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Relatórios de Estágio realizado no Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos e no University Hospital of Galway

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(1)

Rui Miguel de Araújo Oliveira

2018-2019

(2)

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos –

Sucursal do Porto

agosto de 2019 a novembro de 2019

Rui Miguel De Araújo Oliveira

Orientador: Dr. Paulo Cruz

Tutor FFUP: Prof. Doutor Paulo Lobão

Novembro de 2019

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

(3)

Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi

utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de

outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias,

pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição

e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências

bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho

consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um

ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, 19 de novembro

de 2019

(4)

Agradecimentos

No final de um curso, tenho mais a agradecer do que palavras numa A4 possam transportar. Não sabendo o que o futuro me reserva, sinto que estes anos foram chave para me tornar no “Rui” que sou hoje. Foram anos repletos de emoções fortes, momentos bons e outros… menos bons; mas sem dúvida, cheios de aventuras que só valem a pena ser contadas por terem sido partilhadas com as pessoas que levo comigo no peito.

Com isto, gostava de deixar os meus sinceros agradecimentos a quem me possibilitou que esta viagem terminasse da forma que tinha de ser:

Em primeiro lugar, agradeço à Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e em si, os seus professores, funcionários, trabalhadores e colaboradores, por me darem os melhores anos da minha vida.

Ao Dr. Paulo Cruz, por me ter permitido ter permitido fazer parte da equipa de trabalho do LMPQF, pelas palavras, apoio e por me ter inspirado a ter um papel ativo na minha profissão. À Drª Rita Pereira, por todo o apoio prestado, simpatia e calma. Obrigado por me mostrar que o papel de um farmacêutico de uma forma exemplar e inspiradora.

À Susana Queiroz e à Susana Barros, por me apoiarem nos meus primeiros passos da farmácia comunitária e por todos os momentos de riso.

À Cármen, por aturar o meu humor, pelas histórias e me ajudar em momentos de embaraços. À Anabela, para além de tudo o que me ensinou sobre o backoffice, por me corrigir sempre com o intuito de eu melhorar e por ser a pessoa que é. Muito obrigado por todos os momentos e por me ter ajudado, mesmo sem saber.

À Dona Rosa, porque não conheci alguém com um coração de ouro tão valioso como o seu. Ao pessoal do Armazém, por trazer uma energia e alegria muito própria ao dia-a-dia da farmácia e por me ajudarem em tudo o que precisei.

À Dr. Helena, por sempre me ter feito sentir em casa durante estes 3 meses.

Ao resto do pessoal do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos Sucursal do Porto, com o qual tive o prazer de me cruzar e que só tenho coisas boas para contar.

Ao Prof. Dr. Paulo Lobão e à Comissão de Estágios, por tornarem esta experiência possível e apoiarem os alunos de uma forma tão pessoal e preocupada.

Aos meus amigos, por me suportarem nos momentos menos bons e me darem tantas alegrias. À minha família e a quem ficou por agradecer, muito obrigado.

E por fim, aos meus pais, irmã e avó,

Dedico este relatório, símbolo de mais uma etapa que passámos juntos. Que este amor

incondicional continue a transbordar e que continuemos a apoiar-nos uns aos outros como mais ninguém sabe. Obrigado, amo-vos.

(5)

INTRODUÇÃO

Na etapa final do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas (MICF), na unidade curricular “Estágio”, concluí o meu último grande desafio no Laboratório Militar Produtos Químicos e Farmacêuticos Sucursal Porto (LMPQFsP).

Três meses em farmácia comunitária permitiram que, aplicando conhecimentos teóricos do MICF e práticos do estágio hospitalar, integrasse a equipa profissional de uma farmácia comunitária e pudesse contactar com utentes, desempenhando o papel dum profissional de saúde.

Um profissional de saúde é cientificamente qualificado para zelar pela saúde dum país tanto diretamente (através do contacto pessoal com os pacientes) como indiretamente através da promoção de bons atos de saúde pública.

No caso do farmacêutico, ele(a) é dotado da competência científica que o permite ser considerado um perito do medicamento, usando desse conhecimento para garantir que os utentes da sua farmácia atinjam o objetivo terapêutico desejado.

Para que isto aconteça, o(a) farmacêutico(a) durante o aconselhamento e dispensação de medicamentos, comunica de forma clara, empática e correta garantindo que os utentes estão a tomar o medicamento indicado, na dose certa, no timing correto e sem qualquer interferência que prejudique a sua condição.

Graças ao seu valor e importância, o farmacêutico é um profissional de saúde em que os

portugueses respeitam e confiam, tendo um impacto na vida dos utentes que atende diariamente. Assim, após 3 meses, divido este relatório em duas partes diferentes que mostram o meu crescimento enquanto futuro farmacêutico:

A primeira, onde descrevo o LMPQFsP, conhecimentos importantes sobre a farmácia comunitária e a minha opinião sobre experiências que tive durante este estagia, e a segunda, onde desenvolvo e relato duas temáticas desenvolvidas por mim durante este período.

(6)

Índice

AGRADECIMENTOS ... I INTRODUÇÃO ... II 1. HISTÓRIA ... 1 1.1.SUCURSAL DO PORTO ... 2 2. CIRCUITO DO MEDICAMENTO ... 4 2.1.MEDICAMENTOS EM STOCK ... 5 2.2.AQUISIÇÃO ... 5 2.3. RECEÇÃO DE ENCOMENDAS ... 6 2.4. ARMAZENAMENTO ... 8

2.5. ARTIGOS COM MAIOR VISIBILIDADE E SATISFAÇÃO DO CLIENTE ... 9

3. DISPENSA DE MEDICAMENTOS E PRODUTOS FARMACÊUTICOS ... 9

3.1.MEDICAMENTOS SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ... 10

3.2.RECEITAS ... 11

3.3. ESTUPEFACIENTES E PSICOTRÓPICOS ... 14

4. COMPARTICIPAÇÕES ... 15

4.1.CONFERÊNCIA DE RECEITUÁRIO ... 16

5. MEDICAMENTOS NÃO SUJEITOS A RECEITA MÉDICA ... 16

6. DISPOSITIVOS MÉDICOS ... 18 7. MEDICAMENTOS MANIPULADOS ... 18 8. CUIDADOS FARMACÊUTICOS ... 19 8.1.PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS ... 19 9. FORMAÇÃO E APRENDIZAGEM ... 20 TEMA 1: GENÉRICOS ... 20 10.1. ENQUADRAMENTO DO TEMA ... 20

10.2. QUALIDADE, SEGURANÇA E EFICÁCIA DE MG ... 22

10.3. VANTAGENS DOS MG ... 22

10.4. PANFLETO INFORMATIVO SOBRE OS GENÉRICOS ... 23

10.5. ESTUDO TOP4 DA FARMÁCIA ... 24

TEMA 2: DOENÇAS CARDIOVASCULARES ... 26

12.1.PREVENÇÃO E ACONSELHAMENTO ... 26

12.2.RASTREIO CARDIOVASCULAR ... 28

12.3.PANFLETO SOBRE ATIVIDADE FÍSICA ... 29

OUTROS PROJETOS ... 30

13.1.BOLETIM FARMACOTERAPÊUTICO ... 30

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Lista de Abreviaturas

ADM – Assistência na Doença aos Militares

ADMG – Assistência na Doença aos Militares da Guarda AIM – Autorização de Introdução no Mercado

CCF – Centro de Conferência de Faturas DCI – Designação Comum Internacional DCV – Doenças Cardiovasculares DFA – Deficiente das Forças Armadas DM – Dispositivos Médicos

DT – Diretora Técnica

HFAR/PP - Hospital das Forças Armadas – Polo do Porto IMC – Índice de Massa Corporal

LMPQF - Laboratório Militar Produtos Químicos e Farmacêuticos Sucursal do Porto LMPQFsP - Laboratório Militar Produtos Químicos e Farmacêuticos Sucursal do Porto MICF – Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MSRM – Medicamentos Sujeitos a Receita Médica P.V.F. – Preço De Venda à Farmácia

PRM – Problemas Relacionados com a Medicação RCM – Resumo das Características do Medicamento SAD/PSP – Polícia de Segurança Pública

SNS – Sistema Nacional de Saúde

SPMS - Serviços Partilhados do Ministério da Saúde

Lista de Tabelas

Tabela 1: Cronograma das atividades realizadas entre agosto e novembro 2019 no LMPQFsP Tabela 2: Escalões de Comparticipação

Tabela 3: Resultados do estudo TOP4

Tabela 4: Tabela de SCORE para populações de baixo risco

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Tabela 6: Tabela SCORE adaptada aos jovens

Lista de Anexos:

Anexo 1: Equipa de Trabalho Do LMPQFsP

Anexo 2: Modo de preparação do manipulado fabricado durante o Estágio Anexo 3: Panfleto Informativo Sobre os Medicamentos Genéricos

Anexo 4: Disposição Dos Panfletos Informativos na Farmácia Anexo 5: Póster Publicitário do Rastreio Cardiovascular

Anexo 6: Folha entregue aos participantes no rastreio cardiovascular Anexo 7: Dados Obtidos no Rastreio Cardiovascular

Anexo 8: Panfleto Informativo sobre a Prática de Exercício Físico Anexo 9: Cartaz de Promoção do Boletim Farmacoterapêutico Anexo 10: Boletim Farmacoterapêutico

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Parte I

1. História

Com sede em Lisboa e fundado em 1918, o Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (LMPQF) é um estabelecimento fabril do exército previamente designado por Farmácia Central do Exército [1].

De acordo com o decreto nº3864, de 16 de fevereiro de 1918, onde se encontram também as origens das sucursais de Porto e Coimbra, a criação do LMPQF visava suprimir necessidades dos serviços de saúde do Exército de forma a que estes fossem mais rápidos e mais económicos. Curiosamente, esta ação foi despoletada pós 1ª Guerra Mundial onde, em Flandres, devido à falta de apoio farmacêutico organizado e centralizado, as ações sanitárias na frente de combate se viram escassas.

Aquando a sua génese, este organismo enquadrou-se como parte dos Estabelecimentos Produtores do Ministério da Guerra e a sua missão consistia na manipulação e fabrico de medicamentos e outros produtos químicos necessários ou requeridos pelos serviços de saúde militar bem como o estudo de produtos referentes à guerra química e bacteriológica ou resposta a esses meios químicos. Durante este tempo, toda a sua gestão científica, técnica, económica e financeira foram delegadas, na totalidade, aos Oficiais Farmacêuticos do Exército.

O País passou a dispor desde então, de uma estrutura logístico-farmacêutica autónoma que, adaptando-se à evolução do Exército e das ciências e técnicas farmacêuticas, perdura até hoje, desempenhando a sua missão agora com a designação de Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos.

De salientar é também a sua capacidade técnico-científica dos seus laboratórios de análise que serviram como base à IV Farmacopeia Portuguesa (1ª ed. 1936 e 2ª ed. 1946) e a atuação como catalisador da indústria farmacêutica em Portugal sendo atualmente um centro de atividade farmacêutica apto para resposta em situações de crise ou de emergência nacional como foi o caso da preparação Oseltamivir durante a crise da Gripe A ou na produção de medicamentos em situações de suspensão/ausência no mercado nacional.

Atualmente, os Serviços Industriais do LMPQF são ainda responsáveis pelo fabrico de medicamentos de interesse para as Forças Armadas e outros com interesse a nível nacional, como a metadona, pasta de cocaína, vaselina esterilizada, solução de clorohexidina, pó e pomada antimicóticos, tendo a Lei n.º 33/2018, de 18 de julho, estabelecido mais recentemente que o LMPQF pode contribuir para a produção de medicamentos, preparações e substâncias à base da planta da canábis.[2]

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Atualmente, é liderado pela Diretora Coronel Sá [1] e conta com sete sucursais: a sucursal do Lumiar, Oeiras e da Sede (em Lisboa), sucursal de Santa Margarida, Sucursal de Évora, sucursal de Coimbra e sucursal do Porto [3]. Estas estruturas são responsáveis pela prestação de serviços de saúde e cuidados farmacêuticos aos militares e seus familiares, encontrando-se sob a tutela do Ministério da Defesa. A missão desta estrutura militar consiste em garantir apoio logístico à aquisição, produção e distribuição de medicamentos e outro material de consumo sanitário; constituição de reservas estratégicas para situações de

emergência, prestação de serviços analíticos de cariz sanitário; formação de quadros militares no ramo farmacêutico; apoio farmacêutico aos militares e seus familiares em medicamentos e análises clínicas.

Apesar da farmácia militar estar sujeita a regras e regulamentos internos às Forças Armadas, o ato de dispensa farmacêutica está sujeito às mesmas normas e orientações característicos da profissão farmacêutica.

1.1. Sucursal do Porto

A sucursal do Porto do LMPQF encontra-se na Avenida da Boavista (coordenadas GPS: 41.157689, -8.625897), dentro do perímetro militar do Hospital das Forças Armadas – Polo do Porto (HFAR/PP), perto da entrada principal (com condições que permitam o acesso de cidadãos portadores de deficiência como dita o Decreto-lei nº 307/2007, de 31 de agosto), e aberta de segunda a sexta (exceto feriados) das 8:30 às 16h30 com pausa para almoço entre as 13h00 e as 14h00.

A sucursal é chefiada pelo Dr. Paulo Cruz, Major Farmacêutico que lidera a equipa do Porto com o apoio direto de duas farmacêuticas, a Dra. Rita China Pereira, diretora técnica (DT), e a Dra. Isabel Moreira, e sendo constituída também por duas ajudantes técnicas de farmácia, duas assistentes técnicas e uma assistente operacional (Anexo 1).

O armazém do LMPQF, também sobre a chefia do Dr. Paulo Cruz, conta com uma equipa constituída por um assistente técnico, um encarregado operacional e um assistente operacional. Para além do staff supramencionado, o LMPQFsP serve de casa a um número variável de estagiários nacionais e estrangeiros que diversifica a equipa que trabalha diariamente nesta sucursal.

No que toca ao espaço físico, o LMPQFsP distribui-se essencialmente por dois pisos. 1. O piso superior é constituído por gabinetes destinados a trabalhos administrativos,

lavabos e sala de convívio.

2. O piso inferior é onde se encontra a farmácia de venda ao público e também onde se encontra o armazém da farmácia.

(11)

A farmácia pode ser dividida em diferentes sectores:

• Uma sala de espera ampla com cadeiras e sistema de senhas de papel onde também se encontra uma balança para medição da massa corporal. Nesta zona está também situado um frigorífico que alberga os artigos que necessitam de conservação a temperatura inferior à temperatura ambiente.

• Gabinete de Aconselhamento Farmacêutico que consiste em uma sala privada onde se processam as medições dos parâmetros bioquímicos como tensão arterial, colesterol, glicemia, triglicerídeos e dá-se aconselhamento farmacêutico. Esporadicamente, serve também como sala de trabalhos e reuniões. • A zona de atendimento. Composta por um balcão em L com três postos de

atendimentos (sendo um deles prioritário) e que separa a zona de espera dos expositores e backoffice da farmácia. Nestes balcões encontram-se também folhetos informativos ou expositores sazonais.

• Os expositores que contém medicamentos sazonais (e.g. protetores solares durante a época balnear) e que são Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

(MNSRM), produtos de cosmética e suplementos alimentares.

• A zona de armazenamento de medicamentos que funciona também como zona de receção de encomendas e área administrativa.

• Área de preparação de manipulados

Graças à sua localização, funciona como local de passagem para utentes dos serviços hospitalares, funcionários do hospital, funcionários de transportadoras e outros, significando que a farmácia se encontra num sítio estratégico para responder às necessidades das pessoas que passam pelo LMPQFsP.

Em baixo, encontra-se o cronograma das atividades que realizei durante o meu tempo no LMPQFsP.

Tabela 1: Cronograma das atividades realizadas entre agosto e novembro 2019 no LMPQFsP

Atividades

AGOSTO

SETEMBRO

OUTUBRO

NOVEMBRO

Apresentação das

instalações e equipa

Verificação de

Validades

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2. Circuito do medicamento

Até o medicamento ser entregue ao utente, há um conjunto de etapas (do ponto de vista da gestão da farmácia) pelas quais terá de passar. Desde a sua seleção, à compra, armazenamento e dispensa do medicamento, um conjunto de variáveis como “stock”, “preço”, “espaço” e

“frequência de saída” deverão ser consideradas de forma a haver uma sustentabilidade

económica e uma diminuição no desperdício (por danos ou validade expirada) resultando assim num serviço que preza pelo bem-estar e segurança dos utentes ao dispensar medicamentos inalterados, que atuem segundo o seu propósito e diminuindo os custos para a farmácia.

De modo a tornar este processo mais fluído, o LMPQFsP (à semelhança de todas as outras sucursais do LMPQF) utiliza um programa informático e intuitivo, que facilita todo o circuito do medicamento na farmácia comunitária e que é permitido pela legislação em atual [4].

Armazenamento e

Receção de

Encomendas

Acompanhamento e

Apoio do Atendimento

ao Público

Determinação de

Parâmetros

Bioquímicos

Formação Pharmacy

Academy

Atendimento Ao

Público

Realização de

Encomendas

Participação no “Fecho

do mês”

Desenvolvimento do

Tema 1

Desenvolvimento do

Tema 2

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2.1. Medicamentos em Stock

Como seria de esperar, na farmácia encontram-se diversas famílias de medicamentos e produtos farmacêuticos para ser possível atender às várias necessidades dos doentes.

Os artigos mais dispensados são os de uso humano, sujeitos a receita médica ou não, suplementos alimentares, dispositivos médicos e produtos de dermocosmética e higiene pessoal bem como alguns produtos de puericultura.

Noutra instância, produtos de uso exclusivo veterinário, apesar de não fazerem parte do

stock, podem ser adquiridos mediante encomenda ao fornecedor e consistem, maioritariamente,

em produtos antiparasitários.

Os medicamentos com mais unidades em stock são os de toma continuada e crónica e que são utilizados para tratamento das doenças mais comuns no perfil de utentes da sucursal do Porto.

A grande fatia dos utentes é composta por idosos (maioritariamente do sexo masculino) com patologias como a hipertensão arterial, diabetes, doenças coronárias, dislipidemias, doenças do foro mental, reumatismais e urológicas. Medicamentos antihipertensores, antidiabéticos, medicamentos com ação no aparelho cardiovascular, antidislipidémicos, medicamentos com ação no sistema nervoso central, medicamentos com efeito no aparelho locomotor, tiroide e medicamentos com ação no aparelho urinário são os mais dispensados. A nível de dispositivos médicos: fraldas, cuecas e produtos com utilização oftálmica são os mais vendidos.

Apesar de as marcas usadas e a quantidade em stock se manterem consistentes, poderia haver alturas em que as marcas variavam ou havia uma maior aquisição de um produto

(aumentando o seu stock). Isto poder-se-ia dever a:

• Medicamentos rateados que precisavam de alternativas • Promoções do fornecedor em aquisições de grande volume • MNSRM ou Dispositivos Médicos (DM) sazonais

• Médicos prescreverem um novo tipo de tratamento

2.2. Aquisição

A gestão eficiente de todos os produtos vendidos na farmácia está a responsabilidade do farmacêutico (neste caso, da diretora técnica) que fazia as encomendas de maior volume

consoante o que se vendeu e o número ideal máximo e mínimo de unidades stockáveis de cada artigo. Estas encomendas são feitas, a partir dum computador, antes da hora do almoço e antes

(14)

do fecho da farmácia, a um distribuidor grossista que faz duas entregas diárias (uma de manhã e outra ao fim do dia).

No entanto, caso um utente precisasse de um produto mais específico que não houvesse na farmácia, uma grande quantidade de um artigo ou outra razão satisfatória, poder-se-ia proceder à encomenda por via telefónica ou através dum programa de computador denominado de

gadget.

A sucursal do Porto, tem também um sistema de organização no backoffice talhado para estas encomendas esporádicas que permitem a quem trabalha ao balcão ter um acesso mais rápido aos artigos aquando o levantamento pelo utente, permitindo assim uma melhor gestão de tempo e espaço.

Graças à existência de uma rede de sucursais do LMPQF e de um Armazém logístico central, era possível em ruturas de stock ou situações em que se considerasse necessário, realizar-se uma encomenda ao Armazém Logístico Central do LMPQF ou as outras sucursais.

O gadget surge como uma ferramenta rápida e fácil que nos permite pesquisar o artigo por Código Nacional de Produto, Designação Comum Internacional (DCI) ou designação do produto e nos divide a disponibilidade em 3 níveis: vermelho, amarelo e verde.

Verde significa imediatamente disponível e chegará à farmácia na próxima entrega de

medicamentos, amarelo e vermelho são tratados como indisponíveis, sendo que o sinal amarelo indicava que há possibilidade de haver algum stock disponível.

Caso isto aconteça, apesar de ser um processo mais moroso, a via telefónica permite-nos saber se é possível encomendar artigos com sinal amarelo, e até vermelho, na próxima

encomenda permitindo assim satisfazer as necessidades do utente durante o atendimento.

No meu estágio, tive a oportunidade de fazer várias encomendas tanto por via telefónica como por via gadget o que me permitiu assim ajudar os utentes com medicação que precisavam.

2.3. Receção de Encomendas

Tendo as encomendas chegado à farmácia, é necessário rececionar, verificar e arrumar nos locais corretos.

O representante da empresa de distribuição entrega os medicamentos devidamente

acondicionados em recipientes de plástico que protegem os medicamentos de agressões externas desde o armazém até à farmácia.

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No caso de medicamentos que necessitam de ser mantidos a temperaturas inferiores à ambiente, vêm alocados numa caixa térmica dentro dos recipientes de plástico, para garantir que mantém as propriedades farmacológicas. Neste caso e no de medicamentos psicotrópicos e estupefacientes (e.g. Palexia©), na parte exterior da caixa, vem anexado uma folha com a indicação de que aquela caixa contém medicamentos que necessitam dum cuidado especial.

Com os medicamentos, vêm também as faturas da encomenda respetiva, com a informação do número da encomenda, data, o fornecedor, a identificação dos produtos e quantidades pedidas e enviadas, o valor unitário de cada produto, o IVA e o preço de venda à farmácia (P.V.F.).

Faz-se o cruzamento entre os conteúdos das caixas e os que constam como enviados na fatura, anota-se a menor data de validade para cada grupo do mesmo produto e regista-se na cópia da fatura original. Esta informação vai servir para informaticamente atualizar a informação do stock e tornando possível monitorizar as datas de validade de cada artigo. Durante este processo, dá-se prioridade às caixas que contêm medicamentos de conservação a frio para poderem ser prontamente armazenados no frigorífico. Os estupefacientes e

psicotrópicos vêm acompanhados de documentação legal e são guardados num cofre com código e chave.

Devido à organização do LMPQF, toda a faturação de encomendas é arquivada para posteriormente ser enviada para a Sede.

Se os produtos se encontrarem com sinais de que a sua qualidade pode ter sido afetada ou tenha havido um engano, estes são devolvidos ao fornecedor.

Apesar de poder parecer trivial, tanto todos os registos feitos durante a receção da encomenda como o tratamento informático dessa informação são cruciais para o bom

funcionamento da farmácia e a correta e ética dispensação de medicamentos, não dispensando artigos de preço desajustado, fora de validade ou passiveis de se encontrarem adulterados.

Enquanto executava esta tarefa, tive a possibilidade de me passarem pelas mãos todo o tipo de artigos vendidos na farmácia, permitindo que eu pudesse aprender sobre nomes comerciais, medicamentos com mais saída e os locais onde eles eram guardados (o que me permitiu ser mais célere durante o atendimento).

Pelas mais diversas razões, o utente poderia não saber qual a sua medicação ou o laboratório que a fabrica e, sabendo o design, cor ou tamanho da caixa era-me mais fácil descobrir qual o laboratório ou a medicação usada pelo doente. O manuseamento das embalagens e a fotografia mental que criei delas, durante a receção das encomendas, permitiram-me associar as

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substâncias ativas à forma em como são comercializadas, permitindo-me ser a ponte entre o medicamento e o utente, nestes casos de dúvida.

2.4. Armazenamento

Devido à sensibilidade dos seus constituintes, os medicamentos podem ser afetados (e, consequentemente, a sua atividade farmacológica) se as corretas condições de temperatura, luz, humidade, higiene, ventilação e acomodação forem comprometidas.

Segundo as boas práticas de farmácia “As condições de iluminação, temperatura e humidade devem respeitar as exigências específicas dos medicamentos, de outros produtos farmacêuticos, químicos, matérias-primas e materiais de embalagem.” e “Estas condições devem ser

verificadas periodicamente.” [5]

No LMPQFsP, os medicamentos dispensados são os da data de validade mais próxima de forma a que se siga o sistema de rotação de stock FEFO (First expired, First out). Caso não se vendam até 2 meses antes do prazo de validade, são realocados noutra estante para serem mais facilmente devolvidos ao fornecedor, se expirarem.

As condições de temperatura (<25ºC) e humidade (<60%) são medidas e registadas diariamente e controladas, garantindo que as condições ideais de conservação dos medicamentos são as adequadas.[6]

Os medicamentos que não precisam de condições especiais de armazenamento são guardados de acordo com os grupos farmacoterapêuticos do Prontuário Terapêutico, por ordem alfabética, da menor para a maior quantidade de unidades contidas na caixa e por ordem crescente de dosagem. Esta organização permite, durante um atendimento, acesso rápido à embalagem pretendida.

Injetáveis encontram-se separados, por ordem alfabética de nome comercial, bem como os suplementos alimentares. Os MNSRM encontram-se noutra estante, separados dos

Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM).

Os medicamentos de frio (como referidos anteriormente) são guardados num frigorífico sendo maioritariamente, insulinas e vacinas.

Os produtos com maior visibilidade ao público, encontram-se nas estantes visíveis por detrás do balcão de atendimento e são ocupadas pelos produtos de higiene corporal, dispositivos médicos, cosméticos, estando agrupados por marca, sazonalidade, frequência de venda e

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2.5. Artigos com maior visibilidade e satisfação do cliente

Do que pude experienciar, estes produtos são tanto adquiridos de forma premeditada, como numa compra secundária inesperada, onde se pode aplicar cross-selling e up-selling pois são produtos que se apresentam em diversas gamas e com diferentes particularidades, podendo beneficiar o utente de uma forma personalizada e trazendo uma margem líquida maior para a farmácia.

No entanto, este tipo de venda personalizada exige um conhecimento extensivo e constante atualização, sobre os produtos expostos visto que são produtos com muitas alternativas com variações por vezes muito subtis, entre elas.

Para além disso, é necessário uma sensibilidade e visão para poder avaliar o cliente e oferecer um produto que se adeque às suas necessidades.

Durante o meu tempo de estágio, consegui observar a venda destes produtos que deixaram clientes satisfeitos e trouxeram lucro para a farmácia sendo uma forma de proporcionar um bom atendimento e um serviço de qualidade como se é esperado das farmácias portuguesas.

3. Dispensa de medicamentos e produtos farmacêuticos

Apesar de todas as outras funções, o farmacêutico é vulgarmente conhecido pela população por ser o profissional encarregue da dispensa de medicamentos.

Essa dispensa de medicamentos é definida pelas Boas Práticas Farmacêuticas como: “O ato profissional em que o farmacêutico, após avaliação da medicação, cede medicamentos ou substâncias medicamentosas aos doentes mediante prescrição médica ou em regime de automedicação ou indicação farmacêutica, acompanhada de toda a informação indispensável para o correto uso dos medicamentos. Na cedência de medicamentos o farmacêutico avalia a medicação dispensada, com o objetivo de identificar e resolver problemas relacionados com os medicamentos (PRM), protegendo o doente de possíveis resultados negativos associados à medicação.”[5].

É aqui que um farmacêutico comunitário tem oportunidade para ter um impacto na saúde do utente (e pública) acrescentando valor. Assim, o farmacêutico pode muitas vezes ser o

profissional que evita deslocações desnecessárias e gastos maiores perante transtornos de saúde menores. É também função do farmacêutico, promover a educação da população devendo usar o contacto direto com os utentes para o fazer.[6]

(18)

Foi no LMPQFsP que me apercebi da importância que quem está atrás do balcão tem aos olhos do doente e que um atendimento vai muito mais para além do aviamento de uma prescrição médica.

É certo que não é possível impactar a vida de toda a gente, mas esta foi sem dúvida, a parte mais desafiante e interessante do meu estágio.

Aprender a lidar com pessoas com diferentes personalidades e reações, perceber a importância da minha profissão enquanto discutia sobre os medicamentos (seja a indicação deles ou o preço!), a vontade de aprender mais para poder dar um melhor atendimento ao cliente a seguir… Tudo isto acontece de um lado para o outro do balcão e foi o atendimento que me motivou, como futuro farmacêutico, a querer ser melhor na minha profissão, para poder impactar da melhor forma a vida de quem interagia comigo diariamente.

Toma de Medicamentos

É logico pensarmos que mais do que qualquer outra pessoa, somos nós quem se

preocupa mais com a nossa saúde visto que quando há um desequilíbrio, é a nossa qualidade de vida que é diretamente afetada.

Um estado debilitado é algo que queremos que cesse o mais rapidamente possível para que possamos voltar a nos sentirmos bem; é algo inerente ao ser humano que desde “chá” e “mézinhas” procurava soluções para os seus problemas.

Com o avanço da ciência e o aparecimento de medicamentos com diferentes objetivos terapêuticos e dosagens, houve a necessidade de regulamentar a sua toma consoante os problemas que podem advir da sua toma não supervisionada.

Assim sendo, divide-se os medicamentos dispensados na farmácia em dois grandes grupos: Os MSRM e MNSRM.

3.1. Medicamentos Sujeitos a receita médica

Este grupo engloba a maior parte dos medicamentos e para a sua dispensa é necessário a apresentação duma receita médica, devidamente preenchida, validada e válida.

Segundo o artigo 114º do Decreto-Lei n.º 176/2006, são MSRM os medicamentos que:

“a) Possam constituir um risco para a saúde do doente, direta ou indiretamente, mesmo quando usados para o fim a que se destinam, caso sejam utilizados sem vigilância médica;

b) Possam constituir um risco, direto ou indireto, para a saúde, quando sejam utilizados com frequência em quantidades consideráveis para fins diferentes daquele a que se destinam;

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c) Contenham substâncias, ou preparações à base dessas substâncias, cuja, atividade ou reações adversas seja, indispensável aprofundar;

d) Destinem-se a ser administrados por via parentérica.”

Os medicamentos sujeitos a receita médica podem ainda ser classificados como: Medicamentos de receita médica renovável, Medicamentos de receita médica especial e Medicamentos de receita médica restrita, de utilização reservada a certos meios especializados e têm as suas definições previstas nos artigos 115º, 116º e 117º do mesmo Decreto-Lei.

3.2. Receitas

Desde o dia 1 de junho de 2012 foi instituída a prescrição e dispensa de medicamentos por Denominação Comum Internacional (DCI)[8].

Isto permite ao utente optar pelo medicamento (com a mesma substância ativa, dosagem e forma farmacêutica) sendo a farmácia obrigado a ter pelo menos três medicamentos que correspondam aos cincos preços mais baixos de cada grupo homogéneo. [8]

A prescrição de medicamentos pode ainda incluir uma denominação comercial, por marca ou indicação do nome do titular da autorização de introdução no mercado. Para tal, o médico prescritor deverá indicar, na receita, de forma expressa, clara e suficiente, as justificações técnicas que impedem a substituição do medicamento prescrito com denominação comercial, aplicando-se as exceções previstas na lei [8]:

“a) Prescrição de medicamento com margem ou índice terapêutico estreito, de acordo com informação prestada pelo INFARMED

b) Fundada suspeita, previamente reportada ao INFARMED, de intolerância ou reação adversa a um medicamento com a mesma substância ativa, mas identificado por outra denominação comercial;

c) Prescrição de medicamento destinado a assegurar a continuidade de um tratamento com duração estimada superior a 28 dias.” (Para esta exceção, é possível o exercício de direito de opção do utente, caso exista algum similar ao prescrito que tenha um preço mais baixo.)

Graças a esta mudança, a prescrição médica centra-se agora na atividade farmacológica do medicamento contribuindo assim para que a escolha do mesmo se foque no impacto que a substância ativa tem na resolução do problema diagnosticado no doente.

Numa farmácia comunitária, tornou-se então possível dispensar medicamentos através de prescrição eletrónica desmaterializada, prescrição eletrónica materializada e prescrição manual.

(20)

No entanto, salvo exceções, as prescrições devem ser todas feitas pela via eletrónica desmaterializada [9] sendo estas as que perfazem a grossa parte do receituário das farmácias.

3.2.1. Prescrição manual

A prescrição manual tem se tornado obsoleta sendo só permitida segundo a legislação, em situações excecionais, quando se verificam situações de falência do sistema informático, inadaptação comprovada do prescritor, prescrição ao domicílio (excluindo prescrições efetuadas em lares de idosos) ou outra qualquer situação, desde que com um limite máximo de 40 receitas por mês e têm a validade de 30 dias[8].

O farmacêutico quando deparado com este modelo de prescrição deverá estar atento a vários pontos de forma a considerar a receita válida para dispensa.

A receita deverá especificar o utente a quem se destina (nome e número de

beneficiário), a entidade responsável pela comparticipação (caso se aplique), a identificação do médico prescritor através da sua vinheta e da vinheta do local de prescrição (caso possível), a assinatura do médico prescritor, a data do preenchimento e assinalada a razão de emissão da prescrição no canto superior direito.

Não poderá ter rasuras, tintas de caneta ou caligrafias diferentes e nas linhas de prescrição deverá estar indicada a DCI da substância ativa, a dosagem, a posologia prescrita, a apresentação e o número de unidades do medicamento sendo apenas possível prescrever 2 unidades da mesma linha de prescrição, até um máximo de 4 unidades de medicamentos (exceto nos casos de medicamentos de embalagem unitária onde é possível a prescrição até 4 unidades). Caso todos estes parâmetros estejam validos pelo farmacêutico e a receita não tenha expirado deverá dispensar-se os medicamentos ao utente, de acordo com as condições supracitadas. No fim do atendimento, é impressa (no verso) toda a informação codificada que identifica a receita, juntamente com uma declaração que confirma a dispensa dos medicamentos ao utente, assinada pelo mesmo. Deve ainda constar uma assinatura do farmacêutico responsável pela dispensa, juntamente com o carimbo da farmácia.

Foram várias as receitas que me passaram pelas mãos durante o meu estágio e foi, sem dúvida alguma, o modelo de receita mais sujeito a erros, tanto do ponto de vista do prescritor como do farmacêutico.

A fraca legibilidade de algumas caligrafias e a falta de elementos validadores das receitas manuais (assinaturas, data da prescrição, etc…) foram entraves à fluidez de vários atendimentos que poderiam ter corrido de forma bem mais célere.

(21)

É também de referir o número baixo de medicamentos possíveis de prescrever numa receita manual e que pode causar transtornos a quem não tem possibilidades de se deslocar regularmente a um médico.

3.2.2. Receita Eletrónica Materializada

O ato de dispensa das receitas eletrónicas materializadas tem umas nuances diferentes das receitas manuais que tornam o processo mais rápido e com menos probabilidade de erros. Um código de barras, presente no topo da receita, permite através da sua leitura, o acesso à receita com todos os produtos descritos na quantidade prescrita.

Estas são receitas renováveis e com uma validade até 6 meses e a emissão de 3 vias, desde que a prescrição tenha incluído medicamentos de longa duração [10].

Podem ser prescritas até 12 unidades de medicamentos de embalagem unitária de longa duração [11]. O utente poderá conservar uma Guia de Tratamento que acompanha a prescrição e deverá ser destacada pelo farmacêutico.

Durante o meu estágio, este foi o tipo de prescrição com que menos lidei em relação a medicamentos, tendo sido mais presente no caso dos artigos de estomatologia – algo típico do LMPQF e não existente em outras farmácias comunitárias.

3.2.3. Receita eletrónica desmaterializada

A receita eletrónica desmaterializada é uma (r)evolução no circuito do medicamento e um exemplo de como a tecnologia pode ser aplicada na saúde para melhorar (e muito) a vida de quem trabalha no setor e de quem usufrui dele.

Permite uma diminuição de custos na prescrição, uma monitorização do sistema de prescrição e dispensa e uma maior racionalização do medicamento o que levou a tornar obrigatória esta via no seio do Sistema Nacional de Saúde (SNS), pelo Despacho N.º 2935-B/2016.

Para ter acesso à prescrição, o farmacêutico precisa de um Código de Acesso, o Código de Dispensa e o Código de Direito de Opção visto que todas as prescrições se encontram integradas nos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS).

As linhas de prescrição são independentes permitindo que se receite diferentes medicamentos na mesma prescrição desde que não ultrapasse as 6 unidades (com validade de 6 meses) para medicamentos de longa duração e as 2 unidades para medicamentos de curta duração (com validade de 60 dias).

Para o utente, uma das maiores vantagens, é a possibilidade de aviar só uma parte da medicação desde que seja dentro do prazo de validade de cada linha.

(22)

Felizmente, durante o meu tempo de estágio, lidei maioritariamente com este formato e, comparando com as receitas manuais que ocasionalmente me chegavam, pude confirmar as vantagens que trazem, tanto para o farmacêutico como para o utente.

A eliminação do erro humano permite que a duração do atendimento seja encurtada, mas nunca na qualidade. Muito pelo contrário, o rácio entre tempo útil e tempo de atendimento é nitidamente maior, permitindo ao farmacêutico focar-se no atendimento, aconselhando e respondendo às dúvidas dos utentes com a sua máxima e devida atenção.

3.3. Estupefacientes e Psicotrópicos

“Uma substância psicotrópica é qualquer substância medicamentosa que atua sobre o psiquismo, sem distinção entre os seus efeitos estimulantes e depressivos. Por outro lado, um estupefaciente pode ser classificado como uma substância que, geralmente, provoca habituação e cujos efeitos são a supressão da dor e alterações do sistema nervoso, tendo consequências nocivas para a saúde tanto a nível físico como mental.” [12]

Os estupefacientes, muitas vezes vistos com maus olhos, são substâncias que podem trazer efeitos terapêuticos benéficos em diversos utentes, se forem utilizados corretamente e com o controlo e acompanhamento necessário.

A sua regularização encontra-se descrita no Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, visando impedir o abuso e comercialização ilícita dos mesmos, levando a que a sua dispensa seja exclusiva do farmacêutico e tenha de passar por diversos checkpoints e registo de informação prévios à sua dispensa.

Para a dispensa destes medicamentos, o farmacêutico regista a identidade de quem adquire (nome, data de nascimento, número e data do bilhete de identidade ou da carta de condução, ou o nome e número do cartão de cidadão, ou, no caso de estrangeiros, do passaporte),

identificação da prescrição através do número de prescrição, identificação da farmácia e identificação medicamento ( número de registo, data da dispensa e quantidade)[9] sendo posteriormente emitido um “Documento do Psicotrópico” que deverá ser arquivado e mantido durante 3 anos.

3.3.1. Prescrição de Estupefacientes ou Psicotrópicos

Os medicamentos que contêm substâncias ativas classificadas como estupefacientes ou psicotrópicos (contidas nas tabelas I e II do Decreto-Lei n.º 15/93, de 22 de janeiro, e n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-Regulamentar n.º 24 61/94, de 12 de outubro) seguem as mesmas regras

(23)

dos restantes medicamentos não podendo constar em receita materializada ou por via manual, onde sejam prescritos outros medicamentos ou produtos de saúde. [9]

Tive a oportunidade de realizar esta tarefa (com supervisão) e é certo que há um cuidado especial durante este ato, devido à burocracia e responsabilidade associada a estes

medicamentos. Julgo ser importante para um farmacêutico em formação, lidar com este género de casos, respeitando sempre o ato da dispensa e as consequências da entrega destes

medicamentos para estar consciente do seu papel como farmacêutico.

4. Comparticipações

No ano transato, o estado investiu mais de 18.345,1 milhões de euros [13] na Saúde (o equivalente a 9,1% do PIB) sendo que desse valor, 1.255 milhões foram gastos em comparticipações de medicamentos [14].

A saúde é um direito estando o Estado incumbido constitucionalmente de “Garantir o acesso de todos os cidadãos, independentemente da sua condição económica, aos cuidados da medicina preventiva, curativa e de reabilitação”.[15]

Para isto, o Sistema Nacional de Saúde criou regimes de comparticipação de forma a facilitar o acesso da população à medicação, fazendo com que esta fique um preço mais reduzido

culminando numa maior adesão à terapêutica.

O Decreto-Lei n. º48-A/2010, de 13 de maio prevê a comparticipação de medicamentos através de um regime geral e um regime especial que se aplica a situações específicas e abrangendo certas patologias ou grupos de doente [16].

A comparticipação do Estado sobre o preço dos medicamentos de venda ao público encontra-se dividida em quatro escalões:

Tabela 2: Escalões de Comparticipação

A

B

C

D

90%

69%

37

15

Estes escalões variam consoante a indicação terapêutica do medicamento prescrito, das entidades que o prescrevem e ainda com o consumo acrescido para doentes com determinadas patologias [16] (como é o caso da Esclerose Múltipla [17]

Os grupos e subgrupos farmacoterapêuticos comparticipáveis estão presentes na Portaria n.º 195-D/2015 de 30 de junho.

São vários os subsistemas de saúde e, de entre eles, apenas os beneficiários de Assistência na Doença aos Militares (ADM), Assistência na Doença aos Militares da Guarda (ADMG), Polícia de Segurança Pública (SAD/PSP), ADSE (se funcionários das Forças

(24)

Armadas ou familiares de titulares dos subsistemas já mencionados) e funcionários do LMPQF podem usufruir dos serviços de farmácia comunitária do LMPQF.

No LMPQF, os Deficientes das Forças Armadas (DFA) que se encontram ao abrigo da Portaria n.º 1034/2009 de 11 de setembro são o regime especial mais comum.

Os DFA [18] são militares ou ex-militares que devido à prestação de serviços militares obtiveram um grau de incapacidade que lhes garante que as suas despesas em cuidados de saúde sejam suportadas pela ADM.

No entanto, apesar de puderem usufruir desta condição para a obtenção de medicamentos em qualquer outra farmácia, só no LMPQF conseguem obter também outros produtos não qualificáveis como medicamentos a custo zero (dispositivos médicos, produtos de higiene, etc…), mediante apresentação de receita médica.

4.1. Conferência de Receituário

Esta tarefa surge como resposta aos erros humanos que possam acontecer durante a dispensa de medicamentos.

No LMPQFsP este procedimento acontece durante o atendimento e através do software

SPharm, onde os medicamentos a ser dispensados têm de possuir o código idêntico ao presente

no programa ou o farmacêutico é impedido de aviar o medicamento não correspondente ao presente no programa.

No final do mês é emitido um verbete de identificação de lote e emite-se as faturas às entidades, sendo posteriormente enviadas para a sede do LMPQF, em Lisboa, seguindo depois para o

CCF. No caso das receitas desmaterializadas, o SPharm comunica diretamente os dados ao

SPMS.

Isto é necessário porque, nos medicamentos comparticipados, é unicamente cobrado ao utente o valor não comparticipado do medicamento. Ou seja, as entidades de comparticipação pagam uma percentagem do medicamento sendo o resto do valor satisfeito pelo utente. O “fecho do mês” permite que, seguindo os procedimentos legais, a farmácia receba o valor das

comparticipações após as receitas dispensadas sejam conferidas e validadas.

5. Medicamentos não sujeitos a receita médica

MNSRM (vulgarmente chamados de “medicamentos de venda livre”) são medicamentos que não preenchem as condições acerca dos MSRM.

Estes medicamentos não são comparticipáveis, salvo casos excecionais em que os MNSRM ficam sujeitos ao regime dos preços estabelecidos para os MSRM [20].

(25)

A partir de 2005, foi autorizada a sua comercialização fora das farmácias, em locais autorizados pelo INFARMED tendo sido estabelecido um regime de preços livre [20].

Contudo, MNSRM de dispensa exclusiva em farmácia, abrangidos pela Deliberação nº

24/CD/2014, 26 de fevereiro, embora possam ser comercializados sem receita médica, têm a sua venda sujeita à intervenção farmacêutica e a protocolos de dispensa.

Não devendo ser utilizados por um período superior a 5 dias, sem consultar um médico ou farmacêutico [21], os MNSRM permitem libertar recursos do SNS, que podem ser utilizados para tratar doentes mais graves pois evitam consultas desnecessárias e permitem aos médicos e profissionais de saúde focarem-se em casos mais complicados.

Noutro ponto de vista, os MNSRM dão autonomia às pessoas de resolverem problemas de saúde menos graves de uma forma mais rápida, mais barata e com menos complicações na sua vida diária, processo ao qual designamos por “automedicação” (onde também se inclui o uso dos MSRM). [22]

O Grupo de Consenso sobre Automedicação define a automedicação como: «a utilização de Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) de forma responsável, sempre que se destine ao alívio e tratamento de queixas de saúde passageiras e sem gravidade, com a

assistência ou aconselhamento opcional de um profissional de saúde». [23]

Temo que o desconhecimento das consequências da toma indevida dos MNSRM e o fato de haver muita informação disponível – correta e incorreta- mal interpretada, sejam os fatores que mais contribuem para problemas graves associados à automedicação.

De modo a evitar problemas maiores, a compra de MNSRM deverá ser acompanhada por aconselhamento farmacêutico personalizado para que a decisão seja a mais apropriada à condição do doente, fator esse que só está presente nas farmácias comunitárias.

No meu caso, tendo estagiado entre agosto e novembro, presenciei duas épocas propícias à venda de diferentes tipos de MNSRM: Verão (e.g.: venda de protetores solares) e Inverno (e.g.: prevenção de sintomas de gripes e constipações).

O aconselhamento destes produtos é desafiante devido às subtis diferenças entre os produtos e o baixo número de informação -confirmada e de fontes fiáveis- comparativamente aos MSRM. No entanto, de forma a dar um bom aconselhamento, procurei estudar para responder a perguntas que me colocavam durante os atendimentos e outras que julgava que me pudessem ser feitas, de modo a executar um trabalho digno dum farmacêutico em que as pessoas confiam.

(26)

6. Dispositivos médicos

Dispositivos médicos é a designação atribuída a “Qualquer instrumento, aparelho, equipamento, software, material ou artigo utilizado isoladamente ou combinado, incluindo o software destinado pelo seu fabricante a ser utilizado especificamente para fins de diagnóstico ou terapêutico e que seja necessário para o bom funcionamento do dispositivo médico, cujo principal efeito pretendido no corpo humano não seja alcançado por meios farmacológicos, imunológicos ou metabólicos, embora a sua função possa ser apoiada por esses meios, destinado pelo fabricante a ser utilizado em seres humanos para fins de: diagnóstico, prevenção, controlo, tratamento ou atenuação de uma doença; diagnóstico, controlo, tratamento, atenuação ou

compensação de uma lesão ou uma deficiência; estudo, substituição ou alteração da anatomia ou de um processo fisiológico; controlo da conceção”. [24]

A distinção entre dispositivo médico e medicamento reside no facto de os primeiros atingirem os seus fins através de mecanismos que não traduzem ações farmacológicas, metabólicas ou imunológicas [25].

No LMPQF, estes DM perfazem uma grande quantidade dos produtos dispensados na farmácia graças aos DFAs, uma vez que lhes são dispensados sem encargo económico mediante a apresentação de uma receita médica do HFFAR /PP e se abrangidos pela legislação.

São comuns os produtos ortopédicos, canadianas, resguardos, fraldas, pensos, luvas, sacos de ostomia, algálias, entre muitos outros.

Como previamente referido, no HFFAR/PP, ao contrário de outras farmácias comunitárias, há uma colaboração entre a farmácia militar e o serviço de estomatologia e medicina dentária para facilitar aos doentes, a aquisição de material dentário como próteses dentárias e implantes.

Apesar da maior parte dos DM entregues serem a DFA, fez-me pensar no dinheiro investido pelas pessoas desta faixa etária para fazerem o seu dia-a-dia, pensamento que era reforçado quando ouvia queixas dos baixos rendimentos mensais que eram parcialmente deixados numa fatura de farmácia.

7. Medicamentos Manipulados

Considera-se medicamento manipulado todo aquele que, sendo fórmula magistral ou preparado oficinal, é fabricado e dispensado por um farmacêutico e a sua dispensa deve seguir a indicações da dispensa de qualquer outro medicamento, sendo fundamental fornecer ao utente todas as informações relevantes, posologia, modo de administração, condições de conservação e prazo de validade. [26]

(27)

O LMPQF produz vários medicamentos manipulados como vitamina A composta, pasta de cocaína, metadona sendo os seus preços de venda ao público, calculados segundo os critérios da 769/2004 de 1 de julho.

No caso da pasta de cocaína, o LMPQF é o único produtor em todo o país e tive a oportunidade de perceber a importância da sua produção pelo LMPQF quando representantes de unidades hospitalares externas se dirigiam à farmácia para adquirir a pasta.

Tive também a chance de reviver os meus tempos de aulas práticas quando, com a ajuda da DT, produzimos “Álcool Iodado Salicilado”, para venda a um utente, seguindo o Formulário Galénico do Laboratório Militar de Produtos Químicos e Farmacêuticos (Anexo 2).

8. Cuidados farmacêuticos

O conceito de Cuidados Farmacêuticos refere-se a um “conjunto de atitudes, comportamentos, compromissos, inquietudes, valores éticos, funções, conhecimentos, responsabilidades e aptidões na prestação da farmacoterapia, com o objetivo de atingir resultados terapêuticos concretos em saúde e na qualidade de vida do doente”. [27] O farmacêutico tem sempre como foco o doente e a sua saúde devendo atender às suas necessidades e expectativas.

Assim sendo, para além de conhecimento teórico e prático- atualizado-, o farmacêutico deverá desenvolver a sua componente emocional para, através da empatia que cria com os doentes, consiga o melhor resultado para a saúde dos utentes promovendo o uso adequado e responsável do medicamento de modo a obter o melhor resultado possível com o mínimo de reações adversas.

Deste modo, almeja-se um tratamento eficaz, com o mínimo de reações adversas ou toxicidade, económico e simples para o doente.

Tal como os outros profissionais de saúde, na sua área, os farmacêuticos são indispensáveis para uma melhor adesão terapêutica sendo uma mais valia ao país e aos seus habitantes.

8.1. Prestação de serviços

No Gabinete de Aconselhamento Farmacêutico do LMPQFsP é possível medir parâmetros bioquímicos e fisiológicos dos utentes e, devido à sua privacidade, é possível usar como espaço para situações que exigem uma maior delicadeza.

(28)

Neste espaço, é possível a medição de três parâmetros bioquímicos, através da análise capilar, sendo eles o colesterol, a glicemia e os triglicerídeos e, esta de forma gratuita, é também possível a medição da tensão arterial sistólica e diastólica (e frequência cardíaca).

São vários os utentes que procuram este serviço tendo sido me pedido bem mais

frequentemente para realizar a medição das tensões e, na maior parte, são entendedores dos seus valores e valores de referência, sabendo até, em algumas situações, o que pode ter provocado o valor lido no caso de ele se encontrar acima do normal.

9. Formação e Aprendizagem

O meu estágio no LMPQFsP foi diversificado e teve um impacto enorme no meu crescimento como farmacêutico.

Entregar uma equipa de farmácia comunitária permitiu que crescesse através de desafios diários que me deram ferramentas para executar a minha tarefa procurando sempre, com a DT ou autonomamente, solucionar os problemas com que me deparava.

Tive também a oportunidade de alargar o meu conhecimento através da “Pharmacy

Academy”[28] onde pude me instruir através de apresentações e resoluções de questionários em 6 módulos de temáticas diferentes, sendo elas:

“Doença venosa crónica”, “Doença Hemerroidária”, “Adesão à Terapêutica”,” Rentabilização da venda ao balcão – Cross-selling e Up-selling”,” Comunicação ao Utente” e “Rentabilização do Negócio: margens vs volume”.

Parte II

TEMA 1: Genéricos

10.1. Enquadramento do Tema

Efeitos adversos indesejáveis, custo do medicamento ou omissão da toma do medicamento são as três razões mais prováveis de um doente abandonar o esquema de tratamento que lhe foi receitado pelo médico.

Os portugueses estão cada vez mais a gastar dinheiro em medicamentos [29], inclusive muito portugueses deixam [30] de seguir o seu esquema posológico por impossibilidades económicas o que leva a uma falha na adesão à terapêutica trazendo graves consequências para o doente.

(29)

Os medicamentos genéricos (MG) apresentam a mesma qualidade, eficácia e segurança dos medicamentos de marca e são 20 ou 35% mais baratos. Esta vantagem económica

possibilita uma melhor gestão dos recursos disponíveis tanto para o utente como para o SNS.[31] “Um medicamento genérico é um medicamento com a mesma substância ativa, forma

farmacêutica e dosagem e com a mesma indicação terapêutica que o medicamento original, de marca, que serviu de referência.” [31]

“Os medicamentos genéricos são distinguíveis dos medicamentos originais ou de marca através da sigla (MG) que se encontra na embalagem exterior do medicamento. A prescrição de MG é feita pela DCI das substâncias ativas, seguida da dosagem e forma farmacêutica, sendo que o médico pode acrescentar o nome do respetivo titular da autorização de introdução no mercado (AIM) ou marca”.

A utilização de genéricos está a crescer a nível mundial, permitindo que muitos países em desenvolvimento tenham acesso a tratamento graças à maior acessibilidade à medicação. [32] Em Portugal, segundo Paulo Lilaia (ex-presidente da APOGEN) o uso de medicamentos genéricos e biossimilares no SNS significaria uma poupança potencial de 416 milhoes de euros entre 2018 e 2020 [33], permitindo canalizar os recursos economizados para o tratamento de mais doentes.

Consequentemente, a crescente utilização dos genéricos aplica pressão no mercado para reduzir o preço dos medicamentos de marca e permite investir na pesquisa e desenvolvimento de medicamentos inovadores. [34]

Apesar da informação disponível, fiável e acessível que há sobre os MG, desde o início do meu estágio que notei uma desconfiança de muitos utentes (e até profissionais de saúde) sobre a eficácia e valor dos genéricos.

Mesmo havendo medicamentos onde a discrepância de preços era notória e impactante na fatura final, os utentes descredibilizavam os genéricos afirmando que “não é a mesma coisa” e “com a minha saúde, prefiro não arriscar”.

Apercebi-me que, apesar da quantidade de percentagens, números e justificações, quando se fala da saúde, a verdadeira diferença acontece quando o profissional ouve e faz por educar o doente, criando-se um ambiente fértil à discussão e que, com as palavras certas, se semeia a curiosidade e o interesse.

Com isto, quis criar algo que servisse como iniciador e catalisador de conversa para -transparentemente- explicar a vantagem dos genéricos, dando aos utentes do LMPQFsP

(30)

liberdade para fazer as suas escolhas sem estarem acorrentados a rumores e ideias pré-concebidas.

No entanto, mesmo após esta interação farmacêutico-utente, há fatores que podem agir como entrave à utilização dos genéricos. Sair da zona do conforto nunca é fácil e a quantidade de alternativas para uma só DCI pode ser avassaladora para quem já receava mudar. A alteração da imagem associada ao medicamento pode também gerar confusão e desorganização e ser um impedimento à mudança.

10.2. Qualidade, segurança e eficácia de MG

De acordo com o Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto, a AIM de medicamentos genéricos está sujeita às mesmas disposições legais dos outros medicamentos.

No caso dos MG não é necessária a apresentação de ensaios pré-clínicos e clínicos se for demonstrada a bioequivalência baseada em estudos de biodisponibilidade, ou quando estes não forem adequados, for demonstrada equivalência terapêutica através de estudos de farmacologia clínica apropriados, ou outros solicitados pelo INFARMED [35].

Os MG, assim como os medicamentos originais, estão sujeitos à autorização da Agência Europeia do Medicamento ou pelas autoridades nacionais de saúde (e.g. INFARMED) para poderem ser comercializados na União Europeia. A aprovação por estas entidades é concedida quando o fabricante prova (através de um estudo de bioequivalência) que os parâmetros farmacocinéticos são comparáveis aos do original, e ainda que a composição do genérico é equivalente à do original no que respeita à segurança e qualidade [36].

10.3. Vantagens dos MG

Pelos MG serem baseados em substâncias ativas com muito tempo de mercado, a informação associada a essas mesmas substâncias ativas garante um perfil de segurança e de efeito muito maturado.

Para serem considerados genéricos, estes medicamentos têm de apresentar a mesma segurança e eficácia que os medicamentos originais, garantida pela bioequivalência demonstrada através dos estudos de biodisponibilidade (Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto) [31].

Isto leva a que a obtenção de AIM seja um processo mais rápido, uma vez que dispensa a presentação de relatórios dos peritos acerca ensaios farmacológicos, toxicológicos e clínicos e pré-clínicos (Decreto-Lei n.º 176/2006, de 30 de agosto), o que simplifica todo o processo [36,31].

(31)

Todas as vantagens anteriormente apresentadas podem resumir-se ao menor preço de custo dos MG relativamente aos medicamentos originais mantendo a mesma qualidade, eficácia e segurança que os de marca [31].

10.4. Panfleto Informativo Sobre os Genéricos

Objetivos

- Fomentar a discussão sobre os genéricos entre os utentes, profissionais de saúde e trabalhadores do hospital durante o período do estágio

- Elucidar as pessoas sobre os genéricos e desmitificar ideias erradas

Modo de ação

-Distribuição de panfletos informativos (Anexo 3)

- Colocação dos panfletos na zona de atendimento de forma a chamar a atenção do utente ao dirigir-se ao balcão (Anexo 4)

Resultados

Graças à sua disposição, os panfletos eram praticamente impossíveis de serem

ignorados durante um atendimento e, não havendo uma forma de medir o verdadeiro impacto da atividade, consigo afirmar com toda a certeza que os panfletos informativos foram o mote para discutir a temática que apresentavam.

Perguntas como, “Mas qual é a diferença?” e “eles fazem mesmo a minha coisa?” estavam entre as mais comuns, apesar de respondidas no panfleto, os utentes gostavam de as ver respondidas por um farmacêutico – facto que me fez pensar sobre a importância da palavra dum

farmacêutico – e que surgiam como o início para outras dúvidas e perguntas.

Tentei responder sempre da forma menos tendenciosa possível, baseada em artigos científicos que consultem para a elaboração do panfleto, acompanhada de comparações de preços de produtos e análise do design das embalagens exteriores dos medicamentos de marca e dos genéricos.

Conclusão

Os custos exorbitantes associados à medicação gastos pelo país só tendem a aumentar com o envelhecimento da população portuguesa e os MG surgem como uma hipótese viável à sustentabilidade do SNS e à possibilidade dum maior acesso à terapia, visto que são sujeitos aos mesmos requisitos exigidos aos medicamentos de referência e estão sujeitos ao controlo por entidades competentes, estando disponíveis a um preço mais reduzido [34].

(32)

A maior parte dos afetados por esta ação revelam que ainda têm desconfianças sobre a bioequivalência dos medicamentos genéricos, mas que o custo dos genéricos é o ponto mais atraente para a escolha dos mesmos.

No entanto, a crença que “se é mais caro, é melhor” impede muitos utentes de acreditar que esta “bioequivalência” existe mesmo, optando pelos de marca porque, apesar de pagarem mais, sentem que lhes dá mais garantias de terem resultados farmacoterapêuticos mais favoráveis.

Sinto que esta atividade teve um impacto positivo, havendo inclusive quem decidisse dar uma oportunidade aos genéricos na sequência da conversa iniciada, graças aos panfletos.

10.5. Estudo TOP4 da farmácia

Objetivo

A título de curiosidade, decidi fazer um estudo económico a comparar os 4

medicamentos mais vendidos (em 1 ano) no LMPQFsP e calcular custos associados à toma continuada do mesmo (durante o período de 1 ano) para avaliar se há uma diferença que justifique a troca de medicamentos de marca por genéricos.

Modo de ação

Recolhida a listagem dos medicamentos mais vendidos desde setembro 2018 até setembro de 2019 foi-se verificado quais os 4 medicamentos mais vendidos que apresentassem, no LMPQFsP, pelo menos 2 opções de genéricos.

A seguir, recolheu-se através dos Resumo das Características do Medicamento, a posologia para cada um e calculou-se o custo do medicamento de marca e do genérico, para um ano.

Considerações

1. Os genéricos usados para a comparação teriam de ter a mesma substância ativa, a mesma dosagem e o mesmo número exato de comprimidos por caixa.

2. No caso de haver dois medicamentos de marca para a mesma indicação terapêutica, mesmo substância ativa, mesma dose, mesmo número de comprimidos, o critério de escolha foi o número de caixas vendidas em maior número, eliminando-se o outro do estudo.

3. Excluíram-se os medicamentos que podiam ser tomados em SOS. Avaliando-se só os de toma continuada sem opção de SOS.

4. Excluiu-se, quando aplicável, a contagem dos comprimidos utilizados durante a iniciação da toma.

5. O valor do custo total dos medicamentos nunca seria afetado por promoções ou descontos por compras em grande volume.

(33)

6. De referir também o facto de muitos dos utentes do LMPQF serem DFA e da medicação lhes ser dispensada sem encargo monetário, podendo afetar o número de vendas de artigos de marca.

7. No caso do RCM indicar diferentes posologias escolhe-se uma que seja comum aos dois e usa-se para efeitos de cálculos, a menor dose possível.

8. No caso de a dose mínima ser inferior ao total de um comprimido, contabiliza-se a dose mínima como um comprimido.

9.

Se, a equação (número de comprimidos tomados durante um ano/ número de comprimidos por caixa) não resultar em número certo, arredonda-se em excesso.

Resultados:

Tabela 3: Resultados do estudo TOP4

Conclusões

Este breve estudo mostra-nos, de uma forma mais adaptada à realidade do LMPQFsP, quanto é possível poupar com a escolha dos genéricos nos medicamentos mais vendidos no período de tempo de 1 ano.

Ainda que nem em todos os genéricos disponíveis no LMPQFsP se verificasse uma poupança, nestes 4 casos, os genéricos ficavam mais em conta – e alguns com grandes margens.

No pantoprazol, o medicamento de marca é 4,85 mais caro que a sua alternativa dos laboratórios Ciclum®, diferença que pode afetar as poupanças dos utentes a longo prazo.

Pondo numa perspetiva anual, conseguimos ver o impacto que a escolha dos genéricos tem, para um utente na toma de um medicamento.

Segundo o jornal Público, a população idosa toma 7,2 medicamentos por dia [37] e tendo em conta que, segundos dados de 2011[38], contamos com mais de 2.010.064 idosos em Portugal e que este número tende a aumentar, pode-se imaginar o impacto que teria caso os genéricos fossem escolhidos no lugar dos medicamentos de marca.

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Tema 2: Doenças cardiovasculares

A nível mundial, as doenças cardiovasculares (DCV) apresentam-se como a principal causa [39] morte da população (31%), com uma contabilização de 17,9 milhões de mortes anuais [40]. Portugal espelha este cenário com cerca de 35 mil mortes anuais associadas às doenças cardiovasculares [41].

Doenças Cardiovasculares são um grupo de distúrbios do coração e vasos sanguíneos que provocam uma variedade de doenças e que são causadas por uma combinação de fatores de risco como o tabagismo, dieta desequilibrada, sedentarismo, obesidade, ingestão abusiva de álcool, hipertensão artéria, diabetes e dislipidemia [42].

Felizmente, são também preveníveis e através de mudanças de estilo de vida é possível eliminar fatores de risco que contribuem para o aparecimento destas doenças [42].

12.1. Prevenção e aconselhamento

As DCV são doenças silenciosas e que raramente se denunciam com sintomas o que torna a prevenção crucial para evitar danos maiores, tendo ou não doença cardiovascular conhecida.[42]

As medidas preventivas devem ser dirigidas a todo o espectro da população e deve ser

promovido um estilo de vida saudável e eliminado fatores de risco que contrariam esse estilo de vida, como o tabagismo, sedentarismo e dieta desequilibrada. (80% das DCV podem ser

prevenidas eliminando esses comportamentos) [43].

Existem também fatores imutáveis (e.g. raça, sexo [42,43]) que contribuem para o aparecimento de DCV logo é imperativo uma avaliação do indivíduo para avaliação do risco pessoal.

Com isto, são vários os parâmetros possíveis de se usar para avaliar o risco de DCV. O Índice Massa Corporal (IMC) e perímetro abdominal são medições uteis e simples, mas podemos também recorrer à tabela SCORE [44].

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Tabela 4: Tabela de SCORE para populações de baixo risco

A tabela SCORE (aconselhada pela Sociedade Europeia de Cardiologia), é uma ferramenta usada para estimar o risco absoluto a 10 anos de falecer por DCV ( em indivíduos aparentemente saudáveis) que se baseia nas variáveis: sexo, idade, tabagismo, pressão arterial sistólica e colesterol total (mg/dl ou mmol/l)[44].

Isto permite ao doente, ter um indicador para o nível de intervenção e intensidade dos cuidados clínicos, quer na prevenção da doença quer no seu tratamento.

Assim, a importância da atividade farmacêutica na prevenção das DCVs é fulcral não só na promoção de serviços e atividades que promovam o rastreio das mesmas, mas num

aconselhamento eficaz, pessoal e correto que molde a motivação do doente para que este alcance hábitos de vida mais saudáveis.

Durante o aconselhamento, a interação atenta, amigável e positiva, correta e baseada em conhecimento científico é importante para criar empatia, perceber as preocupações, historial de doenças/tratamentos, hábitos quotidianos e, muita das vezes, ler nas “entre-linhas” para

Referências

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