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A consciência e a sua relação ao objecto. Estudo sobre o projecto fenomenológico de Husserl nas IDEEN I, 1913

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(1)

João

Sããgua.

A

CONSCIÊNCIA

E A SUA

RELAÇÃO

AO OBJECTO

(ESTUDO

SOBRE 0 PROJECTO

FENOMENOLÓGICO

DE HUSSERL NAS IDEEN X .

1913)

(2)
(3)

A

João

Saanua

A

CONSCIÊNCIA

E A STJA

RE-_-._P_.CRO

AO OBJECTO

(ESTUDO SOBRE O PROJECTO

FENOMENOLÓGICO

DE HUSSERL NAS IDEEN I . 1913)

^

NA

(4)

em Filosofia

Contemporânea

apresentado

ã Faculdade de

Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

(5)
(6)

AGRADECIMENTOS

Por ter

passado

alquns

anos a estudar Filosofia e

quase tantos a estudar

Fenomenologia,

não me é agora

possí

vel

agradecer

a todas as pessoas a quem devo, em parte, o

que entretanto fui

aprendendo.

No entanto, é para mim obri

gatório

mencionar

aqui

os

seguintes

nomes (outros

agradeci

mentos

pontuais

ocorrerão em notas nesta

Dissertação)

.

0 Professor António

Marques,

Universidade Nova de

Lisboa,

por quem tive o

privilégio

de ser orientado no meu

trabalho de Doutoramento e de ter beneficiado da sua amiza

de,

disponibilidade

e saber filosófico. Com ele

pude

manter

importante

comércio intelectual, nomeadamente, sobre a K.r.V de Kant, as Ideen I de Husserl e as

condições

de

exequibili.

dade do programa transcendental

hoje,

c beneficiar assim da

sua reflexão sobre estes temas- Para ele vai, in limine, a

minha

gratidão.

0 Professor Joao Paisana, Universidade Clássica de

Lisboa, de quem fui aluno c;m três anos diferentes da minha licenciatura e que com

paci. ência

e afectuosa

disponibilida

de me iniciou na

Fenomenologia

de Husserl e no

pensamento

fenomenológico

em

geral,

com a solidez,

profundidade

e inttí

(7)

recen-IV

temente, facultou-me o seu estudo sobre as

Fenomenologias

de

Husserl e de

Heidegger

e discutiu

comigo

aspectos

do meu

próprio

trabalho, que estava então em fase de

elaboração.

Aqui

lhe reitero a minha

gratidão.

Ao Professor Fernando

Gil,

Universidade Nova de Lis

boa, devo nos meus anos de

Mestrado,

o

encorajamento

e o

optimismo

que então me induziu, bem como

alguns

importantes

conhecimentos filosóficos que na altura

pude adquirir.

Do Professor José

Gil,

Universidade Nova de

Lisboa,

de quem fui Assistente durante seis anos, recebi sempre o

apoio

e estímulo que

alguém

nessa

situação profissional

de

seja

encontrar. Pude também beneficiar de

algumas

conversas

sobre o

papel

da

Hylé

e do

Corpo

Próprio

na

Fenomenologia

de Husserl.

No Professor Manuel

Carrilho,

Universidade Nova de

Lisboa,

de que sou Assistente há três anos,

encontrei,

pri

meiro, um

amigo

e

depois,

alguém

que

pelo

seu sólido conhe

cimento da Filosofia

Contemporânea

e

pela

sua vivacidade de

pensamento,

me tornou

possível

desenvolver sobre inúmeros aspectos o meu

próprio.

Se

qualquer

uma destas coisas

é,por

si

só,

um

bem,

a

conjugação

de todas elas torna imensa a mi

nha

gratidão.

0 Professor João Morais Barbosa, Universidade Nova de Lisboa, desde há onze anos que

apoia,

de forma afectuosa

(8)

profissional;

profundamente

lhe

agradeço.

O Professor Jean

Petitot,

Université de

Paris,

discu tiu

comigo

inúmeras vezes nos anos de 1982-4

aspectos

das Ideen I de Husserl;

aqui

fica o meu

agradecimento pela

sua

disponibildiade

.

0 Professor Karl-Otto

Apel,

Universidade de Frank

furt, fez-me conhecer, em 1988,

longamente,

as suas

posi

ções

sobre a

Fenomenologia

de Husserl, a

noção

de

reflexão

transcendental, de

evidência,

e a

importância

da

'viragem

linguística'

em Filosofia; aceitou ainda ouvir e comentar

as minhas

opiniões

sobre estes mesmos temas. Tudo isso lhe

agradeço.

0 Professor Richard

Rorty,

Universidade de

Virgínia,

aconselha, desde 1987, o meu trabalho em Filosofia da Lin guagem, com ele

pude

também discutir sobre Filosofia da Men te e, sobretudo, tomar conhecimento com um dos

pensamentos

filosóficos mais

vigorosos

do fim do século: o seu.

Aqui

f_i

ca o testemunho da minha

gratidão.

0 Professor Willard

Quine,

Universidade de Harvard,

honra-me desde 1988 com a sua

correspondência,

tendo-se tam

bém enviado trabalhos seus a que ainda não tinha tido aces

so.

Aqui

lhe

agradeço

reconhecidamente.

O Dr. Paulo Jorge Melo, Universidade Nova de Lisboa,

(9)

VI

alguns

anos, um

permanente

comércio intelectual sobre Ló

gica,

Filosofia da

Lógica

e Filosofia da

Linguagem.

Os seus

ensinamentos e

disponibilidade,

suscitam a minha maior gra

tidão.

Durante os últimos dez anos tenho dado aulas no De

partamento

de

Filosofia,

U.N.L., a sucessivas

'gerações'

de alunos;

pelo

menos um trimestre foi sempre reservado à expo

sição

e comentário de um

aspecto

da filosofia de Husserl.

Aproveito,

por

isso,

do

diálogo

que eventualmente

pude

esta

belecer com os estudantes acerca de anteriores versões dos materiais

expostos

neste trabalho. A todos essas

'gerações'

de estudantes

aqui

fica o meu

agradecimento.

Ê

justo

no en

tanto, destacar

alguns pelos

nomes: Manual

Eugénio,

Fernando

Martinho,

Maria do Carmo

Correia,

Lúcia

Novais,

João Paz, Nu

no Fonseca, Jorge

Roque,

Sandra Fitas e,

sobretudo,

António

Caeiro.

Nos últimos dois anos

(88/89)

e 89/90 tomei a

iniciati_

va de

organizar

encontros

quinzenais

sobre Filosofia da Lin

guística,

nos

quais participam

de modo

regular

cerca de oito

pessoas

(colegas

e estudantes) . O

primeiro

ano foi dedicado

à filosofia de Quine e o

segundo

ãs teorias do sentido e da

referência. Ambos os temas

terão,

como se

verá,

alguma

impor

tância neste trabalho e quero por isso

agradecer globalmente

aos

participantes

desses encontros

pela

sua

contribuição

pa

ra o esclarecimento e debate desses temas. A quase todos eles

agradeci

acima por outras razões , falta-me agora referir

(10)

A minha mulher, Suzana, leu a

primeira

versão da pre sente

Dissertação

e ofereceu-me

sugestões

que

permitiram

me

lhoramentos da

redacção

do texto definitivo; além

disso,

re

viu

comigo

as provas

dactilogrãf

iças.

Aqui

lhe reitero a mi

nha

gratidão.

Por fim, mas não por último na ordem do

gratidão,

a

minha

mãe,

Maria do

Céu,

através de um trabalho desvelado

de três anos,

dactilografou

a

primeira

versão do manuscrito

desta

Dissertação

e acrescentou assim mais um, aos

inú

(11)
(12)

ABREVIATURAS

Abreviaturas usadas para as obras de Husserl citadas:

CM Cartesianisch Meditationen und Pariser

Vortráge

Entwurf Enwurf einer 'Vorrede' zu den

Logische

Untersuchun

gen

EP Erste

Philosophie

EU

Erfahrung

und Urteil

FTL Formale und transzendentale

Logik

Ideen I, II, III Ideen zu reinen

Phánomenologie

und

pháno-menologischen Philosophie,

I, II, III

IP Die Idee der

Phánomenologie

Krisis Die Krisis der

europáischen

Wissenschaften und die transzendentale

Phánomenologie

PSW Die

Philosophie

ais strenge Wissenschaft

L.M.,

Prolegomena

Logische Untersuchungen

, Bd. I,

Proie-gomona Zu reinen

LOgik

L.U., Unt. I-VI

Logische

Untersuchungen,

Bd. II, teilel

und IT,

Untersuchungen

1-V.I

PA

Philosophie

der Arithmetik

PP

Phánomenologische Psychologie

(13)

X

ZBW

Vorlesungen

zur

Phánomenologie

des inneren Zeitbe-wusstseins

Abreviaturas usadas para as obras de Kant citadas:

K.r.V. Kritik der Reinen Vernunft

Outras

siglas

usadas para abreviaturas neste trabalho:

IE

intuição

eidética

IS

intuição

sensível

IC

intuição categorial

CFF

"consideração

fenomenolõgica

fundamental"

PI

percepção

imanente

PT

percepção

transcendente

DC dúvida cartesiana TD tentativa de dúvida

RF

redução

fenomenolõgica

TC teoria da

correlação

noético-noemãtica

.

Nota: 1

-Cada uma das

siglas

deste último grupo e introduzida no con

texto próprio so

depois

da expressão que e por ela abreviada

ter

ocorrido no texto pelo menos uma vez de molde .1 nao se

prestar a confusões.

2 - 'filosofia da

Linguagem'

é uma expressão que neste trabalho

se refere sempre a Filosofia Analítica da Linguagem, em par

ticular, aos trabalhos de filósofos como Frege, Russell, Canvip, Quine, Piitnam, etc.

(14)

Por

lapso

de

dactilografia

as

páginas

561 a 570 apare

cem

repetidas

imediatamente a

seguir

à

pág.

570. Dado que os

trinta

exemplares

se encontravam

todos

prontos,

optou-se

por acrescentar a letra A, obtendo-se assim as

páginas

561A

a 570A. Este

facto,

não sendo embora

susceptível

de gerar

quaisquer

enganos ao

leitor,

não deixa de ser

desagradável.

(15)
(16)

ÍNDICE

P

INTRODUÇÃO

§ 1 .

Objecto

e tema da

Dissertação

§ 2. O

'optimismo',

o

'pessimismo'

e as duas 'ima

gens'

da versão

optimista

da Filosofia

§ 3.

Metodologia

seguida

§ 4. 0

'lógico'

e o '

fenomenológico

' (sua

posição

na

Dissertação)

§ 5.

Intuição

Eidética

(Dissertação

-cap. 1)

§ 6. Essências e

Ontologias

(Dissertação

-cap. 2)

§ 7. A

introdução

do movimento instaurador da ciên

cia

Fenomenolõgica

(Dissertação

-cap. 3)

§ 8. A

'Consideração

Fenomenolõgica

Fundamental' e a

'teoria da

Correlação

Noético-Noemãtica'

(Dis

sertação

-cap. 4)

PARTE 1:

INTUIÇÕES

EIDÉTICAS,

ESSÊNCIAS E ONTOLOGIAS CAPITULO I - A

REPRESENTAÇÃO

DO NOSSO ACESSO AOS OBJECTOS GERAIS:

INTUIÇÃO

EIDÉTICA ....

§ 9. "Raízes"

Empiristas

de IE (1891-1894)

(P. A. e R. S. L. e a crítica a

Kant)

§ 10. A teoria da

intuição categorial)

1901) como

antecipação

de IE (1913

(i) aspectos da crítica ã teoria

empirista

da

abstração

(ii) novo alcance da

expressão

"fundado exclu sivamente em conceitos"

(iii) conceitos base para a

descrição

fenómeno

(17)

X 1 I

Pag.

(iv)

intuição

sensível

simples

e

expressão--nominal-do-concrecto 92

(v)

juizos

de

percepção

e

intuição

catego

rial 98

(vi)

"expressões

nominais sobre o

geral",

"expressões

proposicionais

(juizos)

so

bre o

geral"

e

"intuição

do

geral"

... 105

§ 11.

'Descrição fenomenolõgica'

e 'critério

epis

temológico

' 111

(a ideia de '

dado ' ;

problemas

associados

à sua

descrição;

a

noção

de

'critério

epis

temológico

'

)

§ 12. Excursus: Kant - '

Spontaneitát

'

,

Rezeptivi-tat' e 'A

priori Mannigfeltigkeit

' 131

(A)

'descrição

fenomenolõgica'

do "Gemút1.. 131 (B) 'teoria da

constituição'

teses

gerais.

137

(C)

Definição

de 'diverso a

priori'

sua po

sição

no interior da 'teoria da consti

tuição'

141

[D)

aporias

acerca da

constituição

do di

verso a

priori

|ii)

aporias

sobre a unidade do diver

so a

priori

147

i)

aporias

sobre a

obtenção

do

diver_

so a

priori:

o

problema

da 'ori

gem'

desse diverso 148

15

(iii)

aporias

sobre a

'construção'

o

problema

da

relação:

espontaneida

de/

passividade

160

(E) apontamento sobre o

significado

das apo rias:

'descrição fenomenolõgica'/

crité

rio

epistemológico'

165

§ 13. IE (1913) 177

(A) A

posição

de Husserl (I): teses

princi

pais

178

(i)

o

'Prinzip

ai ler

Prinzipien1,

(18)

(ii)

'

redundância'

do conceito e do

juizo

face a IE

(iii)

'receptividade'

e

'adequação

CAPITULO 2

-ESSÊNCIAS,

ONTOLOGIAS, 'IDEIA' DE CIÊN

CIA

181

187

(iv)

'espontaneidade'

e

'ideação'

... 189

B) A

posição

de Husserl (II) : a estrutura

do

'argumento'

sobre IE (IE,

linguagem

e 'relatividade

ontológica')

199

;C) A

posição

de Husserl (III): o 'estado

final' da

questão:

225

(i) sobre o

alargamento

do conceito

de

intuição

226

(ii)

sobre

'espontaneidade'

e '

recepti^

vidade' 226

(iii)

sobre a 'redundância' do concito

e do

juizo

227

(iv) sobre o 'critério

epistemológico'

228

(v) sobre o carácter 'não místico' de

IE 228

(vi) os dois

tipos

de elementos que

'faltam' a IE 229

231

§ 14. A

situação

do

'problema

ontológico

' na ideen

I.

Opções

de

exposição

(a

distinção

e

relação

entre 'facto' e 'es sência como determinante de uma

problema

ti

tica

ontológica pré-CFF;

a

distinção

c rela

ção

entre

'consciência

pura'

e 'realidade natural' como determinante da

problemática

ontológica

tipicamente

associada à CFF; que

nos §§ 14-16 só se tratará da

primeira

pro

blemática,

pré-CFF)

233

§ 15. A

posição

de Husserl:

Lógica,

Ontologia,

Ciências <• n)

(A) 0 'sistema das coisas naturais" 253

(i) 'factos' e 'indivíduos' 253

(19)

XIV

Pág.

(B)

O 'sistema das essências' 263

(i)

'generalidade'

e 'necessidade' ... 263

(ii) 'formal' e 'material'

(analítico

e

sintético)

273

(C) A

relação

entre os dois 'sistemas' .... 301

(i) 'ciência de factos' e 'ciência de

essências' 301

(ii)

'concreto',

'abstracto',

'indivíduo' 315 § 16.

Comentário

final ã doutrina de Husserl .... 327

(A)

Contextualização

plausível

das dificul

dades 327

(B) Duas ciências ou ciência unitária? .... 334

(C) O

problema

da existência de um

critério

para a admissão de 'entidades

gerais'

. 342

Excursus : Carnap e o critério

ontológico

344

(i)

problemas

externos e internos .... 345

(ii)

coisas, números e

propriedades

... 347

1. o mundo das coisas 347

2 . números 348

3.

propriedades

352

Vernunf tthesis e critério

ontológico

. . 356

(D)

Consequências

para o

argumento

das

Ideen I 359

PARTE 2: A CONSCIÊNCIA E A

RELAÇÃO

AO OBJECTO; OU: PROBLEMAS FUNDAMENTAIS DA FENOMENOLOGIA PU

RA COMO CIÊNCIA 361

CAPITULO 3

-INTRODUÇÃO

A CFF. SEU SIGNIFICADO 363

§ 17. Aspectos

preparatórios

da CFF 365 (A) A busca de um ' f undamentum absolutum et

inconcussum ' ((L.U.- 1900-1) 366

(20)

(ii)

a

'figura

intencional' do funda

mento 373

(iii) a

relação

entre o 'formal' c o in

tencionai '

nas 1..U 379

(iv)

considerações

finais: o 'formal',

o 'intencional' e a CFF 385

(B) A essência do naturalismo e as formas

do

psicologismo

(P..S-W,

1910) 393 (i)

naturalização

das ideias 393

(ii) formas de

psicologismo

396

(C)

Transcendência

e intencionalidade (I . P. ,

1907) 398

(i) a

'primeira

fase' da reflexão: re

dução

das transcendências 403

(ii) a

'segunda

fase' da reflexão: o

alargamento

da esiera intencional 408

(iii)

consideração

final: que fazer da

'

coisa-em-si '? 412

§ 18. Acerca do

significado

filosófico e

fenómeno-lógico

da CFF 415

(A)

Apontamento

sobre o

significado

filosó

fico e

fenomenológico

da CFF 415

(B) As

principais

fases da CFF 4 37

CAPÍTULO

4

-ANALISE E CRITICA DA

"CONSIDERAÇÃO

FENO

MENOLÕGICA FUNDAMENTAL" (CFF) E DA 'TEO

RIA' DA

CORRELAÇÃO

NOETICO-NOEMATICA

. . 447

§ 19. Análise da Fase A do CFF: o

'Argumento'

Pre

paratório

449

(A) Fase A

-momento 1 : ' naturlichcn

Eins-tellung' 451

I.

descrição

da 'atitude natural '

4 51

(a) a natureza da

'descrição'

da

'at_i

tude natural ' 452

( i ) '

descrição

pura

'

452

(21)

XV I

Pág

.

(b) conteúdo da

descrição

da atitude

natural 459

(i)

'operadores'

e

predicados

essenciais 459

(ii) a 'teoria' da vorhanden (I): o Mundo - Natural como Hori. zonte do

'já

dado' 464 a) campo

-perceptivo

465 b) meio -circundante 466

(iii) a 'teoria' da Vorhanden (II):

Pertença;

espontaneidade;

idealidade 468

a) Pertença 469

b)

esponaneidade

e idealida

de 473

(iv) o

ponto

de vista doa 'ou

tros eu' 4 79

(c) a Tese Geral da Atitude Natural 480

(i)

caracterização

da 'tese ge

ral' 481

a)

'já

dado', 'consciência

implícita'

e

'predicado

de existência' 482

b) 'Tese

Geral',

'falsas

atribuições

de existên

cia' e ciência 490

II. Comentário Final ã

'descrição

da

Atitude Natural' 492

(B) Fase A da CFF

-momento 2: a

descrição

da 'Essência da Consciência 501

I . A

'descrição

da consciência' 501

(a)

descrição

'empírica'

da consciên

cia 503

(i)

posição

das Ideen I 503

(22)

(b) a

descrição

'eidética' da consci

ência 507

(i)

determinação

do tema 510

(ii)

relação

intencional 511

(iii) actual-inactual 513

(iv) o

'eu-do-cogito

'

515

(v) os

'componentes

da

experi

ência* : imanentes

(reais)

transcendentes (intencio

nais) 516

II. Comentário final

à_'

descrição

da

essência da consciência 517

(i)

espontaneidade,

actualidade,

'pano-de-fundo

' 517

(ii) a

relação

intencional e o es

tatuto do

cogitatum

529

(iii)

primeiras

observações

sobre

os

componentes

da

experiência

539

(C) Fase da CFF

-momento 3: a

Êpoché

5 4 2

I .

Exposição

da

Êpoché

5 42

(i)

explicações

introdutórias

.... 542

(ii)

o

problema

da

êpoché

nos §§

31--33 das Ideen I 54 5

(iii)

Êpoché

e Duvida 547

a) 'duvida cartesiana '/' tenta

tiva de duvida' 548

b) a

Êpoché

549

c) 'duvida cartesiana' e

Êpoché

5 52

(iv)

Êpoché

: extensão c limites .... 554

1. 1 .

Comentário

ã

Êpoché

558

(i) acerca da

legitimidade

da

Êpo

ché 558

(ii) acerca da utilidade

(23)

xvi i :

Pág.

(D) Comentário Final à Fase A da CFF 563A § 20. A Fase B da CFF: O Argumento Crucial. A Pro

va 1 569A

(A) Levantamento das dificuldades a resolver 5G9A

1. sua

formulação

no § 39 das Ideen I .. 569A

2. comentário ã

formulação

de Husserl .. 573

(B) A Tese

Principal

da CFF e as Três Provas 576

1 . enunciado da Tese 576

2.

comentário:

as três Provas 577

(C) Prova 1

-Da Unidade Eidética da Consci

ência 578

1 .

questões

prévias

578

2. Prova 1

-momento 1 :

reflexão,

unida

de imediata,

individuação

583

(a)

definição

de reflexão: 'nome de

acto', 'nome de método' 587

(b) que toda a vivência se

pode

tor

nar

objecto

de reflexão 587

(c) "a reflexão como acto do eu é uma

modificação"

588

(i) a reflexão como

modificação;

reflexões de

primeiro

grau e

de graus

superiores

588

(ii) excursus:

apontamento

breve

sobre a doutrina fenomenolõ

gica

do eu 592

(iii)

a '

função

de unidade' do

eu na reflexão 605

(d) a

vivência-objecto

é dada na re

flexão com validade absoluta .... 606

(i)

descrição

do modo de ser dado da

vivência-objecto

na refle

(24)

Pág.

(ii)

aprofundamento

de

alguns

as

pectos

da consciência do tem

po 611 nível 1

-tempo

objectivo/tem

po

fenomenolõgico

- • 611 nível 2

-'tempo

imanente' as

pectos

gerais

616 nivel 3 -intermezzo: um pro

blema que conduz ao

'aprofundamento'

da ' consciência-do-tem

po'

620 nivel 4 -a

representação

'

for;

mal'

tempo

(VZB §§ 8-10) 631 nivel 5 -a 'unidade' de

tem-po-momento:

impres

são e

retenção

.... 642 nível 6 -evidência e alcance da ' teoria ' fenome

nolõgica

do

tempo..

647

(iii) a validade absoluta da reten

ção

reflexiva 660

(e) a

percepção

imanente

'garante'

a

unidade individual da vivência .... 664

Prova 1

-momento 2 : o argumento a fa

vor da 'unidade

regional'

da consciên

cia nas Ideen I 676

(a) o 'estado actual da

questão'

e a sua

elaboração

por Husserl (a Feno

menologia

é

possível

se.» e somente

se a

distinção

entre 'o imanente'

e 'o transcendente1 for solida) .... 676

(b) breve história dos conceitos de

'ima

nente' _.• 'transcendente' (1901-1907). 682

(c) 'imanente' e 'transcendente' nas

Ideen I (§§ 41-42) 693

(d) comentário final ao argumento acer ca da unidade

regional

do '

ser-cons

(25)

XX

Pág.

4.

Comentário

final à Prova 1 731

(i) o

objectivode atingir,

uma 'nova re

gião,

no sentido

próprio,

do ser.. 734

(ii)

necessidade de

cumprir

(i): tra-tam-se dos

"preliminares

necessá

rios para determinar o campo feno

menológico"

734

(iii) dificuldades em

cumprir

(i): uni dades

singulares

(vivências)

são

empíricas

735

(iv)

dificuldades em

cumprir

(i) : 'ser

individual' x 736

(v) dificuldade em

cumprir

(i)

: 're

gião

em sentido

próprio'

739

§ 21 . A Fase B da CFF: O Argumento Crucial. Provas

2 e 3 747

(A) Prova 2

-do carácter Absoluto da Consci

ência 749

1. Prova 2

-momento 1 : o estabelecimento

(cartesiano) do caracter absoluto da

consciência 750

(a) a evidência

fenomenolõgica

funda

mental 752

(b) a

interpretação

filosófica do si

gnificado

de (a) 762

(c) a

experiência

do

Weltvernichtung

77 3

(d) que o ser da Consciência é Absolu

to e

Necessário,

e o do Mundo é

Contingente

e Relativo

(comentário)

776

2. Prova 2

-momento 2 : 'vivência

psicoló

gica'

versus 'vivência transcendental'

777

(a)

psicológico/

transcendental 778

(b)

redução

fenomenolõgica:

alcance e

significado

787

(B) Prova 3. o 'ser relativo do Mundo' 796

(i) crítica à ideia de ' coisa-em-si '

.. 797

(ii)

'

relatividade

ontológica

'

(26)

Pág.

§ 22. O aspecto fundamental da nossa crítica a

posição

de Husserl 807

(A) Crítica da 'teoria'

llylé-

Noética 810 1 . o retomar do

problema

810

(i) a Fase A da CFF, momento 1 810

(ii) a Fase A da CFF, momento 2 811

(iii) a Fase A da CFF, momento 3 814

(iv) a Fase B Ja CFF, Prova 1 815 2. a estrutura do 'erro' de Husserl 818

3.

exposição

e crítica da 'teoria'

hylé--noética da estrutura da vivência .... 845

(B)

Os três

'pilares'

da 'Teoria' da Correla

ção Noético-Noemática

897

I. TC e os seus três

'pilares'

897

II.

Introdução

do conceito de noema 908

nível 1. o noema em sentido vago .... 910

nivel 2. o noema entendido como 'ob

jecto

-da-percepção'

913

nível 3. o noema entendido como 'ob

jecto

no seu modo-como X... 914

nível 4. o noema como sentido (Sin n)

objectivo

916

III. A

aplicação

da 'teoria'

hylé-noética

em TC 919

IV. A TC como

descrição

do Quomodo 933

(C) A identidade do Sentido e da

Significação,

ou

a ideia de Língua Mentis 94 2

I. Breve

ilustração

da ideia de

Língua

Mentis

(Aristóteles,

Husserl , Putnam) 94 2

II. Os

aspectos

fundamentais da 'teoria' do

(27)

XXII

Pág.

1. o

equivocidade

do conceito de noema de

terminado como Sirin 960

2. 'Teoria' da

Significação

(primeira

ver

são)

982

(i)

-a) as duas faces da

expressão

linguística

983

-b) a

lingua

mentis 983

(ii)

-a) a

'distinção'

entro Sinn e

Bedeutung

985

b) sentido e sentido

determina-do 991

(iii)

-a) a ideia de

estratificação

996

b)

lingua

mentis em sentido

próprio

e em sentido deriva

do 987

(iv)

insuficiências

da

primeira

versão

da 'teoria'

(segundo

o

próprio

Husserl) 999

(v)

sugestão:

a recusa da ideia de

lingua

mentis 1006

3. A ' neue Bild' da 'teoria' da

significa

ção

1019

III. 'Teoria' da Referência. Sua Crítica 1023

1 .

preâmbulo

1024

2.

formulação

por Husserl do

proble

ma da referência em termos de 're

presentações

mentais' 1026

3. 'teoria' da referência

propriamen

te dita 1028

(i) noema,

núcleo-noemático,

re

lação

ao

objecto

1028

(ii) sentido = núcleo-noemático =

quid

1028

(iii) -a) noema,

núcleo-noemático

e 'olhar-sobre' do

cogi

(28)

Pág.

b) o 'centro

supremanente

intimo do noema' 1029

(iv)

sentido/objecto

=X(vnzio). • 1034

§ 23. Sumiria Summarum 1041

(A) Conclusões Críticas

(recapitulação)

.... 1041

(B)

O elemento base para a

generalização

àcs

ta

situação

ã Filosofia Clássica da Cons

ciência 1045 (C)

Sugestão Programática

1049 BIBLIOGRAFIA 1051 I -Obras de Husserl 1053 II - Sobre as obras de Husserl 1055 III

-Dos trabalhos sobre Husserl 1055

IV

-Estudos sobre Husserl 1057

V

-Trabalhos sobre a

Fenomenologia

de Husserl

por autores de

formação

analítica

(Filosofia

da

Linguagem)

1075

VI

-Sobre a

relação

entre as Filosofias de Kant e

Husserl 1080

VII

-Textos Clássicos de Filosofia 1081

(A) Filósofos 1081

(B)

Sobre Kant

(para

o fi 13 da

Dissertação)

.. 1082

VIII

-Filosofia

Contemporânea

da

Linguagem

(Filoso

fia

Analítica)

1083

IX

-Outras obras de Filosofia

Contemporânea

que

(29)
(30)
(31)
(32)

§ 1 .

Objecto

e tema da

Dissertação

0

presente

trabalho tem como

objecto preciso

de estu

do as Ideen I de E. Husserl. 0 seu tema filosófico

é,

cont.u do, mais

amplo.

Trata-se de uma

investigação

crítica que procura uma

avaliação global

do

projecto

fenomonológi

co e

transcendental de Husserl. No limite do horizonte circuns

crito por essa

avaliação

estará ainda em discussão uma cer

ta

'imagem'

da Filosofia e da

orientação

do trabalho filosó

fico.

Assim determinado, o

objecto

desta

Dissertação

é

tri_

pio

e envolve três graus diferentes de

generalidade: primei

ro, trata-se de um

esforço

detalhado o

preciso,

para exibir os núcleos fundamentais do programa fenómeno

lógico

das Ideen

I e para

ponderar

acerca da sua

legitimidade;

segundo,

tra

ta-se de procurar

pôr

a claro, através do comentário as

Ideen I, se o

projecto

f

enomenológico

e transcendental

glo-balmente considerado

é,

de todo, um

projecto

viável;

por fim,

terceiro, trata-se de fornecer

alguns

elementos em

função

dos

quais

se possa

ponderar

se a

'imagem'

da Filosofia em

conformidade com a

qual

as Ideen I foram elaboradas - 'ima

gem'

que se considera ser comum às Filosofias Clássicas (i.

e. Modernas) da

Consciência

-pode

e deve sei" a

imagem

a par

tir da

qual

o trabalho filosófico

adquire

sentido c

espoei

fi

(33)

■;

Naturalmente , não se desconhece que reflexões e estu

dos acerca de cada um destes três

aspectos

foram, de forma

por vezes brilhante e

incontornável,

levados a cabo. Con

forme o estado de

espírito

o. as

convicções

dos seus autores,

as suas análises procuraram: ou

explicitar

os fundamentos

mot aiisicos

iraplíci

( os i

or.jjocto

fenómeno

l_óg_ico

de Hus

serl,

e.g.,

Fink,

1966 ,

Landgrebe,

1968 ,

Morujão,

19 69; ou

criticar

alguma

da metafísica que esse

projecto

tacitamente

contém,

e.g.,

Derrida,

1967 e 1972: crítica da 'teoria da si

gnificação'

e da ideia de

'presente

vivo',

c

Granel,

1968:

crítica da 'teoria do

tempo',

da 'teoria da

percepção'

e, de novo, da ideia de

'presente

vivo'; ou criticar

alguns

dos conceitos instauradores do

projecto

fenomenológico,

e.g.,

Aoliem,

XX

: crític<i Ao: conceitos de imanência o de trans

cendência,

Fink,

19 59: que salienta a

importância

para o

projecto

fenomenológico

de este conter necessariamente con

ceitos não

explicitados

tematicamente,

i.e.,

não clarifica

dos, são eles:

'fenómeno',

'êpoché,

'constituição',

'produ

ção'

e

'lógica

transcendental', bem como o

problema

de inde

finição

de Husserl face ã '

linguagem

transcendental' (ob.

cit. pp. 229-230),

Eley,

1962: crítica dos conceitos de A

priori

e de

intuição eidctica,

e

Merleau-Ponty

, 1953:

críti_

ca da ideia de

intuição

eidética e da

distinção

entre'es3ên

cia' e 'facto' (contrastando estas ideias com o conceito 're

formado', não

positivista

de

indução);

ou criticar a posição

filosófica de Husserl, idealista e transcendental, e.g., In

(34)

Fenomenolo-gia

Husserliana e Filosofia

Analítica,

Tugendh.U

, 1 97 7 e

Apol.,

1973 e 1985; ou contrastar criticamente

Fenomenologia

Husserliana e

Heideggeriana

, De Whaelhens, 19 5

3,

Tugendhat,

1967 e sobretudo,

Paisana,

1987; ou ainda, para não me alon

gar em mais

referências,

reformar criticamente a teoria fe

nomenolõgica

do noema (como sentido) e da

significação,

e.e.,

Fcllesdul 1969,

Mohanty

1974, 197 6 e 1977, Atwell,

1977,

Meintyre

e Welton, 1987 e Pummett, 1981

(pp.

56-73) .

Face ã massa de

informações

disponível

sobre os

três

aspectos

de que

aqui

será

questão

a novidade do presen

te trcibalho

consiste,

então,

na forma como o nosso argumen

to

aqui

será desenvolvido e na natureza dos

argumentos

crí

ticos e das

sugestões

programai- iças que serão avançadas.

Se tivesse que caracterizar numa

palavra

a forma co

mo

aqui

me esforcei por

dispor

o

argumento

que

desenvolvo,

designá-la-ia

por:

REFUTAÇÃO.

Que eu tenha conhecimento não

foi levada a cabo até ao momento nenhuma tentativa de inter

pretar criticamente a

Fenomenologia

das Ideen I , e por via desta, a

Fenomenologia

Transcendental

enquanto

projecto glo

bal , que assumisse claramente que esta doutrina

é_

refutável e deve ser refutada. Tal é o peso do presente trabalho. A re cusa crítica

pontual

de variadíssimos (diria: quase todos)

aspoclos fundamentais da doutrina

fenomenolõgica

foi

pro

posta

-vimo-lo através das referências dadas acima

-que

são apesar de tudo apenas uma amostra dramaticamente lacunar

desta

situação.

O presente trabalho visa a

situação

na sua

(35)

o

Consciência

Pura que deve ter o nome de

Fenomenologia

Pura

ou Transcendental, e que essa Ciência tem um

objecto

próprio

(as

vivências)

um método

específico

(eidético

e descritivo) e a

possibilidade

de propor um

conjunto

de leis

(eidéticas)

que descrevem na sua máxima

generalidade

o

legalidade

aspec

tos relevantes da

relação

noético-noemática , sob a forma de

uma teoria da

correlação;

ora, será

aqui

avançada e creio

que

vigorosamente

defendida,

a ideia

segundo

a

qual

todos

estes

aspectos

que

conjuntamente

constituem a proposta filo

sófica fundamental das Ideen 1

podem

e devem ser refutcidos.

Refutação

refere assim neste contexto um

tipo

de trabalho

filosófico

a fim

daquele

que Kant levou a cabo a

propósito

do Idealismo ou Husserl a

propósito

do

Psicologismo.

Portanto, não se

pretende

com este trabalho desvalo rizar no que quer que

seja

o pensamento filosófico de Hus

serl

enquanto

pensamento

filosófico,

enquanto

Filosofia,

po lo

contrário,

pretende-se

levar efectivamente a sério esse

pensamento,

mas,

simultaneamente,

refutar o

projecto

nele

inscrito de instaurar uma Ciência

Fenomenolõgica

da Consciên

cia Pura e de desenvolver sistematicamente essa Ciência sob

a forma de Teoria da

Correlação

Noético-Noemãtica. É o

desi-deratum de

algumas

filosofias,

não de

todas,

o

poderem

cons-tituir-se como

Ciência;

é esse aspecto da de Husserl que

aqui

se analisa e recusa.

A natureza dos argumentos críticos que serão avançados

está naturalmente, sob a

dependência

da forma

geral

que o

(36)

menologia

das Ideen I

parte

de certas evidências que são

irrecusáveis mas triviais;

interpreta-as depois

erradamente

e, com base nessas

interpretações,

constrói doutrinas que,

quando

desenvolvidas,

são

susceptíveis

de gerar

contradição

ou, alternativamente, assentar em

petições

de

princípio;

co mo manobra final as evidências

triviais,

que em si nada ti nham de. errado mas também nada tinham de

significativo

para

o esclarecimento da nossa

relação

ao

objecto,

são agora pro

movidas a leis eidéticas necessárias e

apodíticas.

Cada ar

gumento crítico que é

proposto

neste trabalho representa a

aplicação

desta ideia

geral

a um

aspecto

particular

da dou

trina.

E historicamente conhecido que

quando

uma

operação

filosófica deste

género

é

proposta

se procura com ela invali.

dar uma

posição,

ou afastar um programa filosófico que se

tem por inconsistenv.e ou inviável. 0 interesse

pelo

projecto

fenomenológico

é,

por

isso,

prima

facie,

crítico. Mas não é

simplesmente

destrutivo. É

programático

e construtivo. Uma

vez determinadas as razões

pelas quais

um

projecto

de Filoso fia Sistemática (o de

Husserl,

e mais

geralmente,

o da Filo sófica Clássica da

Consciência)

deve ser abandonado, torna-se

possível

pensar outros

projectos

para os

quais

essas razões

não

vigorem.

Sendo assim, outros programas

podem

então sur

gir

e ser

interpretados

como um verdadeiro progresso no seio

da

disciplina

que é a nossa. Na realidade esses programas

existem

jã,

segundo

creio, e sob a rubrica de Filosofia da

Linguagem.

Indicar pontualmente em que é que

alguns»

deles po

(37)

íí

dem ser

interpretados

como um progresso face ao programa

clássico,

tal é a natureza das nossas

sugestões

programáti-cas . 0 modo como neste trabalho certos

aspectos

da Filosofia

Contemporânea

da

Linguagem

são

postos

em

relação

com certas

falhas do

projecto fenomenológico

é,

segundo

creio,

inédito

e, se for considerado

adequado,

parece-me conter

algumas

virtualidades não desinteressantes.

§ 2. 0

'optimismo',

o

'pessimismo'

e as duas

'imagens'

da

versão

optimista

da Filosofia

Apelo

para a

indulgência

do leitor para com a combina

ção

queneste

parágrafo

vou fazer de

algumas

ideias muito ge

rais com

algumas

referências relativamente vagas. 0 único ob

jectivo

da sua

exposição

aqui

é tentar

explicitar

um pouco o

contexto filosófico

geral,

a

partir

do

qual

o

presente

traba

lho foi elaborado.

Creio que há

hoje,

quase diria por idiossincrasia dos

filósofos,

dois

tipos

de Filosofias que se exercem

segundo

dois programas filosóficos bem distintos. Como o

rigor

técni co não é o "forte" deste

parágrafo,

chamemos ao

primeiro

ti

po

optimista

e ao

segundo pessimista

.

O

optimismo

do

primeiro

tipo,

inanifesta-se através de

um

conjunto

de crenças robustas,, das

quais,

venha o que

vier,

nenhum dos filósofos que as

perfilham

está

disposto

a abrir mão. São elas: que a Filosofia tem um

objecto

disciplinar

próprio;

que o núcleo duro desse

objecto

se identifica com

(38)

lecidas as

metodologias adequadas,

esses

problemas

podem

ser desenvolvido.-; e, eventualmente,

soluções

para eles

podem

ser,

provisoriamente

ou

não,

propostas.

Dito de outra forma:

que a filosofia

é,

ã sua

maneira,

uma ciência e quo, tal co mo em todas as

ciências,

existem coisas acerca das

quais

se

pode

em filosofia estar certo ou estar errado; e

existe,

por

isso,

a

possibilidade

de

progredir

no interior dessa disci

plina.

Ora, como as

posições

ou teses mais

gerais

condicio

nam em

larga

medida as mais

particulares,

o

primeiro

aspec

to acerca do

qual

que não errar, é no estabelecimento de

uma

posição

filosófica

geral

acerca do

próprio

objecto

filo

sófico e do método de

abordagem

deste. E isto porque se es se estabelecimento for errado

então,

embora ele possa pare cer na sua máxima

generalidade

correcto, ele acabará por en

gendrar

teorias,

particulares

falsas ou

contraditórias,

i.e.,

falsos

problemas

e falsas

soluções.

0

pessimismo

do

segundo

tipo

manifesta-se através do

um

conjunto

de crenças, não menos

vigorosas,

segundo

as

quais:

o

'objecto'

da filosofia se identifica, no essencial,

com a História ria Filosofia, e isto porque ou ess.; história

é,

ela

própria,

portadora

de uma Verdade acerca do sentido

da História em

geral

ou da natureza da Filosofia em

particu

lar, ou, mais

simplesmente,

porque nada mais há

hoje

a dizer

-em

particu

1.ir nada mais há

ho^e

a dizer que não possa ser

mais bem dito

pelas

ciências

particualres

-acerca desse,ou

desses,

putativo

(s)

objecto

(s)

próprio

(s) que a filosofia

(39)

acerca da

constituição

do ente enquanto natureza,

explica

ções

ser-nos-ão

prestadas

no

Departamento

de

Física;

se o

nosso interesse for acerca da consciência deveremos recorrer

ao

Departamento

de

Psicologia;

se o interesse for acerca do

ser-vivo vide

Departamento

de

Biologia,,

etc, etc. No es

sencial o filósofo

fica,

se é que ainda fica realmente com

alguma

coisa,

com a

ideia,

vaga, de Sentido; e a melhor for

ma de a tornar menos

vaga,é

através de uma

interpretação

do modo como este se ' historializou' . Na

realidade,

a

interpre

taçáo

do Sentido

segundo

o seu modo de histor

ializaçao

pare

ce ser a

vocação

residual dos filósofos para os

quais

a Fi

losofia Sistemática se tornou um

projecto

impossível.

Natu ralmente que, esse Sentido ocorre

no contexto histórico

no

âmbito

do

qual

o

próprio

intérprete

realiza a sua inter

pretação,

ele não

pode

ser tomado como um

objecto

a conhe

cer mas deve ser assumido como

algo

a

explicitar

no âmbito

do

círculo

hermenêutico em que essa

explicitação

sempre ocor re.

(Associo

naturalmetne esta atitude ao

tipo

de pensamen

to instaurado por

Heidegger)

.

Não é

objectivo

do

presente

trabalho confrontar estes

dois

tipos

de programas

filosóficos,

nem

especular

acerca

dos estados de

espírito

que lhes estão

subjacentes.

Direi

apenas que a minha

simpatia está,

toda, na versão

optimista

da nossa

disciplina

-uma vez que se

distinga

esta da ideia

que

rejeito

de

philosophia

perennis,

e creio que essa distin

ção

é

possível

-e que é naturalmente

a

partir

desta op

(40)

prio

acaba de convocar entre

optimismo

c

pessimismo,

é que

forneça

algumas

razões

pelas quais

a

opção

pelo

optimismo

possa ser

plausível.

E este mínimo é tarefa

agradável

de rea

lizar .

Coloquemo-nos

não do ponto de vista das evidencias

intrínsecas a cada uma das

posições,

i.e.,

das

intuições

f_i

losófic_s,

a quo elas procuram dar corpo e

expressão,

mas do

ponto

de vista das evidências,

digamos,

extra-filosóficas a

partir

das

quais

as

primeiras podem ganhar

muito da sua

piau

sibilidade. A favor da

posição

pessimista

é

possível

avançar

a evidência

segundo

a

qual

até an momento a Filosofia não se

constituiu como uma

ciência,

pelo

menos não ao mesmo título

a que, e.q., a Física e a Matemática o são.

(Não

creio que

este aspecto

seja

em absoluto

verdade,

mas de momento é útil

considerar que

podia

ser assim) . Que esta evidência e

impor

tante para tornar

plausível

(pelo

menos do exterior) a

posji

ção pessimista,

X- óbvio: se a filosofia fosse

uma ciência com um

objecto

e método

próprio,

então o melhor que a versão

pessimista podia

propor era criar uma outra forma de refle

xão sobre um outro assunto o não ser o termo

consequente

de

uma sucessão de fracassos.

A favor da

posição

optimista

é

possível

avançar a

evi_

dência

segundo

a

qual

a nossa

relação

cognitiva

com o que nos rodeia

é,

massivamente, um êxito

cujos

representantes

(41)

12

Maternal..i.cu.

Postas as coisas desta forma, o único

ponto

acerca

do

qual

o ónus da prova

está,

pesadamente,

do lado da atitu

de

optimista

é o

seguinte:

como propor um modo de represen

tação

dessa

relação cognitiva

relação

que,

repito-o,

é um êxito massivo

-segundo

o

qual

esta

relação

possa, ela

pró

pria,

ser considerada como um

objecto

de estudo.

Digamos

que, deste

ponto

de vista, o

objecto

da Filosofia Sistemá tica se identificaria com a

constituição

de uma classe de

fenómenos, os fenómenos

cognitivos;

constituição

que seria

realizada,

em

primeiro lugar,

pela determinação

de um modo

adequado

de

representar

a

relação cognitiva.

Neste sentido

poder-se-ia

falar de uma 'classe de fenómenos

cognitivos

' no

mesmo sentido em que falamos, e.g., de 'fenómenos electro

magnéticos',

'fenómenos

gravitacionais

'

, 'fenómenos

quími

cos',

etc. Ou,

pelo

menos, num sentido relativamente afim

ao sentido em que falamos destes últimos.

Existe ainda um elemento

especioso

desta

questão;

elemento que é

susceptível

de gerar as maiores dificuldade'

e que é o

seguinte:

ao

propor

um modo de

representação

espe cificamente filosófica da

relação cognitiva

e dos fenómenos

cognitivos,

não se

pode,

eo

ipso,

propor um modo de repre

sentação

dessa

relação

e desses fenómenos que

seja

identif_i

cãvel ou,

pelo

menos, que possa ser facilmente

fagocitado,

pelas

ciência

particulares

actualmente existentes, por exem

pio,

pela psicologia,

pelas

chamadas ciências de

cognição,

(42)

Ora, é a

propósito

da

questão

de

qual

seja

o modo de

representação

especificamente

filosófico

e intrinsecamente

adequado

ao fenómeno

cognitivo

o à

relação cognitiva

, que

vemos

surgir,

irredutíveis,

duas

'imagens'

da Filosofia. (Am

bas ocorrem

já,

portanto, no âmbito do que

aqui

designei

por versão

optimista

do trabalho filosófico ou da

filosofia).

Para determinar as duas

'imagens'

da Filosofia a que

tenho vindo a fazer

referência,

é útil propor, embora de for

ma breve, uma

distinção

entre

descrição

do fenómeno

cogniti

vo e

interpretação,

ou

interpretações,

desse mesmo fenómeno.

Uma

descrição

desta classe de fenómenos visa

responder

â

questão:

quais

são as características que t

ípicamente

estão presentes

quando há,

em

geral,

conhecimento e

cuja

presença nos

permite

portanto,

reconhecer certo fenómeno como cogniti

vo, e

não,

cg., como

ético,

estético,

ou outro? Para respon

der a esta

questão,

podem

escolher-se as

seguintes

três ca

racterísticas que, embora enunciadas de modo vago e

liminar,

parecem ser

típicas

dos fenómenos

cognitivos,

i. c-. , estarem

presentes sempre quo estes ocorrem; (i)

constatação

ou obser

vação; ( i i )

antecipação

ou

previ

são; (iii) herança i

rogai

tiva.

(i) A

primeira

característica

corresponde

â existên cia ou presença do? uma

'instância',

que varia em

elaboração

e natureza, de

constatação

ou

observação

. Por

ela,

a

relação

de

cognição

deixa-se determinar como, e.g., "ver x", "cheirar

>:", "constatar que x", ou "observar que x" e

também,

de forma

mais

complicada,

por, e.g., "observar reflexivamente que

y",

(43)

14

a

braços,

regra

geral,

com uma

relação cognitiva

em que o ob

jecto,

representado

nos

exemplos

dados por x , é de alqum mo

do um

'objecto

físico'

ou uma

qualidade

deste. Nos

segundos

casos, estamos a

braços,

tipicamente,

com uma

relação

cogni

tiva em que o

objecto,

representado

nos

exemplos

dados por

y, z e w,

é,

respectivamente,

um 'estado mental' do

sujeito

(y)

, ou um

'objecto geral',

(z), e.g., um

número,

um triân

gulo,

etc, ou ainda uma

expressão linguística

, (w) . Natural

mente que todos os casos têm em comum o facto de

algo

ser re

conhecido,

constatado ou observado. Mas, de

igual

forma, ca

da caso

supõe

diferentes níveis de

elaboração

e se

presta

a

interpretações

diferentes. Se usarmos o termo 'intuitivo'

num sentido suficientemente vago e

geral,

podemos

então dizer

que a este nível a

relação cognitiva

se determina como uma

relação

na

qual

o conhecimento é de

tipo

intuitivo.

(ii)

Uma

segunda

característica dos fenómenos

cogniti

vos parece ser a presença ou a existência de uma

'instância',

que varia também em

elaboração

e natureza, de

antecipação

ou

previsão

. A título de

ilustração

poder-se-ã

dar

exemplos

de

funcionamento desta 'instância' a três níveis: instintivo

(e.g.

-'o rato

foge

do gato

antecipando

instintivamente o

que lhe

poderá

vir a acontecer'); do senso-comu

(cg.,

se se

disser a

alguém

que "se fizer sol então Pedro vai â

praia"

e

que "faz sol" então esse

alguém

antecipa

que "Pedro vai ã

praia";

este nível de

antecipação

é,

então,

iminentemen

te

linguístico)

; científico (é sabido que a ciência

pode

ser com

plausibilidade representada

como um

conjunto

de

(44)

algo-ritmos que

antecipam algo,

sendo conhecidas as

condições

ini^

ciais;

e que

têm,

portanto,

a forma se ; então i ) . Se

rá também conveniente referir que existe Instante maleabili dade nas fronteiras destes três

tipos

de casos dados para

ilustração

(a

promiscuidade

de fronteiras entre senso comum

e ciência

é,

creio,

óbvia se repararmos na forma

lógica,

mo-dus ponens, comum do

tipo

de

antecipação

toita a esses dois

níveis).

Mas,

seja

como for, so confrontarmos cada um destes

tipos

de casos com o par '

conservacionismo/revisibil

i dade

'

torna-se claro que, face a este par, a

antecipação

insfinti va é "um conservador

(quase)

incorrigível"

e que, no outro extremo, a ciência é "um

conjunto

de enunciados

(quase

sem

pre)

revisíveis" —

basta neste último caso uma forma mais

simples

de

antecipação

e, regra

gerai,

o

antigo algoritmo

é

abandonado. Em todo o caso, a este nível a

relação

cogniti-va determina-se como uma

relação

de antecedente a consequen

te,

digamos,

como um 'conhecimento por inferência' se usar

mos esta

expressão

em termos suí icientemente vagos e

gorais.

(iii) A terceira

característica

dos fenómenos

cogni

tivos que. parece interessante destacar,

prende-se

com a si

tuação

filogenética

e

ontogenét

iea do

sujeito

que conhece.

No que

respeita

aos homens, por

exemplo,

é

possível,

distin

guir

um

conjunto

de habilidades ou

dispo

si

çóes

que foram

transmitidas por via

genética.

Duas das mais

importantes

pa

recém ser a

disposição

parca a

percepção

de semelhanças num

espaço

qualitativo,

e a

capacidade

de

aprender

uma linguagem;

(45)

i d

Penso que esta brevíssima

descrição

do fenómeno

cogni-ti vo será aceite sem

grande

dificuldade. Ela

é,

de

facto,

bre

víssima. Ela

é,

também o

creio,

praticamente

indiscutível na

vagueza que é a sua. Ê essa a

glória

efémera que

acompanha

toda a

descrição:

ser

breve,

verdadeira,

trivial. Na realida

de, para se

compreender

até que

ponto

a

descrição

é indiscu

tível basta

imaginar

o que seria negar (i), (ii) ou (iii);

ou os três aspectos

conjuntamente.

Creio que se o fizermos

não saberíamos sequer reconhecer que o fenómeno que preten

díamos descrever era o fenómeno

cognitivo.

0 que seria afir

mar que num fenómeno

cognitivo

nada é constatado ou observa

do, nada é

previsto

ou

antecipado,

e nada é herdado ou inato

naquele

que conhece? Ora, na

realidade,

a

descrição

não diz

mais que isto:

algo

é constatado ou observado,

algo

é

rpevis_

to ou

antecipado,

algo

é herdado ou inato

naquele

que conhe

ce. Não diz o

quê

nem corno . É esse o seu

estigma.

Mas, a

situação

a este nível meramente descritivo

é,

por isto mesmo de uma

pobreza

teórica

confrangedora.

E, sen

do

assim,

é necessário fazer uma

distinção

entre uma descri

ção

do fenómeno

cognitivo,

que como vimos é vaga,

supõe

um

elevado grau de

generalidade

e tem por isso um elevado grau

de

plausibildiade

trivialmente verdadeira) , servindo ape

nas para caracterizar o fenómeno que se

pretende

estudar; e

uma

interpretação

do fenómeno

cognitivo

(ou

interpretações

diversas e eventualmente rivais deste) que por procurar for

necer acerca deste fenómeno um maior número de

informações,

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