• Nenhum resultado encontrado

Síndrome de Evans em pacientes com lúpus. eritematoso sistêmico juvenil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Síndrome de Evans em pacientes com lúpus. eritematoso sistêmico juvenil"

Copied!
46
0
0

Texto

(1)

G

ABRIELLA

E

RLACHER

L

UBE DE

A

LMEIDA

Síndrome de Evans em pacientes com lúpus

eritematoso sistêmico juvenil

Tese apresentada à Faculdade de Medicina de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências

Programa de: Pediatria

Orientador: Prof. Dr. Clovis Artur Almeida da Silva

(Versão corrigida. Resolução CoPGr 5890, de 20 de dezembro de 2010. A versão original está disponível na Biblioteca FMUSP)

São Paulo

2017

(2)

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Preparada pela Biblioteca da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

reprodução autorizada

Almeida, Gabriella Erlacher Lube de

Síndrome de Evans em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil / Gabriella Erlacher Lube de Almeida. -- São Paulo, 2017.

Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Programa de Pediatria.

Orientador: Clovis Artur Almeida da Silva.

Descritores: 1.Lúpus eritematoso sistêmico 2.Estudos de coortes 3.Criança 4.Glucocorticoides 5.Estudo multicêntrico 6.Anemia hemolítica autoimune 7.Púrpura trombocitopênica idiopática

(3)

DEDICATÓRIA

À minha avó Zilda que dentro da sua pouca instrução e grande

sabedoria fez e refez sua vida mais de uma vez, na esperança de uma vida

(4)

AGRADECIMENTOS

À toda grande família da reumatopediatria USP pelo acolhimento incondicional, a todos os professores e profissionais de saúde dos 10 serviços de referência em Reumatologia Pediátrica do estado de São Paulo.

Aos pacientes que nos movem e ensinam todos os dias e ao grande mestre, Prof. Dr. Clóvis Artur de Almeida Silva, pela paciência e generosidade dos seus ensinamentos.

(5)

Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta publicação:

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias. Elaborado por Annelise Carneiro da Cunha, Maria Julia de A.L. Freddi, Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 3ª ed. São Paulo. Divisão de Biblioteca e Documentação: 2011.

Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index Medicus.

(6)

SUMÁRIO

Lista de Abreviaturas e Siglas Lista de Tabelas Resumo Abstract 1 INTRODUÇÃO... 1 2 OBJETIVO... 5 3 MATERIAIS E MÉTODOS... 7

3.1 Desenho do Estudo e População... 8

3.2 Síndrome de Evans... 9

3.3 Dados Demográficos, Características Clínico-Laboratoriais, Atividade da Doença, Dano Cumulativo e Tratamento... 10

3.4 Análise Estatística... 12

4 RESULTADOS... 13

5 DISCUSSÃO... 21

6 CONCLUSÕES... 26

(7)

LISTAS DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACR= American College of Rheumatology

AHAI= Anemia hemolítica autoimune

ALPS= Síndrome linfoproliferativa autoimune

CMV= Citomegalovírus

CVID= Imunodeficiência comum variável

EBV= Vírus de Epstein-Barr

HIV= Vírus de imunodeficiência humana

LES= Lúpus eritematoso sistêmico

LESJ= Lúpus eritematoso sistêmico juvenil

PCR= Proteína C-reativa

PTI= Púrpura trombocitopênica imune

RIFLE= Risk, Injury, Failure, Loss of kidney function and End-stage kidney disease

SAF= Síndrome do anticorpo antifosfolípide

SE= Síndrome de Evans

SLEDAI-2K= Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index 2000

(8)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Características da síndrome de Evans (SE) em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) ao

diagnóstico... 17 Tabela 2 Dados demográficos, manifestações clínicas e escore de

atividade de doença em 850 pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) ao diagnóstico de acordo com a presença ou ausência de síndrome de

Evans (ES)... 18 Tabela 3 Características laboratoriais de 850 pacientes com lúpus

eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) ao diagnóstico de acordo com a presença ou ausência de síndrome de

Evans (SE)... 19 Tabela 4 Terapêutica ao diagnóstico de 850 pacientes com lúpus

eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) de acordo com a

(9)

Resumo

Almeida GEL. Síndrome de Evans em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juveniL [Tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, 2017.

Introdução: Estudos avaliando a prevalência de síndrome de Evans (SE) no lúpus

eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) bem como possíveis fatores associados são restritos a poucos relatos de caso. Objetivos: Avaliar a prevalência de SE em uma grande população de LESJ, assim como sua possível associação com dados demográficos, manifestações clínicas, características laboratoriais, atividade/dano cumulativo da doença e tratamento. Métodos: Um estudo de coorte multicêntrico retrospectivo foi realizado em 10 serviços de Reumatologia Pediátrica provenientes do Grupo Brasileiro de Lúpus e incluiu 850 pacientes com LESJ. SE foi avaliada ao diagnóstico do LES e definida pela combinação de púrpura trombocitopênica autoimune (PTI) e anemia hemolítica autoimune (AHAI). Os pacientes foram divididos em dois grupos para a avaliação das associações propostas: pacientes que apresentaram SE e pacientes sem SE. Todos foram avaliados ao diagnóstico do LES. Resultados: SE foi observada em 11/850 pacientes de LESJ ao diagnostico (1,3%). A maioria deles tinha doença ativa (82%) e apresentaram manifestações hemorrágicas (58%). Todos os pacientes com SE foram hospitalizados e não houve nenhum óbito. As comparações entre pacientes LESJ com e sem SE ao diagnóstico demonstrou frequências similares do sexo feminino, envolvimento de múltiplos órgãos, perfil de auto-anticorpos semelhantes e complemento baixo (p>0,05). Pacientes com SE tinham frequências menores de eritema malar (9% vs. 53%, p=0,003) e envolvimento músculo-esquelético (18% vs. 69%, p=0,001) do que aqueles sem esta complicação. A frequência de pulsoterapia com metilprednisolona (82% vs. 43%, p=0,013) e uso de gamaglobulina endovenosa (64% vs. 3%), p<0,0001) foram significativamente maiores no grupo com SE, com dose atual de prednisona semelhante entre os dois grupos [1,1 (0,76-1,5) vs. 1,0 (0-30) mg/kg/dia, p=0,195].

Conclusões: Este foi o primeiro estudo que evidenciou a possível relação de SE

como uma manifestação inicial rara e grave do LESJ, porém com bom prognóstico. O diagnóstico se torna o principal desafio devido à falta de sinais e sintomas característicos de lúpus e a dificuldade de se excluir diagnósticos diferenciais como infecção e imunodeficiência primária.

Descritores: lúpus eritematoso sistêmico; estudos de coortes; criança;

glicocorticoides; estudo multicêntrico; Anemia Hemolítica Autoimune; Púrpura Trombocitopênica Idiopática

(10)

Almeida GEL. [Thesis]. Evans Syndrome in childhood-onset systemic lupus erythematosus. São Paulo: “Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo”; 2017.

Abstract

Introduction: Studies evaluating the prevalence of Evans Syndrome (ES) in

childhood-onset systemic lupus erythematosus (cSLE) as well as possible associated factors has been rarely reported and restricted to case reports.

Objectives: To evaluate the prevalence of ES in a large population of cSLE, and the

association with demographic data, clinical manifestations, laboratory characteristics, disease activity, cumulative damage, and treatment. Methods: A retrospective multicenter cohort study was performed in 10 Pediatric Rheumatology services and included 850 patients with cSLE. ES was evaluated at the diagnosis of cSLE and defined as the combination of autoimmune thrombocytopenic purpura (ITP) and autoimmune hemolytic anemia (AIHA). The patients were divided into two groups for the evaluation of the proposed associations: patients who presented ES and patients without ES. All were assessed at the cSLE diagnosis. Results: ES was observed in 11/850 (1.3%) cSLE patients. The majority of them had hemorrhagic manifestations (58%) and active disease (82%). All patients with ES were hospitalized and none died. Comparisons of cSLE patients with and without ES at diagnosis revealed similar frequencies of female gender, multi-organ involvement, autoantibodies profile and low complement (p>0.05). Patients with ES had a lower frequency of malar rash (9% vs. 53%, p=0.003) and musculoskeletal involvement (18% vs. 69%, p=0.001) than those without this complication. The frequencies of intravenous methylprednisolone (82% vs. 43%, p=0.013) and intravenous immunoglobulin use (64% vs. 3%, p<0.0001) were significantly higher in the former group, with similar current prednisone dose between groups [1.1 (0.76-1.5) vs. 1.0 mg/kg/day (0-30), 0.195]. Conclusions: This was the first study that evidenced the possible relationship of ES as a rare and severe initial manifestation of cSLE, but with a good prognosis. Diagnosis becomes the main challenge due to the lack of signs and symptoms characteristic of lupus and the difficulty of excluding differential diagnoses such as infection and primary immunodeficiency.

Descriptors: lupus erythematosus, systemic; Cohort studies; child; glucocorticoids;

multicenter study, Anemia, Hemolytic, Autoimmune; Purpura, Thrombocytopenic, Idiopathic

(11)
(12)

Introdução 2

Lúpus eritematoso sistêmico (LES) juvenil (LESJ) é uma doença

autoimune rara caracterizada pelo envolvimento de vários órgãos e

sistemas1-3. Embora na maioria das vezes seja diagnosticado na idade adulta, cerca de 15 a 20% dos casos ocorre em crianças e adolescentes,

cujas manifestações acontecem de forma mais grave4,5.

A sua etiopatogenia permanece desconhecida. No entanto, hoje

sabe-se que a combinação de vários fatores, em pacientes geneticamente

predispostos, tais como: infecções, drogas, imunodeficiências primárias,

fatores hormonais e ambientais podem desencadear alterações nos

mecanismos imunorreguladores responsáveis pelas manifestações clinicas e

alterações laboratoriais do LESJ4,5.

A incidência anual do LESJ nos Estados Unidos é estimada em 0,4 a

0,6 casos/100.000 crianças e adolescentes6, sendo excepcional antes dos cinco anos de idade7. Há predileção pelo gênero feminino e a proporção varia de 4:3 em pacientes com idade de início do LESJ durante a primeira

década de vida a 9:1 e com início durante a segunda década de vida8. Pacientes com LESJ tem maior probabilidade de ter complicações

graves decorrentes do LES do que os adultos, incluindo nefrite, pancreatite,

miocardite, síndrome de ativação macrofágica e envolvimento

neuropsiquiátrico. Como consequência da doença ativa e com maior

gravidade, esses pacientes necessitam maiores doses de glucocorticoides e

ciclofosfamida, o que aumenta o risco de morbidade e mortalidade

(13)

Introdução 3

Os três principais comprometimentos na apresentação e no

diagnóstico da doença são constitucionais, cutânea e articular. Sinais e

sintomas constitucionais podem ser as primeiras manifestações da doença,

tais como: febre, perda de peso, linfadenopatia difusa, hepatomegalia e

esplenomegalia4,5.

Ao diagnostico, as principais alterações evidenciadas a urina tipo I

nos pacientes com LESJ são: proteinúria acima de 0,5 g/dia, hematúria,

leucocitúria e cilindrúria. Outras manifestações da doença no momento do

diagnóstico e associadas habitualmente as formas mais graves, como

glomerulonefrite proliferativa difusa e focal são: hipertensão arterial

sistêmica, insuficiência renal aguda e insuficiência renal crônica4,5.

Na população de LESJ, manifestações hematológicas foram relatadas

em 34% a 86%2, 3, 9-12 dos pacientes sendo as mais frequentes: anemia de doença crônica11, púrpura trombocitopênica imune (PTI)13,14, anemia hemolítica autoimune (AHAI)9,11,12,14, púrpura trombocitopênica trombótica11,

14-16

e síndrome do anticorpo antifosfolípide11,14,17,18.

Síndrome de Evans (SE) é uma manifestação incomum, caracterizada

pela destruição autoimune das hemácias e plaquetas levando ao

aparecimento concomitante ou sequencial de PTI e AHAI19-22. Esta associação tem sido relacionada à atividade da doença grave em pacientes

adultos com LES, particularmente no início da doença21,23,24.

Essa síndrome foi raramente descrita em pacientes com LESJ,

(14)

Introdução 4

entanto, a prevalência dessa manifestação na população de LESJ bem

como seus possíveis fatores associados, ainda não foi estudada.

A ausência de estudos sobre a prevalência de SE em pacientes

brasileiros com LESJ, bem como sua associação com características da

doença e dos pacientes, utilizando uma expressiva população de pacientes

com LESJ, torna este estudo de relevante impacto para a Reumatologia

Pediátrica.

A hipótese do presente estudo foi que pacientes com LESJ

apresentam SE no inicio da doença associada a doença ativa, com

(15)
(16)

Objetivos 6

1. Avaliar a prevalência de SE em pacientes com LESJ ao

diagnostico.

2. Avaliar a possível associação entre a presença de SE em

pacientes com LESJ com: dados demográficos, características

clínico-laboratoriais, atividade/dano cumulativo da doença e

(17)
(18)

Materiais e Métodos 8

3.1. Desenho do Estudo e População

Este estudo se desenvolveu como uma coorte retrospectiva

multicêntrica, proveniente do Grupo Brasileiro de Lúpus Eritematoso

Sistêmico Juvenil, que incluiu inicialmente avaliação de 1.017 pacientes

acompanhados em 10 serviços de referência em Reumatologia Pediátrica do

estado de São Paulo (Unidade de Reumatologia Pediátrica do Instituto da

Criança do Hospital das Clínicas da FMUSP; Setor de Reumatologia

Pediátrica do Departamento de Pediatria da UNIFESP; Setor de

Reumatologia do Departamento de Pediatria da Santa Casa de Misericórdia

de São Paulo; Serviço de Imunologia, Alergia e Reumatologia do

Departamento de Puericultura e Pediatria da Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo; Disciplina de Reumatologia Pediátrica da Universidade Estadual Paulista UNESP – Botucatu; Unidade de Reumatologia Pediátrica da Universidade Estadual de Campinas;

Disciplina de Reumatologia da FMUSP; Unidade de Reumatologia Pediátrica

da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Unidade de Reumatologia

Pediátrica do Hospital Municipal Infantil Menino Jesus; Serviço de

Reumatologia Pediátrica do Hospital Infantil Darcy Vargas).

Cento e sessenta e cinco pacientes foram excluídos devido a:

prontuários incompletos (n=96), doença do tecido conjuntivo indiferenciada

com 3 ou menos critérios do American College of Rheumatology (ACR)27 (n=43), lúpus cutâneo isolado (n=11), lúpus neonatal (n=8), lúpus induzido

(19)

Materiais e Métodos 9

de LESJ (n=2). Portanto, o grupo de estudo final foi composto por 850

pacientes com LESJ.

Todos os pacientes preencheram os critérios de LES do ACR antes

dos 18 anos de idade28 e tiveram seguimento até a idade máxima de 25 anos incompletos. O estudo foi aprovado localmente pelos Comitês de Ética

em pesquisa de cada instituição envolvida.

Um workshop com os pesquisadores participantes foi realizado em 29

de setembro de 2012, a fim de garantir um preenchimento uniforme do

banco de dados e padronizar definições relacionadas às variáveis em

estudo. Os dados foram coletados entre novembro de 2012 e outubro 2014.

Os prontuários dos pacientes foram cuidadosamente analisados de

acordo com um extenso protocolo, incluindo dados demográficos,

características clínicas, dados laboratoriais, tratamento recebido, resultados

obtidos e características da SE. Pacientes com e sem SE (avaliados ao

diagnostico) foram divididos em dois grupos para estudo das características

clínicas, laboratoriais e de tratamento relativos ao LESJ.

3.2. Síndrome de Evans

SE foi definida pela combinação de PTI e AHAI19-21. A trombocitopenia foi definida de acordo com a contagem de plaquetas < 100.000/mm3 em duas ou mais vezes na ausência de infecções ou uso de medicações. AHAI

foi definido como anemia (hemoglobina < 10 g/dL) e sinais de hemólise

(20)

Materiais e Métodos 10

como teste de antiglobulina direta)27. O protocolo incluiu a avaliação das seguintes variáveis no grupo com SE: idade ao início da SE, duração total da

SE, intervalo entre AHAI e PTI, necessidade de transfusões de sangue e/ou

plaquetas, presença e localização de hemorragias, mielograma e

tratamentos prescritos. Foram avaliadas sistematicamente a infecção por

vírus de Epstein-Barr (EBV), citomegalovírus (CMV) e vírus de

imunodeficiência humana (HIV) em pacientes com SE. A síndrome

linfoproliferativa autoimune (ALPS) foi definida pela presença de

linfadenopatia crônica benigna e/ou esplenomegalia e confirmada por

citometria de fluxo de linfócitos T TCRαβ+ duplamente

negativos29. Imunodeficiência comum variável (CVID) foi descartada de acordo com as manifestações clínicas e da análise quantitativa de

imunoglobulinas soro (IgG, IgA e IgM)30.

3.3. Dados Demográficos, Características Clínico-Laboratoriais, Atividade da Doença, Dano Cumulativo e Tratamento

Os dados demográficos incluíram gênero, raça, idade atual, idade de

início do LESJ e duração da doença. Manifestações clínicas do LESJ foram

definidas como: sintomas constitucionais (febre e perda de peso),

acometimento do sistema retículo-endotelial (adenomegalia, hepatomegalia

e esplenomegalia), lesões muco-cutâneas (eritema malar ou discoide,

fotossensibilidade, úlcera oral, alopecia e vasculite cutânea: ulceração,

(21)

Materiais e Métodos 11

musculoesquelético (artrite não erosiva e miosite), serosite (pleurite e pericardite), nefrite (proteinúria ≥ 0,5 g/24h, presença de cilindros celulares, hematúria persistente ≥5 hemácias por campo e leucocitúria persistente ≥5 leucócitos por campo), alterações hematológicas [leucopenia (contagem de

leucócitos < 4.000/mm3), neutropenia (contagem de neutrófilos < 1.500/mm3) e/ou linfopenia (linfócitos < 1.500/mm3) em duas ou mais ocasiões, na ausência de drogas ou infecções] e manifestações hemorrágicas (hematúria ≥ 5 hemácias por campo, petéquias, hematomas/equimoses, epistaxe, sangramento gengival e hemorragia digestiva).

Avaliação das 19 síndromes neuropsiquiátricas do LESJ foi realizada

de acordo com os critérios de classificação do ACR31. Síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF) foi diagnosticada de acordo com a presença

de trombose arterial ou venosa associada à positividade de pelo menos um

dos anticorpos antifosfolípides18. Hipertensão arterial foi definida como pressão sistólica ou diastólica maior ou igual ao percentil 95 para gênero,

idade e peso em 3 ou mais ocasiões32. Lesão renal aguda foi determinada pelo aumento súbito na creatinina sérica acima de 2 mg/dl ou segundo os

critérios modificado do Risk, Injury, Failure, Loss of kidney function and

End-stage kidney disease (RIFLE)33,34 e doença renal crônica foi definida como anormalidades estruturais ou funcionais do rim com duração ≥ 3 meses (com ou sem diminuição da taxa de filtração glomerular) ou taxa de filtração glomerular <60 ml/min/1,73m2 com duração ≥ 3 meses35

.

A avaliação laboratorial incluiu velocidade de hemossedimentação

(22)

Materiais e Métodos 12

séricas, urina I e proteinúria de 24 horas. Níveis de complemento (C3, C4 e

CH50), anticorpo DNA nativo, anticorpo Ro/SSA, anticorpo

anti-La/SSB, anticorpos anticardiolipina (IgG e IgM) e anticoagulante lúpico foram

realizados em cada centro, e os valores de normalidades foram

estabelecidos de acordo ao fabricante e sugerido em cada teste. A atividade

da doença foi mensurada através do Systemic Lupus Erythematosus

Disease Activity Index 2000 (SLEDAI-2K), que pode variar de 0 a 10536. Também foram obtidos dados sobre realização de esplenectomia,

plasmaférese e o tratamento atual (prednisona, pulsoterapia com

metilprednisolona, difosfato de cloroquina, sulfato de hidroxicloroquina,

metotrexato, azatioprina, ciclosporina, micofenolato mofetil, ciclofosfamida

endovenosa, gamaglobulina endovenosa e rituximabe).

3.4. Análise Estatística

Os resultados foram apresentados como número (%) para variáveis

categóricas e mediana (variação) ou média ± desvio padrão para variáveis

contínuas. As variáveis categóricas foram comparadas através do teste do

qui-quadrado de Pearson ou teste exato de Fisher. As variáveis contínuas

dos pacientes com LESJ com e sem SE foram comparadas pelo teste t ou

teste de Mann-Whitney. Os níveis de significância foram fixados em 5%

(23)
(24)

Resultados 14

SE foi observada em 11/850 (1,3%) pacientes com LESJ ao

diagnóstico. Nenhum dos pacientes com LESJ e SE tinha infecções como

HIV, CMV e EBV, síndrome de ativação de macrofágica, câncer,

linfadenopatia crônica benigna e/ou esplenomegalia, nem diminuição dos

valores de imunoglobulinas séricas (IgG, IgM e IgA) ou imunodeficiência

primária. Portanto, ALPS29 e CVID30 também foram

excluídos. Características da SE em LESJ ao diagnóstico são ilustradas na

Tabela 1. No momento do diagnóstico, PTI e AHAI foram vistos

simultaneamente em 9/11 casos e sucessivamente em 2/11 (em um caso

PTI precede o diagnóstico de LESJ e em outro AHAI). Manifestações

hemorrágicas foram observadas em 10/11 pacientes (Tabela 1). Todos eles

tinham anemia (hemoglobina < 10 g / dL) e as apresentações hemorrágicas

mais comuns foram hematúria (7/11), petéquias (5/11),

hematomas/equimoses (4/11), epistaxe (3/11), sangramento gengival (3/11)

e hemorragia digestiva (5/11).

Dados demográficos, manifestações clínicas e escore de atividade da

doença ao diagnóstico dos 850 pacientes com LESJ de acordo com a

presença do SE são mostrados na Tabela 2. Comparações entre pacientes

com LESJ com e sem SE revelaram menores frequências de eritema malar

(9% contra 53%, p=0,003) e envolvimento musculoesquelético (18% vs.

69%, p=0,001) devido à artrite (18% vs. 68%, p=0,001) (Tabela 2). Atividade da doença elevada (SLEDAI-2K ≥ 6) foi observada em 9/11 casos de LESJ com SE e 706/768 sem SE, sendo a mediana de SLEDAI 13 e 15,

(25)

Resultados 15

atividade da doença foram semelhantes em ambos os grupos (p>0,05,

Tabela 2).

Características laboratoriais ao diagnóstico de 850 pacientes com

LESJ de acordo com a presença do SE são ilustrados na Tabela 3. Em

pacientes com LESJ sem SE, 20% dos pacientes tinham AHAI e 14% dos

pacientes tinham PTI. As medianas da hemoglobina [7,4 (5,4-9,4) vs. 10,3

(3,5-16,4) g/dL, p<0,001] e plaquetas [27 (15-54) vs. 231 (2-761) x10³/mm³,

p=0,005] foram significantemente menores no grupo de pacientes com SE

em comparação com pacientes sem SE. Considerando que a contagem de

linfócitos foi significante maior em pacientes com SE [1,8 (1-2,38) vs. 1,16

(0,07-7) x10³/mm³, p<0,001] (Tabela 3), nenhum dos pacientes SE teve

leucopenia, neutropenia, e dois tiveram linfopenia. O teste de Coombs foi

positivo em 170/839 casos de LESJ sem SE, sendo que 165/170

apresentaram AHAI e 5/170 não apresentava anemia (hemoglobina > 10

g/dL). Em pacientes com SE, a mediana de bilirrubina indireta foi 1,5 mg/dL

(0,27-2.8), DHL foi 447,5 mg/dL (252-694) e reticulócitos foi de 2,9%

(2,5-9.5). Haptoglobina e anticorpos antiplaquetários não foram

realizados. Mielograma foi realizado em 10/11 de pacientes com SE e

revelou hiperplasia de precursores eritroides e megacariócitos em 5/10

resultados.

As modalidades de tratamento utilizadas ao diagnóstico dos 850

pacientes com LESJ de acordo com a presença do SE são ilustrados na

Tabela 4. Ao diagnóstico nos pacientes com LESJ, todos os pacientes com

(26)

Resultados 16

pacientes sem SE, (p<0,0001). Transfusão de plaquetas foi indicada em

6/11 (54%) pacientes com LESJ e SE devido a sangramento ativo, enquanto

transfusão de concentrado de hemácias foi indicada em quatro pacientes

(Tabela 1). O tratamento de primeira escolha para a SE foi glicocorticoide

e/ou gamaglobulina endovenosa (n=11/11) sendo que em 6/11 pacientes

não-responsivos ao primeiro tratamento receberam também azatioprina

(n=3) e/ou ciclofosfamida endovenosa (n=4). Durante o seguimento desses

pacientes, 7/11 receberam antimaláricos e nenhum foi tratado com o danazol

ou rituximabe nem foram submetidos a plasmaférese ou esplenectomia. Em

relação aos pacientes LESJ sem SE, plasmaférese foi necessária em 24/839

(3%), rituximabe foi prescrito para 9/839 (1%), danazol para 3/839 (0,3%) e

esplenectomia realizada em 2/839 (0,2%) pacientes.

As frequências do uso da metilprednisolona (82% versus 43%,

p=0,013) e de gamaglobulina endovenosa (64% vs. 3%), p<0,0001) foram

significantemente maiores no grupo com SE. A mediana da dose atual de

prednisona foi similar entre os grupos [1,1 (0,76-1,5) vs. 1,0 mg/kg/dia

(0-30), p=0,195]. A mediana de duração das citopenias em pacientes de LESJ

e SE foi de 4 meses (1-12). Nenhum de dos casos de SE apresentou

recorrência da PTI, AHAI ou foi a óbito. O tempo médio de acompanhamento

foi significantemente menor no grupo com SE em comparação com

pacientes sem SE [31 (4-86) vs. 55 (0-281) meses, p=0,01]. Não foi

observada diferença na mediana do SLEDAI-2K na última visita

ambulatoriais em ambos os grupos [2 (0-23) vs. 2 (0-45), p=0,763].

(27)

Resultados 17

Tabela 1 - Características da síndrome de Evans (SE) em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) ao diagnóstico

Paciente Intervalo entre AHAI e PTI, meses Manifestação hemorrágica Transfusão de hemácias Transfusão de plaquetas Tratamento medicamentoso

1 0 HD, HE Não Não PD, AM, MP, CFE, GGE

1 0 HD, HE Não Não PD, AM, MP, CFE, GGE 3 0 PT, EQ, EP, HE Não Sim PD, AM, MP, CFE 4 30** SG, PT, EQ, HE Não Não PD, AZA, MP

5 0 PT, HE Não Não PD, AM

6 0 HD Sim Sim PD, GGE, MP

7 0 EP, SG, HD, PT, EQ

Sim Sim PD, AM, AZA, GGE, MP

8 0 Ausente Não Não PD, MP, GGE

9 0 EP, HE Não Não PD, AM, AZA, GGE, MP,

CFE

10 0 HD, SG Não Sim PD, GGE, MP

11 0 EP, PT, EQ, HE Sim Sim PD, AM, GGE, MP, CFE AHAI – anemia hemolítica autoimune, PTI – trombocitopenia imune, PD - prednisona, AM -

antimaláricos, GGE – gamaglobulina endovenosa, MP – pulsoterapia com metilprednisolona, CFE – ciclofosfamida endovenosa, AZA - azatioprina, PT- petéquias, EP – epistaxe, SG – sangramento gengival, HD – hemorragia digestiva EQ - equimoses/hematomas, HE – hematúria, *AHAI precede PTI, **PTI precede AHAI.

(28)

Resultados 18

Tabela 2 - Dados demográficos, manifestações clínicas e escore de atividade de doença em 850 pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) ao diagnóstico de acordo com a presença ou ausência de síndrome de Evans (ES)

Variáveis Com SE (n=11) Sem SE (n=839) P Dados demográficos Gênero feminino, n=850 10/11 (91) 720/839 (86) 720/839 (86) Caucasianos, n=828 9/11 (81) 582/817 (71) 582/817 (71) Idade ao diagnóstico de LESJ, anos, n=845 13 (6,83-14,6) 11,83 (0,25-17,8) 11,83 (0,25-17,8)

Manifestações clínicas

Sintomas constitucionais, n=850 5/11 (45) 540/839 (60) 0,364

Febre, n=835 4/11 (36) 453/824 (55) 0,239

Perda de peso, n=820 2/11 (18) 252/809 (31) 0,518 Comprometimento do sistema reticuloendotelial n=850 1/11 (36) 282/839 (34) 1,000 Adenomegalia n=823 1/11 (9) 166/812 (20) 0,704 Hepatomegalia, n=829 3/11 (27) 178/818 (21) 0,703 Esplenomegalia, n=829 1/11 (9) 75/818 (9) 1,000 Comprometimento mucocutâneo, n=850 6/11 (54) 644/839 (76) 0,142 Artrite, n=848 1/11 (9) 447/829 (53) 0,003 Miosite, n=849 0/11 (0) 36/831 (4) 1,000 Serosite, n=850 3/11 (27) 376/831 (45) 0,362 Pleurite, n=844 3/11 (27) 280/833 (34) 0,759 Pericardite, n=844 3/11 (27) 256/829 (31) 1,000 Comprometimento neuropsiquiátrico, n=850 1/11 (9) 169/831 (20) 0,704 Sistema nervoso central, n=850 2/11 (18) 576/839 (69) 0,001

Sistema nervoso periférico, n=850 2/11 (18) 566/837 (68) 0,001

Nefrite, n=834 0/11 (0) 34/830 (4) 1,000

Outros 3/11 (27) 238/839 (28) 1,000

Hipertensão arterial, n=838 1/11 (9) 149/833 (18) 0,699 Insuficiência renal aguda, n=837 2/11 (18) 165/833 (20) 1,000 Insuficiência renal crônica, n=833 3/11 (27) 211/839 (25) 1,000 Atividade de doença

SLEDAI-2K, n=779 13 (1-29) 15 (0-58) 0,585

SLEDAI-2K  6, n=779 9/11 (82) 706/768 (92) 0,227 Resultados expressos em n (%) ou mediana (intervalo), SLEDAI-2K - Systemic Lupus Erythematosus Disease Activity Index 2000.

(29)

Resultados 19

Tabela 3 - Características laboratoriais de 850 pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) ao diagnóstico de acordo com a presença ou ausência de síndrome de Evans (SE)

Variáveis Com SE

(n=11)

Sem SE

(n=839) P

Exames laboratoriais

Teste de Coombs positivo 11/11 (100) 170/839 (20) <0,0001

Hemoglobina g/dL 7,4 (5,4-9,4) 10,3 (3,5-16,4) <0,001 Neutrófilos x10³/mm³ 2,6 (1,84-5,47) 3 (0,22-15,3) 0,49 Linfócitos x10³/mm³ 1,8 (1-2,38) 1,16 (0,07-7) 0,005 Plaquetasx10³/mm³ 27 (15-54) 231 (2-761) <0,001 VHS ≥ 20 mm/1a /h, n=716 7/8 (87) 601/709 (85) 1,000 PCR ≥ 0.5 mg/dL, n=513 6/7(85) 344/506 (68) 0,440 Hematúria, n=823 7/11 (64) 358/812 (44) 0,231 Cilindrúria, n=820 2/11 (18) 172/809 (21) 1,000 Proteinúria, n=802 5/11 (45) 368/791 (46) 0,944 C3, C4 e/ou CH50 baixo, n=850 7/11 (64) 523/839 (62) 1,000 Autoanticorpos Anti-ds-DNA, n=799 7/11 (64) 551/788 (70) 0,742 Anti-Ro/SSA, n=593 1/11 (9) 186/582 (32) 0,186 Anti-La/SSB, n=579 0/11 (0) 80/568 (14) 0,376 Anticardiolipina IgM, n=496 4/10 (40) 110/486 (23) 0,248 Anticardiolipina IgG, n=494 5/10 (50) 129/484 (27) 0,144 Anticoagulante Lúpico, n=416 4/10 (40) 62/406 (15) 0,057

Resultados expressos em n (%) ou mediana (intervalo), VHS – velocidade de hemossedimentação, PCR proteína C-reativa.

(30)

Resultados 20

Tabela 4 - Terapêutica ao diagnóstico de 850 pacientes com lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) de acordo com a presença ou ausência de síndrome de Evans (SE)

Variáveis Com SE (n=11) Sem SE (n=839) P Glicocorticoide Prednisona, n=828 11/11 (100) 759/817 (93) 1,000 Dose atual, mg/kg/dia, n=727 1,1 (0,76-1,5) 1,0 (0-30) 0,195 Pulsoterapia com metilprednisolona, n=819 9/11 (82) 350/808 (43) 0,013

Antimaláricos, n=836 7/11 (64) 452/825 (55) 0,762 Difosfato de cloroquina, n=821 5/11 (45) 245/810 (30) 0,325 Sulfato de hidroxicloroquina, n=822 2/11 (18) 212/811 (26) 0,737 Imunossupressores, n=850 6/11 (54) 273/839 (32) 0,192 Azatioprina, n=837 3/11 (33) 99/826 (12) 0,140 Ciclosporina, n=837 0/11 (0) 8/826 (1) 1,000 Metotrexato, n=838 0/11 (0) 35/827 (4) 1,000 Micofenolato mofetil, n=836 0/11 (0) 9/825 (1) 1,000 Ciclofosfamida, n=839 4/11 (36) 141/828 (17) 0,105 Gamaglobulina endovenosa, n=843 7/11 (64) 24/832 (3) <0,0001

(31)
(32)

Discussão 22

Este foi o primeiro estudo multicêntrico que demonstrou que a SE foi

uma manifestação rara e grave no início LESJ, sendo muitas vezes um difícil

diagnóstico devido à ausência de manifestação típica dessa doença.

Síndrome de Evans é caracterizada pela destruição imunomediada de

linhagens de células hematológicas e a combinação de anemia hemolítica

com teste de Coombs positivo e PTI19,24,37,38. Esta condição pode estar associada a mecanismos imunes humorais e celulares39.

Apesar do fato que AHAI ou PTI isoladas serem manifestações

comuns no lúpus, SE tem sido raramente relatada em LESJ12,14,25,26,40 ou em adultos com LES21,23,24,41. A ocorrência de SE foi observada em 2,7-10% dos pacientes adultos com LES21,24e 8,4-10% dos pacientes com LESJ14,40. A baixa frequência de SE nessa pesquisa, contrastando com estudos anteriores canadenses14, 40, pode sugerir diferentes polimorfismos genéticos e alteração particulares do sistema imunológica nesta população brasileira com LESJ.

Um estudo de meta-análise entre as diferenças entre LESJ e adultos com LES observou que alterações hematológicas autoimunes (AHAI e PTI)

foram significantemente mais frequentes no primeiro grupo 42. Demonstrou-se no preDemonstrou-sente estudo que SE ocorreu mais frequentemente no início da

doença, embora estas manifestações autoimunes órgão-específicas também

possam estar presentes durante o curso da doença41,43. Na presente coorte, a maioria dos pacientes apresentaram SE no momento do diagnóstico e

(33)

Discussão 23

Vários mecanismos estão envolvidos na desregulação imunológica do

LES incluindo tolerância anormal de células B central e periféricas, aumento

da apoptose44, células auto-reativas e autoanticorpos 45, podendo estar relacionados também a patogênese da SE. Além disto, imunodeficiência

primaria citopênica aparenta ser exclusivamente mediada por autoanticorpos

devido ao comprometimento da maturação de células B46. Até o presente momento, não há associação de ALPS com LES47 e há apenas raros relatos de casos de CVID associados com esta doença sistêmica41,48.

Surpreendentemente no momento do diagnóstico pacientes com

LESJ e SE apresentaram baixas frequências de manifestações comuns de

lúpus (cutâneas e musculoesqueléticas). Estes aspectos podem dificultar o

diagnóstico do LESJ, mimetizando assim outros diagnósticos diferencias,

tais como: como infecções agudas/crônicas, imunodeficiências primárias,

câncer ou outras doenças autoimunes.

Um outro aspecto relevante foi que a recorrência da SE não foi

observada em pacientes LESJ, sugerindo remissão completa contínua.

Assim como, não houve óbitos entre esses pacientes, contrastando com

outras series de casos de SE na faixa etária pediátrica sem a associação

com LES49,50. De fato, estudos multicêntricos avaliando citopenias na infância relataram que em torno de um terço dos pacientes pediátricos com

SE não apresentaram recorrência22 e 10% destes evoluíram ao óbito antes dos 14 anos de idade51. Além disso, SE e outras citopenias autoimunes associadas ALPS parecem ser ter uma evolução tormentosa, com risco

(34)

Discussão 24

Serão necessários estudos adicionais para determinar se há alguma

alteração fisiopatológica ou se o uso de drogas imunossupressoras

concomitantes ou de antimaláricos contribuirá para a ausência de recidiva e

boa evolução dos pacientes com SE e LESJ.

Além disso, a ausência da neutropenia em pacientes com SE e LESJ

sugere que a neutropenia autoimune não é um mecanismo relevante nesta

doença.

O perfil de autoanticorpos não diferiu entre pacientes LESJ com e

sem SE e a maior ocorrência de anticorpos antifosfolípides não atingiu

significância estatística, apesar de um relato de caso de síndrome de

anticorpo antifosfolípide associada com SE17,53.

Glicocorticoide e gamaglobulina endovenosa foram o tratamento de

primeira linha para pacientes com SE24,38. Nos casos graves e refratários deste estudo foram utilizados também os imunossupressores26,37,38.

Dentre os pontos positivos deste estudo destacam-se: expressiva

amostra de uma população com LESJ seguida em 10 centros universitários

do estado de São Paulo e o uso de um banco de dados padronizado,

minimizando assim a possibilidade de viés. Além disso, causas secundárias

de citopenias autoimunes, como infecções, imunodeficiências primárias e

malignidades foram excluídos13,15,29,30,54,55. No entanto, a limitação do presente estudo fundamentou-se no modelo retrospectivo, e na ausência de

pesquisa de autoanticorpos contra plaquetas e hemácias38.

Recentemente, Ghaithi et al, sugeriram um algoritmo de investigação

(35)

Discussão 25

desregulação do sistema imunológico, incluindo também doenças

autoimunes como o LESJ56. Assim sendo, o diagnóstico diferencial de LESJ deveria ser considerado em os pacientes que apresentarem SE, mesmo na

(36)
(37)

Conclusões 27

1. Síndrome de Evans foi raramente evidenciada ao diagnóstico nos pacientes com LESJ.

2. Pacientes com SE e LESJ apresentaram doença hemorrágica com poucos sinais e sintomas típicos de LESJ, tiveram atividade sistêmica da doença ao diagnóstico, necessitaram de hospitalização e evoluíram com bom prognóstico.

(38)
(39)

Referências 29

1. Faco MM, Leone C, Campos LM, Febronio MV, Marques HH, Silva CA. Risk factors associated with the death of patients hospitalized for juvenile systemic lupus erythematosus. Braz J Med Biol Res 2007:40:993-1002.

2. Tarr T, Derfalvi B, Gyori N, Szanto A, Siminszky Z, Malik A, Szabo AJ, Szegedi G, Zeher M. Similarities and differences between pediatric and adult patients with systemic lupus erythematosus. Lupus 2015:24:796-803.

3. Benseler SM, Silverman ED. Systemic lupus erythematosus. Pediatr Clin North Am 2005:52:443-467, vi.

4. Silva CA. Childhood-onset systemic lupus erythematosus: early disease manifestations that the paediatrician must know. Expert Review of Clinical Immunology 2016:12:907-910.

5. Silva CA, Aikawa NE, Pereira RMR, Campos LMA. Management considerations for childhood-onset systemic lupus erythematosus patients and implications on therapy. Expert Review of Clinical Immunology 2016:12:301-313.

6. Denardo BA, Tucker LB, Miller LC, Szer IS, Schaller JG. Demography of a regional pediatric rheumatology patient population. Affiliated Children's Arthritis Centers of New England. J Rheumatol 1994:21:1553-1561.

7. Gottlieb BS, Ilowite NT. Systemic lupus erythematosus in children and adolescents. Pediatr Rev 2006:27:323-330.

8. Mina R, Brunner HI. Pediatric lupus--are there differences in presentation, genetics, response to therapy, and damage accrual

(40)

Referências 30

compared with adult lupus? Rheum Dis Clin North Am 2010:36:53-80, vii-viii.

9. Abdwani R, Rizvi SG, El-Nour I. Childhood systemic lupus erythematosus in Sultanate of Oman: demographics and clinical analysis. Lupus 2008:17:683-686.

10. Huang JL, Yeh KW, Yao TC, Huang YL, Chung HT, Ou LS, Lee WI, Chen LC. Pediatric lupus in Asia. Lupus 2010:19:1414-1418.

11. Gokce M, Bilginer Y, Besbas N, Ozaltin F, Cetin M, Gumruk F, Ozen S. Hematological features of pediatric systemic lupus erythematosus: suggesting management strategies in children. Lupus 2012:21:878-884.

12. Thakur N, Chandra J, Dhingra B, Singh V. Pediatric lupus: varied haematological picture and presentation. Indian J Hematol Blood Transfus 2015:31:68-70.

13. Price V. Auto-immune lymphoproliferative disorder and other secondary immune thrombocytopenias in childhood. Pediatr Blood Cancer 2013:60 Suppl 1:S12-14.

14. Schmugge M, Revel-Vilk S, Hiraki L, Rand ML, Blanchette VS, Silverman ED. Thrombocytopenia and thromboembolism in pediatric systemic lupus erythematosus. J Pediatr 2003:143:666-669.

15. Campos LM, Spadoni MS, Michelin CM, Jesus AA, Carneiro JD, da Silva CA. Thrombotic thrombocytopenic purpura at presentation of juvenile systemic lupus erythematosus patients. Rev Bras Reumatol 2013:53:120-126.

(41)

Referências 31

16. Chak WK, Lam DS, Lo WH, Hui CM, Wong SN. Thrombotic thrombocytopenic purpura as a rare complication in childhood systemic lupus erythematosus: case report and literature review. Hong Kong Med J 2003:9:363-368.

17. Avcin T, Cimaz R, Silverman ED, Cervera R, Gattorno M, Garay S, Berkun Y, Sztajnbok FR, Silva CA, Campos LM, Saad-Magalhaes C, Rigante D, Ravelli A, Martini A, Rozman B, Meroni PL. Pediatric antiphospholipid syndrome: clinical and immunologic features of 121 patients in an international registry. Pediatrics 2008:122:e1100-1107.

18. Avcin T, Cimaz R, Rozman B, Ped APSRCG. The Ped-APS Registry: the antiphospholipid syndrome in childhood. Lupus 2009:18:894-899.

19. Savasan S, Warrier I, Ravindranath Y. The spectrum of Evans' syndrome. Arch Dis Child 1997:77:245-248.

20. Evans RS, Takahashi K, Duane RT, Payne R, Liu C. Primary thrombocytopenic purpura and acquired hemolytic anemia; evidence for a common etiology. AMA Arch Intern Med 1951:87:48-65.

21. Costallat GL, Appenzeller S, Costallat LT. Evans syndrome and systemic lupus erythematosus: clinical presentation and outcome. Joint Bone Spine 2012:79:362-364.

22. Aladjidi N, Leverger G, Leblanc T, Picat MQ, Michel G, Bertrand Y, Bader-Meunier B, Robert A, Nelken B, Gandemer V, Savel H, Stephan JL, Fouyssac F, Jeanpetit J, Thomas C, Rohrlich P, Baruchel A, Fischer A, Chene G, Perel Y. New insights into childhood autoimmune hemolytic anemia: a French national observational study of 265 children. Haematologica 2011:96:655-663.

(42)

Referências 32

23. Kittaka K, Dobashi H, Baba N, Iseki K, Kameda T, Susaki K, Kitanaka A, Kubota Y, Ishida T. A case of Evans syndrome combined with systemic lupus erythematosus successfully treated with rituximab. Scand J Rheumatol 2008:37:390-393.

24. Michel M, Chanet V, Dechartres A, Morin AS, Piette JC, Cirasino L, Emilia G, Zaja F, Ruggeri M, Andres E, Bierling P, Godeau B, Rodeghiero F. The spectrum of Evans syndrome in adults: new insight into the disease based on the analysis of 68 cases. Blood 2009:114:3167-3172.

25. Pasangna J, Lim CB, Duraisamy G, Lajin I. Significance of autoimmune haemolytic anaemia and immune thrombocytopenia (Evans' syndrome) in systemic lupus erythematosus. Malays J Pathol 1994:16:79-82.

26. Tokgoz H, Caliskan U, Atas B, Ozbek O, Tavil B. Spontaneous rupture of the spleen in a patient with systemic lupus erythematosus initially presented as Evans syndrome. J Pediatr Hematol Oncol 2014:36:e39-41.

27. Hochberg MC. Updating the American College of Rheumatology revised criteria for the classification of systemic lupus erythematosus. Arthritis Rheum 1997:40:1725.

28. Silva CA, Avcin T, Brunner HI. Taxonomy for systemic lupus erythematosus with onset before adulthood. Arthritis Care Res (Hoboken) 2012:64:1787-1793.

29. Oliveira JB, Bleesing JJ, Dianzani U, Fleisher TA, Jaffe ES, Lenardo MJ, Rieux-Laucat F, Siegel RM, Su HC, Teachey DT, Rao VK. Revised diagnostic criteria and classification for the autoimmune

(43)

Referências 33

lymphoproliferative syndrome (ALPS): report from the 2009 NIH International Workshop. Blood 2010:116:e35-40.

30. Abbott JK, Gelfand EW. Common Variable Immunodeficiency: Diagnosis, Management, and Treatment. Immunol Allergy Clin North Am 2015:35:637-658.

31. The American College of Rheumatology nomenclature and case definitions for neuropsychiatric lupus syndromes. Arthritis Rheum 1999:42:599-608.

32. National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in C, Adolescents. The fourth report on the diagnosis, evaluation, and treatment of high blood pressure in children and adolescents. Pediatrics 2004:114:555-576.

33. Chan JC, Williams DM, Roth KS. Kidney failure in infants and children. Pediatr Rev 2002:23:47-60.

34. Akcan-Arikan A, Zappitelli M, Loftis LL, Washburn KK, Jefferson LS, Goldstein SL. Modified RIFLE criteria in critically ill children with acute kidney injury. Kidney Int 2007:71:1028-1035.

35. National Kidney F. K/DOQI clinical practice guidelines for chronic kidney disease: evaluation, classification, and stratification. Am J Kidney Dis 2002:39:S1-266.

36. Gladman DD, Ibanez D, Urowitz MB. Systemic lupus erythematosus disease activity index 2000. J Rheumatol 2002:29:288-291.

37. Pui CH, Wilimas J, Wang W. Evans syndrome in childhood. J Pediatr 1980:97:754-758.

(44)

Referências 34

38. Norton A, Roberts I. Management of Evans syndrome. Br J Haematol 2006:132:125-137.

39. Fayyaz A, Igoe A, Kurien BT, Danda D, James JA, Stafford HA, Scofield RH. Haematological manifestations of lupus. Lupus Sci Med 2015:2:e000078.

40. Kumar S, Benseler SM, Kirby-Allen M, Silverman ED. B-cell depletion for autoimmune thrombocytopenia and autoimmune hemolytic anemia in pediatric systemic lupus erythematosus. Pediatrics 2009:123:e159-163.

41. Gonzalez-Nieto JA, Martin-Suarez I, Quattrino S, Ortiz-Lopez E, Munoz-Beamud FR, Colchero-Fernandez J, Alcoucer-Diaz MR. The efficacy of romiplostim in the treatment of severe thrombocytopenia associated to Evans syndrome refractory to rituximab. Lupus 2011:20:1321-1323.

42. Livingston B, Bonner A, Pope J. Differences in clinical manifestations between childhood-onset lupus and adult-onset lupus: a meta-analysis. Lupus 2011:20:1345-1355.

43. Deleze M, Oria CV, Alarcon-Segovia D. Occurrence of both hemolytic anemia and thrombocytopenic purpura (Evans' syndrome) in systemic lupus erythematosus. Relationship to antiphospholipid antibodies. J Rheumatol 1988:15:611-615.

44. Liphaus BL, Kiss MH, Carrasco S, Goldenstein-Schainberg C. Reduced expressions of Fas and Bcl-2 proteins in CD14+ monocytes and normal CD14 soluble levels in juvenile systemic lupus erythematosus. Lupus 2013:22:940-947.

(45)

Referências 35

45. Han S, Zhuang H, Shumyak S, Yang L, Reeves WH. Mechanisms of autoantibody production in systemic lupus erythematosus. Front Immunol 2015:6:228.

46. Seidel MG. Autoimmune and other cytopenias in primary immunodeficiencies: pathomechanisms, novel differential diagnoses, and treatment. Blood 2014:124:2337-2344.

47. Carneiro-Sampaio M, Liphaus BL, Jesus AA, Silva CA, Oliveira JB,

Kiss MH. Understanding systemic lupus erythematosus

physiopathology in the light of primary immunodeficiencies. J Clin Immunol 2008:28 Suppl 1:S34-41.

48. Jesus AA, Jacob CM, Silva CA, Dorna M, Pastorino AC, Carneiro-Sampaio M. Common variable immunodeficiency associated with hepatosplenic T-cell lymphoma mimicking juvenile systemic lupus erythematosus. Clin Dev Immunol 2011:2011:428703.

49. Mathew P, Chen G, Wang W. Evans syndrome: results of a national survey. J Pediatr Hematol Oncol 1997:19:433-437.

50. Dhingra KK, Jain D, Mandal S, Khurana N, Singh T, Gupta N. Evans syndrome: a study of six cases with review of literature. Hematology 2008:13:356-360.

51. Aladjidi N, Fernandes H, Leblanc T, Vareliette A, Rieux-Laucat F, Bertrand Y, Chambost H, Pasquet M, Mazingue F, Guitton C, Pellier I, Roqueplan-Bellmann F, Armari-Alla C, Thomas C, Marie-Cardine A, Lejars O, Fouyssac F, Bayart S, Lutz P, Piguet C, Jeziorski E, Rohrlich P, Lemoine P, Bodet D, Paillard C, Couillault G, Millot F, Fischer A, Perel Y, Leverger G. Evans Syndrome in Children:

(46)

Referências 36

Term Outcome in a Prospective French National Observational Cohort. Front Pediatr 2015:3:79.

52. Seif AE, Manno CS, Sheen C, Grupp SA, Teachey DT. Identifying autoimmune lymphoproliferative syndrome in children with Evans syndrome: a multi-institutional study. Blood 2010:115:2142-2145.

53. Avcin T, Jazbec J, Kuhar M, Zupancic M, Rozman B. Evans syndrome associated with antiphospholipid antibodies. J Pediatr Hematol Oncol 2003:25:755-756.

54. Parodi A, Davi S, Pringe AB, Pistorio A, Ruperto N, Magni-Manzoni S, Miettunen P, Bader-Meunier B, Espada G, Sterba G, Ozen S, Wright D, Magalhaes CS, Khubchandani R, Michels H, Woo P, Iglesias A, Guseinova D, Bracaglia C, Hayward K, Wouters C, Grom A, Vivarelli M, Fischer A, Breda L, Martini A, Ravelli A, Lupus Working Group of the Paediatric Rheumatology European S. Macrophage activation syndrome in juvenile systemic lupus erythematosus: a multinational multicenter study of thirty-eight patients. Arthritis Rheum 2009:60:3388-3399.

55. Teachey DT, Lambert MP. Diagnosis and management of autoimmune cytopenias in childhood. Pediatr Clin North Am 2013:60:1489-1511.

56. Al Ghaithi I, Wright NA, Breakey VR, Cox K, Warias A, Wong T, O'Connell C, Price V. Combined Autoimmune Cytopenias Presenting in Childhood. Pediatr Blood Cancer 2016:63:292-298.

Referências

Documentos relacionados

In order to better evaluate larval size reduction and AChE activity inhibition by GO in the absence and presence of HA, this work investigated behavioral and morphological (muscu-

Assim, o objetivo do presente estudo foi verificar o efeito de 16 semanas de dois modelos de TC: TFT combinado com treinamento aeróbio de alta intensidade (HIIT) versus

O pacto sobre o papel do jornalismo fica exposto em diversos aspectos dos vídeos: critérios de noticiabilidade como ‘atualidade’ são adotados para definir as pautas do

Podem constituir ainda excepção, a avaliar de acordo com a gravidade e extensão da doença, os jovens do sexo masculino (risco de linfoma células T

Adicionalmente, foi elaborado u m outro algoritmo genetico capaz de realizar a segmentacao otima da curva de duracao de carga em diversos niveis para fins de calculo das perdas

(2009), foram realizadas para localizar regiões evolutivamente conservadas (ECRs 1 ) adjacentes ao lócus da Mstn de humano, camundongo e galinha, bem como para identificar

A partir das questões levantadas acima, o esclarecimento do modo pelo qual a fisiologia do prazer é desenvolvida por Platão no penúltimo livro da República, assim como

Este trabalho objetivou: (i) apresentar a solução sugerida por Leonard Euler para o problema das sete pontes de Königsberg; (ii) sugerir uma proposta pedagógica para que a Teoria dos