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Análise fisiográfica das várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra.

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Ub9U5 CPATU

Documento

ex. 2

/SSN1517-2201

FL06905

Dezembro, 2002

Análise Fisiográfica das

Várzeas do Baixo Tocantins:

uma contribuição ao manejo e

desenvolvimento dos sistemas

de uso da terra

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(2)

República Federativa do Brasil

Fernando Henrique Cardoso

Presidente

Ministério da Agricultura. Pecuária e Abastecimento

Marcus Vínicius Pra tini de Moraes

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Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa

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Embrapa Amazônia Oriental

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Chefe-Geral

Jorge Alberto Gazel Yared Miguel Simão Neto Sérgio de MelIo Alves

(3)

ISSN 1517-2201

Enfpa

Dezembro, 2002

Empena &asl.frs da Pbaq.*. Agnp.cvMa C.*o da Pnquln Agmi%wa.tp! - Amazônia Odaflai Nt/at&t da ApWadIwa, Paci,&ia a Abnftclnnnlo

Documentos

149

Análise Fisiográfica das

Várzeas do Baixo Tocantins:

uma contribuição ao manejo e

desenvolvimento dos sistemas

de uso da terra

Luiz Guilherme Teixeira Silva

Benedito Nelson A. da Silva

Tarcísio Ewerton Rodrigues

Belém, PA

2002

(4)

Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na: Embrapa Amazônia Oriental

Trav. Dr. Enéas Pinheiro, sfn

Caixa Postal, 48 CEP: 66095-100 - Belém, PA Fone: (91) 299-4500

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E-mail: sac@cpatuernbrapa.br Comitê de Publicações

Presidente: Leopoldo Brito Teixeira

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Raimundo Evandro Babosa Mascarenhas - Ernbrapa Amazônia Oriental Supervisor editorial: Guilherme Leopoldo da Costa Fernandes

Revisor de texto: Maria de Nazaré Magalhães dos Santos Normalização bibliográfica: Silvio Leopoldo Lima Costa Editoração eletrônica: Euclides Pereira dos Santos Filho V edição

1' impressão (2002): 300 exemplares Todos os direitos reservados.

A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte, constitui violação dos direitos autorais (Lei no 9.610).

Silva, Luiz Guilherme Toixoira

Análise fisiográfica das várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra/Luiz Guilherme Teixeira Silva, Benedito Nelson Rodrigues da Silva, Tarcísio Ewerton Rodrigues - Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2002.

34p.; 21cm. - (Embrapa Amazônia Oriental. Documentos, 149). ISSN. 1517-2201

1. Várzea-Fisiografia-Baixo. Tocantins-Pará-Brasil. 2. Manejo de recurso. 3. Prática cultural. 1. Silva, Benedito Nelson Rodrigues da. II. Rodrigues, Tarcísio Ewerton. III. Título. IV. Série.

CDD: 333.91815098115 0 Embrapa 2002

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Autores

Luiz Guilherme Teixeira Silva

Eng. Agrôn. e Geológo, M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48,

CEP 66.017-970, E-mail: luguicpatu.embrapa.hr

Benedito Nelson R. da Silva

Eng. Agrôn., M.Sc., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66.01 7-970.

E-mail: bnelson(cpatu.embrapa.br

Tarcisio Ewerton Rodrigues

Eng, Agrôn., Dr., Pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Caixa Postal 48, CEP 66.01 7-970.

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Apresentação

Pela sua importância, estratégica para o desenvolvimento regional e do Estado do Pará, a região do baixo Tocantins, desponta, ao início desse milênio, como um dos principais pólos de crescimento da economia da região, mas, não obstante, é mister que sejam realizados estudos básicos relacionados aos seus recursos naturais e de demandas junto as comunidades locais e conhecer as suas potecialidades e limitações.

Neste trabalho, foi realizado um estudo sobre a gênese das várzeas da região do baixo Tocantins, situadas nos municípios de Cametá, lgarapé-Miri e Abaetetuba, abrangendo o baixo curso do rio Tocantins, próximo da sua desembocadura no rio Pará, no estuário do Rio Amazonas. As proximidades das instalações do complexo minerometalúrgico ALERÁS/ALUNORTE, em particular, do porto de vila do Conde, essa área assume um papel importantissimo no desenvolvimento regional, pois que, a mesma deve estar preparada para prover e absorver todas as necessidades de produtos e serviços e os impactos desse projeto.

Aspectos biofísicos relacionados a fisiografia fluvial e aos solos que a compõem foram tratados de modo a fornecer subsídios ao manejo desse ecossistema. Assim, espera-se obter os subsídios necessários ao planejamento e ações futura, para a ocupação e desenvolvimento sustentado dessas áreas.

Portanto, foi com o intuito de atender a essas demandas de desenvolvimento regional que este trabalho foi materializado e ao mesmo tempo permitiu a socialização das informações levantadas no âmbito do Projeto Várzea, encerrado no final da década de noventa.

Emanue/ Adi/son de Souza Sertão

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Sumário

Análise Fisiográfica

das Várzeas do Baixo Tocantins:

uma contribuiçao ao manejo

e desenvolvimento dos

sistemas de uso da terra

...

9

Introdução...9

Metodologia...10

Análise fisiográfica e a evolução das várzeas do Baixo Rio Tocantins . 12 Fisiografia fluvial ...15

Adequação e limitações ambientais impostas aos subsistemas ...19

Conclusões...20

Referências Bibliográficas ...21

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Análise Fisiográfica

das Várzeas do Baixo

Tocantins: uma

contribuição ao manejo

e desenvolvimento dos

sistemas deuso da terra

Luiz Guilherme Teixeira Silva Benedito Nelson R. da Silva

Tarcísio Ewerton Rodrigues

Introdução

O conhecimento da fisiografia fluvial, particularmente das várzeas formadas pelos rios, pode contribuir para a adequação dos sistemas de uso da terra netas praticados, e também facilitar a terefa de planejamento e gestão de seus recursos naturais e do meio ambiente.

A Bacia Amazônica representa 47% da superfície territorial conjunta da Bolívia, Brasil, Colombia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, segundo Viltachica & Villavicencio (1984).

Na Amazônia Brasileira, consideram-se várzeas as terras situadas na planície aluvial de inundação, as quais afloram no período de estiagem e/ou em função do regime hidrológico, de vazante dos rios que as formam, ou das marés diárias (preamar e baixamar), ocasionadas pela força de atração que a lua exerce sobre a terra, acrescida do alinhamento terra, lua, sol e do movimento de rotação da terra, e as marés de sizígias - definidas pela posição em relação ao movimento de translação, nas fases da lua, cheia e nova respectivamente, consideradas de águas vivas, além das marés de equinócio, de final de verão (março) e de primavera (setembro) no hemisfério sul, quando se alinham na direção do equador, com as menores distancias, ocasião em que atingem os maiores picos de marés, por conseqüência, inundando mais terras.

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1 Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição

ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

A área do Baixo Tocantins, situada no domínio das várzeas flúvio-marinhas do Estuário do Rio Pará (Lima et. ai. 2000), no inicio da década de 80, foi selecio- nada como Zona de Programação Imediata- ZPI, Projeto de Desenvolvimento Integrado da Bacia do Araguala-Tocantins - PRODIAT, na qual foram definidas como zonas prioritárias os Municípios de Barcarena, Abaetetuba, lgarapé-Miri e Moju. Dentre as prioridades definidas pelo referido projeto (Brasil, 1982), em primeiro lugar, fez-se a definição das condições básicas necessárias à absorção do impacto dos projetos industriais a serem instalados em Barcarena, do ponto dc vista econômico, social e ecológico. Em segundo lugar, a necessidade de um planejamento para o setor rural no sentido de obstar o uso predatório ou especulativo da terra e, sobretudo, de desenvolver a produção agropecuária, atendendo a grande demanda por produtos básicos que estaria prevista para Belém e Barcarena no decorrer dos anos.

Pela sua importância estratégica para o desenvolvimento regional e do Estado do Pará, a região do Baixo Tocantins, desponta, no início do milênio, como um dos principais pólos de crescimento da economia da região, mas, não obstante, é mister que sejam realizados estudos básicos relacionados aos seus recursos naturais e de demandas junto às comunidades locais e conhecer as suas potencialidades e limitações. Assim, espera-se obter os subsídios necessários ao planejamento e às ações futuros, para a ocupação e desenvolvimento sustentado dessas áreas.

Neste trabalho, a área estudada inclui as várzeas da região do Baixo Tocantins, situadas nos Municípios de Cametá, lgarapé-Miri e Abaetetuba, abrangendo o baixo curso do Rio Tocantins, próximo a sua desembocadura no Rio Pará. Às proximida-des das instalações do complexo minerometalúrgico AlbráslAlunorte, em particular do porto de vila do Conde, essa área assume um papel importantíssimo no desen- volvirnento regional, pois a mesma deve estar preparada para prover e absorver todas as necessidades de produtos e serviços e os impactos desse projeto.

Metodologia

A análise fisiográfica das várzeas do Baixo Tocantins foi baseada na fisiografia fluvial a na caracterização doa solos. Foram levantados e mapeados os solos representativos de grande parte das ilhas que compõem a planície de inundação contemporânea do Rio Tocantins, os quais foram posteriormente avaliados em sua potencialidade produtiva em relação aos sistemas de uso da terra existentes.

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Anólise Fisiográ fico das Vó,zeas do Baixo Tocantins.' umo contribuição ao manejo e desenvoMmento dos sistemas de uso da terra

A abrangência da área de estudo compreende uma fxa de apraarnadamente

ló km de largura, da sua foz (confluência com o Rio Pará) até a última ilha a

montante, no Município de Cametó (Fig. 1 locatzaçõo da área de estudo),

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1

Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

A análise da fisiografia foi realizada com base em interpretação analógica de imagens de satélite Landsat TM 5, nas bandas 4 e 5, nos solos (descrição morfológica de perfis, coleta e análise de amostras) e nas observaçôes de campo, ao longo de deslocamentos feitos com auxflio de barco motorizado.

Na avaliação das potencialidades e restrições impostas pelo ambiente aos diferentes sistemas de uso, foram considerados os subsistemas identificados em um diagnóstico participativo da produção familiar de comunidades ribeirinhas do Município de Abaetetuba, realizado em 1995, conforme Schmitz et.al . (1995).

No diagnóstico, foram identificadas seis categorias sociais: agricultor, pescador, extrativista, artesão de tala, oleiro e carpinteiro, que se combinaram a outras situações ambientais e resultaram em 36 possibilidades, as quais definiram seis sistemas e 29 subsistemas, para, finalmente,serem simplificados e reduzidos a 11 subsistemas. A caracterização desses subsistemas é apresentada, em anexo.

Análise fisiográfica e evoluçflo das

várzeas do Baixo Rio Tocantins

Embora esteja situada em domínios ambientais de várzea, dominantemente, nas ilhas formadas pela planície de inundação do Rio Tocantins, ocupando uma faixa de 12 a 18 km de largura e 120 km de extenção, pertencente aos Municrpios de Abaetetuba, lgarapé-Mirf e Cametá, podem ser encontradas significativas áreas

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de costa, ou mesmo em enclaves dentro dessas ilhas, conhecidas como "Icas".

Não obstante estarem essas áreas sob cobertura de uma floresta higrófila de várzea latifoliada e muito diversificada, fenômenos naturais e atuais de formação de novas ilhas e maciços vegetacionais podem ser testemunhados por uma história e gênese não muito distante, contemporânea e posterior à idade da última transgressão da linha de costa (7 mil anos passados), registrada em grande parte do litoral brasilei-ro, segundo Suguio et ai. (1988). As evidências sedimentológicas e sucessionais, segundo Ranzani et. ai. (1986), ocorrrentes no presente, confirmam a máxima das ciências da terra: "no presente está a chave do passado".

Se a drenau€rn interna e o regime hídrico das marés, cujas correntes, no nordeste

paraense, podem atingir até 1,44 m/s (5 horas após a preamar) e amplitude de 6,0 m nas marés de sizigia, segundo o lima (1956), ao longo dos anos,

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

favorecem a colmatação e o acréscimo dessas ilhas. Todavia, a dinâmica da linha de costa, refletida nos furos e paranás que formam o complexo leito do Rio Tocantins em seu baixo curso, sob a influência de marés oceânicas, também permitem que sejam modificados os canais fluviais e com eles as frentes de solapamento (erosão das margens), como no aparecimento dos bancos de areia (Fig. 2) e as frentes de deposição ou p0/nt bar, independente do perfil de equilíbrio existente anteriormente à maior das alterações antrõpicas nele introduzidas, pela construção da barragem da usina hidroelétrica de Tucuruí, na década de 80. Segundo Egler & Schwassmann (i 962), a penetração de massas de água oceânicas pode se dar de dezenas até poucas centenas de quilômetros contra o sentido das correntes fluviais, na região do Estuário do Rio Amazonas,

Fig. 2. Banco de areia exposto por ocasião das baixas marés

A exuberância da vegetação de floresta, contrastante com os solos extremamente pobres em nutrientes, muito lixiviados )álicos) e dessaturados como os

Plintossolos, e juntamente com Latossolos e Areias, as quais foram desenvolvidas, em domínios de terra firme, representam as áreas mais antigas do Baixo Tocantins,

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14

1

Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins; urna contubuição

ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso de ferra

A presença de maciços de palmeira buriti (Mauritia f/exuosa Li denota a presen- ça de áreas mais baixas e sugere uma formação florestal pouco mais recente.

A presença de uma associação florística de Mangue (Sioli & Klinge, 1962), na qual dominam a Siriúba (Avicenie n/tida Jack), o Mangueiro-vermelho

lRhizophora mangle LI, bem como de uma fauna rica em pequenos crustáceos característicos de habitats intermediários, representam testemunhos biológicos da influência das marés oceânicas em algumas dessas ilhas. Ainda que sem o registro de marégrafos na área de abrangência do trabalho, estas evidências podem ser apoiadas pelos trabalhos limnológicos conduzidos por Egler & Schwassmann (1962) nessa região.

Camadas turfosas em profundidade até de 1 metro sugere a presença de áreas mais antigas nas quais o material em decomposição é constituido dominantemen-te de raízes de aninga (Fig. 3). A inexistência dessa camada em algumas situa-ções denota uma idade mais recente e menor grau de desenvolvimento do solo.

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Análise Fisio grã fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Fisiografia fluvial

Segundo Guerra & Cunha 1994), uma bacia de drenagem pode apresentar três tipos de padrão de canais, espacialmente setorizados ou, em um mesmo setor, durante a evolução do seu sistema fluvial, quando ocorrem variações temporais dessa drenagem, podendo assumir fisionomias anastomosadas e meandrantes, conforme a descarga de sedimentos.

No caso particular do Rio Tocantins, a heterogeneidade do leito, assim como a existência de irregularidades ou rugosidades, também interferem na forma dos canais e, em seu baixo curso, somada a perda de competência e a influência das marés, sob a influência de fluxos contrários ao sentido natural de vazante do rio, alteram a forma dos canais e o seu perfil de equiíbrio, resultando no conjunto de furos e canais, com diferentes sentidos de corrente (Fig. 4).

De modo geral, os canais anastomosados caracterizam-se por apresentarem grandes volumes de carga de fundo e, combinado com as flutuações das descargas, propiciam sucessivas ramificações ou múltiplos canais que se interligam, separados por ilhas assimétricas. Essa evolução parece ser a que melhor explica a evolução da fisiografia fluvial do Rio Tocantins, no baixo curso. Há presença de canais e um arquipélago de ilhas e barras arenosas associadas, sobretudo, na margem direita. Não obstante, a presença de minerais facilmente intemperizáveis como as micas presentes na fração fina (siltes e argilas) dos solos da Ilha Uruá (Ranzani et. ai. 1986), distante 8 km do leito principal do Rio Tocantins, é contudo compatível com a provável contribuição de material granitico, oriundo das cabeceiras do Rio Tocantins.

As variações do fluxo fluvial que podem levar ao estabelecimento do padrão anastomosado refletem as condições climáticas locais, a natureza do substrato, a cobertura vegetal, o gradiente fluvial. O padrão anastomosado dos canais é o que melhor expressa a relação entre o débito, a carga detrítica e os mecanismos de transporte, segundo Guerra & Cunha (1994).

Internamente, nas ilhas formadas ao longo do Rio Tocantins, sob outras condi-çóes energéticas e de fluxo de materiais em suspensão, prevalece outra dinâmica e a formação de canais meandrantes, que refletem o equilíbrio ou estabilidade do canal.

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuiçto 1

ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

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Fig. 4. Desenho esquemático exibindo o comportamento das correntes de rio e de marés em duas

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocam/os: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

As condições prevalescentes para o desenvolvimento dos meandros são camadas sedimentares de granulação móvel, coerentes, firmes e não-soltas, gradientes de descarga moderadamente baixos, fluxos contínuos e regulares e cargas em suspensão e de fundo em quantidades equivalentes, segundo Guerra & Cunha (1994). Estas condições são compatíveis com o também baixo gradiente vertical de temperatura das massas de aguá durante o período do dia (Egler &

Schwassmann, 1962). Entretanto, podem ser alteradas, bastando uma pequena mudança de gradiente de descarga do rio (motivada por pequenos ajustes neotectônicos) e/ou súbita descarga (em razão de enchurradas associadas ao desmatamento em grande escala, a montante da bacia), e podem levar à remoção e transporte de bdncos de solapamento (erosão basal das margens cóncavas) até a formação de barras de sedimentos (point bar), nas margens convexas, a jusante. Essas ilhas podem ser fisiograficamente subdivididas em planície de inundação e diques naturais, conforme proposição de Ranzani et. ai. (1986) que

correspondem as varzeas baixa e alta, pela população local respectivamente. Nos casos em que são encontradas no seu interior, ilhas de terra firme, localmente conhecidas como icas", a drenagem assume outro padrão (radial) e a faixa de contato é formada por solos plínticos, de idade mais antiga que os dois domínios.

Os solos do Baixo Tocantins são dominantemente hidromórficos, exceção dos que ocorrem nas "icas" ou ilhas de terra firme. No complexo de ilhas existentes, sobretudo, à margem direita do rio, são individualizados dois domínios

fisiográficos. Os tesos ou dique natural, nos quais dominam os solos Gley pouco húmico, com os mais desenvolvidos apresentando uma camada turfosa, a aproximadamente 1 m de profundidade, e a várzea baixa, onde dominam solos aluviais ou orgânicos.

Compondo as barras (scrol/) longitudinais que ocorrem paralelamente à margem do Rio Tocantins, como a Maratauíra, depósitos de areia (praia) são comuns e afogam depósitos sfltico argilosos mais antigos.

Conforme pode ser obervado nas ilhas localizadas próximas ao leito principal e às margens esquerda e direita do Rio Tocantins, h'S uma tendência de ocorrerem solos desenvolvidos sobre depósitos mais grosseiros, domínio de silte e areia fina na sedimentação. A medida que se afasta desse leito principal, em direção à margem direita, vila de Maiauatá, predominam depósitos de material mais fino, sfltico argilosos.

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18 1 Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: urna contribuição

ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Em algumas situações, podem ser encontradas evidências de bancos de areia "point bar" enterrados, em um perfil de Gley pouco húmico, situado na confluên-cia dos Rios Trapiaí e Verríssimo, o que confirma o ambiente dinâmico na evolução da fisiografia fluvial do Rio Tocantins. Esses bancos de areia podem ser testemunhados por qualquer viajante, em vários locais, por ocasião das marés vazantes.

A formação de novas ilhas é também um fenômeno facilmente constatado por aqueles que viajam nessa região. Mesmo sujeitas a inundações diárias, algumas são habitadas por moradores, sem áreas agricultáveis, apenas com vegetação de aninga ou florestas relativamente recentes, nas quais se dedicam às atividades extrativas de pesca e à catação de sementes, frutos e resinas nas matas vizinhas, conforme Fig. 5.

Fig. S. Aspecto de uma ilha em formação. -lá dominância de aninga (Maurithia montricardia (L.) Schott) e

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantiris: uma contribuição ao 1 19 manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Nas várzeas baixas, em que ocorrem maciços de buriti (Maurithia monticaria (Li Schott), os solos apresentam-se mais argilosos e dominantemente nas várzeas baixas de algumas ilhas.

Nas "icas" e na transição das várzeas com a terra firme, dominam os Plintossolos, que correspondem aos solos mais antigos ocorrentes no Baixo Tocantins e correspondem aos terraços antigos do rio, de idade quaternária. Tratam-se de solos muito lixiviados, álicos e distróficos, ao contrario dos solos hidromórficos que dominam nas várzeas altas.

A possibilidade de implantação de roçados com lavoura branca nessas áreas amplia as possibilidades de produção e a diversificação desses sistemas na região.

Limitações edáficas impostas aos diferentes sistemas de uso da terra podem ou não afetar em diferentes graus a implantação de alguns subsistemas de agricultu-ra, ou mesmo impossibilitando sua implantação. No caso dos subsistemas de plantas ornamentais e medicinais, via de regra, são utilizados girais suspensos que, portanto, independem de fluxo de marés ou de outros fatores ambientais.

Adequação e limitações ambientais

impostas aos subsistemas

Na Fig. 6, apresenta-se uma matriz de dependência entre os diferentes

subsistemas com os solos, vegetação, hidrologia (fluxo de maré) e a fauna, nas condições prevalescentes no Baixo Rio Tocantins.

Subsistema Solos Fluxo de maré1 Vegetação Fauna

Roçadeverão + ++ +

_________

++

++

+

Roçadevarzea 4-++ ++

Frutenas ++ ++ + +

Acaizal * + ++ +

+ 4

Plantas ornamentais e medicinais + + + -t +

Terreiro + + + + + + + --

Xerimbabo + + -t -4 +

Porco + + + +

Gado ++ ++ ++ +

Peixe + + ++

baixa-ou nenhuna dependência; * -f média depencência e + + -1- alia dependência.

F19. 6. Limitações ambientais atuantes em alguns dos subsistemas de várzea.

'Marés diárias, normais e nas fases de sizígia lluas cheia e noval e nos equinócios de primavera e verão, no hemisfério Sul.

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição

20

1

ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Os subsistemas de roças (de verão, de janeiro e de várzea) e ainda de terreiro são os que apresentam alta dependência com em relação ao solo, na medida em que estão situados nos tesos (várzea alta) e, por conseguinte,com as melhores características edáficas para o estabelecimento desses subsistemas. Tanto quanto em Terra Firme, as roças são praticadas, obedecendo a uma sazonalidade para os componentes (espécies cultivadas que apresentam ciclo curto) e restrita a outros de ciclo longo, de frutíferas como taperebazeiro, mangueira, cacaueiro, cupuaçuzeiro, pupunheira, etc., ou florestais como cedro e andirobeira e outros espontâneos no ecossistema como o açaizeiro e bacabeira, todos tolerantes às oscilações do lençol freático, oscilando, mas sempre abaixo de 2,5 metros de profundidade durante o ano. Em relação ao susbsistema de terreiro, podem ocorrer casos em que não há alta dependência em relação ao solo, como no cultivo de algumas espécies herbáceas de plantas ornamentais e medicinais em girais e canteiros suspensos.

A ocorrência de vegetação ou associação de espécies vegetais predominando em determinado ambiente exerce um maior ou menor controle e limitação à implanta- ção dos subsistemas. Populações de aninga (Montricardia sp.), por exemplo, normalmente estão associadas a solos muito recentes e sob condições de excessos hídricos, que torna os ambientes altamente restritivos aos susbsistemas de cultivo ou ainda dificultando o manejo e a fixação de infra-estruturas necessárias à implantação de outros subsistemas como os de criação

(porco, gado, sirimbabu e peixe). De outro modo, a infestação por espécies de plantas colonizadoras formando juquiras também pode exercer alta restrição à implantação, sobretudo, dos susbsistemas de roça, fruteiras, açaizal e outros, quando implantados em áreas maiores.

De modo geral, dependendo da localização e situação topográfica em que vai ser instalado o susbsistema, ou seja, qual a profundidade do lençol freático e a maior ou menor influência de maré atuante, tanto mais restritivo e seletivo será o ambiente, em relação aos subsistemas a serem implantados.

Conclusões

• Com base nos dados obtidos, podem ser estabelecidas as seguintes conclu-sões: O tipo de vegetação permite avaliar as relações de trocas de materia (componentes biofísicos do ecossistema) e energia que acontecem nas várzeas do Baixo Tocantins.

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

• Os diferentes sistemas de produção (subsistemas) estão intimamente relaciona-dos aos tipos de ambiente que ocorrem na área.

• A diversidade de subsistemas nas várzeas do Baixo Tocantins reflete as diferenças de ambiente que nelas ocorrem. O grande potencial natural para produtos de diferentes origens contribui para uma baixa ação predatória do homem, no uso dos seus recursos naturais e para o reduzido desmatamento da floresta original nas condições de várzea do Baixo Rio Tocantins.

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Anil/se Fis/ográ fica das Várzeas do Baixo Tocantius: uma contribuição 22

1

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Anexo

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Análise Fisfográfica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Caracterização dos subsistemas, segundo Schimitz et.

al.(1995)

Descricão:

• Roça em que são plantados a mandioca, o maxixe e a melancia, de maio a outubro, em duas ou três tarefas. São utilizadas capoeiras, em média, com 5 anos. A mandioca tem crescimento melhor nesta época.

Itinerário técnico

- balizametito: delimitação do tamanho da roça; - broca: 25 a 30 dh/tarefa;

- 1 tarefa em média 4 dh;

- deruba (imediata) - capoeira 10/tf - 2tf = 1 hd; - secagem: de 8 a 30 dias;

- aceiro, queimada, coivara e plantio: o mais breve possível; - espaçamento (0,5 m x 0,8 m) - atrapalhado;

- pedaço de maniva de aproximadamente 15 cm; - tempo gasto para o plantio: 4 hd/tarefa;

- primeiracapina: período variável em função do vigor do mato, média de 45 dias após o plantio, com a técnica de uso do facão o arranquio é o ideal;

- segundacapina: feita, em média, após 6 meses da primeira;

- colheita: corte da planta a 50cm, arranquio, separação das raízes e acondicio-namento em saca ou aturá; e

- transporte: cavalo, nas costas, de bicicleta, de carro-de-mão.

Calendário sazonal

Semelhante ao utilizado em terra firme

Principais problemas

- degradação ambiental;

- baixa produção, diminuição da área plantada e do tempo de colheita; 3 - concorrência do mato;

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Análise Fisio grã fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

4 - apodrecimento decorrente de cheia (encharcamento do terreno); e - falta de maniva para o plantio.

Descrição

• Roça feita em capoeirão e cpoeirinha, com uma grande diversidade de culturas: mandioca, arroz, milho, jerimum, maxixe, gergilim, quiabo, batata doce, cará, feijão tadão, anã.

Itinerário técnico:

Capoeirão (acima de 10 anos)

- broca: agosto e setembro, 2 a 3 hd/tf;

- derruba: setembro a outubro, machado 4 hd/tf, motosserra 0,5 hd/tf; - queimada: deve ser feita no mínimo de 30 dias, máximo de 60 dias.

Capoeirinha (5 a 10 anos)

- broca: outubro a 15 de novembro; - derruba: no máximo até 15 de novembro;

- queimada: mínimo de 8 dias, no máximo 30 após a derruba, quando queima mal é um entrave para o sistema, período final de novembro até 15 de dezembro.

Plantio

- milho: (enxada), arroz (tico-tico), jerimum;

- espaçamento: milho 1 mx 1 m, arroz 0,3 m x 0,3 m;

- quando o milho aparece, planta-se o arroz (aproximadamente 8 dias); - depois de 1 mês, planta-se a mandioca e faz-se uma cova com a exada; -0,5 hd com exada, três sementes;

- 0,25 hd com tico-tico, milho, três a cinco sementes, e arroz, dez a 12 sementes; - plantio da mandioca semelhante ao plantio da roça de verão.

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1

Análise F7siográflca das Várzeas do Baixo Tocantlns: uma cantfibulção

ao manejo e desenvaMmento dos sistemas de uso da terra

Cha

Primeira capina é feita 45 dias depois do plantio, cortando com o facão e

arrancondo: a quantidade de uma roça para outra é mufto variável;

segsdacapina é fefta após a colhefta do arroz edo milho e é destinada a

melhorar as condições para o desenvoMmento da roço de mandioca.

Cdheita

- o arroz é colhido depois de 4 a á meses do plantio:

- o cacho é cortado de faca com uma das mãos e passado para outra até forrriar

dez a 12 cachos, quando então é colocado em um saco, preso ao corpo do

produtor;

- o arroz é mais usado para o consumo;

- o milho é colhido normalmente sem dobrar;

- o milho verde é multo usado para o consumo humano (canjica. mingau):

- o milho seco é destinado á alimentação de poráos e aves.

Transpote

- idem para roça de verão.

Divisão do trabalho

- homens, mulheres e crianças trabalham na roça;

- normalmente os homens fazem sonhos o serviço mais pesado (broca e

dernba);

- mulheres e crianças trabalham mais no plantio e na colheita;

- na capina trabalham homens e mulheres (conferir).

Variedades

- mandioca amarela: cardosa*, zulhuda, vermelhina, manteiguinha, manicueira

ou mandiocaba, marapani arancuã (mais clara), tifirci mirttl ara tucupi bem

- mandbca brcrica: pacq!cdrto* qDacajá-do-rnarajó), pacajá-grande, caravela

dona antônla, prefinha branquinha, pacut maranhuca (pacifica);

mals rápida ou precoce ode ser colhIda apartir de 7 meses): macaxeira:

bdana b(anccz amarela (há cinco variedades);

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao

27 rnane/o e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

arroz: ponta-fina, dente-de-cavalo, milho-roxo (bom para cavalo); gergelim: preto (p1 remédio) e branco.

Principais problemas

Pragas:

Mandioca: saúva - controle> mirex, tucupi, óleo queimado + cal;

Arroz: chupão (pouco freqüente) e pássaros (pequenas áreas)- controle > fazer barulho, espantalho;

Milho: macaco prego.

Calendário sazonal

- semelhante ao da terra firme

3- Subsistema de roçado de várzea

- Pouco disseminado (não caracterizado)

Descriçao:

• Subsistema de agricultura em que os plantios são efetuados fora das áreas do terreiro, para fins comercias, financiados por entidades bancárias ou apoio de ONGs e órgão do SPA. Há casos de iniciciativa própria na várzea. O tamanho varia de 0,5 a 1,5 ha. As principais espécies financiadas pelo ENO são: coco, cupuaçu, banana, maracujá, pupunha, e banana. Quando plantados por iniciativa própria as espécies preferidas são: citros, coco, banana, manga, jambo, cacau e cuia.

Itinarário técnicoS cultivos financiados: mesmo processo de preparo da roça, seguir sistema de produção orientado pela assistência técnica.

cultivos de iniciativa própria - em geral, utilizam-se áreas que possuiam culturas de ciclo curto; na terra firme, foram introduzidos nas dos pimentais em decadên-cia.

Mudas: preparadas pelo agricultor ou adquiridas nas ONGs dou órgãos de fomento;

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Análise Fisio grã fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição

ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Plantio: ocorre de forma tradicional e, em alguns casos, são orintados por ténicos.

Práticas culturais: faz-se capina e amontoada dos restos vegetais e, em alguns casos, adota-se poda de formação e de condução.

Principais problemas: alto custo de implantação de manutenção.

Calendário sazonal: implantação no inicio das chuvas.

Descrição

• Subsistema de agricultura cujo componente é uma planta nativa (açaizeiro) com maior ocorrência na várzea e na terra firme ao longo dos igarapés. Também está muito presente nos terreiros, em volta das casas. Existem três tipos de açaí: branco, preto e açaí tinga/casado. Na várzea, quando velho, só produz no verão; quando o manejo produz o ano todo, a safra de inverno (janeiro-março) é pequena, e a safra de verão (junho a dezembro) é maior. De agosto a outubro, é bem preto, e de outubro a dezembro, popularmente conhecido como ruIra.

- Nas regiões de Caripetuba, Maúba, Paruru, Sirituba, Paramajó, o período de produção é de abril a outubro;

- Em Maracapucu e Açaquera: agosto a fevereiro; - Em Tucumanduba e Cariá: julho a dezembro;

- Usado como alimentação básica (vinho), e também nas formas de mingau e licor.

Itinerário técnico

-Manejo: retirada de árvores velhas é feita por 50% dos produtores. 0 corte estimula a produção após 3 anos.

Açaí (fruto)

- Colheita: feita no final da tarde por crianças que sobem nas árvores e cortam o cacho;

- Debulha: dez a 20 rasas/duas pessoas;

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Embala das rasas; Transporte.

Açaí (Palmito)

- hoje a produção é mais controlada - manejo de fevereiro a março;

- corte das árvores deixando duas árvores por rebolada. Estipe usada na constru-ção de ponte, lenha em olaria, chiqueiro, parede de casa e ripa;

corte de 100 palmito/pessoa/dia.

Principais problemas

- trato do açaizal; - mercado de frutos;

- morte de árvores na área de influência da Albrás (Capim, Cujari, Beja); mercado de palmito está em crise (só há uma fábrica funcionando).

Calendário sazonal

- O ano todo.

Compreende espécies variadas com algumas sendo relacionadas em conjunto com os produtos originados em sistemas de terreiro.

7-

Sistema terreiro

Descrição

Subsistema de agricultura, também conhecido como mato, quintal ou sitio; representa uma área de 0,5 tarefa a 1 ha, próximo da casa, plantado com uma grande variedade de espécies de frutíferas, aromáticas, ornamentais e medicinais.

Frutíferas: jambo-maçã, jambo-rosa, açal, manga, pupunha, taperebá, cupuaçu banana, laranja, toranja, piquiá, coco, abiu, ingá, jaca, graviola, biriba, fruta-pão, jenipapo, cacau, bacuri, abacate, abacaxi, mamão, goiaba, caju, ajuru, bacaba.

Medicinais: capim matinho ou capim santo, arruda, boldo, babosa, hortelã, urtiga branca, pirarucu, canela, salva anador, mastruz, laranja-da-terra, pariri,

marupazinho, sucuriju, cipá d'alho, mucura caá, gengibre, sabugueiro, cabii, cebola-branca, peão-roxo e manjericão.

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Aromáticas (temperos): pimentas, urucu, chicória, alfafa, cebolinha, limão-caiano.

Madeiras: cedro e andiroba.

Ornamentais: rosas, jasmins, crótos, papoulas, tajá, etc.

Itinerário técnico

Fruteiras: grande maioria dos terreiros foram implantados pelos antepassados, no geral, segue o mesmo itinerário na roça da mandioca e roçado de várzea. A família se instala no local e vai formando sítio.

- as mudas são formadas de semente ou mudas coletadas na vizinhança e no mato;

- o plantio é feito de modo "atrapalhado' sendo cova feita com a ponta do facão, de tamanho reduzido, não existindo um espaçamento pré-determinado; - os tratos culturais se reduzem basicamente à capina e amontoada dos restos vegetais no pé das plantas.

Remédios caseiros (plantas medicinais): cultivados em tendais ou varais, usam-se como recipientes paneiros feitos de talas ou vasilhas de plástico

reaproveitadas, as quais são enchidas com terra de caroço de açaí ou esterco de pequenos animais.

Temperos: as mesmas práticas das fruteiras e dos remédios caseiros.

Madeirais: as mesmas práticas das fruteiras.

Jardim: as mesmas práticas das fruteiras, porém bem próximas à casa.

-em todos os casos, as sementes são obtidas através das relações de amizades entre as famflias.

Calendário sazonal

O ano todo é realizado em girais.

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocan tias: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

8- Subsistema Xerimbabo

Descrição

• Subsistema de criação, no qual todas as aves são criadas no terreiro. As espécies mais comuns são: galinha, pato, peru e picota. São criados de cinco a 60 unidades.

Itinerário técnico

• manejo de rebanho: os animais são criados soltos e, quando jovens, recebem cuidados especiais e, na maioria dos casos, são presos à noite e soltos de dia; - manejo alimentar: normalmente se alimentam livremente dos produtos do terreiro e recebem alimentação complementar diariamente (milho, resto de mandioca, arroz, etc, e os pintos recebem ração industrializada);

- manejo rebanho: retira os pintos da galhinha, cria em pinteiros, utilizando ração, e, neste caso, a galinha recomeça a botar ovo mais cedo;

- na craição de patos, ocorre o mesmo da criação de gahinhas, porém, quando têm água, saem em busca de alimentos (mariscar);

- no centro, é comum não existir galhinheiro, e as aves botam ovo no mato; - peru e picota requerem cuidados especiais, precisam ser criados presos; - alimentação com ração e/ou ovo cozido, camarão descascado, milho e arroz cozido, babuja e cupim.

Calendário sazonal

- maior produção no período seco em função do estoque de alimentos na propriedade.

Principais problemas

- falta de alimento suficiente para manter os níveis de criação;

- doenças: gogo (catarro), cólera ou "new castle", morte subita (derrame); - ataque de predadores: gavião, raposa, irará, maracajá, mucura, jucuraru, surucucu, jibóia;

- os patos são atacados por sucuriju e lontra, e também são roubados.

Descrição

• Subsistema de criação de espécies rústicas, conhecidas como "pé-duro" ou mestiçados com aniamis de raças, em ambos os casos, são criados soltos.

(34)

32 Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição

ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Itinerário técnico

- chiqueiro para prender; - babuja de mandioca e comiaa;

- chula de açaí, bacaba, bagaço de miriti, manga, produtos da roça (jerimum, milho e arroz);

- castração dos machos com média de 5 meses, no quarto crescente (averiguar); - arame no focinho (para revirar a terra);

- quebra das presas para não comer a cana.

Calendário sazonal

- ano todo.

Principais problemas

doenças: cara inchada, vermes; - falta de alimentação suficiente;

- ataque nas roças do dono e do vizinho; - ataque às aves do terreiro.

10- Subsistema de Gado

Descrição

• Subsistema de criação de grandes animais em regime de pasto, extensivo, utilizando gado mestiço.

Itinerário técnico

- formação do pasto: duas alternativas: plantio direto de capim quicuio, através de mudas no espaçamento 0,70 m x 0,70 m; ou plantio junto com a roça de janeiro (mandioca/milho/arroz/capim);

- contrução de cercas, com quatro fios de arame farpado ou liso;

- manejo do pasto: tamanho da manga (verificar), pendo de permanencia: 2 meses, carga animal, exemplo: 13 animais em 15 ha;

- manejo alimentar;

- manejo sanitário: vacinação, vermifugação freqüente, outras doenças, só em caso de suspeita;

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuiçao ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

Calendário sazonal

3 a 4 anos atinge 500 kg

produção diária de leite: 1 a 7 litros (Shwirtz e Gir, respectivament

Principais problemas

- falta de pasto;

- elevado custo de manutenção (roço da juquira, conserto da cerca, aquisição de sal mineral e medicamentos).

Descrição

• Subsistema de criação, iniciado em 1991 na região de Maúba, posteriormente incentivado a partir do VIBRA, motivados pelo problema da redução do peixe na região. Foram promovidos encontro em Cametá para discutir esse problema, além de visitas a projetos do VIBRA em outros municípios. A idéia da criação de peixe em cativeiro partiu da Colônia e da APROCIA. O grupo cava os tanques e a APROCIA incentiva grupos e pessoas. Existem 80 tanques contruidos no município e a estação de piscicultura foi instalada em 1993. No inicio, usavam todo tipo de peixe nos tanques, o que não deu certo. A partir de 1998, os tanques passaram a ser povoados somente por tilápia e tambaqui. A Emater, prestava assistência técnica.

Itinerário técnico (não há)

Sistema de Barragem

- escolha do local no igarapá; - roçagem;

- derruba e retirada de árvores e madeira; - cavação para aumentar largura e profundidade;

- construção da barragem: cercado de madeira, coloca terra, o tubo para entrada e saida d 'água, seca igarapé para limpeza, coloca água nova e, em seguida, os alevinos (2000/tanque de 15 m x 50 m).

Sistema de tanque

- local: terra plana, próxima a um grande rio;

- cavação: 1 m de fundura > joga barro a 1 m de distância - boca do tanque; - tubo desvio propicia a entrada e saída d 'água;

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Análise Fisiográ fica das Várzeas do Baixo Tocantins: uma contribuição ao manejo e desenvolvimento dos sistemas de uso da terra

limpeza da lama, deixando o sol incidir diretamente por 2 dias para matar insetos;

- adubação: poucos usam esterco de gado indicado pelo VIBRA; - água de 15 a 30 dias;

- calcário e sal: poucos usam indicação do VIBRA e o consórcio com frango e porco;

- ração: farelo de arroz, de babaçu (tilápia e tambaqui pequeno) - massa de miriti, caroço de açaí, bucho, entranha de tripa e peixe (tambaqui mais de 300 kg) - casca de mandioca, mandioca mole e eroeira. Ração e trato feitos por filhos e mães;

- tanque de 20 m x 30 m: 30 dias para cavar e fazer acabamento das paredes.

Calendário sazonal

Ano todo.

Principais problemas

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Em'pa

Amazônia Oriental

Patrocínio:

BANCO DA AMAZÔNIA

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO

Referências

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