Relatório Final
ESTÁGIO
PROFISSIONALIZANTE
Orientador: Prof. Dr. Joaquim Filipe
Candeias de Sousa Gago
Regente: Professor Doutor Rui Maio
Ana Catarina Nunes Figueiredo
6o ano | Mestrado Integrado em Medicina| NOVA Medical School Ano letivo 2017/2018
ÍNDICE
1. Introdução...2 2. Objetivos...2 3. Atividades desenvolvidas a. Cirurgia Geral...3 b. Medicina Interna...4c. Ginecologia e Obstetrícia...4
d. Saúde Mental...5
e. Medicina Geral e Familiar...5
f. Pediatria...6 g. Cirurgia Pediátrica...6 4. Reflexão Crítica...7 5. Anexos...10 BO – Bloco Operatório CA – Consulta Aberta CE – Consulta Externa
CSP – Cuidados de Saúde Primários CSS – Cuidados de Saúde Secundários DM – Diabetes Mellitus
EC – Equipa comunitária ECG – Eletrocardiograma GO – Ginecologia e Obstetrícia HBA – Hospital Beatriz Ângelo
HFF - Hospital Prof. Dr. Fernando Fonseca
HSFX – Hospital de São Francisco Xavier HTA – Hipertensão arterial
MIM – Mestrado Integrado em Medicina PF – Planeamento Familiar
SIJ – Saúde Infantil e Juvenil SM – Saúde Materna
UC – Unidade Curricular
1.
INTRODUÇÃO
O 6º ano do MIM é considerado um ano profissionalizante, em que se pretende a consolidação dos conhecimentos adquiridos nos 5 anos precedentes, bem como a preparação para uma transição efetiva para a vida clínica. Este último ano engloba 6 Estágios Clínicos de carácter profissionalizante (Anexo 1), considerados pilares fundamentais para qualquer futuro médico. Além destes, integram também o plano de estudos a UC de Preparação para a Prática Clínica, de carácter teórico, e a UC Opcional.
O presente relatório pretende expor, sucintamente, as atividades desenvolvidas neste último ano. Além da Introdução, existem outras 4 seções: Objetivos, onde explicito quais os objetivos gerais e específicos, quer impostos pela UC quer delineados por mim;; Atividades desenvolvidas, em que abordarei cada um dos estágios em particular, quais os objetivos e as funções desempenhadas;; Posicionamento Crítico, onde é feita uma avaliação retrospetiva de cada estágio e da globalidade do ano;; e por fim, os Anexos, demostrando atividades extracurriculares desenvolvidas.
2.
OBJETIVOS
Este sexto ano é um ano não só de conclusão, como também de transição para a vida profissional. Trata-se de um ano em que os conhecimentos teóricos anteriormente apreendidos são postos em prática, e em que há a necessidade de os integrar com valores, atitudes e aptidões, de modo a que a prática da Medicina seja a mais adequada para promover a saúde e o bem-estar da comunidade que um dia serviremos. (in Victorino R, Jollie C, McKim J. Licenciado Médico
em Portugal. Core Graduates Learning Outcomes).
Quanto aos objetivos específicos, estes prendem-se não só com aptidões clínicas como também de relacionamento interpessoal e com o Ser Médico. Neste sentido, tracei como objetivos para este ano o desenvolvimento de competências que considero fundamentais: domínio da colheita de uma correta história clínica, bem como da realização do exame objetivo;; apresentação de
caso, identificando problemas ativos e passivos do doente;; discussão de possíveis hipóteses diagnósticas e qual a terapêutica mais adequada, sempre com base no contexto psicossocial do doente;; adquirir e consolidar autonomia, integrada na dinâmica de uma equipa médica;; desenvolvimento de capacidades de comunicação com doentes, familiares, colegas e outros profissionais de saúde envolvidos na prestação de cuidados;; e adquirir competências no âmbito da exposição e apresentação pública de trabalhos e casos clínicos.
3.
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
a) Cirurgia Geral (CG) – 11 de Setembro a 3 de Novembro de 2017
Este estágio decorreu no HBA sob a tutela do Dr. Vítor Moura Guedes. Para este estágio, destaco alguns objetivos particulares: Conhecer as principais síndromes cirúrgicas, a sua etiopatogenia e semiologia, bem como os fundamentos do seu diagnóstico e tratamento;; saber executar as técnicas de pequena cirurgia mais comuns e conhecer as técnicas de anestesia e de assepsia necessárias para o efeito;; e investir no “saber estar” no BO.
Dentro das 8 semanas de estágio, a primeira foi dedicada ao ensino teórico e ao curso TEAM, uma outra foi dedicada ao SU, duas à UCI e, por fim, quatro foram dedicadas ao serviço de CG. Pude presenciar um total de 18 atos cirúrgicos, participando como 3ª ajudante em 6 desses. Em contexto de CE pude observar e participar em 13 dessas, ajudando na colheita de história clínica e realização do exame objetivo, com posterior discussão diagnóstica e terapêutica. Houve oportunidade de desenvolvimento de atividades na Enfermaria, onde acompanhei cerca de 7 doentes e pude observar algumas técnicas desempenhadas pela Equipa de Enfermagem. No SU, pude contactar com as mais variadas patologias do foro cirúrgico e médico, bem como com técnicas de pequena cirurgia e respetiva assepsia. Em relação à UCI, pude observar a abordagem de um intensivista perante o doente crítico, o respetivo registo em diário clínico e as várias reuniões de serviço que ocorriam diariamente, em que todos os doentes eram discutidos na presença dos médicos do serviço.
Na última semana participei no Mini-Congresso de Cirurgia, onde apresentei um trabalho sobre Carcinoma da Tiróide.
b) Medicina Interna- 6 de Novembro de 2017 a 12 de Janeiro de 2018
Este estágio decorreu no HSFX, no Serviço de Medicina III, sob a tutoria do Dr. Arturo Botella. Como objetivos pessoais, defini que teria de ser capaz de identificar e caracterizar as situações mais comuns da prática médica diária bem como conhecer as medidas mais apropriadas para a sua resolução, sempre com base num pensamento estruturado e lógico.
Participei em atividades de enfermaria, SU e consulta externa. A maior parte do tempo foi dedicada à enfermaria, onde observei um total de 19 doentes, em que uma parte importante estava internado por patologia do foro respiratório - destaco que o meu estágio coincidiu com um surto a Legionella pneumophila. Realizei colheita de história, exame objetivo e diários clínicos, prescrevi exames complementares de diagnóstico (alguns dos quais tive autonomia para os realizar, de onde se destaca o ECG e uma paracentese que realizei com o acompanhamento devido) e escrevi notas de entrada e notas de alta. Além disso, contactei com outras áreas de cuidados de saúde, como a fisioterapia e assistência social, bem como com familiares dos doentes internados.
No SU tive a oportunidade de observar alguns procedimentos com os quais não contactei na enfermaria: drenagem de derrame pleural, ecocardiogramas e ecografias abdominais e renais;; mais ainda, foi possível observar situações life-saving no contexto da reanimação.
Na antepenúltima semana de estágio apresentei o tema “Impacto dos Cuidados Integrados na Doença Crónica.
c) Ginecologia e Obstetrícia - 22 de Janeiro a 16 de Fevereiro de 2018
Este estágio decorreu no Hospital dos Lusíadas, no serviço de GO, sob a tutoria do Dr. Pedro Martins. Para este estágio, defini que teria de ser capaz de identificar e caracterizar as situações clínicas mais comuns da área da Saúde da Mulher, bem como conhecer as medidas mais
apropriadas para a sua resolução. Além disso, priorizei também a aprendizagem de algumas técnicas desta área (como a palpação bimanual e realização de citologias), e a ida ao BO. Este estágio foi muito variado, uma vez que tive oportunidade de assistir a consultas de ginecologia, obstetrícia, infertilidade e de endometriose, onde realizei colheita de histórias clínicas, discuti hipóteses de diagnostico e observei grávidas de todos os trimestres da gravidez, alertada para os principais sinais de alerta inerentes;; assisti e participei em vários procedimentos do BO;; observei técnicas de PMA;; assisti, realizei e interpretei exames complementares de diagnóstico (ecografias endovaginais e obstétricas);; participei no bloco de partos como 2ª ajudante;; e assisti à realização de técnicas de histeroscopia, conização e vaporização.
Na 3ª semana de estágio apresentei o tema “Cirurgia Não-Obstétrica na Grávida”.
d) Saúde Mental – 19 de Fevereiro a 16 de Março de 2018
O estágio de Saúde mental foi realizado na Equipa Comunitária da Damaia, pertencente ao HFF, sob orientação da Dra. Alexandra Cordeiro. Como objetivos específicos defini que deveria saber identificar as situações mais comuns da área da saúde mental e quais os tratamentos que a Medicina tem para oferecer, sejam eles farmacológicos ou do foro da psicoterapia;; e saber identificar situações de risco que necessitem de referenciação. Assisti maioritariamente a consultas de seguimento, onde observei uma grande variedade de patologias. Assisti também consultas de enfermagem, a consultas em contexto de SU, às reuniões de equipa semanais e realizei duas visitas domiciliárias.
Realizei a colheita e respetiva apresentação de uma história clínica de um caso de Perturbação Delirante.
e) Medicina Geral e Familiar (MGF) – 19 de Março a 20 de Abril de 2018
O estágio de MGF decorreu no USF Alfa Beja, sob a tutoria da Dra. Inês Gornilho. Os meus objetivos para este estágio focaram-se na compreensão da articulação dos CSP com os CSS;; no reconhecimento das situações comuns à prática da MGF, desde a criança ao idoso, passando
pela mulher grávida;; na adoção de uma abordagem holística do doente, conhecendo-o e conhecendo a sua família e o meio psicossocial onde se insere.
Assisti e participei em consultas em regime de vigilância de DM e HTA, consulta de SM e SIJ, PF e CA. Obtive progressiva autonomia e foi-me possível realizar sozinha grande parte das consultas. No fim destas, havia sempre um momento de discussão diagnóstica e terapêutica com a tutora. Participei em várias visitas domiciliárias.
f) Pediatria - 23 de Abril a 18 de Maio de 2018
O estágio decorreu no HSFX, sob a tutoria do Dr. Edmundo Santos, tendo delineado alguns objetivos específicos: assistir de forma integrada à prestação de cuidados de saúde em contexto de internamento e urgência;; presenciar consultas das mais variadas especificidades dentro da Pediatria, tentando perceber que tipo de acompanhamento pode ser feito nesta área;; adquirir estratégias de estabelecimento de uma boa relação médico-doente, tanto com as crianças das mais variadas faixas etárias, como com os seus cuidadores;; e, por fim, integrar no raciocínio clínico a perspetiva biopsicossocial da criança.
Nas primeiras duas semanas de estágio realizei atividades no Serviço de Internamento de Pediatria, onde integrei a equipa Médica. Realizei colheita de histórias clínicas, exame objetivo e diários clínicos com posterior discussão diagnóstica. Nas semanas seguintes participei nas atividades do Berçário, onde estava encarregue de fazer a Triagem ou as Reavaliações dos recém-nascidos. Observei e participei ativamente em contexto de SU e em CE de Imunoalergologia em vários dias ao longo do estágio.
g) Cirurgia Pediátrica – 21 de Maio a 1 de Junho
Este estágio decorreu no Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital de Dona Estefânia, tutorado pela Dra. Margarida España. Pretendia conhecer um pouco mais da realidade desta especialidade em Portugal, saber quais as suas vertentes e como está organizado o internato médico, uma vez que é uma especialidade que suscita o meu interesse. Participei em atividades de BO, como primeiro e segundo ajudante, e em contexto de consulta externa.
4.
REFLEXÃO CRÍTICA
É com um orgulho enorme que digo que este ano foi, sem sombra de dúvidas, um dos anos mais importantes na minha formação enquanto estudante de Medicina. Foi um ano trabalhoso, onde senti que pude dar um pouco de mim por cada serviço que passei, e onde aprendi muito sobre o que é ser médico. Esta profissão, além da complexidade de conhecimentos, exige bases humanísticas muito bem estabelecidas, capacidade de empatia e sentimento de ajuda ao próximo, algo que penso por vezes ser esquecido pela exigência da profissão. Não obstante, tive a sorte de ter contactado com tutores e outros profissionais de saúde que me mostraram que é possível ser-se verdadeiramente bom Médico, aos quais devo uma grande parte do que sou hoje. Acredito ter-me tornado mais autónoma e ter cumprido os objetivos para cada estágio, embora todos eles tenham sido diferentes à sua maneira. Em termos de autonomia, o estágio de MI, Pediatria e MGF foram aqueles que mais contribuíram para esse objetivo. Em MI, penso ter superado todas as minhas expectativas, tendo alcançado mais do que estava à espera. Senti- me completamente integrada na equipa médica e a minha opinião foi sempre tida em conta em relação aos doentes que me eram atribuídos, havendo um momento de participação ativa da minha parte no esclarecimento de hipóteses diagnósticas possíveis, que exames pedir e qual a terapêutica a propor ao doente;; aprendi muito em relação ao acompanhamento médico que o doente tem em contexto de enfermaria, e sobre a necessidade da multidisciplinariedade de seguimento que existe neste serviço, desde a fisioterapia, ao serviço social, médicos de outras especialidades e até psicólogos. Foi um estágio muito trabalhoso, mas muito gratificante também, pois permitiu-me construir bases sólidas em relação ao trabalho em enfermaria, certamente úteis em qualquer especialidade que escolher no futuro. Em relação a Pediatria, é importante salientar que foi um ensino não tutorado, com maior independência do aluno;; apesar de estar diretamente dependente da nossa motivação e interesse pelas atividades, penso que se torna num método ótimo para descobrirmos aquilo em que temos facilidade em fazer enquanto
médicos, mas, mais que isso, descobrir quais os nossos pontos fracos e como os melhorar;; devo destacar as várias vertentes por onde passei (internamento, berçário e SU), todas elas com particularidades diferentes. Em relação a MGF, tive oportunidade de observar doentes com autonomia progressiva permitindo-me perceber as minhas dificuldades e arranjar estratégias para as ultrapassar, consolidando bases teóricas e desenvolvendo técnicas de comunicação com os doentes das mais variadas faixas etárias;; este estágio permitiu-me perceber a importância de uma boa relação médico-doente em contexto de um acompanhamento de maior duração, e a integração necessária no contexto biopsicossocial da Pessoa.
Relativamente a CG, devo dizer que, apesar do rácio tutor:aluno não ser favorável, pelo facto de, por vezes, não nos ser permitido participar ativamente em tantas momentos práticos quanto gostaria, enfrentei todas as tarefas que me eram atribuídas com empenho, tendo aperfeiçoado o “saber estar” no bloco operatório, técnicas de assepsia e de pequena cirurgia;; destaco também o curso TEAM, onde pude aprender alguns aspetos práticos da vida hospitalar e, sobretudo, procedimentos que poderão ser úteis em contexto extra-hospitalar, no mais básico quotidiano. Em relação a Saúde Mental, devo dizer que foi o estágio que menos autonomia me deu, mas com o qual aprendi muito sobre a doença psiquiátrica, e me ajudou a eliminar os estigmas que tinha em relação a esta;; por ter sido integrada numa EC, pude contactar com uma realidade totalmente diferente do internamento, e em que há uma relação mais próxima com os doentes. Em relação ao estágio de GO, este foi privilegiado pelo contacto com as mais diversas áreas da Saúde da Mulher, com um grande número e variedade de patologias e situações clínicas inerentes a esta;; é importante salientar que este estágio foi diferente daqueles já experienciados em contexto de hospital público: há uma menor autonomia do aluno e não há possibilidade de assistir a todas as consultas e procedimentos, no entanto, existe uma maior unificação de serviços prestados, permitindo ao aluno seguir o mesmo paciente pelas várias etapas num curto
período de tempo. Por fim, o estágio de CP permitiu-me ter uma visão mais prática da realidade desta especialidade, solidificando a minha opinião em relação a uma possível futura escolha. Em suma, termino convicta que o trabalho desenvolvido ao longo deste ano foi fundamental na minha formação académica e pessoal. Senti uma grande evolução ao longo de cada estágio e que ultrapassei muitas dificuldades que tinha até então. Chego ao fim com um sentimento de gratidão enorme por tudo aquilo que aprendi, certa que construí bases sólidas que farão de mim uma profissional dedicada, motivada e orgulhosa da profissão que irei exercer.
5.
Anexos
A. Cronograma do ano letivo 2017/2018
Estágio Parcelar Regente Período de
estágio
Local Tutor
Cirurgia Geral Professor Doutor Rui
Maio 11 Set 17 – 3 Nov 17 HBA Dr. Vítor Moura Guedes
Medicina Interna Prof. Doutor Fernando
Nolasco 6 Nov 17 – 12 Jan 18 HSFX Dr. Arturo Botella Ginecologia e Obstetrícia
Profa Doutora Teresa Ventura 22 Jan 18 – 16 Fev 18 Hospital dos Lusíadas Dr. Pedro Martins
Saúde Mental Professor Doutor Miguel
Talina 19 Fev 18 – 26 Mar 18 Equipa Comunitária da Damaia Dra. Alexandra Cordeiro
MGF Profª. Doutora Isabel
Santos 19 Mar 18 – 20 Abril 18 USF Alfa Beja Dra. Inês Gornilho
Pediatria Prof. Doutor Luís
Varandas 23 Abril 18 – 18 de Maio 18 HSFX Dr. Edmundo Santos
Cirurgia Pediátrica Prof. Dr. José Delgado Alves 21 de Maio – 1 de Junho Hospital de Dona Estefânia Dra. Margarida España
B. Trabalhos Realizados no Âmbito do Estágio Profissionalizante
Estágio Parcelar Tema e Autores
Medicina Interna “Impacto dos Cuidados Integrados na Doença
Crónica” Catarina Figueiredo
Cirurgia Geral “Com a Corda ao Pescoço”
Caso clínico de Carcinoma da Tiróide Catarina Figueiredo, Jéssica Muller e Carolina
Castro
Ginecologia e Obstetrícia “Cirurgia Não-Obstétrica na Grávida”
Catarina Figueiredo
Pediatria História clínica – Pneumonia Adquirida na
Comunidade Catarina Figueiredo
C. Atividades Extracurriculares
a. Workshop de Emergências Pediátricas
b. Jornadas Médicas da Nova Medical School como colaboradora
c. Congresso de Cirurgia Geral “25 anos de Transplantação Hepática”
d. Curso TEAM