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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS GRADUAÇÃO

COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM CLÍNICA MÉDICA EM PEQUENOS ANIMAIS

ERLIQUIOSE CANINA

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ANDREZA POLLYANA GOMES MORAES Aluna do Curso de Medicina Veterinária

ERLIQUIOSE CANINA

Trabalho monográfico do curso de pós-graduação "Lato Sensu" em Clínica Médica em Pequenos Animais apresentado à UCB como requisito parcial para a obtenção de título de Especialista Clínica Médica em Pequenos animais, sob a orientação do Prof. Raul Henderson Ávila Junior.

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Dedico este trabalho aos meus familiares, especialmente meu pai e meus irmãos, pelo

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Agradeço à minha família que me incentivou a fazer este estudo;

Ao meu orientador, Prof. Raul Henderson Ávila Junior – que forneceu orientações seguras, guiando meu caminho;

Aos meus professores e colegas, pela caminhada solidária.

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“No semblante do animal que não fala, há todo um discurso, que somente um espírito sábio

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Resumo/Abstract

MORAES, Andreza Pollyana Gomes Moraes

Os agentes etiológicos da erliquiose canina são rickettsias transmitidas por carrapatos. Neste caso, os carrapatos encontrados nos cães são, na sua grande maioria, pertecentes à espécie Rhipicephalus sanguineus. O cão geralmente é acometido pela Ehrlichia canis, mas infecções por outras espécies não são raras. Com base nos sinais clínicos notam-se três fases da doença: aguda, subclínica e crônica. Na fase aguda observam - se febre, apatia, anorexia, emagrecimento e trombocitopenia. Na fase subclínica os sinais geralmente são inaparentes e o cão tem aparência saudável. Se a infecção persiste a fase crônica se instala, com sintomas severos: pancitopenia, glomerulonefrite, hemorragias e até sinais neurológicos. O sucesso do tratamento depende da precocidade do diagnóstico, realizado através de esfregaços sanguíneos e métodos sorológicos. Os derivados de tetraciclina são as drogas de escolha, além de uma terapia de suporte. É fundamental a prevenção da doença através do controle do vetor.

MORAES, Andreza Pollyana Gomes

The rickettsias are the etiologic agent of canine ehrlichiosis, a disease transmitted by ticks. Ticks found on the these dogs are mainly the brown dog tick, Rhipicephalus sanguineus. Ehrlichia canis is the most prevalent etiologic agent, but other species of rickettsias may affect the dog. Three phases of this disease have been recognized, based in the clinical signs and pathological abnormalities: acute, subclinical and chronic. In the acute phase, fever, depression, anorexia, weigh loss and thrombocytopenia may occur. Some dogs may develop asymptomatic subclinical stage. Chronic phase may cause pancytopenia, glomerulonephritis, platelet – related bleedings, and nervous signs. Success of treatment depends on early diagnosis, made by stained blood smears, serological test. Several drugs are avaible for treatment, such as the doxycycline. Tick control remains the most effective method of prevention against infection.

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SUMÁRIO Página Resumo/Abstract ... 06 1.0. Introdução... 08 2.0. Revisão de literatura ... 12 2.1. Etiologia ... 12 2.2. Transmissão ... 14 2.3. Patogenia... 18 2.4. Sinais clínicos ... 23

2.5. Alterações laboratoriais e anatomia patológica ... 28

2.6. Diagnóstico ... 32 2.6.1. Diagnóstico clínico... 32 2.6.2. Achados de necropsia... 36 2.7. Tratamento ... 37 2.8. Prevenção ... 41 3.0. Conclusão ... 43 4.0. Referências Bibliográficas... 46

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1.0. – INTRODUÇÃO

Morais et al. (2004) mencionam que os cães são acometidos por uma série de enfermidades, sendo que nos últimos anos uma doença que vem se destacando é a erliquiose. Sendo que aproximadamente 20% dos cães atendidos em hospitais e clínicas veterinárias no Brasil apresentaram anticorpos contra Ehrlichia canis.

Munhoz e Babo (1998) citam que a erliquiose é uma enfermidade causada pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus e recentemente confirmada como zoonose.

De acordo com Andereg e Passos (1999) o gênero Ehrlichia é constituído por bactérias gram negativas pertencentes à família Ehrlichiae com várias espécies que causam infecção clínica e subclínica nos cães: Ehrlichia canis, Ehrlichia platys e Ehrlichia ewingii. Descrevem ainda, que além dessas espécies, a Ehrlichia equi (agente da erliquiose granulocitotrópica eqüina) e a Ehrlichia chaffensis (agente da erliquiose humana) já foram identificadas como causadoras de erliquiose em cães.

Labruna e Pereira (2001) citam que Rhipicephalus sanguineus foi introduzido no Brasil possivelmente a partir do século XVI, com a chegada dos colonizadores europeus e seus animais domésticos.

Almosny e Massard (2002) mencionam que a primeira descrição da doença ocorreu em 1935, por Donatien e Lestoquard, que observaram

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organismos nas células mononucleares circulantes de cães infestados por carrapatos, e denominaram - nos Rickettsia canis. Em 1945, Moshkovski renomeou o organismo como Ehrlichia canis.

Almosny e Massard (2002) com base em Huxsoll (1976) relatam que em 1960, durante a guerra do Vietnã, cães militares da Inglaterra e dos Estados Unidos foram acometidos por uma doença hemorrágica severa de etiologia desconhecida. Sendo assim, recebeu vários nomes incluindo doença do cão rastreador, pancitopenia tropical canina, febre hemorrágica canina, tifo canino, síndrome hemorrágica idiopática e rickettisiose canina.

Almosny e Massard (2002) com base em Huxsoll et al. (1969) citam que no final da década de 60, o papel da E. canis como Rickettsia significativamente patogênica veio á luz, quando ficou estabelecido que fosse o agente etiológico da pancitopenia tropical canina.

Almosny e Massard (2002) com base em Huxsoll (1976) afirmam que este achado causou grande dúvida, visto que E. canis vinha sendo descrita como causa de doença relativamente branda, exceto em filhotes, nos quais o quadro era grave e letal.

Legatzki e Jorge (2002) relatam que no período de 1960 a 1970, a doença recebeu mais atenção, quando um grande número de cães pastor morreu no Vietnã em função da Erliquiose canina, sendo que os sinais de hemorragia em cães de guerra

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doença disseminou-se principalmente através de demonstrações de treinamento de cães militares durante e após a guerra do Vietnã.

Labruna e Pereira (2001) mencionam que há relatos de várias espécies de carrapatos parasitando os cães em todo o território brasileiro; no entanto, a ocorrência dessas espécies em diferentes localidades é resultante das características epidemiológicas particulares. A espécie Rhipicephalus sanguineus, se caracteriza por hábitos nidícolas e está bastante adaptada aos domicílios urbanos.

De acordo com Labruna e Pereira (2001) por exercerem a hematofagia durante o parasitismo, os carrapatos comportam-se como vetores de alguns importantes patógenos para o homem e para os animais, sendo que a espécie Rhipicephalus sanguineus é o vetor natural da Babesia canis agente etiológico da Babesiose canina, e da Ehrlichia canis, agente etiológico da Erliquiose canina.

Segundo Morais et al. (2004) a erliquiose é comum em cães no Brasil sendo que aproximadamente 20% dos cães atendidos em hospitais e clínicas veterinárias dos estados do Paraná, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina, São Paulo, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Ceará, Alagoas, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal apresentam anticorpos contra Ehrlichia canis.

Almonsy e Massard (2002) afirmam que o primeiro diagnóstico de erliquiose humana, causada por Ehrlichia canis, foi em 1986, nos Estados Unidos, descrevem ainda a enfermidade como sendo capaz de causar doença grave em

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humanos, com casos de óbito principalmente em crianças e idosos sendo, portanto considerada uma zoonose.

Segundo Munhoz e Babo (1998) atualmente a erliquiose é a mais importante das doenças emergentes transmitidas por carrapatos, acometendo cães, eqüinos, bovinos, ovinos, felinos e humanos.

Segundo Andereg e Passos (1999) por meio de caracterização e comparação da seqüência de RNA de algumas espécies de Ehrlichia, por ampliação e sequenciamento do genoma, foram observadas semelhanças que permitiram dividi-las em três grupos filogenéticos. O primeiro grupo é composto pela Ehrlichia equi e Ehrlichia phagocytophila, o segundo grupo pela Ehrlichia canis, Ehrlichia chaffeensis e Ehrlichia ewingii, e o terceiro grupo pela Ehrlichia risticci e Ehrlichia sennetsus.

Andereg e Passos (1999) mencionam que, com base nos sinais clínicos e exames laboratoriais notam-se três fases da doença, no cão na fase aguda observam-se febre, apatia, anorexia, emagrecimento e trombocitopenia. Na fase subclínica os sinais geralmente são inaparentes e o cão tem aparência saudável. Se a infecção persiste, instala-se a fase crônica com sinais severos que incluem pancitopenia, glomerulonefrite, hemorragias e hipoplasia da medula óssea.

Morais et al. (2004) mencionam que a forma aguda com sangramento profuso é hoje rara em partes das Regiões Sul e Sudeste, embora seja comum em outras áreas da Região Sudeste e algumas das Regiões Norte e Nordeste; citam ainda que a

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variabilidade dos sinais que apresenta. O diagnóstico pode ser feito pela pesquisa do parasito, de anticorpos específicos na circulação, por meio de métodos sorológicos ou PCR e o sucesso do tratamento depende da precocidade do diagnóstico.

Andereg e Passos (1999) indicam que a tetraciclina e seus derivados são as drogas de escolha, indicando - se também tratamento de suporte, entretanto que a prevenção da doença por meio controle do vetor é fundamental devido á inexistência de vacinas.

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2.0. – REVISÃO DE LITERATURA

2.1. – ETIOLOGIA

Munhoz e Babo (1998) descreveram a erliquiose como um grupo de doenças que acomete cães, eqüinos, bovinos e ovinos, causada por uma riquétsia do gênero Ehrlichia, classificada como bactéria infectante de leucócitos e causadora de enfermidades severas no hospedeiro.

Andereg e Passos (1999) citam que o agente etiológico da Erliquiose canina é a Ehrlichia canis, que está classificada na ordem Riquettsiales, família Riquettsiacea, também citada como família Ehrlichiae. Os mesmos autores citam ainda que a infecção por Ehrlichia já fosse considerada espécie - especifica, porém atualmente este conceito foi mudado, pois uma mesma espécie de Ehrlichia tem sido isolada de diferentes hospedeiros.

Várias espécies do gênero Ehrlichia causam infecção clínica e subclínica em cães tais como Ehrlichia canis, Ehrlichia platys e Ehrlichia ewingii (espécies que normalmente infectam cães). Além dessas espécies, a Ehrlichia equi (agente da erliquiose granulocitotrópica eqüina), a Ehrlichia risticci (agente da erliquiose humana) também já foram isoladas como causadoras de erliquiose em cães (Andereg e Passos, 1999).

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De acordo com Almosny e Massard (2002) a diferenciação entre as espécies de parasitas foi primeiramente baseada no tipo de célula parasitada, distribuição geográfica e severidade da doença. Embora Morais et al. (2004) apontam que a classificação taxomônica foi modificada recentemente, incorporando informações de biologia molecular. Algumas espécies do gênero Ehrlichia, incluindo algumas que parasitam os cães, foram transferidas para o gênero Anasplasma.

Breitschwerdt (1999) apud Andereg e Passos (1999), ao se caracterizar e comparar a seqüência de RNA de algumas espécies por ampliação e sequenciamento do genoma, foi observado semelhanças que permitiram dividiram em três grupos filogenéticos. O primeiro grupo é composto pela Ehrlichia equi e Ehrlichia phagocytophila, o segundo grupo pela Ehrlichia canis, Ehrlichia chaffeensis e Ehrlichia ewingii, e o terceiro grupo pela Ehrlichia risticci e Ehrlichia sennetsus.

Almosny e Massard (2002) citam que o gênero Ehrlichia compreende parasitos intracitoplasmáticos de leucócitos e plaquetas do sangue circulante de várias espécies de mamíferos, são organismos cocóides a elipsoidais e não móveis ocorrendo isolados ou em colônias, denominadas mórulas, consideradas formas características do parasito, sendo transmitido biologicamente por carrapatos.

Corrêa e Corrêa (1992) com base em Ewing (1971) descrevem que a Ehrlichia canis é um microorganismo pequeno, pleomórfico, que se replica no citoplasma dos leucócitos circulantes do hospedeiro. No interior de monócitos e neutrófilos, a principio, são observados corpúsculos elementares com 0,5 a 1 µm, que depois

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se multiplicam por divisão binária formando uma inclusão que recebe o nome de mórula. Estes corpos moruliformes, quando maduros, se dissociam em novos corpúsculos elementares, que deixam as células brancas por exocitose ou por rompimento das mesmas, indo parasitar novas células.

Almosny e Massard (2002) citam a presença destas inclusões como suficientes para um diagnóstico positivo da doença, e especifica a forma de mórula é uma característica de todas as espécies de Ehrlichia.

Almonsy e Massard (2002) mencionam que estudos mais recentes revelaram que a obtenção de energia nas espécies do gênero Ehrlichia é aeróbica, assacarolítica, ou seja, estes microorganismos não utilizam a glicose como fonte de energia, mas sim aminoácidos, como a glutamina e o glutamato, sendo que a glutamina é mais utilizada.

Segundo Almonsny e Massard (2002) transcrevem que “estudos revelaram elevada atividade no consumo de vitaminas do complexo B por parte de Ehrlichia canis” e acrescenta devida sua ação como coenzima nos processos formadores de energia, deduz - se que existe elevado grau de metabolismo nestes parasitos.

Almonsy e Massard (2002) alegam que as espécies do gênero Ehrlichia, entretanto, não utilizam glicose nem glicose 6 fosfato para a produção de ATP,fazendo sempre neoglicogênese.

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Almosny e Massard (2002) relatam que por sua via metabólica, são classificadas como bactérias gram negativas compostas de componentes celulares que incluem ribossomos e ácidos nucléicos.

2.2. – TRANSMISSÃO

Almosny e Massard (2002) descrevem que a transmissão da Ehrlichia canis pelo carrapato Rhipicephalus sanguineus ocorre quando o mesmo está sugando o sangue do hospedeiro e a secreção de suas glândulas salivares contamina o local da picada. Segundo Mcdade (1990) citado por Almosny e Massard (2002), que o Rhipicephalus sanguineus é o vetor, mas não o reservatório da erliquiose canina.

Almosny e Massard (2002) citam que a idade dos cães acometidos pela erliquiose é variável, tendo-se relatado casos de cães entre dois meses á treze anos, sendo assim, parece não existir tendência em relação á idade, sexo, e peso dos animais.

Labruna e Pereira (2001) mencionam por exercerem a hematofagia durante os parasitismos, os carrapatos comportam-se como vetores de alguns importantes patógenos para o homem e para os animais, e acrescenta a espécie Rhipicephalus sanguineus é o vetor natural da Babesia canis agentes etiológico da Babesiose canina, e da Ehrlichia canis, agente etiológico da Erliquiose canina.

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Labruna e Pereira (2001) citam que os carrapatos encontrados nos cães são na sua grande maioria pertencentes á espécie Rhipicephalus sanguineus, que se caracteriza por hábitos nidícolas e está bastante adaptada aos domicílios localizados em cidades e acrescenta que cães criados em áreas rurais ou suburbanas,onde geralmente vivem soltos e tem acesso livre as matas e outros ambientes, em que outras espécies de animais selvagens estão presentes, podem ser infestados por várias espécies de carrapatos originalmente nativos de mamíferos selvagens da fauna brasileira, pertencentes ao gênero Amblyoma.

Segundo Corrêa e Corrêa (1992) os carrapatos passam por quatro estágios evolutivos em seu ciclo de vida: ovo, larva, ninfa e adulto. O mesmo autor menciona que assim que a larva nasce do ovo, ela se alimenta no hospedeiro por alguns dias, quando então faz a ecdise ou troca de pele para o próximo estágio evolutivo, a ninfa; que após se alimentar por alguns dias no hospedeiro realiza uma nova ecdise, neste caso para o adulto.

Corrêa e Corrêa (1992) citam que os carrapatos adultos, diferenciados entre machos e fêmeas, alimentam-se no hospedeiro por alguns dias, copulam e após alimentação a fêmea realiza uma única postura de ovos, quando então morre.

Labruna e Pereira (2001) alegam que no caso dos Amblyomma spp e da espécie Rhipicephalus sanguineus, todas as fases de vida livre, tais como as ecdises e a postura incubação dos ovos, se realizam no ambiente; no entanto, este ambiente varia conforme a espécie de carrapato.

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Labruna e Pereira (2001) lembram que as principais áreas do corpo dos cães que o Rhipicephalus sanguineus, parasita são a cabeça, o pescoço, o dorso, as orelhas e os espaços interdigitais.

Andereg e Passos (1999) afirmam que o carrapato contamina-se ao ingerir leucócitos infectados, contamina-sendo que a Ehrlichia canis multiplicam - contamina-se nos hematócitos e nas células da glândula salivar, ocorrendo transmissão transetadial.

Labruna e Pereira (2001) mencionam que a espécie Rhipicephalus sanguineus é o vetor natural da Babesia canis, agente etiológico da babesiose canina; e Ehrlichia canis, agente etiológico da erliquiose canina. No gênero Amblyomma, a espécie A.cajennense é o vetor natural da Rickettsia rickettsii, agente etiológico da febre maculosa no Brasil.

Andereg e Passos (1999) mencionam como não existem hospedeiros intermediários, transfusões sanguíneas de um doador infectado para um cão susceptível também pode transmitir a doença.

Almosny e Massard (2002) relatam que a transmissão para o carrapato ocorre de maneira mais efetiva, no período de dois á três semanas após a infecção do cão devido ao maior número de células parasitadas nesta fase. Citam ainda que a infecção do agente etiológico possa ocorrer artificialmente de cão a cão, por inoculação subcutânea, intravenosa, intraperitonial de sangue ou emulsão de órgãos.

A Ehrlichia canis é transmitida principalmente pelo Rhipicephalus sanguineus durante a fase ninfa e também por adultos. Estudos demonstraram

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que nenhum carrapato fêmea infectado transmitiu a Ehrlichia canis para sua progênie, assim como não foi possível detectar o microorganismo no ovário de carrapatos infectados experimentalmente; depois de infectado o carrapato transmite a Rickettsia por 155 dias (Almosny e Massard, 2002).

Andereg e Passos (1999) descrevem que os cães que se recuperam da doença permanecem portadores, podendo manter a infecção por períodos superiores a 5 anos, apesar do número de parasitos circulantes no sangue de cães com infecção crônica ser menor do que naqueles com infecção aguda acredita-se que seja um número suficiente para infectar o carrapato que então transmite a doença.

Segundo Breitshwerdt (1999) citado por Legatzki e Jorge (2002), que as infecções por Ehrlichia canis têm sido descritas em cães de forma concomitantes com Babesia canis e Hepatozoon canis, sugerindo-se que ocorre transmissão simultânea dos microorganismos pelos carrapatos vetores.

Rikihisa (1991) segundo Almonsy (2001) transcreve que o ciclo de vida de Ehrlichia sp não está completamente descrito, mas sabe-se que os estágios de desenvolvimento encontrados nos cães são os mesmos dos carrapatos.

Segundo Andereg e Passos (1999) com base em Matthewman, Kelly e Wray (1996) foram identificados gatos na África do Sul que possuíam anticorpos anti- E. canis, assim os gatos podem também atuar como reservatório de Ehrlichia canis.

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Andereg e Passos (1999) alegam que outros mamíferos, como os roedores, também podem servir como reservatórios, justificando a característica epizoótica da erliquiose canina.

2.3. – PATOGENIA

Segundo Corrêa e Corrêa (1992) alegam que o período de incubação da enfermidade é de oito á vinte dias e a mesma se apresenta sob três formas clínicas: aguda, subaguda e crônica.

Legatzki e Jorge (2002) relataram que cães inoculados experimentalmente apresentaram as primeiras inclusões em neutrófilos sanguíneos de quatro a quatorze dias após inoculação.

Andereg e Passos (1999) apontam que ao contrário da infecção experimental onde é possível diferenciar nitidamente as três fases, a infecção natural não é tão evidente, por falta de observação e acompanhamento laboratorial por parte do clínico.

Corrêa e Corrêa (1992) mencionam que na fase aguda, o microorganismo se multiplica dentro das células sanguíneas mononucleares, hepáticas, esplênicas e dos linfonodos, para partir daí se disseminar para todo o organismo.

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Segundo Couto e Nelson (1994), a fase aguda é comum em áreas enzoóticas e rara em outras regiões e consiste em sinais clínicos moderados a graves.

Corrêa e Corrêa (1992) especificam que ocorre hiperplasia linforreticular em fígado, baço e linfonodo, sendo que as células brancas parasitadas se aderem ao endotélio dos vasos sanguíneos, produzindo vasculite, ou migram para o tecido subendotelial, ocasionando respostas infamatórias moderadas a graves sendo que estas lesões também ocorrem nos pulmões, rins e meninges.

Corrêa e Corrêa (1992) transcrevem que com muita freqüência, estabelece - se trombocitopenia, que seria resultante da diminuição do tempo funcional das plaquetas, sendo o normal de sete á dez dias, com há enfermidade esse tempo é reduzido para dois a três dias, devido a mudanças imunológicas, á inflamação que se estabelece e ás perturbações dos mecanismos da coagulação sanguínea.

Andereg e Passos (1999) propõem que a própria infecção por Ehrlichia canis cause destruição de plaquetas, porém casos sem trombocitopenia podem ocorrer.

Almosny e Massard (2002) defendem que hiperplasia linforreticular como resultado pode acontecer aumento dos órgãos, células infectadas aparentemente atacam a microcirculação ou migram para a superfície subendotelial nos órgãos alvo produzindo vasculite ou provocando inflamação.

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Corrêa e Corrêa (1992) citam que a vasculite e as lesões endoteliais podem ocasionar coagulação sanguínea intravascular disseminada, devido ao grande número de plaqueta que é seqüestrado e destruído no baço por fagocitose.

Segundo Legatzki e Jorge (2002), apesar do aumento de volume dos órgãos em conseqüência da hiperplasia linforreticular os sinais clínicos são geralmente passageiros, sendo os achados mais freqüentes apatia, anorexia, depressão, febre, perda de peso, cianose, estertores pulmonares, petéquias, equimoses e vômitos.

Segundo Almosny e Massard (2002) com base em Boudreaux (2002), a alteração da função plaquetária foi demonstrada em cães com erliquiose aguda que estavam trombocitopênicos. Estes cães liberavam o fator plaquetário três com conseqüente decréscimo da adesão plaquetária. O mesmo autor cita que o fator plaquetário é a membrana fosfolipídica que tem atividade pró coagulante, que é realizada com a agregação ou destruição das plaquetas assim; os defeitos plaquetários são atribuídos à superposição da membrana plaquetária com macroglobulinas.

Andereg e Passos (1999) relatam que na fase aguda se observa um aumento do tempo de coagulação, devido á inibição da agregação plaquetária em função da á presença de anticorpos antiplaquetas no soro de cães infectados com Ehrlichia canis. Esta alteração provavelmente ocorre devido à interação de tais anticorpos com as glicoproteínas das membranas das plaquetas. Sendo assim, além da presença de anticorpos, outros fatores de inibição da aglutinação podem estar envolvidos.

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Andereg e Passos (1999), que anemia aplásica é raramente observada, a não ser que ocorram concomitantemente infecções por Babesia canis ou hemorragias recentes.

Corrêa e Corrêa (1992) mencionam que a fase subclínica da infecção ocorre seis a nove semanas após a inoculação e está associada à persistência do parasito no organismo.

Couto e Nelson (1994) citam que os níveis de anticorpos, que iniciam sua produção ao redor de sete a vinte um dias após a infecção, continuam a aumentar, podendo ocorrer à cura espontânea em animais imunocompetentes, ou progredir para a fase crônica da doença.

Andereg e Passos (1999) citam que em áreas enzoóticas a fase subclínica pode durar anos, sendo caracterizada por trombocitopenia persistente, leucopenia variável e anemia ou pancitopenia, com ou sem a presença de sinais clínicos, além de hipergamaglobulinemia, indicando que o hospedeiro foi incapaz de eliminar o parasito.

Segundo Almosny e Massard (2002) com base em Breitchwerdt (1997) na fase subclínica a infiltração linforreticular e plasmocitária é encontrada em muitos órgãos, e Couto (1998) explicita que estímulos estressantes ou tratamento imunossupressor nessa fase podem provocar a progressão para a fase crônica da doença, que se instala devido à ineficiência do sistema imune do hospedeiro, á gravidade da cepa infectante, doenças concomitantes, alimentação, suscetibilidade e idade do animal.

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Corrêa e Corrêa (1992) descrevem que uma das teorias que tentam explicar a pancitopenia que ocorre na erliquiose, afirma que mecanismos auto imunes associados á hipergamaglobulinemia causariam a depressão da medula óssea ou mesmo a sua exaustão após as tentativas de compensação da destruição plaquetária.

Andereg e Passos (1999) apontam que um achado comum em todas as fases da enfermidade é a hipoalbuminemia, que pode ser resultante da anorexia (causa diminuição da ingestão de proteínas), da perda de fluidos inflamatórios edematosos (como conseqüência de vasculite), do decréscimo na produção de proteínas por doenças hepáticas concomitantes e da proteinúria.

Andereg e Passos (1999) descrevem que, além disso, como a síntese de globulina é regulada pela pressão oncótica, o decréscimo da concentração de albumina pode agir como mecanismo compensatório ao estágio de hiperglobulinemia, mantendo assim, a pressão oncótica e prevenindo o aumento da viscosidade do sangue.

Segundo Almosny e Massard (2002), na fase crônica ocorre uma hipergamaglobulemia pela persistente estimulação antigênica, sendo sugestiva provavelmente, de uma resposta imune celular mediada ineficaz, visto que, tanto o anticorpo específico quanto ás células imunológicas são essenciais para a imunidade.

Segundo Almosny e Massard (2002) com base em Codner e Farris (1996), a persistência da Ehrlichia canis no interior da célula hospedeira conduz a uma reação de hipersensibilidade ou a uma resposta imumediada, podendo acarretar, especialmente, a pancitopenia.

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Almosny e Massard (2002) citam que a perda de peso, pouco apetite, membranas mucosas pálidas, fraqueza e depressão são sinais clínicos mais comuns da erliquiose crônica, e são reflexos das alterações fisiopatológicas resultantes da grave anemia e da infiltração perivascular de muitos sistemas orgânicos, com células linforreticulares e plasmócitos.

Almosny e Massard (2002) mencionam que o mecanismo da pancitopenia na fase crônica ainda não está completamente compreendido, mas há várias explicações, ou seja, uma delas é que ocorra uma depressão da medula óssea devido aos mecanismos imunomediados associados à hiperglobulina ou ao organismo infectante, sendo, que causaria o esgotamento dos sistemas celulares devido às mudanças no micro ambiente da medula óssea e acrescenta outra explicação menos provável é a exaustão da medula óssea tentando compensar a destruição contínua de plaquetas.

Legatzki e Jorge (2002) transcrevem que a hipoplasia de medula resulta em anemia aplásica (anemia não regenerativa) assim como monocitose e linfocitose relativa e leucopenia absoluta.

Segundo Couto e Nelson (1994) a neutropenia é um fator predisponente importante para infecções bacterianas e a combinação desses fatores indica um maior comprometimento do estado imunológico desses animais, tornando-os assim mais susceptíveis às infecções secundárias.

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Almosny e Massard (2002) alegam que a erliquiose pode ser complicada em infecções conjuntas com babesiose, hemobartonelose, hepatozoonose ou infecções oportunistas.

Andereg e Passos (1999) citam que a proteinúria também é observada devido ao agravamento da lesão renal.

Almonsy e Massard (2002) sugerem que o baço tem importante papel na patogenia da erliquiose, produzindo mediadores ou outras substâncias capazes de atuar na patogenia da doença.

2.4. – SINAIS CLÍNICOS

Munhoz e Babo (1998) citam que a erliquiose canina apresenta três fases que são: aguda, subclínica e crônica e na infecção experimental é possível diferencia-las nitidamente, porém, nas infecções naturais, essa divisão não é tão evidente. De acordo com Corrêa e Corrêa (1992) na fase aguda a presença de carrapatos no animal é comum e menciona que os sinais clínicos incluem febre, corrimento óculo-nasal, anorexia, dispnéia, linfadenopatia, perda de peso, sinais nervosos como hiperestesia, tremores musculares e aqueles decorrentes de inflamação e hemorragia das meninges.

Corrêa e Corrêa (1992) citam que na auscultação e percussão delimitam-se zonas de silêncio pulmonares devido também á inflamação.

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Couto e Nelson (1994) mencionam que podem ocorrer ainda claudicação e dificuldade de locomoção, com os animais atentos mais se negando a andar, deitar ou levantar-se e apresentando sensibilidade das articulações ao serem flexionadas.

Couto (1998) cita que outros sinais incluem depressão, anorexia, taquicardia, taquipnéia, temperatura entre 39,9 e 40,5°C e tosse, além de fotofobia e febre recorrente nos animais jovens, acrescentando que a melhora pode ocorrer sem tratamento.

Segundo Almosny e Massard (2002) vem sendo observado um abrandamento dos sinais, o que talvez seja decorrente de adaptação parasito - hospedeiro ou cepa diferente e em alguns animais observam-se apenas algumas petéquias em mucosas enquanto outros poucos, previamente debilitados ou portadores de infecções associadas, acabam morrendo.

Almosny e Massard (2002) com base em Hoskins (1991) que entre as terceira e quarta semanas após a infecção a anemia é mais intensa e as mucosas tornam-se extremamente pálidas, sendo que nesta fase a desidratação acentua a debilidade dos animais.

Segundo Andereg e Passos (1999) na fase aguda, a maioria dos cães se recuperam após uma ou duas semanas sem tratamento, embora permaneçam persistentemente infectados, entretanto, que acredita - se que cães imunocompetentes eliminam a infecção durante esta fase, que pode durar meses ou anos e que alguns cães não

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Almosny e Massard (2002) afirmam que atualmente a maioria dos pacientes infectados por Ehrlichia canis sobrevive à fase aguda e ingressa em uma etapa subclínica e, sendo que a morte acontece geralmente em infecções associadas a outros parasitas.

De acordo com Couto (1998) a fase subclínica geralmente é assintomática e se inicia 40 á 120 dias após a fase aguda.

Almosny e Massard (2002) com base em Smith e Ristic (1977) mencionam que na fase subclínica a contagem global de células sanguíneas poderá estar moderadamente reduzida, especialmente as plaquetas, entretanto os animais estarão assintomáticos.

Andereg e Passos (1999) mencionam que os sinais podem ser brandos ou apresentar complicações como depressão, agravamento da perda de peso, mucosas pálidas, dor abdominal, hemorragias, infecções secundárias, edema de membros, linfoadenopatia e esplenomegalia.

Andereg e Passos (1999) citam que a hemorragia ocorre na forma de epistaxe, melena, hematúria e hematêmese, secundária à trombocitopenia ou associada á disfunção da agregação plaquetária decorrente de alterações na membrana, na interação agonista-receptor e no processo de secreção.

Rosez, Alves e Bleich (2001) mencionam que alguns cães apresentam glomerulonefrite, causada provavelmente por depósitos de imunocomplexos, o que podem levar a insuficiência renal progressiva.

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Segundo Almosny e Massard (2002) têm sido descritos casos de poliúria, polidipsia, vômito, hematúria e ulcerações na cavidade oral em cães com erliquiose crônica.

De acordo com Andereg e Passos (1999) a fase crônica se instala devido à ineficiência do sistema imune do hospedeiro e acrescentam que a severidade da doença depende da cepa infectante, de doenças concomitantes, da alimentação, da suscetibilidade e da idade do animal, sendo que os sinais clínicos nesta fase são os mesmos da fase subclínica, porém de forma exacerbada.

Corrêa e Corrêa (1992) citam que a ocorrência de epistaxe é considerada a marca da fase crônica severa da erliquiose, porém está presente em apenas 30 e 50 % dos casos, e pode ser devida sangramento dos cornetos nasais ou dos pulmões.

Corrêa e Corrêa (1992) apontam que podem ser encontradas hemorragias no abdômen, na mucosa genital, conjuntival e bucal, podendo-se suspeitar clinicamente que está ocorrendo hemorragia interna se o animal apresentar palidez de mucosa, fraqueza, melena e hifema.

Corrêa e Corrêa (1992) mencionam que a icterícia é vista raramente, mas quando se apresenta indica que o animal está concomitantemente com babesiose.

Segundo Corrêa e Corrêa (1992) edema dos membros posteriores, bolsa escrotal e outras partes do corpo podem ocorrer em cães severamente

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Rosez, Alves e Bleich (2001) citam que podem ocorrer uveíte anterior e opacidade corneana causada pela deposição de precipitados ceratínicos.

Greene e Harvey (1982) transcrevem que sinais nervosos podem ocorre durante a fase aguda e crônica da doença, pois há infiltrações de células mononucleares nas meninges e hemorragias devidas á trombocitopenia.

Segundo Almosny (1998) são descritas infecções secundárias como poliartrite, anormalidades neurológicas, doença renal e problemas reprodutivos em cães com erliquiose crônica.

Almosny, Massard e Silva (2000) citam que são freqüentes as dematites em cães infectados, tendo sido descrita a presença dos fungos Aspergillus niger e Penicilium. Possivelmente decorrente da imunodepressão acarretada pelo parasito.

Almosny e Massard (2002) apoiando-se em Buoro, Kaui, Atwel e Ntenga (1990) citam que sinais como tetraplegia progressiva, hiporreflexia, perda de massa muscular e atrofia de músculo esquelético foram associados á erliquiose.

Almosny e Massard (2002) com base em Codner e Farris-Smith (1986) citam que diferentes respostas à erliquiose se devem ao fato das respostas imunomediada e mediada-celular serem diferentes entre as raças caninas. A suscetibilidade à infecção por E.canis parece diferir consideravelmente entre as raças caninas. Uma síndrome hemorrágica severa tem sido descrita em cães da raça Pastor Alemão, em doença de ocorrência natural ou induzida experimentalmente.

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Almosny e Massard (2002) mencionam que o diagnóstico laboratorial mais comum é realizado através da observação de mórulas em esfregaços de sangue periférico (da ponta da orelha). Sendo que os esfregaços devem ser efetuados segundo recomendações de Neitz & Thomas (1938) que utilizavam apenas a primeira gota de sangue, porque esta corresponde verdadeiramente, ao sangue periférico; portanto as gotas seguintes é sangue circulante.

Almosny (1998) cita que em avaliação experimental o número de mórulas foi acentuadamente maior nos esfregaços efetuados com a primeira gota de sangue.

Almosny e Massard (2002) mencionam que o diagnóstico baseado na observação de mórulas em células dos esfregaços de sangue periférico ou concentrado leucocitário é bastante fidedigno uma fez que, no início da fase aguda, o diagnóstico sorológico pode mostrar – se negativo. Sendo importante na fase subclínica os testes imunológicos.

Almosny e Massard (2002) mencionam que as anormalidades hematológicas mais frequentemente observadas são anemia arregenerativa, trombocitopenia e leucopenia.

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concomitante como no caso de infecção concomitante com Babesia canis ou ocorrência de hemorragia.

Corrêa e Corrêa (1992) mencionam que a trombocitopenia é a alteração mais consistente na fase aguda, sendo causada pela destruição periférica das plaquetas ou pelo consumo plaquetário aumentado, sendo mediado por mecanismos imunes.

Segundo Couto (1998), pode haver enfermidade sem trombocitopenia e o número de plaquetas pode não estar correlacionado com a extensão ou gravidade das hemorragias.

Almonsy e Massard (2002) com base em Bonnard e Dralez (1990) têm sido descrita reação auto-imune com eritrofagocitose, anemia arregenerativa associada a uma trombocitopenia central.

Almonsy e Massard (2002) com base em Elias (1991) citam que valores de volume globular chegam a níveis bastante reduzidos, observando-se taxas de 8 a 22% principalmente na fase aguda e crônica.

Almonsy e Massard (2002) cita que em cães experimentalmente infectados, os valores de volume globular, hematimetria e hemoglobinometria, apresentaram uma redução bastante acentuada a partir da primeira semana, alcançando os menores índices entre a quinta e a sétima semanas e nas semanas seguintes estes valores elevam-se progressivamente. Em alguns animais, a desidratação observada oculta os reais valores de volume globular devido à hemoconcentração.

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Segundo Couto e Nelson (1994), os valores de volume globular médio e hemoglobina globular média se mantêm dentro dos limites de normalidade, caracterizando uma anemia normocítica normocrômica arregenerativa, originada pela supressão da medula óssea.

Almonsy e Massard (2002) citam que o número de leucócitos varia durante a fase aguda, porém, com a indução do seqüestro por mecanismos imunológicos ou utilização inflamatória, seu número pode ser diminuído.

Corrêa e Corrêa (1992) informam que os leucócitos estão em número variável, podendo até mesmo aumentar na fase aguda da infecção e quando ocorre leucopenia ela é resultante do aumento do seqüestro ou destruição dos leucócitos circulantes, pois a mielopoiese da medula óssea está usualmente acelerada.

Troy e Forrester (1990) segundo Almonsy e Massard (2002) mencionam que a leucometria global tende a um comportamento cíclico, tendo sido descritas pequenas elevações numéricas durante infecção experimental. Em poucos animais observa-se leucopenia durante a fase aguda, estando ela presente na fase crônica da erliquiose canina.

Almonsy (1999) cita que cerca de 50% dos cães apresentam linfopenia e eosinopenia, e o número de monócitos varia durante a fase clínica e tende a uma discreta elevação de caráter cíclico estando elevados em algumas fases. Entretanto, apesar da monocitose ser um achado freqüente é comum os casos de erliquiose onde esta não é observada.

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Couto (1998) menciona que a principal alteração bioquímica sérica é a hiperproteinemia causada pela hipergamaglobulinemia, presente em aproximadamente 50 a 75% dos cães soropositivos para E. canis e relacionada com o tempo de evolução da doença.

Segundo Couto e Nelson (1994), essa hiperglobulemia ocorre em associação com a nefropatia com depleção protéica ou ao decréscimo compensatório na albumina associada a hipergamaglobulinemia.

Andereg e Passos (1999) citam que inicialmente a hiperproteinemia é relativa a hiperglobulinemia e posteriormente ocorre uma hipoalbuminemia devido anorexia,que leva á diminuição da ingestão de proteínas, perda de peso, perda de fluidos inflamatórios edematosos, decréscimo da produção de proteínas devido a doenças hepáticas concomitantes e proteinúria.

Segundo Andereg e Passos (1999), como a síntese de globulina é regulada pela pressão oncótica, o decréscimo da concentração de albumina pode agir como mecanismo compensatório ao estágio de hiperglobulinemia, mantendo a pressão oncótica e prevenindo o aumento da viscosidade do sangue.

De acordo com Couto (1998) essa hiperglobulinemia se caracteriza pelo aumento das frações beta e/ou gama globulinas e Andereg e Passos (1999) mencionam que em cães com pancitopenia a concentração de gamaglobulinas é menor, provavelmente em conseqüência da leucopenia pronunciada. Para os mesmos autores o aumento plasmático da alanina aminotransferase (ALT) e fosfatase alcalina (FA) com ou sem

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hiperbilirrubinemia são outras anormalidades bioquímicas importantes durante a fase aguda da enfermidade e podem indicar um comprometimento hepático.

Almonsy (1998) cita que existem casos em que as atividades das enzimas hepáticas, assim como os níveis de uréia estão normais, em infecção experimental, as atividades séricas de alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase e fosfatase alcalina elevaram-se, significativa e progressivamente, entre a 1ª e a 10ª semana, e descresceram até níveis próximos aos da normalidade na 14ª semana. As atividades de alanina aminotransferase e a fosfatase alcalina elevam – se de maneira mais acentuada que a de aspartato aminotransferase. Entretanto, a atividade de fosfatase alcalina total poderá se elevar por estresse sistêmico provocado por outras doenças diversas.

Andereg e Passos (1999) mencionam que na fase subclínica, ocorre a proteinúria com freqüência, devido à glomerulonefrite, resultante de hiperlobulinemia. Esta alteração pode ser observada em cães com ou sem azotemia, que também dependerá do grau de lesão renal.

Segundo Almosny (1997), na fase crônica pode se observar azotemia e aumento das atividades séricas de ALT e ALP e hiperbilirrubinemia.

Shaw e Ihle (1999) citam que a análise do liquido cerebroespinhal, na presença de sinais neurológicos, pode revelar aumento de linfócitos, enquanto que, por meio da artrocentese, pode-se confirmar um quadro de poliartritre.

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2.6. – DIAGNÓSTICO

2.6.1. – DIAGNÓSTICO CLÍNICO

Andereg e Passos (1999) mencionam que o diagnóstico da erliquiose vem sendo cada vez mais realizado devido ao maior conhecimento sobre a doença, a expansão geográfica da sua ocorrência e a melhoria das técnicas de diagnóstico. É importante o diagnóstico nos estágios iniciais da infecção para melhorar, assim, o prognóstico da doença nos animais. Para o diagnóstico da erliquiose deve ser levado em consideração o histórico do animal, exame físico, hematologia, outros exames complementares que podem ainda auxiliar são a urinálise, a análise de líquor e radiografias. Contudo como em alguns casos os animais com erliquiose apresentam sinais inespecíficos, o diagnóstico através do exame clínico é dificultado.

Almosny (1991) cita que o diagnóstico mais comum é realizado através da observação de mórulas em esfregaços de sangue periférico (da ponta da orelha). Os esfregaços devem ser efetuados segundo recomendações de Neitz & Thomas (1938) que utilizam apenas a primeira gota de sangue, porque esta corresponde verdadeiramente, ao sangue periférico.

De acordo com Bonnard e Dralez (1990) o diagnóstico é baseado na observação de mórulas de E. canis em esfregaços de sangue periférico ou concentrado no interior dos leucócitos.

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Segundo Almosny e Massard com base em Feldman, Zinkl e Jain (2000) mencionam que a presença de macroplaquetas identificadas na análise citológica do esfregaço sanguíneo, ou determinadas pelo aumento do volume plaquetário médio, é indicativa de trombopoiese intensa com liberação acelerada de plaquetas jovens na circulação, o que exclui a possibilidade de hipoplasia megacariocítica com responsável pela diminuição do número de plaquetas circulantes, como é freqüente na erliquiose crônica.

Andereg e Passos (1999) citam que a identificação de mórulas nos esfregaços sanguíneos é difícil devida á baixa parasitemia, a porcentagem de célula infectada raramente passa de 1%. Sendo que observação de E.canis nos leucócitos é mais freqüente na fase aguda da doença.

Andereg e Passos (1999) citam que testes mais sensível dão maior eficiência à pesquisa e à identificação de animais portadores. A erliquiose canina pode ser diagnosticada através de mórulas no citoplasma de monócitos, e algumas vezes em neutrófilos, linfócitos e eosinófilos de amostras de sangue periférico, sendo que o esfregaço deve ser fixado com álcool etílico e depois corado.

Segundo Andereg e Passos (1999), as inclusões intracitoplasmáticas de E.canis ou mórulas coram-se de roxo com o corante de Wright e de azul com o corante de Giemsa podendo ser visualizado em microscópio com aumento de 100 vezes. A identificação de mórula nos esfregaços sanguíneos é difícil devido à baixa parasitemia.

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Couto (1998) cita que a identificação do parasito pode ser feita uma punção biópsia aspirativa das células do linfonodos e baço, cita ainda que o teste de imunoflurescência é altamente sensível e de acordo com Couto e Nelson (1994) serve para detectar IgG contra E. canis no soro. Em cães inoculados experimentalmente a IgG pode ser normalmente detectada 20 dias após a inoculação.

De acordo com Couto (1998), títulos de 1:10 são considerados positivos, porém segundo Andereg e Passos (1999), títulos de 1:20 a 1:80 são considerados relativamente baixos. Existe uma reatividade sorológica cruzada variável de anticorpos produzidos contra E. canis, de modo que resultados sorológicos normais não excluem a possibilidade de infecção por outra espécie de Ehrlichia.

Segundo Andereg e Passos (1999) apoiando-se em Harrus, Aroch, Lavy (1997) os resultados falsos positivos podem ocorrer se o antígeno não for de boa qualidade, mas o teste de imunoflorescência indireta deve ser realizado em laboratórios selecionados, pois requerem equipamentos específicos e técnicos devidamente treinados.

Anderg e Passos (1999) citam que a imunofluorescência indireta não é possível identificar em qual fase da infecção o animal se encontra, um título positivo demonstra somente que o animal foi exposto ao agente em algum momento.

Andereg e Passos (1999) citam que o antígeno “Western immunobloting” é tão sensível quanto ao imunofluorência indireta no diagnóstico da E. canis e tem a grande vantagem da objetividade da leitura, porém é uma técnica de alto custo, que

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consome mais tempo do que a imunofluorescência indireta, que permite a rápida identificação anticorpos anti-E.canis a partir do quarto dia de infecção.

Andereg e Passos (1999) mencionam que o “Dot-Blot Enzyme Linked Immunoassy” é outro teste para diagnosticar a erliquiose. É uma técnica sensível para a dectecção de anticorpos no soro e dispensa o emprego de equipamentos caros. Esta técnica utiliza antígenos purificados de culturas de células infectados com E. canis aderidos a titãs de papel de nitrocelulose. Este teste é tão sensível quanto á Imunofluorescência indireta.

Couto e Nelson (2001) citam que a reação em cadeia da polimerase (PCR) é uma técnica sensível e específica para a detecção de pequenas quantidades de E. canis, podendo ser empregada no diagnóstico a partir de amostras de necropsias e de material de biópsia. Esta técnica é usada para detectar o DNA específico do microorganismo em leucócitos de sangue periférico.

Andereg e Passos (1999) citam que o reisolamento de E. canis de células mononucleares do sangue e de tecidos é um outro teste usado no diagnóstico da erliquiose. Este é o teste de escolha devido á sua alta sensibilidade, em casos extremamente importantes e/ou para avaliar a eficiência de um quimioterápico. Porém essa técnica é muito demorada, ou seja, leva de 14 ou 34 dias. Além de ser cara exige equipamento adequado para o cultivo celular.

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2.6.2. – ACHADOS DE NECROPSIA

De acordo com Corrêa e Corrêa (1992) 25% dos casos analisados post mortem, observam se hemorragias nasais e petéquias na gengiva e conjuntivas oculares, bucais e nasais, e cerca de 50% dos cães apresentam edema de um dos membros posteriores com hiperemia cutânea local.

Ludwing (1988) menciona que a mucosa nasal pode ainda estar hiperêmica ou obstruída por coágulos sanguíneos, enquanto que, na mucosa facial, pode haver erosões ou úlceras.

Segundo Corrêa e Corrêa (1992), caquexia e pelagem arrepiada e seca são observadas em aproximadamente 25% dos cães enfermos. Há pouca gordura subcutânea e, das zonas edemaciadas, drena-se um líquido claro e gelatinoso. Em muitos casos há hemorragia nas proeminências ósseas e das articulações metacarpianas e metatarsianas. Alguns cães apresentam grandes hemorragias subcutâneas na região torácica, que ocasionalmente se prolongam entre as membranas musculares.

Corrêa e Corrêa (1992) citam que as lesões oculares, como a uveíte, são resultantes de hemorragia induzida pela trombocitopenia ou por reações inflamatórias, variando desde petéquias até hemorragias maciças.

Segundo Ludwing (1988), as hemorragias cardíacas se apresentam sob formas de petéquias e sufusões epicárdicas e/ou endocárdicas, enquanto que as pulmonares, em pequenas áreas focais. Os linfonodos, principalmente os mesentéricos,

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então aumentados de volume e hemorrágicos. Também são observados edema e enfisema pulmonar, além de mórulas ao corte histológico.

Segundo Ludwing (1988), o fígado pode estar de tamanho normal, mas de consistência aumentada e com coloração mais clara, sendo que muitas vezes os lobos hepáticos estão proeminentes, com petéquias numerosas e áreas de congestão ou focos de necrose no parênquima. A parede da vesícula biliar pode estar hemorrágica ou congesta.O baço apresenta-se com aumento de volume importante,firme e muito escuro.

Corrêa e Corrêa (1992) mencionam que a segunda lesão mais encontrada nos cães com erliquiose é a hemorragia do trato gastrintestinal, e variam desde petéquias e sufusões até grandes áreas hemorrágicas na serosa, mucosa e lúmen intestinal. De acordo com o autor no sistema urogenital, 50% dos cães apresentam hemorragias, mais frequentemente petéquias ou sufusões na serosa da bexiga urinária, podendo-se observar também petéquias e sufusões subcapsulares nos rins. E ainda que alguns animais podem apresentar hemorragias na dura-mater cerebral e medular, principalmente nas regiões occipital e basilar dos hemisférios cerebrais.

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Rosez, Alves e Bleich (2001) citam que o objetivo do tratamento é curar os animais doentes e prevenir a manutenção da transmissão da doença pelos portadores assintomáticos.

Couto (1998) menciona que mesmo em cães com sinais clínicos graves, a resposta ao tratamento, em geral é muito positiva e sendo as raras exceções, em cães cronicamente afetados, em que a resposta é mínima. A melhora clínica nos cães com formas agudas, ocorre em 24 a 72 horas, e a recuperação completa em cães cronicamente enfermos pode levar até quatro meses.

McCandlish (2001) transcreve que a tetraciclina deve ser administrada na dosagem de 22 mg/ kg via oral, três vezes ao dia por 14 a 21 dias. As tetraciclinas são efetivas no tratamento da fase aguda da erliquiose, ocorrendo melhora no estado clínico frequentemente dentro de 24 a 48 horas após o início da terapia, a resposta é menos favorável em cães com erliquiose crônica.

Segundo Neer (1998), entretanto, a tetraciclina apresenta ainda como desvantagem o escurecimento dos dentes, não devendo ser administrada em filhotes, sendo que Greene (1993) cita que o clorafenicol (50 mg/kg a cada 8 horas) pode ser usado principalmente em filhotes com menos de cinco meses, para evitar o amarelamento do esmalte dos dentes.

Em um estudo feito por Brandão e Hagiwara (2002), comparando a eficácia do dipropionato de imidocarb com a tetraciclina, concluiu-se que a

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tetraciclina foi efetiva para o tratamento de erliquiose canina, mas não contra Babesia canis, caso o animal estivesse infectado com os dois microorganismos.

Segundo Couto e Nelson (2001) a dose recomendada de dipropionato de imidocarb é de 5-7 mg/kg via intramuscular, um ou duas vezes durante um período de 14 dias.Entretanto, segundo Brandão e Hagiwara (2004), apesar do dipropionato de imidocarb ser efetivo tanto para a E. canis quanto para B.canis, os seus efeitos colaterais representam a principal desvantagem do seu uso, tais como salivação intensa, secreção ocular serosa, diarréia, dispnéia ou depressão. Essas reações podem ocorrer dez a doze horas após a sua administração, sendo indicado um pré-tratamento com sulfato de atropina (0,02 a 0,04 mg/kg via endovenosa) para evitar o surgimento de tais efeitos anticolinérgicos.

Brandão e Hagiwara (2004) estudando a imunidade humoral e resistência à reinfecção em cães infectados por Babesia canis, concluíram que o tratamento com dipropionato de imidocarb foi eficaz na eliminação do hemoparasito do organismo animal, no entanto, se for realizado precocemente, pode tornar os animais susceptíveis à reinfecção num curto intervalo de tempo, pela interrupção do estímulo antigênico e declínio precoce dos títulos de anticorpos.

Rosez, Alves e Bleich (2001) mencionam que o tratamento com a doxiciclina é de grande eficácia em todas as fases da erliquiose. Após administração por via oral, apresenta vida média sérica de 10 a 12 horas, distribuindo-se amplamente pelo coração, rins, pulmões, músculos, fluido pleural, secreções brônquicas, bile, saliva, fluido

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sinovial, líquido ascítico e humores vítreo e aquoso, com sua eliminação ocorrendo através das fezes.

Couto (1998) menciona que um trabalho de Neer (1998), mostrou que após 14 dias de tratamento com a doxiciclina, a cultura de células indicou resultado negativo para E. canis. A doxiciclina pode ser administrada nas doses de 10mg/kg, uma vez ao dia ou 5 mg/kg, por via oral, duas vezes ao dia, por 21 dias.

Adams (2003) cita que a doxiciclina e a minociclina diferem da tetraciclina, da oxitetraciclina e da clortetraciclina, porque são mais lipofílicas, resultando em penetração tecidual mais elevada, maiores volumes de distribuição e propriedades antimicrobianas gerais melhores.

Adams (2003) cita que a doxiciclina é única, porque é excretada nas fezes como conjugado ou quelado inativo e, dessa forma, possui pouco impacto na flora microbiana intestinal mais baixa.

Neer (1998) cita que a enrofloxacina é outro fármaco que pode promover melhora clínica nos pacientes com erliquiose, normalizando a temperatura e o apetite e erradicando as lesões hemorrágicas, porém não sendo capaz de eliminar o parasito do organismo.

Andereg e Passos (1999) mencionam que a duração da terapia provavelmente é a mais importante do que a dosagem ou o quimioterápico utilizado. O tratamento deve persistir por pelo menos três a quatro semanas nos casos que respondem

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eficientemente, ou por períodos maiores do que oito semanas naqueles animais que estão na fase crônica da doença.

Segundo Harvey, Simpson e Gashin (1982) terapias de suporte e transfusão sanguínea devem ser instauradas em animais severamente afetados. A fluidoterapia intravenosa deve ser administrada em cães desidratados ou em choque. A transfusão sanguínea é necessária em animais severamente anêmicos, pois restabelece o equilíbrio ácido-básico e os níveis de oxigênio arterial. Caso o animal apresente diarréia severa, a fluidoterapia deve ser realizada com cloreto de sódio ou ringer lactato.

Segundo Harvey, Simpson e Gashin (1982) a resposta a terapia é avaliada pela melhora das condições clínicas e do quadro hematológico do animal. Cães na fase aguda, subclínica ou no início da fase crônica apresentam melhora visível tanto no apetite quanto no comportamento, dentro de 24 a 48 horas após o início do tratamento.

Segundo Almosny e Massard (2002), a corticorterapia com dexametasona parece auxiliar no controle da expitaxe por melhorar a integridade vascular ou a função plaquetária, ao bloquear a reação imune do cão a Ehrlichia canis.

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Andereg e Passos (1999) mencionam que as medidas de prevenção da doença baseiam-se no controle do Rhipicephalus sanguineus com pulverizações de carrapaticidas de longa duração nos cães associado ao tratamento dos doentes.

Labruna e Pereira (2001) mencionam que existem dois aspectos a ressaltar no tratamento e no controle das infestações pelo Rhipicephalus sanguineus. No hospedeiro estão 5 % dos carrapatos e no ambiente os 95% restantes da população. Uma das formas de atingir os 95% da população de Rhipicephalus sanguineus que se encontram no ambiente é através de tratamentos com carrapaticidas ambientais (dedetização) com produtos à base de piretroídes.

Labruna e Pereira (2001) descrevem que é também imprescindível o controle de carrapatos nos animais infestados. Além de alguns produtos carrapaticidas para aplicação direta sobre a pele dos cães, as coleiras impregnadas com carrapaticidas são de grande utilidade prática para este tipo de tratamento, por manterem longos períodos de ação sobre o hospedeiro.

Labruna e Pereira (2001) mencionam que em algumas situações as infestações pelo Rhipicephalus sanguineus abrangem áreas extensas, povoadas por diferentes cães pertencentes a proprietários vizinhos, neste caso mesmo que um dos proprietários resolva dedetetizar o seu quintal e o abrigo do seu cão, a reinfestação do ambiente poderá ocorrer em pouco tempo, caso o vizinho não tome as mesmas medidas preventivas.

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Labruna e Pereira (2001) citam que em canis, pequenos quintais ou interior de residências, são recomendados a dedetização, que poderá ser realizada pelo uso de piretróides. De modo geral, três a quatro aplicações com intervalos de 14 dias são suficientes para eliminar as infestações pelo Rhipicephalus sanguineus, quando não há outras áreas próximas infestadas.

Labruna e Pereira (2001) mencionam que as fêmeas ingurgitadas do carrapato desprendem-se dos cães e vão para o ambiente á procura de um local para se desenvolverem, eles mostram um comportamento de caminhar para cima. Por isso, é muito comum a visualização de fêmeas ingurgitadas subindo pelas paredes, pelos muros. Desta forma, ao aplicar carrapaticidas no ambiente, devem ser priorizadas as paredes onde o cão vive.

Andereg e Passos (1999) mencionam que outra medida importante para se evitar as hemoparasitoses é a realização de exame de sangue em cães doadores de sangue antes da realização de transfusões. Os cães utilizados como doadores de sangue devem ser negativos para E. canis em dois testes sorológicos consecutivos feitos com intervalos de quatro semanas.

Neer (1998) cita que os cães em áreas endêmicas devem passar por sorologia e os animais positivos, tratados. É necessário realizar periodicamente um exame físico minucioso, hemograma completo, incluindo contagem de plaquetas e testes sorológicos, especialmente em cães da raça Pastor Alemão, o que permitirá a identificação

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antecipada da erliquiose subclínica e aumentará as chances de sucesso no tratamento, antes que o paciente evolua para a fase crônica da doença.

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3.0. – CONCLUSÃO

No Brasil, existem relatos de várias espécies de carrapatos parasitando os cães. No entanto, a ocorrência dessas espécies em diferentes localidades é resultado das características epidemiológicas particulares de cada região. Sendo que o carrapato Rhipicephalus sanguineus foi introduzido no Brasil possivelmente a partir do século XVI, com a chegada dos colonizadores europeus e seus animais domésticos.

A erliquiose é uma enfermidade infecciosa que acomete cães, eqüinos, bovinos, ovinos, e felinos sendo considerada uma zoonose, acometendo também ao homem.

Munhoz e Babo (1998) relataram que em muitos animais com sintomas vagos, o diagnóstico é feito somente pelos achados hematológicos e, em outros, devido ao seu caráter endêmico e a história de alta infestação por carrapatos, o tratamento é feito mesmo sem exame prévio.

Através de autores como Brandão e Hagiwara (2002), Adams (2003) e outros; apesar de existirem várias drogas eficientes no combate a erliquiose a mais usada pelos profissionais são os derivados de tetraciclinas junto com uma terapia de suporte.

O prognóstico depende da fase em que se encontra o animal e do momento que foi iniciado o tratamento. Como citam Andereg e Passos (1999) e outros

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Já na fase subclínica, o prognóstico é de favorável a reservado, já que afeta cães assintomáticos ou com risco de desenvolverem a fase crônica da doença. O prognóstico da fase crônica é desfavorável a grave nos cães com hipoplasia arregenerativa da medula óssea.

A prevenção deve ser feita principalmente através do controle de carrapatos. Os proprietários devem ser alertados do risco em potencial do parasitismo por carrapatos, vetores de várias doenças, sendo por isso necessário seu constante controle.

Devemos também orientar aos proprietários sobre o ciclo do carrapato alertando que apenas 5% do carrapato se encontram no animal sendo que 95% se encontram no ambiente. E que apesar toda orientação feita pelo médico veterinário pode ocorrer de aparecer carrapato no animal devido as infestações pelo Rhipicephalus sanguineus abrangerem áreas extensas, povoadas por diferentes cães pertencentes a proprietários vizinhos, neste caso mesmo que um dos proprietários resolva dedetetizar o seu quintal e o abrigo do seu cão, a reinfestação do ambiente de aparecer carrapato no animal devido aos animais de vizinhos.

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4.0. – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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