsável pelo preparo do endométrio uterino para a futura gestação, e pela manutenção da mesma por um determinado período (BARUSELLI et al., 2004).

FIGURA 12 - Desenvolvimento folicular e produção de hormônios pelos ovários.

Fonte: BARUSELLI et al., 2004.

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c) Útero

O útero é o órgão que recebe o embrião e oferece condições de desenvolvimento e manutenção do feto até o parto. É o órgão responsável pela produção de PGF2α, a qual regula a duração do ciclo estral pelo seu efeito luteolítico (BARUSELLI et al., 2004).

A função principal do útero é a gestacional, ou seja, garantir o desenvolvimento completo de um novo indivíduo (concepto) até a sua parição (PALHANO et al., 2003).

5.2.2 Ciclo estral em bovinos

Mudanças morfológicas, endócrinas e secretórias, ocorrem nos ovários e no restante da genitália tubular da vaca durante o ciclo estral. O conhecimento dessas mudanças é essencial na detecção do cio, na sincronização de cio, na superovulação e, consequentemente, na inseminação artificial (HAFEZ, 2OO4).

O ciclo estral em bovinos apresenta duração média de 21 dias, variando de 17 a 25 dias (GONÇALVES et al., 2001), ou 18 a 24 dias (DUKES, 1996). O ciclo é regido por interações e antagonismos endocrinológicos de hormônios secretados pelo hipotálamo, hipófise, gônadas e útero. O ciclo folicular pode ser dividido em duas fases, fase folicular ou estrogênica, que se estende do proestro ao estro culminando na ovulação, e a fase luteínica ou progesterônica, que é o período de atividade do corpo lúteo, compreendendo o metaestro e o diestro e terminando na luteólise (BARUSELLI, 2004).

PALHANO et al. (2003) relatam que devemos considerar como início do ciclo estral, o momento da ovulação.

5.2.3 Dinâmica folicular

O crescimento dos folículos ovarianos em bovinos ocorre em um padrão denominado ondas de crescimento folicular (Figura 13), onde em um ciclo

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estral há normalmente a emergência de duas ou três ondas de crescimento folicular e esporadicamente uma ou quatro ondas (GINTHER et al., 1996).

Animais com três ondas de crescimento folicular durante o ciclo estral apresentam maior fertilidade que animais de duas ondas de crescimento folicular, melhorando a qualidade do oócito e, consequentemente a taxa de concepção (TOWNSON et al. 2002), isso ocorre devido ao menor tempo de crescimento do folículo ovulatório (BARUSELLI et al., 2004).

O aumento das concentrações plasmáticas de FSH constitui o estímulo necessário para o recrutamento e emergência da onda folicular (ADAMS et al.

1992). Em espécies monovulatórias, apenas um folículo é selecionado dentre os recrutados para continuar a crescer e diferenciar-se em folículo ovulatório (Figura 14), enquanto os demais têm como destino a atresia (BURANITI Jr. 2007). O folículo selecionado é conhecido como folículo dominante e suprime ativamente o crescimento dos subordinados pela secreção de estradiol e inibina (FORTUNE, 1994; citado por BURANITI JR., 2007).

O crescimento de folículos com diâmetro inferiores a 4,0 mm depende do FSH, mas os folículos antrais maiores (de 7,0 a 9,0 mm) transferem suas necessidades gonadotróficas para o LH (HAFEZ, 1995).

Figura 13 – Ondas de crescimento folicular.

Fonte: BARUSELLI et al., 2004.

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O folículo dominante da primeira onda regride em função do alto nível plasmático de progesterona (P4), a qual não permite o pico pré-ovulatório de LH e consequentemente a ovulação do mesmo (PALHANO et al., 2003).

Após a ovulação ocorre a formação do CL no local em que estava presente o folículo ovulatório. O corpo lúteo passa a secretar P4, gradualmente, até atingir a fase de platô. A P4 interfere diretamente na dinâmica folicular do ciclo estral, no reconhecimento materno da gestação e no seu estabelecimento (BINELLI et al, 2002).

Caso o concepto esteja presente no útero entre os dias 14 e 17 após a ovulação, e ocorra secreção adequada de interferon tau (γ) (proteína secretada pelo trofoderma do concepto responsável pelo reconhecimento materno da gestação), não ocorrerá à liberação de PGF2α e a P4 continuará a ser secretada para a manutenção da gestação (HAFEZ, 1995). Caso exista comprometimento na produção de interferon ou ausência do feto nesse período, ocorrerá a liberação de PGF2α com conseqüente luteólise e queda dos níveis plasmáticos de P4, proporcionando condições favoráveis para o crescimento folicular e ovulação (BARUSELLI, 2007).

Após o parto, ocorre a imediata liberação do FSH (dois a sete dias) seguida da emergência da primeira onda de crescimento folicular. No entanto, os primeiros folículos dominantes não têm capacidade ovulatória devido ao nível

FIGURA 14 – Folículo fotografado no momento da ovulação.

Fonte: Oklahoma State University.

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limitante de LH, tornando-se folículos atrésicos e frequentemente são confundidos com cistos (ARTHUR et al. 1989, citado por KOZICKI, 1998).

CUNNINGHAM (1999) cita que alguns fatores externos têm influência nos ciclos reprodutivos das fêmeas. Durante a amamentação, os fatores inibidores da síntese da prolactina, que incluem a dopamina e o peptídeo associado ao GnRH, precisam ser suprimidos para a síntese de prolactina, diminuindo a síntese e liberação de gonadotrofinas, o que resulta na supressão lactacional da atividade ovariana.

Depois de restabelecidos os estoques de LH na hipófise anterior, a interação entre a vaca e o bezerro passa a ser um dos fatores mais importantes no anestro pós-parto, devido ao seu efeito negativo sobre a liberação de LH, afetando a maturação final e a ovulação do folículo dominante. De acordo com o aumento do período pós-parto, os efeitos da amamentação, tornam-se menos intensos e os animais começam a ciclar (BARUSELLI et al. 2004).

A amamentação não é o único fator responsável pelo anestro pós- parto, a olfação, visão, audição e tato entre a vaca e o bezerro também contribuem para esse efeito (BARUSELLI et al. 2007).

5.2.4 Nutrição – Escore de condição corporal

A baixa nutrição é a principal causa da reduzida fertilidade de vacas criadas em áreas tropicais e subtropicais (BÓ et al., 2003 citado por BARUSELLI et al., 2004).

A ovulação tem sido associada com o retorno do equilíbrio alimentar do animal frente ao balanço energético negativo. Há, contudo, animais que ovulam mesmo nestas condições. O anestro pós-parto pode ser causado pelo simples fato de alimentação deficiente, principalmente quanto pobre em energia (KOZICKI, 1998).

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Os escores de condição corporal (ECC) (Figura 15) indicam, com elevada acurácia, o nível de armazenamento de energia do animal, o que está diretamente relacionado com o reinício da atividade ovariana pós-parto (BARUSELLI et al. 2004).

Segundo VASCONCELOS et al. (2006) animais com melhor ECC tiveram maior taxa de sincronização. O ECC teve efeito linear sobre a taxa de concepção, mostrando melhora na taxa de concepção proporcional ao aumento no ECC (Figura 16).

FIGURA 15 – Escore de Condição Corporal.

Escala de 1 a 5.

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FIGURA 16 – Efeito do ECC na taxa de gestação ao longo da estação de monta.

Fonte: VASCONCELOS et al. (2006).

5.2.5 Inseminação artificial

A inseminação artificial consiste na deposição mecânica do sêmen coletado de um reprodutor no aparelho reprodutivo da fêmea com intuito de fertilização do óvulo (PALHANO et al., 2003).

Segundo GOFERT (2005), a inseminação artificial (IA) é a tecnologia mais importante para a propagação de genética superior em rebanhos bovinos uma vez que possibilita o uso de touros comprovadamente melhoradores, além de diminuir os custos (pois não tem que manter touros na fazenda), e reduzir a propagação de doenças no rebanho, desde que higienizada de forma correta, entre outras vantagens.

As principais vantagens da IA, são os controles eficientes da qualidade do sêmen, da escrituração e registros de todos os eventos reprodutivos (TEIXEIRA & ARAÚJO, 1998). Outras vantagens são a padronização do rebanho, a ordenação do trabalho na fazenda e principalmente à obtenção de animais com maior potencial de produção e reprodução (BARUSELLI, 2004).

No entanto, embora o progresso genético tenha alcançado os índices médios de produtividade, ainda são considerados baixos (menos de 50%), se comparados com a eficiência dos rebanhos de países desenvolvidos. As diferenças verificadas são reflexos da alimentação inadequada, condições

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sanitárias deficientes e dificuldade para a detecção do cio por parte dos observadores (TEIXEIRA & ARAÚJO, 1998).

Um dos grandes problemas da IA é a falha na detecção do cio. A perda de um cio retarda em 21 dias a IA e, consequentemente, aumenta o intervalo entre partos, diminuindo o número de bezerros nascidos e a produção de leite. Ao observarem esses efeitos negativos, muitos fazendeiros interromperam os programas de inseminação artificial. Assim, a utilização de programas de inseminação artificial em tempo fixo (IATF), sem a necessidade de detecção de cio, colabora para o aumento da eficiência e da praticidade no emprego dessa importante técnica para o melhoramento genético (BARUSELLI, 2004).

5.2.6 Inseminação artificial em tempo fixo (IATF)

A IATF é uma técnica que visa tornar o uso da IA mais eficiente. A técnica melhora os índices reprodutivos por eliminar a necessidade de detecção de cios neste tratamento e proporcionar concepção em fêmeas em anestro, o que possibilita a redução do intervalo entre partos, o aumento no numero de vacas prenhes e, consequentemente, o aumento na produção de bezerro, carne e/ou leite (GOFERT, 2005).

Segundo BARUSELLI et al. (2004), as vantagens da IATF são:

- Elimina a necessidade da observação do cio;

- Evita inseminações de vacas fora do momento correto, diminuindo o desperdício de sêmen, material e mão de obra;

- Possibilita altas taxas de prenhez no inicio da estação de monta;

- Diminui o intervalo entre partos, aumentando a taxa de concepção;

- Possibilita concentrar as inseminações em um curto período;

- Concentra o retorno ao cio em fêmeas que não se tornaram gestantes na IATF;

-Diminui o investimento com touros;

-Concentra a mão-de-obra, diminuindo o número de horas extras com inseminadores.

Outro benefício é a programação de partos para épocas estratégicas diminuindo os custos de produção (MIRANDA & ANDRADE, 2004).

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Atualmente o custo do protocolo de IATF varia de R$15,00 a R$45,00, dependendo dos fármacos utilizados, mostrando uma boa relação entre custo e beneficio, pois o aumento do intervalo entre partos, ao longo dos anos, causa uma redução na vida produtiva da vaca e consequentemente causando uma inconstância na produção.

5.2.7 Principais fármacos utilizados no controle do ciclo estral

a) PGF2α

A PGF2α foi descoberta no início da década de 70 como um potente agente luteolítico. A partir de então, estas substâncias e seus análogos têm sido os agentes farmacológicos mais utilizados nos tratamentos para sincronização do estro em fêmeas bovinas. O sucesso da sincronização do estro com PGF2α depende da presença de um CL, já que a ação da luteolisina é provocar a regressão morfológica e funcional desta estrutura e a queda dos níveis endógenos de progesterona. Após a luteólise, o estro e a ovulação são distribuídos ao longo de seis dias e são influenciados não apenas pela responsividade do corpo lúteo, mas também pelo estágio de desenvolvimento do folículo dominante (BARUSELLI et al., 2004).

VASCONCELOS et al. (2004) afirmam que obtém-se grande taxa de regressão do corpo lúteo quando a PGF2α é injetada por via intramuscular entre os dias 6 e 17 do ciclo estral. No entanto, a PGF2α controla somente a regressão do corpo lúteo não alterando o crescimento folicular.

b) Progesterona e progestágenos

Segundo VASCONCELOS et al. (2004), as progestinas são divididas em P4 (fonte natural) e progestágenos (fonte sintética). No subgrupo P4, podemos citar os dispositivos intravaginais, e no subgrupo progestágenos, os implantes subcutâneos de norgestomet e o acetato de melengestrol, este último administrado por via oral.

Desde a década de 50 os progestágenos vêm sendo utilizados na sincronização de estros e sua função é simular uma fase lútea, permitindo

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regressão do CL e, consequentemente, concentrando o estro em um curto período de tempo. No entanto, o período ideal de exposição ao progestágeno para se obter ótima fertilidade não deve ultrapassar sete a nove dias (FARIAS et al., 2004).

O tratamento com P4, quando longo (14 a 21 dias), é efetivo para sincronizar o estro, porém a fertilidade dessa ovulação é reduzida por induzir a ovulação de folículos persistentes, com conseqüente envelhecimento do oócito, que provoca baixa fertilidade. Sendo assim, deve-se associar o tratamento a estrógenos para sincronização da nova onda de crescimento folicular e à PGF2α como agente luteolítico (BARUSELLI et al. 2004).

c) Estradiol

O tratamento com estradiol, na presença de P4, induz a supressão do FSH circulante e consequentemente a atresia de todos os folículos dependentes de FSH, que recrutará os folículos de uma nova onda folicular após três a cinco dias, dependendo do tipo de estradiol (BÓ et al., 2004).

A aplicação de 1,0 a 2,0 mg de benzoato de estradiol no momento da colocação dos dispositivos de progesterona, provoca a atresia nos folículos dominantes e sincroniza a emergência da nova onda folicular. Porém, como o benzoato de estradiol possui uma vida média curta, os dispositivos poderão permanecer por um período de sete a oito dias. Portanto, o benzoato de estradiol não parece ser tão eficaz quanto o valerato de estradiol (possui uma vida média muito longa), para provocar a regressão luteínica, de modo que uma aplicação de PGF2α se faz necessária no momento em que os dispositivos são retirados (MADUREIRA, 2000).

O estrógeno pode agir como um agente sincronizador da ovulação, induzindo um pico de LH através de feedback positivo ao GnRH e consequentemente liberação de LH (MOREIRA, 2002).

Os estrógenos são capazes de induzir a luteólise pela sua capacidade de estimular a secreção endógena de PGF2α (BARUSELLI et al. 2004).

Segundo CUNNINGHAM (1999), o estrogênio diminui a amplitude de pulso e a progesterona diminui a freqüência de pulso da secreção de gonadotrofina. Isto significa que durante a fase folicular a freqüência de pulso

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aumenta por causa da ausência de progesterona, e a amplitude diminui por causa da presença de estrogênio. Esta combinação de freqüência de pulso aumentada e amplitude de pulso diminuída é importante para a maturação da fase de crescimento final do folículo ovulatório.

A administração de 1 mg de benzoato de estradiol, 24 horas após a retirada dos dispositivos de progesterona, antecipa e sincroniza eficientemente a ovulação, além de diminuir o diâmetro máximo do folículo ovulatório (HAFEZ, 2004).

MADUREIRA (2000) afirma que a aplicação de 0,5 a 1,0 mg de benzoato de estradiol 24 horas após a retirada dos implantes sincroniza o estro e a ovulação, aumentando inclusive a porcentagem de fêmeas bovinas que ovulam após o tratamento.

d) Gonadotrofina coriônica eqüina – eCG

O eCG é um fármaco de meia vida longa (até 3 dias), produzido nos cálices endometriais da égua prenhe que se liga aos receptores foliculares de FSH e de LH e aos receptores de LH do corpo lúteo. O eCG cria condições de crescimento e de ovulação e seu uso tem-se mostrado compensador em rebanhos com baixa taxa de ciclicidade, em animais recém paridos e em animais com condição corporal comprometida (BARUSELLI et al. 2004).

De acordo com HAFEZ (2004), o crescimento de folículos ovarianos em fêmeas anéstricas (acíclicas) pode ser estimulado com FSH de origem hipofisária ou gonadotrofina coriônica eqüina. O FSH e o LH têm meia-vida biológica mais curta que o eCG. Assim, múltiplas injeções de FSH e LH são necessárias para estimular a quantidade de crescimento folicular e a ovulação que iria resultar de uma única injeção de eCG.

Além do FSH, uma grande dose de GnRH provoca a ovulação de um folículo maduro pela liberação de LH e FSH endógenos. Também deve-se notar que bovinos e ovinos exibem cio em resposta à injeção de gonadotrofina apenas após prévia exposição a níveis elevados de progesterona ou progestágeno sintético.

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e) Hormônio Liberador de Gonadotrofinas (GnRH)

O acetato de buserelina é um análogo sintético do GnRH, sendo um decapeptídeo composto de 10 aminoácidos.

Vários dos hormônios hipotalâmicos foram sintetizados e comercializados para utilização clínica. O papel do hipotálamo na reprodução envolve os efeitos acionantes dos hormônios esteróides sobre o comportamento sexual e simultaneamente o controle da secreção das gonadotrofinas hipofisárias.

O hipotálamo pode controlar o comportamento sexual de várias maneiras: fixação dos esteróides sexuais e elaboração de baixa ação da motivação sexual, controle direto da atividade sexual e satisfação sexual (HAFEZ, 2004).

O GnRH tem sido utilizado para diminuir a variação no tempo de ovulação após o tratamento com prostaglandinas, viabilizando a IATF em bovinos.

A aplicação de GnRH causa ovulação do folículo dominante presente no momento do tratamento, desde que não esteja na fase de crescimento e sim no início da fase após a divergência, e possibilitar o aparecimento de uma nova onda de crescimento folicular 2 a 3 dias após o tratamento com GnRH (MOREIRA, 2002).

O tratamento com GnRH em dias desconhecidos do ciclo estral promove a ovulação do folículo dominante presente no momento do tratamento e uma nova onda de crescimento folicular emerge após 1 a 2 dias (BARUSELLI, 2004)

A administração de GnRH ou estradiol pode induzir um pico de LH, mas a ovulação seguida da formação de um CL com vida normal pode não ocorrer a menos que este pico de LH tenha sido precedido por uma fase lútea normal ou por algum tratamento com progestágeno durante um período mínimo de 7 dias. Tratamentos envolvendo única ou múltiplas aplicações de GnRH associados a implantes de progesterona, com ou sem a remoção temporária da amamentação, podem ser usados para induzir a ovulação em vacas lactantes (MOREIRA, 2002).

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5.3 RELATO DE CASO

Foi solicitada a presença do médico veterinário em uma propriedade de gado leiteiro para realizar o diagnóstico de gestação em 87 animais que estavam em lactação e em 20 animais não-lactantes. A maioria dos animais era da raça holandesa preto e branco e tinham produção média de 16 kg de leite/dia segundo o proprietário.

5.3.1 Anamnese

O proprietário relatou que havia abandonado o uso de IA, principalmente devido à ausência de mão-de-obra qualificada na região, além do fato de não possuir rufião, fato que dificultava a detecção de cio.

Havia apenas dois touros na propriedade, um touro reprodutor para as vacas lactantes e um para as não-lactantes, fato que veio a sobrecarregar o reprodutor e consequentemente, a reduzir os índices reprodutivos na propriedade.

Diante dos fatos o proprietário concluiu que seria necessária a realização de diagnóstico de gestação em todo o rebanho lactante da propriedade.

Segundo o proprietário, todo o rebanho era vacinado há alguns anos contra doenças reprodutivas, como Rinotraqueite Infecciosa Bovina (IBR), Diarréia Viral Bovina (BVD), Leptospirose e Brucelose, seguindo rigorosamente o calendário de vacinação.

A maioria dos animais apresentavam ECC adequado, entre três e quatro na escala de um a cinco.

Os animais se alimentavam de silagem de milho de boa qualidade, juntamente com concentrado, que continha 22% de proteína, sendo fornecido em média 1 kg de concentrado para 3 kg de leite produzido, para as vacas com ECC igual ou maior que 3, e 1 kg de concentrado para 2,5 kg de leite para as vacas com ECC inferior a 3.

O concentrado era feito na propriedade e fornecido no momento da ordenha, devido a problemas relacionados à mão-de-obra.

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