João
Sããgua.
A
CONSCIÊNCIA
E A SUARELAÇÃO
AO OBJECTO(ESTUDO
SOBRE 0 PROJECTOFENOMENOLÓGICO
DE HUSSERL NAS IDEEN X .1913)
A
João
SaanuaA
CONSCIÊNCIA
E A STJARE-_-._P_.CRO
AO OBJECTO(ESTUDO SOBRE O PROJECTO
FENOMENOLÓGICO
DE HUSSERL NAS IDEEN I . 1913)^
NA
em Filosofia
Contemporânea
apresentado
ã Faculdade deCiências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa
AGRADECIMENTOS
Por ter
passado
já
alquns
anos a estudar Filosofia equase tantos a estudar
Fenomenologia,
não me é agorapossí
vel
agradecer
a todas as pessoas a quem devo, em parte, oque entretanto fui
aprendendo.
No entanto, é para mim obrigatório
mencionaraqui
osseguintes
nomes (outrosagradeci
mentos
pontuais
ocorrerão em notas nestaDissertação)
.0 Professor António
Marques,
Universidade Nova deLisboa,
por quem tive oprivilégio
de ser orientado no meutrabalho de Doutoramento e de ter beneficiado da sua amiza
de,
disponibilidade
e saber filosófico. Com elepude
manterimportante
comércio intelectual, nomeadamente, sobre a K.r.V de Kant, as Ideen I de Husserl e ascondições
deexequibili.
dade do programa transcendental
hoje,
c beneficiar assim dasua reflexão sobre estes temas- Para ele vai, in limine, a
minha
gratidão.
0 Professor Joao Paisana, Universidade Clássica de
Lisboa, de quem fui aluno c;m três anos diferentes da minha licenciatura e que com
paci. ência
e afectuosadisponibilida
de me iniciou na
Fenomenologia
de Husserl e nopensamento
fenomenológico
emgeral,
com a solidez,profundidade
e inttírecen-IV
temente, facultou-me o seu estudo sobre as
Fenomenologias
deHusserl e de
Heidegger
e discutiucomigo
aspectos
do meupróprio
trabalho, que estava então em fase deelaboração.
Aqui
lhe reitero a minhagratidão.
Ao Professor Fernando
Gil,
Universidade Nova de Lisboa, devo nos meus anos de
Mestrado,
oencorajamento
e ooptimismo
que então me induziu, bem comoalguns
importantes
conhecimentos filosóficos que na altura
pude adquirir.
Do Professor José
Gil,
Universidade Nova deLisboa,
de quem fui Assistente durante seis anos, recebi sempre oapoio
e estímulo quealguém
nessasituação profissional
deseja
encontrar. Pude também beneficiar dealgumas
conversassobre o
papel
daHylé
e doCorpo
Próprio
naFenomenologia
de Husserl.
No Professor Manuel
Carrilho,
Universidade Nova deLisboa,
de que sou Assistente há três anos,encontrei,
pri
meiro, um
amigo
edepois,
alguém
quepelo
seu sólido conhecimento da Filosofia
Contemporânea
epela
sua vivacidade depensamento,
me tornoupossível
desenvolver sobre inúmeros aspectos o meupróprio.
Sequalquer
uma destas coisasé,por
si
só,
umbem,
aconjugação
de todas elas torna imensa a minha
gratidão.
0 Professor João Morais Barbosa, Universidade Nova de Lisboa, desde há onze anos que
apoia,
de forma afectuosaprofissional;
profundamente
lheagradeço.
O Professor Jean
Petitot,
Université deParis,
discu tiucomigo
inúmeras vezes nos anos de 1982-4aspectos
das Ideen I de Husserl;aqui
fica o meuagradecimento pela
suadisponibildiade
.0 Professor Karl-Otto
Apel,
Universidade de Frankfurt, fez-me conhecer, em 1988,
longamente,
as suasposi
ções
sobre aFenomenologia
de Husserl, anoção
dereflexão
transcendental, de
evidência,
e aimportância
da'viragem
linguística'
em Filosofia; aceitou ainda ouvir e comentaras minhas
opiniões
sobre estes mesmos temas. Tudo isso lheagradeço.
0 Professor Richard
Rorty,
Universidade deVirgínia,
aconselha, desde 1987, o meu trabalho em Filosofia da Lin guagem, com ele
pude
também discutir sobre Filosofia da Men te e, sobretudo, tomar conhecimento com um dospensamentos
filosóficos mais
vigorosos
do fim do século: o seu.Aqui
f_i
ca o testemunho da minhagratidão.
0 Professor Willard
Quine,
Universidade de Harvard,honra-me desde 1988 com a sua
correspondência,
tendo-se também enviado trabalhos seus a que ainda não tinha tido aces
so.
Aqui
lheagradeço
reconhecidamente.O Dr. Paulo Jorge Melo, Universidade Nova de Lisboa,
VI
há
alguns
anos, umpermanente
comércio intelectual sobre Lógica,
Filosofia daLógica
e Filosofia daLinguagem.
Os seusensinamentos e
disponibilidade,
suscitam a minha maior gratidão.
Durante os últimos dez anos tenho dado aulas no De
partamento
deFilosofia,
U.N.L., a sucessivas'gerações'
de alunos;pelo
menos um trimestre foi sempre reservado à exposição
e comentário de umaspecto
da filosofia de Husserl.Aproveito,
porisso,
dodiálogo
que eventualmentepude
estabelecer com os estudantes acerca de anteriores versões dos materiais
expostos
neste trabalho. A todos essas'gerações'
de estudantes
aqui
fica o meuagradecimento.
Êjusto
no entanto, destacar
alguns pelos
nomes: ManualEugénio,
FernandoMartinho,
Maria do CarmoCorreia,
LúciaNovais,
João Paz, Nuno Fonseca, Jorge
Roque,
Sandra Fitas e,sobretudo,
AntónioCaeiro.
Nos últimos dois anos
(88/89)
e 89/90 tomei ainiciati_
va deorganizar
encontrosquinzenais
sobre Filosofia da Linguística,
nosquais participam
de modoregular
cerca de oitopessoas
(colegas
e estudantes) . Oprimeiro
ano foi dedicadoà filosofia de Quine e o
segundo
ãs teorias do sentido e dareferência. Ambos os temas
terão,
como severá,
alguma
impor
tância neste trabalho e quero por isso
agradecer globalmente
aos
participantes
desses encontrospela
suacontribuição
para o esclarecimento e debate desses temas. A quase todos eles
jã
agradeci
acima por outras razões , falta-me agora referirA minha mulher, Suzana, leu a
primeira
versão da pre senteDissertação
e ofereceu-mesugestões
quepermitiram
melhoramentos da
redacção
do texto definitivo; alémdisso,
reviu
comigo
as provasdactilogrãf
iças.Aqui
lhe reitero a minha
gratidão.
Por fim, mas não por último na ordem do
gratidão,
aminha
mãe,
Maria doCéu,
através de um trabalho desveladode três anos,
dactilografou
aprimeira
versão do manuscritodesta
Dissertação
e acrescentou assim mais um, aosjá
inúABREVIATURAS
Abreviaturas usadas para as obras de Husserl citadas:
CM Cartesianisch Meditationen und Pariser
Vortráge
Entwurf Enwurf einer 'Vorrede' zu denLogische
Untersuchungen
EP Erste
Philosophie
EU
Erfahrung
und UrteilFTL Formale und transzendentale
Logik
Ideen I, II, III Ideen zu reinen
Phánomenologie
undpháno-menologischen Philosophie,
I, II, IIIIP Die Idee der
Phánomenologie
Krisis Die Krisis der
europáischen
Wissenschaften und die transzendentalePhánomenologie
PSW Die
Philosophie
ais strenge WissenschaftL.M.,
Prolegomena
Logische Untersuchungen
, Bd. I,Proie-gomona Zu reinen
LOgik
L.U., Unt. I-VI
Logische
Untersuchungen,
Bd. II, teilelund IT,
Untersuchungen
1-V.IPA
Philosophie
der ArithmetikPP
Phánomenologische Psychologie
X
ZBW
Vorlesungen
zurPhánomenologie
des inneren Zeitbe-wusstseinsAbreviaturas usadas para as obras de Kant citadas:
K.r.V. Kritik der Reinen Vernunft
Outras
siglas
usadas para abreviaturas neste trabalho:IE
intuição
eidéticaIS
intuição
sensívelIC
intuição categorial
CFF
"consideração
fenomenolõgica
fundamental"PI
percepção
imanentePT
percepção
transcendenteDC dúvida cartesiana TD tentativa de dúvida
RF
redução
fenomenolõgica
TC teoria da
correlação
noético-noemãtica
.Nota: 1
-Cada uma das
siglas
deste último grupo e introduzida no contexto próprio so
depois
da expressão que e por ela abreviadater
já
ocorrido no texto pelo menos uma vez de molde .1 nao seprestar a confusões.
2 - 'filosofia da
Linguagem'
é uma expressão que neste trabalhose refere sempre a Filosofia Analítica da Linguagem, em par
ticular, aos trabalhos de filósofos como Frege, Russell, Canvip, Quine, Piitnam, etc.
Por
lapso
dedactilografia
aspáginas
561 a 570 aparecem
repetidas
imediatamente aseguir
àpág.
570. Dado que ostrinta
exemplares
se encontravamjã
todosprontos,
optou-se
por acrescentar a letra A, obtendo-se assim aspáginas
561Aa 570A. Este
facto,
não sendo emborasusceptível
de gerarquaisquer
enganos aoleitor,
não deixa de serdesagradável.
ÍNDICE
P
INTRODUÇÃO
§ 1 .
Objecto
e tema daDissertação
§ 2. O
'optimismo',
o'pessimismo'
e as duas 'imagens'
da versãooptimista
da Filosofia§ 3.
Metodologia
seguida
§ 4. 0
'lógico'
e o 'fenomenológico
' (suaposição
naDissertação)
§ 5.
Intuição
Eidética(Dissertação
-cap. 1)
§ 6. Essências e
Ontologias
(Dissertação
-cap. 2)
§ 7. A
introdução
do movimento instaurador da ciência
Fenomenolõgica
(Dissertação
-cap. 3)
§ 8. A
'Consideração
Fenomenolõgica
Fundamental' e a'teoria da
Correlação
Noético-Noemãtica'(Dis
sertação
-cap. 4)
PARTE 1:
INTUIÇÕES
EIDÉTICAS,
ESSÊNCIAS E ONTOLOGIAS CAPITULO I - AREPRESENTAÇÃO
DO NOSSO ACESSO AOS OBJECTOS GERAIS:INTUIÇÃO
EIDÉTICA ....§ 9. "Raízes"
Empiristas
de IE (1891-1894)(P. A. e R. S. L. e a crítica a
Kant)
§ 10. A teoria da
intuição categorial)
1901) comoantecipação
de IE (1913(i) aspectos da crítica ã teoria
empirista
daabstração
(ii) novo alcance da
expressão
"fundado exclu sivamente em conceitos"(iii) conceitos base para a
descrição
fenómenoX 1 I
Pag.
(iv)
intuição
sensívelsimples
eexpressão--nominal-do-concrecto 92
(v)
juizos
depercepção
eintuição
categorial 98
(vi)
"expressões
nominais sobre ogeral",
"expressões
proposicionais
(juizos)
sobre o
geral"
e"intuição
dogeral"
... 105§ 11.
'Descrição fenomenolõgica'
e 'critérioepis
temológico
' 111(a ideia de '
já
dado ' ;problemas
associadosà sua
descrição;
anoção
de'critério
epis
temológico
')
§ 12. Excursus: Kant - '
Spontaneitát
',
Rezeptivi-tat' e 'A
priori Mannigfeltigkeit
' 131(A)
'descrição
fenomenolõgica'
do "Gemút1.. 131 (B) 'teoria daconstituição'
tesesgerais.
137(C)
Definição
de 'diverso apriori'
sua posição
no interior da 'teoria da constituição'
141[D)
aporias
acerca daconstituição
do diverso a
priori
|ii)
aporias
sobre a unidade do diverso a
priori
147
i)
aporias
sobre aobtenção
dodiver_
so a
priori:
oproblema
da 'origem'
desse diverso 14815
(iii)
aporias
sobre a'construção'
—o
problema
darelação:
espontaneida
de/
passividade
160(E) apontamento sobre o
significado
das apo rias:'descrição fenomenolõgica'/
critério
epistemológico'
165§ 13. IE (1913) 177
(A) A
posição
de Husserl (I): tesesprinci
pais
178(i)
o'Prinzip
ai lerPrinzipien1,
(ii)
'redundância'
do conceito e dojuizo
face a IE(iii)
'receptividade'
e'adequação
CAPITULO 2
-ESSÊNCIAS,
ONTOLOGIAS, 'IDEIA' DE CIÊNCIA
181
187
(iv)
'espontaneidade'
e'ideação'
... 189B) A
posição
de Husserl (II) : a estruturado
'argumento'
sobre IE (IE,linguagem
e 'relatividade
ontológica')
199;C) A
posição
de Husserl (III): o 'estadofinal' da
questão:
225(i) sobre o
alargamento
do conceitode
intuição
226(ii)
sobre'espontaneidade'
e 'recepti^
vidade' 226
(iii)
sobre a 'redundância' do concitoe do
juizo
227(iv) sobre o 'critério
epistemológico'
228(v) sobre o carácter 'não místico' de
IE 228
(vi) os dois
tipos
de elementos que'faltam' a IE 229
231
§ 14. A
situação
do'problema
ontológico
' na ideenI.
Opções
deexposição
(a
distinção
erelação
entre 'facto' e 'es sência como determinante de umaproblema
titica
ontológica pré-CFF;
adistinção
c relação
entre'consciência
pura'
e 'realidade natural' como determinante daproblemática
ontológica
tipicamente
associada à CFF; quenos §§ 14-16 só se tratará da
primeira
problemática,
pré-CFF)
233§ 15. A
posição
de Husserl:Lógica,
Ontologia,
Ciências <• n)
(A) 0 'sistema das coisas naturais" 253
(i) 'factos' e 'indivíduos' 253
XIV
Pág.
(B)
O 'sistema das essências' 263(i)
'generalidade'
e 'necessidade' ... 263(ii) 'formal' e 'material'
(analítico
esintético)
273(C) A
relação
entre os dois 'sistemas' .... 301(i) 'ciência de factos' e 'ciência de
essências' 301
(ii)
'concreto',
'abstracto',
'indivíduo' 315 § 16.Comentário
final ã doutrina de Husserl .... 327(A)
Contextualização
plausível
das dificuldades 327
(B) Duas ciências ou ciência unitária? .... 334
(C) O
problema
da existência de umcritério
para a admissão de 'entidades
gerais'
. 342Excursus : Carnap e o critério
ontológico
344(i)
problemas
externos e internos .... 345(ii)
coisas, números epropriedades
... 3471. o mundo das coisas 347
2 . números 348
3.
propriedades
352Vernunf tthesis e critério
ontológico
. . 356(D)
Consequências
para oargumento
dasIdeen I 359
PARTE 2: A CONSCIÊNCIA E A
RELAÇÃO
AO OBJECTO; OU: PROBLEMAS FUNDAMENTAIS DA FENOMENOLOGIA PURA COMO CIÊNCIA 361
CAPITULO 3
-INTRODUÇÃO
A CFF. SEU SIGNIFICADO 363§ 17. Aspectos
preparatórios
da CFF 365 (A) A busca de um ' f undamentum absolutum etinconcussum ' ((L.U.- 1900-1) 366
(ii)
a'figura
intencional' do fundamento 373
(iii) a
relação
entre o 'formal' c o intencionai '
nas 1..U 379
(iv)
considerações
finais: o 'formal',o 'intencional' e a CFF 385
(B) A essência do naturalismo e as formas
do
psicologismo
(P..S-W,
1910) 393 (i)naturalização
das ideias 393(ii) formas de
psicologismo
396(C)
Transcendência
e intencionalidade (I . P. ,1907) 398
(i) a
'primeira
fase' da reflexão: redução
das transcendências 403(ii) a
'segunda
fase' da reflexão: oalargamento
da esiera intencional 408(iii)
consideração
final: que fazer da'
coisa-em-si '? 412
§ 18. Acerca do
significado
filosófico efenómeno-lógico
da CFF 415(A)
Apontamento
sobre osignificado
filosófico e
fenomenológico
da CFF 415(B) As
principais
fases da CFF 4 37CAPÍTULO
4-ANALISE E CRITICA DA
"CONSIDERAÇÃO
FENOMENOLÕGICA FUNDAMENTAL" (CFF) E DA 'TEO
RIA' DA
CORRELAÇÃO
NOETICO-NOEMATICA
. . 447§ 19. Análise da Fase A do CFF: o
'Argumento'
Preparatório
449(A) Fase A
-momento 1 : ' naturlichcn
Eins-tellung' 451
I.
descrição
da 'atitude natural '4 51
(a) a natureza da
'descrição'
da'at_i
tude natural ' 452
( i ) '
descrição
pura'
452
XV I
Pág
.(b) conteúdo da
descrição
da atitudenatural 459
(i)
'operadores'
epredicados
essenciais 459
(ii) a 'teoria' da vorhanden (I): o Mundo - Natural como Hori. zonte do
'já
dado' 464 a) campo-perceptivo
465 b) meio -circundante 466(iii) a 'teoria' da Vorhanden (II):
Pertença;
espontaneidade;
idealidade 468
a) Pertença 469
b)
esponaneidade
e idealidade 473
(iv) o
ponto
de vista doa 'outros eu' 4 79
(c) a Tese Geral da Atitude Natural 480
(i)
caracterização
da 'tese geral' 481
a)
'já
dado', 'consciênciaimplícita'
e'predicado
de existência' 482
b) 'Tese
Geral',
'falsasatribuições
de existência' e ciência 490
II. Comentário Final ã
'descrição
daAtitude Natural' 492
(B) Fase A da CFF
-momento 2: a
descrição
da 'Essência da Consciência 501
I . A
'descrição
da consciência' 501(a)
descrição
'empírica'
da consciência 503
(i)
posição
das Ideen I 503(b) a
descrição
'eidética' da consciência 507
(i)
determinação
do tema 510(ii)
relação
intencional 511(iii) actual-inactual 513
(iv) o
'eu-do-cogito
'
515
(v) os
'componentes
daexperi
ência* : imanentes
(reais)
transcendentes (intencio
nais) 516
II. Comentário final
à_'
descrição
daessência da consciência 517
(i)
espontaneidade,
actualidade,'pano-de-fundo
' 517(ii) a
relação
intencional e o estatuto do
cogitatum
529(iii)
primeiras
observações
sobreos
componentes
daexperiência
539(C) Fase da CFF
-momento 3: a
Êpoché
5 4 2I .
Exposição
daÊpoché
5 42(i)
explicações
introdutórias
.... 542(ii)
oproblema
daêpoché
nos §§31--33 das Ideen I 54 5
(iii)
Êpoché
e Duvida 547a) 'duvida cartesiana '/' tenta
tiva de duvida' 548
b) a
Êpoché
549c) 'duvida cartesiana' e
Êpoché
5 52(iv)
Êpoché
: extensão c limites .... 5541. 1 .
Comentário
ãÊpoché
558(i) acerca da
legitimidade
daÊpo
ché 558
(ii) acerca da utilidade
xvi i :
Pág.
(D) Comentário Final à Fase A da CFF 563A § 20. A Fase B da CFF: O Argumento Crucial. A Pro
va 1 569A
(A) Levantamento das dificuldades a resolver 5G9A
1. sua
formulação
no § 39 das Ideen I .. 569A2. comentário ã
formulação
de Husserl .. 573(B) A Tese
Principal
da CFF e as Três Provas 5761 . enunciado da Tese 576
2.
comentário:
as três Provas 577(C) Prova 1
-Da Unidade Eidética da Consci
ência 578
1 .
questões
prévias
5782. Prova 1
-momento 1 :
reflexão,
unidade imediata,
individuação
583(a)
definição
de reflexão: 'nome deacto', 'nome de método' 587
(b) que toda a vivência se
pode
tornar
objecto
de reflexão 587(c) "a reflexão como acto do eu é uma
modificação"
588(i) a reflexão como
modificação;
reflexões de
primeiro
grau ede graus
superiores
588(ii) excursus:
apontamento
brevesobre a doutrina fenomenolõ
gica
do eu 592(iii)
a 'função
de unidade' doeu na reflexão 605
(d) a
vivência-objecto
é dada na reflexão com validade absoluta .... 606
(i)
descrição
do modo de ser dado davivência-objecto
na reflePág.
(ii)
aprofundamento
dealguns
aspectos
da consciência do tempo 611 nível 1
-tempo
objectivo/tem
pofenomenolõgico
- • 611 nível 2-'tempo
imanente' aspectos
gerais
616 nivel 3 -intermezzo: um problema que conduz ao
'aprofundamento'
da ' consciência-do-tempo'
620 nivel 4 -arepresentação
'for;
mal'tempo
(VZB §§ 8-10) 631 nivel 5 -a 'unidade' detem-po-momento:
impres
são eretenção
.... 642 nível 6 -evidência e alcance da ' teoria ' fenomenolõgica
dotempo..
647(iii) a validade absoluta da reten
ção
reflexiva 660(e) a
percepção
imanente'garante'
aunidade individual da vivência .... 664
Prova 1
-momento 2 : o argumento a fa
vor da 'unidade
regional'
da consciência nas Ideen I 676
(a) o 'estado actual da
questão'
e a suaelaboração
por Husserl (a Fenomenologia
épossível
se.» e somentese a
distinção
entre 'o imanente'e 'o transcendente1 for solida) .... 676
(b) breve história dos conceitos de
'ima
nente' _.• 'transcendente' (1901-1907). 682
(c) 'imanente' e 'transcendente' nas
Ideen I (§§ 41-42) 693
(d) comentário final ao argumento acer ca da unidade
regional
do 'ser-cons
XX
Pág.
4.
Comentário
final à Prova 1 731(i) o
objectivode atingir,
uma 'nova região,
no sentidopróprio,
do ser.. 734(ii)
necessidade decumprir
(i): tra-tam-se dos"preliminares
necessários para determinar o campo feno
menológico"
734(iii) dificuldades em
cumprir
(i): uni dadessingulares
(vivências)
sãoempíricas
735(iv)
dificuldades emcumprir
(i) : 'serindividual' x 736
(v) dificuldade em
cumprir
(i)
: 'região
em sentidopróprio'
739§ 21 . A Fase B da CFF: O Argumento Crucial. Provas
2 e 3 747
(A) Prova 2
-do carácter Absoluto da Consci
ência 749
1. Prova 2
-momento 1 : o estabelecimento
(cartesiano) do caracter absoluto da
consciência 750
(a) a evidência
fenomenolõgica
fundamental 752
(b) a
interpretação
filosófica do significado
de (a) 762(c) a
experiência
doWeltvernichtung
77 3(d) que o ser da Consciência é Absolu
to e
Necessário,
e o do Mundo éContingente
e Relativo(comentário)
7762. Prova 2
-momento 2 : 'vivência
psicoló
gica'
versus 'vivência transcendental'777
(a)
psicológico/
transcendental 778(b)
redução
fenomenolõgica:
alcance esignificado
787(B) Prova 3. o 'ser relativo do Mundo' 796
(i) crítica à ideia de ' coisa-em-si '
.. 797
(ii)
'relatividade
ontológica
'Pág.
§ 22. O aspecto fundamental da nossa crítica a
posição
de Husserl 807(A) Crítica da 'teoria'
llylé-
Noética 810 1 . o retomar doproblema
810
(i) a Fase A da CFF, momento 1 810
(ii) a Fase A da CFF, momento 2 811
(iii) a Fase A da CFF, momento 3 814
(iv) a Fase B Ja CFF, Prova 1 815 2. a estrutura do 'erro' de Husserl 818
3.
exposição
e crítica da 'teoria'hylé--noética da estrutura da vivência .... 845
(B)
Os três'pilares'
da 'Teoria' da Correlação Noético-Noemática
897I. TC e os seus três
'pilares'
897II.
Introdução
do conceito de noema 908nível 1. o noema em sentido vago .... 910
nivel 2. o noema entendido como 'ob
jecto
-da-percepção'
913nível 3. o noema entendido como 'ob
jecto
no seu modo-como X... 914nível 4. o noema como sentido (Sin n)
objectivo
916III. A
aplicação
da 'teoria'hylé-noética
em TC 919
IV. A TC como
descrição
do Quomodo 933(C) A identidade do Sentido e da
Significação,
oua ideia de Língua Mentis 94 2
I. Breve
ilustração
da ideia deLíngua
Mentis(Aristóteles,
Husserl , Putnam) 94 2II. Os
aspectos
fundamentais da 'teoria' doXXII
Pág.
1. o
equivocidade
do conceito de noema determinado como Sirin 960
2. 'Teoria' da
Significação
(primeira
versão)
982(i)
-a) as duas faces da
expressão
linguística
983
-b) a
lingua
mentis 983(ii)
-a) a
'distinção'
entro Sinn eBedeutung
985b) sentido e sentido
determina-do 991
(iii)
-a) a ideia de
estratificação
996b)
lingua
mentis em sentidopróprio
e em sentido derivado 987
(iv)
insuficiências
daprimeira
versãoda 'teoria'
(segundo
opróprio
Husserl) 999
(v)
sugestão:
a recusa da ideia delingua
mentis 10063. A ' neue Bild' da 'teoria' da
significa
ção
1019III. 'Teoria' da Referência. Sua Crítica 1023
1 .
preâmbulo
10242.
formulação
por Husserl doproble
ma da referência em termos de 're
presentações
mentais' 10263. 'teoria' da referência
propriamen
te dita 1028
(i) noema,
núcleo-noemático,
relação
aoobjecto
1028(ii) sentido = núcleo-noemático =
quid
1028(iii) -a) noema,
núcleo-noemático
e 'olhar-sobre' do
cogi
Pág.
b) o 'centro
supremanente
intimo do noema' 1029
(iv)
sentido/objecto
=X(vnzio). • 1034§ 23. Sumiria Summarum 1041
(A) Conclusões Críticas
(recapitulação)
.... 1041(B)
O elemento base para ageneralização
àcsta
situação
ã Filosofia Clássica da Consciência 1045 (C)
Sugestão Programática
1049 BIBLIOGRAFIA 1051 I -Obras de Husserl 1053 II - Sobre as obras de Husserl 1055 III-Dos trabalhos sobre Husserl 1055
IV
-Estudos sobre Husserl 1057
V
-Trabalhos sobre a
Fenomenologia
de Husserlpor autores de
formação
analítica(Filosofia
da
Linguagem)
1075VI
-Sobre a
relação
entre as Filosofias de Kant eHusserl 1080
VII
-Textos Clássicos de Filosofia 1081
(A) Filósofos 1081
(B)
Sobre Kant(para
o fi 13 daDissertação)
.. 1082VIII
-Filosofia
Contemporânea
daLinguagem
(Filosofia
Analítica)
1083IX
-Outras obras de Filosofia
Contemporânea
que§ 1 .
Objecto
e tema daDissertação
0
presente
trabalho tem comoobjecto preciso
de estudo as Ideen I de E. Husserl. 0 seu tema filosófico
é,
cont.u do, maisamplo.
Trata-se de umainvestigação
crítica que procura umaavaliação global
doprojecto
fenomonológi
co etranscendental de Husserl. No limite do horizonte circuns
crito por essa
avaliação
estará ainda em discussão uma certa
'imagem'
da Filosofia e daorientação
do trabalho filosófico.
Assim determinado, o
objecto
destaDissertação
étri_
pio
e envolve três graus diferentes degeneralidade: primei
ro, trata-se de umesforço
detalhado opreciso,
para exibir os núcleos fundamentais do programa fenómenológico
das IdeenI e para
ponderar
acerca da sualegitimidade;
segundo,
trata-se de procurar
pôr
a claro, através do comentário asIdeen I, se o
projecto
fenomenológico
e transcendentalglo-balmente considerado
é,
de todo, umprojecto
viável;
por fim,terceiro, trata-se de fornecer
alguns
elementos emfunção
dos
quais
se possaponderar
se a'imagem'
da Filosofia emconformidade com a
qual
as Ideen I foram elaboradas - 'imagem'
que se considera ser comum às Filosofias Clássicas (i.e. Modernas) da
Consciência
-pode
e deve sei" aimagem
a partir da
qual
o trabalho filosóficoadquire
sentido cespoei
fi■;
Naturalmente , não se desconhece que reflexões e estu
dos acerca de cada um destes três
aspectos
foram, de formapor vezes brilhante e
incontornável,
já
levados a cabo. Conforme o estado de
espírito
o. asconvicções
dos seus autores,as suas análises procuraram: ou
explicitar
os fundamentosmot aiisicos
iraplíci
( os ior.jjocto
fenómenol_óg_ico
de Husserl,
e.g.,Fink,
1966 ,Landgrebe,
1968 ,Morujão,
19 69; oucriticar
alguma
da metafísica que esseprojecto
tacitamentecontém,
e.g.,Derrida,
1967 e 1972: crítica da 'teoria da significação'
e da ideia de'presente
vivo',
cGranel,
1968:crítica da 'teoria do
tempo',
da 'teoria dapercepção'
e, de novo, da ideia de'presente
vivo'; ou criticaralguns
dos conceitos instauradores doprojecto
fenomenológico,
e.g.,Aoliem,
XX
: crític<i Ao: conceitos de imanência o de transcendência,
Fink,
19 59: que salienta aimportância
para oprojecto
fenomenológico
de este conter necessariamente conceitos não
explicitados
tematicamente,
i.e.,
não clarificados, são eles:
'fenómeno',
'êpoché,
'constituição',
'produ
ção'
e'lógica
transcendental', bem como oproblema
de indefinição
de Husserl face ã 'linguagem
transcendental' (ob.cit. pp. 229-230),
Eley,
1962: crítica dos conceitos de Apriori
e deintuição eidctica,
eMerleau-Ponty
, 1953:críti_
ca da ideia deintuição
eidética e dadistinção
entre'es3ência' e 'facto' (contrastando estas ideias com o conceito 're
formado', não
positivista
deindução);
ou criticar a posiçãofilosófica de Husserl, idealista e transcendental, e.g., In
Fenomenolo-gia
Husserliana e FilosofiaAnalítica,
Tugendh.U
, 1 97 7 eApol.,
1973 e 1985; ou contrastar criticamenteFenomenologia
Husserliana eHeideggeriana
, De Whaelhens, 19 53,
Tugendhat,
1967 e sobretudo,
Paisana,
1987; ou ainda, para não me alongar em mais
referências,
reformar criticamente a teoria fenomenolõgica
do noema (como sentido) e dasignificação,
e.e.,Fcllesdul 1969,
Mohanty
1974, 197 6 e 1977, Atwell,1977,
Meintyre
e Welton, 1987 e Pummett, 1981(pp.
56-73) .Face ã massa de
informações
jã
disponível
sobre ostrês
aspectos
de queaqui
seráquestão
a novidade do presente trcibalho
consiste,
então,
na forma como o nosso argumento
aqui
será desenvolvido e na natureza dosargumentos
críticos e das
sugestões
programai- iças que serão avançadas.Se tivesse que caracterizar numa
palavra
a forma como
aqui
me esforcei pordispor
oargumento
quedesenvolvo,
designá-la-ia
por:REFUTAÇÃO.
Que eu tenha conhecimento nãofoi levada a cabo até ao momento nenhuma tentativa de inter
pretar criticamente a
Fenomenologia
das Ideen I , e por via desta, aFenomenologia
Transcendentalenquanto
projecto glo
bal , que assumisse claramente que esta doutrina
é_
refutável e deve ser refutada. Tal é o peso do presente trabalho. A re cusa críticapontual
de variadíssimos (diria: quase todos)aspoclos fundamentais da doutrina
fenomenolõgica
foijã
proposta
-vimo-lo através das referências dadas acima
-que
são apesar de tudo apenas uma amostra dramaticamente lacunar
desta
situação.
O presente trabalho visa asituação
na suao
Consciência
Pura que deve ter o nome deFenomenologia
Puraou Transcendental, e que essa Ciência tem um
objecto
próprio
(as
vivências)
um métodoespecífico
(eidético
e descritivo) e apossibilidade
de propor umconjunto
de leis(eidéticas)
que descrevem na sua máxima
generalidade
olegalidade
aspectos relevantes da
relação
noético-noemática , sob a forma deuma teoria da
correlação;
ora, seráaqui
avançada e creioque
vigorosamente
defendida,
a ideiasegundo
aqual
todosestes
aspectos
queconjuntamente
constituem a proposta filosófica fundamental das Ideen 1
podem
e devem ser refutcidos.Refutação
refere assim neste contexto umtipo
de trabalhofilosófico
a fimdaquele
que Kant levou a cabo apropósito
do Idealismo ou Husserl a
propósito
doPsicologismo.
Portanto, não se
pretende
com este trabalho desvalo rizar no que quer queseja
o pensamento filosófico de Husserl
enquanto
pensamentofilosófico,
enquanto
Filosofia,
po locontrário,
pretende-se
levar efectivamente a sério essepensamento,
mas,simultaneamente,
refutar oprojecto
neleinscrito de instaurar uma Ciência
Fenomenolõgica
da Consciência Pura e de desenvolver sistematicamente essa Ciência sob
a forma de Teoria da
Correlação
Noético-Noemãtica. É odesi-deratum de
algumas
filosofias,
não detodas,
opoderem
cons-tituir-se como
Ciência;
é esse aspecto da de Husserl queaqui
se analisa e recusa.A natureza dos argumentos críticos que serão avançados
está naturalmente, sob a
dependência
da formageral
que omenologia
das Ideen Iparte
de certas evidências que sãoirrecusáveis mas triviais;
interpreta-as depois
erradamentee, com base nessas
interpretações,
constrói doutrinas que,quando
desenvolvidas,
sãosusceptíveis
de gerarcontradição
ou, alternativamente, assentar empetições
deprincípio;
co mo manobra final as evidênciastriviais,
que em si nada ti nham de. errado mas também nada tinham designificativo
parao esclarecimento da nossa
relação
aoobjecto,
são agora promovidas a leis eidéticas necessárias e
apodíticas.
Cada argumento crítico que é
proposto
neste trabalho representa aaplicação
desta ideiageral
a umaspecto
particular
da doutrina.
E historicamente conhecido que
quando
umaoperação
filosófica deste
género
éproposta
se procura com ela invali.dar uma
posição,
ou afastar um programa filosófico que setem por inconsistenv.e ou inviável. 0 interesse
pelo
projecto
fenomenológico
é,
porisso,
prima
facie,
crítico. Mas não ésimplesmente
destrutivo. Éprogramático
e construtivo. Umavez determinadas as razões
pelas quais
umprojecto
de Filoso fia Sistemática (o deHusserl,
e maisgeralmente,
o da Filo sófica Clássica daConsciência)
deve ser abandonado, torna-sepossível
pensar outrosprojectos
para osquais
essas razõesnão
vigorem.
Sendo assim, outros programaspodem
então surgir
e serinterpretados
como um verdadeiro progresso no seioda
disciplina
que é a nossa. Na realidade esses programasexistem
jã,
segundo
creio, e sob a rubrica de Filosofia daLinguagem.
Indicar pontualmente em que é quealguns»
deles poíí
dem ser
interpretados
como um progresso face ao programaclássico,
tal é a natureza das nossassugestões
programáti-cas . 0 modo como neste trabalho certosaspectos
da FilosofiaContemporânea
daLinguagem
sãopostos
emrelação
com certasfalhas do
projecto fenomenológico
é,
segundo
creio,
inéditoe, se for considerado
adequado,
parece-me conteralgumas
virtualidades não desinteressantes.
§ 2. 0
'optimismo',
o'pessimismo'
e as duas'imagens'
daversão
optimista
da FilosofiaApelo
para aindulgência
do leitor para com a combinação
queneste
parágrafo
vou fazer dealgumas
ideias muito gerais com
algumas
referências relativamente vagas. 0 único objectivo
da suaexposição
aqui
é tentarexplicitar
um pouco ocontexto filosófico
geral,
apartir
doqual
opresente
trabalho foi elaborado.
Creio que há
hoje,
quase diria por idiossincrasia dosfilósofos,
doistipos
de Filosofias que se exercemsegundo
dois programas filosóficos bem distintos. Como o
rigor
técni co não é o "forte" desteparágrafo,
chamemos aoprimeiro
tipo
optimista
e aosegundo pessimista
.O
optimismo
doprimeiro
tipo,
inanifesta-se através deum
conjunto
de crenças robustas,, dasquais,
venha o quevier,
nenhum dos filósofos que as
perfilham
estádisposto
a abrir mão. São elas: que a Filosofia tem umobjecto
disciplinar
próprio;
que o núcleo duro desseobjecto
se identifica comlecidas as
metodologias adequadas,
essesproblemas
podem
ser desenvolvido.-; e, eventualmente,
soluções
para elespodem
ser,
provisoriamente
ounão,
propostas.
Dito de outra forma:que a filosofia
é,
ã suamaneira,
uma ciência e quo, tal co mo em todas asciências,
existem coisas acerca dasquais
sepode
em filosofia estar certo ou estar errado; eexiste,
porisso,
apossibilidade
deprogredir
no interior dessa disciplina.
Ora, como asposições
ou teses maisgerais
condicionam em
larga
medida as maisparticulares,
oprimeiro
aspecto acerca do
qual
há que não errar, é no estabelecimento deuma
posição
filosóficageral
acerca dopróprio
objecto
filosófico e do método de
abordagem
deste. E isto porque se es se estabelecimento for erradoentão,
embora ele possa pare cer na sua máximageneralidade
correcto, ele acabará por engendrar
teorias,particulares
falsas oucontraditórias,
i.e.,falsos
problemas
e falsassoluções.
0
pessimismo
dosegundo
tipo
manifesta-se através doum
conjunto
de crenças, não menosvigorosas,
segundo
asquais:
o'objecto'
da filosofia se identifica, no essencial,com a História ria Filosofia, e isto porque ou ess.; história
é,
elaprópria,
portadora
de uma Verdade acerca do sentidoda História em
geral
ou da natureza da Filosofia emparticu
lar, ou, mais
simplesmente,
porque nada mais háhoje
a dizer
-em
particu
1.ir nada mais háho^e
a dizer que não possa sermais bem dito
pelas
ciênciasparticualres
-acerca desse,ou
desses,
putativo
(s)objecto
(s)próprio
(s) que a filosofiaacerca da
constituição
do ente enquanto natureza,explica
ções
ser-nos-ão
prestadas
noDepartamento
deFísica;
se onosso interesse for acerca da consciência deveremos recorrer
ao
Departamento
dePsicologia;
se o interesse for acerca doser-vivo vide
Departamento
deBiologia,,
etc, etc. No essencial o filósofo
fica,
se é que ainda fica realmente comalguma
coisa,
com aideia,
vaga, de Sentido; e a melhor forma de a tornar menos
vaga,é
através de umainterpretação
do modo como este se ' historializou' . Narealidade,
ainterpre
taçáo
do Sentidosegundo
o seu modo de historializaçao
parece ser a
vocação
residual dos filósofos para osquais
a Filosofia Sistemática se tornou um
projecto
impossível.
Natu ralmente que, esse Sentido ocorrejá
no contexto históricono
âmbito
doqual
opróprio
intérprete
realiza a sua interpretação,
ele nãopode
ser tomado como umobjecto
a conhecer mas deve ser assumido como
algo
aexplicitar
no âmbitodo
círculo
hermenêutico em que essaexplicitação
sempre ocor re.(Associo
naturalmetne esta atitude aotipo
de pensamento instaurado por
Heidegger)
.Não é
objectivo
dopresente
trabalho confrontar estesdois
tipos
de programasfilosóficos,
nemespecular
acercados estados de
espírito
que lhes estãosubjacentes.
Direiapenas que a minha
simpatia está,
toda, na versãooptimista
da nossa
disciplina
-uma vez que se
distinga
esta da ideiaque
rejeito
dephilosophia
perennis,
e creio que essa distinção
épossível
-e que é naturalmente
jã
apartir
desta opprio
acaba de convocar entreoptimismo
cpessimismo,
é queforneça
algumas
razõespelas quais
aopção
pelo
optimismo
possa ser
plausível.
E este mínimo é tarefaagradável
de realizar .
Coloquemo-nos
não do ponto de vista das evidenciasintrínsecas a cada uma das
posições,
i.e.,
dasintuições
f_i
losófic_s,
a quo elas procuram dar corpo eexpressão,
mas doponto
de vista das evidências,digamos,
extra-filosóficas apartir
dasquais
asprimeiras podem ganhar
muito da suapiau
sibilidade. A favor da
posição
pessimista
épossível
avançara evidência
segundo
aqual
até an momento a Filosofia não seconstituiu como uma
ciência,
pelo
menos não ao mesmo títuloa que, e.q., a Física e a Matemática o são.
(Não
creio queeste aspecto
seja
em absolutoverdade,
mas de momento é útilconsiderar que
podia
ser assim) . Que esta evidência eimpor
tante para tornar
plausível
(pelo
menos do exterior) aposji
ção pessimista,
X- óbvio: se a filosofia fossejá
uma ciência com umobjecto
e métodopróprio,
então o melhor que a versãopessimista podia
propor era criar uma outra forma de reflexão sobre um outro assunto o não ser o termo
consequente
deuma sucessão de fracassos.
A favor da
posição
optimista
épossível
avançar aevi_
dência
segundo
aqual
a nossarelação
cognitiva
com o que nos rodeiaé,
massivamente, um êxitocujos
representantes
12
Maternal..i.cu.
Postas as coisas desta forma, o único
ponto
acercado
qual
o ónus da provaestá,
pesadamente,
do lado da atitude
optimista
é oseguinte:
como propor um modo de representação
dessarelação cognitiva
—relação
que,repito-o,
é um êxito massivo-segundo
oqual
estarelação
possa, elapró
pria,
ser considerada como umobjecto
de estudo.Digamos
que, deste
ponto
de vista, oobjecto
da Filosofia Sistemá tica se identificaria com aconstituição
de uma classe defenómenos, os fenómenos
cognitivos;
constituição
que seriarealizada,
emprimeiro lugar,
pela determinação
de um modoadequado
derepresentar
arelação cognitiva.
Neste sentidopoder-se-ia
falar de uma 'classe de fenómenoscognitivos
' nomesmo sentido em que falamos, e.g., de 'fenómenos electro
magnéticos',
'fenómenosgravitacionais
', 'fenómenos
quími
cos',
etc. Ou,pelo
menos, num sentido relativamente afimao sentido em que falamos destes últimos.
Existe ainda um elemento
especioso
destaquestão;
elemento que é
susceptível
de gerar as maiores dificuldade'e que é o
seguinte:
aopropor
um modo derepresentação
espe cificamente filosófica darelação cognitiva
e dos fenómenoscognitivos,
não sepode,
eoipso,
propor um modo de representação
dessarelação
e desses fenómenos queseja
identif_i
cãvel ou,
pelo
menos, que possa ser facilmentefagocitado,
pelas
ciênciaparticulares
actualmente existentes, por exempio,
pela psicologia,
pelas
chamadas ciências decognição,
Ora, é a
propósito
daquestão
dequal
seja
o modo derepresentação
especificamente
filosófico
e intrinsecamenteadequado
ao fenómenocognitivo
o àrelação cognitiva
, quevemos
surgir,
irredutíveis,
duas'imagens'
da Filosofia. (Ambas ocorrem
já,
portanto, no âmbito do queaqui
designei
por versão
optimista
do trabalho filosófico ou dafilosofia).
Para determinar as duas'imagens'
da Filosofia a quetenho vindo a fazer
referência,
é útil propor, embora de forma breve, uma
distinção
entredescrição
do fenómenocogniti
vo e
interpretação,
ouinterpretações,
desse mesmo fenómeno.Uma
descrição
desta classe de fenómenos visaresponder
âquestão:
quais
são as características que típicamente
estão presentesquando há,
emgeral,
conhecimento ecuja
presença nospermite
portanto,
reconhecer certo fenómeno como cognitivo, e
não,
cg., comoético,
estético,
ou outro? Para responder a esta
questão,
podem
escolher-se asseguintes
três características que, embora enunciadas de modo vago e
liminar,
parecem ser
típicas
dos fenómenoscognitivos,
i. c-. , estarempresentes sempre quo estes ocorrem; (i)
constatação
ou observação; ( i i )
antecipação
ouprevi
são; (iii) herança irogai
tiva.(i) A
primeira
característicacorresponde
â existên cia ou presença do? uma'instância',
que varia emelaboração
e natureza, de
constatação
ouobservação
. Porela,
arelação
de
cognição
deixa-se determinar como, e.g., "ver x", "cheirar>:", "constatar que x", ou "observar que x" e
também,
de formamais
complicada,
por, e.g., "observar reflexivamente quey",
14
a
braços,
regrageral,
com umarelação cognitiva
em que o objecto,
representado
nosexemplos
dados por x , é de alqum modo um
'objecto
físico'
ou umaqualidade
deste. Nossegundos
casos, estamos a
braços,
tipicamente,
com umarelação
cogni
tiva em que o
objecto,
representado
nosexemplos
dados pory, z e w,
é,
respectivamente,
um 'estado mental' dosujeito
(y)
, ou um'objecto geral',
(z), e.g., umnúmero,
um triângulo,
etc, ou ainda umaexpressão linguística
, (w) . Naturalmente que todos os casos têm em comum o facto de
algo
ser reconhecido,
constatado ou observado. Mas, deigual
forma, cada caso
supõe
diferentes níveis deelaboração
e sepresta
ainterpretações
diferentes. Se usarmos o termo 'intuitivo'num sentido suficientemente vago e
geral,
podemos
então dizerque a este nível a
relação cognitiva
se determina como umarelação
naqual
o conhecimento é detipo
intuitivo.(ii)
Umasegunda
característica dos fenómenoscogniti
vos parece ser a presença ou a existência de uma
'instância',
que varia também em
elaboração
e natureza, deantecipação
ouprevisão
. A título deilustração
poder-se-ã
darexemplos
defuncionamento desta 'instância' a três níveis: instintivo
(e.g.
-'o rato
foge
do gatoantecipando
instintivamente oque lhe
poderá
vir a acontecer'); do senso-comu(cg.,
se sedisser a
alguém
que "se fizer sol então Pedro vai âpraia"
eque "faz sol" então esse
alguém
antecipa
que "Pedro vai ãpraia";
este nível deantecipação
é,
então,
já
iminentemente
linguístico)
; científico (é sabido que a ciênciapode
ser complausibilidade representada
como umconjunto
dealgo-ritmos que
antecipam algo,
sendo conhecidas ascondições
ini^
ciais;
e quetêm,
portanto,
a forma se ; então i ) . Será também conveniente referir que existe Instante maleabili dade nas fronteiras destes três
tipos
de casos dados parailustração
(apromiscuidade
de fronteiras entre senso comume ciência
é,
creio,
óbvia se repararmos na formalógica,
mo-dus ponens, comum do
tipo
deantecipação
toita a esses doisníveis).
Mas,seja
como for, so confrontarmos cada um destestipos
de casos com o par 'conservacionismo/revisibil
i dade'
torna-se claro que, face a este par, a
antecipação
insfinti va é "um conservador(quase)
incorrigível"
e que, no outro extremo, a ciência é "umconjunto
de enunciados(quase
sempre)
revisíveis" —basta neste último caso uma forma mais
simples
deantecipação
e, regragerai,
oantigo algoritmo
éabandonado. Em todo o caso, a este nível a
relação
cogniti-va determina-se como uma
relação
de antecedente a consequente,
digamos,
como um 'conhecimento por inferência' se usarmos esta
expressão
em termos suí icientemente vagos egorais.
(iii) A terceira
característica
dos fenómenoscogni
tivos que. parece interessante destacar,
prende-se
com a situação
filogenética
eontogenét
iea dosujeito
que conhece.No que
respeita
aos homens, porexemplo,
épossível,
distinguir
umconjunto
de habilidades oudispo
siçóes
que foramtransmitidas por via
genética.
Duas das maisimportantes
parecém ser a
disposição
parca apercepção
de semelhanças numespaço
qualitativo,
e acapacidade
deaprender
uma linguagem;i d
Penso que esta brevíssima
descrição
do fenómenocogni-ti vo será aceite sem
grande
dificuldade. Elaé,
defacto,
brevíssima. Ela
é,
também ocreio,
praticamente
indiscutível navagueza que é a sua. Ê essa a
glória
efémera queacompanha
toda a
descrição:
serbreve,
verdadeira,
trivial. Na realidade, para se
compreender
até queponto
adescrição
é indiscutível basta
imaginar
o que seria negar (i), (ii) ou (iii);ou os três aspectos
conjuntamente.
Creio que se o fizermosjá
não saberíamos sequer reconhecer que o fenómeno que pretendíamos descrever era o fenómeno
cognitivo.
0 que seria afirmar que num fenómeno
cognitivo
nada é constatado ou observado, nada é
previsto
ouantecipado,
e nada é herdado ou inatonaquele
que conhece? Ora, narealidade,
adescrição
não dizmais que isto:
algo
é constatado ou observado,algo
érpevis_
to ou
antecipado,
algo
é herdado ou inatonaquele
que conhece. Não diz o
quê
nem corno . É esse o seuestigma.
Mas, a
situação
a este nível meramente descritivoé,
por isto mesmo de uma
pobreza
teóricaconfrangedora.
E, sendo
assim,
é necessário fazer umadistinção
entre uma descrição
do fenómenocognitivo,
que como vimos é vaga,supõe
umelevado grau de
generalidade
e tem por isso um elevado graude
plausibildiade
(é
trivialmente verdadeira) , servindo apenas para caracterizar o fenómeno que se
pretende
estudar; euma
interpretação
do fenómenocognitivo
(ouinterpretações
diversas e eventualmente rivais deste) que por procurar for
necer acerca deste fenómeno um maior número de