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PERFIL DAS INDÚSTRIAS DE MODA DO MUNICÍPIO DE IBIRAMA

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Academic year: 2021

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PERFIL DAS INDÚSTRIAS DE MODA DO MUNICÍPIO DE IBIRAMA Autores: Débora ANACLETO; Danila Cristiane Marques SANCHES

Identificação autores: Bolsista Interna; Orientadora IFC - Campus Ibirama

Introdução

A partir dos anos de 1970 iniciou-se um processo mundial de automatização e modificação do padrão produtivo no setor têxtil e de confecções. É caracterizado como um setor industrial tradicional, sendo modificado no segundo paradigma industrial e teve que se adaptar a esta nova senda que se abriu em relação não somente ao padrão produtivo propriamente dito, mas às novas formas de comercialização e aos novos padrões de concorrência entre as empresas (Fernandes, 2008). Entretanto, é importante salientar que existe uma grande desigualdade no perfil das empresas brasileiras da cadeia, pois, conforme Rangel (2008), a defasagem tecnológica é pequena entre as empresas líderes, que têm capacidade exportadora e investem pesadamente na modernização de máquinas e equipamentos. O problema encontra-se no conjunto da cadeia, com a existência de plantas defasadas (pequenas e médias empresas, a maioria de controle familiar e trabalhando com algum tipo de informalidade) (Costa; Rocha, 2009).

De acordo com o IEMI (2009 apud Mendes; Sacomano; Fusco, 2010, 2010), a produção mundial de artigos para vestuário no ano de 2007 foi de 42,3 milhões de toneladas aproximadamente. Neste mesmo ano o Brasil ocupou a 6ª posição como produtor de vestuário no mercado mundial, porém uma pequena parte dessa produção foi exportada. Em nível nacional, o setor têxtil é o segundo maior empregador na indústria de transformação, sendo o segmento da confecção do vestuário o maior gerador de empregos e de números de empresas na cadeia têxtil (Mendes; Sacomano; Fusco, 2010).

No município de Ibirama encontra-se implantado o curso de Tecnologia em Design de Moda, e se faz necessário criar caminhos e possibilidades de inserção dos alunos no mundo do trabalho. Para promover essa inserção, o IFC tem um papel importante de estreitar os vínculos para aproximar as empresas de moda regionais da realidade dos alunos, o que considerado um passo importante neste caminho. Compreender a realidade organizacional, criativa e produtiva das empresas propiciará ao corpo docente do curso aproximar os conteúdos da realidade local. Como também aos alunos de buscarem formação complementar necessária. Enxergar o mercado de trabalho e as oportunidades é um caminho de inserção

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profissional dos egressos. Diante do exposto, o presente trabalho objetiva analisar o perfil organizacional e criativo das empresas de confecção de moda de Ibirama.

Material e Métodos

A pesquisa visa encontrar soluções para os problemas propostos, por meio de métodos científicos. Portanto, ao analisar o perfil e objetivos do presente trabalho optou-se por utilizar a pesquisa bibliográfica em um primeiro momento, que propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras para, posteriormente, realizar os procedimentos referentes ao estudo; e a pesquisa descritiva, que de acordo com Fornasier e Martins (2006), descreve as características de uma população ou fenômeno que estabelece relação entre as variáveis.

Quanto à abordagem do problema proposto, a pesquisa caracteriza-se como qualitativa, visto que as respostas traduzem o ponto de vista dos entrevistados e as variáveis são descritas. De acordo com Bryman (1989 apud Fornasier; Martins, 2006), esse tipo de pesquisa caracteriza-se pelos seguintes aspectos: observação dos fatos sob a ótica de alguém externo à organização que busca compreender profundamente o contexto da situação; ênfase no processo dos acontecimentos; enfoque mais desestruturado, conferindo mais flexibilidade à pesquisa; emprego de mais de uma fonte de dados. O instrumento utilizado para a pesquisa foi a entrevista padronizada ou estruturada, adaptada de um modelo de checagem já existente, com adaptações feitas de acordo com a bibliografia utilizada neste trabalho.

Definiu-se por realizar o estudo com empresas de confecção de marca própria localizadas no município de Ibirama. Para isso, solicitou-se junto à Prefeitura o levantamento de todas as empresas de confecção de Ibirama, sendo o número total de 12 empresas. Dessas, apenas 9 aceitaram participar da entrevista, sendo 7 de confecções e 2 empresas de acessórios de couro.

O modelo de checagem e o roteiro contribuíram para obtenção de um diagnóstico fundamentado para o direcionamento da análise e apresentação dos resultados. As questões gerais do estudo estão apresentadas no referido modelo, como unidades de análise da pesquisa, e foram elaboradas com base no referencial teórico. São quatro as questões da pesquisa e referem-se às informações gerais sobre:

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 classificação da empresa;

 processo de desenvolvimento de produto; e  importância do design para a empresa.

Resultados e discussão

De início, é importante destacar os pontos comuns das empresas entrevistadas. As empresas foram criadas e são administradas pela figura de seus proprietários e familiares, que obtiveram experiência trabalhando em outras empresas e, posteriormente, abriram seus próprios empreendimentos. Esses empresários acabam acumulando mais de uma função, sejam técnicas, administrativas, entre outras. De acordo com a classificação das empresas por número de funcionários do SEBRAE (2013), das nove empresas entrevistadas, duas foram classificadas como pequenas empresas e as demais como microempresas. Segundo Mendes, Sacomano e Fusco (2010), antes da consolidação da terceirização em 1980, as empresas do segmento de vestuário eram verticalizadas, ou seja, tinham o domínio de todo o processo produtivo, desde a transformação da matéria-prima até a distribuição do produto final. Isso pode ser notado na pesquisa, em que seis empresas são horizontalizadas, ou seja, terceirizam algum processo de produção.

Sobre o processo de desenvolvimento de produto nas empresas, embora as empresas desenvolvam o produto, nenhuma possui um departamento de desenvolvimento, além disso, apenas uma empresa declara seguir uma metodologia ou etapas para o desenvolvimento de seus produtos. De acordo com Jordan (2004, p.18), “a falta de uma estruturação do PDP (Processo de Desenvolvimento de Produto) pode fazer com que as empresas do setor não consigam avançar em inovação e diferenciação dos produtos”. Os responsáveis pelo desenvolvimento são os próprios proprietários que desempenham outras funções na empresa, existe a centralização de tomada de decisões, consequentemente, não há delegação de tarefas. Em três empresas pesquisadas, as modelistas também fazem parte do processo de desenvolvimento. Quanto à formação desses profissionais, dois têm formação na área de moda, e em apenas duas empresas encontra-se o profissional designer de moda.

Quando questionadas sobre a estratégia adotada em relação aos produtos que desenvolvem, notou-se que a maioria (sete empresas das nove pesquisadas) adota um posicionamento de qualidade (da matéria-prima ao acabamento) por preço acessível como

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diferencial do seu produto em relação aos concorrentes; algumas destacam outros fatores como prazo de entrega, atendimento personalizado e linha plus size. A decisão de novos produtos e critérios adotados é definida pelos proprietários das empresas, que se baseiam na necessidade do mercado e dos clientes, e utilizam um misto de redesign e experimentação de novas ideias para suas criações. Sobre a pesquisa de tendências notou-se que as empresas são seguidoras de tendências, uma delas não acha relevante a pesquisa de tendências para o negócio, mas as demais buscam tendências em novos materiais, cores, modelagem, estampa etc. Em relação aos problemas enfrentados quanto ao produto e mercado, os empresários se queixam da concorrência desleal em relação aos produtos chineses. Uma empresa citou a manutenção de grandes estoques, outro empresário se queixa da dificuldade de ter um negócio na área têxtil no Brasil devido à dificuldade de aprovar cadastro em lojas de fornecedores e financiamentos. O mesmo afirma que “[...] é mais fácil aprovar um cadastro em uma loja para construir uma casa do que para aprovar em uma loja de fornecedor têxtil [...]”. Feghali e Dwyer (2010, p.63) explicam que “a transformação no perfil da indústria têxtil, que passou a ser intensiva em capital, somada às dificuldades de financiamento e de mercado no Brasil, resultou no aumento da heterogeneidade da capacitação tecnológica”, nesse estudo observou-se que a heterogeneidade observou-se dá no âmbito do conhecimento, pois as empresas maiores têm mais domínio de técnicas de produção do que as menores que são mais amadoras e imaturas em relação às maiores, que atingem maiores níveis de desempenho competitivo.

Sobre a importância do design para a empresa, os entrevistados afirmam que o design é fundamental para a aceitação do produto no mercado, melhoria dos processos e imagem da empresa. Contudo, notou-se que as empresas não percebem a necessidade do profissional designer na empresa e que o termo design gera certa confusão, o que mostra que ainda há falta de conhecimento da área.

Conclusão

De início foram encontradas algumas dificuldades em relação a entrar em contato com as empresas, pois as informações de contato (e-mail, telefone, fax, site) não eram muito acessíveis. Embora a pesquisa esteja em andamento, os objetivos do trabalho já começam a se delinear, as empresas de moda foram identificadas, e foi possível categorizar as mesmas quanto ao perfil organizacional e criativo por meio das análises, que apontam que a cultura do

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empreendimento é forte na região, porém, ainda muito amadora quanto ao processo de desenvolvimento de produto dentro das empresas. Pode-se afirmar que as empresas pesquisadas encontram-se entre o nível 1 (estado inicial) e 2 (processo repetitivo) de maturidade de acordo com Patterson e Fenoglio (1999 apud Jordan, 2004), isso porque não há inovação em seus produtos e processos, repetem o padrão que vem sendo executado e, por isso, não existe uma identidade da marca com o produto final.

Percebe-se que por serem empresas com gestão familiar há uma certa relutância em contratar pessoas externas para realizarem o desenvolvimento de produto, empresas que variam de 8 a 33 anos de atuação no mercado e que continuam com a mesma estrutura de gestão. Faz-se necessário ressaltar a importância desse estudo, aproximando o Instituto Federal Catarinense com os empresários da região, que abriram as portas para uma conversa e troca de conhecimento. Essa ponte de conhecimento só traz benefícios para ambas as partes, tanto para a inovação dessas empresas como para o crescimento profissional dos alunos que se formam no Instituto e, posteriormente, buscam oportunidades no mercado.

Referências

COSTA, Ana Cristina Rodrigues da; ROCHA, Érico Rial Pinto da. Panorama da cadeia produtiva têxtil e de confecções e a questão da inovação. BNDES Setorial, n.29, p.159-202, mar. 2009.

FEGHALI, Marta Kasznar; DWYER, Daniela. As engrenagens da moda. 2.ed. rev. atual. Rio de Janeiro: Ed. SENAC Rio, 2010. 157p. (Coleção Senac Rio: oportunidades profissionais)

FERNANDES, Ricardo Lopes. Capacitação e estratégias tecnológicas das empresas líderes da indústria têxtil-confecções no estado de Santa Catarina. 2008. 263f. Dissertação (Mestrado em Economia), Curso de Ciências Econômicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008.

FORNASIER, Cleuza Bitencourt Ribas; MARTINS, Rosane Fonseca. Metodologia facilitadora. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN, 7, 2006, Curitiba. Anais... Curitiba: AEnD-BR, 2006. 1 CD-Rom.

JORDAN, Marisa Beatriz Poletto. Processo de desenvolvimento de produto: um estudo para a indústria têxtil. 2004. 80f. Dissertação (Mestrado Profissional em Engenharia de Produção), Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004.

MENDES, Francisca Dantas; SACOMANO, José Benedito; FUSCO, José Paulo Alves. Rede de empresas: a cadeia têxtil e as estratégias de manufatura na indústria brasileira do vestuário de moda. São Paulo: Arte & Ciência, 2010.

RANGEL, Armênio de Souza. Uma agenda de competitividade para a indústria paulista. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), 2008.

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