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A relação pedagógica na pós-graduação e a formação do profissional

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(1)Revista de Educação Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008. Ana Cristina da Silva Faculdade Anhanguera de Sorocaba. A RELAÇÃO PEDAGÓGICA NA PÓS-GRADUAÇÃO E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL. RESUMO. ana.silva@unianhanguera.edu.br. Claudinéia A. Ramos Magalhães Faculdade Anhanguera de Sorocaba claudineia.magalhaes@unianhanguera.edu.br. O desenvolvimento do trabalho docente em cursos de pósgraduação ainda deixa muito a desejar no que diz respeito à formação do próprio professor, do qual muitas vezes exigi-se a habilidade didático-pedagógica além do amplo conhecimento dos fatores práticos essenciais à sua disciplina. As constantes mudanças que ocorrem no panorama social dificultam essa formação docente, pois além de buscar sempre atualização profissional é necessário que esteja atento também às mudanças de seu público e que devem estar prontos para saber ensinar e fazer-se compreendido pelo seu público. As práticas de docência precisam ser constantemente reformuladas na busca de qualificação profissional tanto na formação de professores, quanto na designação para o mercado de trabalho, principalmente no que diz respeito ao desenvolvimento das relações pedagógicas para que o processo educacional aconteça com sucesso. Palavras-Chave: Trabalho docente, pós-graduação, relação pedagógica, mercado de trabalho, formação docente.. ABSTRACT The development of teaching work in post-graduation still leaves much to be desired with regard of teacher education, which is often, required the teaching-learning ability besides the wide knowledge of the essential factors to their discipline with depth. The constant changes taking place in the social landscape slow down the teacher training, because besides looking for professional upgrade it is necessary to be always aware with changes in their public and it should be ready to teach and to be understood by this audience. The practice of teaching must be constantly reformulated through professional qualification in both training of teachers, as well as the labor market, especially with regard to the development of educational relations in order to the educational process be successful. Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP. 13.278-181 rc.ipade@unianhanguera.edu.br. Keywords: Teaching work, post-graduation, pedagogical relationship, labor market, teaching training.. Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Artigo Original Recebido em: 30/6/2008 Avaliado em: 14/7/2008 Publicação: 19 de novembro de 2008 23.

(2) 24. A relação pedagógica na pós-graduação e a formação do profissional. 1.. INTRODUÇÃO Desde muito tempo sabe-se sobre a importância e necessidade da formação acadêmica na construção de um profissional apto e adequado para o mercado de trabalho. Saviani (1994) apresenta o assunto com presteza ao demonstrar que a consubstanciação entre processo educacional e trabalho passa por duas fases claramente distintas. Num primeiro momento demonstra o aparecimento da propriedade privada, já na Antiguidade, permitindo a ascensão de uma classe social livre de compromissos trabalhistas, sustentada pelo trabalho alheio e possibilitada de acesso à educação mais sistemática. Esse panorama torna mais claro a divisão entre os que estudam e os que trabalham, onde geralmente estes últimos o fazem para manter os primeiros. Num segundo momento, o autor demonstra que a formação das cidades modernas gerou uma necessidade de capacitação dos profissionais, o que alterou o panorama histórico e educacional da época, pois a vinculação entre trabalho e educação passou a acontecer a partir de uma nova função da escola como formadora de cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Diante destes aspectos apresentados, considera-se ainda que, os dados oferecidos na educação pressupõem um importante papel da relação pedagógica - enquanto instrumental na formação acadêmica – na formação profissional de qualquer área. Neste âmbito, a pós-graduação insere-se como uma das etapas finais no processo de aperfeiçoamento e especialização para a vida profissional, mostrando-se também como importante campo de atuação desta mesma relação pedagógica. No contexto da pós-graduação estão, assim como na graduação, as necessidades acadêmicas de um estudante que necessita de formação para a sua consolidação profissional, além também de um amadurecimento educacional advinda de profissionais prontos para oferecer o conhecimento e o acesso a esse mesmo.. 2.. A RELAÇÃO PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL A relação pedagógica é aqui entendida como um todo relacionado no qual está inserido o processo educativo e que abrange em sua amplitude o desenvolver de aspectos externos e internos no processo de ensino e aprendizagem. A elaboração de tal processo e o acontecimento do mesmo não se dá de forma simples e clara como as pessoas, na sua maioria, podem acreditar. Existem aspectos. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35.

(3) Ana Cristina da Silva, Claudinéia A. Ramos Magalhães. que, muitas vezes não são levados em consideração, mas são também muito importantes nesse patamar de entendimento. Nem sempre se transmite apenas aquilo que é desejado, visto que tanto o aluno quanto o professor podem ser transmissores de informações que compõem o processo de ensino e aprendizagem e que são co-participantes desse processo. Neste ponto é que se torna mais ainda necessário a compreensão de que a relação pedagógica não está sustentada apenas em um arsenal técnico para o desenvolvimento didático de disciplinas e demonstrações intelectuais. Buscando o aparato dos aspectos psicológicos do aprendizado, entende-se que existem momentos em que as transmissões desencadeiam transformações configuradas na sociedade de uma forma orientada pelo conhecimento. Retomando ainda os aspectos psicológicos é possível entender que “se acreditamos no inconsciente, temos que supor que essa transmissão poderá gerar efeitos no inconsciente do ouvinte” (KUPFER, 2007, p. 96). Isto demonstra a defesa de um ponto de vista no qual a função da escola não apenas como informadora, mas também como formadora de pessoas e conceitos, além também de demonstrar a necessidade da formação do profissional docente capaz de colocar-se como agente formador e transformador do aluno. Em virtude das transformações causadas na sociedade, surgiram novas necessidades também na relação desta com a educação. Na relação do mercado de trabalho com a reestruturação produtiva da educação, encontra-se temas relativos ao vários níveis de ensino (fundamental, técnico de nível médio e superior); fazendo aparecer assim uma nova estrutura triádica no processo educacional que liga organizações educacionais – empresas – comunidade. Pode-se constatar que as mudanças sociais estão levando as organizações formais a se reestruturarem na busca de um delineamento do perfil profissional mais compatível com a sociedade atual. Nesta busca é importante entender qual o verdadeiro papel do desenvolvimento tecnológico e científico como suporte fundamental na globalização, entendida aqui como é defendida por Fiori (1998) sendo “uma multiplicidade de mudanças surgidas a partir de 1970 e que instituiu novas relações internacionais nos planos econômico, social, cultural, político e tecnológico” (p. 37). Na formação profissional, o papel do formador é visto com grande importância já que está intimamente ligado ao processo geral, pois será responsável não só pelo. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35. 25.

(4) 26. A relação pedagógica na pós-graduação e a formação do profissional. conteúdo necessário para a finalização do ensino e da aprendizagem, mas também do modo pelo qual essa aprendizagem se constituirá e se consolidará. Esse modo, buscado constantemente na formação do professor muitas vezes é entendido como algo intrínseco nas características docentes, mas isso não é verdadeiro. O docente, como outro profissional qualquer, deve ser também formado e obter capacidade e habilidades para fazer com que o ensino e a aprendizagem aconteçam de forma clara e concisa, além de possibilitar o desenvolvimento e amadurecimento intelectual do seu alunado. De acordo com Karlof (1999), a formação do perfil profissional está alicerçada na possibilidade do desenvolvimento de três grandes grupos de habilidades: a) as cognitivas, obtidas no processo da educação formal (raciocínio lógico e abstrato, resolução de problemas, criatividade, julgamento crítico e conhecimento geral); b) as técnicas especializadas (informática, língua estrangeira, operação de equipamentos e processos de trabalho) e; c) as comportamentais e atitudinais como cooperação, iniciativa e empreendedorismo (capacidades pessoais e psicológicas que podem constituir-se em traços de personalidade). É importante também saber que o desenvolvimento de tais aspectos constituise fator fundamental na formação do profissional docente e do profissional não docente, principalmente quando se observa o momento de encontro de tais pessoas na situação do ensino superior. Neste momento é de grande importância entender o que se chama relação pedagógica aqui e todos os aspectos envolvidos no seu desenvolvimento. Cordeiro (2007) relata em suas idéias principais que não bastam bons professores, bons alunos e o desenvolvimento de tecnologias para que possa acontecer com sucesso o processo de ensino e aprendizagem. Existem, segundo o autor, outros aspectos também importantes desse processo e que precisam ser levados em conta. Para ele existem “três dimensões que recobrem aspectos distintos e bastante amplos da questão: a dimensão lingüística, a dimensão pessoal e a dimensão cognitiva.” (CORDEIRO, 2007, p. 98). Entende-se, portanto, que o professor do ensino superior deve apresentar muito mais que apenas o conhecimento da matéria, mas, além disso, uma capacidade de desenvolvimento das habilidades necessárias dentro desta perspectiva apresentada anteriormente.. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35.

(5) Ana Cristina da Silva, Claudinéia A. Ramos Magalhães. Essas dimensões da relação pedagógica são apresentadas pelo autor da seguinte forma: a) dimensão lingüística é definida como “a compreensão das maneiras como se desenvolve o discurso na sala de aula [...]” (CORDEIRO, 2007, p. 98); b) a dimensão pessoal é “ajudar a entender a relação pedagógica com base na similaridade com outros tipos de relações interpessoais que se travam fora do ambiente escolar” (CORDEIRO, 2007, p. 103) e; c) a dimensão cognitiva leva a compreensão de que “além de (ou juntamente a) ser uma instituição destinada à socialização das crianças e dos jovens, a escola tem uma função bastante precisa de propiciar acesso ao saber” (CORDEIRO, 2007, p. 109). Em vista dessas colocações fica clara a necessidade de que o professor seja capaz de estabelecer a vinculação das dimensões relativas à relação pedagógica como critério de suporte na construção do processo de ensino e aprendizagem, para que ocorra a formação satisfatória do profissional que se almeja nos dias atuais. As barreiras para a composição do perfil deste profissional são de relevante discussão no processo de qualificação e requalificação profissional, tanto do docente quanto daquele que é por ele formado. Surge uma necessidade, em constante crescimento, de profissionais habilitados que possam atender ao mercado de trabalho emergente. A eficiência na formação tem caído muito, o que demonstra que muitas vezes temos números, mas poucas vezes temos o profissional qualificado que se espera. Isso gera um aumento na relação candidato/vaga, pois na verdade o que se torna escasso é a qualificação destes profissionais, poucos daqueles que se apresentam podem ser absorvidos. O que acaba gerando como alternativa, as possibilidades práticas e a formação generalista no decorrer do curso superior. Essas são, portanto, positivas à medida que se forma um profissional capacitado e com perfil multiprofissional, além de portador de uma maturidade pessoal, que lhe permitem juntas, a capacidade de agir nos momentos de imprevisibilidade. Neste momento, então, a educação superior sente-se convocada a denominarse em duplo papel – o de tomar para si o educar e de preparar o profissional para as novas exigências do mercado de trabalho. A questão passa a ser, então, a compreensão de como o docente será capaz de realizar essa sua dupla tarefa, de maneira satisfatória e encarando também como novas habilidades que lhe são exigidas no processo de ensino e aprendizagem. Esses fatores. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35. 27.

(6) 28. A relação pedagógica na pós-graduação e a formação do profissional. podem ser discutidos na graduação também, mas aqui serão focados na atuação docente da pós-graduação.. 3.. A TRANSFORMAÇÃO DAS RELAÇÕES PEDAGÓGICAS NA PÓSGRADUAÇÃO No processo de formação profissional atual, existe uma etapa importante e relacionada com os desejos e habilidades mais específicas de cada pessoa, que é a pós-graduação. Etapa na qual o amadurecimento, pessoal e profissional, espera-se já esteja mais próximo de sua consolidação e, por isso mesmo, suas escolhas têm a possibilidade de serem mais claras e definidas. Para que este panorama seja consolidado de forma satisfatória é importante para o profissional docente entender as características específicas do momento, com seus aspectos de consolidações e finalizações. As aspirações dos alunos são apresentadas de formas diferenciadas e devem ser assim compreendidas e trabalhadas. É importante que, já no início do processo, o ingressante promova um encontro entre aquilo que ele espera do curso e o que o mesmo poderá oferecer-lhe. Esse processo é fundamental para que o restante todo complete uma história de sucesso. Outro fator importante é a determinação do corpo docente a respeito de quais os aspectos devem ser salientados no decorrer do curso e quais as habilidades vão de encontro ao que ele pode oferecer e quais são esperadas pelos seus alunos. Diante disso é aqui defendida a postura de que o professor deve apresentar, além de conhecimento e prática na área; conhecimentos e domínio dos aspectos didático-pedagógicos, ou mesmo, abertura para entender a necessidade de tais conhecimentos. Sem isso, poderá acontecer o que há muito vem sendo observado pelos alunos quando dizem que “os professores sabem muito sobre o conteúdo, mas não sabem passar” (relato comumente encontrado nos corredores das faculdades responsáveis pelo desenvolvimento de cursos de graduação e pós-graduação). O cuidado na seleção e preparação do professor deve ser acompanhado de perto pelos responsáveis técnicos e pedagógicos, para que a situação seja prevenida ou corrigida de forma satisfatória. Os programas de pós-graduação que visam formação de professores de cursos superiores tendem, de maneira geral, priorizar em suas atividades a condução de pesquisas, tornando-se responsáveis, mesmo que não intencionalmente, por reproduzir e. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35.

(7) Ana Cristina da Silva, Claudinéia A. Ramos Magalhães. perpetuar a crença de que para ser professor basta saber muito sobre determinado assunto ou, no caso específico dos cursos de graduação, ser bons pesquisadores. Muitas vezes desvalorizada ou considerada como uma atividade menor, a exigência feita aos professores de pós-graduação (especialmente dos cursos de lato sensu) é a respeito do conhecimento aprofundado das relações pedagógicas que podem ser despertadas em seus alunos durante suas aulas. É muito comum reconhecer que o professor está apto para trabalhar em determinada área, mas muito pouco sabe sobre as questões didático-pedagógicas que o ajudarão a transmitir tais conhecimentos. Acreditava-se (como alguns ainda acreditam) que “quem sabe fazer, saberia automaticamente ensinar” (MASSETO, 1998, p. 11), não havendo preocupações profundas com a necessidade do preparo pedagógico do professor. Observa-se, ainda que, como resultado dessa formação falha encontra-se também uma avaliação com falhas, principalmente quando se avalia a capacidade do professor com base apenas na sua produção científica. Apresenta-se um panorama onde “ensino e pesquisa passam a ser atividades concorrentes, e como os critérios de avaliação concentram-se apenas na segunda, uma cultura de desprestígio à docência acaba sendo alimentada no meio acadêmico, comprometendo a almejada indissociabilidade ensino-pesquisa-extensão” (PIMENTEL, 1993, p. 89). O que se encontra na legislação (LDB – Art. 66º) é que a formação do professor para o magistério do ensino superior é de responsabilidade dos cursos de mestrado e doutorado das universidades que os mantém em determinadas áreas. Por outro lado, é importante saber ainda que os professores dos cursos de pósgraduação lato sensu são cobrados, principalmente pelo público ingressante de alunos, a respeito de uma íntima ligação com a prática para qual estão preparando-os. É importante que ele conheça o terreno no qual serão inseridos os seus aprendizes. O aluno busca esse conhecimento e o professor deve mesclar essas informações, consolidadas nas condições de práticas e teorias dentro daquilo a que se propõe oferecer e falar sobre. Neste aspecto deve-se entender a formação do professor dos cursos de lato sensu como uma formação diferenciada da formação exigida dos professores de graduação e pós-graduação stricto sensu. Enquanto dos primeiro espera-se o conhecimento teórico e o domínio das relações práticas, dos outros se espera maior capacidade de pesquisa e desenvolvimento de novas idéias para que sejam aplicadas na prática pelos. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35. 29.

(8) 30. A relação pedagógica na pós-graduação e a formação do profissional. alunos, não necessitando, portanto, de alto nível de contato deste com a situação externa às situações de pesquisa e de laboratórios. Marcelo Garcia, professor da Universidade de Sevilha, menciona que na Espanha os programas de doutoramento funcionam como uma espécie de formação inicial de professores universitários no seu papel ou função de investigação. Em relação à formação pedagógica dos professores universitários; observa ainda que o panorama atual não é muito favorável, sendo que, até hoje, não existiu uma tradição de formação pedagógica, onde os “professores jovens sempre foram deixados sós, exceto talvez por um breve curso de iniciação” (1999, p. 248). Como se pode perceber existe pouco ou nenhuma preocupação com a formação pedagógica de professores em geral e, menos ainda, com a formação pedagógica de professores dos cursos de pós-graduação lato sensu. Os cursos de graduação e pósgraduação strictu sensu têm sido preenchida por professores titulados e sem formação pedagógica, enquanto que os cursos de pós-graduação lato sensu têm sido preenchidos por professores com elevado grau de contato com a prática e pouco conhecimento também na área pedagógica. Confirmação deste fato encontra-se em um texto que confirma a “pouca preocupação com o tema da formação pedagógica de mestres e doutores oriundos dos diversos cursos de pós-graduação do país. A graduação tem sido ‘alimentada’ por docentes titulados, porém, sem a menor competência pedagógica” (VASCONCELOS, 1998, p. 86). Pode-se perceber que os cursos de formação, quando voltados exclusivamente para a realização de pesquisas, não atendem as necessidades específicas dos professores no tocante às suas atividades de docência. Ou seja, a qualificação que pode ser oferecida por estes cursos de pós-graduação, como estão organizados atualmente, possibilitam aos professores o alcance a uma titulação, no entanto, a quantidade e o grau desta titulação não designa, necessariamente, a qualidade de sua prática de docência. Talvez esse seja o papel dos cursos de formação de docentes, que até mesmo pelas suas características e pela grande variedade de profissões, não consegue preparar todos aqueles que são formados em áreas diversas (que não as licenciaturas) e passam a ser professores, principalmente, universitários. Sabe-se ainda que, durante o processo do curso de pós-graduação, especificamente o lato sensu, essa deficiência no desenvolvimento de suas habilidades necessárias podem ser causadoras de deficiências na formação do profissional que é hoje o aluno, pois alguns aspectos sobre determinados assuntos podem ser prejudicados.. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35.

(9) Ana Cristina da Silva, Claudinéia A. Ramos Magalhães. É valido ainda, perceber que no Brasil tem acontecido um período de diversas alterações no sistema de ensino superior e que acaba englobando, além de um destacado crescimento, que pode ser visto através da expansão e flexibilização do sistema, além das mudanças na estrutura curricular (diretrizes curriculares), mudanças nos processos de acesso ás Instituições de Ensino Superior, exigência de titulação na formação do corpo docente, na sistematização dos processos de avaliação, tanto no âmbito institucional como nacional, tendo como causadores vários aspectos, entre eles, a introdução de novas tecnologias no processo de ensino e aprendizagem. Esse processo não tem acontecido de modo proporcional nas diferentes instituições e localizações do país, até mesmo pelas dificuldades causadas pela sua extensão. Surge uma diferenciação cada dia maior entre algumas instituições que priorizam o ensino e outras que priorizam a pesquisa. Pimenta e Anastasiou (2002) observaram em seu texto que “as oportunidade de emprego vêm aumentando com a expansão das instituições de ensino particulares em todo o território nacional, o que pode ser observado por uma análise dos dados divulgados constantemente pelo MEC (Ministério da Educação e Cultura)” (p. 141). De acordo com as autoras, o reconhecimento deste sistema é de extrema importância, pois as condições de trabalho de cada um dos professores é bastante diferenciada entre os diferentes tipos de IES (Instituição de Ensino Superior) do país e, de acordo com o tipo de instituição à qual o professor se vincula é que será exigida dele uma produção adequada ou adaptada ao seu local de ação. Ainda ligada ao movimento de expansão desigual entre os diferentes tipos de IES está também outro processo ocorrendo: a flexibilização do sistema (diversificação da oferta), diferenciação que busca aprofundar-se na reflexão da adequação de um sistema face ao crescimento de demanda e de novos profissionais pretendidos pelo mercado. Encontram-se hoje a criação de cursos mais curtos e voltados quase sempre para as novas especialidades, principalmente aquelas que se encontram em campos de abordagens interdisciplinares ou de avanços extremamente tecnológicos. Paralelamente a estas mudanças tem acontecido um movimento no sentido da democratização do acesso ao ensino superior, como pode ser visto nos resultados do Censo da Educação Superior (relatórios MEC) e uma expansão no número de vagas e heterogeneidade do público que chega a essas instituições.. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35. 31.

(10) 32. A relação pedagógica na pós-graduação e a formação do profissional. Esse panorama vai gerar também um maior acesso aos cursos de lato sensu, que causará cada dia mais exigência em relação à formação de professores e por isso é necessário um aumento constante nas pesquisas que demonstram a necessidade de formações específicas e adequadas. Pode-se concluir que o papel da formação didático-pedagógica do professor faz-se cada vez mais necessária visto que se há uma ampliação de sua “clientela” haverá também uma necessidade maior de formação do mesmo profissional.. 4.. EDUCAÇÃO, PÓS-GRADUAÇÃO E MERCADO DE TRABALHO Alguns assuntos já discutidos, anteriormente, podem auxiliar na discussão que se faz dos papéis desenvolvidos pelos itens em questão no momento. A correlação entre o processo educacional, a pós-graduação (seja ela de formação de professores ou não) e o mercado de trabalho está cada dia mais estreita e cada dia mais carente de possibilidades intercambiais. Há uma crescente demanda na formação de profissionais pelas próprias inovações sociais e profissionais; enquanto que para o professor, que irá funcionar como formadores desse profissional existem cobranças dentro das quais ainda não são oferecidas oportunidades. Dos profissionais que são formados nos cursos de lato sensu são exigidas habilidades cada dia mais avançadas e renovadas no cenário da composição de novas profissões que surgem constantemente, como pode ser citado o exemplo dos cursos de Administração de Empresas que se têm desmembrado em várias modalidades como a Administração de Recursos Humanos e outras. Já em relação aos professores desses cursos de lato sensu as exigências são duplicadas, pois são feitas em relação ao conhecimento aprofundado nestas novas modalidades profissionais, além ainda do conhecimento nas questões pedagógicas do processo de ensino e aprendizagem. Indiscutivelmente, são as necessidades de formação e de constante entrelaçamento entre os processos educacionais do ensino superior (sejam eles de graduação ou pós-graduação) e o mercado de trabalho que a cada dia está mais voltado para a formação de uma sociedade mais tecnológica e desenvolvida, em busca de um lugar no processo de globalização.. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35.

(11) Ana Cristina da Silva, Claudinéia A. Ramos Magalhães. Volta-se, então, à questão das relações pedagógicas que ampliam as situações de sala de aula e melhor preparam o profissional para o mercado de trabalho, seja ele profissional docente ou não. A partir do momento em que os professores, principalmente, aqueles que estão ligados aos programas de pós-graduação entendem que as relações didáticopedagógicas ampliam sua possibilidade de trabalho dentro e fora da sala de aula, os conteúdos e o desenvolvimento do conhecimento será facilitado e o processo de ensino e aprendizagem estará mais perto de sua totalidade. Por isso, faz-se muito importante também que a Instituição de Ensino Superior (IES) tenha essa consciência e procure cada vez mais preparar esse professor, além de conscientizar-se de que não basta um tripé de qualidade (professor – aluno – recursos), mas é preciso que seja feita a relação com outro tripé (dimensão lingüística – dimensão pessoal – dimensão cognitiva) tão importante quanto o primeiro. É necessário que se tenha a consciência de que acontece muito mais em sala de aula e na preparação do aluno (na sua relação com o professor e com o conhecimento) do que simples relações lineares como são na maioria das vezes concebidas. O que se pode dizer ainda é que, também é muito importante saber das condições de busca de formação e informação e das habilidades que são desejadas, pois quanto mais essas forem conhecidas, sejam elas no âmbito consciente ou inconsciente, mais elas serão desenvolvidas. Por isso é que no desenvolvimento do processo educacional de nível superior e na formação de seus profissionais, grande é a importância que deve ser atribuída às relações pedagógicas que acontecem constantemente e de formas simultâneas. Os projetos de vida e de busca de melhorias pessoais são intimamente ligados aos processos de formação educacional e essa é a tendência cada vez maior. Pois os profissionais buscam uma colocação no mercado de trabalho além de uma melhora nas suas oportunidades também neste mercado. Levando em consideração, ainda, o que foi discutido anteriormente sobre as dificuldades causadas pelo processo pedagógico mal elaborado e ou mal compreendido pode-se pensar nas possibilidades de mudanças na formação de professores e adequação das situações dos profissionais que já estão atuando nos programas de graduação e pós-graduação (seja de lato sensu ou stricto sensu).. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35. 33.

(12) 34. A relação pedagógica na pós-graduação e a formação do profissional. A formação desses profissionais é de suma importância, pois deles é que serão formados todos os outros. A busca pela valorização de tal mercado de trabalho deve, portanto, tornar-se mais ampla e difundida, pois a cada professor bem formado pode seguir dezenas ou centenas de profissionais de diversas áreas. Outro fator importante, nos dias atuais é a possibilidade de escolha do professor, principalmente no caso da pós-graduação, que poderá obter no que tange a sua atuação profissional. Qual o tipo de instituição na qual quer estar inserido? Qual o tipo de atuação ele quer construir? Em que cenário ele deseja formalizar suas práticas? A resposta a todas essas perguntas traçam um perfil de quem será esse profissional, que com o aumento das formas de estabelecimento das Instituições de Ensino Superior geram também este aumento das possibilidades que se encontram o profissional. Portanto, conclui-se que é possível sim uma melhora no desempenho do profissional docente, a partir do momento em que este se insere no âmbito da sua atuação de forma inteira e desejavelmente integrando os aspectos pessoais (conscientes ou inconscientes) e profissionais (dentro e fora da sala de aula). Reforçando-se ainda que a partir do momento em que este estiver realizando seu projeto de vida com maior habilidade, estará também transmitindo esses aspectos para seus alunos que poderão também ser mais realizados atingindo de forma mais ampla os seus objetivos.. 5.. CONCLUSÃO Concebendo toda a problemática envolvida nos aspectos de formação dos profissionais docentes, percebe-se a necessidade de construir um sólido conhecimento sobre as dimensões que envolvem a relação pedagógica de ensino e aprendizagem. Nestes aspectos pode-se ter que o desenrolar dessas relações, acima citadas, podem acontecer de maneira muito mais complexa do que é observado conscientemente no cotidiano. A importância está, não só no conhecimento, como também na elaboração e vivência de tais dimensões. O conhecimento dos aspectos humanos da aprendizagem são de suma importância na elaboração do papel docente na formação do profissional e na sua autoformação inclusive.. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35.

(13) Ana Cristina da Silva, Claudinéia A. Ramos Magalhães. Não é possível, no entanto, promover uma aprendizagem efetiva sem a determinação e a convalidação de dados estritamente pedagógicos e que interferem no âmbito da formação profissional. Faz-se, portanto, cada vez mais necessário a intervenção de formadores de docentes e da atuação prática de tais profissionais.. REFERÊNCIAS CORDEIRO, J. Didática. São Paulo: Editora Contexto, 2008. FIORI, J. L.; LOURENÇO, M. S.; NORONHA, J. C. (Orgs.). Globalização: o fato e o mito. Rio de Janeiro: EDUERJ, 1998. MARCELO GARCÍA, Carlos. Formação de professores: para uma mudança educativa. Porto, PT: Porto Editora, 1999. KARLOF, B. Conceitos básicos de administração: um guia conciso. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 1999. KUPFER, M. C. Freud e a educação: o mestre do impossível. São Paulo: Editora Scipione, 2007. MASSETO, Marcos. (Org.) Docência na Universidade. Campinas, SP: Editora Papirus, 1998. PIMENTA, S. G.; ANASTASIOU, L. G. C. Docência no ensino superior. São Paulo: Editora Cortez, 2002. PIMENTEL, Maria da Glória. O professor em construção. Campinas, SP: Editora Papirus, 1993. SAVIANI, D. O trabalho como princípio educativo frente às novas tecnologias. In: FERRETI, C. J. et al. (Orgs.). Novas tecnologias, trabalho e educação: um debate multidisciplinar. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 1994. VASCONCELOS, Maria Lúcia M. Carvalho. Contribuindo para a formação de professores universitários: relatos de experiências. In: MASSETO, Marcos (Org.) Docência na universidade. Campinas, SP: Editora Papirus, 1998.. Revista de Educação • Vol. XI, Nº. 12, Ano 2008 • p. 23-35. 35.

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