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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

INTITUTO DE PESQUISA E PLANEJAMENTO URBANO E REGIONAL

INSTITUTOS DO MILÊNIO

PROJETO: Observatório das Metrópoles: território, coesão

social e governança democrática: Rio de Janeiro, São Paulo,

Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Recife,

Fortaleza, Belém, Natal, Goiânia e Maringá.

COORDENADOR: Luiz Cesar de Queiroz Ribeiro – IPPUR/UFRJ VICE-COORDENAÇÃO: Suzana Pasternak – FAUUSP

INSTITUIÇÃO SEDE: Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional

PROCESSO Nº: 420.272/2005-4 VIGÊNCIA: 2005/2008

RELATÓRIO DE ATIVIDADES NÚCLEO SÃO PAULO

Maio

2009

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OBSERVATÓRIO DAS METRÓPOLES

RELATÓRIO FINAL- PROJETOS INSTITUTO DO MILÊNIO NÚCLEO- SÃO PAULO

Coordenação: Dra. Lúcia M. Machado Bógus (PUC-SP) Instituições Envolvidas

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP

Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP. Participantes:

Dra. Suzana Pasternak (FAU/USP)

Dra. Vera Lucia Michalany Chaia (PUC-SP) Dra. Dulce Tourinho Baptista (PUC-SP) Dra. Marisa do Espírito Santo Borin (PUC-SP) Dra. Raquel Rolnik (PUC-SP)

INTRODUÇÃO

Pode-se considerar que a partir do Projeto, foram produzidos conhecimentos importantes no que diz respeito ao processo de desenvolvimento econômico na RMSP, ao longo das duas últimas décadas. De fato, pode-se apreender a passagem de uma região metropolitana de base essencialmente industrial para uma de base fortemente apoiada nos setores de comércio e serviços. Outra questão a assinalar diz respeito às mudanças na estrutura sócio-ocupacional, no período 1991-2000, com o expressivo crescimento das ocupações terciárias, com destaque para aquelas de baixa qualificação e a forte diminuição das ocupações dos dirigentes empresariais, que correspondem às categorias superiores da hierarquia sócio-ocupacional essas mudanças podem ser indicativas da manutenção de problemas de cunho social, com a permanência em situação de exclusão social, de amplos setores da população, inseridos de forma insatisfatória no mercado de trabalho metropolitano. As informações referentes à escolaridade da população ocupada reforçam essas suspeitas. Outro aspecto a ser assinalado refere-se à modernização do processo de produção industrial no âmbito da metrópole paulista com a presença, sobretudo na região do ABC, de indústrias altamente mecanizadas, voltadas à produção de bens de capital para suprir a demanda tanto do mercado interno, como do internacional.

Embora não tenhamos enfrentado problemas na execução do projeto, merecem menção as limitações encontradas na comparação das categorias sócio ocupacionais, construídas a partir dos dados censitários de 1991 e 2000. Tal dificuldade ocorreu em virtude da mudança no conceito de ocupação adotado nos dois momentos pelo IBGE, decorrente das alterações na Classificação Brasileira de Ocupações (CBO). Contornadas essas dificuldades, o trabalho prosseguiu sem maiores problemas.

A equipe inicial foi mantida integralmente, tendo sido ampliada com a presença de pesquisadores de pós-doutorado, com bolsas da FAPESP e CNPq, além de alunos de mestrado e doutorado que desenvolveram dissertações e teses, sobre temas vinculados e com a mesma metodologia do projeto.

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A interação entre os grupos pertencentes à rede foi constante e crescente, resultando nos dois sub-projetos já mencionados para o estudo comparativo comas regiões metropolitanas de Natal e Salvador. No âmbito dessas trocas foram realizadas reuniões e seminários, muitos deles com a presença de pesquisadores estrangeiros, tendo em vista ampliar o escopo das comparações e divulgar os resultados já obtidos.

No âmbito docente, foram realizadas atividades conjuntas em cursos de Pós-graduação, além da participação dos membros da rede em bancas examinadoras de mestrado e doutorado. Um dos mecanismos mais importantes para garantir e ampliar essa interação foi a criação e

aperfeiçoamento do site da rede Observatório das Metrópoles

(www.observatoriodasmetrópoles.net). O site tem cumprido o papel de publicizar os resultados parciais da pesquisa e de todas as atividades desenvolvidas pelos pesquisadores da rede. Finalmente, merece destaque a publicação dos Cadernos Metrópole, periódico nacional semestral, editado pelos professores Luiz César Ribeiro e Lucia Bógus, que surgiu no âmbito do projeto inicial da rede (PRONEX/CNPQ: 1998) e constitui hoje, completados 10 anos, um importante veículo de divulgação na área de estudos urbanos.

Considerações finais

As condições de execução do projeto foram muito favoráveis, graças ao apoio dos Programas de pós-graduação envolvidos, na PUC/SP e na FAU/USP. Esse apoio viabilizou o funcionamento do Observatório, com a participação cotidiana dos pesquisadores e de alunos que desenvolveram projetos de Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado vinculados ao projeto e às suas sub-linhas. Também foi viabilizada e incentivada a realização de seminários nacionais e internacionais na PUC/SP e na FAU, fortalecendo os vínculos entre as duas instituições responsáveis pelo Observatório São Paulo e divulgando os resultados do trabalho junto a outras instituições locais, regionais e internacionais.

Quanto aos resultados obtidos até o momento, um dos objetivos desta etapa da pesquisa era o de refletir sobre um possível “novo padrão de urbanização”, resultante da reestruturação produtiva a nível mundial. Esta reestruturação produtiva teria dualizado com maior intensidade a estrutura social, além de aumentar a precariedade das relações de trabalho, aumentar a pobreza urbana e a segregação espacial, alterando a aparência desta segregação. “Os dois principais símbolos da nova configuração seriam os condomínios cercados e as favelas, entendidos com expressão desse novo padrão, mais excludente e polarizado que o anterior. Ou seja, os condomínios e as favelas estariam exprimindo a crescente aproximação geográfica entre os locais de moradia dos ricos e dos pobres, ou dos dominantes e dominados, ou, ainda, dos cidadãos e não cidadãos” (LAGO, 2006:47).

A tese central do estudo de São Paulo seria que o nosso histórico modelo núcleo-periferia, caracterizado pela distância geográfica e social entre as classes, ainda organiza o espaço metropolitano, em que pese o surgimento de novas configurações espaciais, como por exemplo, condomínios fechados e favelas. Entretanto, algumas diferenças devem ser apontadas.

Em linhas gerais, a estrutura espacial da metrópole manteve certa estabilidade entre 1991 e 2000, com 39,41% de suas áreas mantendo sua posição hierárquica.

Esta estabilidade, entretanto, não é completa, já que 60% das áreas apresentaram algum tipo de mudança, em geral subindo na hierarquia: 330, em 812 segmentos espaciais. Pode-se falar numa relativa diminuição da segregação sócio-espacial, já que a proporção das áreas que melhoraram de posição hierárquica foi maior que as que pioraram. Apenas 162 (19,95%) pioraram.

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A distribuição sócioespacial reflete, de alguma forma, as mudanças na estrutura social percebida na década: forte aumento dos profissionais de nível superior, terciarização dos empregos, perda do proletariado tradicional e moderno, aumento do pessoal do terciário não especializado.Camadas distintas espalham-se mais pelo tecido urbano. Há uma diminuição relativa e em números absolutos da elite, que, embora menor, se concentra fortemente. Mas é a única camada social mais segregada. Em todas as outras áreas, percebe-se maior mistura.

Embora existam diferenças – aumento de condomínios fechados e mesmo de favelas- analisando-se os mapas de tipologia sócio-espacial da metrópole paulista em 1991 e 2000, percebe-se a permanência de um padrão centro–periférico de organização espacial. Nos mapas de 1991 e 2000 o local preferencial de residência das camadas mais altas é o núcleo central, rodeados por espaços onde predominam as camadas médias. Na capital, a norte alguns setores médios de 1991 transformaram-se em superiores, assim como no eixo sudeste. O que se percebe em 2000 é um avanço das áreas médias para áreas a oeste da metrópole e das áreas populares e mesmo áreas médias ocupando espaços que em 1991 eram agrícolas: Santana do Parnaíba, no EIXO OESTE, era agrícola em 1991 e em 2000 classificou-se como áreas média. No EIXO NORTE, Mairiporã, agrícola em 1991, transformou-se em popular no ano 2000. De outro lado, segmentos espaciais em Mogi, operários e populares em 1991, aparecem como agrícolas no ano 2000, assim como todo o município de Santa Isabel.

Mas a aparência geral da residência das classes sociais no espaço variou pouco entre 1991 e 2000, mostrando, apesar de distinções, ainda a manutenção da mancha de óleo, com centro mais rico e camadas populares na periferia. Espaços centrais e peri centrais são local de residência de camadas superiores e os segmentos populares estão sendo empurrados para periferias cada vez mais distantes. No extremo leste da metrópole as áreas agrícolas se mantém, em Salesópolis, Biritiba Mirim, Guararema e partes de Mogi das Cruzes e Suzano. No extremo oeste, em Juquitiba, São Lourenço da Serra e parte de Cotia e de Itapecerica, acontece o mesmo. Como mudanças significativas, aparecem:

A expansão das áreas médias para oeste e para sudeste, mostrando a entrada de profissionais de nível superior no ABC e em Santana do Parnaíba e Barueri. Nos municípios do EIXO OESTE, a presença grande de loteamentos de renda alta e média foi significativa.

A transformação de áreas operárias em Franco da Rocha e Francisco Morato em populares, no EIXO NORTE, mostrando a expansão da residência de camadas populares neste eixo

A transformação de parte das áreas agrícolas de Itapeceria da Serra e de Embu Guaçu em áreas populares, atestando, tal como no EIXO NORTE, a expansão das camadas populares para periferia mais distante. E, na capital, apenas o extremo sul (Marsilac) permanece com áreas agrícola.

A estranha transformação de áreas no leste – Santa Isabel e parte do Mogi de áreas operárias e populares em 1991 para áreas agrícolas em 2000.

Analisando os empregos formais, percebe-se também mudança de tipo: se, em 1991, 35,22% dos empregos formais estavam nos setores industriais, em 2000 o peso relativo deste setor caiu para 25,34%. De outro lado, a proporção de empregados formais nos serviços aumentou de 58,26% em 1991 para 59,26% em 2000. Do total de cerca de 1 milhão de empregos gerados no intervalo 1991-2000, apenas 17% forma empregos industriais, e 56,5% forma no setor serviços. Há um processo de desendustrialização industrial, pelo menos á luz do emprego. Esta perda de empregos na indústria é forte na capital. O ganho de empregos no comércio é crescente na metrópole como um todo, tanto na capital como nos outros municípios metropolitanos. Percebe-se uma descentralização dos centros de compra pelo

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espaço metropolitano. Caberia um estudo mais detalhado de uma possível emergência de novas centralidades, ao menos as ligadas ao consumo.

A distribuição dos tipos de áreas na região metropolitana mudou: em 1991, a maioria das áreas era do tipo operário; já no ano 2000, esta posição foi ocupada pelas áreas médias. Esta distribuição de áreas reflete as mudanças na estrutura sócio-ocupacional da metrópole, que apresenta forte incremento de profissionais de nível superior, aumento de trabalhadores do terciário e de algumas categorias do terciário não especializado (como ambulantes e biscateiros) e diminuição dos operários das indústrias tradicional e moderna. A maior proporção de melhoria se deu nas áreas médias, correspondendo a esta profissionalização. De outro lado, o aumento do número de áreas populares, de 110 para 135, mostra a entrada de trabalhadores do terciário não especializado. As áreas populares foram as que mais pioraram. Em 1991, a região metropolitana apresentava 22 áreas agrícolas, das quais 6 transformaram-se em populares, mostrando a expansão do terciário não especializado no espaço da metrópole. Analisando as áreas operárias, nota-se que 40,22% melhoraram sua posição hierárquica.

Concluindo, o que se percebe na metrópole é que nos eixos mais pobres (NORTE e SUDOESTE) há uma piora ainda maior, com desproletarização e popularização. No EIXO NORTE, percebe-se uma forte transformação de áreas operárias em populares em Francisco Morato e Franco da Rocha. O EIXO SUDOESTE , tanto em 1991 como em 2000, apresentava forte proporção de áreas agrícolas, embora esta proporção decresceu em 2000. Parte destas áreas agrícolas se popularizaram, mostrando também a expansão da residência da população mais pobre em direção á periferia mais longínqua. No EIXO OESTE, as áreas médias ascendem, as operárias se conservam e as populares se popularizaram ainda mais. Neste EIXO OESTE se verifica uma extensão da zona mais elitizada da metrópole. OS EIXOS SUDESTE e LESTE têm comportamento semelhante, com os dois extremos, as áreas superiores e populares, se conservando ou piorando e as intermediárias, principalmente as áreas médias, subindo na hierarquia tipológica, ainda mais intensamente que as áreas operárias. Sobretudo nas áreas médias há nítido aumento de profissionais de nível superior.

Na capital, a estrutura de áreas é distinta, com predomínio de áreas superiores e médias. O fenômeno dos extremos também se nota: as áreas populares, já pior classificadas na hierarquia, descem; as superiores tendem a se conservar. Já nas áreas médias é onde se encontra o maior dinamismo, seguidas pelas operárias.

Como colocou LAGO (2006:50) “a concentração do emprego, da moradia das classes médias e superiores e dos equipamentos e serviços urbanos nas áreas centrais e, conseqüentemente, as enormes carências que marcaram os espaços periféricos sustentaram, até os anos 1980, uma visão dualista da metrópole brasileira (e latino- americana), em que a periferia evidenciava a distância geográfica e social das classes populares em relação às classes médias e superiores”. Mas, como coloca também a autora, este modelo dualista acabou por homogeneizar socialmente vastas áreas da metrópole, com “centrais” ou “periféricas”.

O que se percebeu, na análise do espaço metropolitano de São Paulo, foi a heterogeneidade crescente dos espaços. Os espaços superiores de 2000 se estendem para oeste e ganham profissionais de nível superior, embora percam camadas médias e populares. Estão mais “superiores”, mas com menos dirigentes e grandes empregadores, que diminuíram em toda a metrópole. Os que restaram concentram-se fortemente nestes espaços superiores. Nos espaços médios a mistura social aumentou, com forte ganho de trabalhadores manuais urbanos. Os espaços operários também mostram maior mistura social em 2000 que em 1991, com aumento de categorias superiores e médias. Os espaços populares de 2000 têm maior proporção de algumas categorias superiores, perdem operários e ganham trabalhadores do terciário e do terciário não especializado.

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Nos espaços superiores nota-se o incremento das categorias superiores de 24% dos residentes totais em 1991 para 31% no ano 2000 e, de outro lado, uma diminuição de 5 pontos percentuais nos trabalhadores manuais. Nos espaços médios, um aumento de 8% para 11% nas categorias superiores; nos operários, aumento do terciário especializado e não especializado, além de maior proporção de profissionais de nível superior (embora mínima, passando de 1,82% para 2,76%). E, nos espaços populares, também se evidencia uma maior mistura, com maior proporção de categorias médias e de trabalhadores do terciário especializado. Chama a atenção que nos espaços populares de 2000 o percentual de categorias superiores seja praticamente igual ao mesmo percentual nos espaços operários.

Este fenômeno é nítido no EIXO OESTE, onde surgiram áreas médias e superiores. Mas o velho padrão de expansão das periferias para cada vez distantes ainda se mantém. Esta periferia apresenta, em 2000, melhores condições de infra-estrutura sanitária, com a expansão das redes públicas de água, esgoto e energia, propiciando uma maior mistura social.

Algumas hipóteses explicativas podem ser esboçadas:

Segundo Sassen (2009:2) “as economias do conhecimento de São Paulo, Chicago e Xangai compartilham um longo histórico de prestação de serviços para importantes setores da indústria pesada.... Assim sendo, uma siderúrgica, mineradora ou fabricante de máquinas, desejando se tornar global, irá a São Pulo, Xangai ou Chicago para obter serviços tais como assessoria jurídica, contábil ou financeira, e não irá a New York ou Londres para obter estes serviços altamente especializados.” Ainda segundo esta autora, um estudo empreendido pelo MasterCard abrangendo 75 cidades, classificou as melhores cidades do mundo para comércio, através de 100 fatores. Nenhuma cidade ficou em 1º lugar para todos os fatores, que incluíam indicadores como “facilidade para entrar e/ou sair de negócios”, “ execução de contratos”, proteção a investidores”, qualidade de vida”, “estabilidade econômica”, “ estrutura política e jurídica”, “ obtenção de licenças”, “ registro de propriedades”, “ obtenção de crédito”, etc. A classificação de São Paulo em 16º lugar no indicador “ centro financeiro” , em 26º lugar como centro de negócios e em 4º lugar para o indicador “volume de incorporações de imóveis comerciais”. Percebe-se que São Paulo liga-se á economia mundial por serviços e finanças, fato atestado inclusive pela perda de empregos industriais e ampliação das atividades de serviço. Tanto dados censitários de 1991-2000 como informações dos empregos formais pela RAIS confirmam esta tendência. A perda de quase 500 mil postos de trabalho formais na indústria na metrópole entre 1991 e 2000, aliado ao incremento de 887 mil postos de trabalho em serviços e 176 mil no comércio são exemplos indiscutíveis da mudança do eixo da Grande São Paulo para uma metrópole de serviços e financeira. Daí a perda dos espaços operários e sua transformação, de um lado, em espaços médios e, de outro, em espaços populares. A hipótese de maior dualização entre espaços ligados a profissionais altamente especializado e espaços ligados à pessoas sem qualificação foi bastante relativizada, já que se percebeu maior mistura social em quase todos os segmentos espaciais da metrópole. Mas deve ser apontado o aumento das áreas populares, tanto ao norte, como a sudeste e a leste, provavelmente relacionado com o aumento de trabalhadores do terciário não especializado.

Uma questão que se coloca é: o que aconteceu com as indústrias e a força de trabalho nelas empregada? A década de 90 assiste a dois fenômenos: o aumento de produtividade na indústria, pela maior injeção de capital e melhora tecnológica, o que acaba ocasionando dispensa de parte da força de trabalho, e a real saída de plantas industriais da metrópole, sobretudo do pólo. Martine e Diniz (1997:217) afirmam que a desconcentração industrial brasileira se vincularia basicamente a novos investimentos, e não à realocação das unidades

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produtivas existentes. Mas, sobretudo no Estado de São Paulo, a fenômeno da interiorização do desenvolvimento urbano-industrial é grandemente facilitado pela boa infra-estrutura técnica e social da maior parte do estado. ARAÚJO INFANTE (1999:40) coloca que “‘a interiorização do desenvolvimento’, em continuidade com as décadas anteriores, ocorre em espaço concentrado, num raio de aproximadamente 150 km a partir do centro da RMSP, abrangendo as regiões administrativas de Campinas, São José dos Campos, Santos e Sorocaba”. Em 1996, segundo dados da PAEP (Pesquisa de Atividade Econômica Paulista), a RMSP possuía 60,4% do valor adicionado da indústria e 56,8% do pessoal ocupado na indústria do estado, O entorno metropolitano (regiões administrativas de Campinas, Santos, São José dos Campos e Sorocaba), 29,9% do valor adicionado e 28,3% do pessoal ocupado. A RMSP continua sendo importante, e segundo ARAUJO INFANTE (1999: 51) “em pleno processo de reestruturação dos principais segmentos produtivos. Concentra o esforço inovador da indústria e do comércio estadual, assim como amplia a hegemonia técnica e funcional de sua estrutura de produção.” Se as indústrias mais inovadoras continuam na metrópole, e empregam menos pessoas, o que aconteceu com a força de trabalho industrial? Provavelmente parte dela empregou-se no terciário, formal e informal, o que, novamente, explica a mudança dos espaços operários em médios e populares. As áreas operárias, sobretudo onde se localizavam as indústrias, diminuem sensivelmente, tanto na metrópole como na capital. No pólo percebe-se com nitidez a transformação de terrenos industriais em condomínios residenciais.

A expansão do EIXO OESTE data da década de 70, com a entrada forte do mercado imobiliário e fundiário, com a construção de condomínios fechados para moradia de camadas de renda alta e média alta. Naquela ocasião, a fuga à violência e criminalidade através de enclaves murados não era o maior apelo. Estes condomínios se viabilizaram pela rodovia Castelo Branco e pela procura da exclusividade e do verde, num fenômeno que lembra o das edge cities americanas. No EIXO OESTE, uma interessante aliança entre poder público e capital imobiliário marcaram o desenvolvimento urbano. A prefeitura municipal de Barueri deu forte incentivo fiscal, através da isenção do IPTU, para indústrias não poluidoras criando pólo logístico, de informática, gráfico e de cinema e vídeo. Assim, a geração de empregos e renda, aliada à concentração de moradias para as elites, fez de Barueri o município com renda per capita mais alta da metrópole em 2000. Isso não se daria se não fosse o investimento estatal em infra-estrutura de transportes, com a duplicação da rodovia Castelo Branco e a construção do trecho oeste do Rodoanel. Deve-se notar que, apesar do pólo de empregos, a migração pendular entre municípios desta zona e a capital é grande. Esta aliança entre poder público e capital imobiliário não é incomum na metrópole. Um outro exemplo seria a área de Águas Espraiadas, na capital.

No EIXO NORTE a expansão foi marcadamente de loteamentos populares, no velho e conhecido modelo de crescimento periférico das camadas de renda baixa. E a pergunta: porque isto foi mais claro no EIXO NORTE? Pode ser respondida por algumas considerações: 1) neste eixo já existia transporte ferroviário; 2) a distância dos municípios do norte em relação ao pólo é menor que no eixo leste, onde também a concentração de moradias populares é grande; 3) a zona norte era zona com baixa densidade, e portanto passível de adensamento; 4) a ausência de política habitacional eficaz obrigou a população de menor renda a resolver sozinha seu problema de moradia, o que fez com expansão para terra mais barata e onde houvesse alguma garantia de transporte.

O centro da metrópole continua local de moradia das elites e dos profissionais de nível superior, e as camadas populares têm buscado residir onde é possível, ou seja, possivelmente em terrenos periféricos a norte, sudoeste e leste da metrópole.

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QUADRO II

eixo município AEDs Área

( em ha) população 1991 2000 São Paulo 456 152.703,00 9.640.596 10.435.546 POLO POLO 456 152.703,00 9.640.596 10.435.546 LESTE Arujá 1 9.674,66 37.622 59.185 Biritiba Mirim 1 31.860,11 17.622 24.653 Ferraz de Vasconcelos 7 2.954,14 96.166 142.377 Guararema 1 27.269,27 17.961 21.904 Guarulhos 58 59.112,03 804.296 1.094.621 Itaquaquecetuba 12 8249,83 164.957 272.942

Mogi das Cruzes 15 71.594,22 265.457 330.241

Poá 4 1.754,67 77.628 95.801 Salesópolis 1 42.463,41 11.359 14.357 Santa Isabel 1 36.396,11 37.975 43.740 Suzano 11 99.470,47 165.231 228.690 LESTE 112 284.611,14 1.678.524 2.306.607 SE Diadema 18 3.215,11 305.135 357.064 Mauá 16 6221,45 296.620 363.392 Ribeirão Pires 2 10.017,29 85.085 104.508 Rio Grande da Serra 1 3.610,36 29.903 37.091 Santo André 43 21.143,28 646.892 686.442 São Bernardo do Campo 37 40.820,51 566.893 703.177 São Caetano 7 1.539,35 149.519 140.159 SUDESTE 124 82.959,99 2.050.144 2.354.722 N Caieiras 1 9.723,78 39.069 71.221 Cajamar 1 13.180,22 33.736 50.763 Francisco Morato 6 4.771,89 83.885 133.738 Franco da Rocha 5 13.306,40 85.535 108.122 Mairiporã 1 32.074,78 39.937 60.111 NORTE 14 73.057,06 282.162 423.935 SW Embu Guaçu 2 15.557,60 36.277 56.916 Itapecerica da Serra 6 15.094,13 93.146 129.685 Juquitiba 1 52.182,86 19.969 26.459 São Lourenço da Serra 1 18.726,73 - 12.199 SUDOESTE 10 101.561,32 149.392 225.259 OESTE Barueri 9 6.632,53 134.045 208.281

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Carapicuíba 16 3.409,36 283.267 344.596 Cotia 6 32.524,53 107.453 148.987 Embu 10 7050,33 155.818 207.663 Itapevi 7 8.334,65 106.430 162.433 Jandira 4 1.729,51 62.697 91.807 Osasco 32 6.467,12 580.190 652.593 Pirapora do Bom Jesus 1 10.853,78 7956 12.395 Santana do Parnaíba 1 18.025,12 35.796 74.828 Taboão da Serra 9 2.038,85 160.084 197.644 Vargem Grande 1 4.215,76 17.416 32.683 OESTE 96 101.281,55 1.639.152 2.133.910

Fonte: dados das AEDs no Censos Demográfico 2000, projetados para 1991.

LINHAS DE PESQUISAS E RESPECTIVOS PROJETOS/ATIVIDADES

LINHA I – Metropolização, dinâmicas intrametropolitanas e o Território Nacional SUBLINHA I.1: Dinâmica Intrametropolitana

Atividades

O trabalho desenvolvido nessa sublinha consistiu na tabulação de dados da RAIS/MTE Registro Anual de Informações Sociais do Ministério do Trabalho e Emprego - para cada um dos municípios da Região Metropolitana de São Paulo, como também na análise dos dados que resultou na produção do trabalho "Dinâmica econômica intra-urbana e desigualdade sócio-espacial na Região Metropolitana de São Paulo no período 1990-2006".

Conclusões

(i) Sem sombra de dúvida, a Região Metropolitana de São Paulo se tornou uma metrópole dos serviços, o grande centro decisório das atividades financeiras brasileiras, além de abrigar as sedes das maiores empresas nacionais. Além disso, o setor de serviços ganha destaque, como visto anteriormente, reúne 59% dos trabalhadores formais no ano de 2006, desbancando a hegemonia do setor industrial predominante durante décadas. Desta forma, percebe-se a tendência à despolarização do emprego industrial, já que gradativamente a indústria perde peso no Município de São Paulo em detrimento das demais cidades da RMSP, bem como do restante do Estado.

(ii) A composição do setor de serviços se tornou heterogênea ao agregar profissionais de segmentos com lógica e complexidade do trabalho distintos. Sabe-se que a expansão deste setor apoiou-se na criação de postos de trabalho de baixa qualidade, vinculados geralmente a empresas que terceirizam serviços antes inseridos, por exemplo, nas próprias indústrias. De acordo com análises do DIEESE, as recentes mudanças estruturais da economia brasileira, impulsionadas pela abertura econômica e, pelo desempenho negativo da economia nos anos

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90, caracterizam-se pela fragilização do mercado de trabalho, uma vez que a redução do emprego industrial significou um aumento de emprego nos setores de comércio e serviço, acompanhado da queda do rendimento médio dos trabalhadores.

(iii) De outro ponto de vista, a situação da economia e do trabalho começou a mostrar sinais de recuperação do ano 2000 em diante. O crescimento econômico e as novas políticas de recuperação do poder de compra dos trabalhadores - dentre elas os seguidos reajustes reais do salário mínimo nacional, em especial após 2003 - minimizam os retrocessos decorrentes das décadas anteriores, pelo menos no que diz respeito à população com menor poder aquisitivo. Desdobramentos

Como desdobramento das análises desenvolvidas optou-se por tratar o Município de São Paulo separadamente. Já estão em processo de tabulação os dados da RAIS/MTE segundo os distritos do município de São Paulo para o período 1990-2006, apatir disso pretende-se destacar as principais diferenças entre as transformações na estrutura produtiva deste município frente aos demais da Região Metropolitana de São Paulo, principalmente em relação ao setor industrial.

Como desdobramento dos trabalhos elaborados nesta sublinha, o pesquisador Rafael Serrao, membro da equipe São Paulo, está elaborando um projeto de mestrado que aprofundará o tema da descentralização da estrutura produtiva, vinculando as alterações no mercado de trabalho ocorridas nas últimas décadas com a análise de segregação sócio-ocupacional já desenvolvida pelo Observatório de São Paulo.

LINHA II – Dimensão sócio-espacial da exclusão/integração nas metrópoles: estudos comparativos.

SUBLINHA II.1: Descrição, análise da dinâmica e evolução da organização social do território das Metrópoles - 1980/2000.

Atividades

Foram analisadas as informações de 1980 e 1991, com as categorias socioocupacionais de 1980. A partir das análises fatoriais, desenharam-se os mapas da segregação de 1980 e 1991, com a utilização de setores censitários.

Infelizmente a mudança na classificação e mesmo na categorização das ocupações efetuada pelo IBGE no censo de 2000 nos obrigaram a reclassificar os dados de 1991 conforme a metodologia de 2000. Além disso, substituiu-se a unidade espacial setor censitário pela AED, já que os dados em 2000 forma fornecidos por este recorte espacial. Foi necessário refazer 1991, de acordo com as categorias socioocupacionais de 2000 e a AEDS 2000 retroprojetada para 1991. Com isso a comparação 1980-2000 ficou prejudicada: há um texto para 1991-2000, com as categorias novas, e outro para 1980-1991, com as categorias de 1980. e é o texto 1991-2000 que será descrito em seguida. Em 1991 e 2000, analisou-se a estrutura social de 1991 e 2000 para toda a metrópole, para o núcleo e para os outros municípios metropolitanos separadamente.

Para a metrópole de São Paulo, olhando a estrutura social a partir de 3 grandes grupos (superior, reunindo dirigentes, profissionais e nível superior e pequenos empregadores, médio e popular, com trabalhadores manuais do comércio, serviços especializados e não

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especializados e operários industriais, pode-se concluir que na década de 90 a metrópole de São Paulo não apresentou mudança significativa na sua estrutura hierárquica. As categorias superiores tiveram um pequeno aumento relativo, passando de 10,85% do total de categorias para 11,84%, assim como os trabalhadores manuais, que passaram de 56,25% para 59,50%. Já a participação das categorias médias sofreu uma leve redução relativa, de 32,03% para 28,15%. Este primeiro olhar indicaria uma leve tendência à dualização social. Entretanto, um maior detalhamento dentro de cada um dos 3 grandes grupos relativiza esta conclusão. No grupo superior, os dirigentes tiveram forte perda relativa, enquanto que os profissionais de nível superior, pelo contrário, apresentaram forte aumento. Caracterizaram-se também os componentes do mundo “superior” em 1991 e 2000, através de alguns indicadores censitários relativos à estrutura demográfica, renda, trabalho, educação e moradia. Os dirigentes são predominantemente masculinos, brancos e com grande proporção de nascidos no estrangeiro, cerca de 30%. Estas proporções aumentam entre 1991 e 2000. Moram em apartamentos, e tem em média 13 anos de estudo. Os profissionais de nível superior se tornam mais femininos, ainda são majoritariamente brancos. A média de anos de estudo aumenta entre 1991 e 2000, mas este aumento, embora acompanhado por aumento de renda, mostra também uma maior precarização das relações de trabalho.

As camadas médias sofrem perda relativa, e apresentam proporção de mulheres bem maior que o mundo superior. A perda se dá sobretudo pela diminuição das ocupações de escritório.A proporção de nascidos no exterior diminui drasticamente, para 4,96%. A renda média per capita das camadas médias aumenta entre 1991 e 2000, mas a precarização das relações de trabalho também.

Dentro do mundo popular, foram os prestadores de serviços especializados os principais responsáveis pelo aumento notado, tanto no núcleo, como na periferia da metrópole. Este aumento foi seguido pelos operários dos serviços auxiliares da indústria (transporte, água, gás, eletricidade, etc) e pelo ambulantes e biscateiros. Os trabalhadores domésticos também mostraram forte aumento, passando de 6,35% dos ocupados da metrópole para 7,22%. Em contrapartida, houve queda significativa dos operários secundários tanto da indústria tradicional como da moderna. O perfil dos ocupados no mundo popular mostra o peso da migração nordestina: os nascidos no nordeste ultrapassam 70% dos ocupados no terciário não especializado em 2000.O percentual de não brancos é maior que nas camadas médias e superiores. A única perda de renda per capita na década foi entre os trabalhadores do terciário não especializado.

Sumarizando, entre 1991 e 2000 a metrópole paulista se terciarizou, perdendo atividades industriais e ampliando atividades de serviço, tanto entre os trabalhadores de serviços especializados, como também, embora em menor grau, entre os trabalhadores dos serviços não especializados. Aliás, as tabulações dos empregos formais da RAIS/CEMPRE mostram as mesmas tendências de perda do emprego industrial e ganho de empregos no setor de serviços.

A estrutura sócio ocupacional mantém basicamente a sua diversidade entre 1991 e 2000, apresentando, porém:

a) Terciarização, com forte incremento de trabalhadores do terciário especializado b) Profissionalização, com aumento de profissionais de nível superior

c) Perda de ocupações de escritório

d) Ganho de operários de serviços auxiliares e perda de trabalhadores das indústrias moderna e tradicional, assim, uma desproletarização relativa

e) Perda de dirigentes,principalmente de grandes empregadores

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Desdobramentos

O estudo da evolução das categorias sócio-ocupacionais, possibilita compreender de que modo as alterações observadas na estrutura produtiva produzem impactos sobre o perfil das diferentes categorias e alteram a distribuição residencial de cada grupo de categorias no espaço da metrópole. Como desdobramento futuro coloca-se a possibilidade de analisar essas transformações a partir dos dados censitários de 2010, ampliando o caráter explicativo do estudo e suas possibilidades de comparação com outras regiões metropolitanas.

Novos projetos

Foi elaborado um sub-projeto, para comparar as transformações observadas nas regiões metropolitanas de São Paulo e Salvador , no que diz respeito à estrutura sócio-ocupacional , aos perfis de cada uma das categorias ao longo do período estudado e aos possíveis impactos do processo migratório inter-estadual nas mudanças observadas nas duas regiões metropolitanas. Serão utilizados nessa comparação, além dos dados censitários, as informações da PED (pesquisa de emprego e desemprego) para as duas regiões.Tais análises serão estendidas para os dados de 2010, referentes à presente década.

Atividade 1: Análise da relação entre estruturação sócio-espacial das metrópoles e a organização morfológica das metrópoles

Este item envolvia, para a equipe de São Paulo, dois aspectos:

a) A comparação dos perfis de cada grande tipo de área (ver no item análise da relação entre estrutura socioespacial e as desigualdades urbanas; os grandes tipos de área são: superior, média, operária, popular e agrícola) em relação à distribuição das cats. Ou seja, quais as diferenças e semelhanças entre as áreas dos distintos tipos em 1991 e 2000 no que diz respeito á estrutura social?

b) A comparação entre os perfis demográficos das grandes tipologias de áreas em 1991 e 2000: há distinções em relação à estrutura etária, razão de sexo, características migratórias e de etnia entre a população residente em cada tipologia entre 1991 e 2000?

O primeiro item foi integralmente respondido. Em relação ao perfil demográfico, as tabulações estão feitas, faltando a análise e interpretação.

A pergunta a que se pretende responder é: qual a relação entre a estrutura social e alterações no padrão de segmentação espacial do espaço metropolitano de São Paulo?

Esta questão é respondida em duas dimensões: a) Mudança no perfil de cada tipo de área;

b) Mudanças de tipologia de área nos diversos segmentos espaciais.

Os mapas evidenciam uma nítida segmentação social no território metropolitano: uma mancha de perfil superior no centro da metrópole, sobrepondo-se à capital. Conforme nos distanciamos dessa mancha, percebe-se uma hierarquia descendente de tipos sócio-espaciais. Esta hierarquia é quebrada por alguns “borrões” do tipo superior na zona oeste da Grande São Paulo, além de pequena mancha a leste, em Mogi das Cruzes. As áreas superiores centrais são circundadas por áreas médias, localizadas também preferencialmente no município da capital.

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A expansão das camadas média e alta no eixo oeste faz surgir, além das manchas superiores, grande mancha média a oeste. E, no eixo leste, onde há o “borrão superior”, ao lado vai existir “borrão” médio, definindo um padrão: ao lado de áreas superiores geralmente surge uma média. Aparecem grandes manchas operárias em áreas tradicionalmente ligadas à atividades fabris, como no eixo sudeste (Diadema, Santo André, Mauá, São Bernardo, Rio Grande da Serra, Ribeirão Pires), leste (Suzano, Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Guarulhos) e norte (Cajamar, Franco da Rocha, Caieiras). A maior parte da periferia é ocupada por áreas do tipo popular e agrícola.

As áreas superiores sofreram um processo de “elitização relativa”, ou seja, a combinação de elevado aumento relativo de categorias superiores, aliado à perda de trabalhadores manuais. E relativa porque houve perda no topo da pirâmide, ou seja, perda de dirigentes e grandes empregadores.

Os espaços médios apresentam terceirização (aumento de trabalhadores terciários), profissionalização (aumento de profissionais de nível superior), desproletarização (perda relativa de trabalhadores secundários) e popularização (aumento relativo de trabalhadores do terciário não especializado). São espaços que reúnem inúmeras tendências, o que torna importante seu estudo mais detalhado. Este estudo está previsto para ser feito em 2009.

Os espaços operários mostram uma certa profissionalização, além de terciarização. Mais o seu traço mais maçante entre 1991 e 2000 é o grande aumento relativo de trabalhadores não especializados. São, assim, espaços que se popularizam.

Os espaços populares de 2000 mostram ganho de profissionais de nível superior e de ocupações médias e trabalhadores do terciário. São espaços que se misturam, com entrada de ocupações médias, forte terciarização, perda de operários e algum incremento de popularização.

Os espaços agrícolas mostram aumento relativo de operários de serviços auxiliares, além de popularização, com aumento relativo de ambulantes e biscateiro.

Para cada tipologia analisaram-se alguns indicadores, como renda, moradia e escolaridade.

Desdobramentos

Ampliar essas análises para a década 2000-2010, e elaborar novas análises comparativas a partir das bases de dados já sistematizadas.

Novos projetos

O projeto já mencionado de comparação das regiões metropolitanas de São Paulo e Salvador, com dados da PED e dos Censos IBGE constituirá um desdobramento importante desta etapa da pesquisa.

Atividade 2: Análise da relação entre organização social do espaço metropolitano e o mercado imobiliário Durante os anos da pesquisa (fevereiro de 2005 a fevereiro de 2008) buscamos como objetivo principal “identificar a relação entre a distribuição sócio-espacial e a localização dos investimentos imobiliários públicos e privados e em que medida estes atuam na produção das desigualdades sociais e da segregação espacial”. Essa busca foi acompanhada de planos de trabalhos, que foram modificados ano a ano, com o intuito de otimizar a pesquisa como um todo.

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Inicialmente, de acordo com o primeiro plano de trabalho, foram levantados, analisados e trabalhados os dados referentes aos grandes investimentos imobiliários ocorridos no município entre 1990 e 2000. (dados disponibilizados pela EMBRAESP). Ainda seguindo o plano de trabalho proposto inicialmente, foram identificadas algumas ações que corroboraram para as mudanças do espaço urbano através da análise de parte da legislação municipal e o estudo das ações públicas e privadas. Dentro desse contexto identificamos, principalmente, as grandes intervenções ocorridas na cidade de São Paulo no período e seus impactos no espaço urbano.

Resultado dessa etapa do trabalho

georreferenciamento dos dados permitindo a espacialização dos lançamentos imobiliários residenciais e produção de vários mapas com a localização, data de implantação e nível de cada empreendimento, o que levou à identificação, ano a ano, das regiões alvos de maior interesse imobiliário.

Em uma segunda etapa do trabalho optamos por uma pequena mudança na continuidade da pesquisa, porém, sem perder de vista a hipótese principal. Os estudos até então realizados evidenciaram a responsabilidade da legislação urbanística e dos grandes projetos de intervenção urbana no processo de formação do espaço urbano. Desta forma, visualizamos a necessidade de um estudo mais aprofundado das Operações Urbanas Consorciadas propostas para a cidade de São Paulo.

Após uma análise das Operações Urbanas propostas para o município, observamos a importância de estudarmos somente as que foram implantadas. E, para que pudéssemos avaliar de forma mais completa os efeitos dessas intervenções no espaço urbano, optamos por focar uma região da cidade: e o nosso objeto de estudo passou a ser a área delimitada pelas Operações Urbanas Consorciadas Faria Lima e Água Espraiada e entorno imediato.

Nessa fase analisamos o processo histórico que deu origem aos projetos das Operações Urbanas Consorciadas Faria Lima e Água Espraiada e a sua forma de implantação. Fizemos um recorte nos dados anteriormente coletados e refinados, focando somente a área objeto de estudo, destacando o comportamento do mercado imobiliário para a região antes e depois da implantação dessas intervenções, o que deixou evidente que houve um fomento da valorização imobiliária na porção sudoeste da cidade de São Paulo, a partir dos anos 1990. Através da análise desses dados, foi possível identificar também os impactos físico-espaciais e sócio-econômicos decorrentes dessas intervenções.

Resultado dessa etapa do trabalho

Artigo intitulado “Valorização Imobiliária e Renovação Urbana: - o caso das Operações Urbanas Consorciadas Faria Lima e Água Espraiada”, publicado na revista Estudos Pós-Graduados em Ciências pelo Programa Sociais da PUC/SP e na revista eletrônica do portal Vitruvius – ref. e0452.091 – em 2007.

No terceiro ano da pesquisa, através de uma metodologia, onde cruzamos várias especificidades de cada empreendimento com suas localizações e datas de implantação, traçamos uma evolução do comportamento da especulação imobiliária no município, e mais especificamente, na região foco de estudo. Ainda dentro do objetivo inicial, observamos a

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necessidade de incorporação dos dados referentes aos lançamentos imobiliários comerciais e ampliação do período de estudo, passando este a ser de 1985 a 2005.

Resultado dessa etapa do trabalho

Artigo intitulado “Valorização imobiliária e renovação urbana: o caso das Operações Urbanas Consorciadas Faria Lima e Água Espraiada”, publicado nos Cadernos Metrópole – em 2008

Desdobramentos

Ao final desse período de pesquisa, identificamos a possibilidade de uma análise dos impactos ocorridos em duas áreas de diferentes cidades em decorrência de intervenções urbanas. Assim, como desdobramento da pesquisa surgiu a proposta de um estudo comparativo entre o Parque das Nações (Expo’98) em Lisboa e as Operações Urbanas Consorciadas Faria Lima e Água Espraiada na cidade de São Paulo.

Essas duas intervenções (o Parque das Nações em Lisboa e a Operação Urbana Consorciada Faria Lima em São Paulo) surgiram no contexto de reestruturação econômica mundial e provocaram alterações importantes na urbanização das cidades onde se localizam. Tais alterações estão fortemente associadas a um padrão de intervenção urbana onde a cidade é vista de forma fragmentada e na qual o Estado tem um papel fundamental. Desta forma, ficou claro que esse estudo comparativo nos permitirá avaliar o alcance dessas intervenções, identificando suas semelhanças e diferenças, seus pontos positivos e negativos e, sobretudo, possibilitará produzir uma interpretação dos efeitos sócio-espaciais e identitários desencadeados em cada caso.

A proposta abrange o conhecimento dos efeitos sócio-econômicos, físico-territoriais, as mudanças no padrão de urbanização, nos usos, no enobrecimento, nas densidades demográficas, na infra-estrutura instalada em função das intervenções, através, principalmente de uma perspectiva comparada entre o antes e o depois da implantação delas. A pesquisa inclui ainda, o conhecimento do enquadramento legal, do modelo institucional, organizativo e de financiamento definido em cada caso.

A compreensão da dinâmica com que se processaram essas grandes intervenções urbanas e das modificações estruturais significativas geradas por elas, não somente na área em si, como também no seu entorno imediato, é fundamental para a proposição de políticas públicas compatíveis com um desenvolvimento sustentável das cidades e conseqüentemente, com a busca da qualidade de vida das pessoas.

Novos projetos

Como desdobramento do projeto e desta sub-linha em particular, foi elaborado e aprovado projeto para realização de análise comparativa dos processos de segregação residencial nas regiões metropolitanas de São Paulo e Natal , com destaque para o estudo dos condomínios horizontais fechados.Tal projeto, que envolve vários pesquisadores do núcleo São Paulo foi aprovado no âmbito do PRONEX/ 2008 e é coordenado pela Profa. Dra. Maria do Livramento Clementino do núcleo Natal.

Atividade 3: Análise da organização social do espaço metropolitano e mobilidade residencial Atividades Desenvolvidas

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A) Metodologia

Para analisar as características da mobilidade e as formas e condições de inserção dos migrantes na maior região metropolitana brasileira procedeu-se à construção de uma tipologia de municípios, com base nas categorias sócio ocupacionais elaboradas e utilizadas no âmbito da pesquisa "Metrópole, desigualdade sócio-espacial e governança urbana: Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte"(PRONEX/CNPq,1998). Para tanto, procedeu-se a uma análise fatorial da distribuição da população ocupada residente nos 38 municípios da região metropolitana paulista, excluindo-se a capital, de acordo com os diferentes tipos de categorias sócio-ocupacionais .

A análise fatorial realizada para 37 municípios da periferia da Região Metropolitana de São Paulo em 91 e 38 municípios em 2000 resultou em dois eixos que explicam 75% e 74% da variancia, respectivamente. O primeiro eixo opõe estratos superiores e médios a operários e trabalhadores da sobrevivência, exprimindo as relações de poder expressas pela qualificaçao profissional. O segundo eixo exprime a oposição entre trabalho qualificado e não qualificado, colocando de um lado as ocupações que requerem algum tipo de treinamento e de outro, as de baixa qualificação e que quase não necessitam de adestramento, como construção civil, serviços domésticos, ambulantes e biscateiros. Esse eixo explica 23,1% da variancia em 91 e 24,7% em 2000.

A partir desses eixos foram estabelecidos os clusters que resultaram em 5 grandes aglomerados ou tipos de municípios, a saber:

a) municípios de tipo popular :cluster que reune os municípios com grande proporção de trabalhadores da sobrevivência e da construção civil. Esses municípios, tanto em 1991 quanto em 2000, apresentam uma distribuição bastante semelhante das categorias sócio-ocupacionais e das suas densidades relativas, sendo a maior densidade para os dois períodos (1,54 em 1991 e 1,36 em 2000) a dos trabalhadores da sobrevivência. Pertencem ao tipo popular os municípios de Arujá, Cotia, Embu-Guaçu, Guararema, Itapecerica da Serra, Juquitiba, Mairiporã, Mogi das Cruzes, Pirapora do Bom Jesus (apenas em 1991), Santa Isabel, Santana do Parnaíba, São Lourenço (apenas em 2000), Suzano e Vargem Grande Paulista.

b) municípios de tipo agrícola- cluster que reúne os municípios com forte presença de trabalhadores agrícolas. Tal como no caso anterior a similaridade das distribuições de 1980 e 1991 permite estabelecer a mesma tipologia para os dois anos considerados. Os municípios agrícolas de Biritiba Mirim e Salesópolis se distinguem pela alta porcentagem de trabalhadores agrícolas residentes: 35,2% em 1991 e 16,7% em 2000. Também é significativa a presença nesses municípios de trabalhadores da sobrevivência.

c) municípios de tipo operário tradicional- cluster que reúne os municípios de residência operária, sobretudo de moradia de operários da indústria tradicional e de serviços. Estes municípios apresentam no ano 2000 densidades relativas elevadas do proletariado terciário, do proletariado secundário e de trabalhadores da sobrevivência. Dentre os 18,4% dos ocupados que pertenciam ao operariado secundário em 2000 3,4% eram da indústria tradicional e 5,9% da construção civil. De outro lado, 7,8% eram trabalhadores da sobrevivência. Assim, cerca de 17% da população ocupada residente no cluster era composta de operários tradicionais, operários da construção civil e trabalhadores da sobrevivência. Em 1991, os municípios de tipo operário tradicional possuíam 31% da sua população ocupada no proletariado secundário. Fazem parte deste tipo os seguintes municípios, em 1991: Cajamar, Carapicuiba, Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Franco da Rocha, Itapevi, Itaquaquecetuba e Jandira. Em

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2000, aos municípios de: Ferraz de Vasconcelos, Francisco Morato, Itapevi, Itaquaquecetuba, Jandira somaram-se Pirapora do Bom Jesus e Santa Isabel que pertenciam ao tipo popular em 1991, Poá e Rio Grande da Serra que pertenciam ao tipo operário moderno em 1991.

d) municípios de tipo operário moderno, cluster que no ano 2000 reúne municípios com densidade elevadas de trabalhadores residentes do proletariado secundário (1,03), sobretudo da indústria moderna (1,06), também possuem presença expressiva os trabalhadores de serviços auxiliares. Em 1991 a densidade relativa dos trabalhadores da indústria moderna alcançava neste cluster 1,03 e a de serviços auxiliares 1,14, tornando possível a comparabilidade desse tipo nas duas datas consideradas. Fazem parte deste tipo, em 1991, os municípios de: Barueri, Caieiras, Diadema, Guarulhos, Mauá, Poá, Osasco, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Taboão da Serra. Em 2000 Poá e Rio Grande da Serra passam a fazer parte dos municípios do tipo operário tradicional, devido a alterações no perfil de sua população ocupada residente. Por outro lado, passam a fazer parte do grupo os municípios de Cajamar e Carapicuíba, antes pertencentes ao tipo operário tradicional, também em razão das características de sua população residente, segundo a categoria sócio-ocupacional.

e) municípios da elite industrial, cluster que reune municípios que apresentam, tanto em 1991 como em 2000, densidades elevadas de residentes pertencentes à elite intelectual (1,79 para 1991 e 1,59 para 2000) e à elite dirigente, que atingiu 1,73 no ano 2000. Esse cluster distingue-se também por apredistingue-sentar densidades elevadas para a pequena burguesia (1,17 em 1991 e 1,26 em 2000). Embora a densidade do proletariado secundário seja inferior a unidade, ela é expressiva para os trabalhadores da indústria moderna, tanto em 1991 (1,13) como em 2000 (1,10). Fazem parte deste tipo, em 1991, os municípios de: Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul, que constituíram o berço da indústria metalúrgica, automobilística e metal-mecânica do Estado de São Paulo. A esses municípios somou-se em 2000 Santana do Parnaíba, importante área de expansão de serviços ligados à indústria e onde se localizam os maiores condomínios de alta renda, onde residem empresários e profissionais pertencentes às elites dirigente e intelectual.

B) Tipologia de municípios e migração

Conforme detalhado anteriormente, os municípios da Região Metropolitana de São Paulo foram classificados em 5 tipos, tanto em 1991 como em 2000. Estes tipos foram construídos agrupando-se perfis semelhantes da população ocupada residente, de acordo com a classificação sócio-ocupacional adotada. Assim, representam grupos de municípios que alocam residentes de perfil sócio-ocupacional semelhante entre si e distinto de outro grupo, o que permite reuni-los numa mesma denominação. Na construção dessa tipologia separou-se o município pólo (a capital) pela sua especificidade e por já ter sido objeto de análises recentes ( ver a esse respeito, por exemplo, o trabalho de Bógus, L. e Pasternak, S.-2004, sobre o município de São Paulo).

Para ilustrar o afirmado, a tabela 16 mostra a proporção de migrantes residentes em cada tipo de município, em 1991 e 2000.

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Tabela 1 - Proporção de migrantes residentes nos distintos tipos de municípios em 1991 e 2000.

Tipo de municípios % de migrantes 1991 % de migrantes 2000

Agrícola 26,95 26,19 Popular 28,62 26,94 Operário tradicional 37,09 31,57 Operário moderno 26,15 25,53 Elite industrial 27,77 21,60 Pólo 11,42 11,52 Total 17,30 17,45

Fonte: Censos Demográficos de 1991 e 2000 C) Conclusões:

Tanto em 1991 como em 2000, os municípios com maior proporção de migrantes são os do tipo operário tradicional e popular. São tipos que se caracterizam por constituírem o local de moradia de camadas bastante pobres da população. A proporção de migrantes na população total manteve-se entre as duas datas: a redução em todos os tipos de municípios da metrópole se viu compensada pelo ligeiro aumento do percentual no município pólo. A maior redução da proporção de migrantes ocorreu nos municípios de tipo elite industrial (mais de 28% de redução), seguida pela diminuição de 17,5% na migração nos municípios de tipo operário tradicional.

Os municípios de tipo popular, no ano 2000, caracterizavam-se por densidades maiores que a unidade nos trabalhadores da sobrevivência e nos trabalhadores do proletariado secundário e terciário. Estas cidades são também conhecidas como cidades dormitório, apresentando um movimento pendular diário casa–trabalho, bastante expressivo. Nelas a oferta de terras é ainda abundante e com preços relativamente inferiores.

Pode-se inferir que a presença de forte proporção de migrantes vincula-se à renda média baixa, presente nos dois sub-conjuntos, denota que os migrantes mais pobres têm como uma das únicas opções de residência as áreas mais afastadas e desprovidas de infra-estrutura, mesmo tendo que arcar com o desgaste do tempo e do elevado custo de deslocamento para o trabalho, já que a oferta de empregos é bastante reduzida nesses municípios. Nota- se a pequena oferta de emprego tanto nos municípios populares como nos do tipo operário tradicional. São, fundamentalmente, municípios dormitório que abrigam população de baixa renda.

A presença da estrada de ferro ajuda a explicar a localização da moradia das camadas populares, uma vez que esse meio de transporte possibilita o deslocamento para outras áreas da metrópole, onde haja oferta de trabalho ou emprego. O trem interliga municípios ao norte, como Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato; a oeste, como Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira e Itapevi.Em direção ao sudeste, passa por São Caetano do Sul, Santo André; em direção ao porto de Santos, passa por Mauá e Ribeirão Pires. No sentido leste, a caminho do Rio de Janeiros, atravessa Ferraz de Vasconcelos, Poá, Suzano, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Guararema. A rede ferroviária metropolitana, embora precária e insuficiente, ainda é a garantidora da mobilidade no espaço da metrópole para a população de baixa renda.

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No que diz respeito à origem dos moradores, os municípios do tipo (cluster) operário moderno apresentaram uma proporção de migrantes semelhante, tanto em 1991 como em 2000 (26,15% e 25,45%, respectivamente).

Cabe salientar que a oferta de empregos dos municípios do cluster operário moderno é bem superior à do cluster operário tradicional. A proporção de migrantes é menor, associando-se inversamente a renda e a oferta de empregos. Destaca-associando-se como exceção o caso de Carapicuíba. É provável que boa parte de seus moradores trabalhe em indústrias de São Paulo e Osasco, dada a contiguidade territorial e o expressivo número de empresas do setor industrial instaladas nos limites daqueles três municípios.

Os municípios do cluster elite industrial apresentam proporção ainda menor de migrantes, tanto em 1991 como em 2000. A renda média é mais que o dobro da renda média dos chefes no cluster operário tradicional. A migração para estes municípios, com exceção de Santana do Parnaíba, com migração de perfil específico, reduziu-se muito entre as duas datas. No caso de Santana do Parnaíba, a renda média dos chefes residentes no município é a mais alta da metrópole, maior inclusive que a da capital (1.479,69 reais). Biderman (2004) mostra que os 10% mais ricos de Santana do Parnaíba em 1991 ganhavam em média 50% a mais que os 10% mais ricos residentes na capital. Este fenômeno está ligado, como já afirmado, ao crescimento de condomínios fechados na periferia de São Paulo. Em Santana e Barueri estão Alphaville e Tamboré, com aumento de renda média ligado à migração da camada mais rica da população. E explica-se pelo seu volume menor de população o fato de Santana passar para o grupo mais rico de municípios e Barueri não: por ser menor (população em 2000 de 74.828, enquanto Barueri chega a 208.281), a presença de condomínios fechados com baixa densidade populacional acaba por influenciar mais fortemente os seus indicadores de renda, instrução e ocupação.

O município pólo apresenta uma proporção de migrantes de 11,60%, com renda média do chefe de 1.479,69 reais e oferta de 40,96 empregos por cada 100 pessoas na população em idade ativa. Os municípios agrícolas, Biritiba Mirim e Salesópolis, possuem proporção de migrantes de 26,19%, oferta mito baixa de empregos (Biritiba com 9,93 empregos para 100 pessoas em idade ativa e Salesópolis com 17,47). A renda média do chefe assemelha-se à dos chefes do cluster operário tradicional: 623,73 reais.

Vale ressaltar a associação negativa entre proporção de migrantes na década e renda dos chefes: os municípios pobres, com pequena oferta de empregos são os que apresentam as mais altas taxas de migração. Como grande exceção, surge Santana do Parnaíba, pelas razões já apontadas e, sobretudo, pela concentração de migrantes de alta renda. Outra variável que se impôs como importante fator explicativo é, como vimos, a presença da ferrovia, favorecendo a moradia de migrantes recentes, em áreas afastadas dos centros de emprego e trabalho, com moradia mais acessível ao poder aquisitivo da população de baixa renda, mas com facilidade de deslocamento para áreas de concentração de oportunidades de trabalho. Concluindo, o lócus possível de residência dos migrantes são os municípios mais afastados, com pequena oferta de empregos e possibilidade de deslocamentos pendulares pela presença da ferrovia, embora também precária face às demandas existentes. Em termos da tipologia, esses municípios correspondem ao conjunto de tipo (cluster) operário tradicional.

Os municípios de tipo popular, no ano 2000, caracterizavam-se por densidades maiores que a unidade nos trabalhadores da sobrevivência e nos trabalhadores do proletariado secundário e terciário. Estas cidades são também conhecidas como cidades dormitório, apresentando um movimento pendular diário casa–trabalho, bastante expressivo. Nelas a oferta de terras é ainda abundante e com preços relativamente inferiores.

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Pode-se inferir que a presença de forte proporção de migrantes vincula-se à renda média baixa, presente nos dois sub-conjuntos, denota que os migrantes mais pobres têm como uma das únicas opções de residência as áreas mais afastadas e desprovidas de infra-estrutura, mesmo tendo que arcar com o desgaste do tempo e do elevado custo de deslocamento para o trabalho, já que a oferta de empregos é bastante reduzida nesses municípios. Nota- se a pequena oferta de emprego tanto nos municípios populares como nos do tipo operário tradicional. São, fundamentalmente, municípios dormitório que abrigam população de baixa renda.

A presença da estrada de ferro ajuda a explicar a localização da moradia das camadas populares, uma vez que esse meio de transporte possibilita o deslocamento para outras áreas da metrópole, onde haja oferta de trabalho ou emprego. O trem interliga municípios ao norte, como Caieiras, Franco da Rocha e Francisco Morato; a oeste, como Osasco, Carapicuíba, Barueri, Jandira e Itapevi.Em direção ao sudeste, passa por São Caetano do Sul, Santo André; em direção ao porto de Santos, passa por Mauá e Ribeirão Pires. No sentido leste, a caminho do Rio de Janeiros, atravessa Ferraz de Vasconcelos, Poá, Suzano, Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Guararema. A rede ferroviária metropolitana, embora precária e insuficiente, ainda é a garantidora da mobilidade no espaço da metrópole para a população de baixa renda.

No que diz respeito à origem dos moradores, os municípios do tipo (cluster) operário moderno apresentaram uma proporção de migrantes semelhante, tanto em 1991 como em 2000 (26,15% e 25,45%, respectivamente).

Cabe salientar que a oferta de empregos dos municípios do cluster operário moderno é bem superior à do cluster operário tradicional. A proporção de migrantes é menor, associando-se inversamente a renda e a oferta de empregos. Destaca-associando-se como exceção o caso de Carapicuíba. É provável que boa parte de seus moradores trabalhe em indústrias de São Paulo e Osasco, dada a contiguidade territorial e o expressivo número de empresas do setor industrial instaladas nos limites daqueles três municípios.

Os municípios do cluster elite industrial apresentam proporção ainda menor de migrantes, tanto em 1991 como em 2000. A renda média é mais que o dobro da renda média dos chefes no cluster operário tradicional. A migração para estes municípios, com exceção de Santana do Parnaíba, com migração de perfil específico, reduziu-se muito entre as duas datas. No caso de Santana do Parnaíba, a renda média dos chefes residentes no município é a mais alta da metrópole, maior inclusive que a da capital (1.479,69 reais). Biderman (2004) mostra que os 10% mais ricos de Santana do Parnaíba em 1991 ganhavam em média 50% a mais que os 10% mais ricos residentes na capital. Este fenômeno está ligado, como já afirmado, ao crescimento de condomínios fechados na periferia de São Paulo. Em Santana e Barueri estão Alphaville e Tamboré, com aumento de renda média ligado à migração da camada mais rica da população. E explica-se pelo seu volume menor de população o fato de Santana passar para o grupo mais rico de municípios e Barueri não: por ser menor (população em 2000 de 74.828, enquanto Barueri chega a 208.281), a presença de condomínios fechados com baixa densidade populacional acaba por influenciar mais fortemente os seus indicadores de renda, instrução e ocupação.

O município pólo apresenta uma proporção de migrantes de 11,60%, com renda média do chefe de 1.479,69 reais e oferta de 40,96 empregos por cada 100 pessoas na população em idade ativa. Os municípios agrícolas, Biritiba Mirim e Salesópolis, possuem proporção de migrantes de 26,19%, oferta mito baixa de empregos (Biritiba com 9,93 empregos para 100 pessoas em idade ativa e Salesópolis com 17,47). A renda média do chefe assemelha-se à dos chefes do cluster operário tradicional: 623,73 reais.

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Vale ressaltar a associação negativa entre proporção de migrantes na década e renda dos chefes: os municípios pobres, com pequena oferta de empregos são os que apresentam as mais altas taxas de migração. Como grande exceção, surge Santana do Parnaíba, pelas razões já apontadas e, sobretudo, pela concentração de migrantes de alta renda. Outra variável que se impôs como importante fator explicativo é, como vimos, a presença da ferrovia, favorecendo a moradia de migrantes recentes, em áreas afastadas dos centros de emprego e trabalho, com moradia mais acessível ao poder aquisitivo da população de baixa renda, mas com facilidade de deslocamento para áreas de concentração de oportunidades de trabalho. Concluindo, o lócus possível de residência dos migrantes são os municípios mais afastados, com pequena oferta de empregos e possibilidade de deslocamentos pendulares pela presença da ferrovia, embora também precária face às demandas existentes. Em termos da tipologia, esses municípios correspondem ao conjunto de tipo (cluster) operário tradicional.

Desdobramentos

O principal desdobramento refere-se à possibilidade de acompanhar o comportamento migratório para cada município da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), conforme a tipologia estabelecida ao longo das décadas de 90, 2000 e 2010. O estudo contribui também para a análise da pendularidade e da inserção dos migrantes no mercado de trabalho da RMSP. Novos Projetos

Foi elaborado o projeto de mestrado de Isaac Vitório Ferraz que estuda a migração nordestina para a Região metropolitana de São Paulo, tendo em vista analisar a distribuição dos migrantes nordestinos, pelo espaço metropolitano, conforme a categoria sócio-ocupacional e o período de chegada à RM, a partir dos anos 1980.

SUBLINHA II.2: Organização social do território das metrópoles e desigualdades Atividade 1: Análise da relação entre a estruturação sócio-espacial e as desigualdades urbanas e ambientais. 1980/2000

Atividades Desenvolvidas

(i) Tipos de mudança das áreas de estudo (AEDS). Para a análise, o espaço da RMSP foi dividido em 6 segmentos: o pólo, com 456 áreas; os 11 municípios do eixo leste, com 112 áreas; os 7 municípios do eixo sudeste, com 124 áreas, os 5 do eixo norte, com 14 áreas; os 4 do eixo sudoeste, com 10 áreas e os 11 municípios do eixo oeste, com 96 áreas. As mudanças focalizaram-se na diferença das distribuições das CATS entre 1991 e 2000, além de estudo em paralelo do mercado formal, pela RAIS para cada município. Este estudo do mercado formal não estava previsto na programação de trabalho, mas revelou-se extremamente útil para o entendimento do que acontece na metrópole.

(ii) Estudo das diferenças nas condições ambientais entre os distintos tipos de áreas, em 1991 e 2000. Para isso tabularam-se informações das condições de moradia e saneamento básico nos grandes tipos de área (superior, média, operária, popular e agrícola) nas datas de 1991 e 2000, pelos dados censitários.

Referências

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