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Níveis de aptidão física relacionada à saúde em escolares do 9º ano do município de Jaraguá do Sul – SC

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SOCIEDADE EDUCACIONAL SANTA CATARINA - UNISOCIESC

NÍVEIS DE APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE EM ESCOLARES DO 9°

ANO DO MUNICÍPIO DE JARAGUÁ DO SUL – SC

CAROLINE LORENSKI DA COSTA MARIANA GUIMARÃES MESQUITA

PALOMA THAIONA BONOMINI

JARAGUÁ DO SUL – SC 2022

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CAROLINE LORENSKI DA COSTA MARIANA GUIMARÃES MESQUITA

PALOMA THAIONA BONOMINI

NÍVEIS DE APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE EM ESCOLARES DO 9°

ANO DO MUNICÍPIO DE JARAGUÁ DO SUL – SC

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à banca examinadora, referente a 8ª fase do curso de Educação Física Licenciatura da Faculdade Unisociesc.

Professor Orientador: Me. Esp. Erick Diego dos Santos.

JARAGUÁ DO SUL – SC 2022

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AGRADECIMENTOS

Esse espaço do trabalho é dedicado a todos que, de alguma forma, contribuíram para que esse estudo se tornasse realidade e para todos que tornaram possível a realização de mais um sonho, a concretização de mais um objetivo em nossas vidas.

Primeiramente, agradecemos ao nosso Deus; Agradecemos também a nossa família que passaram todos esses quatro anos ao nosso lado nos apoiando em tudo que fazíamos.

Aos diretores, professores, funcionários e a todos os alunos que participaram do estudo que confiaram em nosso trabalho.

A todos professores da Faculdade Unisociesc que deixaram suas marcas estampadas na nossa práxis, em especial ao Prof. Me. Erick Diego Dos Santos que muito nos auxiliou na nossa caminhada e nos trouxe muitos ensinamentos.

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RESUMO

As doenças crônico-degenerativas ou doenças hipocinéticas vêm ganhando papel de destaque nas pesquisas na área da saúde. Pesquisadores apontam também que os fatores de risco para o seu desenvolvimento iniciam ainda na fase da infância e adolescência devido ao baixo nível de atividade física. Nesse sentido, surge a necessidade de verificar a aptidão física relacionada à saúde de adolescentes e jovens, a fim de identificar fatores de risco e propiciar uma intervenção pedagógica através da educação física escolar. Assim, o presente estudo tem por objetivo avaliar a aptidão física relacionada à saúde de escolares do 9° do município de Jaraguá do Sul – SC. A presente pesquisa se classifica como descritiva do tipo epidemiológica. A amostra foi composta por n=214 escolares, sendo n=19 da rede particular e n=195 da rede pública de ambos os gêneros, matriculados no 9° ano da rede de ensino de Jaraguá do Sul. Foram avaliados os componentes da AFRS através dos seguintes testes: 1) comportamento sedentário por meio de questionário; 2) índice de massa corporal (IMC) 3) razão cintura estatura (RCE), 3) resistência abdominal pelo teste de abdominal em um minuto; 4) flexibilidade utilizando o teste de sentar e alcançar, e; 5) aptidão cardiorrespiratória pelo 20m shutle run test. Os resultados foram avaliados de acordo com os critérios de referência da zona saudável do Proesp (2021) e FITNESSGRAM (2010). Com relação ao comportamento sedentário, os resultados do questionário Qasa, trazem que, os escolares do gênero masculino, tem uma média de horas sem fazer atividade física em escolas públicas e privadas de 12,7h e 14,22h, respectivamente. Ao se tratar do gênero feminino, a média é de 10,8h da rede pública para 12,21h da rede privada.Para o percentual do IMC, 63% do sexo feminino e 77%

do sexo masculino está a zona saudável, sendo 36% do sexo feminino e 23% do sexo masculino na zona de risco. Já o percentual do RCE, 87% de ambos os sexos estão na zona saudável, enquanto 13% dos escolares de ambos os sexos estão na zona de risco. Em relação a flexibilidade, apenas 36% do sexo feminino e 48% do sexo masculino estão na zona saudável, sendo que 64% do sexo feminino e 52% do sexo masculino estão na zona de risco. Para a resistência muscular localizada apenas 22%

do sexo feminino e 25% do sexo masculino estão na zona saudável, sendo que 77%

do sexo feminino e 75% do sexo masculino estão na zona de risco a saúde. Por fim, em relação a ApC apenas 33% do sexo feminino e 34% do sexo feminino estão na zona saudável, 16% do sexo feminino e 13% do sexo masculino estão com algum risco a saúde e 51% do sexo feminino e 56% do sexo masculino estão com alto risco a saúde. Através do estudo, considera-se que o ambiente ao qual os escolares estão inseridos e todo o seu meio cultural são determinantes para a prática de atividade física. Os escolares avaliados apresentam níveis de aptidão física relacionada à saúde abaixo do recomendado para saúde. Faz-se necessário uma intervenção multidisciplinar a partir da educação física escolar a fim de melhorar os índices da prática de atividade física, bem como a criação de espaços públicos que promovam tal prática.

Palavras Chave: Saúde; Qualidade de vida; Aptidão Física; Escolares; Educação Física Escolar.

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ABSTRACT

Chronic-degenerative diseases or hypokinetic diseases have been gaining a prominent role in research in the health area. Researchers also point out that the risk factors for its development start in childhood and adolescence due to the low level of physical activity. In this sense, there is a need to verify the physical fitness related to the health of adolescents and young people, in order to identify risk factors and provide a pedagogical intervention through school physical education. Thus, the present study aims to evaluate the physical fitness related to the health of schoolchildren from the 9th grade in the city of Jaraguá do Sul - SC. The present research is classified as descriptive of the epidemiological type. The sample consisted of n=214 students, being n=19 from the private network and n=195 from the public network of both genders, enrolled in the 9th grade of the Jaraguá do Sul education network. The AFRS components were evaluated through the following tests: 1) sedentary behavior through a questionnaire; 2) body mass index (BMI) 3) waist-to-height ratio (WHtR), 3) abdominal resistance by the one-minute sit-up test; 4) flexibility using the sit and reach test, and; 5) cardiorespiratory fitness by the 20m shutle run test. The results were evaluated according to the Proesp (2021) and FITNESSGRAM (2010) healthy zone reference criteria. With regard to sedentary behavior, the results of the Qasa questionnaire show that male students have an average of hours without physical activity in public and private schools of 12.7h and 14.22h, respectively. When it comes to females, the average is 10.8h in the public network and 12.21h in the private network. For the BMI percentage, 63% of females and 77% of males are in the healthy zone, with 36% of females and 23% of males in the risk zone. As for the percentage of WHtR, 87% of both sexes are in the healthy zone, while 13% of students of both sexes are in the risk zone. Regarding flexibility, only 36% of females and 48% of males are in the healthy zone, with 64% of females and 52% of males being in the risk zone.

For localized muscular endurance, only 22% of females and 25% of males are in the healthy zone, with 77% of females and 75% of males being in the health risk zone.

Finally, in relation to ApC, only 33% of females and 34% of females are in the healthy zone, 16% of females and 13% of males are at some risk to health and 51% of females and 56% males are at high health risk. Through the study, it is considered that the environment to which the students are inserted and all their cultural environment are determinant for the practice of physical activity. The assessed students have levels of health-related physical fitness below the recommended for health. It is necessary a multidisciplinary intervention from school physical education in order to improve the rates of physical activity practice, as well as the creation of public spaces that promote such practice.

Keywords: Health; Quality of life; Physical aptitude; Schoolchildren; School Physical Education.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO ... 11

1.1.1 Objetivo Geral ... 11

1.1.2 Objetivos Específicos ... 12

1.2 JUSTIFICATIVA ... 12

1.3 PROBLEMA ... 14

1.4 HIPÓTESES ... 15

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 16

2.1 ATIVIDADE FÍSICA ... 16

2.1.1 Conceito e Definição ... 16

2.1.2 Atividade Física, Exercício Físico e Saúde ... 18

2.2 APTIDÃO FÍSICA ... 21

2.2.1 Aptidão Física e Saúde ... 22

2.3 APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE E MEDIDAS DE AVALIAÇÃO ... 23

2.4 COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE ... 25

2.4.1 Composição Corporal ... 25

2.4.2 Flexibilidade ... 27

2.4.3 Força/Resistência Muscular ... 30

2.4.4 Aptidão Cardiorrespiratória ... 32

2.5 APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE E A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR... 35

2.5.1 O Guia de Atividade Física para a População Brasileira ... 37

2.5.2 Papel e Conteúdos Metodológicos ... 39

3 MATERIAIS E MÉTODOS ... 43

3.1 MÉTODO DE ABORDAGEM ... 43

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 43

3.3 INSTRUMENTOS E TÉCNICAS PARA COLETA DE DADOS ... 44

3.4 PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS ... 50

3.5 ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 50

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 62

5 CONSIDERAÇÕES ... 80

REFERÊNCIAS ... 83

ANEXOS...91

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Resultados do teste 20m shutle run test conforme estágio e velocidade (especifica valores de VO²máx por idade e estágio). ... 48 Tabela 2 - Normas para Zona Saudável (HFZ) para o gênero masculino. ... 49 Tabela 3 - Normas para Zona Saudável (HFZ) para o gênero feminino. ... 49 Tabela 4 – Valores de Amostra dos Testes de Aptidão Física Relacionada à Saúde ... 62 Tabela 5 - Média dos Testes de Aptidão Física Relacionada à Saúde ... 65

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráficos 1 - Comparativo Do Período Sem Fazer Atividade Física Por Rede De Ensino E Gênero Masculino E Feminino Em Horas. ... Erro! Indicador não definido.

Gráficos 2 - Resultados Gerais Do IMC Por Rede De Ensino...67 Gráficos 3 - Resultados Gerais Do IMC Por Sexo ... Erro! Indicador não definido.

Gráficos 4 -Resultados Gerais Do RCE Por Rede De Ensino ...71 Gráficos 5 - Resultados Gerais Do RCE Por Sexo ... 72 Gráficos 6 - Resultados Gerais Da Flexibilidade Por SexoErro! Indicador não definido.

Gráficos 7– Resultados Gerais Da Resistência Abdominal Por Rede De Ensino Erro!

Indicador não definido.

Gráficos 8 - Resultados Gerais Da Resistência Abdominal Por SexoErro! Indicador não definido.

Gráficos 9 - Resultados Gerais Da Aptidão Cardiorrespiratória Por Rede De Ensino ... 78 Gráficos 10– Resultados Gerais Da Aptidão Cardiorrespiratória Por Sexo ... Erro!

Indicador não definido.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- A Força, Suas Diferentes Capacidades E Suas Manifestações...31

Figura 2 - Avaliação do Índice de Massa Corporal (IMC) ... 75

Figura 2 - Avaliação da Relação Cintura Estatura (RCE) ... 75

Figura 3 - Teste de Abdominal ... 76

Figura 4 - Teste de Flexibilidade (Sentar e Alcançar) ... 76

Figura 5 - Teste PACER, 20m shutle run test ... 76

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1 INTRODUÇÃO

“Todas as partes do corpo, se usadas com moderação e exercitadas, tornam-se saudáveis e envelhecem mais lentamente;

mas se pouco utilizadas, tornam-se mais sujeitas à doenças e envelhecem mais rapidamente”

Hipócrates (460 a.C. – 377 a.C.)

Observa-se que a preocupação com a saúde, qualidade de vida e bem-estar descende a mais de dois mil anos em obras clássicas como as de Hipócrates. Assim, após dois mil anos de estudo e desenvolvimento de pesquisas na área das ciências médicas e sociais, obteve-se o resultado que já concluía há dois milênios antes. Cabe agora a real sensibilização acerca dos benefícios da atividade física em prol da saúde.

Para cada pessoa, a saúde pode ser definida como o bem estar físico, psíquico e social (DEJOURS, 1986). A Organização Mundial da Saúde (OMS) cita que além de todas essas características, a saúde não é apenas a ausência de doenças e enfermidades. Influenciada pelas transformações da sociedade, a saúde é resultado da organização da produção, do trabalho e da sociedade (BRASIL, 2010), podendo ser mensurada pela Qualidade de Vida (QV), a qual compreende diversos atributos (SANCHEZ et al, 2019).

Os estudos trazem o termo saúde e QV de modo abrangente à luz de novas perspectivas de acordo com objetivos variados. De um modo geral, a saúde e a QV não estão ligadas apenas a ausência de doenças, mas sim ligada a fatores sociais e econômicos.

Nos atuais debates em relação à saúde e a QV observa-se que é necessário muito mais do que políticas públicas e serviços de assistência médica, mas demanda a ampliação de políticas públicas para à promoção da saúde com base em práticas corporais e atividade física (CROCHEMORE-SILVA et al., 2020).

Inversamente, o desenvolvimento tecnológico e os meios de comunicação, até certo ponto contribuem para a melhora da QV da população. Atualmente os baixos níveis de atividade física entre adolescentes resulta em altos níveis de tempo de tela, porém, é fundamental entender os fatores que podem aumentar ou diminuir níveis insuficientes de atividade física e tempo de tela (PIOLA et al, 2020).

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A atividade física como forma de desenvolvimento humano, inicia seus benefícios durante a infância e adolescência (ROSE JR, 2011). Visto que esses hábitos e os níveis recomendados de atividade física contribuem para que a criança e adolescente se torne um adulto mais fisicamente ativo. Dados epidemiológicos sobre hábitos de vida não saudáveis e seus fatores relacionados em adolescentes podem definir grupos de riscos dentro dessa população (BRITO; HARDMAN; BARROS, 2015).

Diante dessa problemática surge a preocupação com o comportamento sedentário que caracteriza grande parte da nossa população. Nos últimos anos vem crescendo o tempo de comportamento sedentário independentemente da faixa etária (MENEGUCI, 2015)

Nesse contexto, o Guia de Atividade Física para a População Brasileira, recomenda que crianças e adolescentes dos 6 aos 17 anos, pratiquem no mínimo 60 minutos ou mais de atividade física por dia (BRASIL, 2021).

Ao se tratar da saúde e QV, no âmbito da atividade física, surge a discussão em torno da aptidão física. A Aptidão física é a sucessão de características que envolvem a saúde e as habilidades motoras (GIESEL, 2017). Dentro da abordagem da aptidão física, tem-se a Aptidão física Relacionada à Saúde (AFRS) que é a capacidade de realizar atividades diárias com vigor, com características que estão agregadas ao risco baixo de desenvolver doenças que estão relacionadas à inatividade física (PATE, 1988). Dentre os componentes da AFRS compreende-se fatores: morfológicos, funcionais, motor, fisiológico e comportamental (GLANER, 2002). Partindo do exposto acima, percebe-se que a saúde e QV de vida são temáticas que vem ganhando papel de destaque nos discursos e pesquisas na área da saúde. Assim, surge a preocupação com a saúde e AFRS dos adolescentes do 9°

ano do município de Jaraguá do Sul.

1.1 OBJETIVOS DO ESTUDO

1.1.1 Objetivo Geral

O presente estudo tem como objetivo geral Verificar os Níveis da Aptidão Física Relacionada à Saúde em Escolares matriculados no 9º ano nas redes de ensino estadual e privada de Jaraguá do Sul – SC

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1.1.2 Objetivos Específicos

Foram elaborados objetivos específicos para cada variável analisada no presente estudo sendo estruturados da seguinte forma:

1. Verificar e descrever o tempo de comportamento sedentário;

2. Verificar os níveis de composição corporal dos escolares;

3. Diagnosticar os níveis de aptidão cardiorrespiratória dos adolescentes;

4. Verificar os níveis de flexibilidade dos escolares;

5. Quantificar a força/resistência muscular localizada;

6. Comparar os resultados obtidos acerca da AFRS a critérios de referência;

7. Analisar estatisticamente os níveis de AFRS dos escolares do 9° nas diferentes redes do município de Jaraguá do Sul.

1.2 JUSTIFICATIVA

“A avaliação constitui ferramenta fundamental ao trabalho dos profissionais da educação física”

(GUEDES; GUEDES, 2006, p. 15)

Partindo da citação de Guedes & Guedes descrita acima se justifica que a avaliação, no contexto da educação física, se faz imprescindível, pois é através dela que os profissionais refletem sua prática e criam escores a fim de diagnosticar os níveis e padrões em que os escolares se encontram. A avaliação, por sua vez, é um

“processo mediante o qual se torna possível reunir informações que venham a auxiliar na identificação de características individuais associadas à prática de atividade física”

(GUEDES; GUEDES, 2006, p. 15).

A escola e particularmente a disciplina de educação física devem ser determinantes importantes na promoção e desenvolvimento de estilos de vida ativos nas crianças e adolescentes (SEABRA, 2008). De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais da Educação Física (PCN’s) a relevância social dos conteúdos da EF escolar no ensino fundamental se faz em razão de conscientizar os escolares da importância da atividade física na promoção e manutenção da saúde pessoal e

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coletiva (BRASIL, 2001). Nesse sentido, os programas de EF escolar devem preparar os educandos para um estilo de vida permanentemente ativo, em que as atividades físicas relacionadas com a saúde passam a fazer parte integrante do seu cotidiano ao longo de toda a vida” (GUEDES, 1999, p. 12). Vale ressaltar também que, para muitas crianças e adolescentes, a escola se constitui como a única oportunidade de acesso à prática de atividades físicas por meio das aulas de educação física escolar (MARQUES; GAYA, 1999).

Diante disso, ocorre o período crítico do aumento da insatisfação com a educação física na transição do 8° para o 9° ano (GODIN; SHEPHARD, 1986). Os escolares do 9° ano estão, muitas vezes, descontentes com a proposta do desporto, do nível de competição e divertimento durante as aulas de EF, sendo que é durante as aulas que a criança desenvolve o gosto pela atividade física. Acredita-se que hábitos de vida saudáveis e de atividade física se transferem da adolescência para a idade adulta (PIERON, 2004). No âmbito da pesquisa científica, alguns estudos no Brasil também nos trazem a EF escolar como meio de criar nos escolares o prazer e gosto pela prática de atividade física adotando estilos de vida saudáveis e ativo (FERREIRA, 2001; BETTI; ZULIANI, 2002; DEVIDE, 2002).

O Guia de Atividade Física para a População Brasileira orienta que “quanto mais cedo a atividade física é incentivada e se torna um hábito na sua vida, maiores os benefícios para a sua saúde" (BRASIL, 2021, p. 5). O guia também fornece recomendações e informações para que a população tenha uma vida ativa, promovendo a saúde e a melhoria da qualidade de vida.

A busca pela verificação dos níveis de AFRS dos escolares, se forma a partir do conceito que engloba a própria AFRS de que um melhor índice nos seus componentes morfológicos, funcionais, motores, fisiológicos e comportamentais estão associados a um menor risco no desenvolvimento de doenças e demais problemas ocasionados pelos baixos níveis de atividade física, as conhecidas doenças hipocinéticas (ACSM, 2011). Nesse sentido, Betti e Zuliani (2002) afirmam que no 7°

e 8° ano do ensino fundamental pode-se iniciar um trabalho voltado para a AFRS equilibrando as capacidades físicas (resistência aeróbica, resistência muscular localizada e flexibilidade). Pesquisas também têm demonstrado a importância da AFRS e sua mensuração (GLANER, 2003; MARQUES; GAYA, 1999).

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1.3 PROBLEMA

A combinação da industrialização e do desenvolvimento tecnológico facilitou a realização de uma variedade de tarefas que antes exigiam mais esforço físico. Além desses fatores, o ritmo de vida acelerado da sociedade moderna, os trabalhos que exigem pouco esforço físico e as atividades de lazer com menor grau de locomoção estão ligados a esses fatores. Como resultado, se faz presente um estilo de vida mais sedentário e o aumento do número de pessoas com problemas de saúde (ANDERSEN; MECHELEN, 2005)

Apesar de a maioria das doenças relacionadas ao sedentarismo se revelarem apenas na idade adulta, fica cada vez mais claro que seu desenvolvimento se inicia na infância e na adolescência. Doenças como a obesidade de crianças e adolescentes se tornam um fator de risco para futuras doenças cardiovasculares na vida adulta, assim, o incentivo à atividade física desde cedo é importante para que o indivíduo venha a adquirir hábitos de vida saudáveis que permanecem durante a vida (CARLUCCI, et. al., 2013).

Nesse contexto, a escola deve estar no centro das preocupações com a educação para saúde, pelo fato de uma boa parte das crianças e adolescentes terem acesso a escola e nela fazerem parte das aulas de EF escolar, tornando a escola uma instituição privilegiada de intervenção pedagógica (MARQUES; GAYA, 1999).

Em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE), usou um questionário autoaplicável, coletando informações de escolares de escolas públicas e privadas nas 27 capitais. A pesquisa teve como resultado que, 35,8% dos escolares das capitais, entre a faixa etária de 13 a 17 anos costumam assistir televisão por mais de duas horas diariamente e que 71,8% dos escolares de 13 a 17 anos não possuem 300 minutos ou mais de atividade física acumulada (nos sete dias anteriores à pesquisa).

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2019) estima que 80% das crianças e adolescentes entre 11 e 17 anos não atendem às recomendações mínimas de atividade física diária. Entretanto, já está na meta da OMS, desde o ano de 2018, o plano de ação global sobre atividade física a fim de reduzir comportamentos sedentários e buscar a promoção da saúde, incentivando os países a adotarem políticas nacionais de prática de atividade física, para reduzir 15% da inatividade física mundial até 2030 (OMS, 2018).

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Diante disso, visto que há uma preocupação mundial relacionada com a inatividade física atual, criou-se a pergunta norteadora da pesquisa:

Quais os níveis da Aptidão Física Relacionada à Saúde dos escolares do 9° ano da rede estadual e particular do município de Jaraguá do Sul – SC?

1.4 HIPÓTESES

Pelo fato de a AFRS constituir-se por cinco variáveis (composição corporal, resistência abdominal, flexibilidade, aptidão cardiorrespiratória e nível de atividade física) que foram avaliadas através dos testes aplicáveis, foram criadas hipóteses para cada uma delas, para algumas relações entre as variáveis já evidentes em estudos anteriores e para a realidade atual dos escolares na rede de ensino. Dessa forma, as hipóteses específicas foram:

i. Os níveis de gordura corporal dos adolescentes estarão dentro do recomendado para a saúde. O público feminino apresenta valores superiores aos meninos.

Os valores mensurados da flexibilidade dos meninos estarão abaixo do padrão recomendado para a saúde e as meninas apresentarão valores superiores aos meninos.

ii. A resistência abdominal dos avaliados estarão abaixo dos critérios referenciados para a saúde, de modo que os escolares do sexo feminino apresentarão valores inferiores.

iii. A aptidão cardiorrespiratória dos escolares estará abaixo dos valores recomendados para a saúde.

iv. Os alunos da rede pública de ensino terão maior tempo de comportamento sedentário que os da rede privada.

v. A partir das hipóteses específicas citadas anteriormente, forma-se a hipótese central da pesquisa:

vi. Os níveis de AFRS dos escolares do 9° ano do município de Jaraguá do Sul estarão abaixo do recomendado para a saúde.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

Nesse capítulo serão apresentados os pressupostos teóricos que possibilitaram a fundamentação dessa pesquisa. Em síntese, buscou conceituar os principais termos que envolvem o campo da Aptidão Física Relacionada à Saúde utilizando-se dos principais autores da área.

2.1 ATIVIDADE FÍSICA 2.1.1 Conceito e Definição

A atividade física é uma característica inerente ao ser humano apresentando dimensões biológicas e culturais. Para Guiselini (2006) a atividade física envolve qualquer movimento produzido por uma contração muscular resultando em gasto de energia. Deste modo, a atividade física pode ser entendida como qualquer movimento corporal que o indivíduo realize, pois se faz necessário a contração muscular gerando gasto de energia.

Entendida como uma característica ligada ao ser humano, a atividade física define-se de acordo com Markus V. Nahas (2017, p.51) como: qualquer movimento corporal produzido pela musculatura esquelética – portanto voluntário, que resulte num gasto energético acima dos níveis de repouso. Este comportamento inclui as atividades ocupacionais (trabalho), atividades da vida diária – AVD (vestir-se, banhar- -se, comer), o deslocamento (transporte), e as atividades de lazer, incluindo exercícios físicos, esportes, dança, artes marciais etc.

Para Powers e Howley (2000) a atividade física é considerada como qualquer atividade muscular que resulta num gasto energético conforme o trabalho muscular desempenhado e está relacionada ao condicionamento físico. Robergs e Roberts (2002, p. 3) definem a atividade física como “a atividade realizada pelo corpo com objetivos diferentes do desenvolvimento específico de aptidão física”. Portanto, a atividade física é entendida como qualquer atividade/trabalho muscular, que produz um gasto energético maiores que os níveis de repouso do indivíduo, englobando as atividades do trabalho, atividades da vida diária, os meios de locomoção e as atividades de lazer. Assim, o ser humano, por si só, realiza atividade física durante todas as fases de sua vida sendo que não há como dissociar-se de sua prática.

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A atividade física pode ser subdividida em dois grandes grupos. O primeiro grupo diz respeito a atividades físicas não estruturadas. De acordo com Mauro Guiselini (2006, p. 24) elas incluem:

muitas das atividades comuns do dia-a-dia, tais como caminhar, subir escadas, andar de bicicleta, dançar, cuidar do jardim, várias ocupações domésticas (lavar e passar roupas, limpar a casa, lavar louça etc.), passear com o cachorro, fazer compras, cuidar das crianças, jogos e atividades ocupacionais (trabalho).

A atividade física não estruturada, é caracterizada por atividades de baixa intensidade, ou seja, atividades em que a demanda energética é menor para sua realização e de longa duração. Entretanto, por esse motivo, a atividade física não estruturada pode não contribuir para o desenvolvimento da aptidão física.

Por um outro lado, a atividade física estruturada, também chamada de exercício físico, representa um subgrupo da atividade física planejada, estruturadas, que tem por objetivo a melhora e a manutenção do condicionamento ou aptidão física (CASPERSEN; POWELL; CHRISTENSEN, 1985).

Antes de estabelecer uma discussão acerca da contribuição da atividade física e do exercício físico para o desenvolvimento da aptidão, faz-se necessário estabelecer os termos que diferenciam a atividade física do exercício. Essa discussão de termos e conceitos são imprescindíveis para compreender o papel de cada um deles como parte de um estilo de vida ativo e saudável. Para Bouchard & Shephard (1994) o exercício físico é uma forma de atividade física planejada realizado em determinado tempo que tem por finalidade a melhora da aptidão física.

É importante ressaltar que o termo exercício não pode ser utilizado com o mesmo sentido que a atividade física. O fato é que todo exercício é uma atividade física, mas nem toda atividade física se torna um exercício. Deste modo, a atividade física estruturada em que o indivíduo dispõe de determinado tempo para sua exclusiva prática visando objetivos específicos para a melhora do condicionamento ou aptidão física, dá-se o nome de exercício físico. O exercício, como atividade física estruturada também pode ser conceituado como uma forma de atividade física planejada, estruturada, repetitiva, que objetiva o desenvolvimento e manutenção da aptidão física, de determinadas habilidades motoras e também a reabilitação orgânico- funcional incluindo:

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atividades de níveis moderados ou intensos, tanto de natureza dinâmica como estática. Nos exercícios estáticos, também referidos como isométricos, a contração muscular realizada não produz movimento das partes corporais, como quando seguramos uma caixa pesada ou um bebê em nossos braços (NAHAS, 2017).

As relações e diferenças entre o exercício físico e a atividade física são de extrema relevância ao se falar de saúde e aptidão física, pois o exercício tem como foco principal o desenvolvimento das aptidões e de determinadas valências físicas e gestos motores. Entretanto, muito há do que se desvelar entre suas relações e contribuições para a saúde da população de um modo geral.

2.1.2 Atividade Física, Exercício Físico e Saúde

As pessoas estão cada vez se movimentando menos. Troca-se a escada pelo elevador, a moto pela bicicleta, os jogos e esportes pelo computador e videogame. O fato é que as pessoas estão se tornando cada vez mais sedentárias, a hipo sinestesia já alcançou a maior parte da população mundial. A saúde está entrando em colapso global que afeta não apenas adultos, mas também jovens adolescentes e crianças.

Considera-se sedentário um indivíduo que tenha um mínimo de atividade física inferior a 500 kcal por semana. Para uma pessoa ser considerada moderadamente ativa, faz-se necessário realizar atividades físicas que acumulem um gasto energético semanal de 500 kcal a 1.000kcal (NAHAS, 2017). O autor ainda ressalta que a inatividade física representa importante causa de debilidade, reduzindo a qualidade de vida da população e aumentando os índices de mortalidade prematura na sociedade. Deste modo, nos Estados Unidos, 200 mil mortes por ano são atribuídas a um estilo de vida sedentário, sendo essa a principal causa de morte, representando 23% de todas as mortes no país.

Visto que o volume e a intensidade de um exercício são variáveis do treinamento desportivo que está intimamente ligado a melhor adaptação de um organismo na perspectiva da saúde (WEINCECK, 2003), não obstante aos numerosos benefícios da prática da atividade física, surgiram diretrizes de volume e intensidade para o desenvolvimento e manutenção da saúde. Tais recomendações exigem um mínimo de 30 minutos de atividade aeróbica de intensidade moderada por 5 ou mais dias por semana ou, então, 20 minutos de atividade intensa 3 dias por semana (HASKELL, 2007 apud ACSM, 2011).

(20)

A ausência de níveis recomendados da prática de atividade física habitual contribui para o desenvolvimento de algumas doenças crônicas, dentre elas as doenças coronarianas, hipertensão, obesidade, o acidente vascular cerebral, diabetes mellitus entre outras (ACSM, 2011). Assim, ao se propor um programa de avaliação dos níveis de atividade física, busca-se identificar os comportamentos sedentários que não atingem os valores recomendados para a saúde. O mesmo afirma o CDC (1996) - Centers for Disease Control and Prevention (Centro de Prevenção de Doenças), fazendo uma relação inversa da atividade física com as doenças crônicas degenerativas. Portanto, indivíduos ativos fisicamente apresentam menor índice de morbidade e mortalidade por essas doenças. É evidente que muitas das doenças crônico-degenerativas, diagnosticadas na idade adulta, se dão em consequência da inatividade física, as quais têm seus fatores de risco ainda na infância e adolescência (GLANER, 2002, p. 6).

Ao se tratar de crianças e adolescentes, de acordo com o CDC (1996) crianças e adolescentes entre 6 e 17 anos de idade devem realizar uma hora ou mais de atividade física todos os dias. Nessa perspectiva, estudos enfatizam que hábitos saudáveis de atividade física ainda na infância e na adolescência transferem-se para a vida adulta (LAAKSO; VIIKARI, 1997; TAYLOR; BLAIR, 1999; BARNEKOW- BERGKVIST et al, 1996 apud GUEDES et al, 2001). Por outro lado, adolescentes menos ativos fisicamente tendem a ser tornar adultos sedentários propensos a desenvolverem diversas doenças crônicas degenerativas (GLENMARK; HEDBERG;

JANSSON, 1994; RAITAKARI et al apud GUEDES et al, 2001).

Nesse ínterim, a escola adquire o papel principal na conscientização e na promoção da prática de atividade física pelas crianças e adolescentes de modo que a atividade física esportiva é um dos meios de compensar os efeitos nocivos da vida sedentária na sociedade atual, cujas pessoas estão se movimentando cada vez menos (MOTA, 1992a). Deste modo, o desenvolvimento do comportamento ativo por parte das crianças e adolescentes é potencializado por meio prática desportiva na juventude (BUTCHER, 1983; ENGSTROM, 1980 apud SILVA; SOBRAL; MALINA, 2003). Portanto, desde a fase da infância é essencial promover a prática de atividade física a fim de as crianças não criarem um estilo de vida sedentário (ASTRAND, 1992).

O American College of Sports Medicine apresenta os benefícios da atividade física regular e/ou do exercício na função cardiorrespiratória e a sua relação inversa

(21)

com o desenvolvimento de doenças crônicas degenerativas. Esses benefícios, podem ser observados no Quadro 1.

Quadro 1 - Benefícios da Atividade Física Regular e/ou do Exercício de acordo com o Colégio Americano de Medicina do Esporte

MELHORA NA FUNÇÃO CARDIOVASCULAR E RESPIRATÓRIA

● Aumento da captação máxima de oxigênio em virtude de adaptações tanto centrais quanto periféricas

● Ventilação-minuto mais baixa para determinada intensidade submáxima

● Custo em oxigênio do miocárdio mais baixo para determinada intensidade submáxima absoluta

● Frequência cardíaca e pressão arterial mais baixas para determinada intensidade submáxima

● Aumento da densidade capilar no músculo esquelético

● Limiar de exercício aumentado para o acúmulo de lactato no sangue

● Limiar de exercício aumentado para o início de sinais ou sintomas de doença (p.

ex., angina do peito, depressão isquêmica do segmento ST, claudicação)

REDUÇÃO NOS FATORES DE RISCO DE DOENÇA CORONARIANA

● Pressões sistólica/diastólica em repouso reduzidas

● Aumento nos níveis séricos de colesterol lipoprotéico de alta densidade e diminuição nos níveis séricos de triglicerídios

● Gordura corporal total reduzida, gordura intra-abdominal reduzida

● Necessidades de insulina reduzidas, tolerância à glicose melhorada DIMINUIÇÃO DA MORTALIDADE E MORBIDADE

● Atividade e/ou níveis de aptidão mais altos estão associados a taxas de morte mais baixas por doença coronariana

● Níveis de atividade e/ou de aptidão mais altos estão associados a taxas de incidências mais baixas por doenças cardiovasculares, doença coronariana, câncer do cólon e diabetes tipo 2 combinados

● Prevenção secundária (i. é, intervenções após um evento cardíaco [para prevenir a ocorrência de outro evento])

● Com base em metanálises (dados acumulados através de estudos), a mortalidade cardiovascular devida a todas as outras causas é reduzida nos pacientes pós- infarto do miocárdio que participam de treinamento com exercícios para reabilitação cardíaca, especialmente como um componente de redução multifatorial nos fatores de riscoª

OUTROS BENEFÍCIOS POSTULADOS

● Redução da ansiedade e da depressão

● Função física aprimorada e estilo de vida independente nas pessoas mais velhas

● Sensações realçadas de bem-estar

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● Desempenho aprimorado nas atividades laborativas, recreativas e esportivas

● Risco reduzido de acidentes e de lesões devidas a quedas em pessoas mais velhas

● Prevenção ou redução das limitações funcionais em pessoas mais velhas

● Terapia eficiente para muitas doenças crônicas em adultos mais velhos

ªOs ensaios controlados e randomizados do treinamento com exercícios para reabilitação cardíaca envolvendo pacientes pós-infarto do miocárdio não confirmam uma redução na taxa de reinfarro não fatal. Adaptado do Ameriean College ofSports Medieine. ACSM's Guide/ines for Exercise Testing and Prescription, 8'" ed. Philadelphia (PA): Wolters Kluwer Healrh Ltd: 2009, 9-10 p.

Fonte: ACSM (2011, p. 5)

2.2 APTIDÃO FÍSICA

O conceito de aptidão física tem sido discutido por diversas entidades e muitos estudiosos da área da saúde ao longo dos anos. A Organização Mundial de Saúde – OMS, definiu a aptidão física como a capacidade de se realizar o trabalho muscular de maneira eficaz (WHO, 1978).

Apontando fatores como a maturação e o ambiente social ao qual o indivíduo está inserido, pois esse exerce alta influência sobre o comportamento sedentário de crianças e adolescentes, visto que os pais, ou seja, o ambiente familiar pode contribuir de forma positiva ou negativa para a promoção da saúde e qualidade de vida (GUISELINI, 2006).

A aptidão física pode ser entendida como a capacidade para realizar atividades físicas, levando em consideração fatores hereditários, estado de saúde do indivíduo, alimentação e a prática de exercícios físicos (NAHAS, 2010).

O ACSM (2011, p. 2) traz a evolução dos conceitos de aptidão física ao longo dos anos. Essa evolução pode ser vista no Quadro 2.

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Quadro 2 – Definições de Aptidão Física

FONTE DEFINIÇÃO

Getchell, 1992

Aptidão física é a capacidade de coração, vasos sanguíneos, pulmões e músculos terem um desempenho com eficiência ótima.

Howley e Franks (1986)

Aptidão é a capacidade de conseguir uma qualidade de vida ótima.

Miller et al (1991)

Aptidão física geral é o estado com capacidade de realizar um trabalho físico sustentado graças a uma integração efetiva de endurance cardiorrespiratória, força, flexibilidade, coordenação e composição corporal.

President’s Council on Physical Fitness and Sports (1971)

Aptidão física é a capacidade de executar tarefas diárias com vigor e agilidade, sem fadiga excessiva e desgaste exagerado de energia, para desfrutar as atividades lúdicas e enfrentar as emergências imprevistas.

Fonte: ACSM – American College of Sports Medicine. Manual do ACSM para avaliação da aptidão física relacionada à saúde. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011

2.2.1 Aptidão Física e Saúde

Visto que a aptidão física é a capacidade de realizar atividades físicas, sua relação com a saúde baseia-se na premissa de que um bom desempenho em cada um de seus componentes resulta na melhora da saúde e qualidade de vida do indivíduo. Portanto, há uma inter-relação entre os conceitos de saúde e aptidão física de modo que uma afeta a outra simultaneamente.

Primeiramente, vale lembrar que o exercício promove a manutenção ou o aprimoramento da aptidão física do indivíduo (ACSM, 2011). Portanto, em outras palavras, pode-se entender que a aptidão física é resultante da atividade física e o hábito de exercitar-se das pessoas em geral. Deste modo, a avaliação da aptidão física e dos níveis recomendados de AF tem ganho destaque na área das pesquisas relacionadas à saúde pública.

A aptidão física está associada ao bem-estar, à saúde e qualidade de vida das pessoas de todas as faixas etárias (NAHAS, 2017). Um melhor desenvolvimento de cada um de seus componentes contribuirá para a melhora da saúde e qualidade de vida do indivíduo. Por essa razão, atividades que contemplem todos seus

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componentes podem melhorar de forma eficaz a saúde e qualidade de vida da população em geral.

Ao se tratar de aptidão física, muitos são os fatores ligados ao seu bom condicionamento, entre eles: hereditariedade, maturação, condições ambientais, boa nutrição e níveis adequados de exercício físico. Dessa forma, para se obter uma boa aptidão física para a vida é indispensável levar em consideração todos esses fatores.

Vale ressaltar que, para promover e manter os níveis recomendados de aptidão física, faz-se necessário realizar exercício físico diariamente, pois a aptidão física é a consequência capaz de ser mensurada do hábito de realizar AF diariamente e de exercitar-se (ACSM, 2011).

Na relação entre aptidão física e saúde, Guiselini (2006) discorre que a AFRS envolve componentes que apresentam uma relação direta com o melhor estado de saúde o quais, permitem uma adaptação positiva a realização de AF regular, entre eles, o autor cita: resistência cardiorrespiratória, força e resistência muscular, flexibilidade, composição corporal e coordenação motora. Nesse ínterim surgem a diferenciação dos termos aptidão física relacionada ao desempenho motor e aptidão física relacionada à saúde.

2.3 APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE E MEDIDAS DE AVALIAÇÃO

Ao se falar em educação física, atividade física, saúde e qualidade de vida, surge o termo aptidão física. Porém, há muitas controvérsias ao se conceituar esse termo. Para tanto, estudiosos têm buscado definir tal termo e classificá-lo de acordo com seu objetivo. Assim, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2010, p. 2) a define como “um conjunto de atributos ou de características que as pessoas possuem ou adquirem e que se relacionam com a capacidade de realizar uma atividade física”.

Entretanto, ao se pensar nos caracteres referentes à saúde, a aptidão física se caracteriza como aptidão física relacionada à saúde (AFRS) que constitui uma expressão mais específica, sendo um dos componentes da aptidão física que têm relação a uma boa saúde do indivíduo. Existem também outros componentes que não serão abordados nesse estudo.

(25)

A aptidão física compreende componentes morfológicos, funcionais, motores e comportamentais. Dentre eles estão: resistência muscular, flexibilidade, composição corporal, aptidão cardiorrespiratória e comportamento sedentário (GLANER, 2002).

De acordo com Nahas (2010) a aptidão física pode ser conceituada como a capacidade de realizar AF por duas formas de abordagem: (1ª) aptidão física relacionada ao desempenho motor, incluindo componentes para uma melhor performance nos esportes, e; (2ª) aptidão física relacionada à saúde, cujas características de cada um de seus componentes possibilitam maior energia para o trabalho e lazer, amenizando risco ao desenvolvimento de doenças crônico- degenerativas. Entre eles incluem: (a) aptidão cardiorrespiratória; (b) força/resistência muscular; (c) flexibilidade, e; (d) composição corporal. Glaner (2003) aponta o comportamento sedentário como componente da AFRS, pois influencia diretamente sobre seus aspectos.

A educação física por sua caracterização e relação direta com a saúde da população em geral, tem papel fundamental nas medidas e avaliação da AFRS. A avaliação da AFRS é imprescindível para em qualquer programa de exercício físico e, não menos importante, na educação física escolar. Com esse caráter fundamental, o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2011) listou os motivos mais importantes para avaliar a AFRS:

1. Educar os participantes acerca de seu atual estado de aptidão relacionada a saúde quanto aos padrões de saúde e normas correspondentes para idade e sexo;

2. Proporcionar dados úteis na elaboração das prescrições do exercício destinados a realçar todos os componentes da aptidão;

3. Coletar dados basais e de acompanhamento que tornam possível a avaliação do progresso feito pelos participantes de um programa de exercícios;

4. Motivar os participantes através do estabelecimento de metas de aptidão razoáveis e alcançáveis;

5. Estratificação do risco cardiovascular.

Através do presente exposto, a educação física, em seu caráter mais amplo, é a ferramenta utilizada para avaliação dos componentes da AFRS e deve atribuir tal avaliação em seus programas de atividade física para todas as idades.

Os testes para avaliação da AFRS são meios para diagnosticar deficiências e acompanhar o desenvolvimento nessa determinada área. Sua aplicação pode

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estimular o interesse nas atividades e possibilitar a auto-avaliação em diversos parâmetros de aptidão física (NAHAS, 2010). A bateria de testes, quando utilizados com sabedoria, podem ajudar os escolares a compreenderem os conceitos básicos de AFRS e fornecer feedback para motivação e mudanças comportamentais.

Em relação a medidas e avaliação da AFRS, avaliar por si só não assegura nenhuma mudança comportamental que venha melhorar índices de AF e consequentemente dos níveis de AFRS. Ao se avaliar a AFRS se faz necessário analisá-las criticamente a um padrão recomendado. Para tanto, diversas entidades buscaram, através de pesquisas na área da educação física criar instrumentos e padrões recomendados para a saúde de cada um dos componentes da AFRS de acordo com sexo e idade. Entre elas, destaca-se a bateria de testes da FITNESSGRAM (2010) do Cooper Institute for Aerobics Research que é uma bateria de testes reconhecida e utilizada mundialmente, principalmente pelo profissionais da educação física escolar, visto que traz padrões que variam entre os cinco e dezessete anos de idade.

2.4 COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE

O Colégio Americano de Medicina do Esporte, atualmente, é a entidade líder na questão do estabelecimento de normas e diretrizes para a mensuração da AFRS.

Não somente o ACSM, mas muitos autores e entidades têm buscado conceituar e caracterizar cada um de seus componentes ao longo dos anos conforme as pesquisas na área da educação física e saúde. Assim, neste capítulo será apresentada uma revisão dos principais conceitos e características de cada um dos componentes da AFRS que serão avaliadas no presente estudo.

2.4.1 Composição Corporal

O Corpo humano é um organismo complexo, cujas funções e principalmente, adaptações aos diversos tipos de stresses ambientais surpreende os pesquisadores ao longo dos anos. Diversos são os sistemas, órgãos, aparelhos, tecidos e células que realizam a manutenção da vida. Nosso corpo é composto por aproximadamente 60% de água, 15% – 20% de gordura, 15% de proteína e um pouco mais de 5% de minerais.

(27)

Ao longo dos anos surgiram medidas para avaliar cada um dos componentes da composição corporal. Muitos desses testes predizem com exatidão determinados componentes. Ao se tratar da aptidão física relacionada à saúde, na década de 80, a composição corporal passou a ser considerado um fator determinante, juntamente com a aptidão cardiorrespiratória, a força e resistência muscular localizada e a flexibilidade (NAHAS, 2017).

A composição corporal trata-se do percentual relativo de músculo, gordura, osso e outros tecidos dos quais o corpo humano é composto. Nesse contexto, para a promoção e manutenção da saúde, são necessários percentuais mais baixos da gordura corporal (GC) (CORBIN E LINDSEY, 1994).

Do ponto de vista da avaliação da AFRS, de acordo com o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2011, p. 57), a composição corporal “é definida como as proporções relativas de gordura e tecidos isentos de gordura no corpo, enunciadas normalmente como um percentual de gordura corporal total”. Para tanto, a GC está relacionada intimamente com a saúde do indivíduo de modo que quanto maior o percentual de GC, maiores serão os riscos ao desenvolvimento de várias doenças crônicas degenerativas.

O excesso de GC está relacionado a vários problemas de saúde, entre eles a hipertensão, doenças do coração e diabetes. Sendo uma condição preocupante que pode gerar diversas morbidades, o excesso de GC forma um dos principais problemas de saúde pública (NAHAS, 2017). Cabe então, essa questão ser tratada pelo poder público para uma respectiva intervenção preventiva. Nesse contexto, uma pesquisa realizada pelo IBGE mostra que no Brasil, a cada dez brasileiros, um é considerado obeso (IBGE / INAN, 1989).

Entre a população adolescente e jovem, a preocupação com os riscos de saúde e problemas como a obesidade e doenças de coração é menor (ACSM, 2011).

Portanto, visto que o componente cultural exerce alta influência na prevenção da obesidade, a intervenção deve partir da família, passando para escola ate o consultório médico, por meio de uma ação multidisciplinar entre profissionais como o médico, o agente de saúde, professores de Educação Física, nutricionista e psicólogo (NAHAS, 2017).

A avaliação da GC se dá por meios de testes e medidas. Ao longo dos anos, pesquisadores têm buscado elucidar qual o melhor meio para se avaliar a GC.

Entretanto, os testes realizados irão predizer uma estimativa da GC total e não sua

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totalidade. Para isso, seria necessária a utilização do teste de dissecação macroscópica que, apesar de sua precisão, implica ser realizado em cadáveres humanos (GUEDES; GUEDES, 2006).

Devido à facilidade de avaliação e a probabilidade de abranger um número maior de sujeitos em menor tempo, o teste mais utilizado para a estimativa de GC é a antropometria. Para o Colégio Americano de Medicina do Esporte “a antropometria é a mensuração do corpo humano, que inclui as medidas das circunferências ou perímetros, assim como das pregas cutâneas” (ACSM, 2011, p. 64).

“Uma maneira simples e prática de se determinar se a massa corporal (peso) de uma pessoa está dentro do recomendável para a saúde é por meio do cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC), também referido como Índice de Quetelet: IMC = Massa corporal em kg dividido pela Estatura em metros.” (NAHAS, 2017, p. 107)

“A razão cintura-estatura (RCE) é calculada dividindo o perímetro da cintura (PC) pela estatura (EST) da pessoa. Há evidências de que a RCE representa um bom indicador de risco à saúde, melhor que a razão cintura-quadril e a medida de cintura isolada, tendo elevada associação com o índice de massa corporal. Uma RCE inferior a 50% é, geralmente, considerada saudável.” (NAHAS, 2017, p. 115)

2.4.2 Flexibilidade

Um dos componentes da AFRS é a flexibilidade. A flexibilidade é a “capacidade e a característica [...] de executar movimentos de grande amplitude, ou sob forças externas, ou ainda que requeiram a movimentação de muitas articulações”

(WEINECK, 2003, p. 470). A flexibilidade também é proposta pelos termos mobilidade, articularidade e elasticidade.

Para Corbin (1994) ela é definida como a amplitude de movimento possível de uma determinada articulação, ou de um conjunto delas. Sua amplitude de movimento sofre influências por fatores estruturais como os músculos, tecidos conectivos, pele, tendões, ossos, cápsulas e ligamentos.

De acordo com WEINECK (2003) flexibilidade pode ser diferenciada em quatro tipos diferentes, conforme visto no QUADRO 3.

(29)

Quadro 3 – Tipos de Flexibilidade

Flexibilidade Geral

Flexibilidade em grande extensão dos principais sistemas articulares (ombros, quadris, coluna vertebral).

Flexibilidade Específica

A flexibilidade específica refere-se a determinadas articulações.

Ex.: atletas de corridas com barreiras devem ter boa flexibilidade nos quadris.

Flexibilidade Ativa

Flexibilidade ativa é a maior amplitude de movimento conseguida em uma articulação pela contração dos agonistas e, naturalmente, pelo relaxamento dos antagonistas.

Flexibilidade Passiva

Flexibilidade passiva é a maior amplitude de movimento conseguida em uma articulação com o auxílio de forças externas (auxílio de um parceiro ou de aparelhos) devido à capacidade de extensão e de relaxamento dos antagonistas.

Fonte: Weineck (2003)

Para Nahas (2017) a flexibilidade é a valência física que reflete a amplitude dos diversos movimentos articulares. Seu desenvolvimento se dá por meio de alongamentos que podem aumentar a elasticidade dos músculos, tendões e ligamentos, permitindo uma amplitude maior de movimento.

Sendo um dos componentes da aptidão física relacionada à saúde, a avaliação da flexibilidade

É um componente importante de aptidão física relacionada à saúde [...] pois uma flexibilidade inadequada prejudica a realização das atividades da vida diária. Além disso, uma flexibilidade precária da região lombar e do quadril pode contribuir para o surgimento de lombalgia, que é um dos problemas médicos mais dispendiosos com que se deparam muitos adultos (ACSM, 2011, p. 96).

Os métodos da avaliação da flexibilidade permitem: a) identificar a diminuição da flexibilidade ao longo dos anos; b) identificar desequilíbrio de força nos músculos que envolvem a articulação; c) identificar músculos com níveis de flexibilidade inferiores aos desejáveis, e; d) através das avaliações bilaterais identificar diferenças na amplitude de movimento articular entre as estruturas da esquerda e direita, que podem causar desequilíbrios musculares e originar um processo de supercompensação das estruturas articulares adjacentes na cadeia cinética de

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movimento, identificando o possível surgimento de lesões, traumatismos e complicações do padrão de movimento (ACSM, 2011).

Níveis de flexibilidade correspondentes aos padrões de saúde permitem uma pessoa a movimentar as articulações do corpo por meio da grande amplitude de movimento no trabalho, nas atividades domésticas do cotidiano, nos exercícios e nos jogos (GUISELINI, 2006). Atividades como amarrar o cadarço do tênis, pegar algum objeto embaixo da cama ou em uma altura mais elevada, podem ser dificultadas caso o indivíduo não apresente níveis recomendados de flexibilidade.

Em relação aos métodos e testes de avaliação da flexibilidade, diversos são os segmentos corporais e os testes utilizados para sua mensuração. Entretanto, o teste de flexibilidade mais utilizado nos programas de aptidão física de acordo com o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2011) é o teste de sentar e alcançar.

A utilização do teste de sentar e alcançar como componente da AFRS deve-se ao fato de que as limitações no movimento de inclinar e alcançar estão associado as lombalgias, que acomete grande parte da população mundial e poder predispor uma lesão da coluna lombar (ACSM, 2011).

Todas as pessoas necessitam de certo nível de flexibilidade para realizar as atividades diárias e manter a saúde. Ressalta-se a melhor mobilidade da região lombar e boa elasticidade dos músculos posteriores da coxa, pois estão associados a menor incidência de problemas crônicos. Nesse contexto, pessoas pouco ativas, em geral, são menos flexíveis (NAHAS, 2017).

O quadro 4 (NAHAS, 2017, p. 91) traz as implicações advindas dos níveis baixos de mobilidade (flexibilidade reduzida).

Quadro 4 – Implicações Advindas Dos Baixos Níveis De Mobilidade

Pouca Mobilidade (flexibilidade reduzida)

Implicações para a Saúde:

▪ Problemas posturais

▪ Limitada participação em atividades esportivas/recreativas

▪ Maiores riscos de lesões musculares e articulares

▪ Dores lombares

Fonte: (NAHAS, 2017, p. 91)

(31)

Portanto, exercícios de alongamento e flexibilidade parecem ter relação inversa com as dores lombares e na região do pescoço.

Vários autores estão buscando padronizar os testes para avaliação dos músculos flexores do quadril, lombares e posteriores da coxa por meio dos testes de sentar e alcançar. Em relação à avaliação da flexibilidade de jovens e adolescentes, uma das entidades líder é o Instituto Cooper por meio de teste de sentar e alcançar alternado (FITNESSGRAM, 2012) que traz parâmetros de valores recomendados para a promoção e manutenção da saúde e qualidade de vida.

2.4.3 Força/Resistência Muscular

A força está presente no cotidiano do ser humano. Qualquer tarefa que realizar está exercendo algum tipo de força. O simples fato de se manter em pé necessita de força para contração dos músculos esqueléticos estabilizadores para permanecer nessa posição estática.

No contexto das ciências humanas, exatas e naturais, muitos são os tipos de força no ambiente. Entretanto, esse estudo abordará a força muscular. Neste contexto,

Força muscular é a capacidade derivada da contração muscular, que nos permite mover o corpo, levantar objetos, empurrar, puxar, resistir a pressões ou sustentar cargas. Se os músculos são usados frequentemente, eles se tornam mais firmes, fortes e flexíveis; músculos inativos se tornam fracos, flácidos e menos elásticos. É através de exercícios regulares que os músculos se tornam mais fortes e resistentes, permitindo que nos movamos mais eficientemente no trabalho ou no lazer. Quando um grupo muscular (braços, pernas ou abdômen) executa um trabalho físico que exige repetidas contrações musculares, diz-se que este trabalho requer resistência muscular ou resistência de força. Nós precisamos de resistência muscular quando carregamos um objeto ou um bebê por um tempo prolongado, quando movemos o corpo repetidas vezes de uma mesma forma, executamos tarefas domésticas ou quando praticamos esportes (NAHAS, 2010, p. 75).

Para Weineck (2003) a força se apresenta em suas diversas manifestações pelos aspectos de forças gerais e específicas. Na Figura 1 destacam-se as manifestações da força:

(32)

A manifestação da força que será abordada neste estudo é a resistência de força, também conhecida como endurance muscular. Em razão da manifestação e ângulo de análise do movimento, ou seja, da contração muscular, a resistência de força distingue-se em geral e localizada (WEINECK, 2003), sendo a segunda tratada neste estudo.

Quando algum grupamento muscular realiza um trabalho exigindo várias contrações repetidas com cargas menores, diz-se que este trabalho requer resistência muscular localizada (NAHAS, 2017). Exercício e atividades domésticas que envolvem contrações repetidas retratam a endurance muscular ou RML. Para o Colégio Americano de Medicina do Esporte (ACSM, 2011), a endurance muscular é um componente mensurável da AFRS que corresponde à capacidade de realizar uma contração muscular continuamente em um nível submáximo. Uma pessoa que apresenta níveis recomendados de endurance muscular para a AFRS pode manter a repetição de um movimento por um período longo de tempo (GUISELINI, 2006).

É importante ressaltar que a endurance muscular ou RML é limitada pela capacidade dos sistemas cardiovascular e respiratório, bem como pelo fornecimento de oxigênio para os músculos em função do consumo máximo de oxigênio - VO²máx (WEINECK, 2003). Diante do exposto, níveis recomendados de aptidão cardiorrespiratória possibilitará um melhor desempenho do endurance muscular.

A força e a resistência muscular envolvem grupos musculares específicos para

Figura 1 – A Força, Suas Diferentes Capacidades E Suas Manifestações

Força

Força rápida

Fonte: Letzelter e Letzelter (1986) apud (WEINECK, 2003, p. 225) Força máxima

Resistência de força

Dinâmica Estática

Força de sprint Força de saltos Força de chutes Força de arremessos Força de tração Força de golpes Força de impacto

Resistência de força de sprint Resistência de força de saltos Resistência de força de chutes Resistência de força de arremesso Resistência de força de tração Resistência de força de golpes Resistência de força de impacto Força de impacto

Força de tração Força de empurrão

Força de manutenção Força de tração Força de pressão

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cada tarefa. Em razão disso, um indivíduo pode obter melhores resultados num teste quando comparado a outro (GUEDES, GUEDES, 2006). Portanto, os grupos musculares que tem sido alvo de estudos da área da saúde e qualidade de vida são os abdominais.

A razão de os músculos abdominais estarem intimamente ligados à promoção da saúde e qualidade de vida dá-se pelo segundo motivo.

Dores musculares e articulares - especialmente as dores nas costas (região - lombar e cervical), estão entre os problemas de saúde mais comuns, Virtualmente cada adulto tem dores musculares ocasionais de algum tipo e milhões são atingidos por dores lombares, sendo [impedidos de realizar mesmo as mais simples tarefas em casa ou no trabalho. [...] Acrescente-se a esse quadro pouca flexibilidade, musculatura fraca e tensão nervosa, e teremos um quadro propício ao aparecimento das dores lombares ou lombalgia. A grande maioria dos casos de dores nas costas não está relacionada a problemas estruturais mas, ao contrário, resultam da debilidade e pouca elasticidade dos músculos abdominais, das costas e posteriores da coxa, da má postura e da tensão nervosa [...] Considerando a natureza predominantemente funcional do problema, não é estranho que programas de exercícios, principalmente de alongamento e fortalecimento muscular, tenham se mostrado extremamente eficazes na prevenção e terapia das dores lombares (NAHAS, 2010, p. 87).

Portanto, a avaliação da força e resistência muscular dos músculos abdominais nos programas de AFRS, em escolas criam escores para verificar se os escolares apresentam algum risco ao desenvolvimento de algumas patologias, entre elas a lombalgia aguda e crônica. Nesse sentido, o teste mais utilizado para verificar a RML dos músculos abdominais e flexores do quadril é o curl up (abdominal modificado).

2.4.4 Aptidão Cardiorrespiratória

A manutenção da vida e a constância da homeostasia corporal estão relacionadas ao fornecimento de oxigênio e nutrientes para os órgãos e tecidos celulares do nosso corpo. Nesse processo, os sistemas respiratório e circulatório trabalham continuamente para fornecer os elementos vitais à vida humana. Essa junção entre os sistemas cria um dos principais sistemas do corpo humano para a manutenção da vida, o sistema cardiorrespiratório.

(34)

Pesquisas recentes nos mostram que a aptidão cardiorrespiratória dos jovens relaciona-se com a prática de educação física na escola e fora dela (COLEDAM, et al, 2016).

Durante a realização de qualquer atividade, para que não haja fadiga no agrupamento muscular, os pulmões, o coração, as artérias e capilares desempenham suas respectivas funções no transporte de oxigênio e nutrientes até os músculos envolvidos na tarefa. A eficiência dessas condições diz respeito à aptidão ou resistência cardiorrespiratória sendo de fundamental importância para as atividades do dia a dia. Nesse ínterim, o sistema cardiorrespiratório transporta alguns elementos vitais ao organismo para produção de energia e o trabalho muscular (NAHAS, 2017).

A capacidade aeróbia trata-se de uma medida reprodutível da capacidade de um organismo, ou seja, do sistema cardiovascular enviar sangue oxigenado para uma grande massa muscular realizar um trabalho (POWERS; HOWLEY, 2009). Assim, na execução de uma tarefa, deve-se a capacidade de o organismo utilizar o sangue rico em oxigênio e de o sistema cardiorrespiratório transportar esse sangue até os tecidos do corpo.

A medida da Aptidão Cardiorrespiratória de um indivíduo dá-se a partir da estimativa de VO²máx. O VO²máx (consumo máximo de oxigênio) ou potência aeróbica máxima é definido como o consumo de oxigênio mais alto que uma pessoa pode atingir durante algum trabalho muscular (ASTRAND et al, 2006). Portanto, o simples fato de o sistema cardiorrespiratório transportar o sangue oxigenado até as células musculares não garante o desempenho da atividade, mas sim a capacidade de perfusão dos gases na célula, ou seja, a capacidade de o organismo utilizar esse oxigênio.

Para realizar a contração muscular, é necessária a formação de ATP (uma molécula de adenina unida a uma molécula ribose combinada a três grupos fosfatos- inorgânicos. Assim, quando uma enzima ATPase atua sobre o ATP separando sua molécula ocorre a liberação de energia. Para o trabalho muscular é necessário produzir a energia por meio da fosforilação do ATP. Deste modo, por meio de diversas reações químicas é adicionado a adenosina difosfato convertendo em adenosina trifosfato. Quando essas reações ocorrem na presença do oxigênio, o processo é denominado metabolismo aeróbio (WILMORE; COSTILL, 2001) que vão determinar a capacidade aeróbia ou aptidão cardiorrespiratória de um indivíduo.

A aptidão cardiorrespiratória estabelece íntima relação com a saúde e

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