CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO.
Aula Ministrada pelo Prof. Pedro Bonifácio
AULA 28 – 19/06/17
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
TERMO A QUO
DECADÊNCIA
Regra Especial – art. 150 § 4º CTN – Termo A Quo = FG – somente para os casos de homologação.
Regra Geral – art. 173, I CTN – 1º dia do px exercício financeiro ao FG
Crédito anulado por vício formal – art. 173, II CTN – Termo A Quo = data da decisão que anulou o CT.
PRESCRIÇÃO
5 anos
Data que houve a do CT.
Em caso de impugnação administrativa = data da decisão irreformável em âmbito administrativo.
Em caso de inércia do devedor = data do vencimento do CT – art. 174 CTN.
Casos de Interrupção
Casos de Interrupção para o redirecionamento para o sócio gerente
1. Quando o despacho de citação ocorreu antes de 09.06.05 o termo inicial é a data da citação da EF.
2. Se o despacho de citação ocorreu depois de 09.06.05 o termo inicial é a data do despacho de citação da EF.
3. Fato Novo durante o processo de EF = pendente de julgamento RESP 1.201.993/SP PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE = após o término do período de suspensão, que é de 1 ano. A suspensão ocorre quando ou não é encontrado o devedor ou não tem bens à penhora.
E.F
CASO...
Em 20/05/95, a Receita Federal, em decorrência de fiscalização realizada na sede da empresa ABC, constatou que a empresa não havia declarado, e consequentemente recolhido, a COFINS referente a todos os meses do exercício de 1990. Notificada a empresa, esta impugnou, sem sucesso, o auto de infração e, depois, recorreu administrativamente ao Conselho de Contribuintes.
Em 20/07/04, adveio a decisão definitiva, confirmando o ato da autoridade tributária, sendo a empresa notificada da referida decisão na própria data. A União Federal ajuizou execução fiscal relativa ao crédito em 20/06/2009, sendo que o despacho de citação foi exarado em 20/08/12, entretanto, não encontrada de pronto a executada, a exequente não mais movimentou o processo.
A) Analise a constituição do crédito tributário pelo Fisco, referindo se ocorreu de forma regular ou não, bem como se adveio dentro do prazo legal.
B) Houve, na hipótese, interrupção ou suspensão do prazo de cobrança do crédito fiscal? C) A propositura da execução em 20/06/2009 e o despacho de citação em 20/08/2012, resguardará o direito da Fazenda Pública?
A- Trata-se de decadência, usando a regra geral – termo a quo = 31.12.95, portanto, não está decaído o CT, pois foi lançado dentro do prazo (20.05.95).
B- Houve interrupção em 20.08.12 quando o juiz proferiu o despacho de citação.
C- a prescrição começou a correr em 20.07.04, e o despacho da citação foi e, 20.08.12, embora, já tenha sido prescrito, a data a ser contado a data do protocolo, de acordo com a SUM 106 STJ. Consulta – Processo de 1º Grau – TJ/SP
26/10/2008 – Processo Suspenso por 1 ano – Arquivado Provisoriamente – Execução Frustrada. 18/07/2007 – Petição Intermediária Juntada
21/06/2007 - Mandado Devolvido Cumprido Negativo 01/04/2007 – Mandado Expedido
01/03/2006 - Conclusos para Despacho
07/11/2005 - Remetidos os Autos ao Cartório (movimentação exclusiva do distribuidor) Tipo de
local de destino: Cartório
Especificação do local de destino: Cartório da SAF - Setor de Anexo Fiscal
07/11/2005 - Distribuído Livremente (por Sorteio) (movimentação exclusiva do distribuidor) A prescrição intercorrente começa contar após 1 ano da suspensão, sendo o termo a quo = 26/10/2009 para a contagem da prescrição intercorrente que vai até 26/10/2014.
Se o devedor se manifestar pedindo a prescrição intercorrente, o fisco pode alegar o art. 40 § 3º da Lei 6.830/80 que diz que se encontrado a qualquer tempo, serão desarquivados os autos, porém, com o advento da LC 118 de 2005 alterou o termo a quo e incluiu o § 4º do art. 40, desta
forma, é possível alegar o § 3º até a prescrição intercorrente, após, não é mais possível, usar o termo “a qualquer tempo” do § 3º.
A ação para pedir a prescrição intercorrente é a Exceção de Pré-Executividade.
Neste caso não houve a citação do devedor, desta forma o STJ permite uma Ação Anulatória. Para redirecionar para o sócio, a data é até 01.03.2011.
EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO
O CT pode sofrer situações de: 1. Suspensão – art.151 CTN 2. Extinção – art. 156 CTN 3. Exclusão – art. 175 CTN:
Anistia –
Isenção –
Ambas, somente podem ser estabelecidas por lei e depende do ente competente.
A lei específica deve regular cada situação, mas na prática, uma mesma lei já regula a anistia e a isenção e como beneficia o contribuinte, ninguém reclama, até mesmo porque não tem sentido jurídico para haver uma lei específica para cada situação (anistia e isenção). Art. 97, VI CTN. Somente a lei pode estabelecer:
VI - As hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributários, ou de dispensa ou redução de penalidades.
Art. 150, § 6º CF. Qualquer subsídio ou isenção, redução de base de cálculo, concessão de crédito presumido, anistia (...) poderá ser concedido mediante lei específica, federal, estadual ou municipal, que regule exclusivamente as matérias acima enumeradas.
CASO...
A Lei 6.489/2002 - PA determina:
Art. 25. Fica o Poder Executivo autorizado a conceder remissão, anistia, transação, moratória e dação em pagamento de bem imóvel, nos termos da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 (Código Tributário Nacional) e na forma prevista em regulamento.
Avalie tal regramento com base na sistemática do Sistema Tributário Nacional.
Uma anistia e isenção, não podem vir por um regulamento, portanto, há um vício no que tange a lei permitir que a anistia venha por regulamento, portanto, o art. 25 desta lei é inconstitucional.
JURISPRUDÊNCIA...
(...)1. A adoção do processo legislativo decorrente do art. 150, §6º, da CF, tende a coibir o uso desses institutos de desoneração tributária como moeda de barganha para a obtenção de vantagem pessoal pela autoridade pública, pois a fixação, pelo mesmo Poder instituidor do tributo, de requisitos objetivos para a concessão do benefício tende a mitigar arbítrio do Chefe do Poder Executivo, garantindo que qualquer pessoa física ou jurídica enquadrada nas hipóteses legalmente previstas usufrua da benesse tributária, homenageando-se aos princípios constitucionais da impessoalidade, da legalidade e da moralidade administrativas. 2. A autorização para a concessão de remissão e anistia, a ser feita “na forma prevista em regulamento”, configura delegação ao Chefe do Poder Executivo em tema inafastável do Poder Legislativo. 3. Ação julgada procedente. (ADI 3462, rel. Min. Carmen Lúcia, Pleno, j. 15-09-2010).
Qual a diferença entre isenção e anistia?
A anistia dispensa do pagamento da penalidade tributária, ou seja, não paga a multa. Só pode ser anistiado FG que ocorreram antes da lei instituidora do benefício – Art. 180 CTN. O benefício principal de uma anistia é estimular o pagamento do tributo, sem ser necessário uma Execução Fiscal.
A isenção dispensa do dever de pagar o tributo, sendo que o FG deve ser depois da lei instituidora – art. 176 CTN, devendo sempre observar o Princípio da Anterioridade.
O fisco renuncia o direito de receber promovendo a isenção. A diferença de isenção e não incidência?
Na não incidência, não existe lei que criou o tributo, já na isenção, existe lei para isentar. A diferença entre alíquota zero e a isenção?
Na alíquota zero só é possível mexer no critério quantitativo da regra matriz, já na isenção pode mexer em qualquer critério da regra matriz. O benefício da alíquota zero é para todos e na isenção a lei pode selecionar quem irá receber o benefício.
CASO...
O Estado de Goiás aprovou a lei ordinária número 19.021/2015 que dentre outras alterações alterou o artigo 94 do Código Tributário do Estado de Goiás, com a seguinte redação:
Art. 94...
X - com 15 (quinze) anos ou mais de uso;
Anteriormente a esse lei, prevalecia a isenção de imposto para carros usados, registrado em qualquer município do Estado de Goiás com mais de 10 anos de uso.
Está Lei do Estado de Goiás tem diversos assuntos tratados na lei. Há diversos entendimentos, no caso o Professor Pedro defende que a lei específica mencionada no art. 150 § 6º CF é referente aos entes e não aos temas.
Há dois tipos de isenções:
Isenção onerosa → tem a condição temporal + condicional (prazo e condição)
Isenção não onerosa → tem elementos condicionais
Portanto, a isenção onerosa é irrevogável, pois, é preciso respeitar o prazo estipulado na lei da isenção.
Exemplo:
LEI A – prazo de 10 anos para torcedor
Lei B – foi revogada a lei A depois de 2 anos, portanto, a Lei A ainda tem 8 anos para a isenção. Quando uma isenção é revogada é preciso respeitar o Princípio da Anterioridade.
Portanto, o artigo 94, X da Lei de Goiás está correta. Veja a jurisprudência mais abaixo.
Art. 178 CTN. A isenção, salvo se concedida por prazo certo e em função de determinadas condições, pode ser revogada ou modificada por lei, a qualquer tempo, observado o disposto no inciso III do artigo 104.
Súmula 544 – STF. “Isenções tributárias concedidas, sob condição onerosa, não podem ser livremente suprimidas. ”
JURISPRUDÊNCIA...
MANDADO DE SEGURANÇA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AFASTADA. DECADÊNCIA. LEI 19.021/2015. REVOGAÇÃO DA LEI ANTERIOR. ALTERAÇÃO PRAZO DE ISENÇÃO DO IPVA. 1. A Secretária da Fazenda é a autoridade responsável pelo controle e execução da política fiscal, mormente porque incumbe a ela o encaminhamento ao Governador do Estado de anteprojetos de leis de interesse da administração fazendária, bem como referendar leis sancionadas, nos termos do art. 13 da Lei n. 7.599/2012. . O ato de afastar a isenção do IPVA para veículos com mais de 10 (dez) e menos de 15 (quinze) anos, alterando-se o disposto no art. 94 do CTE-GO, pelo advento da Lei n. 19.021/2015, encontra-se circunscrito ao juízo de conveniência e oportunidade da administração, não sobressaindo, pois, mácula de ilegalidade. 5. Não há se falar em direito adquirido, uma vez que a isenção do IPVA não foi concedida por prazo determinado e nem sob condição onerosa, motivo porque não há óbice à sua revogação por lei posterior, à luz do art. 178 do CTN e Súmula 544 do STF. SEGURANÇA DENEGADA. (27 de Setembro de 2016 - DJ 2128 de 10/10/2016MS 01946020920168090000
JURISPRUDÊNCIA...
Configura aumento indireto de tributo e, portanto, está sujeita ao princípio da anterioridade tributária, a norma que implica revogação de benefício fiscal anteriormente concedido. Com base nessa orientação, a 1ª Turma, por maioria, manteve decisão do Ministro Marco Aurélio (relator), que negara seguimento a recurso extraordinário, por entender que o acórdão impugnado estaria em consonância com o precedente firmado na ADI 2.325 MC/DF (DJU de 6.10.2006). Na espécie, o tribunal “a quo” afastara a aplicação — para o ano em que publicados — de decretos estaduais que teriam reduzido benefício de diminuição de base de cálculo do ICMS, sob o fundamento de ofensa ao princípio da anterioridade tributária. A Turma afirmou
que os mencionados atos normativos teriam reduzido benefício fiscal vigente e, em consequência, aumentado indiretamente o aludido imposto, o que atrairia a aplicação do princípio da anterioridade. RE 564225 AgR/RS, rel. Min. Marco Aurélio, 2.9.2014. (RE-564225) – Informativo 757 do STF – Set. 2014
A isenção deve necessariamente ser concedida pelo ente que
detém competência?
03 EXCEÇÕES:
Tratado Internacional SÚM 575 STF
Vejam a isenção não foi concedida pelo ente competente, pois, compete ao Chefe de Estado assinar Tratados Internacional mencionado na SUM 575 STF.
ATT: Tratamento Internacional pode versar sobre qualquer matéria tributária, desde que não seja por LC.
ISS
Art. 156, §3º CF. Em relação ao imposto previsto no inciso III do caput deste artigo, cabe à lei complementar:
III - regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados.
A União neste caso de ISS pode limitar a forma que os municípios tributam.
CASO...
Renato, taxista em razão da Lei 8383/91 decide comprar um veículo zero, para exercício da sua atividade profissional. Sabendo ser isento nas operações de financiamento do IOF, foi surpreendido com o recolhimento realizado na fonte pela financeira em Agosto de 2010. Ao enviar pedido administrativo junto a Receita Federal para devolução dos valores não logrou sucesso, pois segundo a decisão irreformável publicada em 10.06.2016, a concessão da isenção dependia exclusivamente de despacho de autorização da autoridade administrativa, o que no caso em tela não foi preenchido.
Precisa do despacho administrativo para ter direito à isenção.
Art. 179 CTN. A isenção, quando não concedida em caráter geral, é efetivada, em cada caso, por despacho da autoridade administrativa, em requerimento com o qual o interessado faça prova do preenchimento das condições...
É possível restituir os últimos 5 anos, provando que já tinha a condição de deficiente nos últimos 5 anos.
JURISPRUDÊNCIA...
ADMINISTRATIVO E TRIBUTÁRIO. RECURSO ESPECIAL. ISENÇÃO. IOF. NECESSIDADE DE VERIFICAÇÃO DOS REQUISITOS. 1. Nos termos do parágrafo primeiro do artigo 72 da Lei 8.383/91, o gozo da isenção de IOF na compra de veículos automotores estabelece a prévia verificação dos requisitos legais pelo Departamento da Receita Federal. 2. O aresto reconheceu que os recorridos estavam enquadrados na categoria profissional beneficiada pelo favor fiscal. 3. A verificação dos requisitos é atividade vinculada atribuída ao órgão fazendário. Havendo reconhecimento judicial quanto à sua observância, o indébito deve ser reconhecido e repetido. RECURSO ESPECIAL Nº 576.394 - CE (2003/0132513-0) Brasília, 16 de junho de 2005
Art. 111, II CTN – interpretar literalmente na lei a concessão do benefício, portanto, não é possível utilizar a analogia, os princípios gerais de direito tributário, os princípios gerais de direito público e a equidade (art. 108 CTN).
CASO...
Pedro Vasconcelos é deficiente físico, em oportunidade adquiriu um veículo automotor zero km na cidade de São Paulo. Após a aquisição do veículo e respectivo pagamento do IPVA proporcional do ano foi informado que poderia ser beneficiário de isenção.
Buscou advogado para consulta, e foi informado que de acordo com o artigo 13 da Lei 13.296/08:
Artigo 13 - É isenta do IPVA a propriedade:
III - de um único veículo adequado para ser conduzido por pessoa com deficiência física; Como seu veículo não é conduzido por ele em razão do grau de sua deficiência, não faria jus a isenção.
O contribuinte já realizou o pagamento dos anos de 2015, 2016 e 2017.
O objetivo da isenção é social, pela condição de deslocamento do deficiente, podendo aplicar o Princípio da Isonomia, para dar condição de inclusão social do deficiente.
Porém, tem a situação do deficiente que consegui dirigir o seu próprio carro, e o deficiente que não pode dirigir o seu carro devido ao seu grau de deficiência, pois, o deficiente que terá que adaptar o veículo terá um custo para estar adaptação, já o outro não teria este custo.
Já existem decisões reconhecendo o direito à isenção para todos os deficiente.
Para analisar a isenção sempre buscar o interesse econômico-político que a isenção irá trazer.
DICA: USAR O CHECK LIST DO LEANDRO PAUSEN quando for elaborar uma petição pedindo a isenção.
JURISPRUDÊNCIA...
MANDADO DE SEGURANÇA Pretendida isenção de ICMS na compra de veículo automotor a portador de necessidades especiais Veículo a ser conduzido por terceiro. Possibilidade. Recurso provido.” (AC Nº 931.737.5/5-00, Rel. Des. Carlos Eduardo Pachi, j. 18.01.2010 v.u).“DEFICIENTE FÍSICO - Impossibilidade de dirigir Isenção de ICMS. Admissibilidade: Aquisição de veículo para transporte de pessoa portadora de severa deficiência física, mesmo sem condições de dirigir, goza do benefício fiscal. Interpretação harmônica entre o art. 19, Anexo I, do RICMS e o art. 5º da CF e demais preceitos constitucionais que asseguram a proteção especial às pessoas
deficientes. Recurso provido.” (AC 874.201-5/5-00 Rel. Des. Evaristo dos Santos, j. 18.05.09 - v.u.).
Art. 180 CTN. A anistia abrange exclusivamente as infrações cometidas anteriormente à vigência da lei que a concede, não se aplicando:
I – Sempre que tiver dolo, fraude ou simulação, não pode se aplicar anistia.
II - Salvo, disposição em contrário quando houver conluio não se aplica a anistia, portanto, não é possível aplicar o conluio sem dolo, não sendo possível aplicar a anistia em caso de conluio.
SUM 430 STJ – empresas que se declaram e não pagam é mero inadimplemento, não é crime, portanto, não se aplica o inciso I do art. 180 CTN.
Bons Estudos!