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Relatório de Estabilidade Financeira 2017

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Relatório de Estabilidade Financeira

2017

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Relatório de Estabilidade Financeira

2017

Banco de Cabo Verde

Cidade da Praia

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BANCO DE CABO VERDE

Avenida Amílcar Cabral, 27 CP 7600-101 – Praia – Cabo Verde

Tel.: +238 2607000 / e-mail: supervisao@bcv.cv http://www.bcv.cv

Edição

Departamento de Supervisão das Instituições Financeiras

Todos os direitos reservados. Qualquer reprodução para fins educacionais e comerciais só é permitida, desde que a fonte seja mencionada. O Banco de Cabo Verde agradece o envio da cópia de qualquer publicação que usa este relatório como fonte de consulta. Nenhum uso para finalidade comercial será permitido, salvo autorização expressa do Banco de Cabo Verde. A informação contida neste relatório não pode ser entendida como um aconselhamento financeiro. O relatório está disponível no sítio da internet do BCV – http://www.bcv.cv.

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Índice

Prefácio ... 8

Sumário Executivo ... 10

Capítulo I – Ambiente Macroeconómico e Financeiro ... 12

Capítulo II – Situação Financeira e Endividamento do Setor Não Financeiro ... 16

Capítulo III – Situação Patrimonial e Financeira do Setor Financeiro ... 28

3.1. Setor Bancário ... 29

Caixa.1: Garantia Parcial do Crédito- Uma alternativa às garantias tradicionais ... 37

Caixa.2: Principais indicadores de crédito ... 42

3.2. Setor Segurador ... 68

Caixa.3: Provisões Técnicas ... 73

3.3. Mercado de Valores Mobiliários ... 75

Capítulo IV – Infraestrutura e Regulação do Sistema Financeiro ... 77

4.1. Sistemas de Pagamento ... 78

4.2. Regulação do Sistema Financeiro ... 82

Caixa.4: Sistema de Controlo Interno dos Bancos ... 86

Capítulo V – Vulnerabilidades e Riscos para a Estabilidade Financeira ... 89

5.1. Principais vulnerabilidades do sistema financeiro nacional ... 90

Caixa.5: Bens recebidos em dação – possíveis soluções ... 91

5.2. Riscos para a estabilidade financeira ... 93

5.3. Avaliação Global da Estabilidade do Sistema Financeiro ... 98

5.4. Perspetivas de Evolução dos Riscos para a Estabilidade Financeira ... 99

Caixa.6: Introdução da norma internacional de contabilidade IFRS 9 - Instrumentos Financeiros .... 102

Capítulo VI – Estratégias e Medidas de Estabilização Financeira ... 104

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Quadros

Quadro 1 – Ativos recebidos em dação em cumprimento ... 31

Quadro 2 – Índice HH ... 32

Quadro 3 – Qualidade da carteira de crédito ... 39

Quadro 4 – Cobertura do risco de crédito ... 46

Quadro 5 – Grandes riscos em percentagem do crédito total ... 48

Quadro 6 – Indicadores de liquidez ... 53

Quadro 7 – Estrutura das fontes de financiamento do setor bancário ... 55

Quadro 8 – Mismatches por prazos e gaps de liquidez ... 60

Quadro 9 – Exposição em moeda estrangeira e choque cambial ... 64

Quadro 10 – Resultados dos choques de crédito ... 66

Quadro 11 – Resultados dos choques de liquidez ... 67

Quadro 12 – Taxa de penetração e densidade do seguro ... 69

Quadro 13 – Cobertura das provisões técnicas por ativos ... 72

Quadro 14 – Margem de solvência ... 72

Quadro 15 – Principais indicadores ... 76

Quadro 16 – Operações liquidadas no SGDL ... 79

Quadro 17 – Vulnerabilidade e riscos do sistema financeiro nacional ... 101

Gráficos

Gráfico 1 – Crédito às empresas não financeiras e particulares ... 18

Gráfico 2 – Evolução da população residente de Cabo Verde ... 19

Gráfico 3– Indicador de confiança do setor da construção (saldo das respostas extremas) ... 19

Gráfico 4– Procura turística ... 20

Gráfico 5– Hóspedes e dormidas por ilhas e tipo de estabelecimento ... 21

Gráfico 6 – Crédito a empresas não financeiras ... 21

Gráfico 7 – Distribuição do crédito a empresas não financeiras ... 22

Gráfico 8– Crédito por setores e contribuição de cada sector para o PIB ... 23

Gráfico 9– Evolução do stock de crédito do setor do comércio, restaurantes e hotéis ... 23

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Gráfico 11 –Total de stock de crédito às empresas por intervalo ... 24

Gráfico 12– Distribuição do financiamento por setor ... 25

Gráfico 13– Crédito a particulares ... 27

Gráfico 14 – Principais rubricas do ativo ... 29

Gráfico 15 – Principais rubricas do passivo e capital próprio ... 31

Gráfico 16 – Evolução do Tier I, Tier II, fundos próprios, ativos ponderados e solvabilidade ... 34

Gráfico 17 – Variação dos ativos ponderados pelo risco ... 35

Gráfico 18 – Distribuição de frequência para o rácio de solvabilidade ... 35

Gráfico 19 – Solvabilidade: comparação internacional ... 36

Gráfico 20 – Evolução dos indicadores de qualidade de crédito ... 40

Gráfico 21 – Crédito vencido: comparação internacional ... 40

Gráfico 22 – Créditos em incumprimento por dias de atraso (Circular 150) ... 41

Gráfico 23 – Rácio de crédito com imparidade por setor de atividade... 45

Gráfico 24 – Evolução do risco de crédito e dos níveis de cobertura ... 46

Gráfico 25 – Cobertura do Crédito em incumprimento pelas provisões: comparação internacional ... 47

Gráfico 26– Exposição da banca ao setor da construção e habitação ... 47

Gráfico 27 – Evolução do nível de exposição aos grandes riscos ... 48

Gráfico 28 – Distribuição de frequência para o rácio Grandes Riscos/Crédito Total ... 49

Gráfico 29 – Grandes exposições: comparação internacional ... 49

Gráfico 30 – Evolução do ROA e ROE ... 50

Gráfico 31 – Distribuição de frequência para o ROE ... 51

Gráfico 32 – ROE: comparação internacional ... 51

Gráfico 33 – Evolução do Cost to Income ... 52

Gráfico 34 – Distribuição de frequência para o Cost to Income ... 52

Gráfico 35 – Crédito, Depósitos e Rácio de Transformação ... 54

Gráfico 36 – Rácios de liquidez: comparação internacional ... 54

Gráfico 37 – Principais fontes de financiamento do sistema bancário ... 55

Gráfico 38 – Evolução das fontes de financiamento ... 56

Gráfico 39 – Evolução da estrutura dos depósitos por entidades ... 57

Gráfico 40 – Evolução e composição dos depósitos ... 58

(7)

Gráfico 42 – Evolução dos depósitos dos grandes depositantes ... 59

Gráfico 43 – Distribuição de frequência para o custo do financiamento ... 59

Gráfico 44 – Evolução dos gaps de liquidez ... 60

Gráfico 45- Evolução da taxa de juros ... 61

Gráfico 46 – Risco de taxa de juros: impacto sobre a margem financeira ... 62

Gráfico 47 - Taxa de Câmbio do Escudo/Dólar americanos e índice de taxa de câmbio ... 63

Gráfico 48 - Exposição Cambial Líquida/Fundos Próprios: comparação internacional ... 65

Gráfico 49 – Principais rubricas do ativo do setor segurador ... 68

Gráfico 50 – Principais rubricas do passivo e capitais próprios ... 69

Gráfico 51 – Investimentos brutos ... 70

Gráfico 52 – Grau de cobertura das provisões técnicas ... 71

Gráfico 53 - Transações liquidadas no SGDL por horário (média diária) - Quantidade ... 80

Gráfico 54 - Transações liquidadas no SGDL por horário (média diária) - Valor ... 81

Gráfico 55 – Evolução do Z-Score ... 98

Anexos

Anexo 1 – Indicadores de robustez financeira do sistema bancário e segurador ... 114

Anexo 2 – Balanço e demonstração de resultados agregado do setor bancário ... 115

Anexo 3 – Resultados dos testes de stress: Rácio Solvabilidade Regulamentar de 12 por cento ... 116

Anexo 4 – Balanço agregado do setor segurador ... 117

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Prefácio

A Lei Orgânica do Banco de Cabo Verde, aprovada pela Lei nº 10/VI/2002, de 15 de julho, dispõe que o Banco de Cabo Verde tem por atribuição principal a manutenção da estabilidade dos preços, e como objetivo secundário promover, no país, a liquidez, a solvência e o funcionamento adequado de um sistema financeiro assente na estabilidade do mercado.

Por seu turno, a Lei de Bases do Sistema Financeiro, aprovada pela Lei nº 61/VIII/2014, de 23 de abril, veio reforçar as atribuições do Banco de Cabo Verde em matéria de regulação e supervisão do sistema financeiro, tanto no âmbito da supervisão comportamental como da prudencial, sendo esta microprudencial e macroprudencial. Ao nível macroprudencial, a supervisão incide sobre o sistema como um todo e tem como principal função a limitação dos riscos de instabilidade financeira e as perdas daí decorrentes.

O Relatório de Estabilidade Financeira é uma publicação anual do Banco de Cabo Verde destinada a apresentar os principais resultados das análises sobre o sistema financeiro relativamente ao ano transato, sobretudo do setor bancário, com especial realce à sua evolução recente, ao seu grau de resiliência face a eventuais choques externos, aos atuais e potenciais riscos que condicionam a estabilidade do sistema financeiro e a sua evolução no curto e médio prazo.

O relatório, enquanto instrumento de comunicação com a sociedade em geral e com o sistema financeiro em particular, elenca as principais iniciativas regulamentares e medidas de estabilização financeira implementadas pelo Banco de Cabo Verde em 2017 e faz referênca às medidas levadas a cabo por outras entidades que contribuem para a manutenção da estabilidade do sistema financeiro.

Por estabilidade financeira entende-se a manutenção de “um ambiente no qual o sistema financeiro - que

inclui os intermediários, mercados e infraestrutura de mercado - é capaz de resistir a choques e ao surgimento de desequilíbrios financeiros, diminuindo, assim, a probabilidade de interrupções no processo de intermediação financeira, que são suficientemente graves para reduzir de modo significativo a afetação da poupança para oportunidades de investimento rentável” (BCE, 2007).1

O presente relatório é constituído por seis capítulos. No primeiro – Ambiente Macroeconómico e Financeiro – faz-se um breve enquadramento do cenário macroeconómico e financeiro nacional e internacional, e seu

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impacto no sistema financeiro nacional. O segundo capítulo – Situação Financeira e Endividamento do Setor

Não Financeiro – analisa a situação e o endividamento de empresas não financeiras e de particulares junto

do setor bancário e do mercado de capitais. O terceiro capítulo – Situação Patrimonial e Financeira do Setor

Financeiro – debruça-se sobre os aspetos relevantes em termos de exposição a riscos, da rentabilidade,

liquidez e solvência das instituições que compõem o sistema financeiro nacional, com destaque para o setor bancário. Neste capítulo, incluem-se, ainda, os testes de stress de riscos de crédito, de mercado e de liquidez e os respetivos impactos sobre a solvência das instituições. Faz-se, ainda, referência ao setor segurador, com descrição e análise da sua situação financeira e prudencial, bem como ao mercado de valores mobiliários. O quarto capítulo – Infraestrutura e Regulação – apresenta os desenvolvimentos recentes nos sistemas de pagamento, analisa as tendências da sua evolução e enumera as principais iniciativas regulatórias para o sistema financeiro nacional promulgadas em 2017. O quinto capítulo – Riscos

para a Estabilidade Financeira – identifica os atuais e potenciais fatores de riscos que poderão condicionar

o normal funcionamento do sistema financeiro e a sua principal função de intermediação financeira. Por fim, no sexto capítulo - Estratégias e Medidas de Estabilização Financeira – são elencadas as principais medidas e recomendações de políticas prudenciais que visam contribuir para a manutenção da estabilidade financeira.

O Relatório de Estabilidade Financeira 2017 apresenta, ainda, seis Caixas:

 Caixa 1: Garantia parcial de crédito- Uma alternativa às garantias tradicionais;

 Caixa 2: Principais indicadores do crédito;

 Caixa 3: Provisões técnicas;

 Caixa 4: Sistema de controlo interno das instituições financeiras;

 Caixa 5: Bens recebidos em dação – Análise da situação e possíveis soluções;

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Sumário Executivo

O enquadramento externo, em 2017 e à semelhança dos dois últimos anos, contribuiu positivamente para o desempenho da economia cabo-verdiana, tendo como principal parceiro económico do país a Área do Euro, assinalada por um crescimento económico mais acelerado desde 2007. Continuou-se a assistir à recuperação da atividade económica nacional, indicando um aumento em volume de 3,9 por cento, valor mais elevado desde 2011, de acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística (INE). Esta melhoria do contexto e das condições é suscetível de favorecer a situação financeira do setor não financeiro com reflexos positivos na diminuição do risco de crédito de empresas e particulares.

O setor bancário nacional apresentou sinais de melhoria em alguns domínios: na atividade; nos indicadores de qualidade de crédito e na respetiva cobertura; nas margens financeiras e complementar com impactos positivos na rendibilidade; na eficiência operacional (cost to income); no aumento dos depósitos e no nível de solvência. Assistiu-se ao crescimento significativo do stock de crédito, em ritmo superior ao observado no ano anterior, o que conjugado com a redução do stock do crédito vencido contribuiu para a melhoria dos indicadores de qualidade de crédito. A cobertura dos níveis de incumprimento apontou igualmente melhorias, mantendo a sua trajetória crescente desde 2015. A rendibilidade do sistema financeiro, medida pelo ROA (Return on Asset) e pelo ROE (Return on Equity), aumentou em função do crescimento dos resultados antes de impostos e do resultado líquido. O rácio de solvabilidade fixou-se em 17,3 por cento, assinalando um aumento de 1,8 pontos percentuais fruto do incremento da base de capital, principalmente do capital considerado de maior qualidade.

No sector segurador verificou-se um aumento do volume de produção em 6,5 por cento, dos investimentos em 36,0 por cento e dos resultados líquidos em 21,9 por cento. Para este desempenho, contribuíram tanto o segmento Vida como o Não Vida.

No mercado de valores mobiliários, a capitalização bolsista alcançou os 68,4 mil milhões de escudos (79,7 por cento pertencente a títulos de dívida pública), com um aumento de 0,9 por cento face ao ano anterior.

Os sistemas de pagamentos funcionaram de forma contínua e sem interrupções significativas, e as transações liquidadas no SGDL-Sistema de Gestão de Depósitos e Liquidação, sistema de liquidação sistemicamente importante, ocorreram normalmente, devido ao facto da necesidade de liquidez efetiva ter-se revelado inferior face à disponibilidade.

Não obstante estes desenvolvimentos positivos, o sistema financeiro nacional, e em particular o bancário, apresenta ainda um conjunto de vulnerabilidades que podem condicionar a rendibilidade das instituições e

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conduzir à materialização de riscos para a estabilidade financeira, como sejam níveis de crédito em incumprimento ainda em patamares considerados elevados, concentração do crédito num número limitado de contrapartes, principalmente nos setores de construção e habitação e de empresas ligadas à atividade imobiliária e turística, considerável nível de stock de bens recebidos em dação e concentração do

funding face aos cinco maiores depositantes. Os testes de stress continuaram a confirmar que este

conjunto de condicionalismos constituem ameaças à materialização do risco de crédito e à estabilidade das instituições bancárias, podendo induzir, em situações mais extremas de falência dos três maiores devedores, à consequente insolvência de algumas instituições bancarias.

A análise das condições da estabilidade financeira permite, por um lado, reconhecer globalmente uma ligeira melhoria nos fatores de estabilidade, relacionados com o ambiente macroeconómico e financeiro, com a situação financeira de empresas e particulares, com a solvabilidade e desempenho das instituições e com o sistema de pagamentos. Por outro lado, identifica-se a manutenção da exposição significativa do sistema financeiro nacional face a riscos relacionados com a gestão das instituições, com a estrutura do sistema bancário, com o mercado de valores mobiliários e com o contágio entre as instituições financeiras. Além disso, os resultados dos testes de stress alertam para um elevado potencial de perdas face à materialização de riscos de crédito.

A referida conjuntura requer da Supervisão o reforço contínuo da capacidade de monitorização do sistema financeiro, com o objetivo da identificação atempada das fontes de risco sistémico e a implementação célere de politicas e medidas de mitigação dos impactos adversos, visando contribuir para a garantia da robustez das instituições financeiras e a manutenção da estabilidade do sistema financeiro nacional.

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Enquadramento externo contribuiu positivamente para o desempenho da economia nacional

O ciclo de recuperação das economias parceiras do país e dos respetivos mercados de trabalho, fortalecido ao longo de 2017, beneficiou a procura externa e os investimentos no país, contribuindo positivamente para o bom desempenho da economia nacional.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a atividade económica global continuou a ganhar vigor, registando um crescimento de 3,82 por cento em 2017 em virtude de melhores desempenhos, tanto das economias avançadas (particularmente, das europeias), como das economias emergentes e em desenvolvimento (em especial, das asiáticas).

O principal parceiro económico do país, a Área do Euro, registou o crescimento económico mais acelerado desde 2007, determinado pelas dinâmicas das exportações, do consumo privado e dos investimentos (residenciais e empresariais). O seu desempenho foi favorecido pela revitalização do comércio global, num contexto de menor apreciação, em termos efetivos nominais, do Euro; pela consistente queda da sua taxa de desemprego (de 10,0 para 9,1 por cento da população ativa); pela manutenção de condições de financiamento favoráveis a investimentos (as taxas de juro nos mercados bancários continuaram historicamente baixas, desincentivando a constituição de depósitos e incentivando a procura de crédito) e pelo aumento da rendibilidade das empresas.

Contínua recuperação da atividade económica em 2017

De acordo com as estimativas do Instituto Nacional de Estatística, a economia nacional registou um crescimento em volume de 3,9 por cento em 2017, valor mais elevado desde 2011.

Do lado da oferta, as performances muito positivas de impostos líquidos de subsídios, indústria transformadora, administração pública, eletricidade e água, alojamento e restauração, bem como a assinalável recuperação do comércio, explicam o melhor comportamento da economia.

Do lado da procura, a economia foi impulsionada pela dinâmica da procura interna, em particular do consumo e investimento privados, favorecidos pelo aumento do rendimento disponível das famílias, pela contínua melhoria das condições de financiamento do setor privado e do clima económico, aliada à inversão da tendência de queda da confiança dos consumidores no último trimestre do ano.

Refira-se que as condições de financiamento internas continuaram a melhorar em 2017, impulsionadas pela contínua recuperação da confiança na economia e por estímulos monetários adicionais, designadamente, pela redução das taxas de juro diretora e de facilidade de absorção de liquidez, em junho, de 3,5 para 1,5 e 0,25 para 0,10 por cento, respetivamente.

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Preços no consumidor registaram trajetória ascendente ao longo do ano

Os preços no consumidor mantiveram, ao longo de 2017, a tendência de recuperação iniciada em janeiro, tendo a inflação média anual se fixado em 0,8 por cento em dezembro (-1,4 por cento em dezembro de 2016).

O crescimento dos preços no consumidor foi essencialmente determinado pelos efeitos diretos e indiretos (na evolução dos preços no produtor e no consumidor dos principais fornecedores do país) do aumento dos preços das matérias primas, especialmente energéticas, nos mercados internacionais, numa conjuntura de fortalecimento da procura interna e da economia dos principais parceiros comerciais do país.

A fraca precipitação registada na época das chuvas terá também contribuído para alguma pressão inflacionista.

Evolução desfavorável das contas externas

A balança de pagamentos evoluiu desfavoravelmente em 2017, com o aumento do défice da conta corrente de 2,7 para 7,1 por cento do PIB, acompanhado de uma redução dos fluxos líquidos de financiamento da economia de 8,0 para 3,5 por cento do PIB.

O défice da balança corrente quase triplicou, passando de 2,7 para 7,1 por cento do PIB, sobretudo devido à deterioração do défice comercial de bens e serviços na ordem dos 31 por cento (15 por cento em 2016), determinado pelo aumento das importações de bens e serviços.

A redução das remessas dos emigrantes (na ordem dos 6,0 por cento) e, em menor escala, o aumento das remessas de imigrantes (em 12 por cento), principalmente das comunidades europeias residentes no país, bem como o crescimento das remunerações de empregados não residentes (6,9 por cento) e dos juros pagos pelos bancos por depósitos de emigrantes e de outros não residentes (13,2 por cento), explicam, igualmente, o desempenho desfavorável da conta corrente.

A contração dos fluxos líquidos de financiamento refletiu, em larga medida, o aumento das aplicações dos bancos no exterior em 2,3 por cento do PIB (-0,2 por cento do PIB em 2016), ainda que numa conjuntura de reforço do pendor acomodatício da política monetária. Traduziu, igualmente, a diminuição do investimento direto estrangeiro no país, relacionado com a dinâmica de execução de grandes empreendimentos turísticos e com o aumento do investimento dos cabo-verdianos no estrangeiro em imóveis mediante empréstimos a empresas relacionadas, para além do decréscimo dos desembolsos líquidos da dívida privada externa.

Em consequência, o stock das reservas internacionais líquidas diminuiu em 1,5 mil milhões de escudos para 57,2 mil milhões de escudos (519 milhões de euros), passando a garantir 5,9 meses de importações de bens e serviços (7,1 meses em 2016).

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Oferta monetária impulsionada pelo aumento do crédito à economia

Numa conjuntura caracterizada pela redução das reservas externas, a massa monetária cresceu 6,6 por cento, impulsionada pelo crescimento, em 7,5 por cento, do crédito à economia.

O aumento do financiamento bancário à economia, em particular ao setor privado3, cujo crédito cresceu 6,8 por cento (3,5 por cento em 2016), terá refletido os efeitos dos estímulos monetários e das medidas de fortalecimento dos mecanismos de transmissão monetária que vêm sendo implementados desde 2013, bem como os efeitos da contínua melhoria do clima económico e de algum alívio na aversão a riscos macroeconómicos por parte dos bancos.

Em termos de componentes, a expansão monetária traduziu-se no aumento dos passivos monetários, em particular dos depósitos à ordem em 21 por cento (14 por cento em 2016).

Os passivos quase monetários, por seu turno, contraíram ligeiramente em função da redução dos depósitos a prazo em moeda nacional dos residentes e emigrantes, respetivamente, em 3,0 e 1,0 por cento, bem como da diminuição dos depósitos a prazo dos emigrantes em moeda estrangeira, em 22 por cento.

Melhoria da situação orçamental

Num contexto de implementação de uma política de consolidação orçamental, as finanças públicas registaram um comportamento menos desfavorável em 2017, tendo o défice orçamental se fixado em 3,1 por cento do PIB (3,6 por cento em 2016).

O melhor desempenho das contas públicas foi determinado pelo aumento das receitas fiscais e donativos, impulsionado, no caso dos impostos, pela conjuntura macroeconómica mais favorável e atuação mais vigorosa dos serviços na prevenção e mitigação da fraude e evasão fiscal, bem como pela intensificação da diplomacia económica e a solidariedade dos parceiros do país face a situações de catástrofes naturais, no caso dos donativos.

As despesas orçamentais, entretanto, apesar da contenção das despesas de funcionamento, aumentaram com a execução mais acelerada do programa de investimentos públicos.

A melhoria das contas públicas resultou num crescimento relativamente contido do stock da dívida pública, na ordem dos 2,8 mil milhões de escudos para 215,1 mil milhões de escudos (125 por cento do PIB, que compara a 130 por cento do PIB registado no ano anterior).

(16)

Capítulo II – Situação Financeira e Endividamento do Setor

Não Financeiro

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Fortalecimento da procura e da oferta de crédito, reflexo da contínua melhoria do clima económico

O desempenho da economia nacional tem evoluído favoravelmente, contribuindo positivamente para o aumento do nível de rendimento e consumo das famílias cabo-verdianas. O aumento do volume das remunerações de trabalho, em função do crescimento da população empregada nos ramos do comércio, construção, administração pública, turismo e indústria transformadora, o incremento de excedentes de exploração e rendimentos de propriedade, bem como o crescimento das prestações sociais, no quadro de uma evolução contida de pressões inflacionistas, têm fortalecido o poder de compra das famílias.

O aumento da confiança dos consumidores e agentes económicos, a ligeira redução da restritividade dos termos e condições de concessão de empréstimos a particulares e a empresas, no curto prazo, e a redução dos custos de financiamento, terão contribuído, em termos globais, para dinamizar a procura de crédito, não obstante o ligeiro aumento da restritividade dos critérios de aprovação de empréstimos de longo prazo para as empresas.

As condições de financiamento, especialmente as internas, continuaram a melhorar em 2017, impulsionadas pela contínua recuperação da confiança na economia, por estímulos monetários adicionais, designadamente, a redução das taxas de juro diretoras e de facilidade de absorção de liquidez.

Neste contexto, as taxas médias efetivas praticadas nas operações de crédito têm reduzido, contribuindo positivamente para o aumento da procura, especialmente dos empréstimos de curto prazo.Com efeito, a taxa de juro média do crédito com maturidade compreendida entre 91 a 180 dias fixou-se em 9,5 por cento em 2017, abaixo da média dos últimos cinco anos (10,4 por cento), tendo reduzido cerca de 1,7 pontos percentuais comparativamente ao ano 2013. Igualmente, a taxa de juro média do crédito com maturidade entre 181 dias a 1 ano fixou-se em 7,4 por cento, abaixo da média dos últimos cinco anos (8,6 por cento) e diminuiu 1,6 pontos percentuais, face ao ano 2013. Relativamente aos descobertos, a taxa de juro situou-se em 16,5 por cento, bem próximo da média dos últimos cinco anos (17,0 por cento) e registou uma diminuição de 1,4 pontos percentuais, em igual período.

Melhoria das condições que favorecem a situação financeira do Sector não Financeiro

Num contexto macroeconómico externo e interno favoráveis, a par de outros desenvolvimentos positivos, assistiu-se a uma ligeira melhoria global das condições que favorecem a situação financeira do Setor não Financeiro, exteriorizando alguns sinais de recuperação em setores-chave da economia nacional.

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Crescimento contínuo do endividamento total de Empresas não Financeiras e Particulares

Em 2017, o endividamento total do setor não financeiro manteve a sua trajetória ascendente. O crédito às empresas não financeiras4 e aos particulares junto do setor bancário registou um crescimento na ordem de 6,15 por cento em 2017 face ao ano anterior, mantendo-se nos 66,66 por cento do PIB.

Sinais de alguma retoma do mercado da construção e imobiliária e melhoria da confiança dos operadores no setor da construção

O contexto internacional mais favorável, aliado à boa dinâmica da procura turística por estrangeiros tem permitido identificar alguns sinais de retoma do mercado da construção e imobiliária, muito alicerçado nos segmentos de habitação, resorts, hotelaria e outros grandes empreendimentos turísticos.

De referir que a própria dinâmica de crescimento da população residente em Cabo Verde também tem influenciado o mercado imobiliário nacional, tendo em conta o défice habitacional existente. Segundo as projeções demográficas da população de 2010 a 2030 do INE, a população de 2017 foi estimada em 537.661 pessoas residentes, registando um acréscimo de 6.422 habitantes em relação ao ano anterior (6.406 habitantes face a 2015). De acordo com os resultados do inquérito sobre o mercado de crédito, com referência a dezembro de 2017, os bancos reportaram um aumento considerável da procura por parte dos particulares, em especial de empréstimos à habitação.

4 Empresas não financeiras públicas e privadas

5Este valor inclui crédito concedido a empresas públicas não financeiras, empresas privadas e crédito concedidos a particulares 6 Calculado com base no valor da estimativa do PIB, pelo INE, à data de elaboração do relatório.

Gráfico 1 – Crédito às empresas não financeiras e particulares

Fonte: Banco de Cabo Verde 31,0 36,0 41,0 46,0 51,0 56,0 61,0 66,0 71,0 25 000 35 000 45 000 55 000 65 000 75 000 85 000 95 000 d e z/ 1 5 d e z/ 1 6 d e z/ 1 7 %

Crédito às empresas não financeiras e particulares

Crédito às empresas não financeiras e particulares /PIB (escala à direita)

M ill h õ e s d e e sc u d o s

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Os indicadores de confiança apontaram para uma ligeira melhoria da confiança dos operadores económicos do setor da construção, especialmente no quarto trimestre de 2017, embora o desempenho da economia nacional tenha sido, em certa medida, condicionado pelos contributos negativos do setor.

Por sua vez, a evolução do indicador de clima económico, evidenciou, ao longo do ano, o reforço da confiança dos operadores dos setores do turismo, indústria e comércio, sugerindo expetativas positivas quanto à evolução económica nacional.

Gráfico 2 – Evolução da população residente de Cabo Verde

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

6 330 6 340 6 350 6 360 6 370 6 380 6 390 6 400 6 410 6 420 6 430 d e z/ 1 5 d e z/ 1 6 d e z/ 1 7

Variação nº de habitantes residentes

N º h ab it an te s

Gráfico 3– Indicador de confiança do setor da construção (saldo das respostas extremas)

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

-50,0 -40,0 -30,0 -20,0 -10,0 0,0 10,0 20,0 1 º T 2 0 1 6 2 º T 2 0 1 6 3 º T 2 0 1 6 4 º T 2 0 1 6 1 º T 2 0 1 7 2 º T 2 0 1 7 3 º T 2 0 1 7 4 º T 2 0 1 7

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Aumento das receitas da hotelaria, impulsionada pela dinâmica da procura turística

As receitas do turismo continuaram a evoluir favoravelmente, à semelhança dos anos anteriores, em consequência do aumento contínuo do número de hóspedes e dormidas de não residentes no país. As receitas de viagens representaram cerca de 24,7 por cento do PIB do ano 2017, registando um aumento de 1,9 pontos percentuais comparativamente ao ano anterior (22,9 por cento em 2016).

Com efeito, de acordo com as estatísticas do turismo do ano 2017, publicadas pelo Instituto Nacional de Estatísticas, os hotéis continuaram a ser os estabelecimentos hoteleiros7 mais procurados, representando 86,3 por cento do total das entradas e cerca de 90,7 por cento do total das dormidas. Relativamente ao acolhimento, a Ilha do Sal continuou a ter o maior número de hóspedes, representando 47,9 por cento do total, seguido da Ilha da Boavista, com 28,8 por cento e Ilha de Santiago, com 10,9 por cento.

7 Os estabelecimentos hoteleiros incluem hotéis, aldeamentos turísticos, residenciais e outros tipos de estabelecimentos. Gráfico 4– Procura turística

Fonte: Instituto Nacional de Estatística 20,0 20,5 21,0 21,5 22,0 22,5 23,0 23,5 24,0 24,5 25,0 0 500 000 1 000 000 1 500 000 2 000 000 2 500 000 3 000 000 3 500 000 4 000 000 4 500 000 5 000 000 d e z/ 1 5 d e z/ 1 6 d e z/ 1 7

Hóspedes não residentes Dormidas de não residentes Receitas de Viagens/PIB (esc. à direita)

% Nº d e t u rís ta s

(21)

Manutenção da tendência crescente da procura de financiamento por parte das Empresas não Financeiras

No segmento das empresas não financeiras, observou-se um aumento do crédito bancário na ordem de 10,5 por cento (5,0 por cento em 2016), representando o saldo global 35,5 por cento do PIB (34,2 por cento em 2016).

Gráfico 5– Hóspedes e dormidas por ilhas e tipo de estabelecimento

Fonte: Instituto Nacional de Estatística

0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0

Sal Boavista Santiago S. Vicente Restantes Ilhas Hóspedes Dormidas % 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0 Hotéis Aldeamentos turísticos Residenciais Outros Hóspedes Dormidas %

Gráfico 6 – Crédito a empresas não financeiras

Fonte: Banco de Cabo Verde 31,5 32,0 32,5 33,0 33,5 34,0 34,5 35,0 35,5 36,0 30 000 35 000 40 000 45 000 50 000 d e z /1 5 d e z /1 6 d e z /1 7

Crédito às empresas não financeiras Crédito a empresas não financeiras/PIB (escala à direita)

M illh õ e s d e e sc u d o s

(22)

Maior exposição bancária ao segmento “Comércio, Restaurantes e Hotéis”

Em termos de estrutura, destacaram-se como principais devedores as empresas ligadas aos setores do “Comércio, Restaurantes e Hotéis”, dos “Transportes e Comunicações”, dos “Serviços Sociais e Pessoais”8 e dos “Serviços Prestados às Empresas” que, conjuntamente, representaram 78,6 por cento do crédito às empresas não financeiras. O gráfico seguinte apresenta a distribuição setorial9 do crédito a empresas não financeiras.

Relativamente à evolução, registou-se um aumento significativo no setor dos “Transportes e Comunicações” e no setor da “Construção e Obras Públicas” nos montantes de 2,8 mil milhões de escudos (27,3 por cento) e de 1,5 mil milhões de escudos de (29,3 por cento), respetivamente. O aumento registado no ramo dos “Transportes e Comunicações” destinou-se, essencialmente, ao financiamento da empresa nacional de transportes aéreos para o reforço da tesouraria e de uma das empresas de telecomunicações para investimentos em ativos.

Relativamente à contribuição dos setores de atividade para o PIB, os dados apontaram que o setor dos serviços continua sendo o principal setor gerador de rendimento da economia nacional. Os setores dos “Serviços Sociais e Pessoais”, “Serviços Prestados às Empresas” e “Comércio, Restaurante e Hotéis”

8 Engloba serviços de saneamento e limpeza, serviços de educação, serviços de saúde e veterinários, instituições humanitárias e assistência social,

associações económicas e organismos profissionais, outros serviços prestados à comunidade, serviços recreativos e culturais, serviços pessoais e domésticos, institutos científicos e de investigação.

9 Processo de Classificação da Atividade Económica (CAE) em revisão.

Gráfico 7 – Distribuição do crédito a empresas não financeiras

Fonte: Banco de Cabo Verde

0,4% 0,2% 5,7% 4,3% 10,8% 23,2% 21,2% 15,8%

18,4% Agricultura, Silvicultura, Caça e

Pesca

Indústrias Extrativas Indústrias Transformadoras Eletricidade, Àgua e Gás Construção e Obras Publicas Comércio, Restaurante e Hotéis Transportes e Comunicações Serviços Prestados às Empresas Serviços Sociais e Pessoais

(23)

contribuem em cerca de 48,9 por cento do total do PIB nacional de 2017, à semelhança da distribuição de crédito por setor.

Individualmente, o segmento “Comércio, Restaurantes e Hotéis” continua sendo o setor de atividade que absorve a maior parcela do crédito bancário, representando cerca de 23,2 por cento do total do ano 2017. A boa dinâmica da procura turística terá contribuído para o crescimento do crédito ao setor, que registou um aumento de 5,5 por cento face ao ano 2016, derivado principalmente dos incrementos às empresas do ramo da restauração e hotelaria, em cerca de 14,5 por cento.

Gráfico 8– Crédito por setores e contribuição de cada sector para o PIB

Fonte: Banco de Cabo Verde; Instituto Nacional de Estatística

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0

Distribuição de crédito por setor Contribuição para o PIB

%

Gráfico 9– Evolução do stock de crédito do setor do comércio, restaurantes e hotéis

Fonte: Banco de Cabo Verde 0 1 000 2 000 3 000 4 000 5 000 6 000 7 000 8 000 9 000 d e z/ 1 5 d e z/ 1 6 d e z/ 1 7

Comércio Restaurantes e hotéis

M ill h õ e s d e e sc u d o s

(24)

O crédito destinado à construção e imobiliária registou um crescimento de cerca de 12,1 por cento em 2017, impulsionado essencialmente pelo financiamento de empresas envolvidas na implementação do projeto “Hilton Cabo Verde Sal Resort”.

Maior percentagem do crédito destinado a operações acima dos 100 milhões de escudos

No que tange à distribuição do crédito às empresas por intervalo, importa referir que cerca de 53,6 por cento do total de stock de crédito do sistema bancário no final do ano de 2017 estava alocado a operações acima dos 100 milhões de escudos. As operações de crédito a empresas até 10 milhões de escudos, que contemplam o financiamento a micro e pequenas empresas, representaram apenas 12,4 por cento do total. Daí, se deduz que a maioria do endividamento bancário se concentra em grandes operações e em grandes empresas.

Gráfico 10– Evolução do stock de crédito do setor da construção e imobiliária

Fonte: Banco de Cabo Verde

11 500 12 000 12 500 13 000 13 500 14 000 14 500 15 000 15 500 d e z/ 1 5 d e z/1 6 d e z/ 1 7 M ilh õ e s d e e sc u d o s

Gráfico 11 –Total do stock de crédito às empresas por intervalo

Fonte: Banco de Cabo Verde 0,0%0,4% 0,7% 6,1% 5,2% 21,3% 12,7% 53,6% Até 100.000 esc 100.000 esc a 500.000 esc 500.000 esc a 1.000.000 esc 1.000.000 esc a 5.000.000 esc 5.000.000 esc a 10.000.000 esc 10.000.000 esc a 50.000.000 esc 50.000.000 esc a 100.000.000 esc Mais de 100.000.000 esc

(25)

Aumento do índice de endividamento das empresas não financeiras junto do mercado de valores mobiliários

O volume de dívida de empresas não financeiras junto do mercado de valores mobiliários aumentou em 3,6 por cento comparativamente ao ano transato, alcançando o montante de 11,3 mil milhões de escudos. Esta evolução positiva líquida resulta de duas novas operações: uma no montante de 1,8 mil milhões de escudos de um emitente do setor de eletricidade e água, sendo grande parte para a amortização de dívida emitida em 2014; e a emissão de 0,5 milhões de escudos de um emitente do setor de gestão aeroportuária.

Em termos de distribuição do financiamento por setor de atividade, de notar que o setor de eletricidade e água representa cerca de 43 por cento do total, o que confirma o financiamento a um número bastante reduzido de empresas não financeiras.

No que respeita ao nível de incumprimento, de salientar a situação recorrente de não liquidação de juros vencidos no montante de 77,6 milhões de escudos a detentores institucionais, relacionada com emissões de dívida de duas empresas dos setores de imobiliária e dos transportes marítimos. De notar que, comparativamente a 2016, os juros vencidos e não pagos registaram uma redução de 68,8 por cento, fruto da renegociação da taxa de juros das empresas de transportes marítimos, o que representa menos encargos para a própria empresa.

Gráfico 12– Distribuição do financiamento por setor

Fonte: Banco de Cabo Verde

15,4% 13,7% 43,0% 1,4% 26,6% Transportes aéreos Transportes marítimos Eletricidade e água Produção e comercialização de prod. farmacêuticos Imobiliária e construção

(26)

Crédito a empresas - aumento ligeiro da restritividade dos critérios de aprovação no longo prazo, mas ténue redução no curto; diminuição da restritividade dos termos e condições gerais de concessão

De acordo com os resultados do inquérito aos bancos sobre o mercado de crédito nacional realizado em 2017, em termos médios globais, os critérios de aprovação de empréstimos10 de longo prazo a empresas tornaram-se ligeiramente mais restritivos, enquanto os empréstimos de curto prazo registaram uma redução muito ligeira da restritividade. Os riscos associados às empresas sem contabilidade organizada e às garantias exigidas e o nível de incumprimento terão sido os principais fatores a contribuir para o agravamento dos critérios. Por outro lado, as perspetivas para setores de atividade específicos e as expetativas quanto à atividade económica em geral terão contribuído positivamente para a definição dos critérios.

Contudo, no que se refere aos termos e condições11 gerais de concessão de empréstimos, estes tornaram-se ligeiramente menos restritivos. Para esta evolução contribuíram positivamente as pressões exercidas pela concorrência e as medidas de política monetária. O nível de tolerância ao risco e a perceção dos riscos, entretanto, continuaram a ser apontados como os principais fatores a influenciar negativamente os termos e condições.

Melhoria sensível da situação financeira de Particulares

Quanto aos particulares, para além dos ambientes macroeconómicos interno e externo favoráveis, registou-se, em 2017, um conjunto de fatores adicionais que impactaram positivamente as condições que favorecem a sua situação financeira, contribuindo para o aumento do nível de rendimento, do poder de compra e consequentemente do consumo das famílias, nomeadamente: o aumento da massa salarial, em função do crescimento da população empregada na Administração Pública, e nos ramos do comércio, construção, turismo e indústria transformadora; o incremento de excedentes de exploração e rendimentos de propriedade; bem como o crescimento das prestações sociais, no quadro de uma evolução contida de pressões inflacionistas; a redução da taxa de desemprego de 2016 para 2017, de 15 por cento para 12,2 por cento; a evolução contida dos preços; e a melhoria das condições globais de acesso ao financiamento bancário.

Outrossim, os depósitos de empresas e particulares registaram um incremento sensível em 2017. No caso das famílias, esta evolução está em linha com a tendência de aumento da poupança que se regista desde 2013. Observou-se, igualmente, um aumento da carteira de ativos, sobretudo títulos de dívida, detidos por empresas e particulares.

10Os critérios de aprovação de empréstimos, tais como as garantias oferecidas, a viabilidade do projeto, a idade, dentre outros, são definidos

internamente pelos bancos.

11Em termos específicos, destaca-se a menor restritividade aplicada ao nível do spread dos empréstimos de risco médio, do nível das taxas de juro

(27)

Trajetória ascendente do endividamento de particulares

Em 2017, à semelhança dos últimos três anos, manteve-se a trajetória ascendente do endividamento de particulares junto do setor bancário, registando-se um aumento na ordem de 2,3 por cento (2,6 por cento em 2016), ritmo ligeiramente superior à média dos últimos três anos (2,0 por cento). Este incremento foi impulsionado essencialmente pelo crescimento do crédito para outros fins (crédito ao consumo), na ordem de 5,3 por cento e, em menor escala, pelo incremento do crédito à habitação em 0,8 por cento, embora este segmento represente 67,1 por cento do crédito total a particulares (31,4 por cento do crédito total à economia).

Esta evolução positiva deveu-se ao aumento da oferta, em virtude de perspetivas económicas mais favoráveis, e ao incremento da procura, dada a menor restritividade nos critérios de aprovação dos empréstimos a particulares em 2017, nomeadamente no caso dos empréstimos para aquisição de habitação e ao consumo.

A estrutura de financiamento dos bancos nacionais tem-se mostrado bastante estável, assente em recursos de clientes, especialmente em depósitos de emigrantes de longo prazo, o que tem permitido o crescimento dos créditos à habitação, bem como de outros tipos de empréstimos de longa duração.

O peso dos créditos à habitação sobre o PIB situou-se nos 20,9 por cento em 2017. De referir que a redução verificada nos últimos anos (22,2 por cento em 2015 e 22,1 por cento em 2016) resultou do efeito do aumento do PIB em maiores proporções.

Os termos e condições aplicados nos contratos de crédito à habitação, ao consumo e outros fins a particulares observaram uma ligeira redução da restritividade.

Gráfico 13– Crédito a particulares

Fonte: Banco de Cabo Verde 19,8 20,1 20,4 20,7 21,0 21,3 21,6 21,9 22,2 22,5 22,8 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 d e z /1 5 d e z /1 6 d e z /1 7 % %

(28)

Capítulo III – Situação Patrimonial e Financeira do Setor

Financeiro

(29)

3.1.

Setor Bancário

3.1.1. Atividade, evolução do balanço agregado e resultados

Manutenção da evolução positiva da atividade bancária

A atividade bancária, medida pela evolução do total do ativo, exibiu um saldo agregado de 240,3 mil milhões de escudos, verificando um crescimento de 5,6 por cento suportado, em grande parte, pelo aumento em 5,7 por cento dos depósitos. De notar que, não obstante a sua variação positiva, o seu ritmo de crescimento comparativamente ao ano anterior (8,8 por cento em 2016) foi inferior, embora não muito distante da média (6,4 por cento) dos últimos três anos.

O stock de crédito12, comparativamente ao ano transato, registou uma evolução positiva de 6,1 por cento, superior ao observado em 2016 (3,2 por cento). De ressaltar que o incremento do crédito e dos depósitos foi visível na maioria das instituições bancárias, sobretudo no segundo maior banco do sistema financeiro.

12 O stock de crédito inclui (i) ao Setor Público Administrativo, (ii) às empresas públicas (iii) às empresas privadas e (iv) aos particulares (incluindo

emigrantes e não residentes).

Gráfico 14 – Principais rubricas do ativo

Fonte: Banco de Cabo Verde 0 20 000 40 000 60 000 80 000 100 000 120 000

dez/15 dez/16 dez/17

Caixa e Disponibilidades Aplicações em instituições financeiras

Crédito Títulos

Ativos não correntes detidos para venda e outros activos

M illh õ e s d e e sc u d o s

(30)

Manutenção de uma maior preferência das instituições por aplicações em ativos mais líquidos e de menor risco, não obstante o aumento do crédito

Estruturalmente, o crédito representa uma parcela substancial do balanço do setor bancário nacional, alcançando o peso de 42,1 por cento (42,0 por cento em 2016). Para além do crédito, nos últimos três anos, os bancos têm investido em ativos mais líquidos e de menor risco, nomeadamente caixa e disponibilidades, aplicações em instituições de crédito e títulos que, juntos, representavam um peso de 51,4 por cento no final de 2017 (51,1 por cento em 2016).

A rubrica caixa e disponibilidades, com um peso de 13,8 por cento, embora a um ritmo inferior à média dos últimos cinco anos (19,3 por cento), contribuiu, em 2017, com um aumento de 14,7 por cento (17,4 por cento em 2016), para o incremento do total de ativos do sistema financeiro.

A carteira de títulos, com um peso no total de ativos de 19,3 por cento (18,5 por cento em 2016), apresentou um crescimento de 9,5 por cento comparativamente ao ano anterior, o que pode ser explicado, em parte, pela preferência das instituições bancárias por investimentos em títulos em detrimento das aplicações em instituições financeiras. De referir que, do total da carteira de títulos, 60,7 por cento (59,5 por cento em 2016) correspondem a títulos de dívida pública, com um aumento de 11,8 por cento (3,0 mil milhões de escudos) em 2017.

De modo contrário, as aplicações em instituições financeiras apresentaram uma ligeira redução do seu peso no total de ativos, resultado da preferência dos bancos pelos investimentos em títulos, tendo-se situado em 18,3 por cento em 2017 (19,9 por cento em 2016). Comparativamente ao ano anterior, verificou-se uma diminuição do stock das aplicações na ordem de 3,1 por cento, impulsionado pelo decréscimo das aplicações no Banco de Cabo Verde.

De salientar que, no âmbito das operações tipo mercado aberto e das facilidades permanentes, 66,3 por cento das aplicações dos bancos no país permanecem alocadas no Banco de Cabo Verde, sendo 89,7 por cento correspondentes às aplicações overnight e 10,3 por cento referentes aos Títulos de Regularização Monetária (TRM) e Títulos de Intervenção Monetária (TIM).

Relativamente às aplicações no estrangeiro, estas apresentaram um aumento na ordem de 35,2 por cento face ao ano anterior.

Os ativos não correntes detidos para venda e outros ativos incluem o stock de bens recebidos em dação13 em cumprimento, que continua a crescer (2,7 por cento em 2017), embora a um ritmo bastante inferior à média dos últimos três anos (105,5 por cento). Em 2017 totalizaram 5,4 mil milhões de escudos, representando 2,4 por cento (2,5 por cento em 2016) do total dos ativos e registaram um aumento de 143 milhões de escudos face ao ano anterior.

13 Inclui as rubricas: ativos não correntes detidos para venda, outros ativos e propriedades de investimento associados aos bens recebidos em

(31)

No que respeita ao passivo, os depósitos permaneceram a principal rubrica e situaram-se em 199,9 mil milhões de escudos, evidenciando um aumento de 5,7 por cento, ritmo inferior quando comparado ao ano de 2016, (10,3 por cento em 2016). Este crescimento deveu-se ao incremento de 16,1 por cento (13,4 por cento em 2016) dos depósitos a ordem, principalmente nas duas maiores instituições de crédito do sistema financeiro.

Aumento dos resultados decorrente principalmente do aumento das margens financeira e complementar

Os resultados antes de impostos apresentaram em 2017 um total de 1,2 mil milhões de escudos (628,4 milhões de escudos em 2016), apontando um crescimento na ordem de 96,9 por cento face ao ano anterior em resultado, sobretudo, do aumento da margem financeira em 728,9 milhões de escudos (mais 13,0 por cento) e do incremento da margem complementar em 185,3 milhões de escudos (mais 10,9 por cento).

Quadro 1 – Ativos recebidos em dação em cumprimento

Fonte: Relatório e Contas dos bancos Valor bruto Imparidades Valor líquido Alienações Valor bruto Imparidades Valor líquido Alienações

Total 6 101 873 5 228 153 6 336 964 5 372 149 143

Peso no ativo total 2,5% 2,4%

Ativos recebidos em dação em cumprimento (milhões de escudos)

Sistema bancário 2016 2017 Variação

Gráfico 15 – Principais rubricas do passivo e capital próprio

Fonte: Banco de Cabo Verde 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0

dez/15 dez/16 dez/17

%

Recursos de bancos centrais Recursos de instituições de crédito Depósitos Obrigações subordinadas Nota: A rubrica " Recursos de bancos centrais" não aparece no gráfico dadoa pouco expressividade do seu montante.

(32)

A evolução positiva da margem financeira é explicada pelo aumento dos juros e proveitos equiparados na ordem de 220,1 milhões de escudos (mais 2,1 por cento) e pela redução dos juros e custos equiparados em 508,8 milhões de escudos (menos 10,4 por cento).

O incremento da margem complementar é justificado pelo aumento de outros resultados de exploração em 118,4 milhões de escudos (mais 28,4 por cento) e dos resultados de reavaliação cambial em 58,7 milhões de escudos (mais 22,4 por cento), compensando a redução das comissões líquidas na ordem de 11,3 milhões de escudos (menos 1,1 por cento).

Neste sentido, o produto bancário assinalou em 2017 um aumento bastante positivo de 914,1 milhões de escudos (mais 12,5 por cento) quando comparado com o ano anterior (17,7 milhões de escudos).

No que respeita aos resultados líquidos, estes situaram-se em 1,1 mil milhões de escudos (525,4 milhões de escudos em 2016), refletindo um acréscimo de 101,5 por cento (menos 30,1 por cento em 2016) que contrariou a degradação do ano transato.

O setor bancário continua altamente concentrado, com duas instituições sistemicamente relevantes

Em 2017 o Índice de Hirshman e Herfindahl (IHH) 14, tanto a nível do crédito como dos depósitos, registou um total de 2.605,5 e de 2.829,6 pontos respetivamente, evidenciando a manutenção da elevada concentração do setor bancário.

De referir que não obstante a alta concentração a nível do crédito, este vem assinalando uma tendência decrescente nos últimos anos em resultado do aumento da quota de mercado dos bancos de menor dimensão. Os dois maiores bancos do sistema financeiro, considerados sistemicamente relevantes,

14 O Índice de Hirshman e Herfindahl (IHH) é uma medida frequentemente utilizada para avaliar a concentração da indústria bancária. Este índice é

obtido pela soma das participações proporcionais ao quadrado de todos os bancos no mercado, varia de 0 a 10.000 pontos. Considera-se que o setor está moderadamente concentrado se o IHH se situar entre 1000 e 1800 pontos e altamente concentrado se se situar acima dos 1800 pontos.

Quadro 2 – Índice HH

Fonte: Banco de Cabo Verde

dez/13 dez/14 dez/15 dez/16 dez/17

Valor Valor Valor Valor Valor

IHH - Crédito 2 769,0 2 762,0 2 745,7 2 677,2 2 605,5 R1 (*) 0,40 0,40 0,39 0,38 0,34 R2 (**) 0,69 0,69 0,69 0,68 0,67 IHH - Depósito 2 712,6 2 701,3 2 808,8 2 761,9 2 829,6 R1 (*) 0,40 0,40 0,42 0,40 0,39 R2 (**) 0,69 0,69 0,70 0,70 0,72

(*) Índice de concentração em relação à maior instituição bancária de CV. (**) Índice de concentração em relação às 2 maiores instituições bancárias de CV

(33)

passaram a deter juntos uma quota de 67,3 por cento (68,2 por cento em 2016). De modo contrário, a quota dos depósitos nos dois maiores bancos do sistema financeiro aumentou para 71,8 por cento (69,6 por cento em 2016) quando comparado com o ano anterior.

Não obstante a ligeira concorrência de mercado em termos de crédito e depósitos, o setor bancário permanece concentrado nas duas maiores instituições bancárias. De salientar que parte do aumento da concentração das quotas de crédito e de depósitos da segunda maior instituição (44,5 por cento e 5,8 por cento, respetivamente) resultou da transferência dos ativos e passivos do Novo Banco, S.A., após a medida de resolução decretada pelo Banco de Cabo Verde em março de 2017.

3.1.2. Adequação de capital

O rácio de solvabilidade do sistema bancário nacional fixou-se em 17,3 por cento, com um aumento na ordem de 1,8 pontos percentuais

Em 2017, os fundos próprios elegíveis15 dos bancos registaram um total de 17 mil milhões de escudos, indicando um crescimento de 13,2 por cento (menos 4,1 por cento em 2016). Este crescimento deveu-se, sobretudo, ao aumento do Tier I16 , capital considerado de maior qualidade, na ordem de 7 por cento e do

Tier II em 0,6 por cento. O aumento do Tier I continua sendo explicado pelo reforço das reservas através da

aplicação dos resultados, derivado da medida de política macroprudencial (maior prudência relativamente à distribuição de dividendos) adotada pelo Banco Central desde 2013.

O rácio de solvabilidade fixou-se em 17,3 por cento (15,5 por cento em 2016), acima do mínimo regulamentar (12 por cento), tendo registado mais 1,8 pontos percentuais comparativamente ao ano transato, proporcionado pelo incremento dos fundos próprios elegíveis que compensaram o crescimento de 1,2 por cento dos ativos ponderados pelo risco. De salientar que a melhoria do rácio de solvabilidade do sistema financeiro incorpora o efeito da medida de resolução aplicada ao Novo Banco, S.A. em 2017. O rácio Tier I/Ativos ponderados pelo risco situou-se em 16,4 por cento, refletindo um aumento de 0,9 pontos percentuais, impulsionado pelo crescimento do Tier I em maiores proporções que os ativos ponderados pelo risco. Esta variação traduz-se numa maior cobertura do capital de superior qualidade sobre os ativos ponderados pelo risco.

15 Calculado com base no Aviso nº 3/2007, de 19 de novembro.

(34)

Em 2017, não obstante o aumento dos ativos ponderados pelo risco de crédito, o seu peso no total dos ativos ponderados pelo risco vem apresentando ligeiras diminuições (menos 0,3 pontos percentuais em 2016 e menos 0,2 pontos percentuais em 2017) nos últimos dois anos. Entretanto, mantiveram-se como os principais ativos de risco do sistema bancário nacional, representando 89,2 por cento de todos os riscos do sistema.

Os ativos ponderados pelo risco operacional, à semelhança do ano anterior, assinalaram um crescimento de 0,2 pontos percentuais (0,4 pontos percentuais em 2016).

Os ativos ponderados pelo risco cambial, com um peso residual, registaram uma ligeira diminuição de 0,1 pontos percentuais comparativamente ao ano anterior.

Gráfico 16 – Evolução do Tier I, Tier II, fundos próprios, ativos ponderados e solvabilidade

Fonte: Banco de Cabo Verde 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 16,0 0 20 000 40 000 60 000 80 000 100 000 120 000

dez/14 dez/15 dez/16 dez/17

Tier I Tier II

Fundos Próprios Elegíveis Total Ativo Ponderado Solvabilidade (escala à direita), em %

% M ill h õ e s d e e sc u d o s

(35)

À semelhança dos últimos três anos, em 2017 a maioria das instituições bancárias, com exceção de apenas uma, manteve o rácio de solvabilidade acima de 15 por cento, superior ao mínimo regulamentar de 12 por cento. No entanto, importa referir que o banco cujo rácio de solvabilidade se situa no intervalo entre 12,5 e 15 por cento, logo no escalão de maior risco, para além de não se tratar de um banco sistémico, apresenta o valor da sua solvabilidade próximo do limite superior.

Gráfico 17 – Variação dos ativos ponderados pelo risco

Fonte: Banco de Cabo Verde

Fonte: Banco de Cabo Verde 89,4%

0,2%

10,5% dez/16

Ativos ponderados pelo risco de crédito -VAPRC

Ativos ponderados pelo risco de taxa de câmbio - VAPRTC

Ativos ponderados pelo risco operacional - VEAPRO

89,2% 0,1%

10,7%

dez/17

Ativos ponderados pelo risco de crédito - VAPRC Ativos ponderados pelo risco de taxa de câmbio -VAPRTC

Ativos ponderados pelo risco operacional - VEAPRO

Gráfico 18 – Distribuição de frequência para o rácio de solvabilidade

Fonte: Banco de Cabo Verde

1 - -7 - -1 6 < 10 10 - 12,5 12,5 - 15 > 15 dez/16 dez/17

Valores do eixo em percentagem.

A definição dos intervalos respeita critérios definidos internamente.

O valor entre as barras refere-se ao número de instituições de crédito com o rácio pertencente ao intervalo correspondente.

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Ainda que a solvabilidade do sistema bancário nacional se situe em 5,3 pontos percentuais acima do mínimo regulamentar, o seu nível médio, à semelhança dos anos anteriores, continua a ser inferior ao registado em economias similares.

Gráfico 19 – Solvabilidade: comparação internacional

Fonte: Banco de Cabo Verde Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se:http://data.imf.org/?sk=9F855EAE-C765-405E-9C9A-A9DC2C1FEE47. Por indisponibilidade de dados, relativos ao final do ano, os valores para Seicheles e Maurícias dizem respeito a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6, respetivamente.

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Caixa.1: Garantia Parcial do Crédito- Uma alternativa às garantias tradicionais

Sistema de Garantia Parcial de Crédito – Uma alternativa às garantias tradicionais

Observa-se que ao redor do mundo as Micros, Pequenas e Médias Empresas (MPMEs) predominam no panorama das unidades económicas estabelecidas, constituindo a espinha dorsal das economias. No entanto, o seu acesso ao financiamento têm sido muito limitado, o que tem dificultado grandemente o seu maior desenvolvimento.

As MPMEs apresentam características comuns que se traduzem na verdadeira dificuldade de acesso ao crédito e/ou financiamento bancário.

Com efeito, o alto custo de empréstimos que as instituições financeiras normalmente aplicam a essas entidades, não é o único constrangimento no acesso a financiamentos. Segundo Stiglitz e Weiss (1981, apud Verdier-Chouchane

,

2001) e Carvalho e Abramovay (2004, apud Figueiroa Zica e Cordeiro Martins,2008)17, problemas como os de assimetria de informação e insuficiência de garantias têm preenchido a pauta de restrição dos financiamentos para as micro e pequenas empresas. Além do mais, nos países economicamente menos avançados, a estes problemas soma-se ainda o elevado grau da informalidade por que se caracterizam as MPMEs, oriundo de um sistema económico manifestamente

dual (um vigoroso setor informal, em detrimento do próprio setor formal), em consequência dos seus

estágios de desenvolvimento económico e social.

Estudos e evidências empíricas neste campo são reveladores de que o recurso ao mecanismo de sistema de Garantia Parcial de Crédito tem permitido às MPMEs acederem ao crédito bancário em condições mais favoráveis do que aconteceria alternativamente sem tais garantias. Aliás, o custo final que a empresa suportará por um financiamento bancário sob os mecanismos de um Sistema Parcial de Garantia tende a ser muito mais baixo do que seria o custo caso beneficiasse de um empréstimo do banco de forma individual ou autónomo.

Cabo Verde, não fugindo à regra, e à semelhança de vários países em desenvolvimento, principalmente os da região da África Subsariana, apresenta uma realidade económica dominada por uma elevada taxa do setor informal e um universo de pequenas e micros-empresas que, segundo dados estatísticos de 2015, constituía cerca de 98 por cento das empresas em atividades no país e respondia por cerca de 40 por cento dos postos de trabalho, padecendo, porém, de grande constrangimento no acesso ao crédito, o que tem embaraçado seus desenvolvimentos e determinado a existência de uma alta taxa de mortalidade no setor, não obstante a grande importância económica e social de que o setor demostra em termos tributários. É, por conseguinte, neste quadro e baseado nessas premissas, que se encontra em avançado estágio de desenvolvimento um processo de estabelecimento de um sistema de garantia

17 Para mais detalhe ver Verdier-Chouchane. A., (2001) “Liberalisation Financière et Croissance Économique: Le cas

d’Afrique Subsaharienne, Ed. L'Harmattan e Figueiroa Z. R. M., e M. H. Cordeiro (2008), Revista de Administração

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parcial de crédito para as micros, pequenas e medias empresas cabo-verdianas.

Os Sistemas de Garantia Parcial de Crédito podem assumir natureza pública, privada e mista, sendo os sistemas públicos os mais prevalecentes em economias emergentes, fazendo parte das políticas públicas de promoção do acesso ao financiamento das MPMEs, inclusive os sistemas estabelecidos pelos organismos internacionais, enquanto que os de natureza privada são geralmente do tipo mutualistas que, com maior predominância em economias mais avançadas, procuram aliviar as necessidades de acesso ao financiamento no seio dos seus grupos de associados.

Por fim, vale referir que estes sistemas apresentam-se como garantias mais líquidas e uma alternativa ao sistema tradicional através de garantias reais, este baseado essencialmente em imóveis. Apresentam características, que a nível prudencial, poderão implicar em menos consumo de capital por parte dos bancos e, consequentemente a redução da exposição indireta ao setor imobiliário. No entanto, não dispensam uma análise cuidadosa e criteriosa de risco, por parte dos bancos, e um acompanhamento contínuo por parte da entidade de regulação e supervisão, de forma a contribuir para a mitigação do risco moral.

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3.1.3. Qualidade dos ativos

Indicadores de incumprimento atingem valores mais baixos dos últimos 4 anos.

Os indicadores de qualidade da carteira de crédito, representados pelos rácios de crédito em incumprimento, crédito com imparidade sobre o crédito total, e pelo crédito em risco, registaram uma melhoria significativa face ao ano anterior, fruto, sobretudo, da diminuição dos indicadores de incumprimento das instituições bancárias não sistémicas.

O crédito em incumprimento, determinado de acordo com a Circular nº 150, de 28 de dezembro de 200918, fixou-se em 13,2 por cento, contra os 14,2 por cento em 2016, assinalando uma redução na ordem de 1 ponto percentual, contrariando a tendência de aumento ocorrida no ano anterior.

O nível de crédito com imparidade, calculado pelo critério das IAS/IFRS19, fixou-se em 14,5 face aos 15,5 por cento em 2016, evidenciando uma redução de 1 ponto percentual.

O rácio de crédito em risco, igualmente, assinalou uma redução em 2,1 pontos percentuais, situando-se nos 16,1 por cento comparativamente aos 18,2 por cento em 2016.

Importa, ainda, referir que a melhoria verificada nos indicadores de qualidade de crédito resultou do efeito conjugado da redução do stock do crédito em incumprimento e com imparidade, com o aumento significativo da carteira de crédito dos bancos, em 6,4 mil milhões de escudos em 2017 (3,2 mil milhões de escudos em 2016).

18 Medido de acordo com a Circular nº 150, de 28 de dezembro de 2009. Este indicador resulta do quociente entre o crédito em incumprimento

com o crédito total, sendo que o crédito em incumprimento inclui o crédito vencido há mais de 90 dias + o crédito de cobrança duvidosa reclassificado como vencido.

19 IAS/IFRS – International Accounting Standards/International Financial Reporting Standards. Este indicador resulta do quociente entre o crédito

com imparidade e o crédito total, sendo que o valor do crédito com imparidade é obtido através dos modelos de cálculo de imparidade de cada banco. De notar que o crédito com imparidade pode incluir créditos que podem não estar vencidos, mas que, tendo em conta as condições impostas, são capturados pelos mesmos modelos.

Quadro 3 – Qualidade da carteira de crédito

Fonte: Banco de Cabo Verde

Indicadores de qualidade da carteira dez/16 dez/17 Var.(pp)

Circular 150 14,2 13,2 -1,1

IAS/IFRS 15,5 14,5 -1,0

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Contrariamente à maioria das realidades similares, o nível de incumprimento em Cabo Verde, medido de acordo com a Circular 150, continuou a manifestar-se em níveis muito mais elevados.

Gráfico 20 – Evolução dos indicadores de qualidade de crédito

Fonte: Banco de Cabo Verde

Gráfico 21 – Crédito vencido: comparação internacional

Fonte: Banco de Cabo Verde Nota: Dados obtidos a partir do site IMF, veja-se:http://data.imf.org/?sk=9F855EAE-C765-405E-9C9A-A9DC2C1FEE47. Por indisponibilidade de dados, relativos ao final do ano, os valores para Seicheles e Maurícias dizem respeito a 2017 Mês 1 e 2017 Mês 6, respetivamente. 0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0 14,0 %

Referências

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