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CORONAVÍRUS - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PERGUNTAS E RESPOSTAS

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CORONAVÍRUS - ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PERGUNTAS E RESPOSTAS

versão atualizada até ​23/06/2020 às 18:00

1. REGULAMENTAÇÃO

1​.1. O Decreto Estadual nº 64.879, de 20 de março de 2020 que reconhece o estado de calamidade pública, decorrente da pandemia do COVID-19 é aplicável aos municípios?

O reconhecimento da calamidade pública em si atinge todo o Estado de São Paulo. Ademais, a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) aprovou o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 5/2020 - convertido no Decreto Legislativo n.º 2.495/20, que reconhece o estado de calamidade pública nos 645 municípios do Estado em decorrência da pandemia causada pelo coronavírus.

Com a aprovação, terão reconhecimento de calamidade pública todos os municípios paulistas que formalizarem o pedido à Assembleia Legislativa de São Paulo. Os gestores municipais deverão encaminhar os decretos que reconhecem a situação de calamidade pública na cidade através de um e-mail institucional da Prefeitura para o endereço eletrônico sgp@al.sp.gov.br.

1.2. O Decreto Estadual nº 64.881, de 22 de março de 2020 que decretou quarentena no Estado de São Paulo, no contexto da pandemia do COVID-19 é aplicável aos municípios? Ele continua em vigência?

Sim, o Decreto atinge todos os municípios do Estado. O decreto continua em vigência, tendo inclusive seus efeitos sido prorrogados até o dia 28 de Junho de 2020 pelo Decreto 65.014, de 10 de Junho de 2020.

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2. SERVIÇOS PÚBLICOS

2.1. Durante o período de quarentena, quais serviços deverão ser mantidos? Por meio do Decreto 64.994, de 28 de maio de 2020 instituiu-se o Plano São Paulo, que possibilita aos gestores municipais a retomada gradual do atendimento presencial ao público de serviços e atividades não essenciais no âmbito de seus municípios.

O plano dividiu o Estado em regiões, conforme Diretoria Regional de Saúde (DRS) alocadas nas fases VERMELHA (1) LARANJA (2), AMARELA (3) ou VERDE (4), conforme estudos e diretrizes traçadas pela Secretaria Estadual de Saúde.

Os município inseridos nas regiões enquadrados na fase VERMELHA (1) continuam autorizados a liberar apenas o funcionamento dos serviços essenciais.

A implementação da flexibilização para as atividades não essenciais dos municípios pertencentes às regiões alocadas nas fases 2, 3 e 4 não é obrigatória, ficando a cargo de cada gestor municipal decidir pela sua realização ou não. Para adoção das medidas flexibilizadoras, o gestor deverá atender a dois pré-requisitos a saber:

‒ Adesão aos protocolos de testagem;

‒ Apresentação de fundamentação científica para liberação.

Assim, conforme consta do próprio art. 7º do Decreto Estadual 64.994/20, os municípios paulistas, conforme a fase da região alocada e cujas circunstâncias estruturais e epidemiológicas locais assim o permitirem, para autorizarem a flexibilização, o deverão fazer MEDIANTE ATO FUNDAMENTADO DE SEU(UA) PREFEITO(A), no que aqui entendemos a apresentação da fundamentação científica mencionada, embasada em informações das respectivas Secretarias Municipais de Saúde, que cite fatores locais de índices de contágio, óbitos e capacidade hospitalar relacionados à região em que o município encontra-se inserido.

Quanto ao PROTOCOLO DE TESTAGEM, que deverá igualmente ser observado pelos

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https://www.saopaulo.sp.gov.br/wp-content/uploads/2020/05/protocolo-de-testagem-c ovid-19-v02.pdf

3. CONTRATAÇÕES PÚBLICAS

3.1 A Lei 13.979/2020 instituiu uma modalidade nova de dispensa de licitação?

Sim. Trata-se de uma nova hipótese de dispensa de licitação específica para aquisição de bens, serviços e insumos destinados ao enfrentamento da pandemia.

Neste sentido, inclusive, se posicionou a AGU - Advocacia Geral da União no parecer nº 00002/2020/CNMLC/CGU/AGU:

“18. Assim sendo, a dispensa de licitação disciplinada pela Lei n. 13.979/2020 inaugura uma hipótese específica de contratação direta com uma finalidade precisa: o necessário enfrentamento da situação decorrente da ameaça representada pela COVID-19. A dispensa tratada pela novel legislação, além de possuir destinação específica, é do tipo temporária, ou seja, somente pode ser invocada enquanto perdurar a emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus.

19. Considerando a situação de extrema urgência e emergência, a lei procurou abarcar uma hipótese de contratação direta específica e temporária, em que pese guardar inspiração em algumas das disposições regulares das contratações emergenciais disciplinadas pela Lei nº 8.666/93. Note-se que as contratações diretas a serem entabuladas no âmbito da Lei nº 13.979/2020 não se confundem em absoluto com as contratações emergenciais típicas, seja pelo procedimento diferenciado tratado pela norma, seja pela aplicação direcionada e temporária”.

O próprio Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, no Comunicado SDG 14/2020 reconhece serem modalidades distintas aquela prevista no art. 4º da Lei 13.979/2020 e a prevista no art. 24, IV da Lei 8.666/93.

Neste sentido, tratando-se de modalidade instituída para desburocratizar as contratações, deve-se, no entendimento da AGU externado no parecer supracitado, “​evitar exigir como pré-requisito ou restrição à contratação qualquer medida que não seja estritamente prevista na legislação, por melhor prática que possa aparentar ser​”.

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Assim, no caso da Administração vir a formalizar contratação utilizando-se da modalidade prevista na Lei nº 13.979/2020, deve-se observar, para sua formalização, o disposto no § 2º do art. 4º da referida norma que assim dispõe:

“​Todas as contratações ou aquisições realizadas com fulcro nesta Lei serão imediatamente disponibilizadas em sítio oficial específico na rede mundial de computadores (internet), contendo, no que couber, além das informações previstas no § 3º do art. 8º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, o nome do contratado, o número de sua inscrição na Receita Federal do Brasil, o prazo contratual, o valor e o respectivo processo de contratação ou aquisição”​.

Por outro lado, caso a dispensa de licitação seja instruída com base no inciso IV do art. 24 da Lei nº 8.666/93, imprescindível a formalização do processo nos termos do art. 26 da Lei de Licitações.

Quanto à publicidade das despesas realizadas ao enfrentamento da pandemia, importante destacar trecho do Comunicado SDG 18/2020 do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, que assim dispõe acerca do assunto:

“As aquisições de bens e contratações de serviços, efetuadas com dispensa ou inexigibilidade de licitação nos termos dos artigos 24, IV e 25, da Lei Federal nº 8.666/93 ou com base na Lei Federal nº 13.979/2020, destinados ao enfrentamento do coronavírus, devem ser divulgadas em tempo real, destacadas das demais contratações ou despesas e detalhadas, no mínimo, pelos seguintes elementos:

• Número do processo de contratação ou aquisição; • Fundamento legal;

• Nome do contratado;

• Número de inscrição na Receita Federal do Brasil (CPF/CNPJ); • Objeto com detalhamento;

• Valor; • Data;

• Prazo contratual;

• Termo de referência ou edital; • Instrumento contratual; • Nota de Empenho;

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• Nota de Liquidação;

• Destinação dos bens adquiridos ou de prestação dos serviços.​“

3.2. Será possível a contratação de empresas que estejam proibidas de licitar ou contratar com o Poder Público?

Sim, quando se tratar, comprovadamente, de única fornecedora do bem ou serviço a ser adquirido.

Caso contrário, continuará valendo a regra constante da Súmula 51 do TCE/SP a saber: “​A declaração de inidoneidade para licitar ou contratar (artigo 87, IV da Lei nº 8.666/93) tem seus efeitos jurídicos estendidos a todos os órgãos da Administração Pública, ao passo que, nos casos de impedimento e suspensão de licitar e contratar (artigo 87, III da Lei nº 8.666/93 e artigo 7º da Lei nº 10.520/02), a medida repressiva se restringe à esfera de governo do órgão sancionador”​.

3.3 - Será possível a aquisição de equipamentos usados?

Sim, nos termos do que dispõe o art. 4-A da Lei 13.979/20. Contudo, no caso de aquisição de equipamento usado o fornecedor deverá se responsabilizar pelas plenas condições de uso e funcionamento do bem adquirido.

3.4. Como deverá ser elaborado o Termo de Referência ou projeto básico segundo a Lei 13.979/2020?

Admite-se a apresentação de termo de referência ou projeto básico simplificados.

O termo de referência simplificado ou o projeto básico simplificado deverá conter: a) declaração do objeto; b) fundamentação simplificada da contratação; c) descrição resumida da solução apresentada; d) - requisitos da contratação; e) critérios de medição e pagamento; f) estimativa de preços e g) reserva orçamentária.

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3.5. C​omo deverá ser realizada a estimativa de preços dos objetos a serem contratados por meio da Lei 13.979/2020?

A estimativa de preços da dispensa de licitação ou da licitação a ser instaurada deverá possuir, NO MÍNIMO, ​um dos seguintes parâmetros: a) Portal de Compras do Governo Federal; b) pesquisa publicada em mídia especializada; c) sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo; d) contratações similares de outros entes públicos; ou e) pesquisa realizada com os potenciais fornecedores.

Salienta-se que a Lei mencionou UM dos parâmetros acima, não estabelecendo uma ordem sequencial e necessária.

Mediante justificativa do órgão, a estimativa de preços poderá ser dispensada (art. 4-E). Essa hipótese poderá ser aplicada no caso de, em tempo razoável, não ser possível a obtenção dos três orçamentos, fornecedor único ou no caso da situação emergencial ser tão premente que não seja possível a sua realização.

O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, no Comunicado SDG 14/2020, assim se posicionou quanto à questão dos orçamentos nos processos de compras de bens e serviços para o enfrentamento da pandemia:

“​Ressalta-se que as contratações para atendimento da emergência ou calamidade pública, com fundamento na Lei Federal nº 13.979/2020 ou no artigo 24, IV, da Lei Federal nº 8.666/93, devem demonstrar a devida pertinência em relação à situação concreta, com pesquisa de preços comprovada por documentos idôneos e ampla divulgação no Portal de Transparência​”.

Do trecho colacionado acima, vemos que o Tribunal não irá mitigar a exigência de realização de pesquisa prévia de preços, devendo, portanto, as disposições constantes do artigo 4-E da Lei 13.979/2020 serem usadas com cautela pelos Administradores.

3.6. Posso contratar serviços ou adquirir bens por valores superiores ao estimado?

Sim. A Lei está atenta a essa variação de preços, em razão da demanda. Variação essa que pode ocorrer até num mesmo dia. Por isso, a Lei prevê no parágrafo 3º do art. 4-E

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a possibilidade de contratação por preços até superiores ao estimado, decorrentes de oscilações ocasionadas pela variação de preços, mediante justificativa nos autos.

Todavia, cumpre destacarmos que de acordo com o Comunicado SDG 14/2020, para o E. TCESP ​“as contratações para atendimento da emergência ou calamidade pública, com fundamento na Lei Federal nº 13.979/2020 ou no artigo 24, IV, da Lei Federal nº 8.666/93, devem demonstrar a devida pertinência em relação à situação concreta, com pesquisa de preços comprovada por documentos idôneos e ampla divulgação no Portal de Transparência”​, a demonstrar o cuidado que o administrador deve ter ​para que o preço praticado esteja de acordo com o de mercado, evitando o sobrepreço.

3.7. Quais documentos poderão ser dispensados para a habilitação dos licitantes?

Na hipótese de haver restrição de fornecedores ou prestadores de serviço, poderá ser dispensada a apresentação de certidões de regularidade fiscal e trabalhista ou ainda o cumprimento de um ou mais requisitos de habilitação, ficando, mantida, portanto, a obrigatoriedade de apresentação de prova de regularidade relativa à Seguridade Social e o cumprimento do disposto no inciso XXXIII do caput do art. 7º da Constituição.

3.8. ​As contratações com base na Lei 13.979/2020 poderão ser realizadas através de pregão?

A Lei faculta a realização das contratações seja por meio de pregão presencial, seja por meio de pregão eletrônico, privilegiando-se, no nosso entender, este último, haja vista que nesta modalidade não há possibilidade de haver aglomeração de pessoas.

Importante salientar que a Lei traz novos prazos para a realização do certame na modalidade pregão (diferentes dos estabelecidos na Lei 10.520/02), apenas para aquisições de bens e serviços atinentes ao atendimento da pandemia.

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O prazo de publicidade foi reduzido à metade, e o edital só precisará ser disponibilizado pelo prazo de 4 (quatro) dias úteis.

O prazo de impugnação do Edital será de 1 (um) dia, assim como os prazos para apresentação de razões e contrarrazões de recurso.

Os recursos nos procedimentos licitatórios somente terão efeito devolutivo.

Assim, considerando a flexibilização do procedimento do pregão, importante frisar que as compras emergenciais deverão ser justificadas e deverão restringir-se aos bens e serviços necessários ao cumprimento de situação urgente que efetivamente não possa aguardar o deslinde do competente procedimento licitatório.

3.9. Os contratos celebrados em decorrência dos procedimentos formalizados com base na Lei 13.979/2020 tem alguma peculiaridade?

Sim. Os contratos, mesmo os decorrentes de licitação dispensável, deverão ter duração de até seis meses, prorrogáveis por períodos sucessivos enquanto perdurar a situação de emergência de saúde pública.

O objeto contratado poderá ser acrescido ou suprimido em até 50% (cinquenta por cento) do valor inicial atualizado do ajuste.

3.10. ​Os contratos celebrados em decorrência da Lei 13.979/20 devem ser publicados?

Sim. A Lei não flexibiliza a obrigatoriedade de publicação dos contratos administrativos, nos termos do parágrafo único do art. 61 da Lei 8.666/93.

3.11. Há algum modelo a ser observado para a formalização das dispensas fundamentadas na Lei nº 13.979/2020?

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O Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, através do Comunicado SDG 14/2020, recomendou a utilização dos modelos de “​contratações fundamentadas na Lei nº 13.979/2020 - que dispõe sobre o enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do coronavírus (COVID 19) -, elaborados a partir de insumos obtidos junto à Consultoria-Jurídica da União no Estado do Rio Grande do Sul, à Secretaria de Gestão do Ministério da Economia e à Consultoria Jurídica do

Ministério da Saúde. (modelos disponíveis no site

http://www.agu.gov.br/page/content/detail/id_conteudo/908837​).

Ademais, mais recentemente, o Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, através da Nota Técnica SDG nº 155, emitida para orientar a ação da Fiscalização de referida Corte no acompanhamento das Contas de 2020 e nos pontos prioritários de controle dos atos e despesas decorrentes da situação de emergência ou do estado de calamidade pública decretados em função do enfrentamento da pandemia do Coronavírus (Covid 19) pelos órgãos jurisdicionados ao Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, destaca os pontos que devem ser observados para a formalização das dispensas fundamentadas na Lei 13.979/2020. Vejamos:

- verificar a destinação da aquisição (enfrentamento da emergência de saúde pública decorrente do Coronavírus), os elementos descritos nos artigos 4º-A a 4º-I;

- Divulgação em tempo real (dia útil imediatamente anterior), no mínimo, de todas as contratações ou aquisições relacionadas ao combate da pandemia em sítio oficial específico na rede mundial de computadores (internet), contendo, no que couber, além das informações previstas no § 3º do art. 8º da Lei nº 12.527, de 18 de novembro de 2011, o nome do contratado, o número de sua inscrição na Receita Federal do Brasil, o prazo contratual, o valor e o respectivo processo de contratação ou aquisição;

- Termo de referência simplificado ou projeto básico simplificado, contendo: declaração do objeto, fundamentação simplificada, descrição resumida da solução encontrada, requisitos da contratação, critérios de medição e pagamento, pesquisas de preços e adequação orçamentária;

- Estimativas (pesquisas) de preços comprovada por, no mínimo, um dos parâmetros (Portal de Compras do Governo Federal ou local pesquisa publicada em mídia

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especializada, sítios eletrônicos especializados ou de domínio amplo, contratações similares de outros entes públicos, pesquisa realizada com potenciais fornecedores); - Justificativas nos autos por ocasião da dispensa das pesquisas de preços;

- Justificativas nos autos nas aquisições por valores superiores aos pesquisados decorrentes de oscilações de preços no mercado;

- Justificativas nos autos nas situações de restrições de fornecedores ou de prestadores de serviço, podendo ser dispensados alguns requisitos de habilitação, exceto a prova de regularidade relativa à Seguridade Social e o cumprimento do inciso XXXIII do art.7º da Constituição;

- Duração do contrato por até seis meses e prorrogação por períodos sucessivos, enquanto perdurar a situação de emergência de saúde pública;

- Possibilidade de previsão de aceitação por parte dos contratados de acréscimos ou supressões ao objeto contratado, em até 50% do valor inicial atualizado do contrato.

3.12. É possível a adoção do Sistema de Registro de Preços quando a despesa for realizada por dispensa de licitação fundamentada no art. 4º da Lei 13.979/20?

Em 15 de abril de 2020, foi publicada a Medida Provisória (MP) nº 951, que altera a Lei nº 13.979, de 2020, e estabelece normas sobre compras públicas, sanções em matéria de licitação e certificação digital e dá outras providências.

Entre as alterações promovidas pela referida MP sobre contratações públicas, temos a possibilidade de utilizar, na hipótese de dispensa de licitação, o sistema de registro de preço (SRP).

Dessa forma, os órgãos e entidades poderão utilizar o SRP de que trata o inciso II do caput do art. 15 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, regulamentado pelo Decreto nº 7.892, de 23 de janeiro de 2013, nas contratações por dispensa formalizadas nos termos do art. 4º da Lei 13.979/20.

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Contudo, importante destacar que o SRP só poderá ser usado na dispensa de licitação para aquisição de bens ou serviços quando a compra ou contratação for feita por mais de um órgão público.

Outra inovação trazida pela MP é que esta permite que o ente federativo adote o regulamento federal - Decreto nº 7.892, de 2013 - caso não exista regulamento próprio.

A legislação permite ainda que outros órgãos solicitem adesão à licitação ao órgão gerenciador do processo, para reduzir a burocracia das compras.

O prazo para que um órgão aguarde as manifestações de adesões em um registro de preço também foi reduzido de oito dias úteis, para até quatro dias úteis, o que igualmente deve acelerar os procedimentos de compras.

A MP determina ainda que as licitações na modalidade pregão (presencial ou eletrônico), realizadas no Sistema de Registro de Preço, sejam consideradas compras nacionais.

3.13. Como a aprovação da Emenda Constitucional nº 106/20, a pessoa jurídica em débito com o sistema de seguridade social poderá contratar com o Poder Público?

A Emenda Constitucional n.º 106, publicada no DOU de 08/05/2020, autorizou a adoção do regime extraordinário de contratações para atender às necessidades decorrentes do estado de calamidade pública nacional reconhecido pelo Congresso Nacional, em razão de emergência de saúde pública decorrente da Pandemia do COVID-19.

O parágrafo único do art. 3º da EC 106/20, autoriza a contratação de pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, afastando a exigência do parágrafo 3º do art. 195 da Constituição Federal. Vejamos:

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Parágrafo único. Durante a vigência da calamidade pública nacional de que trata o art. 1º desta Emenda Constitucional, não se aplica o disposto no § 3º do art. 195 da Constituição Federal.”

Por seu turno, assim estabelece o parágrafo 3º do art. 195 da Constituição Federal: “Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e das seguintes contribuições sociais: (...)

§ 3º A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, como estabelecido em lei, não poderá contratar com o Poder Público nem dele receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios.”

Assim, com a edição da Emenda Constitucional, fica dispensada a comprovação de regularidade para com a Previdência Social para as contratações públicas realizadas para o enfrentamento da pandemia, durante a vigência do estado de calamidade pública nacional reconhecida pelo Congresso Nacional em razão da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente da pandemia.

3.14. Houve alguma flexibilização quanto ao prazo de apresentação do Balanço Patrimonial em decorrência da pandemia do coronavírus?

O Governo Federal editou a Medida Provisória nº 931/2020, em 30/03/2020, que garante às empresas mais tempo para fazer suas Assembleias Gerais Ordinárias prorrogando, deste modo, o prazo para aprovação do balanço patrimonial do último exercicio das pessoas jurídicas.

Na prática, segundo o texto da MP 931/2020, Sociedades Anônimas, Companhias Limitadas e Cooperativas que tiveram exercícios sociais encerrados entre 31 de dezembro de 2019 e 31 de março de 2020, deverão realizar a assembleia no prazo de sete meses contados do encerramento do respectivo exercício social, conforme estabelecido no contrato social e/ou estatuto constitutivo da pessoa jurídica.

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“Art. 1º A sociedade anônima cujo exercício social se encerre entre 31 de dezembro de 2019 e 31 de março de 2020 poderá, excepcionalmente, realizar a assembleia geral ordinária a que se refere o art. 132 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, no prazo de sete meses, contado do término do seu exercício social.

§ 1º Disposições contratuais que exijam a realização da assembleia geral ordinária em prazo inferior ao estabelecido no caput serão consideradas sem efeito no exercício de 2020.

§ 2º Os prazos de gestão ou de atuação dos administradores, dos membros do conselho fiscal e de comitês estatutários ficam prorrogados até a realização da assembleia geral ordinária nos termos do disposto no caput ou até que ocorra a reunião do conselho de administração, conforme o caso.

§ 3º Ressalvada a hipótese de previsão diversa no estatuto social, caberá ao conselho de administração deliberar, ad referendum, assuntos urgentes de competência da assembleia geral.

§ 4º Aplicam-se as disposições deste artigo às empresas públicas, às sociedades de economia mista e às subsidiárias das referidas empresas e sociedades.

Art. 2º Até que a assembleia geral ordinária a que se refere o art. 1º seja realizada, o conselho de administração, se houver, ou a diretoria poderá, independentemente de reforma do estatuto social, declarar dividendos, nos termos do disposto no art. 204 da Lei nº 6.404, de 1976.

Art. 3º Excepcionalmente durante o exercício de 2020, a Comissão de Valores Mobiliários poderá prorrogar os prazos estabelecidos na Lei nº 6.404, de 1976, para companhias abertas.

Parágrafo único. Competirá à Comissão de Valores Mobiliários definir a data de apresentação das demonstrações financeiras das companhias abertas.

Art. 4º A sociedade limitada cujo exercício social se encerre entre 31 de dezembro de 2019 e 31 de março de 2020 poderá, excepcionalmente, realizar a assembleia de sócios a que se refere o art. 1.078 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil no prazo de sete meses, contado do término do seu exercício social.

§ 1º Disposições contratuais que exijam a realização da assembleia de sócios em prazo inferior ao estabelecido no caput serão consideradas sem efeito no exercício de 2020.

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§ 2º Os mandatos dos administradores e dos membros do conselho fiscal previstos para se encerrarem antes da realização da assembleia de sócios nos termos previstos no caput ficam prorrogados até a sua realização.

Art. 5º A sociedade cooperativa e a entidade de representação do cooperativismo poderão, excepcionalmente, realizar a assembleia geral ordinária a que se refere o art. 44 da Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971, ou o art. 17 da Lei Complementar nº 130, de 17 de abril de 2009, no prazo de sete meses, contado do término do seu exercício social.

Parágrafo único. Os mandatos dos membros dos órgãos de administração e fiscalização e dos outros órgãos estatutários previstos para se encerrarem antes da realização da assembleia geral ordinária nos termos previstos no caput ficam prorrogados até a sua realização”.

Temos, portanto, uma flexibilização da regra da lei que dispõe que a aprovação do exercício social deverá ser realizada dentro dos quatro meses subsequentes ao término do exercício, prazo este que normalmente finda-se em abril de cada ano, considerando que o exercício social de parte considerável das empresas coincide com o ano civil. Vale lembrar que a aprovação das demonstrações financeiras que incluem, entre outros atos, o balanço patrimonial, demonstrações de resultado, de lucros e prejuízos é efetuado pela Assembleia Geral Ordinária.

Assim, caso o certame exija a apresentação de balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício social, já exigíveis, nos termos do disposto no art. 31, I da Lei 8.666/93, as empresas poderão apresentar o documento encerrado de 2018, já que o balanço de 2019 ainda não será exigível, uma vez que o prazo para realização da Assembleia Geral Ordinária foi prorrogado pela MP 931/2020.

3.15. As inovações trazidas pela Medida Provisória nº 961, de 06 de maio de 2020 (que autoriza pagamentos antecipados nas licitações e nos contratos, adequa os limites de dispensa de licitação e amplia o uso do Regime

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Diferenciado de Contratações Públicas), estão relacionadas apenas às contratações atinentes ao combate à pandemia do coronavírus?

As inovações trazidas pela MP 961/2020 aplicam-se a todas as compras e contratações públicas a serem realizadas a partir da sua edição e, enquanto perdurar o estado de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 06, de 20 de março de 2020. Ou seja, as disposições da referida MP não estão associadas apenas às contratações e aquisições para o enfrentamento da pandemia do COVID-19, sendo estas, excepcionalmente, abarcadas na Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020, alterada pela Medida Provisória nº 926, de 20 de março de 2020.

3.16. A alteração do limite de valor para compras e contratações diretas trazida pela MP 961/2020 modificou, de alguma forma, as faixas de valores que estabelecem as demais modalidades de licitação previstas na Lei nº 8.666/93?

Não. A fixação destes novos valores limites para compras e contratações sem o precedente procedimento licitatório não alterou os valores para as demais modalidades de licitação, mantendo-se inalterados aqueles consignados no art. 23 da Lei nº 8.666/93 para definição das modalidades de licitação convite, tomada de preços e concorrência.

3.17. Com base na MP 961/2020, em qualquer situação pode ser antecipado o pagamento do fornecedor?

Não. A Medida Provisória estabelece apenas duas hipóteses que autorizam a antecipação de pagamento nas compras e contratações públicas, quais sejam: condição indispensável para obter o bem ou assegurar a prestação do serviço, ou quando ensejar significativa economia de recursos, devendo tais hipóteses serem devidamente fundamentadas e demonstradas no processo de compras e/ou licitação.

3.18. Nas compras e contratações hoje em andamento, caso o vencedor requeira a antecipação do pagamento justificando ser esta uma condição

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indispensável para assegurar o fornecimento do bem a ele adjudicado, pode a Administração deferir referido pedido com base na MP 961/2020?

Não. A possibilidade de antecipação do pagamento, além de atender aos pré-requisitos do inciso II do art. 1º da MP 961/2020 deve, obrigatoriamente, estar prevista no instrumento que preceder a despesa, seja no edital ou em instrumento formal de adjudicação direta.

4. SERVIDORES PÚBLICOS​ E AGENTES POLÍTICOS

4.1. Servidores públicos pertencentes ao grupo de risco devem continuar prestando serviços?

O protocolo de testagem elaborado pelo Governo do Estado de São Paulo, cuja adesão é obrigatório para adoção das medidas flexibilizadoras quarentena e de retomada da economia recomenda que os servidores que possuam fatores de risco para Covid-19 realizem trabalho Home office (se aplicável) ou sejam afastados de suas funções. Assim, nossa orientação é que o município edite decreto neste mesmo sentido, determinando que os servidores públicos pertencentes ao grupo de risco, quando possível, executem seus serviços mediante teletrabalho, mesmo aqueles que exerçam atividades tidas como essenciais.

Quando da impossibilidade da prestação dos serviços mediante teletrabalho, deve o decreto municipal dispor das opções de determinar o gozo imediato de férias regulamentares e licença-prêmio.

Tais medidas, inclusive, foram chanceladas pelo E. TCESP, que através do Comunicado SDG 14/2020, de 03/04/2020, dispôs que ​“Cabe à administração local verificar e organizar a melhor forma para cumprimento da jornada de trabalho, levando em conta a utilização das ferramentas tecnológicas (teletrabalho), compensação da jornada de trabalho, banco de horas (onde for adotado), antecipação de feriados ou férias e outras medidas de interesse público.”

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4.2. Quais medidas devem ser adotadas caso se verifique que o contingente de pessoal (saúde e assistência social) é insuficiente para o atendimento da crescente demanda durante a pandemia?

Caso seja necessário, o município poderá realizar a contratação de mão de obra para substituição dos servidores afastados ou até mesmo para aumento do número de agentes nos termos do inciso IX do art. 37 da Constituição Federal (contratação temporária de servidores para atender à necessidade de excepcional interesse público). Neste caso, deve-se observar a legislação municipal que dispõe sobre a contratação por tempo determinado, a qual deverá ser precedida de processo seletivo simplificado, devendo ser devidamente justificada a impossibilidade, nos termos do TC-A-15248/026/04 (​Artigo 1º - A admissão de pessoal por prazo determinado para atendimento de situação de excepcional interesse público deve, sempre, ser precedida de processo seletivo, salvo os casos de comprovada emergência que impeçam sua realização​).

Nesta mesma linha segue o Comunicado SDG 14/2020, de 03/04/2020, através do qual a E. Corte de Contas Paulista esclarece que as contratações emergenciais, destinadas exclusivamente às situações decorrentes da calamidade pública, devem seguir os termos dispostos na legislação local, dispensando-se as exigências de criação de cargos, todavia devendo ser observados sempre os princípios da impessoalidade e da transparência, os quais também devem ser respeitados quando da autorização de pagamentos extraordinários.

Outrossim, a contratação por tempo determinado para crescente demanda em função do enfrentamento da pandemia durante o período de calamidade pública é uma das únicas exceções previstas no art. 8º da Lei Complementar nº 173/2020 que como sabido proibiu de forma geral o aumento de despesa com pessoal até 31 de dezembro de 2021.

Vejamos:

Art. 8º Na hipótese de que trata o art. 65 da Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios afetados

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pela calamidade pública decorrente da pandemia da Covid-19 ficam proibidos, até 31 de dezembro de 2021, de:

I - conceder, a qualquer título, vantagem, aumento, reajuste ou adequação de remuneração a membros de Poder ou de órgão, servidores e empregados públicos e militares, exceto quando derivado de sentença judicial transitada em julgado ou de determinação legal anterior à calamidade pública;

II - criar cargo, emprego ou função que implique aumento de despesa; III - alterar estrutura de carreira que implique aumento de despesa;

IV - admitir ou contratar pessoal, a qualquer título, ressalvadas as reposições de cargos de chefia, de direção e de assessoramento que não acarretem aumento de despesa, as reposições decorrentes de vacâncias de cargos efetivos ou vitalícios, as contratações temporárias de que trata o inciso IX do caput do art. 37 da Constituição Federal, as contratações de temporários para prestação de serviço militar e as contratações de alunos de órgãos de formação de militares; V - realizar concurso público, exceto para as reposições de vacâncias previstas no inciso IV;

VI - criar ou majorar auxílios, vantagens, bônus, abonos, verbas de representação ou benefícios de qualquer natureza, inclusive os de cunho indenizatório, em favor de membros de Poder, do Ministério Público ou da Defensoria Pública e de servidores e empregados públicos e militares, ou ainda de seus dependentes, exceto quando derivado de sentença judicial transitada em julgado ou de determinação legal anterior à calamidade;

VII - criar despesa obrigatória de caráter continuado, ressalvado o disposto nos §§ 1º e 2º;

VIII - adotar medida que implique reajuste de despesa obrigatória acima da variação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), observada a preservação do poder aquisitivo referida no inciso IV do caput do art. 7º da Constituição Federal;

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IX - contar esse tempo como de período aquisitivo necessário exclusivamente para a concessão de anuênios, triênios, quinquênios, licenças-prêmio e demais mecanismos equivalentes que aumentem a despesa com pessoal em decorrência da aquisição de determinado tempo de serviço, sem qualquer prejuízo para o tempo de efetivo exercício, aposentadoria, e quaisquer outros fins.

§ 1º O disposto nos incisos II, IV, VII e VIII do caput deste artigo não se aplica a medidas de combate à calamidade pública referida no caput cuja vigência e efeitos não ultrapassem a sua duração.

§ 2º O disposto no inciso VII do caput não se aplica em caso de prévia compensação mediante aumento de receita ou redução de despesa, observado que:

I - em se tratando de despesa obrigatória de caráter continuado, assim compreendida aquela que fixe para o ente a obrigação legal de sua execução por período superior a 2 (dois) exercícios, as medidas de compensação deverão ser permanentes; e

II - não implementada a prévia compensação, a lei ou o ato será ineficaz enquanto não regularizado o vício, sem prejuízo de eventual ação direta de inconstitucionalidade.

§ 3º A lei de diretrizes orçamentárias e a lei orçamentária anual poderão conter dispositivos e autorizações que versem sobre as vedações previstas neste artigo, desde que seus efeitos somente sejam implementados após o fim do prazo fixado, sendo vedada qualquer cláusula de retroatividade.

§ 4º O disposto neste artigo não se aplica ao direito de opção assegurado na Lei nº 13.681, de 18 de junho de 2018, bem como aos respectivos atos de transposição e de enquadramento.

§ 5º O disposto no inciso VI do caput deste artigo não se aplica aos profissionais de saúde e de assistência social, desde que relacionado a medidas de combate à calamidade pública referida no caput cuja vigência e efeitos não ultrapassem a sua duração.

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4.3. Para suprir demanda de serviços eventualmente prestados por servidores, especificamente em função da pandemia do covid-19, o município pode contratar empresas para prestar referidos serviços?

A contratação de empresas deve ser priorizada para prestação de serviços e não reposição ou complementação de mão de obra pura e simplesmente.

Eventual contratação de empresa para prestação de serviços médicos, por exemplo, somente poderá ser levada a efeito, desde que esgotadas as possibilidades de contratação temporária. Ou seja, trata-se de situação excepcional que deverá ser devidamente fundamentada e comprovada nos autos do processo administrativo.

4.4. Para suprir demanda de serviços eventualmente prestados por servidores, especificamente em função da pandemia do covid-19, o município pode contratualizar com entidades do terceiro setor?

A contratualização com o terceiro setor, seja através das parcerias da Lei nº 13.019/2014, seja através de convênios nos termos do art. 116 da Lei nº 8.666/93, da mesma forma da resposta antecedente, devem priorizar a prestação de serviços e não reposição ou complementação de mão de obra pura e simplesmente.

4.5.  ​A Redução dos Subsídios dos Deputados Estaduais realizada através da Resolução nº 922/2020 da Assembleia Legislativa de São Paulo tem algum reflexo no Município?

Sim, uma vez que a fixação dos subsídios dos Agentes Políticos do Poder Legislativo Municipal leva em consideração, dentre outros fatores, o subsídio do Deputado Estadual do Estado no qual o município está situado.

O inciso VI do art. 29 da Constituição Federal, estabelece como um dos limites máximos à remuneração dos Vereadores, conforme a população do município, percentuais dos subsídios dos Deputados Estaduais:

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“Art. 29. (...)

VI - O subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas Câmaras Municipais em cada legislatura para a subsequente, observado o que dispõe esta Constituição, observados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica e os seguintes limites máximos:

a) em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

b) em Municípios de dez mil e um a cinquenta mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

c) em Municípios de cinquenta mil e um a cem mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

d) em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a cinquenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

e) em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;

f) em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;”

Dessa forma, imperioso se faz aos municípios, neste momento, especialmente às Câmaras Municipais, reavaliarem os valores dos subsídios de seus Vereadores e Presidentes de Câmara, a fim de verificar se os mesmos, após a alteração dos subsídios dos Deputados Estaduais, permanecem enquadrados no limite estabelecido pelo artigo 29, VI, da Constituição Federal e, caso tenham superado o limite fixado, será necessária a aprovação de novo ato (Lei ou Resolução considerando o instrumento utilizado para o ato fixatório), a fim de reduzi-los para se adequarem ao quanto estabelecido na Constituição Federal, sob pena de rejeição das Contas da Câmara Municipal e até mesmo devolução dos valores eventualmente pagos a maior.

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5. MEDIDAS RESTRITIVAS E FLEXIBILIZADORAS

5.1. Quais entes da Federação (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) são legitimados para impor as medidas restritivas previstas na Lei 13.979/2020?

O art. 3º da Lei 13.979 é que traz o rol das medidas restritivas que podem ser adotadas para o enfrentamento da pandemia.

Especialmente após a edição da MP 926/20, observou-se um esvaziamento da responsabilidade constitucional, atribuída a todos os entes, para cuidarem da saúde, dirigirem o sistema único e executarem ações de vigilância sanitária e epidemiológica, reservando à União a competência exclusiva para a adoção de tais medidas.

Diante dessa situação, o Partido Democrático Trabalhista – PDT ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade - ​ADI 6341 - com a finalidade de ver declarada a incompatibilidade parcial, com a Constituição Federal, relativamente às alterações promovidas no artigo 3º, caput, incisos I, II e VI, e parágrafos 8º, 9º, 10 e 11 pela referida medida provisória.

O Ministro Marco Aurélio, em decisão prolatada nos autos da MEDIDA CAUTELAR NA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE ​6.341​, estabeleceu que:

“A cabeça do ​artigo 3º sinaliza​, a mais não poder, a quadra vivenciada, ao referir-se ao enfrentamento da emergência de saúde pública, de importância internacional, decorrente do coronavírus. Mais do que isso, revela ​o endosso a atos de autoridades, no âmbito das respectivas competências, visando o isolamento, a quarentena, a restrição excepcional e temporária, conforme recomendação técnica e fundamentada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por rodovias, portos ou aeroportos de entrada e saída do País, bem como locomoção interestadual e intermunicipal.

Seguem-se os dispositivos impugnados. O ​§ 8º versa a preservação do exercício e funcionamento dos ​serviços públicos e atividades essenciais​. O ​§ 9º ​atribui ao Presidente da República, mediante decreto, a definição dos serviços e

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atividades enquadráveis​. Já o ​§ 10 prevê que somente poderão ser adotadas as medidas em ato específico, ​em articulação prévia com o órgão regulador ou o poder concedente ou autorizador​. Por último, o ​§ 11 veda restrição à circulação de trabalhadores que possa afetar o funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais.

Vê-se que a medida provisória, ante quadro revelador de urgência e necessidade de disciplina, foi editada com a finalidade de mitigar-se a crise internacional que chegou ao Brasil, muito embora no território brasileiro ainda esteja, segundo alguns técnicos, embrionária. Há de ter-se a visão voltada ao coletivo, ou seja, à saúde pública, mostrando-se interessados todos os cidadãos. ​O artigo 3º, cabeça, remete às atribuições, das autoridades, quanto às medidas a serem implementadas. Não se pode ver transgressão a preceito da Constituição Federal. As providências não afastam atos a serem praticados por Estado, o Distrito Federal e Município considerada a competência concorrente na forma do artigo 23, inciso II, da Lei Maior​.

Também não vinga o articulado quanto à reserva de lei complementar. Descabe a óptica no sentido de o tema somente poder ser objeto de abordagem e disciplina mediante lei de envergadura maior. Presentes urgência e necessidade de ter-se disciplina geral de abrangência nacional, há de concluir-se que, a tempo e modo, atuou o Presidente da República – Jair Bolsonaro – ao editar a Medida Provisória. ​O que nela se contém – repita-se à exaustão – não afasta a competência concorrente, em termos de saúde, dos Estados e Municípios.

Surge acolhível o que pretendido, sob o ângulo acautelador, no item a.2 da peça inicial, assentando-se, no campo, ​há de ser reconhecido, simplesmente formal, que a disciplina decorrente da Medida Provisória nº 926/2020, no que imprimiu nova redação ao artigo 3º da Lei federal nº 9.868/1999, não afasta a tomada de providências normativas e administrativas pelos Estados, Distrito Federal e Municípios.

3. ​Defiro, em parte, a medida acauteladora, para tornar explícita, no campo pedagógico e na dicção do Supremo, a competência concorrente​.”

Com essa decisão, ficou explícita a competência concorrente entre União, Estados e Municípios para determinar a adoção das medidas previstas nos incisos do artigo 3º da

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Lei 13.979/20, especificamente o isolamento, quarentena, a restrição excepcional e temporária, conforme recomendação técnica e fundamentada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, por rodovias, portos ou aeroportos de entrada e saída do País, bem como locomoção interestadual e intermunicipal, sendo importante ressaltar que caso sejam adotadas pelo Executivo Municipal tais medidas, estas deverão resguardar o exercício e o funcionamento de serviços públicos e atividades essenciais (§ 8º).

O Supremo Tribunal Federal, em sessão do último dia 15/04/2020, por maioria, referendou a medida cautelar deferida pelo Ministro Marco Aurélio (cujo trecho foi colacionado acima), acrescida de interpretação, conforme à Constituição, do § 9º do art. 3º da Lei nº 13.979, a fim de explicitar que, preservada a atribuição de cada esfera de governo, nos termos do inciso I do art. 198 da Constituição, o Presidente da República poderá dispor, mediante decreto, sobre os serviços públicos e atividades essenciais. O Acórdão ainda não foi redigido.

Temos, portanto, que com essa decisão o E. STF reconhece a ​competência concorrente dos entes federados para a ​ADOÇÃO DAS MEDIDAS RESTRITIVAS​, desde que respeitados os requisitos legais para tanto​, uma vez que entende que a Lei 13.979/20, com redação dada pela MP 926/20, não fere a Constituição Federal (art. 23, II).

Tal entendimento é reforçado pela decisão proferida no âmbito da ​ADI 6343​, pelo Pleno do Supremo Tribunal Federal, oportunidade em que foi reforçado pelos Ministros da Corte que ​Estados e Municípios, no âmbito de suas competências e em seus territórios, podem adotar medidas de restrição, sem a necessidade de autorização do Ministério da Saúde​.

Segundo a mesma decisão, a União também tem competência para a decretação das mesmas medidas, no âmbito de suas atribuições, quando houver interesse nacional. A Corte decidiu ainda que a adoção de medidas restritivas relativas à locomoção e ao transporte, por qualquer dos entes federativos, deve estar embasada em recomendação técnica fundamentada de órgãos da vigilância sanitária e tem de preservar o transporte de produtos e serviços essenciais, assim definidos nos decretos da autoridade

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federativa competente, reforçando o disposto no parágrafo 1º do art. 3º da Lei 13.979/20.

5.2. Os municípios podem adotar medidas flexibilizadoras para além do quanto estabelecido no Anexo III do Decreto 64.994, de 28 de Maio de 2020?

A questão quanto à adoção de medidas mais brandas àquelas fixadas pelos Estados que decretaram quarentena, foi tratada pelo Ministro Alexandre de Moraes, que em decisão prolatada nos autos da ​ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL 672​, assim se posiciona quanto ao tema:

“​A adoção constitucional do Estado Federal gravita em torno do princípio da autonomia das entidades federativas, que pressupõe repartição de competências legislativas, administrativas e tributárias.

Em relação à saúde e assistência pública, inclusive no tocante à organização do abastecimento alimentar, a Constituição Federal consagra, nos termos dos incisos II e IX, do artigo 23, a existência de competência administrativa comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios.

Igualmente, nos termos do artigo 24, XII, o texto constitucional prevê competência concorrente entre União e Estados/Distrito Federal para legislar sobre proteção e defesa da saúde; permitindo, ainda, aos Municípios, nos termos do artigo 30, inciso II, a possibilidade de suplementar a legislação federal e a estadual no que couber, desde que haja interesse local; devendo, ainda, ser considerada a descentralização político-administrativa do Sistema de Saúde (art. 198, CF, e art. 7º da Lei 8.080/1990), com a consequente descentralização da execução de serviços e distribuição dos encargos financeiros entre os entes federativos, inclusive no que diz respeito às atividades de vigilância sanitária e epidemiológica (art. 6º, I, da Lei 8.080/1990).

As regras de repartição de competências administrativas e legislativas deverão ser respeitadas na interpretação e aplicação da Lei 13.979/20, do Decreto Legislativo 6/20 e dos Decretos presidenciais 10.282 e 10.292, ambos de 2020, observando-se, de “maneira explícita”, como bem ressaltado pelo eminente Ministro MARCO AURÉLIO, ao

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conceder medida acauteladora na ADI 6341, “no campo pedagógico e na dicção do Supremo, a competência concorrente”.

Dessa maneira, não compete ao Poder Executivo Federal afastar, unilateralmente, as decisões dos governos estaduais, distrital e municipais que, no exercício de suas competências constitucionais, adotaram ou venham a adotar, no âmbito de seus respectivos territórios, importantes medidas restritivas como a imposição de distanciamento/isolamento social, quarentena, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas, entre outros mecanismos reconhecidamente eficazes para a redução do número de infectados e de óbitos, como demonstram a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) e vários estudos técnicos científicos, como por exemplo, os estudos realizados pelo Imperial College of London, a partir de modelos matemáticos (The Global Impact of COVID-19 and Strategies for Mitigation and Suppression, vários autores; Impact of non-pharmaceutical interventions (NPIs) to reduce COVID19 mortality and healthcare demand, vários autores).

Presentes, portanto, a plausibilidade inequívoca de eventual conflito federativo e os evidentes riscos sociais e à saúde pública com perigo de lesão irreparável, CONCEDO PARCIALMENTE A MEDIDA CAUTELAR na arguição de descumprimento de preceito fundamental, ad referendum do Plenário desta SUPREMA CORTE, com base no art. 21, V, do RISTF, para DETERMINAR a efetiva observância dos artigos 23, II e IX; 24, XII; 30, II e 198, todos da Constituição Federal na aplicação da Lei 13.979/20 e dispositivos conexos, RECONHECENDO E ASSEGURANDO O EXERCÍCIO DA COMPETÊNCIA CONCORRENTE DOS GOVERNOS ESTADUAIS E DISTRITAL E SUPLEMENTAR DOS GOVERNOS MUNICIPAIS, cada qual no exercício de suas atribuições e no âmbito de seus respectivos territórios, para a adoção ou manutenção de medidas restritivas legalmente permitidas durante a pandemia, tais como, a imposição de distanciamento/isolamento social, quarentena, suspensão de atividades de ensino, restrições de comércio, atividades culturais e à circulação de pessoas, entre outras; INDEPENDENTEMENTE DE SUPERVENIÊNCIA DE ATO FEDERAL EM SENTIDO CONTRÁRIO, sem prejuízo da COMPETÊNCIA GERAL DA UNIÃO para estabelecer medidas restritivas em todo o território nacional, caso entenda necessário.”

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Vale consignar que a decisão acima colacionada continua produzindo efeitos, ao menos até que os autos sejam submetidos ao Pleno do STF.

Assim, nos termos do posicionamento adotado pelo Ministro Alexandre de Moraes, sendo proibido ao Presidente da República a adoção de medidas contrárias àquelas adotadas pelos Governadores, nem precisamos dizer que também será defeso aos Prefeitos Municipais, que possuem apenas competência suplementar em matéria de proteção e defesa de saúde, adotar medidas contrárias, flexibilizando, assim, as medidas da quarentena para além do quanto estabelecido no Anexo III do Decreto Estadual n.º 64.944, de 28 de Maio de 2020.

6. CONTABILIDADE

6.1. É permitido ao Município em estado de emergência ou de calamidade abrir crédito extraordinário?

A abertura de crédito extraordinário só é admitida no caso de calamidade pública, nos termos do § 3º do art. 167 da Constituição Federal, e inciso III do art. 41 da Lei Federal nº 4.320/1964.

Reforçando tal orientação, o E. TCESP claramente reconhece tal possibilidade, mas é expresso ao salientar que tal permissivo se aplica tão somente àqueles entes federados que decretaram calamidade pública e que tiveram o reconhecimento de tal situação pela Assembleia Legislativa Estadual (vide pergunta 1.1 deste Boletim), sendo que em referido cenário, o Chefe do Executivo tem a autorização para proceder, por decreto, à abertura de crédito extraordinário, bem como às movimentações de dotações por meio de transposição, remanejamento, transferência e utilização da reserva de contingência, devendo ser dado imediato conhecimento ao Poder Legislativo local (Comunicado SDG 14/2020).

Destacamos que as principais características do crédito extraordinário são: atendimento de despesas imprevisíveis e urgentes; independe de prévia autorização em lei especial, podendo ser criado por Decreto; independe de indicação de fonte de recursos para sua

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cobertura; obrigatória indicação de valor do crédito; a vigência é no exercício em que foi aberto; não há obrigatoriedade na indicação das dotações que serão criadas, em que pese, acharmos prudente a indicação dos recursos e de valores para abertura ou reforço de dotações pertinentes a esses créditos até para o m​elhor reconhecimento das práticas contábeis.

Informamos que os clientes do Grupo Confiatta poderão solicitar através dos nossos canais de comunicação o modelo sugestivo de decreto tratando de referido assunto​.

6.2. O município em estado de emergência ou de calamidade pública declarada pode fazer uso da reserva de contingência?

Sim. De acordo com o art. 5º da Lei de Responsabilidade Fiscal, a situação de emergência ou o estado de calamidade autorizam a utilização da reserva de contingência.

Assim como esclarecido na pergunta anterior (6.1), tal possibilidade também é reconhecida pelo E. TCESP através do Comunicado SDG 14/2020 para os entes federados que decretaram calamidade pública e que tiveram o reconhecimento de tal situação pela Assembleia Legislativa Estadual (vide pergunta 1.1 deste Boletim).

6.3. Reconhecida a calamidade pública pelo Congresso Nacional, há algum afastamento de prazos ou de limites fixados pela Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF.

Sim. O art. 65 da Lei de Responsabilidade Fiscal, com redação dada pelo art. 7º da Lei Complementar 173, de 27 de Maio de 2020, assim nos leciona:

“Art. 65. Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso da União, ou pelas Assembléias Legislativas, na hipótese dos Estados e Municípios, enquanto perdurar a situação:

I - serão suspensas a contagem dos prazos e as disposições estabelecidas nos arts. 23 , 31 e 70;

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II - serão dispensados o atingimento dos resultados fiscais e a limitação de empenho prevista no art. 9º.

§ 1º Na ocorrência de calamidade pública reconhecida pelo Congresso Nacional, nos termos de decreto legislativo, em parte ou na integralidade do território nacional e enquanto perdurar a situação, além do previsto nos inciso I e II do caput:

I - serão dispensados os limites, condições e demais restrições aplicáveis à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como sua verificação, para:

a) contratação e aditamento de operações de crédito; b) concessão de garantias;

c) contratação entre entes da Federação; e d) recebimento de transferências voluntárias;

II - serão dispensados os limites e afastadas as vedações e sanções previstas e decorrentes dos arts. 35, 37 e 42, bem como será dispensado o cumprimento do disposto no parágrafo único do art. 8º desta Lei Complementar, desde que os recursos arrecadados sejam destinados ao combate à calamidade pública;

III - serão afastadas as condições e as vedações previstas nos arts. 14, 16 e 17 desta Lei Complementar, desde que o incentivo ou benefício e a criação ou o aumento da despesa sejam destinados ao combate à calamidade pública.

§ 2º O disposto no § 1º deste artigo, observados os termos estabelecidos no decreto legislativo que reconhecer o estado de calamidade pública:

I - aplicar-se-á exclusivamente:

a) às unidades da Federação atingidas e localizadas no território em que for reconhecido o estado de calamidade pública pelo Congresso Nacional e enquanto perdurar o referido estado de calamidade;

b) aos atos de gestão orçamentária e financeira necessários ao atendimento de despesas relacionadas ao cumprimento do decreto legislativo;

II - não afasta as disposições relativas a transparência, controle e fiscalização.

§ 3º No caso de aditamento de operações de crédito garantidas pela União com amparo no disposto no § 1º deste artigo, a garantia será mantida, não sendo necessária a alteração dos contratos de garantia e de contragarantia vigentes.

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Ressalta-se, porém, que as condições e exigências afastadas pelo § 1º do art. 65 da LRF referem-se à criação de incentivo ou benefício ou ao aumento da despesa que sejam destinados ao combate à calamidade pública. Portanto, para as demais situações os comandos legais continuam sendo exigidos integralmente.

Para esclarecimentos adicionais sobre a Lei Complementar nº 173/2020, vide Nota

Técnica disponível em:

http://www.confiatta.com.br/blog-noticia/lei-complementar-173-boletim-tecnico​.

6.4 Como deve ocorrer a contabilização e identificação dos recursos que serão transferidos pelo Governo do Estado de São Paulo aos municípios para o enfrentamento do Coronavírus?

Tal questionamento é respondido através do ​Comunicado AUDESP 28/2020​, que revogou o Comunicado AUDESP 26/2020, estabelecendo que:

“Considerando o disposto nas Portarias 395/2020, 430/202 e 480/2020 emitidas pelo Ministério da Saúde, bem como a Resolução SS41/2020 emitida pela Secretaria da Saúde do Estado de São, que estabelecem a transferência de recursos por meio dos Fundos Nacional e Estadual de Saúde aos Estados e Municípios para o enfrentamento do Coronavírus – COVID-19; e

Considerando a necessidade de viabilizar a correta identificação das receitas e despesas orçamentárias vinculadas a esta finalidade, comunicamos a inclusão do código de aplicação 312 (parte fixa e variável) no documento Anexo II - Tabelas de Escrituração Contábil Auxiliares – 2020, destinado ao registro contábil das receitas e despesas vinculadas ao combate do Coronavírus. Este novo código de aplicação poderá ser combinado com a fontes de recurso que identifique corretamente a origem dos valores recebido (Exemplo: próprio, estadual, federal, doação).”

Cabe ainda orientar que por se tratar de recursos financeiros vinculados ao combate a pandemia do COVID-19 deve a municipalidade registrar as receitas bem como suas despesas no código de aplicação fixo 312 - combinado com Código de aplicação

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variável que identifica o gasto no combate do COVID-19 (podem existir mais de um tipo/destino de recurso). Para a criação do código variável, sugerimos que utilizem o ato regulamentador do referido repasse financeiro ao município para formação da descrição do código de aplicação variável tornando o controle contábil mais efetivo e transparente.

6.5 Como deve ser contabilizado as receitas provenientes às transferências à Fundo de Recursos do SUS e SUAS?

Para a classificação desses recursos devemos observar a origem da transferência que poderá ser da União e do Estado, pois vejamos:

a) Recursos advindos de repasses da União podem ser classificados:

1.7.1.8.03.9.0 - Transferência de Recursos do SUS – Outros Programas Financiados por Transferências Fundo a Fundo

1.7.1.8.04.6.0 - Outras Transferências de Recursos do Sistema Único de Saúde – SUS, não detalhadas anteriormente

2.4.1.8.03.9.0 - Transferência de Recursos do SUS – Outros Programas Financiados por Transferências Fundo a Fundo

2.4.1.8.04.6.0 - Outras Transferências de Recursos do Sistema Único de Saúde – SUS, nãodetalhadas anteriormente

1.7.1.8.12.1.0 - Transferências de Recursos do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS 2.4.1.8.12.1.0 - Transferências de Recursos do Fundo Nacional de Assistência Social – FNAS b) Recursos advindos de repasses do Estado podem ser classificados:

1.7.2.8.03.1.0 - Transferências de Recursos do Estado para Programas de Saúde - Repasses Fundo a Fundo

1.7.2.8.99.1.0 - Outras Transferências dos Estados

2.4.2.8.03.1.0 - Transferencias de Recursos do Sistema Único de Saúde - SUS 2.4.2.8.99.1.0 - Outras Transferências dos Estados

Esclarecemos que para os recursos relacionados aos auxílios financeiros previstos na Lei Complementar nº 173/2020 a contabilização deverá seguir orientação em nossa Nota

Técnica disponível em:

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6.6 Como deve ser contabilizado o auxílio financeiro previsto na Medida Provisória nº 938, de 2 de abril de 2020, para minimizar perdas dos municípios?

A contabilização deste recurso deve ser feita na rubrica: 1718.99.1.1 – Outras Transferências da União.

A aplicação desse recurso é livre, o qual inclusive não sofrerá o desconto ao FUNDEB, nem comporá a base de aplicação na educação (25%) e na saúde (15%), justamente por estar sendo concedido a título de auxílio financeiro para minimizar perdas do FPM. Assim, também não irá compor a base de cálculo para repasse ao legislativo (duodécimo), mas integrará a base da receita corrente líquida (RCL) para fins de definição dos limites fiscais previstos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com Despesa de Pessoal, Dívida Consolidada e Operação de Crédito e Garantia, e, por último, integrará a base de cálculo da contribuição ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), devendo ser recolhido o percentual de 1% sobre o total da receita recebida, cuja retenção já será efetuada na fonte.

6.7 Como deve ser a aplicação e destinação dos recursos do auxílio financeiro previsto Lei Complementar nº 173, de 27 de maio de 2020?

A Lei Complementar 173 estabeleceu que o auxílio financeiro será repassado de duas formas, conforme disposto no art. 5º, transcrito abaixo:

Art. 5º A União entregará, na forma de auxílio financeiro, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, em 4 (quatro) parcelas mensais e iguais, no exercício de 2020, o valor de R$ 60.000.000.000,00 (sessenta bilhões de reais) para aplicação, pelos Poderes Executivos locais, em ações de enfrentamento à Covid-19 e para mitigação de seus efeitos financeiros, da seguinte forma:

I - R$ 10.000.000.000,00 (dez bilhões de reais) para ações de saúde e assistência social, sendo:

a) R$ 7.000.000.000,00 (sete bilhões de reais) aos Estados e ao Distrito Federal; e b) R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais) aos Municípios;

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II - R$ 50.000.000.000,00 (cinquenta bilhões de reais), da seguinte forma:

a) R$ 30.000.000.000,00 (trinta bilhões de reais aos Estados e ao Distrito Federal; b) R$ 20.000.000.000,00 (vinte bilhões de reais aos Municípios;

Sendo R$ 10.000.000.000,00 (dez bilhões) serão destinados para ações de

saúde e assistência social, podendo ser utilizado inclusive para o pagamento dos profissionais que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) e no Sistema Único de Assistência Social (SUAS). Já os R$ 50.000.000.000,00 (cinquenta bilhões) serão destinados para aplicação em ações diversas ao enfrentamento à Covid-19 e para mitigação de seus efeitos financeiros.

A aplicação dos recursos recebidos com base no inciso I, b do art 5º, deverão ser identificadas com fonte e aplicação de recursos específica, tendo em vista a destinação estabelecida na Lei Complementar.

A aplicação dos recursos recebidos com base no inciso II, b do art 5º, como não há destinação estabelecida na Lei, compreendemos que são recursos de livre alocação, o qual inclusive não sofrerá o desconto ao FUNDEB, nem comporá a base de aplicação na educação (25%) e na saúde (15%). Assim, também não irá compor a base de cálculo para repasse ao legislativo (duodécimo), mas integrará a base da receita corrente líquida (RCL) para fins de definição dos limites fiscais previstos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) com Despesa de Pessoal, Dívida Consolidada e Operação de Crédito e Garantia, e, por último, integrará a base de cálculo da contribuição ao Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (Pasep), devendo ser recolhido o percentual de 1% sobre o total da receita recebida, cuja retenção já será efetuada na fonte.

6.8 - Como os municípios que encaminham seus balancetes mensais ao Sistema Audesp devem classificar as fontes de recursos e códigos de aplicação entre receitas e despesas oriundas dos recursos recebidos,

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destinados ao combate do COVID-19, para que haja o bom controle contábil e transparência do respectivo gasto?

Tal questionamento é respondido através do ​Comunicado AUDESP 35/2020​, que prevê um esquema gráfico muito intuitivo sobre as formas de utilização das fontes de recursos e códigos de aplicações:

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Para melhor visualização do fluxo demonstrado acima, segue link para baixar a estrutura gráfica na íntegra:

https://www.tce.sp.gov.br/legislacao/comunicado/esquema-grafico-codigo-aplicacao

6.9 - Em meio à pandemia, estão os municípios dispensados de realizarem as Audiências quadrimestrais de acompanhamento da LDO 2020?

Não. As audiências quadrimestrais de acompanhamento da LDO 2020 devem ser mantidas. Mesmo que as metas fiscais estejam dispensadas de atingimento nas ações de combate ao COVID-19, a apresentação dos resultados fiscais à sociedade nesse momento torna-se imprescindível. Orientamos que em razão da impossibilidade de realização de audiências presenciais, pode-se optar pela realização de audiências virtuais com prévia e ampla divulgação do canal da transmissão e com a possibilidade de mecanismos de interação com os participantes.

7. DISTRIBUIÇÃO DE BENS

7.1. Declarada calamidade pública em saúde, pode haver distribuição de bens, valores ou benefícios?

Nem é preciso lembrar que estamos em ano eleitoral. Assim, independentemente da situação, os cuidados necessários relativos a esse ano deverão ser observados, em

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especial as disposições do § 10 do art. 73 da Lei Eleitoral, que proíbe a distribuição gratuita de bens, valores ou benefícios por parte da Administração Pública, excetuando-se situações de calamidade e emergência e para atendimento exclusivo da situação instalada.

Nesse ponto, vale trazermos à colação trecho da INSTRUÇÃO PRE-SP Nº 1, DE 2 DE ABRIL DE 2020, do Ministério Público Federal - Procuradoria Regional Eleitoral em São Paulo que assim se posiciona quanto à questão:

“​RESOLVE:

Expedir a presente INSTRUÇÃO, voltada a orientar a atuação dos Exmos. Srs. Promotores Eleitorais oficiantes no Estado de São Paulo, a fim de que:

(...)

b. havendo necessidade de socorrer a população em situação de calamidade e emergência, façam-no com prévia fixação de critérios objetivos (quantidade de pessoas a serem beneficiadas, renda familiar de referência para obtenção do benefício e condições pessoais ou familiares para concessão, entre outros) e estrita observância do princípio da impessoalidade, neste caso enviando à Promotoria Eleitoral informação quanto ao fato caracterizador da calamidade ou emergência, aos bens, valores e benefícios que se pretenda distribuir, ao período da distribuição e às pessoas e faixas sociais beneficiárias​;”

Assim, havendo decretação de calamidade pelo Município, comprovado nos autos que a distribuição de bens é primordial ao enfrentamento da pandemia, e fixados os critérios objetivos para eleição dos novos beneficiários desse programa, a fim de que o princípio da isonomia seja alcançado e não tenhamos aí configurado o uso eleitoreiro da medida com a distribuição indiscriminada, e não havendo ainda publicidade quanto a essa distribuição, não vislumbramos óbices à sua realização.

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