• Nenhum resultado encontrado

Realizações equilibradas de sistemas lineares

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Realizações equilibradas de sistemas lineares"

Copied!
131
0
0

Texto

(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)

1

P´ag. linha onde se lˆe deve ler-se

3 11 pr´oximo cap´ıtulo terceiro cap´ıtulo

5 25 αk(t1− τ )k αk(t1− τ )

6 2/3 αk(t1− τ )k αk(t1− τ )

8 23 W2

o(0, t1) ´e invert´ıvel Wo2(0, t1) ´e invert´ıvel ∀t1> 0

9 11 W2

o(0, t1) n˜ao ´e invert´ıvel Wo2(0, t1) n˜ao ´e invert´ıvel para um dado t1> 0

9 22 y(t1) = CeAt(xo+ xa) = CeAtxo y(τ ) = CeAt(xo+ xa) = CeAtxo, τ ∈ [0, t1]

9 24 W2

o(0, t1) tem de ser invert´ıvel Wo2(0, t1) tem de ser invert´ıvel ∀t1> 0

10 11 rankhCT ACT· · · An−1CTi rankhCT ATCT· · · An−1TCTi 12 22/24 σk X j=0 tj−1 k! σk X j=1 tj−1 (j − 1)! 17 5/7 G(t) = C(sI − A)−1B G(s) = C(sI − A)−1B 18 13 B =ˆ         1 2 0 4 1 4 1 0         ˆ B =      1 2 1 4 1 0      21 6 N0+ N1+ ... + Nr−1sr−1 N0+ N1s + ... + Nr−1sr−1 24 13/14/15 α i 25 2/3/4 β i 27 9 q × n n × q 28 5 B = T−1B B = T¯ −1B 31 24 rankhBˆ Aˆ11Bˆ1 ... Aˆq1−1 11 Bˆ1 i = q1 rank h ˆ B1 Aˆ11Bˆ1 ... Aˆq111−1Bˆ1 i = q1 32 7 q q1 33 6   ¯ A13 ¯ A23  S1−1Aˆ12   ¯ A13 ¯ A23  = S−11 Aˆ12 34 1 C =¯   S1−1 0 0 I  T−1CT   S1 0 0 I   C = CT¯   S1 0 0 I   34 4 Cˆ1 C˜1 34 10/12 rankh(...) · · · ˆA11Bˆ1 i rankh(...) · · · ˆAα−111 Bˆ1 i

(7)

P´ag. linha onde se lˆe deve ler-se 34 13 rankh(...) · · · S1−1Aˆ11S1−1S −1 1 Bˆ1 i rankh(...) · · · S−11 Aˆα−111 S1−1S1−1Bˆ1 i 35 11 Q¯T α1 Q¯α1 35 14      ¯ Aα−111 0 A¯13 ∗ A¯α−122 ∗ 0 0 A¯α−133           ¯ Aα−111 0 ∗ ∗ A¯α−122 ∗ 0 0 A¯α−133      37 2 R¯βQ¯α= RS−1T−1(S−1T−1) −1 Qα R¯βQ¯α= Rβ(S−1T−1) −1 S−1T−1Qα 37 3 RS−1T−1T SQα RβT SS−1T−1Qα 38 11 (A11, B1, C1) ( ¯Ak11, ¯B1, ¯C1) 38 13 R R+0 39 23 A¯k=      ¯ A11 0 ∗ 0 A¯k 22 ∗ 0 0 A¯k 33      ¯ Ak=      ¯ Ak11 0 ∗ ∗ A¯k 22 ∗ 0 0 A¯k 33      40 16 RβQα= Γij = ¯RβQ¯α RβQα= ¯RβQ¯α 48 5 Γ1k Γ1j 48 14 Γβα= n rankΓβα= n

49/50/51 o exemplo em anexo substitui o Ex. 2.2.13.

56 4 − 7 eAT(t−τ ) eA(t∗−τ ) 56 5/6 Wa2(0, t∗)−1 Wa2(0, t∗)−1T 57 13 eAt= diag{eJ1, eJ2, · · · , eJk} eAt= diag{eJ1t, eJ2t, · · · , eJkt} 60 3/5 kxTeATt Bk2 kxTeAtBk2 60 14 x x∗ 60 21 x∗2 x∗ 61 2 x∗2 x∗ 61 7 x x∗

67 3 semidefinida positiva sim´etrica e definida positiva

71 5/6/10/11 Σa Σo 71 13 ↓ Pi(i = 1, 2) ↓ Pi−1(i = 1, 2) 74 21 W2 a = VaΣaVaT Wa2= VaΣ2aVaT 74 23 Wo2= VoTΣ˜oVo Wo2= VoΣ˜2oVoT 75 2 de µc(P ) µa(P ) 77 11 µc(P ) µa(P ) 78 21 σ2 i(i = 1, 2, . . . , n) σ4i(i = 1, 2, . . . , n)

(8)

3

P´ag. linha onde se lˆe deve ler-se

79 2 σ2 i(i = 1, 2, . . . , n) σi4(i = 1, 2, . . . , n) 81 4 ATΣ2+ AΣ2A = −CTC ATΣ2+ Σ2A = −CTC 81 7/8 AT 12 AT21 81 7/8 AT21 AT12 84 5 subsespa¸co subespa¸co 93 12 W2 c Wa2 95 22 G(s) = C(sI − A)−1+ D G(s) = C(sI − A)−1B + D 96 2 Gr(s) = Cr(sI − Ar)−1+ D Gr(s) = Cr(sI − Ar)−1Br+ D 97 2 σ1> σ2> · · · > σl> · · · > σl+1≥ 0 σ12> σ22> · · · > σ2l > σ 2 l+1> 0 97 4 (Ar, Br, Cr) (Ar, Br, Cr, D) 99 5 B∗T−1 T−1B(retirar o terceiro ”=”) 100 3 σ2 s+1 σl+12 101 8 2B2B2T −2B2BT2 102 5 Σ21Ar+ ATrΣ2r= −CrCrT Σ21Ar+ ArTΣ21= −CrCrT 102 16 (−A12+ Σ22− σ4l+1Σ −2 1 AT21) (−A12Σ22− σ4l+1Σ −2 1 AT21)T 102 19 −2B2B2T = −B2B2T + C2C2T −2B2B2T = −B2B2T− C2C2T 103 2 CT 2CT = −B2B2T C2TCT = B2B2T 103 7 CT 2CT −C2TCT 103 9 A ˜˜P + ˜P ˜AT = − ˜B2B˜2T A ˜˜P + ˜P ˜A T = − ˜B ˜BT 103 12 −σ4 l+1CrΣ−21 CrTCrΣ−21 −σ4l+1Σ −2 1 CrTCrΣ−21 103 12 −B2B2T+ C2C2T −B2BT2 − C2C2T 104 11 BT(−sI − AT)−1+ DT B˜T(−sI − ˜AT)−1C˜T+ ˜DT

104 12 −BT(sI − (−AT))−1+ DT − ˜BT(sI − (− ˜AT))−1C˜T + ˜DT

106 5 CT¯ CS¯

106 12 sI + ˜A sI + ˜AT

107 8 I2sl+1 I2(sl+1)

107 10 σmax(jw) σmaxE(jw)

108 7 E21x0 E21(s)x0 108 18 σr2 σl2 109 21 σ2 1Is1 > σ 2 2Is2> · · · > σ 2 l > σ2l+1> σl+22 > · · · > σ2N ≥ 0 σ12> σ22> · · · > σl2> σ2l+1> σl+22 > · · · > σ2N > 0 110 16 Ek Er

(9)
(10)

Conte´

udo

Introdu¸c˜ao iii

1 Propriedades estruturais em sistemas lineares 1

1.1 Atingibilidade e observabilidade . . . 2 1.2 Estabilidade . . . 10

2 Realiza¸c˜ao de sistemas lineares 15

2.1 O problema da realiza¸c˜ao . . . 15 2.2 Constru¸c˜ao de realiza¸c˜oes de ordem m´ınima . . . 22

3 Realiza¸c˜oes equilibradas 53

3.1 Energia m´ınima de controlo . . . 53 3.2 Energia de observa¸c˜ao . . . 62 3.3 Realiza¸c˜oes equilibradas . . . 64

4 Redu¸c˜ao da ordem de um modelo 91

Conclus˜ao 115

Bibliografia 117

(11)
(12)

Introdu¸

ao

Na Teoria de Sistemas destaca-se a Teoria da Realiza¸c˜ao que consiste na obten¸c˜ao e estudo de modelos de espa¸co de estados para uma dada resposta impulsional ou fun¸c˜ao de transferˆencia. Nesta disserta¸c˜ao ser´a especificamente desenvolvido o estudo de re-aliza¸c˜oes para o caso cont´ınuo e invariante no tempo, pormenorizando-se a an´alise de realiza¸c˜oes que exibem um certo “equil´ıbrio” entre, por um lado, a influˆencia da entrada no estado e, por outro, a influˆencia do estado na sa´ıda: as realiza¸c˜oes equilibradas.

O “equil´ıbrio” inerente a este tipo de realiza¸c˜oes permite que se proceda `a redu¸c˜ao da ordem de um modelo de forma l´ogica e simples sem que propriedades internas fundamentais do sistema sejam alteradas. Tal redu¸c˜ao possibilita aproximar um modelo complexo por um modelo mais simples que envolva um menor esfor¸co computacional.

No primeiro cap´ıtulo desenvolve-se o estudo de conceitos e propriedades estruturais b´asicos em Teoria de Sistemas. As no¸c˜oes de atingibilidade, observabilidade e estabi-lidade s˜ao definidas e algumas caracteriza¸c˜oes relativas a estes conceitos s˜ao apresen-tadas. Os conceitos referenciados neste cap´ıtulo revelam-se importantes no contexto deste trabalho, uma vez que suportam a teoria subjacente `as realiza¸c˜oes abordadas nos restantes cap´ıtulos.

No segundo cap´ıtulo esclarece-se o conceito de realiza¸c˜ao e estudam-se v´arias pro-priedades que envolvem a equivalˆencia e a minimalidade de realiza¸c˜oes. Destaca-se tamb´em a conex˜ao existente entre atingibilidade e observabilidade, minimalidade e propriedades da matriz de Hankel e dos parˆametros de Markov correspondentes. No final deste cap´ıtulo ´e descrito um procedimento para a obten¸c˜ao de uma realiza¸c˜ao de

(13)

ordem m´ınima a partir de uma realiza¸c˜ao inicialmente dada. ´

E no terceiro cap´ıtulo que se desenvolve o estudo das realiza¸c˜oes equilibradas depois de se definirem os conceitos de energia m´ınima de controlo e de energia de observa¸c˜ao. S˜ao definidos os gramianos de atingibilidade e de observabilidade. A an´alise das rea-liza¸c˜oes equilibradas particulariza-se para o caso de realiza¸c˜oes equilibradas relativa-mente ao eixo principal. Apresenta-se tamb´em um importante algoritmo para “equili-brar” relativamente ao eixo principal qualquer realiza¸c˜ao e salientam-se propriedades de relevo no estudo deste tipo de realiza¸c˜oes equilibradas que envolvem caracter´ısticas dos seus subsistemas.

O ´ultimo cap´ıtulo tem por objectivo resolver o problema de se encontrar um modelo de ordem mais baixa que constitua uma boa aproxima¸c˜ao da realiza¸c˜ao inicialmente dada, em termos do erro na respectiva fun¸c˜ao de transferˆencia. Trata-se do problema da redu¸c˜ao da ordem de um modelo. Apresenta-se um majorante para o erro come-tido aquando da aplica¸c˜ao de um processo de redu¸c˜ao, que permite averiguar se a aproxima¸c˜ao encontrada ´e ou n˜ao razo´avel.

(14)

Cap´ıtulo 1

Propriedades estruturais em

sistemas lineares

O objecto de estudo deste trabalho s˜ao os sistemas lineares de espa¸co de estados invariantes no tempo. Tais sistemas s˜ao descritos por equa¸c˜oes (matriciais) do tipo

˙x(t) = Ax(t) + Bu(t), x0 = x(0) (1.1)

y(t) = Cx(t) + Du(t) (1.2)

onde A ∈ Rn×n, B ∈ Rn×m, C ∈ Rp×n e D ∈ Rp×m, x(t) ∈ Rn ´e o estado, u(t) ∈ Rm

´e a entrada e y(t) ∈ Rp ´e a sa´ıda. Sup˜oe-se al´em disso que u(.) ∈ U , conjunto das

fun¸c˜oes R+0 → Rm cont´ınuas aos peda¸cos. ´E sabido que a solu¸c˜ao completa da equa¸c˜ao

diferencial (1.1) ´e dada por

x(t) = eAtx0+

Z t

0

eA(t−τ )Bu(τ )dτ (1.3) e que a resposta deste sistema para um dado estado inicial x0 e entrada u(t), ´e dada

por

y(t) = CeAtx0+

Z t

0

CeA(t−τ )Bu(τ )dτ + Du(t) (1.4) onde eA(t−τ ) ´e a chamada matriz de transi¸c˜ao associada a A.

(15)

Note-se que ambas as express˜oes (1.3) e (1.4) compreendem duas componentes dis-tintas: uma que apenas depende do estado inicial, x0, promovendo a chamada evolu¸c˜ao

livre do sistema,

xl(t) = eAtx0

e consequente resposta ao estado inicial x0,

yl(t) = CeAtx0

e uma outra, resultante da actua¸c˜ao de uma entrada u(t) partindo da condi¸c˜ao inicial nula, x0 = 0, denominando-se por evolu¸c˜ao for¸cada do sistema

xf(t) = Z t

0

eA(t−τ )Bu(τ )dτ e consequente resposta `a entrada u(t),

yf(t) = Z t

0

CeA(t−τ )Bu(τ )dτ + Du(t). (1.5) Na an´alise dos sistemas lineares de espa¸co de estados colocam-se quest˜oes funda-mentais como o estudo da influˆencia da entrada no estado, da influˆencia do estado na sa´ıda e do comportamento das solu¸c˜oes das equa¸c˜oes de estado em termos de cresci-mento. Estas quest˜oes est˜ao relacionadas com as propriedades estruturais que a seguir se apresentam.

1.1

Atingibilidade e observabilidade

O conceito de atingibilidade est´a associado `a influˆencia que uma dada entrada u(t) pode ter sobre o vector estado x(t). Obviamente estar´a em causa a transferˆencia do sistema de um estado para o outro. A atingibilidade de um sistema traduz a existˆencia de uma entrada - sinal de controlo - que promova a transferˆencia do estado nulo para um outro em tempo finito. Contrariamente `a atingibilidade que n˜ao envolve a equa¸c˜ao

(16)

1.1. ATINGIBILIDADE E OBSERVABILIDADE 3

de sa´ıda, a observabilidade est´a associada precisamente `a influˆencia do vector estado na sa´ıda e n˜ao envolve a ac¸c˜ao de qualquer entrada.

Defini¸c˜ao 1.1.1. Considere-se o sistema descrito pelas equa¸c˜oes (1.1) e (1.2). O estado x1diz-se um estado ating´ıvel no instante t1 se existirem um instante t1 > 0 finito e uma

entrada cont´ınua aos peda¸cos u(t) tal que a correspondente solu¸c˜ao x(t) das equa¸c˜oes de estado (1.1) e (1.2), com condi¸c˜ao inicial x(0) = 0, satisfaz x(t1) = x1. O sistema

(A, B, C, D) ou simplesmente o par (A, B) diz-se ating´ıvel se qualquer estado x1 ∈ Rn

´e ating´ıvel.

H´a dois crit´erios de atingibilidade que n˜ao poderiam deixar de constar neste tra-balho dada a sua aplica¸c˜ao ao estudo das realiza¸c˜oes nomeadamente das realiza¸c˜oes equilibradas, objecto de estudo do terceiro cap´ıtulo. O primeiro crit´erio aqui apresen-tado recorre `a invertibilidade da matriz gramiano,

Wa2(0, t1) =

Z t1

0

eA(t1−τ )BBTeAT(t1−τ )dτ.

Teorema 1.1.2. O par (A, B) ´e ating´ıvel se e s´o se a matriz Wa2(0, t1) ´e invert´ıvel,

∀t1 > 0.

Demonstra¸c˜ao. Para demonstrar a necessidade da invertibilidade do gramiano suponha-se por hip´otese que (A, B) ´e um par ating´ıvel e admita-se contrariamente ao que pre-tende mostrar que a matriz W2

a(0, t1) n˜ao ´e invert´ıvel, para um dado valor t1 > 0.

Ent˜ao, existe um vector estado xa∈ Rn n˜ao nulo tal que

0 = xTaWa2(0, t1)xa e portanto, 0 = Z t1 0 xTaeA(t1−τ )BBTeAT(t1−τ )x adτ = Z t1 0 xTaeA(t1−τ )B 2 dτ.

Como a fun¸c˜ao integranda ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua n˜ao negativa segue-se que xTaeA(t1−τ )B = 0, τ ∈ [0, t

(17)

o que implica que

xTaeAtB = 0, ∀t > 0. (1.6) Recorde-se que por hip´otese o sistema ´e ating´ıvel, pelo que qualquer estado do sistema ´e ating´ıvel. Logo −xa´e ating´ıvel e por isso existe uma entrada u(t) que conduz

o estado nulo ao estado −xa num determinado tempo t01. Pode ent˜ao escrever-se que

−xa= Z t01 0 eA(t01−τ )Bu(τ )dτ ou 0 = xa+ Z t01 0 eA(t01−τ )Bu(τ )dτ.

Multiplicando a express˜ao anterior, `a esquerda por xT

a obt´em-se,

0 = xTaxa+

Z t01

0

xTaeA(t01−τ )Bu(τ )dτ.

Atendendo a (1.6) conclui-se que

xTaxa = 0.

contrariando deste modo a hip´otese de que xa representa um vector n˜ao nulo de Rn.

Consequentemente, W2

a(0, t1) tem de ser invert´ıvel para qualquer t1 > 0.

Para mostrar a suficiˆencia considere-se por hip´otese que Wa2(0, t1) ´e invert´ıvel para

qualquer t1 > 0. Ent˜ao, dado um estado x1 ∈ Rn pode escolher-se uma entrada u(t)

definida por

u(τ ) = BTeAT(t1−τ )W2

a(0, t1)−1x1. (1.7)

Tendo em considera¸c˜ao que a solu¸c˜ao completa da equa¸c˜ao diferencial (1.1) ´e dada por (1.3), por aplica¸c˜ao da entrada u o sistema ´e conduzido num tempo t1 do estado

nulo ao estado

x(t1) =

Z t1

0

(18)

1.1. ATINGIBILIDADE E OBSERVABILIDADE 5

Consequentemente atendendo a (1.7) resulta que, x(t1) = Z t1 0 eA(t1−τ )BBTeAT(t1−τ )W2 a(0, t1)−1x1dτ = W2 a(0, t1)Wa2(0, t1)−1x1 = x1.

Deste modo se constata que foi poss´ıvel transferir o sistema do estado inicial nulo para o estado x1 num tempo t1. Dada arbitrariedade do estado x1 pode dizer-se que,

para qualquer estado x1, existe sempre uma entrada cont´ınua u(t) que conduz o sistema

do estado nulo ao estado x1 em tempo finito, pelo que o sistema ´e ating´ıvel.

Um segundo crit´erio tamb´em muito utilizado prende-se com a caracter´ıstica da chamada matriz de atingibilidade,

h

B AB · · · An−1B i

.

Teorema 1.1.3. O par (A, B) ´e ating´ıvel se e s´o se a matriz de atingibilidade n × nm verifica

rankhB AB · · · An−1Bi= n.

Demonstra¸c˜ao. Demonstrar este teorema equivale, atendendo ao Teorema 1.1.2, a de-monstrar que rankhB AB · · · An−1Bi < n se e s´o se, para algum t

1 > 0, a matriz

W2

a(0, t1) n˜ao ´e invert´ıvel. Suponha-se ent˜ao que rank

h

B AB · · · An−1Bi < n.

Assim, existe necessariamente um vector xa de Rn n˜ao nulo que verifica

xTa hB AB · · · An−1Bi = 0

e portanto,

xTaAkB = 0, para k = 0, 1, 2, . . . , n − 1. De acordo com a teoria das fun¸c˜oes matriciais a matriz eA(t1−τ ), t

1 > 0, τ ∈ [0, t1],

pode ser expressa como combina¸c˜ao linear das potˆencias A0, A1, . . . , An−1 do seguinte

modo, eA(t1−τ ) = n−1 X k=0 αk(t1− τ )Ak

(19)

o que implica que xTaWa2(0, t1) = Z t1 0 xTa "n−1 X k=0 αk(t1− τ )AkB # BTeAT(t1−τ ) = Z t1 0 "n−1 X k=0 αk(t1− τ )xTaAkB # BTeAT(t1−τ ) = 0

Pode pois constatar-se que existe um vector xa de Rn n˜ao nulo tal que

xTaWa2(0, t1) = 0

o que implica que W2

a(0, t1) n˜ao seja invert´ıvel, para qualquer t1 > 0.

Reciprocamente, se a matriz Wa2(0, t1) n˜ao ´e invert´ıvel para um dado valor t1 > 0,

ent˜ao existe um vector n˜ao nulo xa tal que

xTaWa2(0, t1)xa= 0

o que implica que

xTaeA(t1−τ )B = 0 (1.8) atendendo a que xT aWa2(0, t1)xa = Z t1 0 xTaeA(t1−τ )BBTeAT(t1−τ )x adτ = Z t1 0 xTaeA(t1−τ )B 2 dτ. Note-se que, para τ = t1,

xTaB = 0.

Por outro lado, derivando (1.8) k vezes em ordem a τ , resulta que para τ = t1,

(−1)kxTaAkB = 0, k = 0, 1, 2, · · · , n − 1. Assim,

xTa hB AB · · · An−1Bi= 0

(20)

1.1. ATINGIBILIDADE E OBSERVABILIDADE 7

Seguidamente passa-se ao estudo da observabilidade. O conceito de observabilidade envolve, como j´a foi referido, a influˆencia do vector estado na sa´ıda do sistema.

Defini¸c˜ao 1.1.4. Considere-se o sistema descrito pelas equa¸c˜oes (1.1) e (1.2). O estado x0 = x(0) diz-se um estado observ´avel se existe um tempo t1 > 0 tal que, o

conhecimento da entrada u(t) e da sa´ıda y(t) em [0, t1] determina de forma ´unica o

valor do estado inicial x0 = x(0). O sistema (A, B, C, D) ou simplesmente o par (C, A)

diz-se observ´avel se qualquer estado, x0 ∈ Rn ´e observ´avel.

Por simplicidade considera-se o caso em que a entrada ´e nula. Isto n˜ao provoca perda de generalidade como se constata com o seguinte resultado.

Proposi¸c˜ao 1.1.5. O par (C, A) ´e observ´avel se e s´o se (C, A) ´e observ´avel para a entrada nula.

Demonstra¸c˜ao. Dizer-se que o par (C, A) ´e observ´avel com entrada nula significa dizer-se que para qualquer estado x0 = x(0), existe um tempo t1 ≥ 0 tal que, sendo u(t) ≡ 0,

o conhecimento da sa´ıda y(t) em [0, t1] determina de forma ´unica o valor do estado

inicial x0 = x(0). Uma vez que a defini¸c˜ao de estado observ´avel considera uma qualquer

entrada do espa¸co de controlos ent˜ao, ´e imediato que se (C, A) ´e observ´avel ent˜ao (C, A) ´e observ´avel para a entrada nula. Resta ent˜ao mostrar o rec´ıproco. A demonstra¸c˜ao desta implica¸c˜ao baseia-se na express˜ao da sa´ıda determinada a partir da f´ormula da varia¸c˜ao das constantes calculada em t1 ≥ 0,

y(t1) = CeAt1x0+

Z t1

0

CeA(t1−τ )Bu(τ )dτ. (1.9)

Quando a entrada ´e nula (1.9) pode ser reescrita como

y(t1) = CeAt1x0 (1.10)

e, se o sistema for observ´avel para aquela entrada, o conhecimento de y(t1) determina

univocamente x0.

Para uma entrada n˜ao nula, pode reescrever-se (1.9) como y(t1) −

Z t1

0

CeA(t1−τ )Bu(τ )dτ = CeAt1x

(21)

Assim, verifica-se que a resposta ao estado inicial nulo devida a uma dada entrada u, Z t1

0

CeA(t1−τ )Bu(τ )dτ

pode ser calculada e subtra´ıda `a resposta completa, y(t1), sobrando apenas a resposta

`

a entrada nula. Considerando

y∗(t1) = y(t1) − Z t1 0 CeA(t1−τ )Bu(τ )dτ pode escrever-se y∗(t1) = CeAt1x0.

Consequentemente torna-se ´obvio que se ´e poss´ıvel calcular x(0) a partir de (1.10) tamb´em ´e poss´ıvel calcular x(0) a partir do conhecimento de y∗(t1) donde x0 ´e

ob-serv´avel.

Existindo esta equivalˆencia entre os conceitos de sistema observ´avel e sistema ob-serv´avel para a entrada nula, pode sem perda de generalidade considerar-se sempre a entrada nula no estudo da observabilidade. Considere-se ent˜ao daqui para a frente as equa¸c˜oes de estado que descrevem a evolu¸c˜ao livre do sistema:

˙x(t) = Ax(t), x0 = x(0)

y(t) = Cx(t).

Similarmente ao que foi desenvolvido para a atingibilidade, h´a tamb´em uma carac-teriza¸c˜ao b´asica para a observabilidade em termos de uma matriz gramiano,

Wo2(0, t1) =

Z t1

0

eATτCTCeAτdτ.

Teorema 1.1.6. O par (C, A) ´e observ´avel se e s´o se a matriz W2

o(0, t1) ´e invert´ıvel,

∀t1 > 0.

Demonstra¸c˜ao. Para demonstrar a suficiˆencia da invertibilidade de W2

o(0, t1) ,

suponha-se por hip´otese que a matriz Wo2(0, t1) ´e invert´ıvel para qualquer t1 > 0. Sabe-se que,

a resposta da sa´ıda ´e dada por

(22)

1.1. ATINGIBILIDADE E OBSERVABILIDADE 9

Multiplicando a express˜ao anterior `a esquerda por eATτ

CT resulta que,

eATτCTy(τ ) = eATτCTCeAτx0.

Integrando a igualdade anterior em [0, t1] obt´em-se,

Z t1 0 eATτCTy(τ )dτ = Z t1 0 eATτCTCeAτx0dτ donde, Z t1 0 eAτCTy(τ )dτ = Wo2(0, t1)x0. (1.12)

Note-se que o primeiro membro da igualdade (1.12) ´e determinado `a custa de y(t) e consequentemente (1.12) representa uma equa¸c˜ao alg´ebrica de vari´avel x0. Assim, se a

matriz W2

o(0, t1) for invert´ıvel ent˜ao, x0´e univocamente determinado pelo conhecimento

de y em [0, t1] concluindo-se deste modo que (C, A) ´e observ´avel.

No que se refere `a demonstra¸c˜ao da necessidade suponha-se que W2

o(0, t1) n˜ao ´e

invert´ıvel para um dado t1 > 0. Ent˜ao, existe um vector estado xa ∈ Rn n˜ao nulo tal

que

0 = xTaWo2(0, t1)

o que implica que,

0 = xTaWo2(0, t1)xa. Consequentemente, 0 = Z t1 0 xTaeATτCTCeAτxadτ = Z t1 0 Ce ATτ xa 2 dτ.

Como a fun¸c˜ao integranda ´e uma fun¸c˜ao cont´ınua n˜ao negativa segue-se que,

CeAτxa= 0, τ ∈ [0, t1]. (1.13)

Mas, assim sendo,

y(τ ) = CeAτ(x0+ xa) = CeAτx0, τ ∈ [0, t1].

donde, x(0) = x0 + xa e x(0) = x0 produzem a mesma resposta `a entrada nula, facto

que contraria a observabilidade. Logo, a matriz W2

o(0, t1) tem de ser invert´ıvel para

(23)

O pr´oximo Teorema constitu´ı um outro crit´erio para a observabilidade frequente-mente utilizado. Este crit´erio recorre `a caracter´ıstica da chamada matriz de observa-bilidade,         C CA .. . CAn−1         .

Teorema 1.1.7. O par (C, A) ´e observ´avel se e s´o se a matriz de observabilidade np×n verifica rank         C CA .. . CAn−1         = n.

Demonstra¸c˜ao. A demonstra¸c˜ao ´e similar `a do Teorema 1.1.3.

Repare-se que (C, A) ´e observ´avel se e s´o se (AT, CT) ´e ating´ıvel. Basta atender aos Teoremas 1.1.2 e 1.1.6 e ao facto de

rankhCT ATCT · · · An−1TCTi = rank         C CA .. . CAn−1         .

1.2

Estabilidade

Nesta sec¸c˜ao ´e estudada a estabilidade dos sistemas descritos pela equa¸c˜ao linear de estado associada `a entrada nula,

(24)

1.2. ESTABILIDADE 11

Defini¸c˜ao 1.2.1. Diz-se que o sistema descrito por (1.14) ´e est´avel se, para todo x0 ∈ Rn, a solu¸c˜ao x(t) satisfaz

lim

t→∞x(t) = 0.

´

E importante recordar que qualquer solu¸c˜ao x(t) da equa¸c˜ao (1.14) ´e da forma x(t) = eAtx0. Assim, lim t→∞x(t) = limt→∞e Atx 0

pelo que, o sistema associado `a equa¸c˜ao linear de estado (1.14) ´e est´avel se e s´o se eAt

converge para zero quando o tempo t tende para infinito.

Seguidamente ´e apresentado um crit´erio b´asico para a estabilidade de um dado sistema descrito por (1.14).

Teorema 1.2.2. Um sistema descrito por (1.14) ´e est´avel se e s´o se todos os valores pr´oprios da matriz A tˆem parte real negativa, isto ´e, os valores pr´oprios de A pertencem ao conjunto C− := {s ∈ C : Re(s) < 0}. Neste caso, existem constantes m e α > 0 tais que,

keAtk ≤ me−αt

para qualquer t ≥ 0.

Demonstra¸c˜ao. Para demonstrar este resultado recorre-se `a transforma¸c˜ao de Laplace. Recorde-se que

LeAt = (sI − A)−1

.

Ora, sendo A uma matriz constante de dimens˜ao finita, (sI−A)−1tem todas as entradas racionais estritamente pr´oprias pelo que

(sI − A)−1 = N (s)/d(s)

onde d(s) ´e o polin´omio m´ınimo m´ultiplo comum de entre todos os denominadores das entradas da matriz (sI − A)−1. Assim, cada entrada de N (s) tem grau inferior ao grau

(25)

de d.

Repare-se que

(sI − A)−1 = adj(sI − A) det(sI − A).

Especificamente, det(sI −A) ´e um polin´omio de grau n em s e cada entrada de adj(sI − A) ´e um polin´omio de grau n˜ao superior a n − 1. Suponha-se que

det(sI − A) = (sI − λ1)σ1(sI − λ2)σ2· · · (sI − λm)σm

onde λ1, λ2, ..., λms˜ao os valores pr´oprios de A e σ1, σ2, . . . , σm os correspondentes graus

de multiplicidade ( σ1+ σ2+ ... + σm = n). Ent˜ao,

(sI − A)−1 = m X k=1 σk X j=1 Wkj 1 (s − λk)j

onde cada Wkj ´e uma matriz n × n. Tomando a inversa da transforma¸c˜ao de Laplace

obt´em-se, eAt = m X k=1 σk X j=1 Wkj tj−1 (j − 1)!e λkt.

Consequentemente eAt aproxima-se de zero quando t tende para infinito se Re(λj) < 0

para qualquer j.

Para demonstrar a implica¸c˜ao rec´ıproca note-se que nenhuma das matrizes Wkj ´e

a matriz nula pelo que a existˆencia de um valor pr´oprio λk com parte real positiva

implicaria que eAt se aproximasse de infinito quando t tende para infinito, pelo que se eAt tende para zero para qualquer estado x

0 ∈ Rn uma vez que o sistema ´e est´avel por

hip´otese, ent˜ao todos os valores pr´oprios de A ter˜ao de possuir parte real negativa. Para completar esta a demonstra¸c˜ao basta verificar que

eAt = m X k=1 σk X j=1 tj−1 (j − 1)!e λktW kj ≤ m X k=1 σk X j=1 tj−1 (j − 1)! eλkt kWkjk . Como, eλkt = eRe(λk)t eAt ≤ m X k=1 σk X j=1 tj−1 (j − 1)!e Re(λk)tkW kjk

(26)

1.2. ESTABILIDADE 13

para qualquer t ≥ 0. Assuma-se ainda que, o sistema em causa ´e est´avel. Ent˜ao rapidamente resulta que existem constantes m e α > 0 tais que,

eAt ≤ me

−αt

(27)
(28)

Cap´ıtulo 2

Realiza¸

ao de sistemas lineares

2.1

O problema da realiza¸

ao

A ˆenfase deste trabalho ´e colocada no estudo da realiza¸c˜ao de sistemas lineares cont´ınuos invariantes no tempo. O problema da realiza¸c˜ao de um sistema consiste na determina¸c˜ao de um modelo de espa¸co de estados, conhecida a rela¸c˜ao existente entre a entrada e a sa´ıda. Considere-se o modelo (A, B, C, D) descrito pelas suas equa¸c˜oes lineares de estado

˙x(t) = Ax(t) + Bu(t), x0 = x(0) (2.1)

y(t) = Cx(t) + Du(t) (2.2)

onde A ∈ Rn×n, B ∈ Rn×m, C ∈ Rp×n e D ∈ Rp×m. Como se referiu no cap´ıtulo

anterior quando a condi¸c˜ao inicial ´e nula, isto ´e, x(0) = 0, a rela¸c˜ao entre a entrada e a sa´ıda do sistema ´e dada por,

y(t) = Z t

0

CeA(t−τ )Bu(τ )dτ + Du(t). (2.3) Assim, quando o estado inicial ´e nulo a rela¸c˜ao dinˆamica entre u e y ´e caracterizada

(29)

pela fun¸c˜ao matricial

G(t) := CeAtB, (2.4)

denominada por resposta impulsional, juntamente com a matriz D. Repare-se que sendo conhecidas as equa¸c˜oes de estado (2.1) e (2.2), a representa¸c˜ao do sistema atrav´es da descri¸c˜ao entrada-sa´ıda associada a (2.4) ´e imediata.

Alternativamente, pode ainda considerar-se a transformada de Laplace da matriz G(t) que se denomina por (matriz) fun¸c˜ao de transferˆencia. Com abuso de nota¸c˜ao denota-se a matriz fun¸c˜ao de transferˆencia por G(s). Assim,

G(s) = C(sI − A)−1B.

Suponha-se agora que apenas se conhece a resposta impulsional G(t) de um sistema ou a sua fun¸c˜ao de transferˆencia G(s). P˜oe-se ent˜ao o problema de determinar um mo-delo de espa¸co de estados (A, B, C) que produza a resposta dada. Este problema nem sempre ´e f´acil de resolver. Conhecida a matriz resposta impulsional, G(t), a obten¸c˜ao de um modelo de espa¸co estados correspondente n˜ao ´e imediata. Neste contexto duas quest˜oes podem ser colocadas. Ser´a sempre poss´ıvel obter um modelo de espa¸co de estados a partir de G(t)? E, no caso de a resposta a esta quest˜ao ser afirmativa, como construir o tal modelo pretendido? Na verdade nem sempre ´e poss´ıvel obter um mo-delo de espa¸co de estados a partir do conhecimento de G(t). Para aprofundar estas quest˜oes, torna-se conveniente clarificar os conceitos de realiza¸c˜ao associada a uma resposta impulsional e de resposta impulsional realiz´avel.

Defini¸c˜ao 2.1.1. Um modelo (A, B, C) diz-se uma realiza¸c˜ao de G(t) se a matriz de resposta impulsional G(t) pode ser expressa como

G(t) = CeAtB.

Uma matriz de resposta impulsional G(t) ´e realiz´avel se existe um modelo (A, B, C), tal que G(t) = CeAtB. A ordem da realiza¸ao de G(t) ´e definida como sendo a dimens˜ao

(30)

2.1. O PROBLEMA DA REALIZAC¸ ˜AO 17

Pode tamb´em definir-se realiza¸c˜ao associada a uma fun¸c˜ao de transferˆencia e fun¸c˜ao de transferˆencia realiz´avel.

Defini¸c˜ao 2.1.2. Um modelo (A, B, C) diz-se uma realiza¸c˜ao de G(s) se a fun¸c˜ao de transferˆencia G(s) pode ser expressa como,

G(s) = C(sI − A)−1B.

Uma fun¸c˜ao de transferˆencia G(s) ´e realiz´avel se existe um modelo (A, B, C), tal que G(s) = C(sI −A)−1B. A ordem da realiza¸c˜ao de G(s) ´e definida como sendo a dimens˜ao da matriz A.

Em geral a solu¸c˜ao para o problema da realiza¸c˜ao n˜ao ´e ´unica podendo coexistir diferentes realiza¸c˜oes subjacentes `a mesma resposta impulsional. Por exemplo, modelos equivalentes para um mesmo sistema linear, embora possam ser distintos, caracterizam-se por aprecaracterizam-sentarem a mesma resposta impulsional, como caracterizam-se ver´a de seguida.

Defini¸c˜ao 2.1.3. O modelo (A, B, C) de ordem n diz-se algebricamente equivalente ao modelo ( ˆA, ˆB, ˆC), tamb´em de ordem n, se existe uma matriz P invert´ıvel tal que os correspondentes estados x e ˆx est˜ao relacionados por ˆx(t) = P−1x(t), isto ´e, ˆx representa x num outro sistema de coordenadas. Neste caso,

ˆ A = P−1AP ˆ B = P−1B ˆ C = CP.

Para designar esta equivalˆencia usa-se habitualmente a seguinte nota¸c˜ao (A, B, C) P−1 //( ˆA, ˆB, ˆC) .

Atendendo ao comportamento da matriz exponencial, os dois modelos equivalentes por ac¸c˜ao de uma mudan¸ca de coordenadas, P, verificam

(31)

e ˆ CeAtˆB =ˆ CPˆ −1eAtP ˆB = CP P−1eAtP P−1B = CeAtB. Consequentemente, ˆ G(t) = G(t).

Conv´em salientar que existe a possibilidade de dois modelos de ordem distinta representarem a mesma resposta impulsional.

Exemplo 2.1.4. Considere-se a resposta impulsional

G(t) =   et 2et 0 4e2t  . O modelo (A, B, C) onde,

A =   1 0 0 2  , B =   1 2 0 4   e C = I2 ´

e uma realiza¸c˜ao de ordem dois para G(t). Tamb´em o modelo ( ˆA, ˆB, ˆC) onde,

ˆ A =      1 0 0 0 2 0 0 0 2      , ˆB =      1 2 1 4 1 0      e ˆC =   1 0 0 0 1 −1   ´

e uma realiza¸c˜ao de G(t) mas tem ordem trˆes.

O exemplo anterior justifica a importˆancia de definir realiza¸c˜ao de ordem m´ınima. Defini¸c˜ao 2.1.5. Uma realiza¸c˜ao (A, B, C) da resposta impulsional G(t) com ordem n, diz-se uma realiza¸c˜ao de ordem m´ınima de G(t) se n˜ao existe qualquer outra realiza¸c˜ao, ( ˆA, ˆB, ˆC), de G(t) de ordem ˆn < n.

(32)

2.1. O PROBLEMA DA REALIZAC¸ ˜AO 19

Para que uma dada matriz resposta impulsional seja realiz´avel ´e necess´ario, como se ir´a mostrar, que se verifiquem determinadas condi¸c˜oes. Apresenta-se de seguida um crit´erio que permite avaliar se uma dada matriz fun¸c˜ao de transferˆencia ´e realiz´avel.

Teorema 2.1.6. A fun¸c˜ao de transferˆencia G(s) ´e realiz´avel por um modelo (A, B, C) se e s´o se cada entrada de G(s) ´e uma fun¸c˜ao racional estritamente pr´opria.

Recorde-se que uma fun¸c˜ao racional ´e estritamente pr´opria se o grau do polin´omio numerador ´e estritamente menor que o grau do polin´omio denominador.

Demonstra¸c˜ao. Se G(s) tem uma realiza¸c˜ao (A, B, C) ent˜ao, G(s) = C(sI − A)−1B. Como cada entrada de (sI − A)−1 ´e uma fun¸c˜ao racional estritamente pr´opria e com-bina¸c˜oes lineares de fun¸c˜oes racionais estritamente pr´oprias s˜ao ainda fun¸c˜oes racionais estritamente pr´oprias, conclui-se que cada entrada de G(s) ´e uma fun¸c˜ao racional es-tritamente pr´opria. Para provar a condi¸c˜ao rec´ıproca suponha-se que cada entrada de G(s), Gij(s), ´e uma fun¸c˜ao racional estritamente pr´opria. Considere-se, sem perda de

generalidade, que o denominador de cada Gij(s) ´e m´onico, isto ´e, o coeficiente de maior

grau ´e um. Denote-se por d(s) o polin´omio m´onico m´ınimo m´ultiplo comum daqueles polin´omios denominadores,

d(s) = sr+ dr−1sr−1+ · · · + d0.

Ent˜ao, d(s)G(s) pode ser escrito como um polin´omio em s cujos coeficientes s˜ao ma-trizes constantes p × m,

(33)

O modelo (A, B, C) onde, A =            0m Im 0m ... 0m 0m 0m Im ... 0m .. . ... ... ... ... 0m 0m 0m ... Im −d0Im −d1Im −d2Im ... −dr−1Im            B =            0m 0m .. . 0m Im            e C = h N0 N1 · · · Nr−1 i ´

e, como se ir´a mostrar de seguida, uma realiza¸c˜ao de G(s) ficando deste modo de-monstrado que G(s) ´e realiz´avel quando se trata de uma fun¸c˜ao matricial estritamente pr´opria. Considere-se a matriz mr × m,

Z(s) = (sI − A)−1B =         Z1(s) Z2(s) .. . Zr(s)         (2.5)

onde os blocos Zi(s), i = 1, 2, 3, . . . , r, s˜ao matrizes m × m.

Multiplicando (2.5) `a esquerda por (sI −A) obt´em-se, escrevendo o resultado em termos das submatrizes Zi(s),

Zi+1(s) = sZi(s), i = 1, 2, 3, . . . , r − 1 (2.6)

e

sZr(s) + d0Z1(s) + d1Z2(s) + · · · + dr−1Zr(s) = Im. (2.7)

Recorrendo a (2.6) pode reescrever-se (2.7) como Z1(s) =

1 d(s)Im.

(34)

2.1. O PROBLEMA DA REALIZAC¸ ˜AO 21

Resolvendo agora em rela¸c˜ao a Z2(s), . . . , Zr(s) obt´em-se que

Zi(s) = 1 d(s)s i−1I m. Consequentemente, Z(s) = 1 d(s)         Im sIm .. . sr−1I m         .

Por fim, basta multiplicar por C `a esquerda, C(sI − A)−1B = 1

d(s)N0+ N1s + · · · + Nr−1s

r−1 = G(s)

e portanto, (A, B, C) ´e uma realiza¸c˜ao de G(s), pelo que G(s) ´e realiz´avel.

Se G(s) for uma fun¸c˜ao de transferˆencia racional pr´opria, designando

D = lim

s→∞G(s)

verifica-se que G(s) − D ´e estritamente pr´opria e por isso realiz´avel por um modelo (A, B, C). Assim,

G(s) − D = C(sI − A)−1B portanto,

G(s) = C(sI − A)−1B + D.

Neste caso, diz-se que (A, B, C, D) ´e uma realiza¸c˜ao de G(s). Como consequˆencia imediata desta observa¸c˜ao e do Teorema 2.1.6 obt´em-se o resultado que se segue.

Corol´ario 2.1.7. A fun¸c˜ao de transferˆencia G(s) ´e realiz´avel por um modelo (A, B, C, D) se e s´o se cada entrada de G(s) ´e uma fun¸c˜ao racional pr´opria.

(35)

2.2

Constru¸

ao de realiza¸

oes de ordem m´ınima

Nesta sec¸c˜ao discute-se a constru¸c˜ao e a caracteriza¸c˜ao de representa¸c˜oes de ordem m´ınima. Esta discuss˜ao imp˜oe que inicialmente se estude as caracter´ısticas de uma sequˆencia particular de matrizes que ser˜ao utilizadas posteriormente na resolu¸c˜ao do problema da realiza¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 2.2.1. Chama-se matriz de atingibilidade de ordem j associada ao modelo (A, B, C) `a matriz

Qj =

h

B AB · · · Aj−1Bi

e, matriz de observabilidade de ordem j associada `a representa¸c˜ao (A, B, C) `a matriz

Rj =         C CA .. . CAj−1         .

Estas matrizes permitem definir os conceitos de ´ındice de atingibilidade e ´ındice de observabilidade.

Defini¸c˜ao 2.2.2. Chama-se ´ındice de atingibilidade do modelo (A, B, C) ao menor n´umero inteiro α tal que,

rankQα= rankQα+1.

Similarmente chama-se ´ındice de observabilidade do modelo (A, B, C) ao menor n´umero inteiro β tal que,

rankRβ = rankRβ+1.

As matrizes Qα e Rβ possuem importantes caracter´ısticas que s˜ao apresentadas no

Lema que se segue.

Lema 2.2.3. Se α ´e o ´ındice de atingibilidade e β o ´ındice de observabilidade do modelo (A, B, C) ent˜ao,

(36)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 23

e

rankRi = rankRβ ∀i > β. (2.9)

Demonstra¸c˜ao. Sabe-se que

Qα = h B AB · · · Aα−1Bi e Qα+1 = h B AB · · · AαB i .

Sendo α o ´ındice de atingibilidade tem-se que α ´e o menor inteiro tal que

rankQα = rankQα+1.

Donde, as colunas de AαB s˜ao combina¸c˜oes lineares das colunas de B, AB, . . . , Aα−1B.

Consequentemente, para j > α, AjB ´e tamb´em combina¸c˜ao linear das colunas de B, AB, · · · , Aα−1B. Logo,

rankQi = rankQα

para i > α.

Similarmente se mostra que, rankRi = rankRβ ∀i > β.

Repare-se que α e β n˜ao podem exceder o valor de n j´a que pelo Teorema de Cayley-Hamilton1,

rankQr = rankQn para qualquer r ≥ n

e

rankRr = rankRn para qualquer r ≥ n.

O Lema que se segue evidencia a rela¸c˜ao existente entre as matrizes de atingibilidade e de observabilidade de determinada ordem de modelos algebricamente equivalentes.

1Este Teorema afirma que toda a matriz quadrada n × n satisfaz a sua equa¸ao caracter´ıstica, pelo

(37)

Lema 2.2.4. Se (A, B, C) ´e algebricamente equivalente ao modelo ( ¯A, ¯B, ¯C) atrav´es de uma mudan¸ca de coordenadas T ent˜ao,

¯

Qi = T−1Qi para i = 1, 2, . . .

¯

Ri = RiT para i = 1, 2, . . .

e, α = ¯α e β = ¯β, onde α e β denotam respectivamente o ´ındice de atingibilidade e o ´ındice de observabilidade da representa¸c˜ao (A, B, C) e, ¯α e ¯β denotam respectivamente o ´ındice de atingibilidade e o ´ındice de observabilidade da representa¸c˜ao ( ¯A, ¯B, ¯C).

Demonstra¸c˜ao. A primeira parte deste lema ´e facilmente verific´avel. Como,

(A, B, C) T−1 //( ¯A, ¯B, ¯C) , onde ¯ A = T−1AT, ¯B = T−1B e C = CT,¯ resulta que, ¯ Qi = h ¯ B A ¯¯B · · · A¯i−1B¯i = h T−1B T−1AB · · · T−1Ai−1B i = T−1Qi

(38)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 25 e, ¯ Ri =         ¯ C ¯ C ¯A .. . ¯ C ¯Ai−1         =         CT CAT .. . CAi−1T         = RiT.

Procede-se agora `a demonstra¸c˜ao de que α = ¯α e β = ¯β. Por um lado, atendendo ao que se acabou de provar sabe-se que

¯ Qα+1¯ = T−1Qα+1¯ e ¯ Qα¯ = T−1Qα¯. Logo, rank ¯Qα+1¯ = rankQα+1¯ e rank ¯Qα¯ = rankQα¯.

Como ¯α ´e o ´ındice de atingibilidade de ( ¯A, ¯B, ¯C) ent˜ao,

rank ¯Qα+1¯ = rank ¯Qα¯.

pelo que

(39)

donde ¯α ≥ α atendendo ao facto de α ser o ´ındice de atingibilidade de (A, B, C). Por outro lado

¯ Qα+1 = T−1Qα+1 e ¯ Qα = T−1Qα. Assim, rank ¯Qα+1 = rankQα+1 e rank ¯Qα = rankQα. pelo que rank ¯Qα= rank ¯Qα+1.

Uma vez que ¯α ´e o ´ındice de atingibilidade de ( ¯A, ¯B, ¯C) resulta que α ≥ ¯α. Deste modo conclui-se que α = ¯α como se pretendia.

De modo similar, mostra-se que β = ¯β.

Como consequˆencia do Lema 2.2.3 e dos crit´erios de atingibilidade (Teorema 1.1.3) e de observabilidade (Teorema 1.1.7), verifica-se o seguinte resultado.

Lema 2.2.5. Se α ´e o ´ındice de atingibilidade e β o ´ındice de observabilidade do modelo (A, B, C) ent˜ao, tal representa¸c˜ao ´e ating´ıvel se e s´o se

rankQα = n

e ´e observ´avel se e s´o se

rankRβ = n.

Demonstra¸c˜ao. Atendendo a que α ≤ n, β ≤ n e ao Lema 2.2.3 tem-se que rankQn = rankQα

e

rankRn= rankRβ

(40)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 27

O Teorema que se segue providencia a chamada decomposi¸c˜ao de atingibilidade de um sistema inicialmente dado.

Teorema 2.2.6. Seja α o ´ındice de atingibilidade do modelo (A, B, C). Se rankQα =

q ≤ n, ent˜ao (A, B, C) ´e algebricamente equivalente a um modelo ( ¯A, ¯B, ¯C) onde, ¯ A =   ¯ A11 A¯12 0 A¯22   ¯ B =   ¯ B1 0   ¯ C = C¯1 C¯2 e ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) de dimens˜ao q ´e ating´ıvel.

Demonstra¸c˜ao. Considere-se uma matriz T1, n×q constitu´ıda por q colunas linearmente

independentes de Qα. Deste modo, as colunas de T1 formam uma base para o espa¸co

gerado pelas colunas de Qα. Considere-se ainda uma outra matriz T2, n × (n − q)

cujas colunas completam a base anteriormente referida em Rn. Ent˜ao, verifica-se que

a matriz T := hT1 T2

i

, n × n, tem caracter´ıstica n e por conseguinte ´e invert´ıvel. Esta matriz T permite definir o modelo ( ¯A, ¯B, ¯C) = (T−1AT, T−1B, CT ) pretendido. Note-se que Qα+1 =   h B AB · · · Aα−1Bi | {z } Qα AαB  

e, rankQα+1 = rankQα. Consequentemente, rankQα+1 = q pelo que a matriz Qα+1

s´o tem q colunas linearmente independentes. Assim, sendo as q colunas de T1 colunas

de Qα+1 resulta que as colunas de T1 constituem uma base para o espa¸co gerado pelas

colunas de Qα+1. Como a matriz AT1 ´e constitu´ıda por colunas de Qα+1 as colunas de

AT1 s˜ao combina¸c˜oes lineares das colunas de T1 pelo que, existe uma matriz ¯A11 tal

que AT1 = T1A¯11. Assim, as primeiras q colunas de ¯A s˜ao dadas por

T−1AT1 = T−1T1A¯11=   Iq 0  A¯11 =   ¯ A11 0  

(41)

para alguma matriz ¯A11. Por conseguinte, ¯ A = T−1AT =   ¯ A11 A¯12 0 A¯22  . De modo an´alogo,

¯ B = T−1B = T−1T1B¯1 =   Iq 0  B¯1 =   ¯ B1 0  

uma vez que as colunas de B s˜ao colunas de Qα e por isso s˜ao combina¸c˜oes lineares das

colunas de T1. Denote-se por ˆQαa matriz de atingibilidade de ordem α de ( ¯A11, ¯B1, ¯C1).

Ent˜ao, a partir da forma de ¯A e de ¯B e atendendo a que ¯A = T−1AT e ¯B = T−1B obt´em-se, ¯ Qα = T−1Qα =   ˆ Qα 0  . Consequentemente, rank ˆQα = rankQα = q,

pelo que, ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) ´e ating´ıvel.

`

A semelhan¸ca do que acontece para a atingibilidade ´e tamb´em poss´ıvel construir a chamada decomposi¸c˜ao de observabilidade para um sistema inicialmente dado.

Teorema 2.2.7. Seja β o ´ındice de observabilidade do modelo (A, B, C). Se rankRβ =

q ≤ n, ent˜ao (A, B, C) ´e algebricamente equivalente a uma representa¸c˜ao ( ¯A, ¯B, ¯C) onde, ¯ A =   ¯ A11 0 ¯ A21 A¯22   ¯ B =   ¯ B1 ¯ B2   ¯ C = C¯1 0

(42)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 29

e ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) de dimens˜ao q ´e observ´avel.

Demonstra¸c˜ao. Esta demonstra¸c˜ao ´e similar `a demonstra¸c˜ao do Teorema 2.2.6.

Muitas vezes dado um modelo inicial pretende-se determinar um outro do qual se possa isolar um subsistema simultaneamente ating´ıvel e observ´avel. O teorema que se segue evidencia a existˆencia e a forma de tal modelo.

Teorema 2.2.8. Sejam α e β, respectivamente, os ´ındices de atingibilidade e de obser-vabilidade associados a um modelo (A, B, C). Se rankRβQα = q ≤ n, ent˜ao (A, B, C)

´e algebricamente equivalente a um modelo ( ¯A, ¯B, ¯C) onde,

¯ A =      ¯ A11 0 A¯13 ¯ A21 A¯22 A¯23 0 0 A¯33      ¯ B =      ¯ B1 ¯ B2 0      ¯ C = C¯1 0 C¯2 (2.10)

e ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) de dimens˜ao q ´e ating´ıvel e observ´avel. Mais ainda, se ¯δ e ¯γ s˜ao os

menores inteiros tais que rankRδ¯Q¯γ = q, ent˜ao ¯γ e ¯δ s˜ao respectivamente os ´ındices

de atingibilidade e de observabilidade do modelo ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) de dimens˜ao q .

Antes de proceder `a demonstra¸c˜ao deste teorema ´e necess´ario o conhecimento do seguinte lema auxiliar.

Lema 2.2.9. Dado um modelo (A, B, C) de ordem n, considerem-se as matrizes de atingibilidade de ordem α, Qα, e de observabilidade de ordem β, Rβ. Ent˜ao,

rankQα = n e rankRβ = n

(43)

Demonstra¸c˜ao. Suponha-se que,

rankQα = n e rankRβ = n.

Note-se que se rankQα = n ent˜ao existe uma matriz invert´ıvel U tal que,

QαU =

h In 0

i

e, se rankRβ = n ent˜ao existe uma matriz invert´ıvel V tal que

V Rβ =   In 0  . Portanto, V RβQαU =   In 0 0 0  .

Como V e U s˜ao matrizes invert´ıveis e RankIn= n resulta que rankRβQα = n.

Reciprocamente suponha-se que,

rankRβQα = n.

Ent˜ao,

rankQα ≥ n e rankRβ ≥ n.

Mas, a matriz Rβ s´o tem n colunas e a matriz Qα s´o tem n linhas. Assim,

rankQα = n e rankRβ = n.

Demonstra¸c˜ao. (Do Teorema 2.2.8) A demonstra¸c˜ao deste teorema baseia-se na aplica¸c˜ao dos dois teoremas anteriores visando a constru¸c˜ao de uma “dupla”decomposi¸c˜ao que conduza `a determina¸c˜ao de um modelo dotado de um subsistema simultaneamente ating´ıvel e observ´avel.

Pelo Lema 2.2.9 sabe-se que, se

(44)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 31

ent˜ao,

rankQα = q1 < n ou rankRβ = q2 < n.

Trˆes situa¸c˜oes podem ser analisadas. Suponha-se em primeiro lugar o caso em que, rankQα = q < n e rankRβ = n.

Neste caso, a decomposi¸c˜ao de observabilidade de (A, B, C) ´e o pr´oprio modelo (A, B, C) pois o modelo (A, B, C) ´e por si observ´avel (ver Teorema 1.1.7). Assim, para esta si-tua¸c˜ao, a “dupla” decomposi¸c˜ao consiste apenas na decomposi¸c˜ao de atingibilidade sugerida pelo Teorema 2.2.6. Num segundo caso considere-se

rankQα = n e rankRβ = q < n.

Neste segundo caso o modelo (A, B, C) ´e j´a ating´ıvel (ver Teorema 1.1.3). Conse-quentemente, a “dupla” decomposi¸c˜ao pretendida consiste apenas na decomposi¸c˜ao de observabilidade descrita pelo Teorema 2.2.7.

Por fim, pode considerar-se o caso em que,

rankQα = q1 < n e rankRβ = q2 < n.

Repare-se que neste caso o sistema (A, B, C) n˜ao ´e ating´ıvel nem ´e observ´avel. Assim, ´e necess´ario recorrer de facto `a “dupla” decomposi¸c˜ao por forma a se determinar um sub-sistema de (A, B, C) simultaneamente ating´ıvel e observ´avel. Proceda-se inicialmente, por exemplo, `a decomposi¸c˜ao de atingibilidade (Teorema 2.2.6). Assim, obt´em-se um modelo algebricamente equivalente a (A, B, C)

(A, B, C) T−1 //( ˆA, ˆB, ˆC) , onde ˆ A =   ˆ A11 Aˆ12 0 Aˆ22  , B =ˆ   ˆ B1 0   e C =ˆ h ˆ C1 Cˆ2 i

com ( ˆA11, ˆB1, ˆC1) de ordem q1 e ating´ıvel. Consequentemente,

rankhBˆ1 Aˆ11Bˆ1 · · · Aˆq1−1

11 Bˆ1

i = q1.

(45)

Em seguida aplica-se o Teorema 2.2.7 ao modelo ( ˆA11, ˆB1, ˆC1) obtendo-se ( ˆA11, ˆB1, ˆC1) S1−1 //( ˜A11, ˜B1, ˜C1) onde ˜ A11=   ¯ A11 0 ¯ A21 A¯22  , B˜1 =   ¯ B1 ¯ B2   e C =˜ h ¯ C1 0 i

determinando-se deste modo um seu subsistema observ´avel, ( ¯A11, ¯B1, ¯C1), de dimens˜ao

¯

q. Verifica-se ent˜ao que

rank         ¯ C1 ¯ C1A¯11 .. . ¯ C1A¯q−111¯         = ¯q ≤ q1. Esquematicamente, (A, B, C) T−1 //( ˆA, ˆB, ˆC) S−1  ( ¯A, ¯B, ¯C) onde S−1 =   S1−1 0 0 In−q1  .

(46)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 33

Facilmente se verifica que o modelo ( ¯A, ¯B, ¯C) tem de facto a forma descrita em (2.10),

¯ A =   S1−1 0 0 In−q1  T−1AT   S1 0 0 In−q1   =   S1−1 0 0 In−q1  Aˆ   S1 0 0 In−q1   =   S1−1 0 0 In−q1     ˆ A11 Aˆ12 0 Aˆ22     S1 0 0 In−q1   =     ˜ A11 z }| { S1−1Aˆ11S1 S1−1Aˆ12 0 Aˆ22S1     =      ¯ A11 0 A¯13 ¯ A21 A¯22 A¯23 0 0 A¯33      , com   ¯ A13 ¯ A23  = S −1 1 Aˆ12 e ¯A33= ˆA22S1, ¯ B =   S1−1 0 0 I  T−1B =   S1−1 0 0 I     ˆ B1 0   =   S1−1Bˆ1 0   =      ¯ B1 ¯ B2 0      , com   ¯ B1 ¯ B2  = S −1 1 Bˆ1,

(47)

¯ C = CT   S1 0 0 I   = h ˆ C1 Cˆ2 i   S1 0 0 I   = " ˆ C1S1 | {z } ˜ C1 ˆ C2 # = hC¯1 0 C¯2i, com hC¯1 0i= ˜C1 e ¯C2 = ˆC2,

e ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) ´e ating´ıvel e observ´avel. A observabilidade ´e imediata decorrente da

aplica¸c˜ao do Teorema 2.2.7. Para verificar que o subsistema observ´avel ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) ´e

tamb´em ating´ıvel basta observar que,

rankhB¯1 A¯11B¯1 · · · A¯α−1 11 B¯1 i = ¯q. ´ E j´a sabido que, rank ˆQα = rank h ˆ B1 Aˆ11Bˆ1 · · · Aˆα−111 Bˆ1 i = q1. Ora, rank ˆQα = rank h ˆ B1 Aˆ11Bˆ1 Aˆ112 Bˆ1 · · · Aˆα−111 Bˆ1 i = rankhS1−1Bˆ1 S1−1Aˆ11S1S1−1Bˆ1 S1−1Aˆ211S1S1−1Bˆ1 · · · S1−1Aˆ α−1 11 S1S1−1Bˆ1 i = rankhB˜1 A˜11B˜1 A˜211B˜1 · · · A˜α−111 B˜1 i = rank     ¯ B1 ¯ B2     ¯ A11 0 ¯ A21 A¯22     ¯ B1 ¯ B2     ¯ A2 11 0 ∗ ∗     ¯ B1 ¯ B2   · · ·   ¯ Aα−111 0 ∗ ∗     ¯ B1 ¯ B2     = rank     ¯ B1 A¯11B¯1 A¯112 B¯1 · · · A¯α−111 B¯1 ¯ B2 ∗ ∗ · · · ∗    .

(48)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 35

Como, ¯B1 tem ¯q linhas e ¯B2 tem q1− ¯q se

rank     ¯ B1 A¯11B¯1 A¯112 B¯1 · · · A¯α−111 B¯1 ¯ B2 ∗ ∗ · · · ∗    = q1

ent˜ao, as ¯q primeiras linhas s˜ao linearmente independentes donde,

rankhB¯1 A¯11B¯1 A¯2 11B · · ·¯ A¯ α−1 11 B¯1 i = ¯q.

Logo, ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) de dimens˜ao ¯q ´e tamb´em ating´ıvel.

Resta agora mostrar que ¯q = q. Para mostrar esta igualdade consideram-se as seguintes parti¸c˜oes das matrizes de atingibilidade de ordem α, Qα, e de observabilidade

de ordem β, Rβ, associadas ao modelo descrito em (2.10),

¯ Qα =      ¯ Qα1 ¯ Qα2 ¯ Qα3      e, ¯ Rβ = h ¯ Rβ1 R¯β2 R¯β3 i . ´

E claramente verdade que, ¯Qα1 e ¯Rβ1 correspondem exactamente `as matrizes de

atin-gibilidade de ordem α e de observabilidade de ordem β do modelo ( ¯A11, ¯B1, ¯C1)

respec-tivamente. Observe-se que

¯ Qα =           ¯ B1 ¯ B2 0           ¯ A11 0 A¯13 ¯ A21 A¯22 A¯23 0 0 A¯33           ¯ B1 ¯ B2 0      · · ·      ¯ Aα−111 0 ∗ ∗ A¯α−122 ∗ 0 0 A¯α−133           ¯ B1 ¯ B2 0           =      ¯ B1 A¯11B¯1 · · · A¯α−111 B¯1 ¯ B2 ∗ · · · ∗ 0 0 · · · 0      =      ¯ Qα1 ¯ Qα2 ¯ Qα3     

(49)

e ¯ Rβ =                        h ¯ C1 0 C¯2 i h ¯ C1 0 C¯2 i      ¯ A11 0 A¯13 ¯ A21 A¯22 A¯23 0 0 A¯33      .. . h ¯ C1 0 C¯2 i      ¯ Aβ−111 0 ∗ ∗ A¯β−111 ∗ 0 0 A¯β−133                             =         ¯ C1 0 C¯2 ¯ C1A¯11 0 ∗ .. . ... ... ¯ C1A¯ β−1 11 0 ∗         = h ¯ Rβ1 R¯β2 R¯β3 i . Consequentemente, ¯ RβQ¯α = h ¯ Rβ1 R¯β2 R¯β3 i      ¯ Qα1 ¯ Qα2 ¯ Qα3      = R¯β1Q¯α1+ ¯Rβ2Q¯α2+ ¯Rβ3Q¯α3.

Uma vez que ¯Rβ2 = 0 e ¯Qα3= 0 verifica-se que

¯

RβQ¯α = ¯Rβ1Q¯α1.

Por outro lado,

(50)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 37

e portanto, pelo Teorema 2.2.4, ¯ RβQ¯α = Rβ(S−1T−1) −1 S−1T−1Qα = RβT SS−1T−1Qα = RβQα. Assim, rank ¯Rβ1Q¯α1= rankRβQα = q.

Contudo a atingibilidade e a observabilidade do modelo ( ¯A11, ¯B1, ¯C1) de dimens˜ao ¯q

implicam que

rank ¯Rβ1Q¯α1= ¯q.

(Basta atender aos Lemas 2.2.5 e 2.2.9). Consequentemente, q = ¯q.

Falta apenas mostrar que se ¯γ e ¯δ s˜ao os menores inteiros que verificam

rankRδ¯Q¯γ = q (2.11)

ent˜ao ¯γ e ¯δ s˜ao os ´ındices de atingibilidade e de observabilidade do modelo ( ¯A11, ¯B1, ¯C1)

de dimens˜ao q.

Suponha-se que ¯γ n˜ao ´e o ´ındice de atingibilidade de ( ¯A11, ¯B1, ¯C1). Ent˜ao, existe

um inteiro ¯γ com ¯¯ γ ≤ ¯¯ γ tal que,

rankQ¯¯γ = rankQγ+1¯¯ .

(Obviamente, rankQ¯γ = rankQγ¯¯). Assim,

Q¯γ =

h

Qγ¯¯ | combina¸c˜oes lineares de colunas de Q¯¯γ

i

= hQγ¯¯ | Qγ¯¯L

i .

(51)

Logo, q = rankR¯δQγ¯ = rankR¯δ h Q¯¯γ | Q¯¯γL i = rank h Rδ¯Q¯¯γ | Rδ¯Q¯¯γL i = rankR¯δQγ¯¯ h I L i = rankR¯δQγ¯¯ h I L i   I −L 0 I   = rankR¯δQγ¯¯ h I 0 i = rankR¯δQγ¯¯.

Assim, ¯γ e ¯δ n˜ao seriam os menores inteiros que verificam (2.11), uma vez que ¯δ e ¯

¯

γ com ¯¯γ < ¯γ tamb´em verificam (2.11). Pode ent˜ao concluir-se que ¯γ ´e o ´ındice de atingibilidade do modelo ( ¯A11, ¯B1, ¯C1).

Analogamente se mostra que ¯δ ´e o ´ındice de observabilidade do modelo ( ¯A11, ¯B1, ¯C1).

Recorde-se que a resposta impulsional G(t) para qualquer t ∈ R+0 foi definida como

sendo a matriz

G(t) = CeAtB.

Assim, G(t) ´e anal´ıtica e por isso infinitamente diferenci´avel, donde ´e poss´ıvel definir a matriz (ip) × (jm), Γij(t) =          G(t) d dtG(t) ... dj−1 dtj−1G(t) d dtG(t) d2 dt2G(t) ... dj dtjG(t) .. . ... ... ... di−1 dti−1G(t) di dtiG(t) ... di+j−2 dti+j−2G(t)          onde, i, j ∈ N e t ≥ 0. Repare-se que

(52)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 39

onde Qj e Ri s˜ao respectivamente as matrizes de atingibilidade de ordem j e de

obser-vabilidade de ordem i. Para t = 0

Γij(0) = RiQj =: Γij.

Atrav´es desta matriz ´e poss´ıvel estabelecer a conex˜ao existente entre os conceitos de atingibilidade, observabilidade e minimalidade.

Teorema 2.2.10. Seja (A, B, C) um modelo de ordem n, com ´ındices de atingibilidade e observabilidade α e β, respectivamente. As seguintes afirma¸c˜oes s˜ao equivalentes:

1. (A, B, C) ´e ating´ıvel e observ´avel. 2. rankΓβα = n.

3. (A, B, C) ´e uma realiza¸c˜ao de ordem m´ınima.

Demonstra¸c˜ao. A demonstra¸c˜ao deste Teorema segue a seguinte sequˆencia. Em pri-meiro lugar prova-se a equivalˆencia 1 ⇔ 2, em segundo lugar estuda-se 3 ⇒ 2 e final-mente, 2 ⇒ 3. A equivalˆencia entre 1 e 2 ´e consequˆencia imediata do Lema 2.2.9 e dos Teoremas 1.1.3 e 1.1.7. A implica¸c˜ao 3 ⇒ 2 prova-se por contraposi¸c˜ao. Suponha-se ent˜ao que 2 n˜ao se verifica, isto ´e,

rankRβQα 6= n.

Como a matriz Rβ s´o tem n colunas e a matriz Qα s´o tem n linhas, sabe-se que

rankRβQα ≤ n,

logo, se rankRβQα = q 6= n ´e porque rankRβQα < n e por conseguinte a realiza¸c˜ao

(A, B, C) n˜ao ´e de ordem m´ınima atendendo ao Teorema 2.2.8. De facto, verifica-se que o modelo ( ¯A11, ¯B1, ¯C1), de menor ordem, q < n, referido neste teorema possui a

mesma resposta impulsional que (A, B, C). Uma vez que

eAt¯ = ∞ X k=0 1 k! ¯ Aktk e A¯k =      ¯ Ak 11 0 ∗ ∗ A¯k22 ∗ 0 0 A¯k 33      ,

(53)

verifica-se que, G(t) = CeAtB = Ce¯ At¯ B¯ = C¯ ∞ X k=0 1 k! ¯ AktkB¯ = ∞ X k=0 1 k!t kh¯ C1 0 C¯2 i      ¯ Ak11 0 ∗ 0 A¯k 22 ∗ 0 0 A¯k33           ¯ B1 ¯ B2 0      = ∞ X k=0 1 k!t kh¯ C1A¯k11 0 ∗ i      ¯ B1 ¯ B2 0      = ∞ X k=0 1 k!t k¯ C1A¯k11B¯1 = C¯1 ∞ X k=0 1 k! ¯ Ak11tkB¯1 = C¯1e ¯ A11tB¯ 1.

Finalmente resta mostrar a implica¸c˜ao 2 ⇒ 3. Suponha-se que

rankRβQα = n

e que, (A, B, C) ´e uma realiza¸c˜ao de G(t), mas n˜ao de ordem m´ınima. Ent˜ao, existe um modelo ( ¯A, ¯B, ¯C) de dimens˜ao ¯n com ¯n < n que realiza a matriz de resposta impulsional G(t). Como ( ¯A, ¯B, ¯C) de ordem ¯n e (A, B, C) de ordem n realizam a mesma matriz de resposta impulsional,

(54)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 41

Uma vez que ¯Rβ tem apenas ¯n colunas pois

¯ Rβ =         ¯ C ¯ C ¯A .. . ¯ C ¯Aβ−1         conclui-se que rank ¯Rβ ≤ ¯n. Consequentemente, rankRβQα = rank ¯RβQ¯α ≤ ¯n < n o que contradiz 2.

Como consequˆencia imediata deste teorema surge o seguinte corol´ario.

Corol´ario 2.2.11. Denotando por α e β os ´ındices de atingibilidade e de observabili-dade associado ao modelo (A, B, C) e sendo ¯γ e ¯δ os primeiros inteiros tais que,

rankR¯δQγ¯ = rankRβQα= q ≤ n,

ent˜ao, as realiza¸c˜oes de ordem m´ınima de G(t), tamb´em realizada pelo modelo (A, B, C) de ordem n, tˆem ordem q, ´ındice de atingibilidade ¯γ e ´ındice de observabilidade ¯δ.

O problema da realiza¸c˜ao pode ser colocado em termos dos coeficientes da expans˜ao em s´erie de potˆencias de G(t) em t = 0,

G(t) = ∞ X i=0 1 i! di dtiG(t)|t=0t i. As matrizes p × m G0, G1, G2, . . . onde Gi = di dtiG(t)|t=0, i = 0, 1, . . . (2.12)

(55)

s˜ao denominadas por parˆametros de Markov correspondentes `a resposta impulsional G(t). Obviamente se G(t) ´e realiz´avel por meio do modelo (A, B, C), ent˜ao a sequˆencia de parˆametros de Markov pode ser expressa na forma,

Gi = CAiB, i = 0, 1, . . . , (2.13) j´a que Gi = di dtiG(t)|t=0= CA ieAtB| t=0 = CAiB.

Os parˆametros de Markov podem tamb´em ser determinados a partir da fun¸c˜ao de transferˆencia G(s), transformada de Laplace de G(t). ´E poss´ıvel verificar que

G0 = sG(s) − L  d dtG(t)  (2.14) e que para i = 1, 2, 3, . . . Gi = s " siG(s) − i X j=1 si−jGj−1 # − L d i+1 dti+1G(t)  . (2.15)

Para confirmar a igualdade (2.14) basta observar que, Ld dtG(t) (s) = Z ∞ 0 e−st d dtG(t)dt = G(t)e−st|∞ 0 − Z ∞ 0 −se−stG(t)dt = G(t)e−st|∞ 0 + s Z ∞ 0 e−stG(t)dt | {z } L[G(t)]=G(s) = lim t→∞G(t)e −st | {z } 0 −e−s.0G(0) + sG(s) = −G(0) + sG(s) = −G0+ sG(s).

A igualdade (2.15) ser´a de seguida demonstrada por indu¸c˜ao. Em primeiro lugar procede-se `a demonstra¸c˜ao da igualdade para i = 1. Por (2.12) sabe-se que,

G1 =

d

(56)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 43

Ent˜ao, primitivando por partes,

L d 2 dt2G(t)  (s) = Z ∞ 0 e−st d 2 dt2G(t)dt = Z ∞ 0 e−st d dt  d dtG(t)  dt = e−st d dtG(t)| ∞ 0 − Z ∞ 0 −s.e−st d dtG(t)dt = e−st d dtG(t)| ∞ 0 + s Z ∞ 0 e−st d dtG(t)dt | {z } L   d dtG(t)  (s)=−G(0)+sG(s) = lim t→∞e −st d dtG(t) − d dtG(t)|t=0+ s(−G(0) + sG(s)) = 0 − d dtG(t)|t=0 | {z } G1 +s(−G(0) + sG(s)) = −G1+ s(sG(s) − G0).

Seguidamente prova-se que

Gi+1= s " si+1G(s) − i+1 X j=1 si+1−jGj−1 # − L d i+2 dti+2G(t)  (2.16)

admitindo por hip´otese de indu¸c˜ao,

Gi = s " siG(s) − i X j=1 si−jGj−1 # − L d i+1 dti+1G(t)  . (2.17)

(57)

Assim, L d i+2 dti+2G(t)  (s) = Z ∞ 0 e−st d i+2 dti+2G(t)dt = Z ∞ 0 e−st d dt  di+1 dti+1G(t)  dt = e−st d i+1 dti+1G(t)| ∞ 0 − Z ∞ 0 −se−st d i+1 dti+1G(t)dt = e−st d i+1 dti+1G(t)| ∞ 0 + s Z ∞ 0 e−st d i+1 dti+1G(t)dt | {z } L   di+1 dti+1G(t)  (s) = −d i+1 dti+1G(t)|t=0+ s " −Gi+ s " siG(s) − i X j=1 si−jGj−1 ## = −Gi+1− sGi+ s " si+1G(s) − i X j=1 si+1−jGj−1 # = −Gi+1+ s " si+1G(s) − i X j=1 si+1−jGj−1− Gi # = −Gi+1+ s " si+1G(s) − i+1 X j=1 si+1−jGj−1 # . Repare-se tamb´em que,

lim s→∞L  d dtG(t)  (s) = lim s→∞ Z ∞ 0 e−st d dtG(t)dt = Z ∞ 0 lim s→∞e −st d dtG(t)dt = 0

uma vez que

lim

s→∞e −st d

(58)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 45 para t ∈ [0, ∞[. Consequentemente, lim s→∞L  d dtG(t)  (s) = −G0 + lim s→∞sG(s)

o que implica que,

G0 = lim

s→∞sG(s).

Para Gi com i = 1, 2, 3, ..., verifica-se que

Gi = lim s→∞s " siG(s) − i X j=1 si−jGj−1 # .

Basta atender `a express˜ao (2.15) e ao facto de, analogamente ao caso i = 0, se verificar que lim s→∞L  di+1 dti+1G(t)  (s) = 0.

Recorde-se que G(s) s´o ´e realiz´avel por um modelo (A, B, C) se for uma fun¸c˜ao racional estritamente pr´opria, atendendo ao Teorema 2.1.6. Para cada entrada de G(s) a divis˜ao do polin´omio numerador pelo denominador origina uma s´erie de potˆencias em s−1, pelo que G(s) se pode escrever como

G(s) = ˜G0s−1+ ˜G1s−2+ ˜G2s−3+ · · · . Repare-se que, ˜ G0 = lim s→∞sG(s) = G0 ˜ G1 = lim s→∞s [sG(s) − G0] = G1 ˜ G2 = lim s→∞ss 2G(s) − sG 0 − G1 = G2

e assim sucessivamente. Assim, a sequˆencia de parˆametros de Markov surge como a sequˆencia dos coeficientes matriciais na express˜ao,

G(s) = G0s−1+ G1s−2+ G2s−3+ · · · . (2.18)

Deste modo, o desenvolvimento de G(s) em s´erie de potˆencias de s−1 constitu´ı um m´etodo alternativo para determina¸c˜ao dos parˆametros de Markov. Atendendo a (2.18),

(59)

o problema da realiza¸c˜ao pode ser tratado com base na sequˆencia dos parˆametros de Markov. Note-se que a matriz, Γij = RiQj com i, j = 1, 2, 3, · · · , ´e dada por

Γij =         G0 G1 · · · Gj−1 G1 G2 ... Gj .. . ... · · · ... Gi−1 Gi · · · Gi+j−2         . (2.19)

Esta matriz ´e usualmente denominada por matriz de Hankel de ordem i, j (por blocos) correspondente a G(t) e G(s).

O estudo das caracter´ısticas da matriz de Hankel associada a uma determinada matriz de resposta impulsional G(t), ou matriz de transferˆencia G(s), conduz a um importante crit´erio para a constru¸c˜ao de realiza¸c˜oes de ordem m´ınima, de seguida apresentado.

Teorema 2.2.12. A resposta impulsional G(t), p × m anal´ıtica, admite uma realiza¸c˜ao se e s´o se existem inteiros l, k e n com l, k ≤ n tais que

rankΓlk= rankΓl+1,k+j = n, j = 1, 2, . . . . (2.20)

Demonstra¸c˜ao. Suponha-se por hip´otese que existem inteiros l, k e n com l, k ≤ n que verificam (2.20) e proceda-se `a constru¸c˜ao de uma realiza¸c˜ao de dimens˜ao n. Considere-se da matriz de Hankel por blocos, Γlk,

Γlk =         G0 G1 · · · Gk−1 G1 G2 · · · Gk .. . ... ... ... Gl−1 Gl · · · Gl+k−2         .

Uma vez que, por hip´otese, Γlk tem caracter´ıstica n, esta matriz possui n linhas

linearmente independentes. Sejam i1, ..., in os ´ındices das primeiras n linhas de Γlk

nestas condi¸c˜oes.

Considere-se as matrizes Hk e Hks definidas do seguinte modo: Hk ´e a submatriz

(60)

2.2. CONSTRUC¸ ˜AO DE REALIZAC¸ ˜OES DE ORDEM M´INIMA 47

pelas suas linhas i1 + p, . . . , in+ p. Como Γlk ´e submatriz de Γl+1,k, tamb´em Hk ´e

submatriz de Γl+1,k. Al´em disso, por 2.20, as suas linhas geram o espa¸co das linhas de

Γl+1,k e, em particular, as linhas de Hks, pelo que existe uma matriz A, n × n, tal que

Hks= AHk. (2.21)

Do mesmo modo, as linhas de Γ1,k s˜ao combina¸c˜oes lineares das de Hk, pelo que, existe

uma matriz C, p × n, tal que

Γ1k = CHk. (2.22)

Seja agora B a matriz constitu´ıda pelas m primeiras colunas de Hk. Verifica-se que

(A, B, C) constitui uma realiza¸c˜ao para a resposta impulsional G. Para mostrar que de facto isso acontece, defina-se de um modo geral as matrizes Hj, j = 1, 2, 3, . . .

como sendo constitu´ıdas pelas linhas i1, . . . , in de Γlj. Note-se que, se j < k, Hj ´e

uma submatriz de Hk, enquanto que, se e j > k, Hj ´e uma extens˜ao daquela matriz.

Defina-se ainda Hjs de forma an´aloga a Hks. ´E claro que, Hjs = AHj, se j ≤ k.

Por outro lado, se j > k, as n linhas de Hj, que s˜ao linearmente independentes, geram

as linhas de Hjs, pelo que existe uma matriz ˜A tal que Hjs = ˜AHj.

Uma vez que Hs

k e Hk s˜ao submatrizes de Hjs e Hj respectivamente, isto implica que

Hks= ˜AHk.

Mas, atendendo a (2.21) e ao facto de que as linhas de Hk serem linearmente

indepen-dentes, isto implica que ˜A = A. Conclui-se ent˜ao que

Hjs= AHj para j = 1, 2, 3, . . . . (2.23)

Analogamente se conclui que

(61)

Repare-se ainda que H1 = B; Hj = h B Hj−1s i para j = 2, 3, . . . . (2.25) dado que as matrizes Γl+1,k possuem um estrutura de Hankel por blocos. Conjugando

as igualdades (2.23), (2.24) e (2.25) obt´em-se que Γ1j =

h

CB CAB · · · CAj−1Bi para j = 1, 2, 3, . . . .

Uma vez que

Γ1j =

h

G0 G1 · · · Gj−1

i

para j = 1, 2, 3, . . . isto permite finalmente concluir que

Gj = CAjB para j = 0, 1, 2, 3, . . . ,

e portanto (A, B, C) ´e de facto uma realiza¸c˜ao de G(t).

Reciprocamente suponha-se que existe uma realiza¸c˜ao para a resposta impulsional G(t). Ent˜ao, existe uma realiza¸c˜ao de ordem m´ınima, n. Consequentemente, pelo Teorema 2.2.10

rankΓβα = n,

onde α e β s˜ao os ´ındices de atingibilidade e de observabilidade. Como

Γβ+1,α+j = Rβ+1Qα+j

pelo Lema 2.2.3 conclui-se que

rankΓβ+1,α+j = n = rankΓβα.

Logo (2.20) verifica-se com l = α e k = β.

O Teorema anterior permite a constru¸c˜ao de realiza¸c˜oes de ordem m´ınima para uma resposta impulsional G(t). O exemplo que se segue esclarece, deste modo, a importˆancia deste teorema.

Referências

Documentos relacionados

Os resultados indicaram que, em ambas as espécies, a seção transversal exerceu influência na propagação da onda de ultrassom e que a velocidade longitudinal foi fortemente afetada

3 O presente artigo tem como objetivo expor as melhorias nas praticas e ferramentas de recrutamento e seleção, visando explorar o capital intelectual para

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Além disso, essas áreas estão circundadas por áreas com uso agrícola com diferentes culturas (Tabela 1) e são predispostas à inundações quando há grandes

Quanto ao tratamento periodontal em pacientes com coagulopatas hereditárias, é correto afirmar: a Polimentos coronarianos devem ser realizados de maneira esporádica, pois

O Mapeamento dos Processos é fundamental para implementação da Lean Construction, porque sem ele é difícil identificar as atividades de fluxo e as atividades

Effectiveness of two-dose monovalent rotavirus vaccine in preventing hospital admission with rotavirus diarrhea was high, lasted for two years and it was similar against both G1P[8]

A Corticeira Amorim (CA), apresenta uma estrutura repartida, na medida em que é constituída por um conjunto de UN semiautónomas (Amorim Revestimentos, Matérias