PROCLAMAÇÃO,
HABITANTES DE PERNAMBUCO! Chegando
ánoticia dos Governadores do Reino de Portugal e dos Algarves o horroroso attentado
commettido
nes-ta Capitania nos dias seis , e seguintes de
Março do
presente anno , virão
com
a dor e indignação de que estão penetrados todos os bons Portuguezes , quehum bando
deíaceiozos , e revolucionários
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comprimindo momentaneamente
pela força os sentimentos de honra , e fidelidade , de que ten- des dado tão decisivas provas , apresentarão a
Europa
espanatada o primeiro
exemplo
entre os Portuguezes. de deslealdade, a seu natural e legitimo Soberano»E
não estão ainda saciados de sangue , e de lagrimas es- ses monstros que por espaço de vinte e cinco annos inundarão grande parte da terracom
as mais funestas calamidades > sen*do talvez instrumentos
com
que a Justiça Divina , irritada pe-la immoralidade e irreligião destes últimos
tempos
> quiz cas*tígar a
Europa,
e dar a todo omundo hum
temerosoexem-
plo da severidade
çom
que oBraço Omnipotente
confunde % £aterra os ímpios , que desprezão a sua Santa Lei ?
He
possivel que o conhecimento das desgraças que pro- duzio o furor revolucionário ,em
quanto a Providencia lhenão pôz termo , não fosse bastante para vos arredar
do
horri-vel
abysmo em
que esses inimigos daordem
vos pertendeni^precipitar ?
Podem
acaso esses miseráveis Sectários da mais fatal revo- lução , esses instrumentos vis e abjectos do mais ferozTyran-
no que ella produzio , achar aindaem
qualquer lugar da ter- ra , a que houver chegado a historia deste calamitoso perío-do , pessoas a
quem
illudãocom
frazes especiosas , ecom
prin- cípios de quehuma
triste experiência fez já conhecer a falsi-dade , e as desastrosas e inevitáveis consequências ?
Não
,Pernambucanos
, vossos Irmãos os Portuguezes o não poderão jamais acreditar ; estando pelo contrario intima-mente
persuadidos de que , se a violência , e artificio dehuma
pérfida conjuração chegarão a surprender por
hum
instante a vossa lealdade , vósmesmos
quebrareisbem
depressa os grilhõesque vos
opprimem
, e fareis conhecer aomundo
, que se hou- ve entre vós neste século de corrupção e immoralidade imita**
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dores do infame Traidor Calabar , existem nos descendentes dos Vieiras , dos Vidaes , dos
Camarões
, e dos Henriques Dias osmesmos
sentimentos de fidelidade , eamor
ao seu Sobera-no
, que tanto os [Ilustrarão ,o
de que derãohum
exemplo, que a historiaíem
transmittido a todos os Séculos para immor-tal honra dos
Pernambucanos
, que esses indignos revolucio- nários
períendem
agoramanchar com huma
indelével nódoa.Não
era por certo o captiveiro , de que esses Heróes vos libertarão, mais horrorosodo
que aquelle de que agora estaesameaçados. Se os Hollandezes pela differença- de Religião pu- nhão
em
perigo a pureza , e o exercício da que felizmente professamos \ estes revolucionários procurão destruirem
toda a parte , e derribar pelas bases todas as ideias religiosas , e moraes.E
posto que,ém
quanto lhes convém-, se vos apre- sentem disfarçadoscom
a mascara da hypocrisia , affectando respeitarhuma
religião de quemofão
, e quedesmentem
nas suas proclamações , fazendo a Providencia complice do crime mais atroz que podecommetter hum Povo
, qual he o de fal-tar a fidelidade devida ao seu Soberano ; podeis estar certos
que se chegassem
huma
veza
alcançar os seus fins , rasgariasimmediatamente
o véocom
quecobrem
seus verdadeiros pro- jectos , e experimentaríeis então amesma
intolerância de que falsamente nos accuzão , que osseus Sócios praticarãoem
Fran- ça , e que praticará sempre esta Seita desorganisadoraem
to-da a parte
em
que poder firmar a sua dominação.Considerai que , se os Hollandezes conquistando este Paiz
,
procuravão despojar-vos de vossas riquezas , não são
também
agora outros os fins desses
homens
que vos tyrannizão.Pouco
importa que se gloriem donome
de Brazileiros , ou de Portu- guezes. Desligados pela immoralidade de seus princípios de to-dos os vinculos Divinos , e
humanos
, que sujeitão o
homem
aos deveres de Cidadão , e ás relações de família e de amisa- de , estão devorados de
huma
desmedida ambição de riqueza e poder , estando sempre promptos a sacrificar a estas duas tão insaciáveis ,como
funestas paixões , todas as considerações que aspodem
modificar no coração doshomens
que conhe-cem
, e respeitão a virtude.Que
fé, que honra , que probidade se pode esperar de gente que principia calcando aos pés , e insultando todos es- tes sentimentos ?
Que
segurança pode ter contra a força do poder collocadoem
taesmãos
o Capitalista opulento , cujas«
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riquezas estão desafiando todos os dias a sede ardente de ouro que os
domina
?Infelizmente as fataes Scenás da Revolução Franceza , cu- jos princípios elles proclanião ,
devem
abrir os olhos a toda acasta de Proprietários , e aos
mesmos
Povos , dequem
aquel-les revolucionários se servirão,
como
instrumentos, e que co- nhecerão a sua custa ,mas
já tarde , que a lisonjeira lingua-gem com
que illudirão até as ultimas Classes daNação
, nãoera mais que
hum
veneno subtilmente preparado , que veio a degenerar para todos no mais tyrannico despotismo , e insup- portavel miséria»Se taes
vem
a ser indispensavelmente òs effeitos, que os
princípios revolucionários
modernos devem
produzir , e real-mente
produzirão naEuropa
; que incalculáveis malesnãoamea-
ção o Brazil no seu estado actual?
O
exemplo da Ilha de S.Domingos
he tão horroroso , e está ainda tão recente , que el- le só será bastante para aterrar os Proprietários desteCon-
tinente.
Extirpai pois , Habitantes de
Pernambuco
, extirpaisem demora
o monstro , que quer sepultar- os pacíficos Povoado-res do Brazil nos horrores
, que por mercê da Providencia ape- nas lhes
tem
sido conhecidos pelos annaes da historia : Suffo-eai immediatamente a venenosa serpente , que vos devorará
sem
remédio, se lhe derestempo
para medrar, e crescer: Res- tabeleceipromptamente
aordem
j e as Authoridades legiti-mas
:E
imitando vossos illustres Maiores , voltai á obediên-cia do mais
Amável
Soberano , Verdadeiro Pai de Seus Povos,
por
quem tem
feito os mais heróicos sacrifícios , e porquem
he temido
5 e adorado
em
todas as regiões do seu dilatadoIm-
pério.
Os
Governadores do Reino de Portugal e dos Algarves,
informados deste sacrilego attentado contra a Soberania do nos- so
Augusto
Rei , e Senhor , e da violênciacom
que o chama- doGoverno
Provisóriodetém
a propriedade dos Portuguezes,
que provavelmente pertende roubar , para
com
ella se pôrem
salvo ; e persuadi ndo-se de que
em
similhante Crise todos os Vassallos de SuaMagestade devem
acudirsem demora
a des- truir no berçohuma
rebellião , que se ganhasse forças farianadar
em
sangue este delicioso Paiz :me
ordenarãoem Seu
RealNome
i queem
quanto se não recebem as Ordens doMesmo
Senhor , viessecom
a força domeu Cominando
bio-I
«juear os Portos desta Capitania , cujo bloqueio
, que será au-
xiliado brevemente
com
maior poder , deverá durarem
quan-to
Sua Magestade
nãomandar
o contrario , ouem
quantoos fieis Habitantes desta Capitania não conseguirem sacudir o jugo que os ©pprime , restituindo nella
o
suave , e legitimoGoverno
deSua
Magestade.Os Pernambucanos
leaes receberão da parte dos Navios de Guerra deSua Magestade
, encarregados deste serviço , to-da a ajuda , e favor de que precizarem
, para o útil e glorio- so fim de restituir a paz, e felicidade a esta interessante por- ção dos
Dominios
deSua Magestade
,mesmo
antes que as suasimmediatas Providencias aqui possão chegar»