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População, consumo e ambiente: contribuições da Demografia para a questão ambiental

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Academic year: 2021

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População, consumo e ambiente: contribuições da Demografia para a

questão ambiental

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Prof. Douglas Sathler2

Resumo

Nas últimas décadas, a questão ambiental evoluiu bastante diante da multiplicidade de preocupações que passaram a ser incorporadas nessa temática. No universo das abordagens interdisciplinares, a demografia tem passado a assumir um papel importante nesse tipo de discussão, oferecendo novas ferramentas e novas perspectivas para o tema. A Demografia Ambiental aparece como um ramo bastante promissor e em crescimento contínuo. Os debates sobre população e ambiente têm incorporado novos aspectos, buscando refletir sobre as relações entre as transformações demográficas (envelhecimento populacional, estrutura etária e distribuição espacial) e questões como qualidade e disponibilidade de água, geração de lixo, biodiversidade, paisagem, desastres naturais, entre outras. Estas novas abordagens demográficas podem oferecer alternativas mais acuradas para a mitigação dos principais problemas ambientais nas suas diversas escalas. No entanto, ainda há muito que fazer em busca de uma Demografia Ambiental mais estruturada e influente nos círculos acadêmicos.

Palavras-chave: população; consumo; ambiente; demografia ambiental

1 Trabalho apresentado no XVIII Encontro Nacional de Estudos Populacionais, ABEP, realizado em Águas de Lindóia/SP – Brasil, de 19 a 23 de novembro de 2012.

2 Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Geógrafo (IGC-UFMG) e Doutor em Demografia (CEDEPLAR-UFMG). Membro do GT População, Espaço e Ambiente da ABEP.

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População, consumo e ambiente: contribuições da Demografia para a

questão ambiental

1 Introdução

Nas últimas décadas, a questão ambiental evoluiu bastante diante da multiplicidade de preocupações que passaram a ser incorporadas nessa temática. Com isso, a ideia de impacto

ambiental amadureceu, não se limitando mais às consequências físicas da atuação humana,

passando a levar em consideração, também, os aspectos sociais, econômicos e culturais nas diversas escalas de análise. Se nos anos 1970, sobretudo após a Declaração de Estocolmo (1972), as atenções praticamente se restringiram aos desafios criados pelo aumento dos níveis de poluição e contaminação, atualmente, os problemas ambientais têm sido pensados de maneira mais ampla.

O conceito de ambiente, cada vez mais, tem sido apreendido sob diferentes perspectivas. As Ciências Sociais demoraram muito para incorporar as questões ambientais em seus respectivos temas de pesquisa e, apenas recentemente, é possível perceber mais estudos sistemáticos sobre população e ambiente. Assim, no universo das abordagens interdisciplinares, tem sido crescente a participação da demografia nesse tipo de discussão, oferecendo novas ferramentas e novas perspectivas para o tema. No entanto, ainda há muito que fazer em busca de uma Demografia Ambiental mais estruturada e influente nos círculos acadêmicos (MARANDOLA Jr.; HOGAN, 2007).

A dimensão humana deve assumir papel de destaque na literatura sobre as mudanças ambientais globais. O homem é multidimensional e pode ser estudado no plano individual e familiar, sendo parte de uma população que vive um dado contexto social e cultural. O meio é multiescalar e as análises devem estar atentas para as transformações ambientais locais, regionais e globais no tempo. Segundo Hogan et al (2010, p.14), “a relação entre estas dimensões e escalas expressa a natureza da questão ambiental: uma população busca no ambiente a reprodução e a sustentabilidade de sua vida” (HOGAN ET AL, 2010).

Em 2011, a ONU divulgou que a população mundial já superava os 7 bilhões de habitantes. Quatro anos antes, em 2007, outro estudo da ONU demonstrou que mais de 50% das pessoas do mundo viviam nas cidades. Qual o significado disso no que diz respeito às questões ambientais? Aumento populacional significa aumento imediato do consumo no planeta? Quais as implicações do aumento da concentração populacional nas cidades? No mundo em constante transformação, quais são os novos desafios?

Longe de tentar esgotar estes questionamentos, o estudo busca traçar um breve panorama do desenvolvimento da Demografia Ambiental como novo ramo do conhecimento interdisciplinar. Objetivando instigar a reflexão e a ampliação deste tipo de debate no Brasil o trabalho também busca lançar algumas ideias esclarecedoras sobre população e consumo, efeitos da Transição Demográfica e das mudanças no perfil domiciliar no ambiente, os movimentos migratórios e as implicações ambientais da urbanização e da distribuição espacial da população.

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2 A Demografia Ambiental como importante ramo do conhecimento interdisciplinar

O movimento ambientalista vem ganhando força de forma rápida e tem encontrado espaço em todas as esferas da vida social. Se a Rio 92 foi um importante marco para o aumento das preocupações ambientais, nos últimos anos, todos os esforços que culminaram no 4º relatório (AR-4) do International Panel on Climate Change (IPCC) e na conferência Rio +20 demonstraram que a sociedade, de uma forma geral, evoluiu bastante nas discussões ambientais (HOGAN ET AL, 2010). Nesse contexto, ganha destaque o maior volume de publicações científicas na área e a incorporação dos temas ambientais por outros campos do conhecimento.

Recentemente, a demografia tem se dedicado mais as questões ambientais a partir de abordagens interdisciplinares. A incorporação da temática ambiental pela demografia está em sintonia com o que tem sido observado em praticamente todos os campos do conhecimento, diante da nítida valorização das preocupações relacionadas à sustentabilidade no planeta. No Brasil e no exterior, tem crescido o número de fóruns, eventos, grupos e projetos de pesquisa que se dedicam aos estudos sobre população e ambiente. (MARANDOLA Jr.; HOGAN, 2007).

Na literatura, os estudiosos ressaltam que a consolidação do que pode ser entendido como Demografia Ambiental, em um primeiro momento, esbarrou nas interpretações simplistas entre crescimento populacional e degradação ambiental (HOGAN, 1991; MARTINE, 1993a; SAWYER, 1993). Nas discussões sobre população, ambiente e desenvolvimento, estas questões foram bastante recorrentes com a valorização de visões distorcidas que confundiram os planejadores, gestores e pesquisadores menos atentos a uma análise mais aprofundada da realidade.

Durante muito tempo na história da população houve grande temor sobre os possíveis impactos do crescimento demográfico exagerado, sobretudo nos países mais pobres. Na Europa, a noção de que o aumento populacional desenfreado impediria o bem estar geral, sendo responsável pelo surgimento dos mais graves problemas sociais, teve grande repercussão nas rodas de discussão acadêmica após a publicação do trabalho de Thomas Malthus em 1798. Num contexto de permanente declínio da mortalidade nos países europeus, a natalidade continuou alta durante quase todo o séc. XIX, reforçando os temores sobre uma possível explosão populacional. Estas idéias reverberaram com força até o momento em que as transformações sociais, com destaque para o aumento do grau de urbanização, causaram a queda constante nas taxas de natalidade o que desacelerou o crescimento demográfico no velho mundo. Não obstante, os ganhos tecnológicos também foram importantes para afastar, por algum tempo, o fantasma malthusiano (ALVES, 2006).

Após meados do séc. XX este debate ganhou uma nova roupagem com o aumento abrupto das taxas de crescimento populacional nos países, até então, rotulados de subdesenvolvidos ou de terceiro mundo. A mortalidade passou a cair nesses países em um ritmo muito mais acelerado do que se foi observado no passado com a importação de uma série de tecnologias médicas e sanitárias dos países industriais, enquanto a natalidade parecia imóvel nesse ambiente de profundas transformações sociais. Diante disso, os então chamados

neomalthusianos defendiam políticas de controle populacional, incentivando a adoção de

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A visão de que o crescimento exagerado da população atuaria no aumento da poluição e da degradação ambiental ganhou força num dado momento histórico. Vários trabalhos buscaram entender esta relação com base em uma perspectiva Neomalthusiana (ver EHRLICH, 1968; EHRLICH; HOLDREN, 1971; MEADOWS, ET AL, 1972; KAHN ET AL, 1976 e EHRLICH; EHRLICH, 1990).

No entanto, a partir da década de 1970, a natalidade também começou a cair nos países subdesenvolvidos e o tempo ensinou que o crescimento exagerado da população, nas próximas décadas, deixaria de ser uma realidade em grande parte dos países do mundo. Sobretudo a partir da conferencia do Cairo (1994) os embates entre os neomalthusianos e os

anti-neomalthusianos perderam espaço. A mudança de paradigma e a consciência da

importância dos direitos sexuais e reprodutivos ajudaram a reforçar a ideia de que o desenvolvimento seria o “melhor contraceptivo”.

Ainda assim, os fantasmas do passado parecem voltar de tempos em tempos. Para se ter uma ideia, após a divulgação do AR-4 pelo IPCC em 2007, a abordagem malthusiana foi resgatada com certa freqüência por entidades não governamentais e ambientalistas (HOGAN ET AL, 2010). A incorporação de temas demográficos pela sociedade e por pesquisadores de outras áreas do conhecimento, vez ou outra, resulta em visões simplistas que pouco contribuem ou até atrapalham os debates sobre população e ambiente.

Atualmente, a transição demográfica vem garantindo a redução das taxas de natalidade e de mortalidade, apresentando diferentes estágios de evolução em todas as partes do mundo (LEE, 2003; LESTHAEGHE, 2010). Em um mundo aparentemente livre da explosão populacional, qual seriam as principais preocupações da demografia no que diz respeito aos impactos ambientais contemporâneos? Se o ritmo de crescimento populacional tem sido freado pela transição demográfica, os problemas ambientais no mundo não deixaram de existir e têm incorporado uma nova gama de questões.

Considerando as relações entre população e ambiente, as variações nos componentes da dinâmica demográfica sugerem que as discussões não podem ser direcionadas apenas para os desdobramentos do crescimento populacional e sua pressão sobre os recursos ambientais. Também, deve incorporar a distribuição da população, a estrutura etária e o envelhecimento demográfico, entre outros aspectos (CARMO; D´ANTONA, 2011).

Nos estudos contemporâneos sobre população e ambiente, a questão do consumo é fundamental. O aumento do consumo esbarra, a todo o momento, nos limites ambientais do planeta e nas mudanças observadas na natureza. Pautada em uma perspectiva interdisciplinar que leve em consideração as principais questões econômicas, sociais e culturais, a demografia deve estar atenta as variações dos componentes da dinâmica demográfica para entender suas implicações no consumo mundial.

Nesses estudos, se o homem é multidimensional e o meio pode ser estudado em suas diversas escalas (local, regional, global), o tempo também assume papel de destaque. De acordo com Hogan et al (2010),

como a questão envolve mudanças de curto, médio e longo prazo, é necessário pensar o tempo enquanto componente do processo, não apenas porque o ritmo das mudanças é central na discussão, mas também porque, afinal de contas, os ritmos e os metabolismos alteram, por si sós, a composição da população e o meio em que ela vive (HOGAN ET AL, 2010, p. 15).

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A partir dos anos 1980, a difusão global de casos de contaminação e suas conseqüências para saúde e para a vida humana motivou o desenvolvimento de estudos sobre população e ambiente (HOGAN ET AL, 2010). Nos anos 1990, os estudos sobre população e ambiente passaram a incorporar, sobretudo, as seguintes preocupações ambientais: emissão de gases estufa e a poluição do ar (BONGAARTS, 1992; BIRDSALL, 1992; O`NEILL ET AL, 1998) uso da terra e desmatamento (BILSBORROW; DELARGY, 1991; BILSBORROW; STUPP, 1997; desastres ambientais e migração (ANDERTON ET AL, 1994; HUNTER, 1998. WHITE; HUNTER, 1998).

No entanto, a demografia demorou a incorporar as questões ambientais e apenas recentemente este tem sido um campo de pesquisa mais abrangente. Na década de 1990, alguns estudos ofereceram evidencias que buscaram explicar as dificuldades da demografia no estabelecimento de uma linha de pesquisa sólida para tratar as questões ambientais. Davis (1991) argumenta que muitos pesquisadores investiram muito tempo em pesquisas voltadas para a criação de mecanismos para frear o crescimento populacional, visto como fator que exerce grande pressão sobre os recursos naturais. Paradoxalmente, existe o argumento de que as causas centrais dos problemas ambientais não são demográficos, ressaltando a importância das instituições sociais, da eficiência dos mercados, do nível tecnológico e da distribuição de renda (PEBLEY, 1998). Por outro lado, Keyfitz (1992) ressalta que o excesso de peso dado a estas questões podem levar a muitos cientistas sociais a interpretação errônea de que as questões populacionais têm pouco ou nenhum impacto nas transformações ambientais. Outro elemento que distancia a demografia dos estudos ambientais é a dificuldade de dialogo dos estudiosos da população com outras áreas, a exemplo da biologia, bioquímica, agronomia e climatologia. Também, Pebley (1998) ressalta que, na década de 1990, a carência de dados longitudinais locais para o estudo dos impactos ambientais também agravou esta situação (PEBLEY, 1998).

As abordagens mais recentes sobre população e ambiente têm incorporado novos aspectos, buscando refletir sobre as relações entre as transformações demográficas (envelhecimento populacional, estrutura etária e distribuição espacial) e questões como qualidade e disponibilidade de água, geração de lixo, biodiversidade, paisagem, desastres naturais, entre outras (RCEP, 2011).

Assim, na onda dessas novas abordagens, os estudos sobre população e ambiente no Brasil também cresceram nos últimos anos. O trabalho de Hogan et al (2010) destacam algumas questões emergentes que passaram a ser incorporadas: os impactos da transição demográfica e da transição urbana no modo de vida nas cidades e nas alterações nos padrões de consumo; as implicações da explosão do consumo, agora visto como algo mais temido do que a explosão demográfica; as transformações na estrutura etária da população e as mudanças na composição domiciliar (menores unidades com maior consumo energético); a cidade como forma de organização espacial da população. Por fim, os autores também destacam que a valorização do espaço nos estudos sobre população e ambiente é uma característica presente nos trabalhos produzidos no país (HOGAN ET AL, 2010).

Segundo Hogan et al (2010, p.15), a importância destas novas abordagens “transcende, em muito a questão dos números, pois população-ambiente expressa, na verdade, o entendimento da questão ambiental enquanto relação sociedade-natureza, ou homem-meio.” No entanto, mesmo diante destes avanços, os estudos sobre população e ambiente não podem cessar os

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esforços em busca de uma Demografia Ambiental mais influente e participativa. Ainda existe muito espaço a conquistar.

Embora haja um aumento nas pesquisas que exploram a migração, o envelhecimento populacional e as alterações ambientais de maneira isolada, os estudos interdisciplinares que buscam investigar a relação entre estes temas ainda são insipientes. Se no passado as discussões em torno do impacto do estoque populacional sobre o meio ambiente ganharam destaque, atualmente, Harper (2011) revela que ainda existe carência em abordagens que consideram as implicações de outras variáveis demográficas (densidade populacional e composição da população) no ambiente (HARPER, 2011).

Já nas abordagens sobre população e mudanças climáticas, os Assessment Reports do IPCC ainda subutilizam as informações demográficas e se restringem as análises que consideram apenas as variações de volume populacional. O Special Report on Emissions Scenarios (SRES, 2000) não foi incorporado pelo AR4 (2007). Este relatório não apenas fornecia estimativas populacionais ao IPCC, mas também, continha informações sobre os impactos nas emissões de CO2 de outras tendências demográficas como urbanização, estrutura etária e composição domiciliar (YOUNG ET AL, 2009; HOGAN, 2009).

Assim, não obstante ao aumento nos estudos sobre população e ambiente, muito deve ser feito para que estes debates cresçam ainda mais. A Demografia Ambiental aparece como um ramo bastante promissor e em crescimento contínuo. Estas novas abordagens demográficas podem oferecer alternativas mais acuradas para a mitigação dos principais problemas ambientais nas suas diversas escalas. De acordo com Hogan et al (2010, p.96), “já está na hora de assumirmos uma demografia ambiental, que contribua de forma sistemática para a compreensão e construção de um mundo sustentável”. Os autores completam o raciocínio da seguinte forma: “esse é um esforço coletivo para o futuro que agrega à reflexão ambiental um olhar propriamente demográfico”.

3 População, consumo e ambiente: transformações demográficas e implicações ambientais

O volume de estudos que exploram as relações entre população e consumo aumentou consideravelmente nos círculos de debates ambientais. As novas abordagens estão focadas no crescimento do consumo da população, aspecto que foi deixado de lado por décadas (MELLO; HOGAN, 2007). Assim, como se não bastasse o enorme volume de problemas ambientais acumulados pela sociedade e que precisam ser resolvidos, o mundo deve se preparar para enfrentar os novos desafios advindos do aumento dos níveis de renda e do consumo nas sociedades capitalistas.

Nas últimas décadas, os países em desenvolvimento têm aumentado significativamente a pressão sobre os recursos naturais, diante do crescimento da riqueza e do poder de consumo não-sustentável nestas sociedades. De acordo com informações divulgadas pelo World Resouces Institute (WRI), em 2009, o mundo já consumia 25% a mais de recursos naturais do que a capacidade de regeneração do planeta. Ainda, se Brasil, Rússia, Índia e China chegassem ao mesmo nível de consumo per capita dos Estados Unidos, a humanidade precisaria de mais três planetas para suprir esta demanda considerando a disponibilidade tecnológica atual.

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No Brasil, dados recentes sugerem que o consumo tem aumentado vertiginosamente, sobretudo nas maiores cidades do país. A título de exemplo, o total de veículos mais que dobrou nos últimos dez anos e atingiu 64,8 milhões no país em 2010 (DENATRAN, 2010). Conforme o estudo de Freira (2010), a frota de veículos no país emite anualmente 171,1 milhões de toneladas de CO2. Dessa forma, seriam necessários 945 mil quilômetros de Mata Atlântica para neutralizar essas emissões. Isso representa 11,1 % da superfície do Brasil (FREIRA, 2010).

A realidade é que parte significativa da população mundial é pobre e vive em condições precárias que ameaçam a saúde e a vida, sobretudo nos países em desenvolvimento e naqueles menos desenvolvidos. A eliminação geral da pobreza é desejada e será um enorme ganho social caso se concretize. Não obstante a enorme desigualdade na distribuição de riquezas no mundo, a redução da pobreza e/ou o aumento da renda também deverão contribuir para a intensificação dos impactos ambientais caso não exista maior equilíbrio no acesso aos recursos naturais, uma mudança tecnológica ou transformações no tipo de consumo.

De acordo com o Relatório do Desenvolvimento Humano da ONU (ONU, 2011), o aumento geral da renda está associado à deterioração em indicadores ambientais básicos (emissões de CO2, qualidade do solo e da água, cobertura florestal, entre outros). Ainda, o aumento no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) também estaria vinculado à maiores privações ambientais (poluição do ar, acesso inadequado a água potável e saneamento) e ao crescimento dos riscos ambientais com efeitos globais (ONU, 2011).

Nos anos 1990, foi lançada a hipótese de que a relação entre degradação ambiental e o aumento de renda se dava na forma de um “U” invertido (Environmental Kuznets’ curve), ou seja, em um primeiro momento, era esperado que o crescimento econômico aumentasse os níveis de degradação ambiental e, posteriormente, a riqueza atuaria na redução dos níveis de degradação (BECKERMAN, 1992). No entanto, esta proposição assume implicitamente que não existe a necessidade de intervenção governamental nas questões ambientais uma vez quem no longo prazo, os problemas seriam minimizados. Arrow et al. (1995) defendeu a ideia de que os problemas ambientais não irão se resolver automaticamente com o crescimento econômico e sem nenhuma intervenção governamental.

Paralelamente ao aumento significativo do consumo, os componentes da dinâmica demográfica se comportaram com bastante dinamismo durante o último século em diversas partes do globo. Estas transformações demográficas foram acompanhadas de transformações ambientais gravíssimas e ainda existe muito para entender sobre as relações entre as variáveis populacionais e o ambiente.

Em 2011, o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) divulgou que a população mundial deverá alcançar 9,3 bilhões em 2050 e 10,3 bilhões em 2100. Os principais países que irão contribuir para este aumento demográfico são aqueles com menor nível de desenvolvimento. No entanto, estas projeções já consideram um cenário de queda expressiva na natalidade também nestes países durante o séc. XXI. Nas porções mais desenvolvidas do globo, a natalidade já atingiu níveis tão baixos que os nascimentos verificados nos últimos anos não serão capazes de repor a atual geração de pais.

Assim, a distribuição da população e os diferenciais de fecundidade ao redor do planeta devem ser levados em consideração, uma vez que o crescimento populacional esperado para

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as próximas décadas não irá, necessariamente, gerar grandes impactos imediatos no consumo e na demanda por bens da população mundial, uma vez que isso se dará em regiões ainda excluídas dos grandes circuitos da economia mundial e que não abrigam grandes mercados de consumo.

Os estudos sobre população e ambiente têm incorporado novas questões importantes no desenvolvimento desse tipo de abordagem. Os efeitos da Transição Demográfica e das alterações na composição domiciliar no ambiente, os movimentos migratórios e as implicações ambientais da urbanização e da distribuição espacial da população são questões emergentes que merecem mais atenção da comunidade científica. Assim, existe uma lacuna na produção de abordagens reflexivas que buscam entender como as variáveis demográficas podem influenciar os padrões e os níveis de consumo.

Os trabalhos empíricos também são muito importantes para o melhor entendimento das relações entre população e consumo e devem ser igualmente estimulados. Para o desenvolvimento deste tipo de abordagem, Curran e De Sherbinin (2004) sugerem que o domicilio como unidade de análise oferece vantagens na produção de trabalhos empíricos em relação aos indicadores que buscam medir o consumo per capita dos indivíduos. Hogan et al (2010) ressalta que, com isso,

“o foco da análise da relação população e ambiente se deslocaria da discussão sobre crescimento populacional, mas buscaria entender, com mais detalhamento, a dimensão da estrutura doméstica, dos padrões de sucessão geracional, dos usos e dos padrões de consumo e do estágio em que determinada população se encontra no processo de transição demográfica (HOGAN ET AL, 2010, p. 38)

Tendo em vista a evolução da transição demográfica e do envelhecimento populacional no planeta, os estudos sobre população e meio ambiente também passaram a se preocupar com os efeitos das transformações da estrutura etária sobre os recursos naturais (CARMO; D´ANTONA, 2011). Quais seriam as características, em termos de consumo, de uma sociedade mais envelhecida? De uma forma geral, ainda existe uma carência de estudos que exploram com profundidade esta questão. No entanto, alguns autores oferecem alguns subsídios para este tipo de debate.

Dalton et al. (2006) estudam os impactos da estrutura etária e do crescimento populacional nas emissões de CO2 dos Estados Unidos. Os autores concluem que domicílios com jovens apresentam um padrão de consumo maior do que os domicílios habitados por idosos. Assim, as transformações demográficas nos Estados Unidos garantiriam uma redução de 40% nas emissões de CO2 até o final deste século.

Por outro lado, O´Neill et al (2001) não apresentam uma visão otimista e alegam que a transição demográfica tem diminuído o tamanho médio domiciliar e isso não está sendo acompanhada de uma redução no consumo médio das moradias. De acordo com O´Neill e Chen (2002), a ideia de economia de escala também deve ser levado em consideração já que maiores domicílios significam menor custo per capita para manter o padrão de vida dos indivíduos.

Nesta mesma linha, Hogan (2009) destaca a possível influência do aumento do número de domicílios no volume de emissões de gases no planeta. Assim, as variações da estrutura etária também são importantes uma vez que, o aumento no número de domicílios pode ser resultado de mudanças nos padrões de casamentos e do envelhecimento populacional, com impactos

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nas emissões de CO2. O autor também destaca que a distribuição urbano-rural da população também está relacionada com o crescimento nas emissões de gases (HOGAN, 2009).

Outros trabalhos buscam estabelecer relações entre o ciclo de vida domiciliar e a perda de biodiversidade em áreas rurais (BILSBORROW, 2001; LIU ET AL, 2004; BARBIERI, 2005). De acordo com LIU ET AL (2004), a evolução do ciclo de vida domiciliar com a redução do número médio de indivíduos por moradia afeta negativamente os recursos naturais.

Não obstante aos efeitos da queda da fecundidade e do aumento da expectativa de vida no mundo, outro componente importante da dinâmica demográfica que tem conquistado algum espaço nas análises das questões ambientais é a migração. Nas relações entre migração e ambiente, a distribuição e a utilização dos recursos naturais, tendo em vista o possível esgotamento e degradação, assim como as conseqüências das mudanças ambientais na mobilidade humana ganham destaque (HOGAN, 2005).

A distribuição espacial da população está condicionada a processos dinâmicos da relação humana com o ambiente. Mesmo tendo em vista que os estudos migratórios nunca deixaram de entender que as condições ambientais são importantes fatores que podem influenciar a decisão de migrar, apenas recentemente este tema passou a ser explorado mais profundamente (HOGAN ET AL, 2010), sobretudo diante do aumento das preocupações relacionadas às mudanças climáticas globais (ADAMO; IZAZOLA, 2010).

Diante disso, a revista Population and Environment lançou um volume dedicado aos estudos sobre migração e ambiente no ano de 2010 que exploram questões importantes: êxodo rural em áreas de vulnerabilidade ambiental (PARRY ET AL, 2010); diferenças de gênero na relação migração e ambiente (XIAO; HONG, 2010; MCCRIGHT, 2010), efeitos da seca na migração (GILBERT; MCLEMAN, 2010); a relação entre mudanças climáticas globais e migração (BARBIERI ET AL, 2010), entre outros assuntos.

Nos debates sobre migração e ambiente, a questão dos refugiados ambientais tem revelado problemas cada vez mais alarmantes. O conceito de refugiados ambientais se refere aos deslocamentos populacionais inevitáveis devido a questões diretamente relacionadas com as transformações ambientais. Na conferencia da ONU de Estocolmo (1972), o termo Environmental Refugees – Refugiados Ambientais – foi utilizado para se referir as pessoas que foram obrigadas a abandonar temporária ou definitivamente o local onde tradicionalmente vivem, devido ao visível declínio das condições ambientais.

Oliveira (2010) destaca que o deslocamento forçado pelas mudanças ambientais gera três categorias de refugiados:

a) aqueles que têm se deslocados temporariamente devido a pressões ambientais, tais como um abalo sísmico, um ciclone (ou furação), ou uma tempestade que causa alagamentos – e que após passada, provavelmente os habitantes da região irão regressar a seu habitat natural;

b) aqueles que se deslocaram permanentemente devido a mudanças definitivas do seu habitat, tais como represas ou lagos artificiais; e,

c) aqueles que se deslocam permanentemente em busca de melhor qualidade de vida, posto que seu habitat natural encontra-se incapaz de provê-los em suas necessidades mínimas devido a degradações progressivas dos seus recursos naturais básicos (OLIVEIRA, 2010, p.125).

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O relatório Alterações Climáticas e Cenários de Migrações Forçadas, elaborado pelo Instituto para o Desenvolvimento Sustentável para a Comissão Européia e apresentado durante a Conferência de Poznan (2008), revelou que existe uma quantidade impressionante de refugiados ambientais no mundo. De acordo com o relatório, o total de pessoas que foram forçadas a se deslocarem em decorrência de problemas ambientais era de aproximadamente 25 milhões em 2008, podendo alcançar 50 milhões até 2020. Diante deste quadro, existe urgência no reconhecimento dos refugiados ambientais no ordenamento jurídico internacional. Isso ajudaria na garantia de condições mínimas para a preservação da dignidade dessas pessoas em situação de vulnerabilidade (OLIVEIRA, 2010).

Ainda, tendo em vista as principais transformações demográficas que o mundo passou nas últimas décadas, os movimentos migratórios que garantiram a maior concentração de pessoas nas cidades em relação ao que se observava no passado causaram algumas implicações importantes para a questão ambiental, com destaque para a realidade dos países em desenvolvimento. Assim, no que diz respeito à crescente concentração de pessoas nas cidades, boa parte dos problemas ambientais atuais são, também, problemas urbanos, ou problemas de natureza urbana.

Levando em consideração que, atualmente, mais da metade da população mundial é urbana, deve-ser ressaltar que nestes espaços as transformações ambientais são mais intensas e com maiores impactos na vida cotidiana das pessoas. Ainda, as transformações para além dos limites das cidades são cada vez mais comandadas por uma lógica urbana que tem promovido, em extensão, as maiores transformações ambientais que se tem notícia.

Nos países em desenvolvimento, as precariedades urbanas e a vulnerabilidade social acabam ampliando os impactos das mudanças ambientais nesses espaços. De acordo com Hogan (2009), “a expansão urbana transforma e fragmenta a paisagem, comprometendo tanto a diversidade biológica quanto a capacidade de ecossistemas de amortizar as conseqüências da atividade humana”. No que diz respeito ao consumo urbano, o uso de recursos (KATES, 2000; MARTENS; SPAARGAREN, 2005) e a disposição dos resíduos (THRONE-HOLST et al 2007) apresentam uma pegada de carbono importante (HOGAN, 2009).

No entanto, Martine (2007) explora os impactos das diferentes formas de ocupação do espaço para a sustentabilidade e oferece uma visão interessante sobre o assunto. Tendo em vista que os ambientalistas tradicionalmente olham para as cidades com certa aversão, uma vez que as cidades congregam a maioria dos problemas ambientais causados pelos padrões de produção e consumo, gastando enormes quantidades de energia para a indústria, transporte, calefação, iluminação e eletrodomésticos e gerando volumes prodigiosos de lixo e poluição, o autor faz a seguinte pergunta: se a população estivesse mais dispersa, melhoraria a situação social e ambiental? De acordo com o estudo, a concentração urbana e suas vantagens de escala representam uma forma mais sustentável do uso da terra. Assim, diante do atual padrão de consumo, dos anseios e das expectativas das pessoas, a cidade fornece um modelo de ocupação melhor do que outras formas de organização espacial da população (MARTINE, 2007).

Para tentar entender melhor está ideia, podemos pensar nas vantagens comparativas das cidades em relação ao campo no que diz respeito à oferta de serviços sanitários, de abastecimento de água e de coleta de lixo e tratamento dos resíduos no Brasil. Não obstante aos impactos demográficos e aos aspectos negativos do processo de urbanização, estas transformações também abriram um leque de oportunidades frente aos diversos desafios com

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relação à universalização destes serviços no país. Na escala nacional, os grandes movimentos populacionais, muito intensos entre as décadas de 1960 e 1980, não impuseram um aumento geral na demanda de serviços sanitário no país. Nessa perspectiva, as carências apenas mudaram de endereço.

Mesmo diante das dificuldades impostas pelo aumento explosivo das demandas por serviços básicos nas grandes metrópoles brasileiras, o crescimento dessas aglomerações não apenas tornou os desafios mais visíveis, mas também, foi capaz de abrir uma janela de oportunidade importante no que diz respeito a oferta desses serviços no país. Nesse sentido, a concentração populacional e a maior densidade demográfica encontrada nos grandes centros em relação às pequenas cidades e às áreas predominantemente rurais, diante da maior verticalização e com o tamanho médio dos lotes que, de uma maneira geral, é menor nas grandes cidades, impactaram na redução dos custos de implantação desse tipo de infraestrutura.

A organização espacial na forma de cidades, com a nítida concentração populacional na formação de comunidades, também contribui, em alguma medida, para a conformação de movimentos sociais mais capazes de exercer pressão para o atendimento das demandas ambientais urbanas, o que pode fortalecer iniciativas em prol de políticas urbanas mais sustentáveis e com menos impactos negativos.

A Demografia também tem disponibilizado um conjunto de ferramentas e técnicas que oferecem suporte para as práticas de planejamento urbano. A dimensão ambiental, tendo em vista seus componentes físicos, econômicos, sociais e culturais, deve ser colocada em primeiro plano no planejamento e na criação de instrumentos eficazes de gestão das cidades. Assim, a Demografia, e também os Estudos Urbanos, têm evoluído muito na construção de ferramentas e técnicas que auxiliam o planejamento e a organização da vida nas cidades, com repercussões positivas na resolução dos problemas ambientais.

Mesmo tendo em mente todos estes aspectos, não se pode perder de vista que será nas cidades que as transformações ambientais serão sentidas de forma mais aguda (KOWARICK, 2002). Os problemas ambientais urbanos são bastante complexos e serão influenciados por fenômenos não apenas locais, mas também, de natureza global.

A título de exemplo, recentemente, os possíveis impactos das mudanças climáticas globais têm se destacado nas rodas de discussão acadêmica uma vez que estas variações ambientais podem causar novos problemas para muitas cidades e populações com alto nível de vulnerabilidade (HARDOY; PANDIELLA, 2009). Nesse sentido, alterações nos padrões de precipitação podem provocar a escassez de água, com destaque para regiões em que a oferta e a distribuição já são insuficientes. A concentração de chuvas poderá criar mais problemas para os sistemas de drenagem nas cidades. Os eventos extremos, caso se tornem mais freqüentes, irão causar danos a infraestrutura urbana (HOGAN; MARANDOLA Jr, 2007). As secas e ondas de calor terão reflexos na saúde, agravando problemas cardiorrespiratórios, sobretudo para a população jovem e idosa (ZISKA et al, 2008). No caso brasileiro, que possui mais 8.000 Km de litoral, a vulnerabilidade das cidades localizadas na região costeira também deve ser levada em consideração (HOGAN, 2009).

A importância das cidades nas questões ambientais levou a participação maciça dos lideres das maiores aglomerações urbanas do planeta na Conferencia das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, Rio +20. O chamado C40 reuniu os prefeitos de 58 grandes cidades de todas as partes do mundo que elaboraram uma agenda ambiental urbana. Nessa

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ocasião, conforme noticiado pela mídia, o grupo revelou que cerca de 2,9 bilhões de toneladas de gases do efeito estufa serão lançados na atmosfera por estas cidades em 2030 caso nenhuma medida de redução seja tomada. Ainda, as estratégias individuais dessas cidades poderão reduzir as emissões em até 248 milhões de toneladas por ano, o que corresponde à soma de emissões anuais da Argentina e de Portugal (MAGALHÃES, 2012). Não há dúvida de que a incorporação das perspectivas demográficas nas questões ambientais pode trazer ganhos significativos nos esforços que buscam a resolução dos conflitos entre população e ambiente, sobretudo nas áreas urbanas. Os estudos que exploram as perspectivas humanas dos problemas ambientais já contribuíram significativamente para a busca de alternativas mais acuradas para a construção de um mundo melhor. Não obstante os benefícios alcançados com a ampliação desses debates sobre a questão ambiental, as iniciativas devem ser multiplicadas em prol de uma Demografia Ambiental mais influente e participativa.

4 Considerações Finais

Este ano, a humanidade se deparou com uma grande chance de avançar nas discussões ambientais na Rio +20. Este foi um grande espaço de ideias que reuniu políticos, pesquisadores e interessados no assunto, oriundos de todas as partes do mundo, com o objetivo de contribuir para a definição de uma agenda de iniciativas a favor do desenvolvimento sustentável nas próximas décadas. Mesmo que esta conferência não tenha encontrado solução definitiva para os maiores problemas ambientais do mundo, o que pode ter frustrado alguns ambientalistas mais otimistas, a conferência foi mais um passo rumo à construção global de uma sociedade mais preocupada com a questão ambiental.

Ainda que não ocorra uma mudança generalizada no desejo de consumo da população é possível construir um mundo melhor com mudanças nas formas de consumo e no aumento da consciência ambiental. Assim, as inovações tecnológicas ou mudanças na prioridade de investimentos podem tornar o consumo mais sustentáveis, promovendo uma relação mais harmoniosa entre população e ambiente. É possível encontrar algumas soluções plausíveis para minimizar os problemas ambientais em suas diversas escalas numa perspectiva de curto, médio e longo prazo. A própria ideia de economia verde, muito falada e tratada com base em várias interpretações, pode ser uma luz caso seja levada a sério.

A título de exemplo, maiores investimentos em pesquisa poderiam criar alternativas economicamente viáveis para o uso de energias limpas e renováveis; transformações no modelo de transporte poderiam levar a uma realidade mais sustentável com a troca do automóvel pelo transporte coletivo via metrô; melhor distribuição da população no território poderia gerar uma conformação espacial mais equilibrada diante da atual excessiva concentração demográfica em algumas megacidades ao redor do mundo o que geraria ganhos significativos na resolução das questões ambientais urbanas, entre outras possibilidades. Provavelmente muitas outras soluções que ainda não foram pensadas, ou ainda não são possíveis de implantação, irão fazer parte das pautas de discussões nos próximos anos.

O mundo aguarda por iniciativas concretas na promoção de um desenvolvimento mais equilibrado e mais sustentável. Estas iniciativas de cooperação global são importantes e devem ser encaradas com muita seriedade por todos os setores da sociedade. A final de contas, como disse o Diretor Executivo da UNFPA, Dr. Babatunde Osotimehin, “A hora de

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agir é agora. As ações individuais, multiplicadas muitas vezes, podem fazer diferença. Juntos, somos 7 bilhões de pessoas; contamos uns com os outros”.

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