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Nossa História. Quem Somos

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Academic year: 2022

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Nossa História

O Programa Escola Zé Peão é uma das maiores realizações do SINTRICOM em parceria com o Departamento de Educação da Universidade Federal da Paraíba. Resultado do trabalho desenvolvido com a categoria no enfrentamento ao alto índice de analfabetismo, a Escola Zé Peão é um direito conquistado pelos trabalhadores na Convenção Coletiva de 1990.

Em abril de 1991, foram implantadas, nos próprios canteiros de obra, as primeiras salas de aula do Projeto. Sinônimo de emancipação cidadã, onde a aquisição do saber ler e escrever se traduz na conquista de um conhecimento capaz de gerar transformações na vida de cada trabalhador(a), o Projeto Escola Zé Peão é uma estratégia de educação de jovens e adultos cuja ação educativa parte de reflexões marcantes e contemporâneos do mundo do trabalho e da indústria da construção.

Quem Somos

A Coordenação Pedagógica do PEZP é composta por profissionais qualificados que atuam com base na proposta pedagógica do Projeto cujo objetivo é desenvolver uma educação que promova a capacitação do operário para enfrentar o contexto social, econômico, político, sindical e educacional contemporâneo. A Coordenação do Projeto decidiu levar a escola ao local de trabalho, implantando salas de aula dentro do próprio canteiro de obras, o que auxiliou a equipe a

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elaborar, com maior clareza, a relação postulada entre escola e trabalho produtivo.

Educadoras(es): Os educadores são alunos dos cursos de licenciatura da UFPB e se inscrevem através de edital. Passam por uma avaliação escrita com questões específicas sobre a EJA e a Educação Popular. Após o processo de seleção concluído os candidatos/as participam de uma formação inicial (60 horas), organizadas em quatro blocos temáticos distintos: Identidade e Cultura; Histórico e Metodologias aplicadas a EJA, numa perspectiva de Educação Popular; Planejamento e Avaliação e Aulas Simuladas.

Ao final do curso é feita uma entrevista, onde são vistas a disponibilidade de tempo do candidato/a, sua participação e envolvimento com as ações da comunidade e mais, seu real interesse em trabalhar com alfabetização de jovens e adultos. Aos candidatos selecionados é oferecida formação continuada no processo de ensino aprendizagem dos educandos.

O aluno- operário: Os alunos-operários da Escola são, em sua grande maioria, de origem rural, do sexo masculino, de baixa renda, relativamente jovens, pouco qualificados e com baixo nível de escolarização formal. Dados coletados a partir das fichas de matrícula permitem afirmar que expulsos do campo, pela falta de terra ou de oportunidades de trabalho, os trabalhadores/alunos desembarcaram na cidade desprovida do preparo mínimo exigido para o mercado formal de trabalho na cidade. A precariedade nos níveis de escolarização e a ausência de qualificação profissional os sujeitam aos empregos mais duros e penosos, de pior remuneração e mais suscetíveis à rotatividade e ao desemprego, de que resultam péssimas condições de sobrevivência.

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O Canteiro de obras é a sala de aula

Resultados conquistados

Nos dezenove anos de sua ação alfabetizadora, o PEZP matriculou cerca de 10 mil operários; agora em 2009 são 15 turmas e 225 operários matriculados. Embora haja, a partir dos dados quantitativos, uma evasão de quase 50% não podemos considerá-la como absoluta sem olhar para o contexto em que a experiência se realiza: a indústria da construção civil apresenta como característica a rotatividade o que ocasiona demissões e transferências dos operários independentes se estão ou não na escola.

Impacto do Projeto

O processo de aprendizado do PEZP tem dado uma forte contribuição no sentido de potencializar uma discussão mais aprofundada sobre o desenvolvimento dos programas, experiências e implementação de políticas públicas para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) nos âmbitos estadual, regional e nacional, o que tem ocorrido através da sua participação efetiva no Fórum de Educação de Jovens e Adultos do Estado da Paraíba, cujo propósito é fortalecer o movimento em prol da EJA nas camadas populares, dentro de uma perspectiva de educação popular permanente.

Com relação ao aluno-operário percebemos uma maior capacidade de decisão e mobilização nas questões relativas ao trabalho cotidiano;

ampliação do espaço para a direção sindical desenvolver o trabalho formativo; participação mais ativa de todos nas lutas sociais; maior interação nas relações familiares e comunitárias; ampliação das possibilidades de manutenção do atual vínculo empregatício,

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ascensão profissional ou inserção em novos campos de trabalho e continuidade no mercado de trabalho.

No tocante aos graduandos da UFPB que atuam como educadoras(ES) constatamos a melhoria de desempenho no curso de graduação; busca de ampliação da qualificação através de programas de pós-graduação; inserção em postos de decisão voltados para a EJA; ampliação da participação no Fórum de EJA da Paraíba e em eventos da área; concretização e divulgação de metodologias que possam ser replicadas em projetos com objetivos e natureza semelhantes, contribuindo para a melhoria do processo de educação de jovens e adultos como um todo.

Desafios futuros

O nosso grande desafio é o de diminuir a evasão formal (onde a saída do aluno da escola é motivada por fatores externos à escola, como:

demissão, transferência e rotatividade, características bastante significativas da indústria da construção; e a evasão real (onde a saída do aluno da escola é motivada por fatores, como extensão da jornada de trabalho, cansaço, concorrência com formas de lazer e vida social – dominó e baralho, televisão ou rádio, cachaça e namoro;

ou mesmo por conta de elementos inerentes ao próprio Projeto, diretamente relacionados ao fazer pedagógico, que incluem dificuldades típicas do processo de ensino-aprendizagem. Outro grande desafio é o da institucionalização do Projeto e sua transformação num Programa regular, estável e economicamente sustentado no seio da UFPB e demais instituições públicas que têm como seu objeto a formação de educadores e a organização e execução de políticas específicas para a EJA.

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A construção do saber

O processo de ensino e aprendizagem A proposta pedagógica do Projeto visa desenvolver uma educação que promova a capacitação do operário para enfrentar o contexto social, econômico, político, sindical e educacional, proporcionando maior clareza entre escola e trabalho produtivo. Em termos operacionais, a alfabetização passou a ser o eixo central a partir do qual outros conhecimentos seriam trabalhados. Ao mesmo tempo, tomou-se a indústria da construção como realidade a exigir o exercício da reflexão, da reelaboração de conhecimentos e da aquisição de novas formas de linguagens sociais.

Compreendendo a educação como um processo amplo e articulado com o contexto político, social e cultural dos sujeitos envolvidos, o PEZP vem buscando formas de superação do currículo pluridisciplinar favorecendo a integração interdisciplinar a partir da especificidade de cada área do conhecimento (linguagem, matemática, estudos da sociedade e da natureza) em uma proposta de currículo que contemple a diversidade cultural e social dos alunos.

Metodologia de ensino

Com relação especificamente à questão metodológica da educação/alfabetização, considera-se que o problema do método não é, a rigor, resolvível por meio de uma única tomada de decisão, num momento específico, nem de uma vez por todas. Desenvolve-se num processo contínuo de tomada de decisões que, subsumido dentro de um esquema de orientação geral definido à época da elaboração do projeto original e condicionado pelas circunstâncias da realidade

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vivida em cada fase de sua execução, vem se constituindo no que hoje poderíamos chamar de “o método de alfabetização que utilizamos”.

O esquema de orientação geral a que nos referimos pauta-se pelos seguintes princípios:

Contextualização: considera-se o contexto em que a experiência escolar se realiza. Na sua operacionalização privilegia-se: (a) as condições de vida dos alunos, em particular, as condições em que se dá a sua inserção no mundo do trabalho da indústria da construção; (b) as lutas do sindicato dos trabalhadores dessa indústria, como parte de seu programa de formação de base dos operários; (c) a localização da equipe responsável pelo Projeto no atual espectro de teorização sobre educação, de um modo geral, e sobre alfabetização de um modo particular.

O princípio da significação operativa: busca-se o exercício da busca cotidiana de sentido para “o que se faz” e “porque se faz”, refletindo-se sobre o confronto entre o desejado e o possível nas circunstâncias dadas.

O princípio da especificidade escolar: defende-se que uma escola tem compromisso com o ensino da lecto-escrita stricto sensu. Por mais elástico que o conceito de “alfabetizado” possa ser, reforçamos a explicitação de nosso entendimento de que os trabalhadores-alunos aprendam a ler/escrever textos, subordinando outras competências à realização concomitante desse aprendizado específico.

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Materiais didáticos utilizados

O PEZP dedica especial atenção ao material didático-pedagógico.

Cria e elabora materiais pesquisando e avaliando materiais produzidos por outras instituições e organizações. Na linguagem, são utilizados artigos e gravuras de jornais e revistas (locais e nacionais);

textos de literatura de cordel; letras da MPB e cartazes elaborados pelos alunos da Escola, tanto nas salas de alfabetização como nas de pós-alfabetização. O Projeto possui uma Biblioteca Volante (± 300 volumes) que coloca à disposição dos alunos-operários um variado acervo que reúne obras de literatura, história, geografia, política e economia, no intuito de possibilitar o contato do alfabetizando com a informação, buscando despertar-lhes a curiosidade e motivação pela leitura. Há, ainda, parcerias com outras bibliotecas locais propiciando visitas dos alunos a estes espaços visando ampliar ainda mais o acervo bibliográfico e aumentar as possibilidades de desenvolvimento da lecto-escrita e do cidadão enquanto ser capaz de gerar, produzir, criticar/avaliar e disseminar informações.

No campo da Matemática, utiliza-se o livro Alfabetização de Adultos em Ciências e Matemática que é utilizado como meio didático e de orientação básica para o trabalho docente desenvolvido nesse campo.

Apesar de o conteúdo trabalhado se referir primordialmente à matemática, a obra chama atenção para importância de se considerar a alfabetização científica, isto é, fazer-se a leitura de um mundo profundamente marcado pela ciência, o que exige de nós uma ação cada vez mais condicionada pelo desenvolvimento tecnológico. Para o ensino da matemática, a escola também utiliza oábaco – instrumento milenar de contagem – como recurso didático necessário à

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compreensão do sistema de numeração e das operações adição e subtração.

No que se refere ao ensino dos conteúdos relativos aos conhecimentos gerais, como História e Geografia, utiliza-se mapas, globos, slides, vídeos e visitas culturais: ao Planetário do Espaço Cultural da cidade, ao Forte de Cabedelo/PB, e ao LOGEPA(Laboratório de Geografia da Paraíba – UFPB). Também se oportunizam a ida a sessões de cinema (filmes nacionais), peças teatrais, exposições de artes, entre outras, como forma de proporcionar aos alunos-operários a ampliação de seu universo cultural e de seu conhecimento do mundo.

Já no ensino de Ciências, para a discussão de temas ligados ao meio ambiente, acidentes no trabalho, doenças sexualmente transmissíveis e saneamento básico, utilizam-se aulas com profissionais das áreas afins e distribuição de cartazes, preservativos e panfletos informativos.

Quanto ao trabalho com os conteúdos sociais, o Projeto emprega o vídeo e a televisão (Programa Varanda Vídeo) como recursos didáticos em sala de aula, permeando as discussões a partir de eixos temáticos, tais como: gênero, saúde, sexualidade, reforma agrária, etnia, e meio-ambiente.

Como forma de resgatar a subjetividade e sensibilidade e desenvolver a oralidade e a capacidade motora dos alunos-operários, o Projeto desenvolve trabalhos de arte-educação utilizando-se de técnicas e materiais diversos (tintas, giz colorido, mosaicos, mamulengos e o torno para modelagem de argila). Destaca-se ainda o uso de jogos didáticos nas áreas de linguagem e matemática, através do qual os alunos podem apreender conceitos e exercitar procedimentos de forma lúdica. Dentre eles alguns tradicionais e conhecidos pelos

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operários, tais como o dominó, o jogo de damas, o baralho e jogo de palitos. Contamos também com outros materiais didáticos confeccionados pela própria equipe do Projeto (alunos, professores, coordenadores e assessores), através de pesquisas, experimentação e resgate do conhecimento dos alunos.

Ferramentas inovadoras do trabalho

Considerando-se o contexto global da experiência de educação e alfabetização, o PEZP apresenta ferramentas que podem ser consideradas inovadoras na educação de jovens e adultos (EJA).

Entre elas vale destacar: a) a mobilização dos alunos/trabalhadores pelo sindicato da categoria; b) o processo de seleção dos educadores/as e sua formação inicial e continuada; c) os princípios metodológicos, o currículo interdisciplinar e multicultural; d) os processos de avaliação das aprendizagens (dossiês); e) a avaliação do processo (qualitativo e quantitativo); f) as atividades culturais (confraternizações junina e natalina); as atividades extra-classe (palestras, visitas culturais, idas ao teatro, ao cinema e coisas do gênero); e g) mantém os educandos atualizados com informações acerca do mundo do trabalho.

Parcerias

O PEZP goza do reconhecimento das instituições paraibanas que tratam da EJA. Já colaborou em diversas oportunidades com a formação de educadores de EJA da Secretaria Municipal de Educação de João Pessoa. E, mais recentemente se envolveu diretamente com a Secretaria de Educação e Cultura do estado da

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Paraíba, onde colaborou na confecção da Proposta Político- Pedagógica para a Alfabetização Estadual, montou o Programa de Formação de Educadores e coordenadores de EJA do Estado e assumiu diretamente a execução da formação do Brasil Alfabetizado;

além do mais o Projeto foi convidado a se inserir na execução do supletivo presencial. A Coordenadora Pedagógica do PEZP é membro da Comissão Estadual de Alfabetização e Educação de Jovens e Adultos – CEAEJA.

Referências

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