z
SINTOMAS
DEPRESSIVOS
EM
ESTUDANTES DE
MEDICINA.
UM'
ESTUDO
PRELIMINAR.
_
Trabalho
ideconclusão
de
Curso
de
Medicina
Dlepantaiiiento
de
ClínicaMédica
_Unive`xj"sidade4.Federa1
de Santa
Cataiina Orientadores: Dr.Lúcio José
BotellioDr.
Pedro
Largura
Florianópolis '
SINTOMAS
DEPRESSIVOS
EM
ESTUDANTES DE
MEDICINA.
UM
ESTUDO
PRELIMINAR.
Trabalho de conclusão de
Curso
deMedicina
Departamento
de
ClínicaMédica
Universidade
Federalde
Santa
Catarina Orientadores: Dr.Lúcio
JoséBotelho
Dr.
Pedro
Largura
Florianópolis
Agradecimentos
especiais à Dra.Ana
Maria
Maycot
Prates Michels, aosmeus
orientadoresLúcio
ePedro
e a todos os estudantesque
SUMÁRIQ
RESUMO
... ..ABSTRACT
... ..1NTRoI)UçÃo
... ..MÉTODO
. ... ..RESULTADOS
... ._DIscUSsÃo
... ..REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
RESUMO
Este é
um
estudo transversalque
investigou a prevalência de sintomasdepressivos
em
estudantesde
medicinada
Universidade Federal de SantaCatarina, utilizando-se para tanto o Inventário de
Depressão
de Beck.Os
resultados encontrados
mostraram que
16,36%
da
população estudadatem
índices significativos de sintomatologia depressiva; índices elevadoscomparados
com
osAB
STRACT
This
work
presents data about the prevalence of depressionof
medical students at Federal University of Santa Catarina.440
studentswere
assessed witha
Beck
Depression Inventory (BDI).The
prevalence of significative depressive1-INTRODUÇÃO
O
termo
depressão éusado
para designar entidades nosológicas, episódiode
doença
ou
sintoma 1.Também
pode
ser definidocomo
um
espectrum contínuo, ao longodo
qual se distribuiriam os indivíduoscom
sintomas depressivos, desde os sintomas leves de curta duração (faixa de normalidade), reações de lutoautolimitado e,
finalmente
no
outro extremo, adoença
depressiva grave eincapacitante 2.
Zoccolilloe colaboradores,
num
estudona Washington
University Schoolof Medicine, encontraram
uma
prevalência de 15%
de depressãomaior
ou
provável depressãomaior
nos estudantes de medicinado
primeiro esegundo
anos3
. Esses níuncros são três vezes maiores
que
os índicesda
população geral.Millan constatou
que
omaior motivo
de procura espontânea de assistênciapsicológica pelos estudantes de medicina foi distúrbio de
humor,
com
destaque para os quadros depressivos leves4.acadêmicos
6.Mediante
a idéia deque
a escola de medicina possa representaralgum
risco de depressão para seus integrantes, este trabalho foi desenvolvido
no
intuitode averiguar os níveis de sintomas depressivos dos estudantes de
medicina
em
nosso meio.2 -
MÉTODO
Do
universo dos606
alunosdo
curso de medicinada
Universidade Federalde
Santa Catarina(UFSC),
no
segundo
semestre letivo de 1995,440 responderam
ao Inventário de
Depressão
deBeck
(BDI)n, caracterizandomn
estudo transversalde prevalência de estados agressivos.
O
BDI
foi ométodo
escolhidopor
ter alta 9sensibilidade e ser auto aplicável.
As
avaliaçõesforam
feitas cercade
um
mês
apóso
início as aulas, forada
época
de provas.Os
questionáriosforam
entregues a todos os alunos presentesnas aulas de suas respectivas fases
no
momento
do
teste.Além
dos itensdo
questionário,foram
indagados dos estudantes a fase, aidade e
o
sexo, sem,no
entanto, identificá-los.Os
dadosforam
tabulados e os softwares Epi-Info eHaward
Graphics3-RESULTADOS
'
Estavam
matriculados efetivamenteno
curso de medicinada
UFSC
no
segundo
semestre de 1995,606
alunos. Destes,405 eram do
sexo masculino(66,8%)
e 201do
sexo feminino (33,2 %).O
questionário(BDI)
foicompletado
por440
estudantes(72,6%) que
tinham
idades entre 16 e 33 anos.A
média
de idade encontrada foi 21 anos.Nenhum
indício de sintomatologia depressiva foi encontradoem
272
estudantes (6l,8%).
Os
38,2%
restantes apresentaramalguma
sintomatologia. Setenta e dois estudantes (l6,36%)
tinham
escores significativos (entremoderado
e grave). 7Dos
72
estudantescom
escores significativos,37
(5l,4%)eram
do
sexo masculino,20 (27,8%) do
sexo feminino, e 15(20,8%) não responderam
àquestão sexo.
Tabela
1. Distribuição dos estudantespor
sexoSEXO
NÚMERO
PERCENTUAL
Masculino
243
55,2Feminino
138 31,4Não
responderam
59 13,4 T.otal[* ' _6440
'100
Fonte:
Dados
do
autorTabela
2. Distribuição dos estudantespor
fase1 2 3
4
5 67
8 9 10 11 1249
43 3549
37
3130
32
34
3532
33Tabela
3. Distribuição dos estudantespor
sintomatologia depressivade
acordo
com
o inventáriode depressão de`Back
GRAU
DE
DEPRE.ssÃ(›
||N“DE
ESTUDANTES
||PERcENTuAL.
Nenhum
272
61,82Suave
96
21,82Moderado
46
10,45Grave
26
5,91Total
44
O100
Fonte:
Dados
do
autor ~Tabela
4. Distribuiçãopor
sexo dos alunoscom
sintomatologia depressivamoderada ou
grave conforme
oBDI
Masculino
37
_ 55,4Feminino
20
27,8Não
responderam
15 20,8fTota1-'É 55;» r 1-F ¡72;} 1.jÍ
7100
NF
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UP*4-DISCUSSÃO
O
BDI
aplicado sozinhonão
é suficiente para diagnosticar depressãomaior
1°,mas
éusado
em
vários estudoscomo
indicador dehumor
depressivo,disforia e
má
função adaptativa.Nossos
resultados(l6,36%
dos estudantescom
índices significativos) sãosemelhantes aos encontrados por Zoccolillo 3 (p
<
0,05), para depressãomaior
ou
provável depressão maior. Esses níveis são cerca de três vezes os
da população
geral. V
V
Não
houve
diferen a si `ficativa entre a revalência de sintomatolo 81 'aentre os sexos (p
<
0,04),como
no
estudo deChan
H.Alguns
autores encontrarammais
sintomasem
estudantesdo
sexo feminino 12'”.Os
estudos longitudinaismostram
tuna tendêncianos
níveis depressivos deaumentar
ao longodo
período letivo 14, algunschegam
a duplicarna
época
dificuldade
em
fazer amizades e suporte financeiro insuficiente 16. Pelomenos no
iriício
do
curso estasforam
as causas mais importantes.O
inícioou
fim de
relacionamento afetivo está fortemente relacionado
com
humor
depressivoem
alunos reservados e tímidos,
onde
os custos das relações sociaispodem
superar. 17 , .
. .
seus beneficios.
Ao
contrario, os estudantescom
maior
auto estima, melhorescondições fisicas, mentais e sociais,
mais
atividade fisica e mais sono sãomenos
depressivos.”
Em
nosso estudo, a depressão parece ser diretamente proporcional à fasedo
curso.Um
estudo realizado_na Faculdade deMedicina
deSão
Paulomostrou que
o
uso
de tranqüilizantes, outras drogas e álcool émaior
nos últimos anosdo
cursode medicinais Esta questão
pode
ser uni dos fatores contribuintes para índicesdepressivos elevados, visto
que
o consmiiode
drogaspode
gerar depressão, que,por sua vez
pode
levar ao uso de drogas lícitasou
ilícitas.Talvez
o
curso de medicina seja realmentemais
estressante nas fasesfmais,
com uma
carga horária intensa de trabalho, plantões e a necessidadede
Em
psicanálise,na
chamada
Teoria das Relações Objetais, os interesses afetivosnormalmente
são investidos por grande carga libidinosaacompanhando-
se de idealizaçãodo
objeto (pessoa, coisaou
ideal).Mais
tarde esta idealização vai ser substituída poraproximação da
realidade,com
frustrações frenteao
objeto20
`
idealizado (Melanie Klein).
Ainda
seguindo esta autora,o
processo de“desidealização”
pode
seguir-se de depressão.Estariam os estudantes de medicina
em
um
processocomo
este, tendono
início
do
cursouma
fase eufóricacom
a idealizaçãodo
objetorecém
conquistado(ingresso
na
faculdade), seguida poruma
“desidealização”com
o
passardo
tempo
devida a enfoques mais realistas?
`
Se
as escolas de medicina estiverem mais atentas a estas questões, poder- se-á oferecer suporte psicológico institucional, direcionado ao estudantede
medicina, paraque
este possa aprender a trabalhar mais efetivamentecom
o
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